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TRABALHO, GERAÇÃO DE RENDA E SAÚDE MENTAL: REVISÃO DE LITERATURA

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Academic year: 2021

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TRABALHO, GERAÇÃO DE RENDA E SAÚDE MENTAL: REVISÃO DE LITERATURA

Camila Maria de Almeida Lima* (Mestranda, Programa de Pós-Graduação, Mestrado Profissional em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde, Departamento de Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, Brasil); Luciana Togni de Lima e Silva Surjus* (Doutora, Orientadora, Programa de Pós-Graduação, Mestrado Profissional em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde, Departamento de Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, Brasil.

contato: limacamila2004@yahoo.com.br Palavras-chave: Saúde Mental. Economia Solidária. Geração de Renda.

Introdução

O presente trabalho é parte da pesquisa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva, que está em desenvolvimento na Universidade Estadual de Campinas, cujo objetivo central é ampliar a discussão sobre a promoção de saúde mental por meio da geração de trabalho e renda, a fim de melhor compreender o quanto se tem avançando na consolidação de dispositivos de emancipação e de nova inserção social dos sujeitos, levando-se em consideração desde o âmbito das trocas econômicas até o caráter simbólico da atividade laboral. Nesse ínterim, é imprescindível investigar as mudanças ocorridas no campo da saúde mental e o que se vem aperfeiçoando em suas intervenções no nível da reabilitação psicossocial e inclusão social. Espera-se analisar os potenciais dos projetos de geração de renda enquanto estratégias de superação do estigma da loucura, valorização das potencialidades dos sujeitos em detrimento do adoecimento e na ampliação da autonomia e do protagonismo social, transformando suas identidades.

Para tanto, foi realizada uma revisão da literatura, da qual apresentam-se resultados preliminares para que, na ampliação do diálogo com demais atores atuantes nesse campo, avançar na compreensão do panorama geral e questões centrais, bem como acessar experiências relevantes.

Objetivo Geral

Investigar a produção científica de literatura relacionada, dos últimos cinco anos, acerca dos temas economia solidária e geração de renda, voltados à usuários de substâncias de abuso, pessoas com deficiência intelectual e/ou em sofrimento psíquico.

Objetivos Específicos: Identificar quais ações de geração de renda vem sendo majoritariamente desenvolvidas, sob a perspectiva da economia solidária; Localizar em quais regiões as ações têm

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sido mais desenvolvidas; Identificar quais populações que vêm sendo beneficiadas nestes espaços e se englobam usuários de substâncias de abuso, pessoas com deficiência intelectual e/ou em sofrimento psíquico; Verificar se o retorno financeiro das atividades para os participantes vem sendo problematizado e de que forma tem discutido-se.

Metodologia

Realizou-se uma revisão sistemática de literatura através de método teórico descritivo e retrospectivo, por meio de um levantamento bibliográfico de artigos científicos publicados entre os anos de 2012 e 2017.

Tal método permitiu incluir literatura teórica e empírica bem como estudos com diferentes abordagens metodológicas (quantitativa e qualitativa). Os artigos incluídos na revisão foram analisados seguindo padrões de rigor metodológico, propiciando a pesquisa das informações pré-existentes sobre a temática investigada e o desenvolvimento de fonte de conhecimento atual sobre o problema.

De acordo com o fluxo a seguir, procederam-se as seguintes etapas preconizadas: definição do tema (elaboração da questão: "O trabalho, na lógica da economia solidária, incentiva a autonomia e a reconstrução de identidade das pessoas em situação de exclusão social devido ao sofrimento psíquico e/ou deficiência intelectual?"), busca no Portal de Periódicos CAPES/MEC (amostragem através dos operadores booleanos AND e OR), estabelecimentos de critérios para categorização dos estudos (coleta de dados) e avaliação dos resultados.

- Indagação inicial da pesquisa: "O trabalho, na lógica da economia solidária, incentiva a autonomia e a reconstrução de identidade das pessoas em situação de exclusão social devido ao sofrimento psíquico e/ou deficiência intelectual?"

- Descritores: ("solidary economy" OR "income generation") AND ("mental health" OR "psychosocial" OR "substances of abuse" OR "disability")

- Portal de periódicos CAPES/MEC; - 1.104 trabalhos encontrados; - 1º critério de inclusão: somente artigos (busca avançada)= 1.063 trabalhos filtrados ; 2º critério de inclusão: Periódicos revisados por pares= 1.010 trabalhos filtrados; - 3º critério de inclusão: Tópicos "Public Health" e "Mental Health"= 243 trabalhos filtrados; - 4º critério de inclusão: artigos publicados nos últimos 5 anos (2012- 2017) = 123 trabalhos filtrados ; - 5º critério de inclusão: Idiomas inglês, português e espanhol = 122 trabalhos filtrados.

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A partir disso, utilizou-se os seguintes critérios de exclusão após minuciosa leitura e análise dos textos: a) títulos repetidos, b) artigos indisponíveis na íntegra (acesso somente aos resumos), c) irrelevância das publicações dentro da área de saúde mental e economia solidária, analisando-se os títulos e resumos. Desse modo, apenas dez trabalhos foram finalmente selecionados e seus resultados examinados e discutidos.

Como esta revisão faz parte de pesquisa de Pós-Graduação em andamento, pretende-se dar continuidade às análise dos achados e aprofundar em algumas definições categóricas, a partir da perspectiva da reabilitação psicossocial, como por exemplo: autonomia, trocas materiais, inclusão, mercado; levantando as maiores questões trazidas dentro desses tópicos.

Resultados preliminares e Discussão

Brooke-Sumner, Lund e Petersen (2016) abordam a importância da colaboração intersetorial entre as esferas do governo relacionadas à saúde e ao desenvolvimento social com as organizações não-governamentais que atuam nas comunidades vulneráveis e sendo crucial a provisão de programas de reabilitação psicossocial para aqueles com doença mental grave. Ainda, apontam para o fato de que, infelizmente, a contínua falta de foco em tais programas colabora com a marginalização dessas pessoas em vários países africanos; entre estes,

encontra-se a Ruanda (Kiregu et al., 2016) com, então, urgência em propiciar colocação profissional e

valorização da sua microeconomia.

Costa, Colugnati e Ronzani (2015) avaliam os serviços em saúde mental no Brasil e as atuais políticas de saúde mental brasileiras originárias de mobilizações e lutas de usuários, familiares e trabalhadores, visando mudanças no nefasto cenário de exclusão e aprisionamento das pessoas com transtornos mentais. Também relatam a carência de maiores investimentos em infraestrutura, qualificação de recursos humanos e melhorias organizacionais, refletindo a complexidade da área.

Já recentes estudos conduzidos no Brasil (Moreira et al., 2015), no Canadá (Knight et al., 2017) e na África do Sul (Myers; Carney; Wechsberg, 2016), levantam a questão das substâncias de abuso e a necessidade de intervenções políticas, como por exemplo, através do oferecimento de oportunidade de emprego e do treinamento ocupacional para saída da cena das drogas.

Apenas em estudos brasileiros encontram-se relatos mais significativos de experiências de projetos de geração de renda e economia solidária direcionados à população com transtornos

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mentais. Todos estes pactuam a ideia de que, com o movimento da Reforma Psiquiátrica, é fundamental refletir sobre a reabilitação de usuários dos serviços de saúde mental na sociedade contemporânea. E ainda, de que visando à inclusão de usuários de serviços de saúde mental em empreendimentos econômicos solidários e buscando maneiras de favorecer essa inclusão, a implementação de processos de orientação profissional deva ser eixo norteador no subsídio de elaboração e implementação de políticas públicas que fomentem a geração de trabalho e renda, criando condições de ingresso ou retorno das pessoas que se encontram em desvantagem social

perante o mundo do trabalho (Lussi; Morato, 2012; Silva; Cortegoso; Lussi, 2014; Ferro;

Macedo; Loureiro, 2015).

Nesse contexto, a promoção do bem-estar através da capacitação dessas pessoas é indispensável para orientar o desenvolvimento e implementação de intervenções de saúde mental, reduzindo índices de desigualdade social e violência urbana (White; Imperiale; Perera, 2016).

No geral, os artigos publicados avaliam que esse tipo de trabalho ainda é visto pelos colaboradores mais como um dispositivo terapêutico, não incorporando o papel de trabalhador, apesar dos ganhos positivos quanto ao resgate do laço social. Todos autores apontam a necessidade de avançar ou aprofundar sobre tais formas de trabalho e enfrentamentos políticos para consolidar as iniciativas de economia solidária. Entretanto, não foram encontradas informações tão específicas em relação aos tipos de atividades práticas desempenhadas nos projetos de geração de renda nem quanto ao possível retorno financeiro.

Em suma, os estudos revisados enfatizam a necessidade de avanços favoráveis nas políticas públicas e nas ações intersetoriais quando se trata de populações vulneráveis devido ao sofrimento psíquico ou à estigmatização. Porém, poucos dados reais são fornecidos sobre os principais desafios para se escapar das iatrogenias do trabalho protegido e das insuficiências financeiras que impossibilitam a conquista de autonomia.

Conclusão

Existe uma escassez de pesquisas que tragam à tona projetos vigentes de inclusão social

pelo trabalho, sendo essencial que novas produções científicas se atentem para tal fato. Contudo, conclui-se que o trabalho, compreendido como direito e promotor de trocas sociais, proposto aos

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usuários no âmbito da saúde mental pode e deve evidenciar os princípios da inclusão social previstos pela Reforma Psiquiátrica.

Referências

Brooke-sumner, C., Lund, C., & Petersen, I. (2016). Bridging the gap: investigating challenges and way forward for intersectoral provision of psychosocial rehabilitation in South Africa.

International Journal of Mental Health Systems, v. 10, n. 21.

Costa, P. H. A., Colugnati, F. A. B., Ronzani, T. M. (2015). Mental health services assessment in Brazil: systematic literature review. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 10, 3243-3253.

Ferro, L. F., Macedo, M., Loureiro, M. B. (2015). Solidarity Economy, Mental Health and the practice of occupational therapists: reports of participants of a group to generate work and income. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 23, n. 1, 101-116.

Kiregu, J. et al. (2016). Socioeconomics and Major Disabilities: Characteristics of Working-Age

Adults in Rwanda. PLOS One, v. 11, n. 4.

Knight, R. et al. (2017). “Getting out of downtown”: a longitudinal study of how street-entrenched youth attempt to exit an inner city drug scene. BMC Public Health, v. 17, n. 376.

Lussi, I. A. O., Morato, G. G. (2012). The meaning of work for users of mental health services

included in income generation projects linked or not to the movement of solidarity economy.

Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 20, n. 3, 369-380.

Moreira, M. R. et al. (2015). A review of Brazilian scientific output on crack - contributions to the political agenda. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 4, 1047-1062.

Myers, B., Carney, T., Wechsberg, W. M.(2016). "Not on the agenda": A qualitative study of influences on health services use among poor young women who use drugs in Cape Town, South Africa. International Journal of Drug Policy, abr., n. 30, 52-58.

Silva, L. G., Cortegoso, A. L., Lussi, I. A. O. (2014). From career guidance to the labor insertion of users of mental health services in solidarity economy enterprises. Cadernos de Terapia

Ocupacional da UFSCar, v. 22, n. 2, 271-283.

White, R. G., Imperiale, M. G., Perera, E. (2016). The Capabilities Approach: Fostering contexts for enhancingmental health and wellbeing across the globe. Globalization and Health, v. 12, n. 16.

Referências

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