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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.037.730 - RJ (2008/0050367-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER

RECORRENTE : DALCI MOREIRA DE SOUZA ADVOGADO : DEIVSON SARDINHA E OUTRO(S)

RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : CARMEN LÚCIA BOTELHO E OUTRO(S)

EMENTA

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RATEIO DO BENEFÍCIO. ESPOSA, NA CONDIÇÃO DE SEPARADA DE FATO, E COMPANHEIRA. APLICAÇÃO DA NORMA VIGENTE AO TEMPO DO EVENTO MORTE DO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. DECRETO Nº 89.312/84.

I - No rateio do benefício de pensão por morte entre a esposa, na condição de separada de fato, e a companheira, aplica-se a lei vigente à época da morte do instituidor.

II - In casu, tendo o evento morte ocorrido em 12/10/87, incidente o Decreto nº 89.312/84, art. 49, § 2º, que determina o pagamento da pensão por morte no valor arbitrado judicialmente à título de pensão alimentícia, destinando-se o restante à companheira ou ao dependente designado.

Recurso especial desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso, mas lhe negar provimento. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 05 de maio de 2009. (Data do Julgamento).

MINISTRO FELIX FISCHER Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.037.730 - RJ (2008/0050367-6)

RELATÓRIO

EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Cuida-se de recurso especial interposto por DALCI MOREIRA DE SOUZA, com fundamento no art. 105, inc. III, alínea "a", da Constituição Federal, contra v. acórdão proferido pelo e. Tribunal Regional Federal da 2ª Região, cuja ementa restou assim definida:

"PREVIDENCIÁRIO - PENSÃO POR MORTE - LEGISLAÇÃO APLICÁVEL - DECRETO 89.312/84 - RATEIO ENTRE ESPOSA SEPARADA DE FATO E COMPANHEIRA - NÃO MAJORAÇÃO DA PROPORÇÃO DEVIDA A TÍTULO DE ALIMENTOS.

1. Hipótese em que o óbito do segurado ocorreu na vigência do Decreto nº 89.312, de 23 de janeiro de 1984, que expediu nova edição da Consolidação das Leis da Previdência Social, sendo esta legislação aplicável à espécie.

2. Caso em que pleiteia a Autora, esposa separada de fato do ex-segurado, o rateio do valor da pensão no percentual de 50%, com base no art. 77, I, da Lei 8.213/91.

3. Não encontra respaldo o pedido da autora, ora apelada, de que o valor da pensão seja rateado igualmente entre esta e a companheira, tendo em vista o que preceitua o dispositivo legal aplicável, qual seja, o art. 49, § 2º, do Decreto nº 89.312/84, que dispõe que 'o cônjuge que, embora desquitado, separado judicialmente ou divorciado, está recebendo alimentos, tem direito ao valor da pensão alimentícia judicialmente arbitrada, destinando-se o restante à companheira ou ao dependente designado'.

4. A jurisprudência, mesmo no caso dos benefícios regidos pela Lei nº 8.213/91, tem entendido que não se deve interpretar literalmente o seu art. 77, e, no caso dos autos, além da vedação imposta pelo art. 49, § 2º, do Decreto nº 89.312/84, já seria de difícil aceitação que a companheira com quem conviveu o segurado por pelo menos vinte e cinco anos, até a data de seu falecimento, viesse, com a morte do instituidor da pensão, a sofrer uma forte diminuição de suas condições financeiras, eis que dos ganhos líquidos percebidos por seu companheiro em vida, apenas uma parte equivalente a 10% era destinada à esposa, separada de fato.

5. Recurso e remessa necessária considerada como feita providos para julgar improcedente o pedido. Honorários a serem pagos pela Autora fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa. Ainda que seja esta beneficiária da justiça gratuita, estará obrigada ao pagamento da verba de sucumbência, desde que possa fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, mas, permanecendo sem condições de pagamento nos próximos cinco anos, a obrigação será prescrita, nos termos do art. 12 da Lei nº 1.060/50." (Fls. 198/199).

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Superior Tribunal de Justiça

A recorrente alega violação ao disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 8.213/91, pelo v. acórdão recorrido. Sustenta, em suma, que tem direito, como cônjuge do instituidor do benefício, de perceber pensão por morte na mesma proporção em que o percebe a companheira.

Com as contra-razões (fls. 244/247), admitido o recurso, subiram os autos a esta e. Corte.

Manifestação da d. Subprocuradoria-Geral da República pelo provimento do recurso (fls. 256/260).

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.037.730 - RJ (2008/0050367-6)

EMENTA

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RATEIO DO BENEFÍCIO. ESPOSA, NA CONDIÇÃO DE SEPARADA DE FATO, E COMPANHEIRA. APLICAÇÃO DA NORMA VIGENTE AO TEMPO DO EVENTO MORTE DO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. DECRETO Nº 89.312/84.

I - No rateio do benefício de pensão por morte entre a esposa, na condição de separada de fato, e a companheira, aplica-se a lei vigente à época da morte do instituidor.

II - In casu, tendo o evento morte ocorrido em 12/10/87, incidente o Decreto nº 89.312/84, art. 49, § 2º, que determina o pagamento da pensão por morte no valor arbitrado judicialmente à título de pensão alimentícia, destinando-se o restante à companheira ou ao dependente designado.

Recurso especial desprovido. VOTO

EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: A recorrente, separada de fato do seu marido, recebia à título de pensão alimentícia o equivalente a 10% (dez por cento) dos rendimentos líquidos desse, arbitrado em sentença judicial.

Diz que, quando do falecimento do cônjuge, ocorrido em 12/10/1987, e uma vez concedido o benefício de pensão por morte no valor fixado na respectiva ação de alimentos, os 90% (noventa por cento) restantes foram destinados à companheira do de cujus.

Pleiteia, tendo em consideração sua condição de separada de fato, o rateio da pensão deixada, em partes iguais, entre ela e a companheira, tendo como fundamento o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 8.213/91, que transcrevo in verbis:

"Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.

(...)

§ 2.º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I do art. 16 desta Lei" (Grifou-se).

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Superior Tribunal de Justiça

Propugna a recorrente a prevalência in casu do princípio da melhor interpretação do direito à parte, com a aplicação da lei atual vigente.

Nada obstante, entendo aplicável à espécie o enunciado de nº 359 da Súmula do c. Pretório Excelso, segundo o qual, em questão de concessão de benefício previdenciário, aplica-se a lei vigente à época em que preenchidos pelo segurado os requisitos necessários ao seu deferimento.

Decerto, embora refira-se tal enunciado à concessão de benefício a servidor público ou militar, o entendimento nele insculpido, consagrador do princípio tempus regit actum, vem sendo regularmente aplicado às pensões por morte concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS. As recentes decisões do c. STF (RE's 416.827/SC e 415.454/SC, Pleno, data de julgamento 8/2/2007), em processos em que se discutia a majoração do percentual incidente sobre a aposentadoria do instituidor do benefício, "ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento" (art. 75, in fine, da Lei nº 8.213/91), bem demonstram a veracidade dessa assertiva.

Também nesse sentido temos a Súmula nº 340 desta e. Corte Superior, segundo a qual:

"A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado."

Logo, com vistas a precisar o direito da recorrente, necessário saber qual a legislação de regência vigente quando da morte do instituidor do benefício.

Tendo o falecimento do marido da recorrente ocorrido em 12/10/1987, aplicável o Decreto nº 89.312/84, que em seu art. 49 determina:

"Art. 49. A concessão da pensão não é adiada pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produz efeito a contar da data em que é feita.

§ 1º O cônjuge ausente não exclui a companheira designada do direito à pensão, que só é devida aquele a contar da data da sua habilitação e mediante prova de efetiva dependência econômica.

§ 2º O cônjuge que, embora desquitado, separado judicialmente ou divorciado, está recebendo alimentos, tem direito ao valor da pensão alimentícia judicialmente arbitrada, destinando-se o restante à companheira ou ao dependente designado.

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Superior Tribunal de Justiça

bases do reajustamento da pensão" (negrito nosso).

Nesses termos, subsumindo-se o caso dos autos à hipótese do § 2º do art. 49 do mencionado decreto, percebe-se que a concessão da pensão por morte à ora recorrente deu-se de acordo com o previsto na legislação então vigente, devendo ser mantido intocado o v. acórdão impugnado.

Ressalte-se que apesar de a subsunção da norma não parecer rigorosamente precisa, haja vista a recorrente ser separada de fato, e a hipótese de incidência prevista no § 2º do art. 49 mencionar cônjuge desquitado, separado judicialmente ou divorciado, trata-se, sem dúvida, da melhor que se amolda ao caso concreto.

Interpretação diversa resultaria na concessão in totum da pensão por morte à recorrente, com sérios prejuízos à companheira, cujo relacionamento com o de cujus durara por mais de 25 (vinte e cinco) anos - e resultou, inclusive, no nascimento de uma filha. Nesse sentido, chama a atenção em especial o fato de a autora, conforme informação colhida do voto condutor do v. acórdão recorrido, encontrar-se, à época do processo de alimentos (aproximadamente em 1986), separada de fato do falecido a mais de 33 (trinta e três) anos.

Assim, sou pelo desprovimento do recurso especial. É o voto.

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA

Número Registro: 2008/0050367-6 REsp 1037730 / RJ

Números Origem: 116797 199902010426702 457696 495092 78599495092

PAUTA: 05/05/2009 JULGADO: 05/05/2009

Relator

Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO Subprocuradora-Geral da República

Exma. Sra. Dra. HELENITA AMÉLIA G. CAIADO DE ACIOLI Secretário

Bel. LAURO ROCHA REIS

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : DALCI MOREIRA DE SOUZA

ADVOGADO : DEIVSON SARDINHA E OUTRO(S)

RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

PROCURADOR : CARMEN LÚCIA BOTELHO E OUTRO(S)

ASSUNTO: Previdenciário - Benefícios - Pensão - Por Morte

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso, mas lhe negou provimento."

Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 05 de maio de 2009

LAURO ROCHA REIS Secretário

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