• Nenhum resultado encontrado

A PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA BRASILEIRO APLICÁVEL NAS RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS E OS CÔNJUGES SEPARADOS JUDICIALMENTE.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA BRASILEIRO APLICÁVEL NAS RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS E OS CÔNJUGES SEPARADOS JUDICIALMENTE."

Copied!
60
0
0

Texto

(1)

NICOLE ARAÚJO DE GODOI

A PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA BRASILEIRO APLICÁVEL NAS RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS E

OS CÔNJUGES SEPARADOS JUDICIALMENTE.

CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO ARAÇATUBA

2019

(2)

NICOLE ARAÚJO DE GODOI

A PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA BRASILEIRO APLICÁVEL NAS RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS E

OS CÔNJUGES SEPARADOS JUDICIALMENTE.

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo, sob orientação do Prof. Ms. Pedro Luís Piedade Novaes.

CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO ARAÇATUBA

2019

(3)

NICOLE ARAÚJO DE GODOI

A PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA BRASILEIRO APLICÁVEL NAS RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS E

OS CÔNJUGES SEPARADOS JUDICIALMENTE.

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo, sob orientação do Prof. Mestre Pedro Luís Piedade Novaes.

Aprovado em ____de ______________de ______

BANCA EXAMINADORA

CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO

(4)

Dedico esse trabalho em memória do meu avô e do meu pai. Bem como, a minha mãe, irmã, meu noivo, e aos meus familiares que estiveram comigo durante todo o curso me apoiando, incentivando e me dando forças para continuar.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por essa vitória, pois nada conseguiria se não fosse Ele na minha vida. Há cinco anos era apenas uma promessa, hoje Deus a cumpriu na minha vida. Gratidão.

Agradeço infinitamente a minha amada mãe, a mulher da minha vida, me ofereceu tudo de melhor e me ensinou o amor, a união, a humildade, que nada vem fácil e que conquistas requerem muito esforço, dedicação e fé em Deus.

Agradeço a minha família Araújo que tudo que sou devo a eles que sempre estiveram do meu lado independente de qualquer situação. Obrigada!!!

Ao meu noivo Matheus Henrique, que me ensinou o que é o amor, que esteve comigo em momentos extremamente difíceis, mas não desistiu de nós. Deus nos uniu com um propósito e iremos até o fim juntos.

Ao meu orientador, Pedro Luís Piedade Novaes, pelos ensinamentos, paciência e dedicação. Aos professores desta instituição que não mediram esforços para transmitir conhecimento e por toda a base que me proporcionaram para minha formação acadêmica.

(6)

RESUMO

A Previdência Social é responsável dar assistência àqueles que são seus filiados, sendo a pensão por morte um dos benefícios pagos pelo órgão. A lei 8.213/91 define que a pensão por morte como sendo o direito dos dependentes de um determinado segurado falecido. Houve várias alterações legislativas significativas na pensão por morte, trazidas pela lei 13.135/15, porém nada foi assegurado em relação às relações extraconjugais e aos cônjuges separados judicialmente que não recebem pensão alimentícia, mas que de alguma forma recebia algum auxílio do de cujus. É indiscutível que com a falta de regulamentação legal específica há insegurança jurídica para os familiares do segurado falecido, e até mesmo para os operadores do Direito. Apresentaremos neste trabalho possíveis soluções que poderiam resolver ou amenizar os prejuízos diante destas situações fáticas.

Palavras-chave:Previdência. Pensão. Morte. Extraconjugais. Cônjuge. Insegurança. Jurídica.

(7)

ABSTRACT

Social security is responsible to assist those who are their affiliates, and the death pension is one of the benefits paid by this agency. Law 8.213 / 91 defines that the death pension as the right of dependents of a certain deceased insured. There where a lot of significant legislative changes introduced by law 13.135/15, but nothing was ensured in relation to extramaritan affairs and judiciary separated spouses that doesnt received alimony but somehow received some assistance. It is indisputable that with the lack of specific legal regulation there is a uncertainty for the relatives of the deceased insured, and even for the operators of the law. We will present in this work any solutions that could solve or to soften the damages before these factual situations.

Keywords: Social Security; Pension; Death; Extramarital; Spouse; Insecurity; Juridical.

(8)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Período de carência exigido para a concessão do benefício de aposentadoria por idade ... 27 Tabela 2 – Grau da deficiência para a concessão do benefício de aposentadoria especial...29

(9)

SUMÁRIO

2019 ... 2

INTRODUÇÃO ... 11

I - A SEGURIDADE SOCIAL E SUA ESTRUTURA NO BRASIL ... 12

1.1. Evolução histórica e legislativa no Brasil... 12

1.2. A constituição Federal de 1988 e o Direito da Seguridade Social ... 13

1.2.1. Saúde ... 13

1.2.2. Assistência Social ... 14

1.2.3. Previdência Social ... 14

1.3. Os princípios previdenciários da Seguridade Social ... 15

1.3.1. Principio da Solidariedade ... 15

1.3.2. Princípio da Universalidade de Cobertura e Atendimento ... 16

1.3.3. Princípio da Uniformidade e Equivalência de Prestações entre as Populações Urbana e Rural... 17

1.3.4. Princípio da Seletividade e da Distributividade na Prestação de Benefícios e Serviços... 17

1.3.5. Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios ... 18

1.3.6. Princípio da Equidade na forma de participação no Custeio ... 18

1.3.7. Princípio da Diversidade da Base de Financiamento ... 19

1.3.8. Princípio Democrático e Descentralizado da Administração ... 20

II – DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ... 21

2.1. Benefícios e serviços previdenciários: noções preliminares ... 21

2.1.1. Aposentadoria por invalidez. ... 21

2.1.2. Auxílio – doença ... 23

2.1.3. Auxílio - acidente ... 24

2.1.4. Aposentadoria por tempo de contribuição ... 25

(10)

2.1.5. Aposentadoria por idade ... 27

2.1.6. Aposentadoria especial ... 30

2.1.7. Salário – Maternidade ... 31

2.1.8. Salário - família ... 32

2.1.9. Auxílio Reclusão ... 34

2.1.10. Pensão por morte ... 36

III – DA PENSÃO POR MORTE ... 37

3.1. Considerações iniciais ... 37

3.2. Da morte dos segurados e da carência ... 37

3.3. Perda da qualidade de segurado e dependente... 38

3.4. Da habilitação tardia ... 40

3.5. Termo inicial do recebimento de pensão por morte ... 41

3.6. Renda mensal Inicial (RMI) do benefício de pensão por morte ... 41

3.7. A cessação do benefício de pensão por morte ... 42

3.8. Cumulação de benefícios de pensão por morte ... 44

3.9. Da prescrição e decadência do benefício de pensão por morte ... 45

3.10. Medida Provisória Nº 664/14 e as alterações implementadas pela lei nº 13.135/2015 ... 46

3. 11. Auxílio acidente confere direito à concessão da pensão por morte? ... 47

3.12. A pensão por morte nas relações extraconjugais e cônjuges separados judicialmente ... 48

3.13 - O companheiro homossexual como dependente e a pensão por morte ... 53

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 57

(11)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca apontar a falta de regulamentação específica acerca da aplicação do benefício de pensão por morte nas relações extraconjugais, e até mesmo aos cônjuges separados judicialmente que não recebem pensão alimentícia, mas recebe ajuda do ex-companheiro por outros meios, como por exemplo, pagamento de conta de energia, inclusão no plano de saúde. Logo, há uma caracterização de dependência econômica do mesmo com o de cujus.

Assim, no primeiro capítulo trataremos brevemente sobre os dois regimes previstos no ordenamento jurídico brasileiro, bem como, um estudo referente a evolução histórica da seguridade social no Brasil, e os princípios que regem a Previdência Social para que haja uma aplicação mais eficaz dos serviços e prestações.

No segundo capítulo analisaremos especificadamente cada benefício previdenciário previsto no nosso ordenamento jurídico, quais são os seus respectivos requisitos estabelecidos por lei para que haja a concessão do mesmo para o suprimento da necessidade do segurado.

No terceiro capítulo trabalharemos detalhadamente o benefício de pensão por morte, onde serão estudados os respectivos requisitos exigidos por lei, os dependentes que fazem jus a concessão do benefício, assim como, a aplicabilidade do mesmo em relação a situações fáticas corriqueiras em nossa sociedade, sendo nas relações extraconjugais, cônjuges separados judicialmente, e por fim, estudaremos a concessão da pensão por morte nos casos das relações homoafetivas.

(12)

I - A SEGURIDADE SOCIAL E SUA ESTRUTURA NO BRASIL

1.1. Evolução histórica e legislativa no Brasil

Desde os primórdios para que houvesse a subsistência da família garantia, o homem deveria trabalhar. Sendo que a relação era composta pelo empregado e empregador, entretanto por não haver a intervenção e muito menos a proteção do Estado, era visível a desigualdade entre os envolvidos. Vale ressaltar, que era absurdamente comum tal relação de desigualdade.

Ademais, a retribuição era a remuneração salarial ou até mesmo efetuação de trocas, ou seja, uma remuneração pela atividade laborativa realizada. Porém, não era de acordo com a carga horária do trabalhador, pois normalmente recebia muito menos do que era de direito.

Segundo o autor Frederico Amado, o fato de o Poder Público apenas garantir os direitos civis e políticos, houve a concentração de riqueza e a disseminação da miséria (2017, p. 19).

Contudo, o Estado passou a assumir a reponsabilidade sob os direitos fundamentais da sociedade, como a saúde, trabalho, moradia e a educação.

No nosso ordenamento jurídico foi abordado pela primeira vez e sendo o único ponto referente à questão Previdenciária na Constituição de 1891, que previa a aposentadoria aos funcionários públicos em caso de invalidez, de maneira não contributiva (MARTINS, 2011, p.

07).

Há vários doutrinadores que consideram que o grande marco no direito previdenciário brasileiro foi a Lei de Eloy Chaves, em 1923, onde foi instituída a Caixa de aposentadoria e pensões para os trabalhadores da iniciativa privada, assim criou também para as empresas ferroviárias Caixas de Aposentadoria e Pensões, conforme o estudo de Marcus Correia e Érica Correia (2013, p. 27).

Na Constituição de 1934 deixou a cargo dos Estados-Membros cuidarem da saúde, assistência pública e a fiscalização das leis sociais, como amparo a gestante, assistência médica aos trabalhadores, e aposentadoria com salário integral quando se tratasse de inválidos.

A Constituição de 1937 criou os seguros de velhice e invalidez nos casos de acidentes do trabalho.

(13)

A Constituição de 1946 versou apenas sobre o direito do trabalho. Sendo que na Constituição de 1967 e a Emenda nº1, de 1969, detalhou a respeito do salário-família, proteção a gestante após o parto, proteção a velhice, invalidez, casos de morte e desemprego.

1.2. A constituição Federal de 1988 e o Direito da Seguridade Social

Segundo João Ernesto Aragonés Vianna (2007, p. 26):

Finalmente, em 1988, a Constituição Cidadã instituiu o verdadeiro sistema da seguridade social, integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Na atual Lei Maior há um capítulo exclusivo que trata sobre a seguridade social no Brasil, sendo do artigo 194 ao artigo 204. Há dois subsistemas no nosso ordenamento jurídico, qual seja o subsistema contributivo e o subsistema não contributivo (AMADO, 2017, p. 20).

Frederico Amado explica que o subsistema contributivo é formado pela previdência social que exige o pagamento de contribuições previdenciárias do segurado para que este possa se valer dela, ou seja, para que o segurado e seus dependentes realmente tenham amparo deverá contribuir mensalmente a Previdência. Assim, terá garantido o seu direito aos benefícios previdenciários. Já o subsistema não contributivo, como a própria definição diz, não há contribuição específica a Previdência para que o cidadão tenha o direito de usufruir dos seus respectivos benefícios e serviços. A saúde pública e a assistência social pertencem ao subsistema não contributivo. (2017, p. 20).

1.2.1. Saúde

O artigo 196, da Constituição Federal de 1988, prevê que:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, e ao

(14)

acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

Diante do que foi previsto na Constituição, Kertzman entende que a saúde é um direito de todos, não há distinção, portanto tem caráter de universalidade. Ademais, independe de pagamento para que o cidadão de fato tenha o direito a este atendimento. Sendo que, a saúde é administrada pelo SUS – Sistema único de Saúde. (2008, p. 23).

1.2.2 Assistência Social

A assistência Social, nos ensinamentos de Ivan Kertzman (2008, p. 26), independe de contribuição à Previdência Social para se valer dela, basta o cidadão apresentar a real necessidade para usufruir dela.

O artigo 203, da Constituição Federal de 1988, em seus incisos estabelece os seus objetivos:

(...)

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

1.2.3. Previdência Social

Conforme entendido por Marisa Ferreira dos Santos (2018, p. 37) para que o cidadão usufrua da Previdência Social, ou seja, ter de fato o direito subjetivo à proteção da Previdência é imprescindível a contribuição. Logo, só é considerado segurado da Previdência Social àquele que contribua ao Regime.

(15)

1.3. Os princípios previdenciários da Seguridade Social

O advogado Flávio Tartuce (2016, p. 21) aduz que:

(...) constata-se que confrontados com as normas jurídicas, os princípios são mais amplos, abstratos, muitas vezes com posição definida na Constituição Federal. São esses pontos que os diferenciam das normas, dotadas de concretismo – denota-se um alto grau de concretude -, de uma posição de firmeza, em oposição ao nexo deôntico relativo que acompanha os princípios.

Os princípios que regem acerca da seguridade social estão previstos no artigo 194, da Constituição Federal de 1988. É importante destacar que haverá variação na forma de aplicação e interpretação dentro da seguridade social, vez que há dois tipos de subsistemas, quais sejam o contributivo e o não contributivo, segundo o autor Frederico Amado. (2017, p.

25).

1.3.1. Principio da Solidariedade

A simples implantação da Seguridade Social já se concretiza o principio da solidariedade, vez que há o reconhecimento do Estado de que a ação individual não é suficiente para sanar todas as necessidades da sociedade, com a solidariedade do Estado todos os membros da sociedade conseguem efetivar a proteção social, a fim de suprir todas as necessidades (KERTZMAN, 2008, p. 46).

Assim entende Eduardo Dias e José Leandro Macêdo (2012, p. 99):

A solidariedade vai permear toda a seguridade social. Seja na sua instituição, na distribuição do ônus contributivo (aqueles que têm maior poder contributivo devem contribuir com mais), na prestação do amparo (a proteção social deve socorrer primeiramente os mais necessitados) ou na participação da maioria da população em prol de uma minoria necessitada.

O princípio da solidariedade é considerado fundamental no Direito da Seguridade Social. É indiscutível sua origem na assistência social, onde as pessoas se reuniam para prestar uma assistência para determinada finalidade, ou até mesmo realizar um empréstimo à qualquer necessitado (MARTINS, 2014, p. 58).

(16)

Sérgio (2014, p. 59) também registra que a solidariedade pode “ser: direta, quando há determinação direta e concreta das partes envolvidas; indireta, quando há desconhecimento mútuo e indeterminação das partes”.

O único dispositivo constitucional que faz menção expressa de que há o princípio da solidariedade no Regime Geral da Previdência Social, é o artigo 40 da Constituição Federal de 1988, vejamos:

Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

1.3.2 Princípio da Universalidade de Cobertura e Atendimento

Todos os eventos ruins devem ser cobertos e atendidos. É aplicável nos três ramos da Seguridade Social, qual seja, a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Social.

(KERTZMAN, 2008, p. 46).

Conforme o autor Ivan Kertzman, afirma que a universalidade da cobertura abrange todos os riscos sociais, devendo ter proteção eficaz da seguridade. (2008, p. 46/47).

Em relação à universalidade de atendimento todos deve ter proteção social da seguridade, sendo que na saúde e assistência todos podem solicitar os benefícios e serviços, por ser um subsistema não contributivo. Já a Previdência social por ser um sistema contributivo, só terá a eficaz proteção social todos os segurados que exercerem atividade laborativa remunerada que realizarem o pagamento das contribuições específicas ao regime.

Ademais, há previsão de que a proteção se estenderá aos dependentes do segurado, como por exemplo, no evento morte.

(17)

1.3.3. Princípio da Uniformidade e Equivalência de Prestações entre as Populações Urbana e Rural

Por este princípio, busca a uniformidade de tratamento entre as populações urbana e rural, ou seja, a seguridade social deverá oferecer um tratamento isonômico entre povos urbanos e rurais.

Frederico Amado entende (2017, p. 27) que o referido princípio não é absoluto, vez que pode haver tratamento diferenciado desde que haja uma justificativa do ato diante da situação concreta, como por exemplo, o artigo 195, §8º da Constituição Federal de 1988, que disciplina que:

O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.

Em suma, a regra é que haja uma uniformidade de tratamento entre os povos urbanos e rurais. Porém, há a exceção de que pode existir tratamento diferenciado devendo ser devidamente justificado pelo legislador. Ademais, caso não haja a aplicação do tratamento diferenciado quando necessário, ficará “sob pena de discriminação negativa injustificável e consequentemente inconstitucionalidade material da norma”, segundo Frederico Amado (2017, p. 27).

1.3.4. Princípio da Seletividade e da Distributividade na Prestação de Benefícios e Serviços

A seletividade, nos ensinamentos de Frederico Amado (2017, p. 27) se trata de uma seletiva pelo legislador dos benefícios e serviços oferecidos pela Seguridade Social, de acordo com as necessidades sociais. Ademais, afirma que funciona “como limitadora da universalidade da seguridade social”.

Nas palavras dos autores João Lazzari e Carlos Alberto de Castro (2016, p.46):

O princípio da seletividade pressupõe que os benefícios são concedidos a quem deles efetivamente necessite, razão pela qual a Seguridade Social deve apontar os

(18)

requisitos para a concessão de benefícios e serviços. Vale dizer, para um trabalhador que não possua dependentes, o benefício salário-família não será concedido; para aquele que se encontre incapaz temporariamente para o trabalho, por motivo de doença, não será concedida a aposentadoria por invalidez, mas o auxílio-doença.

Não há um único benefício ou serviço, mas vários, que serão concedidos e mantidos de forma seletiva, conforme a necessidade da pessoa.

Ademais, em relação à distributividade a ideia é descentralização de riquezas, vez que só serão protegidos pela seguridade social os mais necessitados. Conforme afirma Sérgio Pinto Martins (2009, pg. 55), “seleciona para poder distribuir”.

Frederico Amado aponta como exemplo, “o benefício do amparo assistencial os idosos e os deficientes físicos que demonstrem estar e condição de miserabilidade, não sendo uma prestação devida aos demais que não se encontrem em situação de penúria”. (2017, p. 28).

1.3.5. Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios

Os benefícios não podem sofrer alteração durante sua vigência, ou seja, não poderá haver redução no seu valor mensal. Contudo, deve ser o suficiente para suprir a necessidade que ensejou a concessão do benefício ou serviço, assim entende Marisa Ferreira (2018, p. 42).

O artigo 201, §4º da Constituição Federal de 1988, demonstra a eficácia do principio acima na seguridade social, vejamos: “É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei”.

De acordo com os estudos de Frederico Amado (2017, p. 29), a saúde pública e a assistência social são protegidas pela irredutibilidade nominal, já a previdência social se trata de uma irredutibilidade material, vez que deve ser reajustado anualmente pelo índice legal, sendo previsto legalmente no artigo 41-A da Lei 8.213/91.

1.3.6. Princípio da Equidade na forma de participação no Custeio

Ao tratar o princípio da equidade, Amado (2017, p. 30) entende que o custeio da seguridade social deve ser isonômico e amplo ao mesmo tempo, onde aqueles que

(19)

desfrutarem de mais recursos financeiros deverão realizar maiores contribuições, diante que necessitam de maior cobertura da seguridade social.

Amado a título de exemplo, aponta que (2017, p. 31):

(...) as empresas que desenvolvam atividade de risco contribuirão mais, pois haverá uma maior probabilidade de concessão de benefícios acidentários; já as pequenas e microempresas terão uma contribuição simplificada e de menor vulto.

1.3.7. Princípio da Diversidade da Base de Financiamento

Tal princípio está previsto no artigo 195, da Constituição Federal de 1988, a qual prevê várias formas de financiamento da seguridade social no Brasil:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

Nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2009, p. 58):

A Constituição prevê diversas formas do custeio da seguridade social (pluralidade de fontes), por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes públicos, dos concursos de prognósticos e do importador de bens ou serviços do exterior (art. 195, I a IV). Como menciona o art. 195, caput, da Lei Maior, a seguridade social será financiada por toda a sociedade.

Diante disso, é possível o legislador infraconstitucional adaptar a necessidade do custeio de acordo que a melhor parte econômica que poderão contribuir vez que está previsto em lei vária fontes de financiamento da seguridade social, segundo o professor Adilson Sanchez (2012, p. 107).

(20)

1.3.8. Princípio Democrático e Descentralizado da Administração

O artigo 194, no incido VII, do parágrafo único da Constituição Federal, prevê acerca desse princípio que o “caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados”.

Nos dizeres de Marcus Correia e Érica Paula Correia (2013, p. 113), a Lei Maior estabeleceu que as pessoas elencadas no referido artigo acima citado participarão da gestão administrativa da Seguridade, que deverá ser democrática e descentralizada. “Há a necessidade de que tanto o voto dos membros dos representantes dos segurados como o das empresas sejam decisórios, sob pena de ineficácia do dispositivo constitucional”. (MARTINS, 2009, p. 59).

No próximo capítulo trataremos da Previdência Social e seus benefícios, ressaltando que para ter direito a ela o trabalhador deve contribuir ao sistema.

(21)

II – DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

2.1. Benefícios e serviços previdenciários: noções preliminares

Os benefícios concedidos pela Previdência Social são as formas de prestações previdenciárias, através do pagamento de quantia certa. Os serviços do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) são considerados como obrigações de fazer, vez que são devidos aos segurados e aos seus dependentes quando cumprido corretamente os requisitos impostos por lei (Frederico Amado, 2017, p. 387).

Passaremos a analisar, de forma breve, cada um dos benefícios previstos em lei para a Previdência Social.

2.1.1. Aposentadoria por invalidez.

A aposentadoria por invalidez será devida quando o segurado apresentar incapacidade laboral e estiver insusceptível de reabilitação para a atividade laborativa que exerce, ou seja, deverá estar incapaz totalmente e definitivamente para o trabalho, ensina Frederico Amado (2017, p. 390).

Assim, o artigo 42 do PBPS prevê que:

A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer na condição.

Logo, extrai-se que se trata de uma incapacidade que impede o segurado de exercer qualquer atividade laborativa, sem expectativa de melhoria, presumindo-se que perdurará definitivamente, isto é, trata-se de uma incapacidade profissional, segundo os estudos de Marisa dos Santos (2018, p. 251).

Logo, “a concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade, mediante exame médico pericial a cargo da Previdência Social,

(22)

podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança”.

(MARTINS, 2014, p. 346).

Ademais, basta a comprovação da incapacidade para a concessão da aposentadoria por invalidez, sendo que é indiferente estar em gozo do benefício de auxílio-doença.

Em se tratando de doenças preexistentes, o parágrafo §2º do artigo 42 e parágrafo §2º do artigo 43 do PBPS, estabeleceu que se o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime da Previdência, ele não terá cobertura da aposentadoria por invalidez. Exceto se a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento da enfermidade, explica Marisa dos Santos (2018, p. 253).

Vejamos a jurisprudência que trata exatamente esta hipótese:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DOENÇA PREEXISTENTE À FILIAÇÃO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. REEXAME DO CONJUNTO PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ.

1. A Corte de origem, com base no contexto fático-probatório dos autos, concluiu que, "conforme laudo pericial, a incapacidade laborativa iniciou-se anteriormente ao ingresso da parte autora ao regime previdenciário, quando ela não possuía a qualidade de segurado. Não há elementos que atestam que a incapacidade ocorreu enquanto a parte autora detinha a qualidade de segurado, não prosperando, portanto, a alegação de progressão ou agravamento da doença, a ensejar a concessão do benefício postulado". 2. In casu, é inviável analisar a tese defendida no Recurso Especial, a qual busca afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão recorrido, pois inarredável a revisão do conjunto probatório dos autos.

Aplica-se o óbice da Súmula 7/STJ. 3. Recurso Especial não conhecido.

(Processo: REsp 1670574 SP 2017/0097946-7; Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA; Publicação: DJe 30/06/2017; Julgamento: 27 de Junho de 2017; Relator:

Ministro HERMAN BENJAMIN).

Outro requisito a ser preenchido para se ter direito à aposentadoria por invalidez é a carência que, de acordo com o artigo 25, inciso I, da lei 8.213/91, são necessárias, no mínimo, ter o segurado contribuído com 12 contribuições mensais para o sistema previdenciário, em regra. Caso o segurado perca a qualidade de segurado, ou seja, pare de realizar as contribuições, só haverá direito ao benefício se realizar novamente metade da carência exigida por lei, de acordo com o artigo 27-A da Lei 8.213/91.

(23)

2.1.2. Auxílio – doença

Trata-se de benefício da Previdência Social para o trabalhador que esteja incapacitado temporariamente de seu trabalho. O Professor O Professor Frederico Amado, ensina que (2017; p. 458):

Trata-se de um benefício não programado devido ao segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, se possível, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade, exceto o tratamento cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.

A incapacidade deverá ser comprovada através de perícia médica por profissional do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, devendo estar o segurado incapacitado para a atividade habitual por mais de 15 dias. Assim, em relação às doenças preexistentes, estas têm a mesma incidência do benefício de aposentadoria por invalidez, explica Marisa Ferreira dos Santos (2018, p. 322), conforme já analisado acima.

A hipótese corriqueira que acontece na Previdência é que os segurados que mesmo incapazes acabam retornando para a atividade laborativa para garantir a sua subsistência e de sua família durante o período que deveria estar em gozo do benefício auxílio-doença. Como fica a sua situação perante a Previdência Social?

Pois bem, diante desta situação a súmula 72 do TNU dos Juizados Especiais Federais estabeleceu que: “É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou”.

É também imprescindível que durante o período concedido para gozo do benefício de auxílio-doença o segurado se afaste de sua atividade laborativa, para que seja eficaz sua recuperação, ou se for o caso de reabilitação em outra profissão (Frederico Amado, 2017, p.

471).

(24)

2.1.3. Auxílio - acidente

O auxílio acidente não é benefício previdenciário relativo à incapacidade total ou temporária do segurado. Este continua trabalhando, mas recebe uma espécie de indenização.

Frederico Amado (2017, p. 492) bem define o benefício auxílio-acidente como sendo o único benefício previdenciário com caráter indenizatório, servindo de acréscimo para os rendimentos do segurado, vez que houve redução da sua capacidade laborativa.

Para Amado (2017, p. 492/493), para a concessão do benefício de auxílio-acidente requer o preenchimento cumulativo dos seguintes requisitos: A) ocorra acidente de qualquer natureza; B) haja sequela; C) ocorra a perda funcional da capacidade do segurado para a realização de sua atividade laborativa habitual, ou até mesmo o de realizar a atividade que exercia na época do acidente, ou seja, é possível que após uma reabilitação profissional o segurado realize outra atividade laborativa.

Ensina João Ernesto Aragonés Vianna (2007, p. 295):

O benefício é devido em decorrência de acidente de qualquer natureza; entretanto, a perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio- acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

O artigo 86, § 4º, da lei nº. 8.213/91 dispõe exatamente a situação acima mencionada.

Vejamos:

(...)

§4º A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

O referido autor Vianna (2007, p. 295) salienta que não será devido o benefício quando os “danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão na capacidade laborativa;” e “de mudança de função, mediante readaptação profissional promovida pela empresa, como medida preventiva, em decorrência de inadequação do local de trabalho”.

Marisa Ferreira dos Santos (2018, p. 342) diferencia o auxílio-acidente, o auxílio doença e a aposentadoria por invalidez:

No auxílio doença, a contingência coberta é a incapacidade total e temporária para o exercício das atividades habituais, mas que é passível de reabilitação.

(25)

Na aposentadoria por invalidez, tem cobertura previdenciária a incapacidade total e permanente (definitiva para o trabalho).

O auxílio-acidente indeniza o segurado prejudicado em razão da redução de sua capacidade laborativa em relação às atividades exercidas quando ocorreu o acidente.

2.1.4. Aposentadoria por tempo de contribuição

Tal benefício será concedido ao trabalhador que contribuir ao sistema por determinado período de tempo.

Nas palavras do Procurador Federal Frederico Amado (2017, p. 418):

Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data a data, desde o início até a data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social, descontados os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho, de interrupção de exercício e de desligamento da atividade.

O tempo de contribuição exigido atualmente é de 35 anos para os homens, e 30 anos para as mulheres, independe se urbano ou rural, vez que o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios protege os segurados que são trabalhadores rurais. (SANTOS, 2018, p. 451).

O artigo 102, §1º, do PBPS, estabelece a seguinte regra “A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial”.

A lei 8.213/1991, no artigo 106 prevê que o trabalhador rural deve comprovar o tempo de atividade laborativa, um ou mais documentos que estão previstos no referido artigo.

Vejamos:

(...)

I- Contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;

II- Contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;

III- Declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso de sindicato ou colônia de pescadores desde que homologada pelo INSS;

IV- Comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), no caso de produtores em regime de economia familiar;

V- Bloco de notas do produtor rural;

VI- Notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o §7º do artigo 30 da Lei n. 8.212/91, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor;

VII- Documentos fiscais relativos à entrega de produção crural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante;

(26)

VIII- Comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comercialização da produção;

IX- Cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural;

X- Licença de ocupação ou permissão outorgada pelo INCRA;

O STJ decidiu acerca do reconhecimento do tempo de serviço que:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ART. 55,

§ 3º, DA LEI 8.213/91. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. RECONHECIMENTO A PARTIR DO DOCUMENTO MAIS ANTIGO. DESNECESSIDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONJUGADO COM PROVA TESTEMUNHAL.

PERÍODO DE ATIVIDADE RURAL COINCIDENTE COM INÍCIO DE

ATIVIDADE URBANA REGISTRADA EM CTPS. RECURSO

PARCIALMENTE PROVIDO.

1. A controvérsia cinge-se em saber sobre a possibilidade, ou não, de reconhecimento do período de trabalho rural anterior ao documento mais antigo juntado como início de prova material. 2. De acordo com o art. 400 do Código de Processo Civil "a prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso". Por sua vez, a Lei de Benefícios, ao disciplinar a aposentadoria por tempo de serviço, expressamente estabelece no § 3º do art. 55 que a comprovação do tempo de serviço só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, "não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento" (Súmula 149/STJ). 3. No âmbito desta Corte, é pacífico o entendimento de ser possível o reconhecimento do tempo de serviço mediante apresentação de um início de prova material, desde que corroborado por testemunhos idôneos. Precedentes. 4. A Lei de Benefícios, ao exigir um "início de prova material", teve por pressuposto assegurar o direito à contagem do tempo de atividade exercida por trabalhador rural em período anterior ao advento da Lei 8.213/91 levando em conta as dificuldades deste, notadamente hipossuficiente.

5. Ainda que inexista prova documental do período antecedente ao casamento do segurado, ocorrido em 1974, os testemunhos colhidos em juízo, conforme reconhecido pelas instâncias ordinárias, corroboraram a alegação da inicial e confirmaram o trabalho do autor desde 1967. 6. No caso concreto, mostra-se necessário decotar, dos períodos reconhecidos na sentença, alguns poucos meses em função de os autos evidenciarem os registros de contratos de trabalho urbano em datas que coincidem com o termo final dos interregnos de labor como rurícola, não impedindo, contudo, o reconhecimento do direito à aposentadoria por tempo de serviço, mormente por estar incontroversa a circunstância de que o autor cumpriu a carência devida no exercício de atividade urbana, conforme exige o inc.

II do art. 25 da Lei 8.213/91. 7. Os juros de mora devem incidir em 1% ao mês, a partir da citação válida, nos termos da Súmula n. 204/STJ, por se tratar de matéria previdenciária. E, a partir do advento da Lei 11.960/09, no percentual estabelecido para caderneta de poupança. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do Código de Processo Civil.

(Processo: REsp 1348633 SP 2012/0214203-0; Órgão Julgador: S1 - PRIMEIRA SEÇÃO; Publicação: DJe 05/12/2014; Julgamento: 28 de Agosto de 2013; Relator:

Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA)

Marisa dos Santos (2018, p. 454), detalha que, quando se trabalha em regime de economia familiar, normalmente os documentos comprobatórios estão no nome do chefe da família. Assim, dificulta a comprovação de tempo de serviço dos demais membros da família.

(27)

Portanto, há jurisprudência admitindo a comprovação por meio de documentos que estiverem no nome do chefe de família.

A súmula 577 do STJ estabelece que “É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunha colhida sob o contraditório”.

Além do tempo mínimo de contribuição, exige-se, para se ter direito à aposentadoria por tempo de contribuição, uma carência de 180 contribuições mensais.

Vale ressaltar, ainda, que, para a concessão deste benefício inexiste idade mínima no Brasil. Frederico Amado (2017, p. 422) aponta que “é preciso urgentemente a aprovação de uma idade mínima para a concessão deste benefício, pois em muitos casos inexiste risco social a ser tutelado, pois os segurados prosseguem trabalhando’.

Nas palavras do mesmo autor (2017, p. 422/423), os professores se aposentarão com 30 anos de contribuição e as professoras com 25 anos de contribuição, para que haja a redução é necessário que este tempo seja preenchido exclusivamente no magistério. Bem como, aqueles professores que exerçam atividade de direção de unidade escolar, coordenação e assessoramento pedagógico, conforme estabelece o artigo 1º, da Lei 11.301/2006.

2.1.5. Aposentadoria por idade

Tal benefício é destinado a pessoas que tenham idade avançada, assim determinada em lei e que tenham contribuído para o Sistema Previdenciário.

Há no nosso ordenamento jurídico a aposentadoria por idade urbana, rural e a hibrida com requisitos diferentes para cada uma dela, segundo os estudos de Lazzari e Castro (2016, p. 258).

“A aposentadoria por idade urbana é devida ao segurado que, cumprida a carência de 180 meses, completar 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos de idade, se mulher.”

(LAZZARI e CASTRO, 2016, p. 258).

Segundo Marisa dos Santos (2018, p. 438), antes da Lei nº 8.213/91 o trabalhador rural só iria se aposentar caso estiver preenchido os mesmos requisitos do trabalhador urbano.

Porém, atualmente os trabalhadores rurais têm direito ao benefício se completados 60 anos se homens, e 55 anos se mulher.

(28)

Portanto, os trabalhadores rurais tiveram a redução de idade, bem como a lei estendeu essa peculiaridade ao produtor rural, o garimpeiro, o pescador artesanal. Da mesma maneira, os segurados deficientes, que deverá ser devidamente comprovada a deficiência e ter cumprido o requisito de 15 anos de carência (AMADO, 2017, p. 406).

Em relação ao segurado especial e ao trabalhador rural, o artigo 11, § 9º, III, da lei 8.213/91, prevê as situações em que o segurado estiver que será computado ao período.

Vejamos:

(...)

III - exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 julho de 1991;

III - exercício de atividade remunerada em período não superior a cento e vinte dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;

III - exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;

IV - exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais;

V - exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;

VI - parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do

§ 8o deste artigo;

VII - atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social;

VIII - atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.

A regra do artigo 142, da Lei 8.213/91, estabelece que os segurados urbanos e rurais filiados até 24 de julho de 1991 estarão cobertos pelo Regime da Previdência Social, considerando o ano em que o segurado cumpriu os requisitos para a concessão do benefício devendo cumprir o período de carência exigido na seguinte tabela:

Ano de implementação das condições

Meses de contribuição exigidos

1991 60 meses

1992 60 meses

1993 66 meses

1994 72 meses

1995 78 meses

1996 90 meses

(29)

1997 96 meses

1998 102 meses

1999 108 meses

2000 114 meses

2001 120 meses

2002 126 meses

2003 132 meses

2004 138 meses

2005 144 meses

2006 150 meses

2007 156 meses

2008 162 meses

2009 168 meses

2010 174 meses

2011 180 meses

O professor Frederico Amado (2017, p. 409) a título de exemplo expôs em sua obra a seguinte situação:

(...) como a aposentadoria por idade para homens será concedida aos 65 anos de idade, em regra, se um segurado completou essa idade em 1993 terá que realizar a carência de 66 contribuições mensais, mesmo que apenas em 1995 integralize a carência, não sendo necessário atingir 78 contribuições mensais.

Marisa dos Santos esclarece, nesse ponto que “para ter o direito ao benefício, o rurícola deve comprovar que efetivamente trabalhou nessa condição pelo período de carência exigido para aposentadoria por idade, ainda que de forma descontínua”. (2018, p. 443).

O artigo 51, no §1º do Decreto n. 3.048/99, estabelece que segurado “rurícola deve comprovar que exercia sua atividade no mês imediatamente anterior ao do cumprimento da idade”. (SANTOS, 2018, p. 444).

Ademais, a aposentadoria híbrida é aquela em que o segurado intercala períodos urbanos e rurais. Portanto, deverão ser comprovados 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher. Não sendo necessário que o último período seja na área rural (SANTOS, 2018, 445).

(30)

2.1.6. Aposentadoria especial

O artigo 201, §1º da Constituição Federal de 1988, estabelece que:

É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.

O Procurador e também professor Frederico Amado (2017, p. 433/434) entende por trabalho especial aquele que prejudica a saúde e integridade física, devendo o segurado trabalhar durante 15, 20 ou 25 anos de contribuição, atendendo o cumprimento do pagamento de 180 contribuições. Ademais, inexiste previsão legal quanto a existência de idade mínima, logo, não é requisito para a concessão deste benefício. Em suma, é considerado trabalho nocivo aquele em que o nível de concentração é superior aos limites de tolerância permitidos.

(AMADO, 2017, p. 436).

Portanto, para comprovação da exposição dos agentes nocivos é necessário a sociedade empresária entregue um formulário para o empregador, e este é baseado em um laudo técnico, onde é realizado uma perícia no local onde o trabalhador exercia suas atividades laborativas, através do médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (SANTOS, 2018, p. 313).

Em relação aos portadores de deficiência física, o artigo 2º da Lei Complementar 142 conceitua a pessoa com deficiência da seguinte forma:

Para o reconhecimento do direito à aposentadoria de que trata esta Lei Complementar, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Para Frederico Amado (2017, p.452), tal benefício será concedido de acordo com o grau de deficiência, podendo ser grave, moderada ou leve. Devendo o INSS atestar o grau de deficiência em uma perícia médica, levando-se em conta a seguinte tabela:

Deficiência grave Deficiência Moderada

Deficiência leve

(31)

HOMENS 25 anos de contribuição

29 anos de contribuição

33 anos de contribuição MULHERES 20 anos de

contribuição

24 anos de contribuição

28 anos de contribuição

Há também a possibilidade de alteração do grau de deficiência com o decurso do tempo. Portanto, se após filiar-se ao regime da Previdência o segurado se tornar deficiente ou o grau de sua deficiência for alterado, o benefício deverá ser devidamente ajustado ao caso concreto. (AMADO, 2017, p. 453).

2.1.7. Salário – Maternidade

Salário maternidade é um benefício previdenciário destinado às gestantes, seguradas.

Sérgio Pinto Martins entende que (2014, p. 394), entende que “o benefício previdenciário consistente na remuneração paga pelo INSS à segurada gestante durante seu afastamento, de acordo com o período estabelecido por lei e mediante comprovação médica”.

Vale ressaltar que o artigo 71 do PBPS estabelece que:

O salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade.

Parágrafo único. A segurada especial e a empregada doméstica podem requerer o salário-maternidade até 90 (noventa) dias após o parto.

Em 2013, com o advento da lei 12.873, houve uma alteração legislativa nesse benefício previdenciário, modificando a lei nº 8.213/91, trazendo duas inovações ao salário maternidade, vejamos:

Art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte) dias.

§ 1o O salário-maternidade de que trata este artigo será pago diretamente pela Previdência Social.

§ 2o Ressalvado o pagamento do salário-maternidade à mãe biológica e o disposto no art. 71-B, não poderá ser concedido o benefício a mais de um segurado, decorrente do mesmo processo de adoção ou guarda, ainda que os cônjuges ou companheiros estejam submetidos a Regime Próprio de Previdência Social.

(32)

Para Frederico Amado (2017, p. 479/480), o salário-maternidade em regra, será pago pelo prazo de 120 dias. Porém, há a possibilidade de que haja prorrogação do período de pagamento, desde que esteja de acordo com as prorrogações previstas em lei. Ademais, também deverá ser pago o salário-maternidade “nas hipóteses de adoção ou guarda judicial para fins de adoção, cujo período variava de acordo com a idade do adotado”, qual seja, o adotado que tenha até 01 ano os pais adotivos terão o período de 120 dias do benefício, as crianças entre 01 e 04 anos de idade os segurados terão 60 dias, e as crianças que tiverem entre 04 e 08 anos, os pais terão 30 dias de salário-maternidade.

No caso de adoção, o benefício será concedido apenas a um, ou seja, o casal deverá escolher qual dos dois irá usufruir do salário-maternidade (AMADO, 2017, p. 482).

Marisa dos Santos (2018, p. 338), entende que ter como critério para fixação do benefício de duração do salário-maternidade não é coerente com a realidade, vez que “quanto maior a idade da criança, sem dúvidas, mais difícil é a adaptação entre mãe e filho”. Ainda nas palavras da referida autora (2018, p. 338):

A Medida Provisória n. 613, de 06.06.2013, alterou o art. 71-A, excluindo a restrição da duração do benefício em razão da idade da criança adotada, fixando-a em 120 dias. A MP 613/2013 foi convertida na Lei n. 12.873/2013, que manteve o prazo de 120 dias e passou a prever o pagamento do benefício também para o segurado adotante.

Ademais, deverá cumprir o pagamento de 10 contribuições mensais anteriormente ao parto a contribuinte individual, a segurada especial e a facultativa. Não exigirá carência para a empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa. (AMADO, 2017, p. 484).

Frederico (2017, p. 484), entende que: “A licença-maternidade é um instituto trabalhista e não se confunde com o salário-maternidade, benefício previdenciário, razão pela qual as suas eventuais alterações não afetarão o prazo de pagamento do salário-maternidade”.

2.1.8. Salário - família

O artigo 7º, inciso XII e artigo 201, da Constituição Federal de 1988, regulamenta o benefício salário-família, vejamos:

(33)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;

(...)

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

Trata-se de benefício de caráter complementar, ou seja, visa complementar as despesas domesticas dos filhos menores de até 14 anos ou inválido de qualquer idade, logo a ideia é não substituir a remuneração dos pais. (2017, p. 473).

Segundo o artigo 201, inciso IV, da CF, tal benefício será devido apenas aos segurados que se enquadrem no parâmetro de baixa renda. Devendo o segurado empregado, empregado doméstico ou avulso ter como renda bruta o valor não superior a R$ 1.364,44 (um mil, trezentos e sessenta e quatro reais e quarenta e quatro centavos), que tem filhos menores de 14 anos e aos que possuírem incapacidade, esta deverá ser comprovada por perícia médica realizada pelo INSS, segundo a desembargadora Marisa Ferreira dos Santos (2018, p. 329).

Vejamos o artigo 84, e seu inciso §2º do Decreto 3048 de 1999, que estabelece quais documentos deverão ser apresentados periodicamente:

Art. 84. O pagamento do salário-família será devido a partir da data da apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado, estando condicionado à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, até seis anos de idade, e de comprovação semestral de frequência à escola do filho ou equiparado, a partir dos sete anos de idade.

(...)

§ 2º Se o segurado não apresentar o atestado de vacinação obrigatória e a comprovação de frequência escolar do filho ou equiparado, nas datas definidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, o benefício do salário-família será suspenso, até que a documentação seja apresentada.

Frederico Amado (2017, p. 477), entende que o benefício deverá cessar automaticamente nas seguintes situações: i) Por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao do óbito; ii) quando o filho ou equiparado completar quatorze anos de idade, salvo se inválido, a contar do mês seguinte ao da data de aniversário; iii) pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido, a contar do mês seguinte ao da cessação da incapacidade.

(34)

2.1.9. Auxílio Reclusão

O auxílio reclusão é benefício destinado à família de segurado de baixa renda que é recolhido à prisão. Tal benefício está previsto no artigo 80 da Lei 8.213/91, vejamos:

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.

Para a concessão do benefício do auxílio-reclusão os dependentes deverão requerer com a documentação da certidão de efetivo recolhimento do segurado à prisão, expedido por autoridade competente de acordo com o artigo 116, §2º, do Regulamento da Previdência Social (RPS).

O artigo 117, e seus parágrafos §§1º e 2º, também do RPS, estabelece que para o benefício ser mantido deverá ser apresentado a cada 03 (três meses) de que o segurado ainda se mantém detido ou recluso. Ademais, em caso de fuga do preso, o benefício será suspenso.

Caso retorna ao sistema carcerário o benefício será reativado a partir da data da nova prisão, se ainda tiver a qualidade de segurado.

O artigo 201, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, estabeleceu que o auxílio- reclusão será devido “para os dependentes dos segurados de baixa renda”.

De acordo com os estudos de Marisa dos Santos (2018, p. 385), o artigo 116 do RPS estabeleceu que o valor a ser considerado deverá ser igual ou inferior a R$1.319,18 (um mil e trezentos e dezenove reais e dezoito centavos). Os segurados que tiverem a renda bruta mensal dentro do valor acima são considerados segurados de baixa renda.

Segundo a desembargadora (SANTOS, 2018, p. 385), há uma divergência jurisprudencial quanto ao salário de contribuição quando o segurado é preso no período de graça, porém predominou-se o posicionamento da Instrução Normativa 77/2015, no artigo 385, §2º, incisos I e II, vejamos:

Quando o efetivo recolhimento à prisão tiver ocorrido a partir de 16 de dezembro de 1998, data da publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o benefício de auxílio-reclusão será devido desde que o último salário de contribuição do segurado, tomado no seu valor mensal, seja igual ou inferior ao valor fixado por Portaria Interministerial, atualizada anualmente.

(...)

(35)

§ 2º Quando não houver salário de contribuição na data do efetivo recolhimento à prisão, será devido o auxílio-reclusão, desde que:

I - não tenha havido perda da qualidade de segurado;

II - o último salário de contribuição, tomado em seu valor mensal, na data da cessação das contribuições ou do afastamento do trabalho seja igual ou inferior aos valores fixados por Portaria Interministerial, atualizada anualmente.

Contudo, o STJ adotou o posicionamento contrário, analisemos:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO DESEMPREGADO OU SEM RENDA. CRITÉRIO ECONÔMICO. MOMENTO DA RECLUSÃO.

ÚLTIMO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.

1. A questão jurídica controvertida consiste em definir o critério de rendimentos ao segurado recluso em situação de desemprego ou sem renda no momento do recolhimento à prisão. O acórdão recorrido e o INSS defendem que deve ser considerado o último salário de contribuição, enquanto os recorrentes apontam que a ausência de renda indica o atendimento ao critério econômico.

2. À luz dos arts. 201, IV, da Constituição Federal e 80 da Lei 8.213/1991 o benefício auxílio-reclusão consiste na prestação pecuniária previdenciária de amparo aos dependentes do segurado de baixa renda que se encontra em regime de reclusão prisional.

3. O Estado, através do Regime Geral de Previdência Social, no caso, entendeu por bem amparar os que dependem do segurado preso e definiu como critério para a concessão do benefício a "baixa renda".

4. Indubitavelmente que o critério econômico da renda deve ser constatado no momento da reclusão, pois nele é que os dependentes sofrem o baque da perda do seu provedor.

5. O art. 80 da Lei 8.213/1991 expressa que o auxílio-reclusão será devido quando o segurado recolhido à prisão "não receber remuneração da empresa".

6. Da mesma forma o § 1º do art. 116 do Decreto 3.048/1999 estipula que "é devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado quando não houver salário- de-contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que mantida a qualidade de segurado", o que regula a situação fática ora deduzida, de forma que a ausência de renda deve ser considerada para o segurado que está em período de graça pela falta do exercício de atividade remunerada abrangida pela Previdência Social."(art. 15, II, da Lei 8.213/1991).

7. Aliada a esses argumentos por si sós suficientes ao provimento dos Recursos Especiais, a jurisprudência do STJ assentou posição de que os requisitos para a concessão do benefício devem ser verificados no momento do recolhimento à prisão, em observância ao princípio tempus regit actum. Nesse sentido: AgRg no REsp 831.251/RS, Rel. Ministro Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP), Sexta Turma, DJe 23.5.2011; REsp 760.767/SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJ 24.10.2005, p. 377; e REsp 395.816/SP, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Sexta Turma, DJ 2.9.2002, p. 260.

8. Recursos Especiais providos. (Processo: REsp 1480461 SP 2014/0230747-3;

Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA; Publicação: DJe 10/10/2014;

Julgamento: 23 de Setembro de 2014; Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN).

Os segurados que tiverem a renda bruta mensal dentro do valor acima são considerados segurados de baixa renda.

O Procurador Federal Frederico Amado (2017, p. 524), ensina que o benefício de auxílio reclusão isenta a carência. Além disso, conforme os seus estudos que as mudanças no

(36)

que diz respeito ao benefício de pensão por morte, se estenderam ao auxílio reclusão, vez que o último é pago nas mesmas condições que o primeiro.

2.1.10. Pensão por morte

O benefício de pensão por morte será abordado detalhadamente no próximo capítulo, sendo apontadas as reflexões necessárias acerca do mesmo.

Referências

Documentos relacionados

As resistências desses grupos se encontram não apenas na performatividade de seus corpos ao ocuparem as ruas e se manifestarem, mas na articulação micropolítica com outros

Adotam-se como compreensão da experiência estética as emoções e sentimentos nos processos de ensinar e aprender Matemática como um saber epistêmico. Nesse viés, Freire assinala

O Documento Orientador da CGEB de 2014 ressalta a importância do Professor Coordenador e sua atuação como forma- dor dos professores e que, para isso, o tempo e

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

psicológicos, sociais e ambientais. Assim podemos observar que é de extrema importância a QV e a PS andarem juntas, pois não adianta ter uma meta de promoção de saúde se

Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora e viria a exercer muitos outros cargos de relevo na Universidade de Évora, nomeadamente, o de Pró-reitor (1976-

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no