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SISTEMA SIMPLES DE PAGAMENTO DE TRIBUTOS E SEUS BENEFÍCIOS

menos ônus financeiro, tanto no aspecto fiscal, quanto no operacional, como, por exemplo, a isenção ou redução de custo com as obrigações acessórias (como contribuições previdenciárias) com o contador, entre outros. Isso é possível pela simplificação dos processos operacionais e burocráticos disponibilizados pela LC 123/06, alterada pela LC 147/14 que traz benefícios de gestão e controle das obrigações atreladas aos empresários das MPEs. (BRASIL, 2006b, 2014b).

Assim, a LC 123/06, no art. 1o estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:

I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias;

II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias;

III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.

IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014). (BRASIL, 2006b).

A LC 147/14 em seu art 1º, Inciso IV, Art. 8º, § 2º, estabelece, ainda, a Criação do Cadastro Nacional Único para MPE, cujas inscrições Municipais e Estaduais serão substituídas pelo CNPJ, utilizando-o como identificador único das empresas (BRASIL, 2014b).

Além disso, a referida lei abre a possibilidade do CGSN estabelecer forma, periodicidade e prazos diferenciados para às MPEs entregarem à Receita Federal declarações referentes ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (Art. 2º, § 9º, I e II, § 10, 11, 12 e 13). (BRASIL, 2014b).

Dessa forma, haverá uma única e padronizada forma de entrega das declarações a Receita federal, referente aos fatos geradores, base de cálculo e valores da contribuição para a Seguridade Social, do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e outras informações de interesse do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e do Conselho Curador do FGTS.

Para o SEBRAE (2014b), o objetivo da unificação e padronização é facilitar as atividades das MPEs, já que não precisarão mais estar sujeitas a diferentes datas e procedimentos, constituindo um documento único e hábil para a exigência dos tributos que não tenham sido recolhidos, mas estejam presentes na declaração.

Outro fator de simplificação e, consequentemente, redução do custo operacional e com contador, é a emissão de notas fiscais, a partir de um sistema nacional informatizado, disponibilizado pela internet, de forma gratuita, possibilitando às MPEs a unificação da emissão das notas fiscais, reduzindo muito os custos com essa obrigação (LC 147/14, art, 18-A, § 20). (BRASIL, 2014b). Nesse contexto, a referida Lei trás a restrição da criação de obrigações acessórias além daquelas já estabelecidas pelo CGSN, cujo cumprimento se dará por meio do Portal do Simples na internet (art. 26, § 4º). (BRASIL, 2014b).

Ainda nesse sentido de redução de custo operacional interno e externo, a LC 147/14, constitui a facilitação na obtenção de licenças para atividades com baixo grau de risco (Art. 6º, § 3º e 4º), na obtenção Alvará Provisório para o início da atividade de empresa (Art. 7º, I), dispensando a necessidade de Habite-se, na simplificação do controle civil e empresarial (art. 8º). Isso possibilita um trâmite especial no processo de abertura, registro, alteração e baixa da MPE, podendo, até mesmo ser eletrônico. (BRASIL, 2014b).

Ademais, a partir da LC 147/14, todas às MPEs, independentemente de serem optantes do Simples ou não, estão favorecidas pelos instrumentos da Lei Geral, em casos de simplificação dos processos de acesso aos mercados, simplificação das relações de trabalho, fiscalização orientadora, incentivos ao associativismo, estímulo ao crédito e à inovação, acesso à Justiça, entre outros. (BRASIL, 2014b).

Tal dispositivo legal demonstra que o Estado, por meio de Leis Complementares, vem buscando ampliar as formas de estabelecer um tratamento

diferenciado à MPE, de modo a desonerar os custos operacionais das obrigações acessórias, facilitando a forma de gerir e controlar as funções do empreendedor. Isso estabelece um ciclo virtuoso, visto que incentiva a entrada de mais MPEs no mercado, bem como desenvolve, de forma sustentável, às MPEs já existentes. Isso possibilita maior número de empregados formalizados ao passo que aumenta a renda das pessoas e o consumo na economia.

3.4 SIMPLES NACIONAL COMO SUBSISTEMA TRIBUTÁRIO ESPECIAL

Diante do exposto até o momento, tem-se o Simples Nacional como um sistema de tratamento diferenciado a MPE, conforme seu faturamento e não mais pela atividade. Dentro desse sistema tem-se a Microempresa - com a receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) – e a Empresa de Pequeno Porte, com receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais), conforme art. 3º da LC 123/06. (BRASIL, 2006b).

Além da Micro e Pequena empresa, a partir de 2008, a LC 128, constituiu a figura do Micro Empreendedor Individual (MEI), microempresário cujo faturamento máximo é de até R$ 60.000,00 por ano, podendo ter apenas um único empregado contratado e com remuneração não superior a um salário mínimo, ou no piso da sua categoria profissional. (BRASIL, 2008).

Dessa forma, com LC 147/14, o MEI passa a ser considerado como uma modalidade de MPE (art. 18-E), ao passo, que possui um tratamento diferenciado dentro do tratamento já diferenciado que as MPEs possuem. (BRASIL, 2014b). Tal cenário pode caracterizar o Simples nacional como um subsistema tributário nacional. Com isso, abordam-se alguns pontos de diferenciação exclusivos ao MEI, conforme LC 147/14 (BRASIL, 2014b):

a) cobrança dos tributos do Simples cobrados pela Procuradoria da Fazenda nacional, salvo se inadimplente com ICMS e ISS (Art. 41, § 5º, V);

b) simplificação e redução a “zero” de todos os custos relativo a abertura, inscrição, registro, funcionamento, alvará, licenciamento, cadastro, alterações, baixa e encerramento, inclusive da cobrança de taxa de registro por parte dos Conselhos de Classe Profissional.. (Art. 4º, § 1º e 3º);

c) isenção de qualquer tipo de custos relativos a taxas e outros valores provenientes da fiscalização da Vigilância Sanitária (Art. 4º, § 3º-A);

d) proteção contra cobranças fraudulentas, pela proibição de emissão de boletos de cobrança para o MEI sem a sua expressa autorização prévia (Art. 4º, § 4º, I e II);

e) possibilidade de remissão de débitos de ICMS e ISS (Art. 18-A, § 15- A);

f) exclusão automática da inscrição do MEI caso haja inatividade no período de 12 meses (Art. 18-A, § 15-B), salvo baixa pelo Município conforme LC 123/2006 e resoluções do CGSN (Art. 18-A, § 18);

g) redução da burocracia e dispensa de inscrição em órgãos de Conselhos de Categorias Econômicas (Art. 18-A, § 19);

h) impedimento de aumentos nas tarifas de serviços públicos por conta da modificação para pessoa jurídica pagas pelo MEI após a sua formalização, tal como IPTU da residência do MEI.

Com isso, o tratamento diferenciado ao MEI configura-se como um critério especial dentro do critério geral das MPEs, dispensando algumas obrigações acessórias, bem como limitando a contratação de funcionários e a remuneração alocada a ele. Além de oferecer um tratamento diferenciado quanto à isenção ou redução de tributos. Tudo isso para incentivar a formalização de empreendimentos, evitando a sonegação de tributos e estimulando a geração de renda.

Diante disso, tem-se, no capítulo a seguir, o impacto da desoneração da folha de pagamento nas MPEs brasileiras.

4 O IMPACTO DA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Para melhor entendimento do impacto da desoneração da folha de pagamento nas MPE brasileiras faz-se necessário um breve levantamento do direito previdenciário e trabalhista no Brasil, bem como abordagem do conceito de empregado, empregador e remuneração, apresentando os encargos sociais e trabalhistas existentes na folha de pagamento das empresas.

A partir disso, expõe-se o percentual de encargos sobre os salários segundo José Pastore e o percentual conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Ao final desse capítulo, então, apresentam-se os reflexos da desoneração na folha de pagamento nas MPE brasileiras.

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