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Para o próximo ensaio, eu gostaria de apresentar duas regras. Levou algum tempo para que eu chegasse a essa regra e eu creio que ela é importante.

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Academic year: 2021

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“First essay tips,” de prof. William Kuskin. Transcrição de aula do curso “Comic Books and Graphic Novels,” University of Colorado Boulder, 2014. Tradução adaptada de Arthur Valle

Para o próximo ensaio, eu gostaria de apresentar duas regras. A primeira é que escrever cria uma persona.1

Levou algum tempo para que eu chegasse a essa regra e eu creio que ela é importante. Escrever cria uma persona. Há algumas implicações nisso.

A primeira é que, quando você escreve, você está criando um documento que vai lhe abandonar.

Bem, inicialmente esse documento é muito fortemente identificado com você enquanto um ser humano individualizado. De fato, ele é as suas palavras. E se você está escrevendo em primeira pessoa, as palavras parecem realmente suas: elas são potencialmente a sua identidade posta na página.

Mas, no minuto em que a sua identidade vai para a página ela se separa de você. E quando ela atinge os leitores ela não é mais você, ela é outra coisa: é um texto.

Esse texto tem a sua própria identidade e a sua própria história.

A importância disso é que, quando você escrever o seu ensaio e ele chegar aos leitores, eles não estarão reagindo a você. Eles estarão reagindo ao que você escreveu.

Portanto, se distancie dos comentários ao seu ensaio. Os comentários são sobre o que você escreveu, não sobre você.

E eu lhe aconselho isso para qualquer coisa que você faça em sua vida: perceba que você tem responsabilidade pelos produtos que criar, mas que eles não são você. Portanto, não leve os comentários de maneira pessoal.

A segunda implicação dessa regra é que, já que a escrita é distinta de você, você tem a chance de construir quem você é enquanto escritor. Você tem a chance de criar uma espécie de identidade pública, um personagem que é distinto do que você é pessoal e intimamente. Então, deixe de lado quem você é e pense sobre o que você quer ser, como você quer aparecer para o mundo. Pense sobre a criação de uma voz pública, distinta da do seu eu privado. Com isso, vem um segundo ponto.

O lugar em que você encontra o seu leitor é em suas primeiras frases. Portanto, você precisa ter muito cuidado com a introdução.

1

Nota do tradutor: o sentido aqui parece ser o é o de máscara ou de um personagem vivido por um ator.

(2)

De fato, a introdução é o “aperto de mão” do seu ensaio. É o primeiro momento de um encontro às cegas, no qual se vai conhecer uma nova pessoa - e você precisa causar uma boa impressão.

Então, como você vai fazer isso?

Bem, eu tenho algumas indicações sobre como escrever uma introdução.

A primeira é criar um título que faça diferença. Crie um título que diga ao seu leitor quem você é sobre o que é o seu ensaio.

Se você intitular o seu ensaio como “primeiro ensaio,” você está dizendo ao seu leitor muitas coisas: que você não dedicou muito tempo a ele, que você o vê como um esforço

programático, que esse “primeiro ensaio” será seguido apenas por um “segundo ensaio” e que assim você seguirá suportando o curso...

Portanto, pense bem sobre o seu título, pense sobre o que ele sinaliza.

Então, enquanto você reflete sobre a introdução - e ela é realmente o “aperto de mão” com o seu leitor -, comece com uma sentença que diga ao leitor sobre o que, afinal, você está escrevendo, qual é o seu tema. Fale um pouco sobre o que você está escrevendo, sobre a relevância disso.

Em seguida, passe do tema para o argumento.

Aqui, vários escritores incluem um resumo do texto. Mas o problema com um resumo é que ele é amplo: ele coloca o leitor de volta no mundo do texto ou do campo de investigação, e não em suas mãos.

Assim, em vez de apenas fornecer um resumo, indique no argumento os principais pontos que você vai tratar durante o ensaio. Reflita sobre o que você está falando e coloque esses pontos claramente na introdução.

A última parte da introdução é a mais crítica: a apresentação de sua tese. Basicamente, esta é uma frase que diz por que o seu ensaio é importante, indicando qual será a sua conclusão. E digo-lhe isto: não importa se você está escrevendo sobre arte ou uma carta formal ou um memorando para o seu chefe. Você tem que indicar em sua introdução quão fundo você vai chegar.

Portanto, para este ensaio, eu quero que você me apresente como tese o porquê da sua interpretação ser importante. O que, afinal de contas, é importante a respeito do seu ensaio? Dê-me uma declaração que afirme a sua tese, o que você pensa.

À medida que você refletir sobre o processo de escrita, inclua na introdução a meta final de seu ensaio como um todo.

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Diga ao leitor o que você vai fazer, e então, se o leitor estiver inclinado, ele lhe seguirá por todo o caminho até o fim. E se você estiver escrevendo um livro esse caminho pode ter centenas de páginas.

Portanto, a regra número um é: escrever cria uma persona.

E eu peço que você pense sobre isso em vários níveis: (1) pense sobre isso pessoalmente, na medida em que você se separar do seu escrito; (2) pense sobre isso em termos públicos, na medida em você criar uma persona pública; (3) e pense sobre isso tecnicamente, na medida em você escrever uma introdução que diga ao leitor o que irá acontecer em seu ensaio, em termos inequívocos.

Minha segunda regra é: planeje o seu sucesso - e eu digo isso de maneira séria.

Sem um plano para o sucesso, sem uma meta final para o plano, você realmente não sabe onde está.

É claro que todos nós queremos fazer um bom trabalho. Mas será que realmente planejamos isso? Será que realmente pensamos nos passos que vão ser necessários, para fazer um bom trabalho? E será que realmente refletimos sobre como um bom trabalho se parece?

Nós todos queremos uma boa nota para nosso ensaio, mas nós planejamos para alcançar essa nota ou apenas “rolamos os dados,” esperando que tudo dê certo?

Para este ensaio, eu quero apresentar-lhe um plano. Eu quero indicar-lhe alguns passos que podem levá-lo ao sucesso.

O primeiro passo é: eu quero que, o quanto antes, você leia o que está sendo pedido na avaliação e que você escolha um tema para analisar. E eu não quero que você se demore nisso. Eu não quero que você gaste muito tempo decidindo sobre o que vai escrever, fazendo

perguntas como: “Qual tema é perfeito para mim?” Isso porque existe uma quantidade enorme de temas fantásticos: basta escolher uma e seguir em frente.

O segundo passo é: eu quero que você encontre um local onde possa escrever e que você o faça de 45 minutos à uma hora, sem interrupção.

Eu quero que você ache um relógio de algum tipo, seu telefone, seu celular, uma ampulheta - não importa! Eu quero que você escreva durante cerca de uma hora de maneira ininterrupta. E se há barulho, se o seu cão começou a latir, se você vive em uma fazenda e as galinhas começaram a cacarejar - não importa! Basta se manter escrevendo.

Eu quero que você faça isso por cerca de uma hora.

E bem, você pode até começar escrevendo coisas como: “eu odeio esse ensaio;” “Eu odeio escrever;” e “Eu não quero fazer isso. “

OK, então escreva isso. Basta por isso para fora. Basta digitá-lo ou escrevê-lo, não importa. Você poderá apagar isso depois.

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Se você só consegue pensar em frases simples que descrevem o que é evidente sobre o tema, não importa: está bom para começar. Basta escrever por uma hora, apenas isso. Essa é a beleza da escrita: basta por o processo em andamento.

Quando terminar de escrever, coloque o ensaio de lado e então dê a si mesmo um pouco de tempo entre a escrita e revisão.

Você verá que a sua mente vai refletir sobre o que colocou no papel. Sua mente vai “digerir” algumas das questões e resolvê-las mais ou menos completamente.

Em seguida, vem o terceiro passo das minhas recomendações: Revise. Revise o que escreveu. Você pode rever o ensaio digitando sobre ele. Você pode revê-lo impresso, bem na frente de você, com a uma caneta vermelha. O importante é revisar o que você escreveu.

Corte todas aquelas coisas sobre “Eu não quero escrever um ensaio.” Corte as partes mais fracas, que descrevem o óbvio.

Entre nisso e reescreva da melhor maneira que puder.

Tente escrever a introdução do jeito que eu indiquei, com um bom título, um tema, um argumento e uma tese.

Procure terminar cada parágrafo com uma afirmação forte, conclusiva. Procure iniciar cada parágrafo de maneira que ele se conecte com o anterior.

Esse passo do plano pode levar algum tempo, algumas sessões; ou pode ser que você consiga fazê-lo rapidamente. De qualquer maneira, a revisão é uma parte crucial para a elaboração de sua persona.

Passo quatro: pergunte a si mesmo qual é o ponto principal do seu ensaio. Afinal, o que você revelou a respeito do tema? A qual conclusão chegou?

Isso é realmente importante. O ensaio é sua chance de dizer algo. É a sua chance de apresentar as suas opiniões e suas conclusões.

Assim, nessa etapa, pare e pergunte a si mesmo: “Qual é o meu ponto principal?” “O que, diante deste tema, eu disse?”

Depois de pensar sobre isso, você pode ter que repassar todo o ensaio, revisá-lo e corrigi-lo. Ou você pode apenas ter que ajustar a tese no final da introdução, para que ela sintetize da melhor maneira possível o que você disse.

Em qualquer caso, esse passo é muito importante, porque ele pede para você refletir sobre a sua escrita. E ele pede para você, honestamente, a verdade nua e crua.

Você está realmente interpretando, tomando o que viu e leu e repropondo de uma nova maneira?

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Ou você está, na verdade, dizendo coisas óbvias? Está apenas repetindo o que outros disseram? Está apenas gastando tempo, “enchendo linguiça”?

Último passo do plano: leia o seu ensaio em voz alta.

Ao lê-lo em voz alta, ele soa interessante? Soa bem, gramaticalmente? Ao lê-lo, você encontra erros?

Leia o ensaio em voz alta. Isso vai ajudar a terminá-lo.

A leitura na tela do computador pode lhe ser difícil, você pode imprimir o seu ensaio. Em qualquer caso, leia em voz alta e aperfeiçoe-o, dando um acabamento mais polido. Essas são as minhas dicas.

Esse é o meu plano para você. Avante.

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