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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 834.266 - SC (2006/0066827-6)

RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDA RECORRENTE : FORAUTO VEÍCULOS LTDA

ADVOGADO : RYCHARDE FARAH E OUTRO(S)

RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA

PROCURADOR : REGINA HELENA DE ABREU BRASIL E OUTRO(S)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ALEGADA AFRONTA AO DECRETO-LEI 406/68 E À LC 44/83. TESE NO SENTIDO DE QUE O

DECRETO ESTADUAL 5.719/90 CONTRARIA A LC 87/96.

FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. TRIBUTÁRIO. ICMS. VENDA DE VEÍCULOS USADOS POR CONCESSIONÁRIA. OPERAÇÃO QUE NÃO É ABRANGIDA PELO REGIME DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA, INAUGURADO PELO FABRICANTE.

1. "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua

fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia" (Súmula

284/STF).

2. Nos termos do art. 2º, I, da LC 87/96, o ICMS incide sobre "operações

relativas à circulação de mercadorias" . Mercadorias, em apertada síntese, são

bens móveis destinados ao comércio.

3. No regime de substituição tributária, há o recolhimento antecipado do ICMS em relação às operações subseqüentes. O valor do tributo recolhido varia de acordo com as operações que supostamente ocorrem até que o bem seja adquirido pelo consumidor final. Contudo, dentro dessa sistemática, não há antecipação em relação a possíveis operações ocorridas após a aquisição do bem pelo consumidor final. Assim, se o bem é repassado ao comerciante e reinserido no comércio, na condição de "usado", a sua nova venda, ainda que seja efetuada pelo mesmo comerciante que vendeu o bem na condição de "novo", sujeita-se à incidência do ICMS.

4. Como bem esclarece Roque Antônio Carrazza, "o ICMS é devido quando

ocorrem operações jurídicas que levam as mercadorias da produção para o consumo, com fins lucrativos" , de modo que, "alcançado o consumo, o bem deixa de ser mercadoria e o ICMS não mais pode ser cobrado, a menos que se reinicie o ciclo econômico, quando o bem móvel, readquirindo o status de mercadoria, passa a ser vendido agora como sucata, mercadoria usada etc".

5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Hamilton

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Superior Tribunal de Justiça

Carvalhido e Francisco Falcão.

Brasília (DF), 24 de junho de 2008 (Data do Julgamento)

MINISTRA DENISE ARRUDA Relatora

(3)

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 834.266 - SC (2006/0066827-6)

RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDA

RECORRENTE : FORAUTO VEÍCULOS LTDA ADVOGADO : ALEXANDRE GOMES E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA

PROCURADOR : REGINA HELENA DE ABREU BRASIL E OUTRO(S)

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):

Trata-se de recurso especial interposto em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina cuja ementa é a seguinte:

"TRIBUTÁRIO - ICMS - SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA - NÃO-CUMULATIVIDADE - VEÍCULO AUTOMOTOR - CONCESSIONÁRIA - VENDA A CONSUMIDOR FINAL - CICLO ECONÔMICO ENCERRADO - POSTERIOR RETORNO DO MESMO VEÍCULO AO ESTOQUE E ALIENAÇÃO COMO USADO - INAUGURAÇÃO DE OUTRO CICLO ECONÔMICO DE CIRCULAÇÃO - NOVO FATO GERADOR - INCIDÊNCIA DO IMPOSTO - LEGALIDADE - PEDIDO IMPROCEDENTE - RECURSO DESPROVIDO.

O princípio da não-cumulatividade do ICMS (CF/88, art. 155, § 2º, I) é aplicável a todo o ciclo econômico que vai da saída do veículo da fábrica à venda ao consumidor final, encerrando-se aí a possibilidade de crédito para compensação do tributo. O retorno posterior do mesmo veículo, já usado, ao estoque da concessionária, inaugura um novo ciclo econômico de circulação e o correspondente fato gerador, o que possibilita a cobrança do referido imposto incidente sobre a venda ao próximo consumidor, sem qualquer ofensa ao mencionado princípio constitucional."

(fl. 227)

Os embargos declaratórios opostos foram acolhidos para fins de prequestionamento.

No recurso especial, interposto com base nas alíneas a e b do permissivo constitucional, a ora agravante aponta ofensa ao art. 8º da LC 87/96, bem como aos arts. 109, 110 e 128 do CTN, ao Decreto-Lei 406/68 e à LC 44/83, alegando, em síntese, que: (a) nos termos do art. 8º da LC 87/96, "o imposto exigido antecipadamente do contribuinte substituído inclui o imposto referente às operações subseqüentes", sendo que tais operações, "no caso de veículo automotor, não é só a efetuada pelo distribuidor, na primeira venda ao consumidor final, mas também a operação tributada subseqüente àquela, quando o veículo é adquirido por um comerciante do usuário final e novamente revendido" (fls. 220/221); (b) a LC 87/96 prevê que, no regime de substituição tributária, todo imposto devido é recolhido "no início da cadeia de operações" e tal sistemática não pode ser modificada por ato de governo local, no caso, o Decreto Estadual 5.719/90 (fl. 228).

Menciona, subsidiariamente, afronta ao art. 535 do CPC.

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Em suas contra-razões, o recorrido argumenta que: (a) "a comercialização de veículos usados envolve operações distintas das previstas na sistemática da substituição tributária para veículos que saíram da fábrica" (fl. 260); (b) os supostos créditos, "ainda que fossem existentes, seriam ilíquidos e incertos, o que impossibilitaria a compensação pretendida" (fl. 265).

Inadmitido o recurso, subiu por força de agravo de instrumento. É o relatório.

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 834.266 - SC (2006/0066827-6)

VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):

A pretensão recursal não merece acolhida.

A matéria aduzida no recurso especial — incidência do ICMS, "em relação às operações ou prestações subseqüentes" (art. 8º, II, da LC 87/96) — foi expressamente abordada no acórdão recorrido, razão pela qual não há falar em ofensa ao art. 535 do CPC.

No que se refere à alegada afronta ao Decreto-Lei 406/68 e à LC 44/83 e à tese no sentido de que o Decreto Estadual 5.719/90 contraria a LC 87/96, mostram-se deficientes as razões recursais, pois não houve particularização dos artigos que foram supostamente violados, tampouco se demonstrou de que modo lei federal foi mitigada em face de ato de governo local.

Aplica-se, analogicamente, o disposto na Súmula 284 do STF: "É

inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia."

Nesse sentido: REsp 871.215/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 7.11.2006; REsp 854.197/RS, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 26.10.2006; REsp 493.364/RS, 5ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ de 1º.10.2007.

Por outro lado, merece destaque o disposto no art. 8º da LC 87/96:

"Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:

I - em relação às operações ou prestações antecedentes ou concomitantes, o valor da operação ou prestação praticado pelo contribuinte substituído;

II - em relação às operações ou prestações subseqüentes, obtida pelo somatório das parcelas seguintes:

a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto tributário ou pelo substituído intermediário;

b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;

c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou prestações subseqüentes.

§ 1º Na hipótese de responsabilidade tributária em relação às operações ou prestações antecedentes, o imposto devido pelas referidas operações ou prestações será pago pelo responsável, quando:

I - da entrada ou recebimento da mercadoria ou do serviço;

II - da saída subseqüente por ele promovida, ainda que isenta ou não tributada;

III - ocorrer qualquer saída ou evento que impossibilite a ocorrência do fato determinante do pagamento do imposto.

§ 2º Tratando-se de mercadoria ou serviço cujo preço final a consumidor, único ou máximo, seja fixado por órgão público competente, a base de cálculo do imposto, para fins de substituição tributária, é o referido preço por ele estabelecido.

§ 3º Existindo preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou importador, poderá a lei estabelecer como base de cálculo este preço.

§ 4º A margem a que se refere a alínea c do inciso II do caput será estabelecida com base em preços usualmente praticados no mercado considerado, obtidos

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por levantamento, ainda que por amostragem ou através de informações e outros elementos fornecidos por entidades representativas dos respectivos setores, adotando-se a média ponderada dos preços coletados, devendo os critérios para sua fixação ser previstos em lei.

§ 5º O imposto a ser pago por substituição tributária, na hipótese do inciso II do caput , corresponderá à diferença entre o valor resultante da aplicação da alíquota prevista para as operações ou prestações internas do Estado de destino sobre a respectiva base de cálculo e o valor do imposto devido pela operação ou prestação própria do substituto."

Depreende-se dos autos que a recorrente, por meio da presente demanda, objetiva o reconhecimento do direito de não recolher ICMS quando da venda de veículos usados, tendo em vista que, em virtude do regime de substituição tributária, o imposto foi integralmente recolhido pelo fabricante.

Nos termos do art. 2º, I, da LC 87/96, o ICMS incide sobre "operações relativas à circulação de mercadorias". Mercadorias, em apertada síntese, são bens móveis destinados ao comércio.

No regime de substituição tributária, há o recolhimento antecipado do ICMS em relação às operações subseqüentes. O valor do tributo recolhido varia de acordo com as operações que supostamente ocorrem até que o bem seja adquirido pelo consumidor final.

Contudo, dentro dessa sistemática, não há antecipação em relação a possíveis operações ocorridas após a aquisição do bem pelo consumidor final. Assim, se o bem é repassado ao comerciante e reinserido no comércio, na condição de "usado", a sua nova venda, ainda que seja efetuada pelo mesmo comerciante que vendeu o bem na condição de "novo", sujeita-se à incidência do ICMS.

Como bem esclarece Roque Antônio Carrazza, "o ICMS é devido quando ocorrem operações jurídicas que levam as mercadorias da produção para o consumo, com fins lucrativos", de modo que, "alcançado o consumo, o bem deixa de ser mercadoria e o ICMS não mais pode ser cobrado, a menos que se reinicie o ciclo econômico, quando o bem móvel, readquirindo o status de mercadoria, passa a ser vendido agora como sucata, mercadoria usada etc." (ICMS, 10ª ed., São Paulo: Editora Malheiros, 2005, págs. 43/44).

Diante do exposto, deve ser parcialmente conhecido o recurso especial e, nessa parte, desprovido.

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ERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA

Número Registro: 2006/0066827-6 REsp 834266 / SC

Números Origem: 20030261206 20030261206000201 200501278523 23990583921

PAUTA: 24/06/2008 JULGADO: 24/06/2008

Relatora

Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Presidente da Sessão

Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO Secretária

Bela. MARIA DO SOCORRO MELO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : FORAUTO VEÍCULOS LTDA ADVOGADO : RYCHARDE FARAH E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA

PROCURADOR : REGINA HELENA DE ABREU BRASIL E OUTRO(S) ASSUNTO: Tributário - ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Os Srs. Ministros Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Hamilton Carvalhido e Francisco Falcão.

Brasília, 24 de junho de 2008

MARIA DO SOCORRO MELO Secretária

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