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Avaliações do sistema lagunar da lagoa do Sombrio no município de Sombrio- SC

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - UNISUL RÔMULO TADEU SANTOS BITENCOURT

AVALIAÇÕES DO SISTEMA LAGUNAR DA LAGOA DO SOMBRIO NO MUNICÍPIO DE SOMBRIO-SC

Palhoça 2015

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RÔMULO TADEU SANTOS BITENCOURT

AVALIAÇÕES DO SISTEMA LAGUNAR DA LAGOA DO SOMBRIO NO MUNICÍPIO DE SOMBRIO-SC

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. José Gabriel da Silva, Msc

Palhoça 2015

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“ Na natureza nada se perde, nada se cria: tudo se transforma. ” Antoine Lavoisier

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Dedico este trabalho a minha família, em especial a minha esposa Ana Cristina Figueredo da Silva que sempre me motivou, apoio e compreendeu todo o esforço, e no meio do caminho me presenteou com a nossa filha Laura.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por tudo o que tem me dado, principalmente saúde, sabedoria e perseverança para acreditar sempre naquilo que é possível.

Muito tenho a agradecer ao meu mano, amigo e compadre Romeu Vitor Santos Bitencourt, por ter sabedoria e bondade em me ajudar em todos os momentos que lhe pedi ajuda, não teria eu conseguido no atual momento completar esse trabalho se não fosse com o apoio dele, e sua esposa Raiane Rocha da Rosa, que emprestou ele para mim por um breve período.

Aos mestres que desde o início da minha nos bancos escolares foram sentando conhecimentos e base para instigar a busca pelo saber e o mais importante, aplicar esse saber em prol do bem da sociedade.

Aqui quero lembrar da minha primeira professora que me alfabetizou, professora Araci Maggi Boff; mais adiante lembro também dos professores Cícero Urbaneto Nogueira, Helena Nogueira, Ana Lucia Lopes de Lima, Anita Carmem Rossetto Zilio, Luiz Carlos Minussi, Rudi Adalberto Wink, Adalberto Reinke e Rui de Castro Pilar, mestres e amigos que muito me ajudaram a chegar até aqui, por fim agradeço aos meus mestres José Grabriel da Silva, Silene Rebelo, Fernanda Félix Vanhoni, Elisa Helena Siegel Moecke, Gabriel Cremona e a todos os meus colegas que sempre me ajudaram nos momentos de dificuldades.

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RESUMO

A degradação ambiental tem sido tema de amplas discussões no meio acadêmico. Essas discussões se ampliam quando o assunto converge para temas referentes à água e seus atributos. A lagoa do Sombrio, corpo lacustre localizada no extremo sul catarinense tem sido pano de fundo para inúmeras discussões, sejam elas de cunho ambiental, social ou político. Fato é que cada vez mais é perceptível o esfacelamento desse complexo lagunar, outrora tão importante para a região onde está localizada e ora posto à margem das discussões. O processo de assoreamento dessa lagoa alcançou números alarmantes, a ponto de ser visto à longas distâncias o processo de crescimento de vegetações invasoras, de modo especial a braquiária. A braquiária, espécie exótica da região, tem se alastrado de forma incontrolável em todo o corpo da lagoa, causando um acelerado processo de sedimentação no fundo da lagoa. O objetivo central desse trabalho é avaliar os impactos desse processo de assoreamento e aventar alguma possibilidade para o reequilíbrio do sistema lagunar em estudo. Para isso foram feitos testes de DQO e DBO para avaliar o impacto da vegetação exótico nas margens da lagoa. Um estudo de um projeto de remoção da braquiária também é comtemplado nesse estudo, a fim de verificar possíveis alternativas para o processo de assoreamento.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1- Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba...18

Imagem 2- Mapa de localização do Município de Sombrio...19

Imagem 3- Município de Sombrio na década de 60...20

Imagem 4- Município de Sombrio, 2015...21

Imagem 5- Bacia Hidrográfica dos Rios Araranguá e Mampituba...25

Imagem 6- Mapa Geológico do Estado de Santa Catarina...27

Imagem 7- Mapa Hidrográfico do Complexo Lagunar do Extremo Sul Catarinense.28 Imagem 8- Mapa sobre vegetação da Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba...30

Imagem 9- Vegetação do extremo sul catarinense...32

Imagem 10- Lambari da cola vermelha...34

Imagem 11- Salvinia e suas raízes...36

Imagem 12- Aguapé na lagoa...36

Imagem 13- Plantas aquáticas na foz do Rio da Lage...36

Imagem 14-Áreas circundadas em amarelo com grande presença de braquiária....37

Imagem 15- Área de depósito da braquiária retirada I...40

Imagem 16- Área de depósito da braquiária retirada II...40

Imagem 17- Área de depósito da braquiária retirada III...41

Imagem 18- Vista aérea da Lagoa e seu entorno...43

Imagem 19- Vista aérea da Lagoa pertencente ao município de Sombrio...43

Imagem 20- Fitilho graduado...44

Imagem 21- Medição profundidade da Lagoa...44

Imagem 22- Medição profundidade da Lagoa...45

Imagem 23- Aferição da profundidade da Lagoa...45

Imagem 24- Coletando e aferindo a profundidade...46

Imagem 25- Coleta de amostra de água... ...46

Imagem 26- Coleta de amostra de água...47

Imagem 27- Pontos de coleta georeferenciados ...48

Imagem 28- Gráfico 1...50

Imagem 29- Gráfico 2...50

Imagem 30- Gráfico 3...51

Imagem 31- Gráfico 4...51

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Imagem 33- Margens da Lagoa do Sombrio, próximas à antiga BR 101 (1964)...54 Imagem 34- Margens da Lagoa do Sombrio, distante da rodovia BR 101 (2013)...54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Bacias hidrográficas do estado de Santa Catarina...24

Tabela 2- Coluna estratigráfica da área de estudo...27

Tabela 3- Relatório de EIA do Canal da Barrinha...33

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LISTA DE ABREVIATURAS

DQO - Demanda química de oxigênio DBO - Demanda bioquímica de oxigênio

EPAGRI - Empresa de pesquisas agrícolas de Santa Catarina UDESC - Universidade do estado de Santa Catarina

BHRM - Bacia hidrográfica do Rio Mampituba BHRA - Bacia hidrográfica do Rio Araranguá UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina

UNESC - Universidade do extremo sul de Santa Catarina IBGE - Instituto brasileiro de geografia e estatística

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 2 OBJETIVOS ... 15 2.1 Objetivo Geral ... 15 2.2 Objetivos específicos ... 15 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 16

3.1 LOCALIZAÇÃO DE ÁREA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MAMPITUBA . 17 3.1.1 Histórico do município de Sombrio ... 18

3.2 FATORES ABIÓTICOS DA ÁREA DE ESTUDO ... 21

3.2.1 Clima... 22 3.2.2 Geologia ... 25 3.2.3 Recursos hídricos ... 28 3.3 FATORES BIÓTICOS ... 29 3.3.1 Vegetação ... 30 3.3.2 Íctiofauna ... 33 3.4 ASSOREAMENTO E DESASSOREAMENTO ... 34

3.5 ESTUDO DE CASO: PROJETO BRAQUIÁRIA ... 38

4 MATERIAIS E MÉTODOS ... 42

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 48

5.1 ANÁLISE CRÍTICA DO PROJETO DE REMOÇÃO DA BRAQUIÁRIA ... 52

6 CONCLUSÃO ... 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 57 ANEXOS ... 60 ANEXO A – amostra 1 ... 60 ANEXO B – amostra 2 ... 61 ANEXO C – amostra 3 ... 62

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ANEXO D – amostra 4 ... 63 ANEXO E – amostra 5 ... 64 ANEXO F – amostra 6 ... 65 ANEXO G – amostra 7 ... 66 ANEXO H – amostra 8 ... 67 ANEXO I – amostra 9 ... 68 ANEXO J – amostra 10 ... 69

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1 INTRODUÇÃO

Todo estudo de caráter ambiental assume de antemão o compromisso não só de descrever situações de interesses ambientais bem como de avaliar possíveis erros no trato com o meio em questão. O presente estudo parte da análise da situação atual do complexo lagunar denominado Lagoa do Sombrio, localizada no extremo sul catarinense, e vislumbra soluções passíveis de aplicação à situação do assoreamento da mesma, cujas penosas consequências, algumas já sentidas, serão abordadas e discutidas adiante.

O atual estado da Lagoa do Sombrio é extremamente preocupante e demanda atenção de toda a comunidade local. O assoreamento desse complexo tem vários fatores. É necessário acima de tudo uma série de análises que levem em conta o efeito do assoreamento sobre o complexo lagunar. Para esse fim, o estudo lança mão de análises de DQO e DBO. Esse tipo de análise nos permitirá mensurar e avaliar a relação entre os dados coletados e as atividades orgânicas que ocorrem no local de degradação ambiental constatada. Os dados coletados in locus permitem equacionar essa relação.

Um dos grandes agravantes da situação local é a presença da braquiária (brachiaria radicans), uma espécie exótica que tem contribuído para o processo acelerado de assoreamento. A atividade dessa espécie tem trazido prejuízos sensíveis à Lagoa do Sombrio. Essa espécie fixa suas raízes ao fundo da lagoa fazendo com que se acumule com intensidade os sedimentos carregados pelo fluxo da lagoa ou ainda os sedimentos trazidos pelos ventos e depositados nas folhas da braquiária.

A importância de um estudo que aborde esse tipo de pesquisa versa sobre um tema muito importante atualmente. Tem sido difícil falar da importância ambiental da água nos últimos anos. O Brasil viu no segundo semestre de 2014 uma das maiores crises hídricas já registrada em sua história, mas nem esse caso extremo tem sido capaz de sensibilizar os indivíduos que dependem diretamente da água e de sua boa qualidade. Um estudo da EPAGRI de 1999 foi encomendado pelo município de Sombrio por conta de uma necessidade de responder à promotoria pública sobre

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a viabilidade do desassoreamento da lagoa. À época, a entidade afirmava que a Lagoa do sombrio, deveria ser assumida como um manancial de água doce que deve ser recuperado, preservado e promovido como tal. (EPAGRI, 1999). O mesmo estudo, que será norte para esta pesquisa, já dava conta da necessidade da preservação das fontes hídricas, haja vista que a falta de água potável será uma das grandes, senão a maior dificuldade e limitação da humanidade nos anos seguintes.

No ano de 2014 a administração municipal de Sombrio detalha um projeto de remoção da braquiária das margens da lagoa dentro dos limites do município. O projeto será analisado nesse estudo à medida que tem por objetivo minimizar os problemas ambientais no complexo lagunar.

Um fator que torna este trabalho justo e necessário é a histórica extração de carvão mineral na região de Criciúma, o que contaminou boa parte das fontes hídricas da região. Conforme Guadagnin (1999), duas grandes bacias hidrográficas cortam a região – a bacia do rio Araranguá e a bacia do rio Urussanga que drenam uma importante área de exploração de carvão. Essa região, somadas às regiões de Imbituba e Tubarão é “uma das que mais concentra atividades de extração e beneficiamento de carvão, com inúmeros problemas ambientais, consequentes principalmente do alto teor de rejeitos no minério e sua inadequada deposição final” (Guadagnin, 1999). Somado a isso podemos destacar ainda as danosas contribuições ambientais que a agricultura, base da economia regional, proporciona ao meio ambiente local. Guadagnin (1999) também afirma esse impacto causado pela atividade agrícola, principalmente a orizicultura que afetam diretamente os sistemas lagunares da região.

Essa região do estado de Santa Catarina é um importante destino turístico de pessoas de todo o Mercosul, em especial argentinos e uruguaios. O apelo turístico, a proximidade com o litoral e com importantes centros econômicos como Florianópolis e Porto Alegre aumenta ainda mais a necessidade de um estudo que vise procurar soluções para um problema ambiental cada vez mais crônico. O eminente crescimento populacional diante do quadro levantado nos dá uma real noção da responsabilidade de estudos que reforcem o cuidado e o zelo por esta importante formação lagunar.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a situação do assoreamento lagunar da Lagoa do Sombrio, bem como os prejuízos causados por esse fenômeno e vislumbrar soluções aplicáveis à situação encontrada.

2.2 Objetivos específicos

a) Avaliar as relações entre a profundidade da lagoa com DBO/DQO.

b) Avaliar as relações de DBO/DQO com o dosser da braquiária (brachiaria

radicans).

c) Análise comparativo fotográfico da área em estudo.

d) Avaliar um Projeto de Remoção da Braquiária da Lagoa do Sombrio que tramita nas instâncias administrativas do município de Sombrio tendo como parâmetro os dados levantados ao longo desse estudo.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No quese refere ao tema deste trabalho, foram grandes as dificuldades de se encontrar trabalhos que tratem especificamente sobre o desassoreamento do sistema laguna da Lagoa do Sombrio. O fundamento teórico versa, primeiramente, sobre estudos referentes à Lagoa do Sombrio desde o seu ponto de vista histórico. Essa bibliografia leva em conta a ligação da Lagoa com os habitantes dos municípios vizinhos. São relevantes nesse ponto os estudos de LOPES e MARQUES (2009), LOPES e NODARI (2011), LOPES (2009 e 2011), REITZ (1948) e EPAGRI (2009). A partir deles é possível traçar um perfil histórico bem como a relação da lagoa com os habitantes da região.

O segundo ponto de análise do levantamento bibliográfico diz respeito à formação geológica da Lagoa do Sombrio. Para este estudo foi de fundamental importância os estudos de CANCELLI (2012) e DA SILVA (2011), que concentram seus estudos na análise geológica da Lagoa do Sombrio, compreendida na Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba. Estes estudos fazem parte do programa de mestrado e doutorado do instituto de geociência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Um terceiro ponto de estudo deste trabalho refere-se aos fatores abióticos e bióticos da região. Nesse ponto é de fundamental importância a dissertação de mestrado de Grasiele Raupp (2008), apresentada à Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), que faz um estudo profundo acerca da Bacia Hidrográfica do Rio da Laje, um dos principais afluentes da Lagoa do Sombrio. Esse estudo faz um levantamento acerca dos fatores abióticos e bióticos da região de estudo com clareza e fundamentação. Complementando a fundamentação desse ponto nos valemos de uma outra dissertação de mestrado, de Heloísa de Campos Lalane (2011), apresentada a Universidade do estado de Santa Catarina (UDESC). O trabalho de Lalane faz um levantamento sobre a fragilidade ambiental do complexo lagunar do extremo sul catarinense e traz relevantes informações acerca da composição ambiental da área de estudo.

O último ponto de análise bibliográfica diz respeito ao desassoreamento. Os estudos sobre esse conceito não trazem a aplicação direta ao caso da Lagoa do Sombrio. Este é o intuito de presente trabalho. A partir do estudo histórico da formação

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lagunar, de sua formação geológica e tendo em vista o estudo conceitual do desassoreamento e tudo que está envolvido neste tema, será finalmente possível vislumbrar soluções passíveis de aplicação mediante o estudo de caso do projeto já existente que pretende desassorear a referida formação lagunar. Para a análise conceitual do assoreamento este trabalho se baseia nos estudos de CARVALHO (2000), EMMERICH & MARCONDES (1975), MELLO FILHO (1994) e DA COSTA (2003).

Para analisar o projeto descrito no item “d” dos objetivos específicos, avaliamos os procedimentos propostos tomando como parâmetro o levantamento bibliográfico acerca do desassoreamento (assoreamento) e aquilo que pertence ao universo desse conceito. É importante ressaltar, no entanto, que o método de estudo de caso, embora levante dados extremamente exclusivos a uma situação específica, possibilita encontrar respostas plausíveis quando for rigorosamente aplicado.

3.1 LOCALIZAÇÃO DE ÁREA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MAMPITUBA

A área de estudo está inserida na chamada Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba (BHRM), como mostra a Imagem 1. Os principais afluentes dessa bacia são o Rio Mampituba, que delimita a fronteira entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Rio Sertão, que corta o município de São Joao do Sul e o Rio da Laje, no município de Sombrio. A BHRM tange os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul passando por 18 municípios, sendo 10 municípios de Santa Catarina e 8 do Rio Grande do Sul. Segundo HOLN (2008), a área total da bacia é de 1.940 km², sendo 37% (712 Km²) no Rio Grande do Sul e 63% (1,228 Km²) em Santa Catarina.

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Imagem 01: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba.

Fonte: BOHN 2008. p. 31

É possível observar os limites da BHRM tomando como base a figura acima. À oeste fica o Planalto basáltico da Serra Geral; a leste o oceano atlântico; ao norte a Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá e ao sul a Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí (HOLN, 2008).

3.1.1 Histórico do município de Sombrio

O município de Sombrio está localizado no extremo sulde Santa Catarina e é um dos 15 municípios que compõem a AMESC (observar Imagem 02), micro região econômica do sul do estado. Segundo dados do IBGE, possui uma população de 26.613 habitantes e uma área de 143,329 km² (IBGE, 2015). Faz confrontações ao norte com os municípios de Ermo e Araranguá; ao sul com Santa Rosa do Sul; a oeste com Jacinto Machado e a leste com Balneário Gaivota. A instalação política oficial se deu em 04 de abril de 1954 (observar Imagem 03).

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Imagem 02: Mapa de localização do Município de Sombrio

Fonte: (LALANE 2011)

O território foi habitado inicialmente por índios carijós e a compra de uma sesmarias por Manoel e Luciano Rodrigues da Silva, que ia do rio Mampituba até o Arroio Grande possibilitou a formação social de Sombrio, que aconteceu lentamente. (IBGE 2015). Seguindo o tratado de Tordesilhas as terras catarinenses pertenciam inicialmente à Espanha e somente mais tarde é tomada pelos portugueses, os primeiros a chegarem na região até então habitada somente por indígenas.

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Imagem 3: Município de Sombrio na década de 60.

Fonte: Sombrio.sc.gov.br, acessado em abril de 2015.

A partir do século XVIII, com o crescimento do comércio entre as províncias brasileiras, o território onde hoje se encontra o município de Sombrio torna-se importante via de ligação entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os tropeiros costumavam usar as sombras erguidas no alto das encostas para o descanso de suas tropas, fato que, no imaginário da população local, seria determinante para a denominação do local, sombrio.

O destaque das atividades econômicas desenvolvidas em Sombrio é sua produção têxtil. O setor ganhou muita força a partir da última década levando seus produtos para as passarelas consagradas do mundo da moda e para programas de televisão com grande audiência nacional. Destacam-se também a produção de cerâmica, calçados, móveis e alimentos. O outro grande setor econômico do município é a agricultura. A atividade típica de toda a região sul do estado se desenvolve em Sombrio na cultura do arroz, fumo, mandioca e nos últimos anos o cultivo do maracujá. O comércio, importante setor econômico do município, aumentou consideravelmente com a duplicação da BR 101. As lojas às margens da rodovia, principalmente as de

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confecções, viram o público aumentar consideravelmente. Na Imagem 04 é possível observar a cidade de Sombrio nos dias atuais.

Imagem 4: município de Sombrio, 2015.

Fonte: Acervo do autor, 2015.

3.2 FATORES ABIÓTICOS DA ÁREA DE ESTUDO

Para o estudo dos fatores abióticos que influenciam na área de estudo dispomos de estudos técnicos, dissertações e artigos científicos que convergem para os objetivos deste trabalho.

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3.2.1 Clima

No Estado de Santa Catarina, o relevo, a altitude, a continentalidade e a maritimidade são os fatores que apresentam maior interação com os sistemas atmosféricos (Monteiro e Mendonça, 2007). O clima do litoral do estado classifica-se como subtropical, com verões bastante quentes e invernos frios. As precipitações são bem distribuídas ao longo das estações. De acordo com os critérios de classificação Köppen, o clima do litoral catarinense é do tipo mesotérmico úmido (LALANE 2011, p 46). A medida que se avança para o sul do estado de Santa Catarina, o clima tropical altera-se gradualmente (VEADO, 1998). Ricardo Veado explica que a diminuição das precipitações na região sul é consequência de dois fatores, o esfriamento desta porção do atlântico a posição da margem costeira, voltada ao sudeste (VEADO, 1998).

O clima da região sul de Santa Catarina, onde se localiza a área de estudo, caracteriza-se como mesotérmico úmido, com umidade relativa media do ar em torno de 82,1% e temperatura média anual de 19,1ºC (CANCELLI 2008). Essa faixa do litoral está localizada numa região peculiar, entre o oceano Atlântico e a Serra do Mar, recebendo influência climática tanto da massa tropical Atlântica e da massa polar Atlântica. Essa massa polar é responsável por grande parte das precipitações do litoral. As precipitações totais anuais são maiores no litoral norte, 1.800 mm e menores no litoral sul, 1.400 mm (DA SILVA 2011). A média fica em 1.520 mm, e os meses de maior precipitação pluviométrica são março, julho, agosto e novembro, sem apresentar estação de seca definida. Outro fator importante que interfere diretamente no clima de região é a maritimidade. Esse fator implica numa ação reguladora do fator climático.

Durante a maior parte do ano essa região fica sob influência da Massa Tropical Atlântica que resulta em temperaturas mais ou menos elevadas e um alto índice de umidade específica. De modo geral o estado atmosférico é de estabilidade. Entre os meses dezembro e fevereiro, ondas de baixa pressão incidem sobre a região até meados do período invernal. Ocorre ainda as famosas chuvas de verão que se caracterizam pela rapidez da precipitação e pela mesma rapidez com que se acaba,

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deixando, no entanto, uma marca forte devido a grande quantidade de chuva dispensada nesses fenômenos.

No clima da região de estudo há registro de poucos eventos extraordinários. Destacam-se o Furacão Catarina, ocorrido no ano de 2001 e que atingiu a região com ventos que ultrapassavam os 180 km/h. O Catarina representou uma grande instabilidade atmosférica, com ventos de extremas intensidade que giravam em sentido horário, causando muitos danos aos municípios da região (LALANE 2011).

Na Tabela 1 é possível perceber algumas características climáticas da BHRM, onde está inserida o sistema lagunar da Lagoa do Sombrio

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Fonte: SANTA CATARINA, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Bacias hidrográficas do estado de Santa Catarina, diagnóstico geral. Florianópolis, 1997. 163p.

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3.2.2 Geologia

A formação sedimentar do extremo sul catarinense, em especial os municípios de Passo de Torres, São João do Sul, Santa Rosa do Sul e Sombrio, está diretamente ligada à formação geológica do litoral norte do Rio Grande do Sul. A constituição hidrográfica da bacia do Mampituba (observar Imagem 05), é um desdobramento da bacia do Rio Pelotas. Horn Filho et al. (2006) identifica sete estágios geoevolutivos da região estudada. Cancelli (2012), na defesa de sua tese de doutorado, descreve bem esses sete estágios.

Imagem 05: Bacia Hidrográfica dos rios Araranguá e Mampituba.

Fonte: http//:amesc.com.br, acesso em abril de 2015.

Num primeiro estágio, ao qual ele chama de estágio I, o mar teria alcançado altitudes ocupadas pelas rochas do embasamento a oeste, dando origem à formações geológicas como baías e ilhas. No estágio II, o mar recuou e formou um conjunto de

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depósitos eluviais, coluviais e aluviais da encosta. O estágio III é responsável pela formação dos complexos e sistemas lagunares na proximidade do embasamento.

No estágio IV o nível do mar recuou novamente e, ao longo desse período originou-se praias e depósitos eólicos de longa extensão. No estágio V representa o evento máximo desses estágio evolutivos, período em que a transgressao marinha retrabalha os sedimentos eólicos e marinhos. No estágio VI o mar recua significadamente e no último estágio se dá a construção dos depósitos tecnogênicos e áreas urbanas junto à linha da costa atual (Cancelli 2012, p 5-6).

Na região da AMESC (Associação dos municipios do extremo sul-catarinense), onde está inserido o municipio de Sombrio, é possivel reconhecer 6 unidades litoestratigráficas, destas, 2 são estratos sedimentares e as demais estratos geológicos (observe a Imagem 06). No tocante a formação lagunar da Lagoa do Sombrio, ela é permeada por dois tipos de formação sedimentar: sedimentar marinho e sedimentar continental.

Essa configuração geológica imprime na região certas caracteristicas naturais. A litologia é composta por areias, argilas e cascalhos. No relevo é possível observar uma planície costerira e vales fluviais. Entre os minerais encontrados se destacam as areais muito usadas na construção civil, os cascalhos e britas usadas para a pavimentação de vias e a turfa, mateiral sedimentar muito usado na agricultura.

Segundo Lalane (2011) a geologia da área de estudo é constituída, portanto, por sedimentos recentes inconsolidados e por rochas da Bacia Sedimentar do Paraná, do Grupo Passa Dois (Formação Rio do Rasto) e do Grupo São Bento (Formação Serra Geral e Formação Botucatu) (LALANE 2011, p33). Num aspecto geral é possível ter uma visão mais abrangente sobre a formação geológica a partir da Tabela 2, da coluna estratigráfica.

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Tabela 2: Coluna estratigráfica da área de estudo

Fonte: (LALANE 2011, p 35).

Imagem 06: Mapa Geológico do Santa Catarina.

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3.2.3 Recursos hídricos

A rede hidrográfica da região do extremo sul catarinense é composta por duas bacias hidrográficas: a Bacia hidrográfica do Rio Araranguá e a Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba. Nesse complexo hidrográfico os rios que abastecem essas bacias são de pequenas extensões e tem suas nascentes nas encostas da serra geral (observe a Imagem 07).

A Bacia hidrográfica do Rio Araranguá (BHRA), segundo Guadagnin, está entre as quatro bacias hidrográficas mais poluídas do Brasil, prejudicada principalmente pela extração do carvão (Guadagnin 1999). Dessa bacia alguns rios tangem o sistema lagunar da Lagoa do Sombrio, são eles: Rio Itoupava, Rio da Laje e o Rio Caverá.

Imagem 07: Mapa Hidrográfico do Complexo Lagunar Extremo Sul Catarinense.

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Na bacia do rio da Laje é observada um avançado processo de assoreamento da Lagoa do Sombrio, fato que será estudado no decorrer deste trabalho. O acúmulo de sedimentos, o uso inadequado do solo e a degradação da mata ciliar tem contribuido siginificadamente para o processo de erosão do solo. A presença de criação de gado às margens do Rio da Laje contribui também para que os processos erosivos sejam acentuados (RAUPP, 2008).

A BHRM encontra-se em melhor estado de conservação se comparada à BHRA. Existem apenas alguns pontos de poluição por agrotóxicos em várzeas de arroz, geralmente localizadas próximas rios e córregos. Os principais rios dessa bacia são o Mampituba e Sertão. Além desses rios, é possivel ver inúmeras formações lagunares de pequena extensão. “As lagoas costeiras de Sombrio e Caverá, da Serra, do Piritú, de Fora, Pequena, da Terneira, Cortada, Comprida, do Rodeio, da Lagoinha e do Bicho, entre outras lagoas temporárias menores, encontram-se interconectadas por canais naturais e artificiais e ocorrem na planície quaternária em paralelo ao mar”(LALANE 2011).

Ao longo desse grande complexo lagunar, uma grande das terras costeiras são utilizadas para a irrigação da plantação de arroz. É possível supor que essas práticas incidem diretamente na qualidade da água visto o caráter agressivo e tóxico que os insumos e agrotóxicos implicam nos recursos naturais. A Lagoa do Sombrio, caso de estudo deste trabalho, além de sofrer com a descarga de esgoto no leito da lagoa, apresenta ainda um avançado processo de assoreamento. Segundo Cardoso (2010) nos últimos oito anos a lagoa baixou mais de 1 metro, apresentando pontos com recuo de até 90 metros da antiga margem. Entre outros problemas é possível ainda citar a extração de calcário de conchas, de areia e a extração da turfa (LALANE 2011).

3.3 FATORES BIÓTICOS

Para o estudo dos fatores abióticos que influenciam na área de estudo dispomos de estudos técnicos, dissertações e artigos científicos que convergem para os objetivos deste trabalho.

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3.3.1 Vegetação

O complexo lagunar do extremo sul de Santa Catarina está inserido no domínio do Bioma Mata Atlântica e seus ecossistemas pertencem à planície quaternária. O perfil formativo é constituído principalmente de substrato arenoso, coberto por vegetação em diversos estágios de sucessão, formando um mosaico de ecossistemas naturais (BITENCOURT E MARIMON, 2010).

A cobertura vegetal da área estudada é formada por três formações principais, de grande diversidade biológica, a saber: vegetação flúvio-lacustre, floresta ombrófila densa e restinga (observe a Imagem 08). A diversidade biológica encontra sua causa na série de processos naturais que compreendem eventos climáticos provenientes de várias latitudes combinada com a ação incessante das massas atlânticas.

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Fonte:(AMESC, 2015).

O processo de ocupação da área ocorrido ao longo dos últimos séculos produziu uma grande descaracterização da área fazendo com que não haja mais resquícios da mata primária na região. Existem apenas alguns núcleos preservados, geralmente por ações legais, mas que ainda assim sofrem dificuldades por conta da ação antrópica.

Até meados do século XIX, a Mata Atlântica apresentava-se distribuída ao longo da costa brasileira, do Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte (CANCELLI 2012). Com o processo de ocupação dessas áreas, a intensa atividade agrícola e industrial somado a outros fatores antrópicos, essa área reduziu seu tamanho consideravelmente. Hoje é possível encontrar vestígios da mata original em algumas áreas fragmentadas concentradas na região sul e sudeste do Brasil.

Em Santa Catarina, o processo de ocupação do solo está associado à ocupação das áreas de florestas com o objetivo do uso do solo para as atividades agropastoris e para a ocupação urbana (ALEXANDRE, 2000). A vegetação nativa do Sul do estado era, na sua maioria representada pela Floresta Ombrófila Densa, destacando-se economicamente, espécies como: peroba vermelha, baguaçu, canela-preta, aguaí, bicuíba, cedro, ipê amarelo e o palmiteiro (SANTA CATARINA, 1997).

A vegetação que margeia os corpos de água (rios, lagoas, lagos, etc) é chamada comumente de mata ciliar. Esse tipo de vegetação faz parte do ciclo hidrológico e tem importantes funções para o equilíbrio do ecossistema. A mata ciliar é responsável pela estabilização das margens, pela distribuição de nutrientes desde as raízes até as folhas, pelo impedimento de carregamento de sedimentos, pela manutenção da ictiofauna e por servir também de filtro a luz solar que incide diretamente na temperatura das águas. A vegetação da área de estudo é classificada como Floresta Ombrófila Densa ou Floresta Tropical Flúvia. (IBGE, 1992). Ainda

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conforme Klein (1978) a região compreende a floresta Tropical das Planícies Quaternárias do Sul, que vai desde Tubarão até as extremidades do estado, entre Sombrio e Praia Grande (observe Imagem 09). São características dessa região os solos úmidos, caracterizados pela vegetação compostas de árvores específicas desse tipo de vegetação. Sobressaem-se pela sua importância o Ipê Amarelo, a Figueira de folha miúda, o coqueiro, o araçazeiro e os guamirins (CANCELLI, 2012).

Nas margens das lagoas ocorre uma intensa vegetação aquática e anfíbia. Esse tipo de vegetação promove a reprodução de inúmeras espécies de animais, como peixes e aves locais. Estes ecossistemas constituem habitat crítico para as faunas endêmicas residente, temporária e migratória, motivo pelo qual constituem zonas úmidas protegidas por lei (BITENCOURT e MARIMON, 2010).

Imagem 09: Vegetação do extremo sul catarinense

Fonte: (KLEIN, 1978). 1

1 No mapa da vegetação da área de estudo, correspondente a letra A, é possível observar a Floresta Tropical

das planícies quaternárias do sul (B), a vegetação de banhado rodeada por Pinus (C) e a vegetação litorânea composta por uma população de pteridófitos (D).

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3.3.2 Íctiofauna

Sobre o estudo da Ictiofauna da Lagoa do Sombrio se faz muito importante nos reportarmos a um estudo específicos sobre a temática realizado por Rita de Cássia de Freitas Santos (2008), fruto de um trabalho de pós-graduação em Recursos Naturais da UNESC. A autora lança mão de uma análise de três pontos alvos da lagoa e o estudo da diversidade da ictiofauna nesses pontos.

De fato, são raros os estudos específicos sobre esse tema. O Rio Mampituba é o principal caminho de acesso de peixes, camarões e crustáceos, que sobem até a lagoa do Sombrio para desova e reprodução (FREITAS SANTOS, 2008). A lagoa sofre influência marinha a medida que é possível encontrar algumas espécies marinhas na Lagoa do Sombrio em certas épocas do ano.

Um recente estudo da UNISUL, do ano de 2005, revelou uma variedade de espécies pequena, em torno de 20 espécies, sendo a Astyanax fasciatus (lambari de cola vermelha) a espécie mais abundante, conforme a Tabela 3 abaixo:

Tabela 3: Relatório EIA LS 03, Canal da Barrinha.

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O lambari de cola vermelha (conforme Imagem 10), é típico de águas doces, mas possui baixo valor comercial. É uma espécie que costuma alimentar-se de matéria orgânica encontrada nas lagoas e rios principalmente em épocas chuvosas.

Imagem 10: Lambari da cola vermelha.

Fonte: http://www.clubedapescaria.com.br/peixe/lambari-vermelho, acesso em abril 2015. Apesar do grande número dos lambaris, outras espécies se sobressaem em relação a outras, principalmente pela facilidade de coleta. Sob este aspecto o bagre, a corvina e o cará são os mais facilmente encontrados.

3.4 ASSOREAMENTO E DESASSOREAMENTO

O assoreamento consiste num processo de acumulação de partículas sólidas em meio aquoso, ocorrendo quando a força do agente transportador natural é sobrepujada pela força da gravidade ou quando a supersaturação das águas permite a deposição (DILL, 2002). Esse processo aumenta consideravelmente mediante as atividades antrópicas como erosão pluvial, atividades agrícolas inadequadas e infraestrutura precária de urbanização.

“O assoreamento é um grande problema que afeta diretamente os cursos de água, diminuindo o volume de água utilizável e, tem como agente externo principal a água da chuva, que transporta o sedimento que se encontra em suspensão ou diluído e que são retidos posteriormente pelo processo de sedimentação e pelo atrito com a superfície de fundo.” (RAUPP, 2008)

Segundo Sperling (1999), o intenso aporte de material mineral é o fenômeno causador do assoreamento dos corpos d’água. No que se refere a sistemas lagunares,

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que se caracteriza por apresentar um perfil hidrológico de longa data, se levarmos em conta as características dos rios e córregos, ocorre a deposição de materiais principalmente na entrada dos afluentes. O processo de assoreamento se estende ao longo desses corpos lagunares por conta da deposição de materiais. O depósito marginal de sedimentos ao longo do curso da água facilita o crescimento de plantas aquáticas (CARVALHO et al. 2000).

O assoreamento um problema que afeta diretamente os corpos lacustres diminuindo consideravelmente o volume de água disponível. Os sedimentos que chegam através dos afluentes ficam, num primeiro momento, em suspensão. Pelo processo de decantação acabam se fixando no fundo dos corpos d’água. O peso da água e o depósito permanente compacta os sedimentos formando as áreas assoreadas. O aumento do número de plantas num sistema lagunar que sofre o assoreamento sedimentar pode estar relacionado com o excesso de nutrientes encontrados na água, levando ao processo de eutrofização (RAUPP, 2008).

Apesar dos inúmeros problemas que o volume excessivo de sedimentos causa, quando trazidos por afluentes, o fluxo da água é fundamental para a manutenção dos ambientes naturais. Por isso a necessidade de uma constante atuação que vise impedir o assoreamento, que causaria danosas consequências para o fluxo natural dos rios e lagoas. Na área de estudo é notória a presença de plantas aquáticas na foz do maior rio afluente. As plantas aquáticas como aguapés e braquiárias possuem raízes com capacidade de acúmulo de sedimentos. Os nutrientes trazidos pelos rios ficam depositados nas raízes das plantas, favorecendo o crescimento longitudinal desse tipo de população. As raízes das plantas aquáticas encontradas na área de estudo possuem, ao longo de sua extensão, inúmeros folículos que prendem sedimentos e absorvem nutrientes do meio aquático onde estão inseridos conforme é possível observar nas Imagens 11 e 12.

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Imagem 11: Salvinia e raízes. Imagem 12: aguapé na Lagoa.

Fonte: Google, 2015 Fonte: Acervo do autor.

Na Imagem 13 é possível perceber que onde o rio desemboca na lagoa existe uma extensa área de plantas aquáticas. Seu crescimento se justifica mediante a quantidade de sedimentos trazidos pelo Rio da Laje, já caracterizado ao longo desse estudo como um rio sedimentar.

Imagem 13: Plantas aquáticas na foz do Rio da Laje.

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Além da presença do aguapé, uma outra espécie exótica muito presente nas margens da lagoa é a brachiaria radicans, um tipo de gramínea muito adaptada a ambientes úmidos e férteis. Esta vegetação fixa a vegetação aquática flutuante, e produz volume de massa orgânica considerável, formando colchões que se fixam no fundo da lagoa e retém materiais sólidos entre seus baraços (SOMBRIO, 2014). É possível ver na Imagem 14 as áreas de concentração da braquiária. A população da espécie formou uma barreira à frente da foz do principal rio afluente, o Rio da Laje, fazendo com que toda sedimentação trazida pelo leito do rio fique suspensa na barreira vegetal propriamente dita.

Imagem 14: Áreas circundadas em amarelo com grande presença de braquiária.

Fonte: SOMBRIO, 2014.

Segundo dados do estudo de remoção da braquiária apresentado pela prefeitura municipal de Sombrio (2008), a área de ocupação da espécie brachiaria

radicans soma um total de 120ha. O processo de desassoreamento envolve uma série

de técnica que variam de acordo com a disponibilidade financeira, a característica do assoreamento e a quantidade de material a ser desassoreado.

Entre as técnicas mais conhecidas de desassoreamento podemos citar:

- Desassoreamento com dragas de sucção e recalque: o uso de dragas é eficaz quando o processo de assoreamento resulta em grandes bancas de areia depositados

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no fundo do corpo aquoso. Esse processo consiste em sugar esse sedimento e depositá-lo em um local apropriado.

- Desassoreamento com escavadeiras: consiste no uso de escavadeiras alocadas junto ao corpo aquoso. Esse processo permite escavar o material assoreado, depositá-lo junto às margens e, após um período de secagem, transportá-lo para área de deposição final (DA COSTA, 2003).

- Desassoreamento com sistema escavo-barcaça: segue a mesma técnica do desassoreamento com escavadeiras, mas nesse caso as escavadeiras apoiam-se em plataformas flutuantes que permitem o trabalho de remoção em áreas mais remotas. - Desassoreamento com cabos: Plataformas flutuantes se posicionam paralelas uma à outra ligada por cabos de aço. Esses cabos são puxados por guindastes à margem do leito possibilitando o arrasto da vegetação existente.

3.5 ESTUDO DE CASO: PROJETO BRAQUIÁRIA

No ano de 2014 a administração do município de Sombrio, representada pelo prefeito em exercício à época, Sr, Valmir Daminelli, propôs um projeto de remoção da braquiária da Lagoa do Sombrio com o objetivo de promover o equilíbrio do ecossistema da lagoa através da remoção da espécie invasora.

A equipe técnica responsável justificou o projeto tendo em vista a importância da lagoa para o município e levando em consideração os fatores agravantes para a conservação da lagoa, como é possível constatar nesse trecho do projeto:

“...levando em consideração que dentre outros aspectos que contribuem para a degradação da Lagoa do Sombrio, a braquiária radicans vem se alastrando a cada dia mais, tem-se a necessidade de remoção desta espécie invasora. A braquiária radicans, devido ao seu enraizamento inibe a respiração celular de outras plantas nativas, além da produção de massa orgânica que causa a solidificação do local e com isso espécies de peixes não conseguem mais se locomover neste ambiente (SOMBRIO, 2008).” O projeto prevê como solução principal para o restabelecimento do ecossistema natural da área de estudo, a remoção da braquiária nas margens da lagoa. O projeto salienta que a lagoa tem um potencial enorme e que necessita de ações concretas que ultrapasse o campo das discussões políticas e acadêmicas.

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Os objetivos específicos do projeto são:

Retirar os 120 ha da espécie invasora, que abrange o município de Sombrio, com objetivo de elevação da lamina d’água, podendo recuperar parcialmente os problemas existentes devido o seu assoreamento;

Minimizar os impactos causados pela braquiária às espécies nativas;

Manejar para que o equilíbrio do ecossistema da lagoa volte ao mais natural possível;

Promover a Lagoa do Sombrio, a outras atividades compatíveis como o ecossistema local, porém com consciência, fazendo com que a Lagoa seja reconhecida na região, como a maior lagoa de agua doce de Santa Catarina;

A respeito do primeiro ponto, o projeto propõe uma técnica de desassoreamento que consiste em alocar duas embarcações flutuantes que transportarão para dentro da lagoa os cabos de aço que removerão a espécie exótica. Os cabos de aço seriam ligados a dois guindastes fixos à margem da lagoa que fariam a retirada do material e posteriormente depositaria em um local previamente preparado, também à margem da lagoa.

A equipe projeta retirar até 360,000 m³ de braquiária, levando em conta os 120 hectares ocupados pela espécie e uma previsão de 0,30 cm de enraizamento.2 É

importante notar que a média de enraizamento da braquiária ultrapassa os 0,30 cm, visto que a lagoa tem na sua área afetada pela espécie uma profundidade média de 0,90 cm, como comprovado nas coletas de amostra de água, já referendadas no método desse estudo. Levando em conta que a braquiária fixa suas raízes no fundo da lagoa, é plausível dizer que a quantidade a ser retirada ultrapassa consideravelmente àquele previsto pela equipe técnica.

O projeto prevê o acúmulo da braquiária retirada em locais próximos à lagoa como os indicados nas Imagens 15, 16 e 17 a seguir:

2O total do volume de braquiária a ser retirado é de 360.000 m³, já que são 120 hectares com

enraizamento médio de 0,30 cm” SOMBRIO, 2014.

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Imagem 15: área de depósito da braquiária retirada I.

Fonte: SOMBRIO, 2014.

Imagem16: área de depósito da braquiária retirada II.

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Imagem 17: área de depósito da braquiária retirada III.

Fonte: SOMBRIO, 2014.

No final do projeto é possível ver uma planilha de custo e prazos estipulados para a execução do projeto, mas não são pertinentes de análise neste trabalho.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

A Lagoa do Sombrio constitui a maior formação lagunar de água doce do sul de Santa Catarina (observe Imagem 18). O método adotado para este trabalho é o qualitativo e interpretativo. O levantamento bibliográfico utilizado segue o método qualitativo descrito por Minayo (1996) como o método capaz de incorporar aos dados e fatos estudados, certos significados e intencionalidade entendida como importantes construções do sujeito. O intuito de levar a cabo esse trabalho é identificar as ações antrópicas que têm causado incontáveis danos a essa formação hidrográfica.

Para que o estudo obtivesse maior credibilidade, foi realizada coletas de amostras d’água da Lagoa do Sombrio no perímetro pertencente ao município de sombrio (observe a Imagem 19), a fim de realizar análises de DBO e DQO. Para realizar as coletas foram utilizadas dez garrafas plásticas de 5 litros, 100 metros de fitilho plástico e uma trena de oito metros, um GPS Garmin MAP 78s, uma câmera fotográfica Canon PowerShot , uma canoa e varas de bambus.

O fitilho foi graduado a cada 10 metros e a partir da margem da lagoa foram feitas as coletas (ver Imagem 20). A cada ponto foi introduzido o bambu na água depois retirado e aferido a profundidade da Lagoa com a trena (ver Imagens 21, 22 e 23), após aferida a profundidade foi realizada coleta de amostra d’água com a garrafa de 5litros presa no fitilho e mergulhada com o auxílio do bambu, a profundidade de coleta foi sempre a metade da profundidade da lâmina d’água de cada ponto, aferida sempre com a trena (ver Imagem 24, 25 e 26).

Os seis primeiros pontos foram equidistantes de 10 metros, os três últimos foram mais distantes afim de verificar uma possível variação no resultado das análises. Todos os pontos foram georeferenciados.

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Imagem 18: Vista aérea da Lagoa e seu entorno.

Fonte: Google Earth, 2015

Imagem 19: Vista aérea da Lagoa pertencente ao município de Sombrio,

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Imagem 20: Fitilho graduado.

Fonte: Acervo do autor, 2015.

Imagem21: Medição profundidade da Lagoa.

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Imagem22: Medição da profundidade da Lagoa.

Fonte: Acervo do autor, 2015

Imagem 23: Aferição da profundidade da lagoa.

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Imagem 24: Coletando e aferindo profundidade.

Fonte: Acervo do autor, 2015.

Imagem 25: Coleta de amostra de água.

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Imagem 26: Coleta amostra de água.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos resultados das análises laboratoriais foi possível analisar os resultados tendo em vista os parâmetros determinados pelo CONAMA (2005). Os índices de DBO e DQO são usados para avaliar o teor de matéria orgânica na água, por meio do consumo de oxigênio, medido durante a análise. A DQO é a quantidade necessária para a oxidação da matéria orgânica de uma amostra de água por meio de um agente químico. A quantidade de matéria orgânica pode evidenciar a presença de esgotos, sejam eles domésticos ou industriais, em corpos d’água, como é o caso da nossa área de estudo.

A DBO é a quantidade de oxigênio consumido durante um período de tempo, numa temperatura específica. Segundo a resolução do CONAMA 357 de 2005, o limite da DBO para corpos da água como a Lagoa do Sombrio, é de até 3 mg/L, numa análise de 5 dias a uma temperatura de 20°C (DBO5,20).

Para as análises de DQO e DBO foram feitas 10 coletas de amostras de água com 5 litros cada. As coletas foram graduadas na seguinte sequência métrica: 10m, 20m, 30m, 40m, 50m, 60m, 70m, 130m, 170m e 201m conforme é possível verificar na Imagem 27. Os exames foram feitos no Iparque, Parque tecnológico e científico da UNESC, em Criciúma-SC e os mesmos estão anexos a esse trabalho.

A partir dos dados revelados pelos exames laboratoriais foi possível construir gráficos de comparação. O primeiro gráfico consiste numa relação entre DBO, DQO, profundidade e a distância da margem da lagoa.

Imagem 27: Pontos de coletas georreferenciados.

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Todos os resultados foram tabulados para uma melhor visualização e análise dos resultados. A seguinte tabela (Tabela 4) mostra os resultados das coletas de água:

Tabela 4: resultado das coletas

AMOSTRA Coordenadas mg/L DBO mg/L DQO margem (m) distância da Profundidade da Lagoa (m) Profundidade de coleta (m)

1 29° 07'45.59"S 1 36 10 0,95 0,45 49°38'18.96"O 2 29° 07'45.90"S <1 35 20 0,95 0,45 49°38'18.84"O 3 29° 07'46.17"S 2 31 30 1,02 0,51 49°38'18.73"O 4 29°07'46.42"S < 1 28 40 1,05 0,53 49°38'18.66"O 5 29° 07'46.85"S < 1 28 50 1,15 0,58 49°38'18.68"O 6 29°07'47.17"S 1 28 60 1,15 0,58 49°38'18.60"O 7 29° 07'47.49"S <1 26 70 1,20 0,60 49°38'18.58"O 8 29°0 7'49.32"S 1 25 130 1,15 0,58 49°38'19.28"O 9 29° 07'50.33"S 1 24 170 1,25 0,63 49°38'20.23"O 10 29° 07'50.62"S 1 20 201 1,30 0,65 49°38'21.30"O Fonte: elaborado pelo autor.

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O Gráfico 1, a seguir, mostra a compilação dos resultados versus a profundidade e a distância da margem da Lagoa.

Imagem 28 - Gráfico 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Gráfico 2 relaciona os dados de DBO e DQO com a profundidade da lagoa.

Imagem 29 - Gráfico 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Amostras

DBO/DQO x profundidade da Lagoa

DBO mg/L DQO mg/L Profundidade da Lagoa (m)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 DQO 1 0 2 0 0 1 0 1 1 1 DBO 36 35 31 28 28 28 26 25 24 20 Profundidade 0,95 0,95 1,02 1,05 1,15 1,15 1,2 1,15 1,25 1,3 distancia 10 20 30 40 50 60 70 130 170 201 0 50 100 150 200 250 0 5 10 15 20 25 30 35 40

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O Gráfico 3 relaciona os dados de DBO e DQO com a distância da margem. Imagem 30 - Gráfico 3

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Gráfico 4 relaciona os dados de profundidade da lagoa nos pontos de coleta, distância da margem nos pontos de coleta com o resultado da DQO.

Imagem 31 - Gráfico 4

Fonte: Elaborado pelo autor.

0 50 100 150 200 250 0 2 4 6 8 10 12 Di st ân cia d a m ar ge m Amostras

DQO x distância da margem/ profundidade da Lagoa

DQO mg/L distância da margem (m) Profundidade da Lagoa (m) 0 50 100 150 200 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Di st ân cia d a M ar ge m Amostra

DBO/DQO x Distância da Margem

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O Gráfico 5 relaciona os dados de profundidade da lagoa nos pontos de coleta, distância da margem nos pontos de coleta com o resultado da DBO

Imagem 32 - Gráfico 5

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.1 ANÁLISE CRÍTICA DO PROJETO DE REMOÇÃO DA BRAQUIÁRIA

O projeto de remoção da braquiária da lagoa do Sombrio aborda questões importantes no manejo com a lagoa e vamos analisar esses pontos à luz da engenharia ambiental.

O primeiro ponto que chama a atenção é a pretensão do projeto em retirar toda a população de braquiárias da parte da lagoa pertencente ao município de Sombrio. O projeto conclui que “há necessidade de remoção desta espécie da Lagoa, para que os impactos neste ecossistema possam ser minimizados e o mesmo encontre o seu equilíbrio natural” (SOMBRIO, 2014). Chama a atenção, primeiramente, porque conforme alguns estudos o principal fator de assoreamento da lagoa não é efetivamente a braquiária. A braquiária é efeito do assoreamento. O fator principal é a sedimentação acelerada pela ação do principal afluente, o Rio da Laje. A

dissertação de mestrado de Grasiele Raupp (2008) nos dá informações plausíveis a respeito da ação do afluente na sua foz.

Em segundo lugar chama a atenção o fato de que a população de braquiária não está localizada somente na parte pertencente ao município de Sombrio. Segundo o projeto: 0 50 100 150 200 250 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

DBO x distância da margem / profundidade da Lagoa

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“...no que compreende a área pertencente ao município de Sombrio, a Lagoa pede socorro, pois além do processo natural de eutrofização em lagoas, a mesma vem sofrendo intensamente com uma espécie de gramínea exótica e invasora, a Brachiária radicans, espécie esta já adaptada ao ambiente aquático, pois tem facilidade em se desenvolver em ambientes úmidos e com presença de matéria orgânica. Desta forma, a Lagoa do Sombrio e seus afluentes são um berço para a proliferação desta espécie. ” (SOMBRIO, 2014)

Em toda a margem da lagoa existe a presença desse vegetal. A simples retirada nos limites do município de Sombrio não resolveria o problema. Causaria apenas uma sensação passageira de resolução.

O terceiro ponto que nos chama a atenção é o fato de que nas margens próximas à foz do rio, a principal população vegetal não é a braquiária e sim o aguapé (Eichhornia crassipes) e a salvinia (salvinia molesta). Essa vegetação é abundante nessa área porque se alimenta de materiais orgânicos que chegam através dos rios afluentes. Essas espécies formam uma lâmina vegetal que impede a passagem do sol. Isso afeta diretamente a vida das espécies marinhas incidindo diretamente na oxigenação da água.

No que tange ao primeiro ponto é necessário salientar que o principal fator de desassoreamento da Lagoa do Sombrio é, sem dúvida, é a retirada dos bancos de areia formados às raízes das braquiárias. A simples retirada da vegetação não impede que ela volte a habitar esse sistema lagunar novamente. Somente a retirada dos bancos de areia possibilita um reequilíbrio ambiental em médio prazo. Para o total equilíbrio é preciso uma atividade de limpeza permanente.

Sobre a retirada de braquiária nos limites do município, o projeto não acena com a possibilidade de retirar a braquiária além dos limites. A braquiária é um tipo de vegetação que se caracteriza pela fácil adaptação a ambientes úmidos e alagadiços. Além desses fatores, suas folhas seguram pequenos sedimentos levados pelas correntes de ventos características dessa região. Esses sedimentos, ao tocar as folhas das braquiárias, precipitam e se depositam sob essa vegetação. Se a retirada dessa cultura não for feita na plenitude, o esforço terá sido em vão. São necessárias ações que acabem efetivamente com essa cultura.

Tendo em vista a grande população das espécies de aguapé e salvinia é necessário, por fim, a retirada também dessas vegetações na foz do Rio da Laje.

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Essas espécies causam sérios danos à oxigenação da água e às espécies de plantas aquáticas e a ictiofauna local.

Uma justificativa do projeto para a sua execução é o fato da sensível diminuição da lâmina d’água nos últimos tempos. A preocupação é válida à medida que um simples registro fotográfico nos permite perceber a grande defasagem ocorrida nos últimos anos (ver Imagem 28 e 29).

Imagem 33: Margens da Lagoa do Sombrio, próximas à antiga BR 101 (1964).

Fonte: http://aguape-apa.blogspot.com.br/2013/12/triste-comparacao-de-um-ecossistema.html. Acesso em maio de 2015.

Imagem 34: Margens da Lagoa do Sombrio, distante da rodovia BR 101 (2013).

Fonte: http://aguape-apa.blogspot.com.br/2013/12/triste-comparacao-de-um-ecossistema.html. Acesso em maio de 2015.

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6 CONCLUSÃO

Diante dos estudos analisados, das imagens analisadas e visitas feita ao local de estudo obtivemos maior clareza da problemática do assunto em torno do assoreamento da Lagoa do Sombrio.

A Lagoa, que já foi o maior corpo hídrico de água doce do estado de Santa Catarina, hoje vem perdendo espaço para a Braquiaria (brachiaria radicans), bem como outras espécies aquáticas e material sedimentar depositado em seu leito formando bancas de areia, as quais já é possível caminhar sobre eles.

Um dos maiores problemas, frente a todos os outros é a constatação de que o Rio da Lage, principal afluente da Lagoa do Sombrio, carrega muito material particulado e dejetos de esgoto urbano para a Lagoa, facilitando dessa forma a propagação de vegetação aquática diminuindo a demanda de oxigênio e facilitando a propagação de espécies aquáticas invasoras como é o caso da Braquiaria.

Outro ponto a ser considerado é a possibilidade de elevar o nível da lâmina d’água da Lagoa, conforme discutido, estudado, e analisado pela Empresa Junior de Engenharia Ambiental da Unisul, o qual resultaria em retornar ao mais próximo do original o nível da Lagoa.

Quando analisados os resultados das análises das amostras de água da Lagoa, onde foram gerados dados da DBO e DQO, pode-se observar a relação de que quanto maior a profundidade menor é o valor da DQO, o mesmo acontece para a DBO. Da mesma forma ocorre em relação a distância da margem da Lagoa, quanto mais distante da margem menores são os valores de DBO e DQO. Desta forma é possível constatar que quanto mais perto da foz do Rio da Lage mais insatisfatório são os resultados, devido a grande carga de sedimentos e esgotos, fazendo com que haja o aumento da massa vegetativa por plantas aquáticas.

No comparativo de imagens de satélite e fotografias atuais e antigas, pode-se constatar o tamanho da problemática no que se refere ao assoreamento da Lagoa do Sombrio, é visível e gritante o avanço do assoreamento bem com da ação antrópica como uso agropecuário as margens da Lagoa, extração de areias e urbanização no local de cheia da Lagoa.

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Nas imagens analisadas tem-se maior clareza do avanço da vegetação aquática e consequentemente do assoreamento, e a área de maior concentração dessa degradação ocorre dentro dos limites dos municípios de Sombrio e Balneário Gaivotas, no lado norte da Lagoa, justamente onde é a foz do Rio da Lage e onde encontra-se o canal que desagua a Lagoa do Caverá na Lagoa do Sombrio, canal este que é divisa entre os dois municípios a pouco citados.

Como já foi citado no decorrer deste trabalho, existe tramitando na Prefeitura Municipal de Sombrio, um projeto para a remoção da Braquiaria na Lagoa do Sombrio, dentro dos limites do Município, porém, é de se fazer algumas considerações sobre este projeto: Segundo os dados do projeto é uma área de aproximadamente 120 há e com uma vegetação enraizada de aproximadamente 30 cm, o que daria entorno de 360000 m³ de material a ser retirado, mas como a Braquiária já enraizou e consolidou uma banca de areia esse número é no mínimo três vezes maior. O projeto de remoção da Braquiaria por si só não resolve o problema da Lagoa, irá apenas passar uma falsa sensação de resolvido, mas é uma medida importante a ser tomada junta a tantas outras aqui citadas para que seja dada uma sobre vida à Lagoa do Sombrio.

A falta de um plano de gerenciamento costeiro da Lagoa permanente bem como um plano diretor nos municípios do entorno da Lagoa tem facilitado para estes abusos antrópicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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