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O impacto da desoneração da folha de pagamento nas micro e pequenas empresas brasileiras

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JULIANA MACEDO ANDRADE

O IMPACTO DA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Florianópolis 2015

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JULIANA MACEDO ANDRADE

O IMPACTO DA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientadora: Prof. Tânia Maria Françosi Santhias, Ms.

Florianópolis 2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me proporcionado a vida que tenho hoje, pois com ela consegui chegar até aqui e cumprir mais uma etapa importante da minha vida.

Agradeço também aos meus pais, irmã, cunhado e sobrinha, que sempre estiveram ao meu lado, com pensamentos positivos e conselhos sinceros. Não posso deixar de agradecer, também, ao meu marido Rafael, que durante todo o período acadêmico me deu suporte emocional, ajudando a conduzir da melhor forma meus objetivos pessoais e profissionais. Amo muito todos vocês!

Agradeço, ainda, a minha companheira de duas faculdades, Betina. Nessa parceria dividimos ansiedades, expectativas e também muitos momentos importantes e especiais, tanto na nossa vida acadêmica quanto na pessoal. Bê, valeu muito a pena!!!

Com certeza não posso deixar de agradecer a minha orientadora, Professora Tânia Maria Françosi Santhias, que com sua confiança e orientação, me possibilitou desenvolver uma pesquisa científica muito relevante e atual.

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“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente; antes que a cortina se feche e a peça acabe sem aplausos.” (Charles Chaplin).

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RESUMO

O Estado contemporâneo tem o dever de estabelecer políticas públicas destinadas a concretizar os valores constitucionais inseridos no capítulo destinado ao regime jurídico econômico adotado pela Constituição Federal de 1988. Assim, a presente pesquisa científica, na área do Direito Constitucional, Direito Tributário e Empresarial tem como objetivo o estudo do impacto da desoneração na folha de pagamento nas micro e pequenas empresas brasileiras. Justifica-se a escolha do tema pela relevância e atualidade. Com técnicas bibliográficas e documentais e método de abordagem dedutivo, aborda-se o tratamento tributário diferenciado destinado às micro e pequenas empresa, balizado por justificativas constitucionais. Além disso, apresentam-se os benefícios da simplificação e unificação do Simples Nacional. Ao final, percebe-se que as políticas fiscais, que incidem sobre a folha de pagamento das empresas, influenciam o cenário corporativo, social, bem como o econômico, refletindo no mercado de trabalho e na competitividade das empresas frente ao mercado internacional e a crise econômica interna.

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LISTA DE SIGLAS

CGSN – Comitê Gestor do Simples Nacional

CIDE – Contribuição Interventiva no Domínio Econômico CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CTN – Código Tributário Nacional

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos EPP – Empresa de Pequeno Porte

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Trabalho

GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto sobre Circulação Mercadorias e sobre Prestação de Serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação

IE – Imposto de Exportação II – Imposto de Importação IN – Instrução Normativa

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INPS - Instituto Nacional de Previdência Social

INSS – Instituto Nacional de Seguro Social IOF – Imposto sobre Operações Financeiras IPI – Imposto sobre Produto Industrializado

IPTU – Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana IRPJ – Imposto de renda Pessoa Jurídica

ISS – Imposto sobre Serviço

ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural LC – Lei Complementar

LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social ME – Micro Empresa

MEI – Micro Empreendedor individual MPE – Micro e Pequena Empresa

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MTE – Ministério do Trabalho e Emprego OIT – Organização Internacional do Trabalho

PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIB – Produto Interno Bruto

PIS – Programa de Integração Social

PLR – Participação nos Lucros e Resultados PSS – Plano de Seguridade Social

RAT – Risco Ambiental do Trabalho

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Indústria

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte SESC – Serviço Social do Comércio

SEST – Serviço Social do Transporte SESI – Serviço Social da Indústria

SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social ST – Substituição Tributária

TCFA – Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental TPA – Taxa de Preservação Ambiental

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO RECONHECIDO E JUSTIFICATIVA ECONOMICA ... 14

2.1 A ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA ... 14

2.2 A ECONOMIA BRASILEIRA ... 16

2.2.1 Impostos ... 17

2.2.1.1 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ... 17

2.2.1.2 Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ... 19

2.2.1.3 Imposto sobre Importação (II) e Imposto sobre Exportação (IE) ... 20

2.2.1.4 Imposto sobre Propriedade Urbana (IPTU) ... 21

2.2.2 Taxas ... 22

2.2.3 Contribuições Especiais ... 23

2.3 ESTRUTURAS DA ECONOMIA ... 24

2.4 O NOVO ESTATUTO DA MICROEMPRESA E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE ... 26

2.5 COMITÊ GETOR TRIBUTÁRIO ... 29

2.6 O SUPER SIMPLES ... 30

3 REGIME JURÍDICO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS . 32 3.1 DEFINIÇÃO DE MICRO E PEQUENA EMPRESA ... 32

3.2 TRATAMENTO FISCAL DIFERENCIADO E OS OBJETIVOS CONSTITUCIONAIS ... 33

3.3. SISTEMA SIMPLES DE PAGAMENTO DE TRIBUTOS E SEUS BENEFÍCIOS 35 3.4 SIMPLES NACIONAL COMO SUBSISTEMA TRIBUTÁRIO ESPECIAL ... 37

4 O IMPACTO DA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS ... 39

4.1 BREVE HISTÓRICO DO DIREITO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIO ... 39

4.2 EMPREGADO, EMPREGADOR E REMUNERAÇÃO ... 42

4.3 ENCARGOS FISCAIS DA FOLHA DE PAGAMENTO ... 44

4.3.1 Encargos Sociais ... 44

4.3.1.1 Seguridade e previdência Social ... 45

4.3.1.2 FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ... 48

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4.3.1.4 Salário Educação ... 49 4.3.1.5 Sistema S ... 50

4.3.2 Encargos Trabalhistas ... 51

4.4 PERCENTUAL DE ENCARGOS SOBRE OS SALÁRIOS SEGUNDO JOSÉ

PASTORE ... 54

4.5 PERCENTUAL DE ENCARGOS SOBRE OS SALÁRIOS SEGUNDO O DIEESE

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4.6 REFLEXOS DA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO ... 59

5 CONCLUSÃO ... 63 REFERÊNCIAS ... 65

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1 INTRODUÇÃO

Diante de um cenário globalizado as empresas brasileiras vêm buscando novos modelos empresariais, com foco em operações estratégicas, visando o aumento da competitividade, a redução dos custos com a folha de pagamento, ao mesmo tempo em que, buscam garantir sua sobrevivência. Nessa convergência de interesses, tem-se o Estado criando ferramentas para aumentar a geração de emprego e renda, com objetivo de aquecer a economia.

Diante disso, a pesquisadora, motiva-se a estudar os reflexos que os encargos fiscais constituem sobre a folha de pagamento nas Micro e Pequenas Empresas (MPE) brasileiras, uma vez que é formada em administração de empresas. Além disso, trata-se de um tema muito relevante na economia brasileira, visto que, atualmente, a sociedade e o Estado debatem formas de reduzir o desemprego, e aumentar a competitividade das empresas frente ao mercado internacional e a crise econômica interna.

Assim, a presente pesquisa científica tem como objetivo geral demonstrar os principais aspectos do regime de tributação diferenciado do Simples Nacional e os impactos da desoneração na folha de pagamento das Micro e Pequenas empresas brasileiras.

Para o desenvolvimento da pesquisa utiliza-se o método de pesquisa dedutivo, tendo como base técnica, pesquisa bibliográfica, com investigação em obras de direito constitucional, empresarial e tributário.

Como objetivos específicos o estudo busca descrever os valores da livre iniciativa e, da valorização do trabalho inseridos na Constituição Federal de 1988, bem como apresentar a legislação existente, com vistas a concretizar os ditames constitucionais relativos às MPEs.

Com isso, a presente pesquisa é dividida em cinco capítulos, sendo o primeiro capítulo formado pela introdução. No segundo capítulo apresenta-se o tratamento tributário reconhecido e a justificativa econômica. Esse capítulo aborda a ordem econômica na constituição brasileira, bem como as formas tributárias de domínio econômico e os setores da economia. Além disso, expõe o novo Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, as competências e responsabilidades do Comitê Gestor Tributário e as características do Super Simples.

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No terceiro capítulo, apresenta-se o regime jurídico nas MPEs brasileiras, definindo as características de enquadramento das empresas nesse regime e o tratamento diferenciado oferecido a elas, a partir de premissas constitucionais. Além disso, expõem-se os benefícios da unificação e simplificação do Simples Nacional, bem como o analisa tal qual um subsistema tributário especial.

Já no quarto capítulo, apresentam-se os reflexos da desoneração da folha de pagamento nas MPE, retomando um breve histórico do direito trabalhista e previdenciário, passando pela conceituação de empregado, empregador e remuneração. No mais, abordam-se, com base em duas vertentes renomadas, os encargos incidentes na folha de pagamento, bem como o impacto desses encargos no mercado de trabalho e na economia.

Ao final, apresenta-se a conclusão da análise do impacto da desoneração na folha de pagamento com os principais resultados alcançados na pesquisa.

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2 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO RECONHECIDO E JUSTIFICATIVA ECONOMICA

O Estado, na busca pelo aumento da competitividade e garantia da sobrevivência das micro e pequenas empresas (MPE), vem simplificando o tratamento a elas, de modo a estabelecer regimes tributários especiais no âmbito da legislação federal, estadual e municipal. O objetivo é redução ou isenção de impostos, bem como a simplificação dos controles burocráticos.

Para melhor entendimento desse tratamento diferenciado, apresentam-se as justificativas econômicas com base na ordem econômica estabelecida pela Constituição Federal, as características da economia brasileira – identificando a possibilidade da intervenção do estado no domínio econômico. Além de apresentar a distribuição dos setores da economia brasileira para, então, relacionar algumas formas de tratamento diferenciado as MPE, com base na Lei Geral.

2.1 A ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

As Constituições de 1934 até 1967 faz referência a uma "ordem econômica e social" e na Constituição de 1988 faz alusão a duas ordens, uma "econômica" e outra "social", refletindo, muito nitidamente, a afetação ideológica da expressão. Dessa forma a Constituição de 1988 vem adotando um modelo liberal, no qual suprimiu o caráter intervencionista, vigente até então, aderindo o sistema capitalista descentralizado com base na economia de mercado. (BRASIL, 1934, 1967, 1988).

No entanto, a carta magna permite que o Estado intervenha para que os agentes que atuam no mercado cumpram os elementos sócio-ideológicos expressos na Constituição Federal, apresentados especialmente em forma de princípios e diretrizes. (BRASIL, 1988).

Para Eros Roberto Grau:

a ordem econômica ainda que se oponha a ordem jurídica, é usada para referir-se uma parcela da ordem jurídica, que compõe um sistema de princípios e regras, compreendendo uma ordem pública, uma ordem privada, uma ordem econômica e uma ordem social. (GRAU, 2004, p. 51).

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No Brasil, a ordem econômica é disciplinada por um conjunto de princípios expressos no art. 170 da Constituição Federal de 1988, que dispõe:

a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente; VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas, sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (BRASIL, 1988).

O parágrafo único desse artigo dispõe ainda: “É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”. (BRASIL, 1988).

Dessa forma, a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa privada são os fundamentos que norteiam a Ordem Econômica Constitucional Brasileira, de modo a assegurar a todos existência digna, balizados na justiça social.

Para o Ministro Eros Grau, em decisão de Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, essa situação, no entanto:

não legitima que o Estado só intervirá na economia em momentos excepcionais, uma vez que a Constituição enuncia diretrizes, programas e fins a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. (BRASIL, 2006c).

Nesse contexto, percebe-se que toda forma de arrecadação fiscal tem um reflexo econômico e social, uma vez que o tributo assume três funções principais: a fiscal, a extrafiscal e a parafiscal.

Na sua função fiscal, o tributo consiste em suprir o Estado com os recursos necessários a seu funcionamento, trazendo o dinheiro do contribuinte para os cofres públicos. Já na função extrafiscal assume o objetivo da interferência no domínio econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros. E assume a função parafiscal quando o seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas. (MACHADO, 2004).

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no mundo moderno [...] o tributo é largamente utilizado com o objetivo de interferir na economia privada, estimulando atividades, setores econômicos ou regiões, desestimulando o consumo de certos bens e produzindo, finalmente, os efeitos mais diversos na economia.

Nesse sentido, a própria Constituição Federal de 1988 reconheceu a importância estratégica desse segmento da economia e acolheu o tratamento diferenciado, em todos os níveis governamentais, às MPEs, conforme expõe o artigo 179 da carta magna (BRASIL, 1988):

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Assim, o tributo como forma de arrecadação ou de interferência do domínio econômico tem forte reflexo na economia brasileira, conforme abordado no capítulo a seguir.

2.2 A ECONOMIA BRASILEIRA

De acordo com as ideias de Keynes (2012), as economias modernas enfrentam dois grandes problemas: a concentração excessiva de renda e riqueza e a incapacidade dessas economias de manter o pleno emprego, mesmo quando o alcançam eventualmente. No primeiro caso, os remédios de Keynes são relativamente simples: taxar progressivamente as rendas mais elevadas e gastar na provisão de bens públicos. E para o equilíbrio do pleno emprego a saída preconizada pela doutrina keynesiana se dá através da ação do Estado.

Para Keynes (2012), o problema do sistema econômico está na insuficiência de demanda efetiva, ou seja, a renda agregada (ou produto) que os empresários esperam receber por meio do volume de emprego que resolvem conceber. Esta insuficiência inibiria o processo de produção e o nível real do emprego. Dessa forma, Keynes estabelece uma relação entre o fluxo dos investimentos e os volumes agregados de emprego e renda, a qual relação ele denomina multiplicador.

[...] No entanto, é para o princípio geral do multiplicador que temos de nos voltar a fim de procurar a explicação para o fato de as flutuações do

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montante do investimento, que são uma fração comparativamente reduzida do rendimento nacional, poderem gerar alterações do emprego e do rendimento agregado de amplitude muito maior do que elas. (KEYNES, 2012).

Na doutrina brasileira, o que se verifica é o expresso reconhecimento, quase como um reflexo das doutrinas estrangeiras e da finalidade extrafiscal do tributo. Nesse sentido, Baleeiro (2000, p. 30-31), reconhecendo a extrafiscalidade, chegou a afirmar que “a Política Fiscal Anticíclica, influenciada por Keynes, nada mais era do que uma nova terminologia para indicar a aplicação da extrafiscalidade a objetivos específicos naqueles tempos”.

A Constituição Federal de 1988 em seu art. 146, inciso III, alínea a ressalta que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, a definição de tributos e de suas espécies, bem como os respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (BRASIL, 1988). Assim, o Código Tributário Nacional (CTN) trás em seu art. 3º que tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. (BRASIL, 1966b).

Dessa forma, o sistema tributário brasileiro possui espécies tributárias passíveis de serem criadas com a função extrafiscal e parafiscal, dependendo do objetivo econômico e social. São elas: os impostos, as taxas e as contribuições especiais. O ajuste das políticas fiscais, no Brasil, consiste na intervenção do Estado de forma a estimular determinados setores da indústria, controlar a balança comercial, bem com regular o uso do território brasileiro.

2.2.1 Impostos

Os impostos mais relevantes no cenário de extrafiscalidade são o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre as Operações Financeiras (IOF), o Imposto de Importação (II) e o de Exportação (IE) e o Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU).

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A Constituição, em seu art. 153, IV, estabelece que o IPI é de competência da União e foi instituído pelo Decreto nº. 4.544/02 e revogado pelo Decreto nº. 7.212/10. Esse imposto tem suas alíquotas estabelecidas de acordo com a variação dos produtos, conforme descrição na tabela de TIPI. O número de produtos sob os quais incide o IPI é grande porque a definição de industrializados é muito abrangente, conforme disposto no art. 4º do Decreto já referido (BRASIL, 1988, 2002, 2010):

Art. 4º: Industrialização é qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para o consumo, tal como: I – transformação; II – beneficiamento; III – montagem; IV – acondicionamento ou reacondicionamento (embalar ou dar nova embalagem);V – renovação ou recondicionamento (restauração do produto).

Diante disso, o IPI consiste em um potencial instrumento de intervenção em diversos setores do país, podendo ser usado, por exemplo, para estimular o crescimento da indústria nacional, uma vez que basta o governo aumentar as alíquotas que incidem sobre os produtos importados, causando uma elevação nos preços para fomentar a venda de produtos nacionais. Um exemplo muito recente da utilização do caráter extrafiscal desse imposto foi a criação do Decreto n.º 7.819/12, que instituiu o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (INOVAR-AUTO) e que dispõe sobre redução do IPI, como incentivo tributário as empresas que estiverem cumprindo com as regras estipuladas. Esse Programa vai até 2017 e foi responsável pela redução de até 30% do IPI pago em 2011. Essas alterações, além de engordar o tesouro nacional, contribuíram para o crescimento da indústria automobilística nacional, e para o crescimento da inovação e tecnologia, visando o equilíbrio energético e ambiental nesse segmento. (BRASIL, 2012).

Segundo Berti (2009), a utilização do IPI pode ser estimulado pelo fisco com o intuito de:

a) reduzir a tributação sobre as exportações (há imunidade do IPI para vendas ao exterior, conforme previsto no texto do art. 153 da CF/88);

b) estabelecer subsídios financeiros para empresas exportadoras; c) disponibilizar linhas especiais de financiamento para a exportação;

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d) através do uso de outros benefícios fiscais para os exportadores, por exemplo, créditos presumidos para o IPI sobre a parcela de bens não exportados e vendidos no país ou mesmo para serem usados na compensação de outros tributos federais no caso de a indústria exportar praticamente toda sua produção.

2.2.1.2 Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

Assim como o IPI, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pode ser utilizado igualmente para fins extrafiscais. Atualmente, o IOF está regulamentado pelo Decreto nº 6.306/07, que sofreu sua última alteração pelo Decreto nº. 7.011/09 (BRASIL, 2007b, 2009). Sendo também de competência exclusiva da União, o IOF está previsto nos artigos 153, inciso V, da Constituição Federal, e 63 do CTN. O Dec. nº 6.306/07 traz os fatos geradores do IOF (BRASIL, 1966b, 1988, 2007b):

Art. 2º O IOF incide sobre:

I - operações de crédito realizadas: a) por instituições financeiras

b) por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)

c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física II - operações de câmbio;

III - operações de seguro realizadas por seguradoras; IV - operações relativas a títulos ou valores mobiliários;

V - operações com ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial.

O IOF constitui-se de cinco impostos diferentes, cada um com hipóteses de incidência e regras deferentes. Além disso, as alíquotas, os contribuintes, as bases de cálculo e os responsáveis tributários, mudam de acordo com cada tipo de imposto. A classificação, por hipótese de incidência, de cada tipo de imposto do IOF encontra-se no art. 4º, inciso I, do CTN e é estabelecida da seguinte forma:

(a)Imposto sobre operações de crédito; (b) Imposto sobre operações de câmbio; (c) Imposto sobre operações de Seguro; (d) Imposto sobre Operações Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários; e (e) Imposto sobre Operações com ouro quando definido em lei como Ativo Financeiro. (BRASIL, 1966b).

A amplitude de incidência dos impostos são ajustadas conforme os diferentes problemas de mercado. Assim, há uma flexibilidade referente ao princípio

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da legalidade na medida em que o Poder Executivo pode alterar para mais ou para menos as alíquotas do imposto, desde que não se reduzam aquém do limite legal mínimo nem superem o limite máximo previsto na legislação de regência. (BERTI, 2009).

Para Machado (2004), a função mais relevante do IOF é ser instrumento de manipulação da política financeira mais do que um simples meio de obtenção de receitas, mesmo que o montante da arrecadação desse imposto assuma montantes relevantes.

Nesse panorama, exemplifica-se o uso extrafiscal do IOF no caso em que o governo, tentando evitar o aumento da procura por moeda estrangeira e consequente desvalorização da moeda nacional, eleva as alíquotas do imposto que incide sobre as operações de câmbio. Com a alta no preço, a procura por moeda estrangeira, teoricamente, é reduzida, o que tende a estabilizar o mercado cambial.

2.2.1.3 Imposto sobre Importação (II) e Imposto sobre Exportação (IE)

Dentre os impostos que têm consequência direta na economia do país, tem-se, ainda, os impostos sobre importação e exportação (II e IE, respectivamente), que são de competência exclusiva da União, visto que se trata de impostos que implicam na relação do país com o exterior e a Federação deve ser projetada como um todo e não como um ente fracionado. O Imposto de Importação está previsto no artigo 153, inciso I da Constituição Federal e o Imposto de Exportação no artigo 153, inciso II, do mesmo Diploma. (BRASIL, 1988).

De acordo com o artigo 1º, do Decreto-lei nº 37/66, o fato gerador do imposto de importação é “a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional” e suas alíquotas podem ser específicas ou ad valorem. (BRASIL, 1966a). A primeira é expressa através de uma quantia determinada, que varia de acordo com a unidade de quantificação do bem importado; a segunda é indicada em uma porcentagem que é calculada sobre o valor do bem. A base de cálculo do imposto de importação e os contribuintes estão definidos pelo CTN nos artigos 20 e 22. (BRASIL, 1966b).

Já o imposto de exportação, tem como fato gerador “a saída do território nacional, para o estrangeiro, de produto nacional ou nacionalizado” e as alíquotas podem ser especificas ou ad valorem, nos mesmos moldes do II, conforme artigo 23 do CTN e artigo 1º do Decreto-lei nº 1.578/77. O contribuinte, nesse caso, é o

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exportador ou quem a ele a lei equiparar e sua base de cálculo está definida no artigo 24 do CTN. (BRASIL, 1966b, 1977).

Para Machado (2004), o imposto de importação se mostra um instrumento valioso de política econômica, visto que sem ele os produtos industrializados no Brasil não teriam condições de competir no mercado com produtos similares produzidos em países onde o custo industrial é reduzido devido ao processo de racionalização da produção, ao desenvolvimento tecnológico e a políticas de subsídio de exportação.

Com isso, tanto o II como o IE são nitidamente dotados de função extrafiscal, considerando que incidem sobre a entrada e saída de produtos de qualquer espécie no país. Nesse contexto, uma das formas que o Estado teria para estabelecer uma vantagem às indústrias nacionais, tornando-as mais competitivas, seria, por exemplo, aumentar a alíquota do II, que consequentemente, aumentaria os preços dos produtos importados.

2.2.1.4 Imposto sobre Propriedade Urbana (IPTU)

Já no âmbito de competência dos Municípios, tem-se o Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) como um instrumento extrafiscal, uma vez que ele está diretamente ligado a um dos princípios constitucionais mais importantes: a função social da propriedade. Assim, o artigo 32 do CTN define o fato gerador deste imposto como sendo “a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município”. E o art. 33 do CTN define que a base de cálculo é o valor venal do bem imóvel e as alíquotas são fixadas em lei específica por cada Município. (BRASIL, 1966b).

Dessa forma, a extrafiscalidade do IPTU ocorre quando legislador utiliza-se do aumento progressivo da bautiliza-se de calculo desutiliza-se tributo como instrumento de política urbana municipal para aplicar as diretrizes do plano diretor das cidades, conforme disposto no art. 182, § 4º da Constituição Federal:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. [...]

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§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. (BRASIL, 1988).

Desse modo, ao criar esse tributo, o legislador preocupou-se em formar mecanismos para assegurar que a propriedade seja utilizada de maneira correta, cumprindo sua função social. Essas medidas visam impedir que a propriedade urbana seja abandonada, ou que esta interfira de maneira negativa nas propriedades vizinhas.

2.2.2 Taxas

Apesar de terem sua receita plenamente vinculada à atividade que ensejou sua criação, as taxas também experimentam o caráter extrafiscal dos impostos. É o que ocorre, por exemplo, com a Taxa de Preservação Ambiental (TPA) - instituída em pela lei nº 10.430/89 e modificada pela Lei nº 11305/95 – que é cobrada desde 1989 pelo Distrito estadual de Fernando de Noronha e visa assegurar as condições ambientais e ecológicas e incide sobre o trânsito e permanência de pessoas na área de jurisdição do Distrito Estadual (MONTE, 2011).

Há também e a Taxa de Controle de Fiscalização Ambiental (TCFA) - instituída pela Lei nº 10.165/00 – que atribui ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), o controle e fiscalização das atividades poluidoras e utilizadora de recursos naturais. (BRASIL, 2000).

Percebe-se, então, que as taxas podem cumprir o papel extrafiscal relativo ao controle do meio ambiente - na busca por um crescimento socioambiental sustentável - por exemplo, no aumento de um tributo em atividades que prejudicam o ambiente social ou natural, visando reduzir o impacto causado. Esse caráter extrafiscal está relacionado ao texto constitucional, no art. 225 da Constituição Federal:

O art. 225 da Constituição Federal exige que sejam assegurados a todos os cidadãos brasileiros um meio ambiente ecologicamente equilibrado e uma

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sadia qualidade de vida da população, mantendo sempre esse equilíbrio e preservando-o para nossas gerações futuras. (BRASIL, 1988).

2.2.3 Contribuições Especiais

As contribuições especiais também apresentam função de extrafiscalidade. O caso mais relevante e conhecido dentro das contribuições sociais aparece nas Contribuições Interventivas no Domínio Econômico (CIDE).

Assim, CIDE dos Combustíveis é um exemplo claro dessa intervenção, que foi instituída pela Lei nº 10.336/01, e que de acordo com o art. 1º da legislação referida, “incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível”. (BRASIL, 2001a).

De acordo com o Ministério dos Transportes o objetivo de criação da CIDE foi gerar um fluxo constante de recursos para financiar os investimentos necessários no setor de transportes, onde os recursos para as obras de construção e manutenção da infraestrutura de transportes sejam financiados por quem realmente utiliza essa infraestrutura, ou seja, pelos próprios usuários dos meios de locomoção. (BRASIL, 2015f).

Logo, percebe-se que o Estado intervém na economia explorando diretamente a ordem econômica – conforme se depreende do art. 173 da Constituição Federal – ou como agente normativo e regulador, exercendo, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento (art. 174 da Constituição Federal). É nessa segunda hipótese que se encontra a situação ensejadora da instituição de contribuição de intervenção no domínio econômico. (BRASIL, 1988).

Diante do exposto acima, é possível constatar que o Estado assumiu um controle do domínio econômico, visto que estabelece um tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas, a partir do Simples Nacional - instituído pela Lei 9.317/96 - com o objetivo de simplificar o recolhimento dos tributos e contribuições podendo abranger os tributos devidos pelos Estados e Municípios, além dos tributos federais, aonde posteriormente veio a ser substituído pela a Lei Complementar nº 123/06, e agora com maior abrangência através da Lei Complementar 147/14 (BRASIL, 1996a, 2006b, 2014b).

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Portanto, essa postura ajuda a promover o desenvolvimento das empresas enquadradas, uma vez que aumenta a geração de emprego e simplifica o recolhimento dos tributos, à medida que reduz o encargo previdenciário e tributário.

2.3 ESTRUTURAS DA ECONOMIA

A distribuição dos setores da economia, o trabalho e suas divisões são representadas pela estrutura econômica do país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2015), a População Economicamente Ativa (PEA) compreende o potencial de mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada. No entendimento do mesmo instituto a população ocupada são aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho, mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias). E a População Desocupada são aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva.

Ainda de acordo com o IBGE (2015), a População Economicamente Inativa (PEI), refere-se às pessoas que não trabalham e que não estão procurando, ou seja, os não classificadas como ocupados ou desocupados. No Brasil, o IBGE também é responsável pela divisão das atividades econômicas, sendo a Comissão Nacional das Nações de Classificação (CONCLA) quem realiza a classificação que é denominada de Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE). (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).

Assim, o quadro 1 apresenta a divisão CNAE 2.0 desagregada em 21 atividades. As atividades das seções A e B pertencem ao setor primário. O setor secundário engloba as atividades das seções C D, E e F. O restante (resíduo) pertence ao setor terciário.

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Quadro 1 - Classificação Nacional das Atividades Econômicas

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007.

Assim, podem optar pelo regime do Super Simples praticamente todos os três setores da economia e sua adesão vai depender do CNAE e da faixa de faturamento da empresa, salvo vedação disposto no art. 17 Lei Complementar 123/06 (BRASIL, 2006b). Para microempresa, a receita bruta deve ser igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), no ano-calendário e para as empresas de pequeno porte a receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais), também no ano-calendário, conforme redação dada pela Lei Complementar nº 139/11, art. 7 (BRASIL, 2011b).

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2.4 O NOVO ESTATUTO DA MICROEMPRESA E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

Junto a regulamentação legal, o Estado desenvolveu programas de apoio operacional às MPEs, como, por exemplo, a criação, em 1990, do SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, uma instituição técnica de apoio ao desenvolvimento da atividade empresarial de pequeno porte, voltada para o fomento e difusão de programas e projetos que visam à promoção e ao fortalecimento das micro e pequenas empresas.

Conforme artigo do SEBRAE (2015b), a participação dos pequenos negócios no PIB brasileiro era de 21% em 1985 e em 2001, houve um aumento de 23,2% e o percentual passou para 27%, conforme Pesquisa feita pelo IBGE. Ainda, segundo dados do estudo do SEBRAE (2014b), às micro e pequenas empresas são as principais geradoras de riqueza no comércio brasileiro, chegando a corresponder a 53,4% do PIB deste setor. Na indústria, a participação é de 22.5%, muito próximo das médias empresas, que possuem 24,5% do PIB. Já no setor de serviços, mais de um terço da produção nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios.

Diante disso, apresenta-se a Lei Geral, que foi instituída pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (LC 123/06) – e que estabelece o novo Estatuto Nacional das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, as funções e competências do Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), bem como apresenta a forma de tributação simplificada, o Super Simples. (BRASIL, 2006b).

Para um melhor entendimento do Novo Estatuto da Micro Empresa e Empresa de Pequeno Porte faz-se necessário um levantamento histórico dos atos legislativos que influenciaram a evolução da Lei Geral, desde sua instituição com a Lei 7.256/84 - com o estatuto da Microempresa - até a universalização do Simples Nacional pela LC 147/14. (BRASIL, 1984, 2014b).

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Quadro 2 - Histórico da lei Geral

Ano Item de influência na Lei Geral

1984 Lei 7.256/1984 – Estatuto da

Microempresa

1988 Constituição prevê o tratamento

diferenciado para as MPE

1996 Lei 9.317/1996 – Simples Federal

1999 Lei 9.841/1999 – Estatuto Federal da

MPE. Revogação da Lei 7.256/1984

2003 PEC 42/2003 – Definição do

tratamento diferenciado para MPE através de Lei Complementar (LC)

2006 LC Federal 123/2006 – Estatuto

Nacional da MPE. Criação do Simples Nacional

2007 LC Federal 127/2007 – Inclusão de

novas categorias de atividades no Simples Nacional

2008 LC federal 128/2008 – Criação do

Microempreendedor Individual do Agente de Desenvolvimento

2009 LC Federal 133/2009 – Inclusão do

Setor cultural no Simples Nacional

2011 LC Federal 1239/2011 – Correção

dos tetos do Simples Nacional; parcelamento de débitos; estímulo às

exportações das MPE

2014 LC Federal 147/2014 –

Universalização do Simples Nacional; blindagem do Microempreendedor individual; regramento da substituição

tributária

Fonte: HISTÓRICO..., 2015.

Assim, o Novo Estatuto da MPE compôs normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP) no âmbito dos poderes da União, dos estados,

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do Distrito Federal e dos municípios, nos termos dos artigos 146, 170 e 179 da Constituição Federal. (BRASIL, 1988, 2006b).

Nos anos seguintes à sua promulgação, a Lei Geral recebeu alguns ajustes importantes por meio das Leis Complementares nº127/07 e nº128/08, que indicam a possibilidade de criação de um Sistema Nacional de Garantia de Crédito, que por sua vez, passou a ser parte integrante do Sistema Financeiro Nacional. (HISTÖRICO..., 2015).

Conforme Cartilha da Lei Geral redigida pelo SEBRAE (2007), os principais benefícios previstos na Lei Geral são:

a) regime unificado de apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, inclusive com simplificação das obrigações fiscais acessórias;

b) desoneração tributária das receitas de exportação e substituição tributária;

c) dispensa do cumprimento de certas obrigações trabalhistas e previdenciárias;

d) simplificação do processo de abertura, alteração e encerramento das MPEs;

e) facilitação do acesso ao crédito e ao mercado; f) preferência nas compras públicas;

g) estímulo à inovação tecnológica;

h) incentivo ao associativismo na formação de consórcios para fomentação de negócios;

i) incentivo à formação de consórcios para acesso a serviços de segurança e medicina do trabalho;

j) regulamentação da figura do pequeno empresário, criando condições para sua formalização;

l) parcelamento de dívidas tributárias para adesão ao Simples Nacional.

Conforme informações do Sistema de Implementação da lei Geral até fevereiro de 2014, 1.678 municípios tinham a Lei Geral implementada, representando 30,1% dos municípios brasileiros. Em Santa Catarina esse percentual abrange 100% dos municípios. (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2015a).

Com isso, percebe-se que o Novo Estatuto da ME e EPP dá base para um tratamento tributário diferenciado às micro e pequenas empresas, visando torná-las empresas mais competitivas no cenário nacional por meio da desoneração tributária, de estímulos ao crescimento - pela tecnologia, inovação e linhas de crédito - e da redução das barreiras para abertura das MPEs.

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2.5 COMITÊ GETOR TRIBUTÁRIO

Para propor, acompanhar e gerir os benefícios dispensados às MPEs foram criados dois órgãos que terão atuação fundamental na implantação e na plena consecução da Lei Geral. De acordo com a cartilha da Lei Geral, desenvolvida pelo SEBRAE (2007), a constituição e as atribuições desses órgãos são:

a) Comitê Gestor de Tributação: vinculado ao Ministério da Fazenda, é composto por quatro representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União; dois representantes dos Estados e dois representantes dos Municípios. As atribuições desse comitê referem-se aos aspectos tributários do Simples Nacional, especialmente da regulamentação de pontos imprescindíveis para boa aplicação do Simples Nacional; e o

b) Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte: presidido e coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, contará com a participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor. Atribuições: Tratar dos demais aspectos da lei, devendo, para tanto, orientar e assessorar a formulação e coordenação da política nacional de desenvolvimento das MPEs, bem como acompanhar e avaliar a sua implantação.

De acordo com Decreto no 6.038/07, em seu art. 4º, alterado pelo Decreto 8.217/14, compete ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), tratar dos aspectos tributários da Lei 123/2006, especialmente (BRASIL, 2006b, 2007a, 2014a):

I- apreciar e deliberar acerca da necessidade de revisão dos valores expressos em moeda na LC nº 123/96;

II- elaborar e aprovar seu regimento interno, no prazo máximo de trinta dias após sua instalação;

III- regulamentar a opção, exclusão, vedações, tributação, fiscalização, arrecadação e distribuição de recursos, cobrança, dívida ativa, recolhimento, rede arrecadadora, fatores modificadores da base de cálculo, tributação por valores fixos, isenções e reduções, abrangência, restituição, compensação, consultas de tributos de competência estadual e municipal, processos administrativos e judiciais, regimes de apuração de receita, cálculo, declarações e outras obrigações acessórias, parcelamento e demais matérias relativas ao Simples Nacional, incluído o Microempreendedor Individual; e

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Além disso, a LC 123/06 em seu art. 22, estabelece que o CGSN é responsável por definir o sistema de repasses do total dos tributos arrecadados, inclusive encargos legais para os Municípios - no que tange o calor correspondente ao Imposto sobre Serviço (ISS) -, aos Estados e ao Distrito Federal, do valor do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e ao Instituto Nacional do Seguro Social, do valor correspondente à Contribuição para a manutenção da Seguridade Social. (BRASIL, 2006b).

2.6 O SUPER SIMPLES

O Simples Nacional foi instituído em 2006 pela Lei Complementar 123 de 2006 e é uma forma simplificada e englobada de recolhimento de tributos e contribuições, tendo como base de apuração a receita bruta. O recolhimento unificado pelo Simples substitui os seguintes tributos e contribuições: IRPJ, CSLL, PIS/PASEP, COFINS, IPI, RAT e INSS terceiros. Porém, o pagamento do imposto unificado não exclui a incidência de IOF, II, IE, ITR e FGTS. (BRASIL, 2006b).

A opção por tal forma de tributação até 2014 era restrita a empresas que atuavam em algumas atividades específicas. Em 2014 a Presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei Complementar 147/14 que altera LC 123/06. Dessa forma, o critério para poder optar pelo Super Simples passa a ser o faturamento das empresas em vez da atividade exercida. As alíquotas de recolhimento também têm como base o faturamento e atualmente estão estipuladas em seis tabelas da LC 147/14. (BRASIL, 2014b).

Assim, conforme informações do Ministério da Fazenda, a LC 147/14 permitiu a inclusão de mais 140 novas atividades, como médicos, advogados, engenheiros e representação comercial. Isso possibilita que mais profissionais saiam da informalidade e que a abertura de novas micro e pequenas empresas seja facilitada pela eliminação da burocracia com a adoção de um cadastro único por CNPJ. (BRASIL, 2014c).

Segundo, Bruno Quick, gerente de Políticas Públicas do Sebrae, a inclusão de novas atividades vai possibilitar aos novos microempresários a empregar mais pessoas com carteira assinada:

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são 52% dos postos de carteiras assinadas. E, na última década, a gente está falando de modelo econômico, 85% de toda expansão da quantidade dos postos de trabalho no Brasil vieram das micro e pequenas empresas. Sendo que, nos 3 anos mais críticos da economia – 2009, 2012 e 2013 –, nós tivemos todo o saldo positivo da geração de empregos, a expansão do emprego, vindo de micro e pequena empresa. (QUICK, 2014).

Outra alteração trazida pela LC 147/14, foi a concessão de um limite extra para a Empresa de Pequeno Porte (EPP) para exportação de serviços, visto que, a partir de 2015, a empresa poderá auferir receita bruta anual de até R$ 7,2 milhões, sendo R$ 3,6 milhões no mercado interno e R$ 3,6 milhões em exportação de mercadorias e serviços. (BRASIL, 2014b).

Além disso, a LC 147/14 possibilita a baixa das empresas, tratando as pendências ou débitos tributários como responsabilidade solidária dos sócios, empresários. (BRASIL, 2014b). Para Guilherme Afif Domingos (2014), ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República “o ato de fechamento de empresa é o ato unilateral da pessoa: quero fechar. A nossa obrigação é dar baixa. Se ela está devendo algum imposto, responde como pessoa física-sócio; mas não precisa ter a empresa aberta”.

Outra modificação importante foi a contratação do Micro Empreendedor Individual (MEI) por empresas para prestar serviços, salvo serviços de hidráulica, eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção ou reparo de veículos, de modo que extinguiu-se a obrigação de registro na GFIP e recolhimento da cota patronal de 20% (o art. 12 da LC 147/2014 revogou retroativamente essa obrigatoriedade), conforme Resolução CGSN nº 115/14. (BRASIL, 2014d).

Diante disso, o Super Simples torna-se fundamental para o crescimento e desenvolvimento das MPEs, uma vez que o tratamento diferenciado traz maior competitividade a empresas desse porte a partir da simplificação e da redução tributária. Assim, apresenta-se no capítulo a seguir, o regime jurídico aplicado à MPE.

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3 REGIME JURÍDICO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Este capítulo descreve o regime jurídico nas micro e pequenas empresas brasileiras, definindo as características para uma organização se enquadrar como micro ou pequena empresa, bem como identifica o objetivo do tratamento fiscal diferenciado às MPEs.

Além disso, aborda o impacto financeiro e operacional da simplificação e unificação tributário oferecido, bem como apresenta o Simples Nacional como um subsistema tributário especial, beneficiando às MPEs, conforme seu faturamento, e estimulando a geração de emprego e renda.

3.1 DEFINIÇÃO DE MICRO E PEQUENA EMPRESA

Não há um critério único para definir microempresas e empresas de pequeno porte. Existem alguns conceitos que podem ser utilizados para a classificação dessas empresas nas categorias micro, pequena, média e grande. Porém, tais critérios não devem ser considerados em absoluto. Dependendo do contexto, precisam ser adaptados para que possam cumprir com o objetivo da política pública.

Na legislação nacional, às Micro e Pequenas Empresas são definidas conforme o faturamento (artigo 3º da LC nº 123/06). Assim, Microempresa é toda a sociedade empresária, sociedade simples, empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário individual que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). Empresa de Pequeno Porte é aquela que, em cada ano-calendário, tenha receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). (BRASIL, 2006b).

A LC 123/06 no art. 3º, §4, alterado pela LC 147/14, aumentou o limite extra para exportação de mercadorias no valor de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Dessa forma, o Empresário de Pequeno Porte pode auferir receita bruta até R$ 7.200.000,00 (sete milhões e duzentos mil reais), desde que não extrapole, no mercado interno ou em exportação de mercadorias, o limite de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). (BRASIL, 2006b, 2014b).

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Além das duas classificações empresarias mais conhecidas, a Lei Complementar nº 128, de 19 de dezembro de 2008 (LC 128/08), modificou a Lei Geral para criar a figura do Microempreendedor Individual (MEI). O MEI é um microempresário que fatura, no máximo, até R$ 60.000,00 por ano. Ele não pode ser sócio ou titular de outra empresa. Atualmente, o MEI pode ter apenas um único empregado contratado e ele deve receber não mais que um salário mínimo, ou o piso da sua categoria profissional. (BRASIL, 2008).

3.2 TRATAMENTO FISCAL DIFERENCIADO E OS OBJETIVOS

CONSTITUCIONAIS

A forma simplificada de pagamento e a diferença de valores tem o objetivo de dar efeito a função social da empresa, inclusive quanto a geração de emprego, proporcionando valores de tributos menores, por exemplo, na folha de pagamento no pagamento das contribuições sociais e nos pagamentos da Substituição Tributária, bem como na multa pela falta de pagamento das obrigações acessórias.

As contribuições sociais têm fundamento no art. 149 da Constituição, que as divide em três subespécies: contribuições sociais em sentido estrito, contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE), e contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômica. (BRASIL, 1998).

As contribuições sociais previdenciárias destinam-se especificamente ao custeio da Previdência Social, e são formadas pelas contribuições dos segurados e das empresas (arts. 20/23 da Lei nº 8.212/91). (BRASIL, 1991a). O custeio da Previdência Social se dá por meio do recolhimento de tributos, e as contribuições previdenciárias constituem espécies do gênero contribuições sociais, previstas nos arts. 149 e 195, sendo financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta com recursos do Estado e pelo empregador e trabalhador. (BRASIL, 1988).

Ainda no art. 195, § 9º, a Constituição dispõe sobre o tratamento diferenciado das alíquotas e bases de cálculo, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho para o financiamento das contribuições sociais. (BRASIL, 1988).

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A LC 123/06, também aborda esse tratamento diferenciado no art. 13 § 3, dispensando as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional do pagamento das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para as entidades privadas de serviço social e de formação profissional, vinculadas ao sistema sindical e demais entidades de serviço social autônomo. (BRASIL, 2006b).

Com relação as alterações trazidas pela Lei Geral, a LC 147/14, descreve as atividades que deverão recolher o ICMS por Substituição Tributária (ST) a partir do ano de 2016 (art. 13 e 21-B). Com isso, aquela atividade que não esteja relacionada no rol previsto em lei (alínea “a”, inciso XIII, § 1º do artigo 13 da LC 123/06, com as alterações promovidas pela LC 147/14), estará dispensada de recolher o ICMS por ST (BRASIL, 2014b). Essa limitação, segundo SEBRAE (2014a), reduzirá consideravelmente os segmentos do Simples sujeitos à aplicação da Substituição Tributária, promovendo desoneração e aumento da competitividade da MPE.

Nesse contexto, a tributação do ICMS e do ISS também teve uma ampliação de tratamento tributário favorecido nos Estados, Distrito Federal e Municípios (LC 147/14, art. 18, § 18 e 18-A), a partir da fixação dos valores nos casos de faturamento de até R$ 360 mil anuais ao em vez de R$120 mil reais. (BRASIL, 2014b).

Outra forma de redução de tributos foi a aprovação da Recomendação CGSN nº 5 de 2015, pelo Comitê Gestor do Simples Nacional, que orienta os entes federados a observar que, a partir de 2016, as multas relativas à falta de prestação ou à incorreção no cumprimento de obrigações acessórias, quando em valor fixo ou mínimo, para o microempreendedor individual (MEI), microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) optante pelo Simples Nacional, alternativamente, deverão ter: ”fixação legal de valores específicos e mais favoráveis ou redução de 90% (noventa por cento) para o MEI e 50% (cinquenta por cento) para a ME ou EPP”. (BRASIL, 2015g).

Com isso, essas medidas proporcionam um ambiente social promissor, uma vez que acabam por simplificar processos e desonerar às MPEs, promovendo maior competitividade e trazendo, consequentemente, maior crescimento e possibilidade de maior geração de empregos. Isso acaba por fomentar a economia a

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medida que atinge a função social da empresa, que é desenvolver a sociedade a partir da atividade empresarial.

3.3. SISTEMA SIMPLES DE PAGAMENTO DE TRIBUTOS E SEUS BENEFÍCIOS O sistema único de pagamento de tributo faz com que a empresa tenha menos ônus financeiro, tanto no aspecto fiscal, quanto no operacional, como, por exemplo, a isenção ou redução de custo com as obrigações acessórias (como contribuições previdenciárias) com o contador, entre outros. Isso é possível pela simplificação dos processos operacionais e burocráticos disponibilizados pela LC 123/06, alterada pela LC 147/14 que traz benefícios de gestão e controle das obrigações atreladas aos empresários das MPEs. (BRASIL, 2006b, 2014b).

Assim, a LC 123/06, no art. 1o estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:

I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias;

II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias;

III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.

IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014). (BRASIL, 2006b).

A LC 147/14 em seu art 1º, Inciso IV, Art. 8º, § 2º, estabelece, ainda, a Criação do Cadastro Nacional Único para MPE, cujas inscrições Municipais e Estaduais serão substituídas pelo CNPJ, utilizando-o como identificador único das empresas (BRASIL, 2014b).

Além disso, a referida lei abre a possibilidade do CGSN estabelecer forma, periodicidade e prazos diferenciados para às MPEs entregarem à Receita Federal declarações referentes ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (Art. 2º, § 9º, I e II, § 10, 11, 12 e 13). (BRASIL, 2014b).

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Dessa forma, haverá uma única e padronizada forma de entrega das declarações a Receita federal, referente aos fatos geradores, base de cálculo e valores da contribuição para a Seguridade Social, do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e outras informações de interesse do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e do Conselho Curador do FGTS.

Para o SEBRAE (2014b), o objetivo da unificação e padronização é facilitar as atividades das MPEs, já que não precisarão mais estar sujeitas a diferentes datas e procedimentos, constituindo um documento único e hábil para a exigência dos tributos que não tenham sido recolhidos, mas estejam presentes na declaração.

Outro fator de simplificação e, consequentemente, redução do custo operacional e com contador, é a emissão de notas fiscais, a partir de um sistema nacional informatizado, disponibilizado pela internet, de forma gratuita, possibilitando às MPEs a unificação da emissão das notas fiscais, reduzindo muito os custos com essa obrigação (LC 147/14, art, 18-A, § 20). (BRASIL, 2014b). Nesse contexto, a referida Lei trás a restrição da criação de obrigações acessórias além daquelas já estabelecidas pelo CGSN, cujo cumprimento se dará por meio do Portal do Simples na internet (art. 26, § 4º). (BRASIL, 2014b).

Ainda nesse sentido de redução de custo operacional interno e externo, a LC 147/14, constitui a facilitação na obtenção de licenças para atividades com baixo grau de risco (Art. 6º, § 3º e 4º), na obtenção Alvará Provisório para o início da atividade de empresa (Art. 7º, I), dispensando a necessidade de Habite-se, na simplificação do controle civil e empresarial (art. 8º). Isso possibilita um trâmite especial no processo de abertura, registro, alteração e baixa da MPE, podendo, até mesmo ser eletrônico. (BRASIL, 2014b).

Ademais, a partir da LC 147/14, todas às MPEs, independentemente de serem optantes do Simples ou não, estão favorecidas pelos instrumentos da Lei Geral, em casos de simplificação dos processos de acesso aos mercados, simplificação das relações de trabalho, fiscalização orientadora, incentivos ao associativismo, estímulo ao crédito e à inovação, acesso à Justiça, entre outros. (BRASIL, 2014b).

Tal dispositivo legal demonstra que o Estado, por meio de Leis Complementares, vem buscando ampliar as formas de estabelecer um tratamento

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diferenciado à MPE, de modo a desonerar os custos operacionais das obrigações acessórias, facilitando a forma de gerir e controlar as funções do empreendedor. Isso estabelece um ciclo virtuoso, visto que incentiva a entrada de mais MPEs no mercado, bem como desenvolve, de forma sustentável, às MPEs já existentes. Isso possibilita maior número de empregados formalizados ao passo que aumenta a renda das pessoas e o consumo na economia.

3.4 SIMPLES NACIONAL COMO SUBSISTEMA TRIBUTÁRIO ESPECIAL

Diante do exposto até o momento, tem-se o Simples Nacional como um sistema de tratamento diferenciado a MPE, conforme seu faturamento e não mais pela atividade. Dentro desse sistema tem-se a Microempresa - com a receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) – e a Empresa de Pequeno Porte, com receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais), conforme art. 3º da LC 123/06. (BRASIL, 2006b).

Além da Micro e Pequena empresa, a partir de 2008, a LC 128, constituiu a figura do Micro Empreendedor Individual (MEI), microempresário cujo faturamento máximo é de até R$ 60.000,00 por ano, podendo ter apenas um único empregado contratado e com remuneração não superior a um salário mínimo, ou no piso da sua categoria profissional. (BRASIL, 2008).

Dessa forma, com LC 147/14, o MEI passa a ser considerado como uma modalidade de MPE (art. 18-E), ao passo, que possui um tratamento diferenciado dentro do tratamento já diferenciado que as MPEs possuem. (BRASIL, 2014b). Tal cenário pode caracterizar o Simples nacional como um subsistema tributário nacional. Com isso, abordam-se alguns pontos de diferenciação exclusivos ao MEI, conforme LC 147/14 (BRASIL, 2014b):

a) cobrança dos tributos do Simples cobrados pela Procuradoria da Fazenda nacional, salvo se inadimplente com ICMS e ISS (Art. 41, § 5º, V);

b) simplificação e redução a “zero” de todos os custos relativo a abertura, inscrição, registro, funcionamento, alvará, licenciamento, cadastro, alterações, baixa e encerramento, inclusive da cobrança de taxa de registro por parte dos Conselhos de Classe Profissional.. (Art. 4º, § 1º e 3º);

(38)

c) isenção de qualquer tipo de custos relativos a taxas e outros valores provenientes da fiscalização da Vigilância Sanitária (Art. 4º, § 3º-A);

d) proteção contra cobranças fraudulentas, pela proibição de emissão de boletos de cobrança para o MEI sem a sua expressa autorização prévia (Art. 4º, § 4º, I e II);

e) possibilidade de remissão de débitos de ICMS e ISS (Art. 18-A, § 15-A);

f) exclusão automática da inscrição do MEI caso haja inatividade no período de 12 meses (Art. 18-A, § 15-B), salvo baixa pelo Município conforme LC 123/2006 e resoluções do CGSN (Art. 18-A, § 18);

g) redução da burocracia e dispensa de inscrição em órgãos de Conselhos de Categorias Econômicas (Art. 18-A, § 19);

h) impedimento de aumentos nas tarifas de serviços públicos por conta da modificação para pessoa jurídica pagas pelo MEI após a sua formalização, tal como IPTU da residência do MEI.

Com isso, o tratamento diferenciado ao MEI configura-se como um critério especial dentro do critério geral das MPEs, dispensando algumas obrigações acessórias, bem como limitando a contratação de funcionários e a remuneração alocada a ele. Além de oferecer um tratamento diferenciado quanto à isenção ou redução de tributos. Tudo isso para incentivar a formalização de empreendimentos, evitando a sonegação de tributos e estimulando a geração de renda.

Diante disso, tem-se, no capítulo a seguir, o impacto da desoneração da folha de pagamento nas MPEs brasileiras.

(39)

4 O IMPACTO DA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Para melhor entendimento do impacto da desoneração da folha de pagamento nas MPE brasileiras faz-se necessário um breve levantamento do direito previdenciário e trabalhista no Brasil, bem como abordagem do conceito de empregado, empregador e remuneração, apresentando os encargos sociais e trabalhistas existentes na folha de pagamento das empresas.

A partir disso, expõe-se o percentual de encargos sobre os salários segundo José Pastore e o percentual conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Ao final desse capítulo, então, apresentam-se os reflexos da desoneração na folha de pagamento nas MPE brasileiras.

4.1 BREVE HISTÓRICO DO DIREITO TRABALHISTA E

PREVIDENCIÁRIO

O histórico do direito do trabalho pode ser dividido em dois períodos, o histórico e histórico. No período histórico, também chamado de período pré-industrial, ainda não havia um sistema de normas jurídicas do direito do trabalho e, o homem era vinculado a escravidão, à terra (servidão) e à profissão (corporações). Mais a frente estabeleceu-se o vínculo do homem ao trabalha, com a relação de locação, de serviços - locatio operarum, contrato no qual a pessoa se obrigava a prestar serviços durante certo tempo à outra mediante remuneração, considerada como uma relação de emprego moderna – e de obra ou empreitada – locatio operis, contrato pelo qual alguém se obrigava a executar uma obra a outra pessoa mediante remuneração. (LEITE, 2014).

Diante disso, o direito do trabalho nasce no período histórico, com a sociedade industrial e o trabalho assalariado. As principais causas do surgimento do direito do trabalho deram-se por acontecimentos econômicos, políticos e jurídicos. No âmbito econômico, a principal causa foi a Revolução Industrial do século XVIII, cujo trabalho assalariado substituiu o trabalho servil e corporativo, ao passo que a manufatura cedeu lugar à linha de produção. A causa política se deu pela intervenção do Estado na ordem política e social, a partir da transformação do

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