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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia das Devesas e na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, EPE (Hospital Pedro Hispano)

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Farmácia das Devesas

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Carina Sofia Pereira Vieira | II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia das Devesas

março de 2018 a julho de 2018

Carina Sofia Pereira Vieira

Orientadora: Dra. Sónia Sousa

Tutor FFUP: Prof. Doutora Beatriz Quinaz

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Carina Sofia Pereira Vieira | III

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros

autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da

atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas,

de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e

auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 14 de setembro de 2018

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Carina Sofia Pereira Vieira | IV

Agradecimentos

Cinco anos passaram, e em primeiro lugar, quero agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por me ter ajudado a construir enquanto futura profissional de saúde e também enquanto pessoa, pois todas as experiências que vivenciei me ajudaram a crescer. O meu obrigado à Comissão de Estágios e em especial à minha tutora, Professora Doutora Beatriz Quinaz, por todo o acompanhamento.

Agradeço à Dra. Sónia Sousa, por me ter recebido tão bem na Farmácia das Devesas e por me fazer sentir parte integrante da equipa. Tudo aconteceu no momento certo, aprendi imenso e por isso, sei que saio do estágio com uma bagagem enorme que me vai permitir enfrentar o mundo muito melhor. À Dra. Sara Silva, por ter sido a pessoa que sempre estava lá para me ajudar quando precisava, que ouvia as minhas dúvidas, fazia mil e uma coisas ao mesmo tempo e mesmo assim continuava a ouvir-me. Não tenho mesmo palavras para agradecer o que fizeste por mim. Se aprendi muito também o devo em grande parte a ti. À Dra. Beatriz Santos, por ser aquele rosto conhecido que me recebeu no primeiro dia de estágio, sei que não teria sido a mesma coisa se não o tivesse partilhado contigo. Aprendi imenso contigo e adorava as nossas conversas aleatórias que surgiam do nada. À Cristina, que tinha sempre um sorriso nos lábios e que me mostrou que é preciso ter pulso firme para enfrentar a vida que nem sempre é um mar de rosas. É um exemplo e aprendi imenso consigo. À Deolinda, que me ajudava ao balcão naquelas situações em que achava que já não conseguia. À Dra. Ana Clara por me ajudar também quando precisava. São uma equipa incrível e adorei o meu estágio em parte também devido a todas vocês!

À Associação Cura+ e a todas as pessoas com quem tive e tenho a oportunidade de trabalhar durante os últimos dois anos. Foi um grande desafio, mas que a cada dia me deixa mais orgulhosa dos objetivos alcançados e daquilo que temos conseguido juntos, pois acreditamos que um gesto pode mudar uma vida.

Às minhas amigas e amigos por me darem forças para continuar e por me mostrarem que tudo é possível. Sem eles, não seria a mesma coisa. À minha família, e claro, em especial aos meus pais, por estarem sempre do meu lado, por me apoiarem sempre, nos momentos bons e nos menos bons, por me darem força e pelos conselhos. Eles sempre acreditaram em mim e sabiam que tudo é possível basta acreditar e trabalhar. À minha prima Paula, que decidiu seguir as pisadas da prima, por ser como uma irmã para mim, por me acompanhar desde sempre, por estar comigo e por me mostrar em todas as ocasiões o lado mais positivo da vida. Por último, mas não menos importante, um agradecimento especial ao meu namorado, Rui, por sempre me mostrar que tudo seria possível, pelo apoio e principalmente pela paciência.

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Carina Sofia Pereira Vieira | V

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Carina Sofia Pereira Vieira | VI

Resumo

Durante cinco anos de formação adquirimos as ferramentas necessárias para que possamos ser bem-sucedidos no futuro. Posteriormente temos à nossa espera um período de estágio que nos coloca à prova com casos reais, que muitas vezes nada tem haver com o que aprendemos nos livros. No entanto, é assim que aprendemos, com a realidade e com a prática.

Os farmacêuticos são um profissional essencial para a promoção e educação para a saúde da comunidade. São os profissionais de saúde mais acessíveis e aos quais a comunidade recorre quando tem um problema de saúde, pois sabem que os farmacêuticos têm as competências necessárias para tal. Com o estágio pude constatar bem esta realidade e perceber que os farmacêuticos ainda têm muito trabalho a fazer.

O meu estágio na Farmácia das Devesas teve a duração de quatro meses e meio, e neste relatório descrevo em duas partes o que foi a minha experiência, o que aprendi e o trabalho que desenvolvi ao longo deste período.

Na primeira parte do relatório está descrito todo o funcionamento da Farmácia Comunitária e mais especificamente da Farmácia das Devesas. São aspetos mais técnicos e de enquadramento legal, necessários ao funcionamento harmonioso de todas as farmácias. Para além disto, ao longo desta descrição fui tecendo opiniões pessoais de alguns dos temas, ou então aquilo que foi a realidade que observei e experiências que vivenciei.

Na segunda parte estão descritos os projetos que realizei durante o estágio. O primeiro projeto diz respeito à organização da Semana da Saúde, que acontece anualmente na farmácia, em que fiquei responsável pela dinamização e organização da mesma. Decidi desenvolver mais o tema da osteoporose, devido a ser uma doença que cada vez mais afeta a população, e que por se instalar de forma silenciosa, a comunidade acaba por não ter tanta noção desta realidade. O segundo projeto diz respeito aos Medicamentos Genéricos e à desmistificação de tudo o que envolve estes medicamentos. Durante o estágio compreendi que uma boa parte das pessoas já estava informada a este respeito, mas ainda havia relutância em adquirir estes medicamentos. Ao longo dos atendimentos ia falando um pouco com os utentes e explicando todo o conceito dos Medicamentos Genéricos e fiz um vídeo explicativo para divulgação acerca destes. Por último, o terceiro projeto diz respeito a estudo de caso de uma utente polimedicada que necessitava de ajuda na gestão da sua medicação. Desta forma tentei solucionar a sua situação através de um maior acompanhamento por parte da farmácia.

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Carina Sofia Pereira Vieira | VII

Índice

Abreviaturas ... X Índice de tabelas ... XII Índice de anexos ... XIII

Parte I... 1

1. Introdução e contextualização ... 1

2. Organização da farmácia ... 2

2.1 Propriedade, Direção Técnica e Recursos Humanos ... 2

2.2 Localização e horário ... 2

2.3 Organização do espaço exterior e interior... 2

2.4 Sistema informático ... 5

2.5 Sistema Kaizen ... 6

3. Fontes de informação ... 6

4. Gestão de stock – Encomendas e aprovisionamento ... 7

4.1 Fornecedores e aquisição de produtos ... 7

4.2 Rotação de stock e pontos de encomenda ... 7

4.3 Concretização, receção e conferência de encomendas e marcação de preços ... 8

4.4 Armazenamento e controlo de prazos de validade ... 9

4.5 Reservas e devoluções ... 9

4.6 Matérias-primas e reagentes ... 10

5. Dispensa de medicamentos e de outros produtos ... 10

5.1 Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica obrigatória ... 11

5.1.1 Receção da prescrição médica ... 11

5.1.2 Validação da prescrição médica... 12

5.1.3 Interpretação e avaliação farmacêutica ... 13

5.2 Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes ... 14

5.3 Regimes de comparticipação de medicamentos, sistemas de preços de referência e subsistemas de saúde ... 14

5.4 Faturação e receituário ... 15

5.5 Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica obrigatória e outros produtos de saúde 15 5.6 Aconselhamento e dispensa de outros produtos de saúde ... 16

6. Manipulados ... 17

7. Outros cuidados de saúde e serviços prestados na farmácia ... 17

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Carina Sofia Pereira Vieira | VIII

7.2 Administração de injetáveis e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação ... 19

7.3 Recolha de medicamentos através do VALORMED e de radiografias ... 19

7.4 Distribuição de medicação ao Centro de Dia Salvador do Mundo ... 19

7.5 Formação complementar ... 20

7.6 Ações promovidas pela Farmácia das Devesas ... 20

Parte II – Desenvolvimento dos projetos de estágio ... 20

1. Semana da Saúde ... 20

1.1 Segunda-feira (4 de junho): Dia da pele ... 21

1.1.1 Objetivos ... 21

1.1.2 Resultados ... 21

1.1.3 Discussão e conclusão ... 21

1.2 Terça-feira (5 de junho): Dia da vacinação ... 21

1.2.1 Objetivos ... 21

1.2.2 Resultados ... 21

1.2.3 Discussão e conclusão ... 22

1.3 Quarta-feira (6 de junho): Dia da saúde feminina ... 22

1.3.1 Objetivos ... 22

1.3.2 Resultados ... 22

1.3.3 Discussão e conclusão ... 22

1.4 Quinta-feira (7 de junho): Dia da osteoporose ... 23

1.4.1 Objetivos ... 23

1.4.2 Discussão e conclusão ... 23

1.5 Sexta-feira (8 de junho): Dia do pé ... 23

1.5.1 Objetivos ... 23

1.5.2 Discussão e conclusão ... 23

1.6 Sábado (9 de junho): Caminhada ... 23

1.7 Osteoporose ... 23

1.7.1 Contextualização ... 24

1.7.1.1 Patofisiologia ... 24

1.7.2 Fraturas osteoporóticas ... 25

1.7.3 Diagnóstico ... 25

1.7.3.1 Absorciometria Radiológica de Dupla Energia (DEXA) ... 26

1.7.3.2 Fracture Risk Assessment (FRAX) ... 26

1.7.4 Fatores de risco ... 27

1.7.5 Tratamento farmacológico ... 27

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Carina Sofia Pereira Vieira | IX

1.7.6 Prevenção ... 31

1.7.6.1 O papel do cálcio e da suplementação ... 31

1.7.6.2 O papel da vitamina D e da suplementação ... 31

1.7.6.3 Alimentação e suplementação ... 32

1.7.6.4 Prevenção das quedas ... 34

1.7.6.5 Exercício físico ... 34

1.8 Conclusão ... 34

2. Medicamentos Genéricos ... 35

2.1 Enquadramento ... 35

2.2 O que são Medicamentos Genéricos? ... 35

2.3 Introdução de Medicamentos Genéricos no Mercado ... 35

2.4 Discussão e conclusão ... 36

3. Polimedicação ... 37

3.1 Enquadramento ... 37

3.2 Adesão à terapêutica ... 37

3.2.1 Causas da não adesão à terapêutica... 37

3.2.2 Estratégias para melhorar a adesão à terapêutica ... 38

3.2.3 Avaliação da adesão à terapêutica ... 38

3.2.4 Caso de estudo ... 39

3.2.5 Discussão e conclusão ... 41

Conclusões ... 41

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Carina Sofia Pereira Vieira | X

Abreviaturas

ADSE Assistência na Doenças aos Servidores do Estado AIM Autorização de Introdução no Mercado

ANF Associação Nacional das Farmácias

AO Área Óssea

ARS Administração Regional de Saúde

AVC Acidente Vascular Cerebral

BPF Boas Práticas de Farmácia

CNP Código Nacional do Produto

CNPEM Código Nacional de Prescrição Eletrónica de Medicamentos COOPROFAR Cooperativa dos Proprietários de Farmácia

DCI Denominação Comum Internacional

DEXA Absorciometria Radiológica de Dupla Energia DGAE Direção Geral das Atividades Económicas

DL Decreto-Lei

DM Diabetes Mellitus

DMO Densidade Mineral Óssea

DT Diretora Técnica

EMA European Medicines Agency

FC Farmácia Comunitária

FD Farmácia das Devesas

FDA Food and Drug Administration

FE Farmacopeia Europeia

FEFO First Expire First Out

FGP Formulário Galénico Português

FIFO First In First Out

FP Farmacopeia Portuguesa

FPS Fator de Proteção Solar

FRAX Fracture Risk Assessment

FSA Faça Segundo a Arte

GH Grupo Homogéneo

IMC Índice de Massa Corporal

INFARMED I.P. Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P

INR International Normalized Ratio

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Carina Sofia Pereira Vieira | XI

MG Medicamento Genérico

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Exclusiva em Farmácia

MSRE Modulador Seletivo dos Recetores de Estrogénio MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

MUV Medicamentos de Uso Veterinário

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão Arterial

PIC Preço Inscrito na Cartonagem

PNV Plano Nacional de Vacinação

PT Prontuário Terapêutico

PTH Hormona da Paratiroide

PVP Preço de Venda ao Público

RANKL Receptor Activator of Nuclear Factor-KappaB Ligand

RCM Resumo das Características do Medicamento

RH Recursos Humanos

SAMS Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários

SI Sistema Informático

SNC Sistema Nervoso Central

SNS Serviço Nacional de Saúde

THS Terapêutica Hormonal de Substituição

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Carina Sofia Pereira Vieira | XII

Índice de tabelas

Tabela 1 – Atividades e tarefas desenvolvidas ao longo do estágio. ... 1 Tabela 2 - Recursos Humanos da Farmácia das Devesas. ... 2

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Carina Sofia Pereira Vieira | XIII

Índice de anexos

Anexo I – Espaço exterior e interior da farmácia. ... 48

Anexo II – Zona dos balcões de atendimento. ... 49

Anexo III – Zona de atendimento e exterior com PSBE. ... 50

Anexo IV – Zona de apoio ao atendimento. ... 51

Anexo V – Gabinete de atendimento personalizado. ... 52

Anexo VI – Móvel das escadas. ... 53

Anexo VII - Gabinete de podologia, fisioterapia e depilação. ... 53

Anexo VIII - Andar do meio – meias, fraldas, calçado ortopédico. ... 53

Anexo IX – Área destinada aos colaboradores... 54

Anexo X – Armazém. ... 54

Anexo XI – Laboratório. ... 55

Anexo XII – Quadro Kaizen. ... 56

Anexo XIII – Estados de saúde passíveis de automedicação. ... 57

Anexo XIV – Manipulado, solução alcoólica de minoxidil a 5%. ... 59

Anexo XV – Ficha de preparação da solução alcoólica de minoxidil a 5%... 60

Anexo XVI – Preparação individualizada da medicação. ... 61

Anexo XVII – Formações realizadas no período de estágio. ... 63

Anexo XVIII – Certificado de participação em formação da Uriage®. ... 64

Anexo XIX – Certificado de participação na formação Eucerin® DermoExpertise. ... 65

Anexo XX – Certificado de participação na formação “Parasitas externos dos animais de companhia”. ... 66

Anexo XXI – Certificado de participação na formação Nadiclox®. ... 67

Anexo XXII – Certificado de participação na formação Halibut®. ... 68

Anexo XXIII - Guião da apresentação dos cuidados a ter ao sol em parceria com a Uriage® ... 69

Anexo XXIV - Fotografias de uma das sessões de formação. ... 77

Anexo XXV - Concurso de desenhos dos alunos que receberam a formação dos Cuidados a ter ao Sol e a montra de exposição. ... 78

Anexo XXVI – Panfleto de divulgação da Semana da Saúde. ... 79

Anexo XXVII – Panfleto de divulgação da caminhada. ... 80

Anexo XXVIII - Equipamento utilizado no rastreio do tipo de pele e organização do espaço. ... 81

Anexo XXIX - Folheto sobre pele normal. ... 82

Anexo XXX – Folheto sobre pele oleosa. ... 83

Anexo XXXI – Folheto sobre pele seca. ... 84

Anexo XXXII – Folheto sobre a pele sensível. ... 85

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Carina Sofia Pereira Vieira | XIV

Anexo XXXIV - Organização do espaço no dia da vacinação e material de divulgação. ... 87

Anexo XXXV - Resultados do inquérito sobre vacinação e sarampo. ... 88

Anexo XXXVI - Folheto sobre mitos acerca da vacinação. ... 90

Anexo XXXVII - Organização do espaço do dia da saúde feminina. ... 92

Anexo XXXVIII – Folheto sobre higiene íntima e infeções vaginais. ... 93

Anexo XXXIX - Folheto sobre incontinência urinária... 94

Anexo XL - Folheto sobre a menopausa. ... 96

Anexo XLI - Resultados do inquérito sobre higiene íntima e infeções vaginais ... 97

Anexo XLII - Organização do espaço no dia da osteoporose e saquetas de VigantolETTEN® para um mês. ... 98

Anexo XLIII – Questionário fornecido pela BIAL® para determinação do risco de osteoporose. . 99

Anexo XLIV - Folheto sobre a osteoporose. ... 100

Anexo XLV - Apresentação sobre a osteoporose realizada no Centro de Dia Salvador do Mundo. ... 101

Anexo XLVI - Fotografias da formação ministrada no Centro de Dia Salvador do Mundo. ... 110

Anexo XLVII - Folheto sobre os cuidados a ter com os pés. ... 111

Anexo XLVIII - Classificação de osteoporose segundo a Organização Mundial de Saúde[30]. ... 112

Anexo XLIX - Biomarcadores ósseos. ... 112

Anexo L – Intervenção para a realização de FRAX. ... 112

Anexo LI – Fatores de risco para o desenvolvimento de osteoporose[30, 31, 34]. ... 113

Anexo LII - Algoritmo de diagnóstico e controlo da osteoporose pós-menopáusica. ... 113

Anexo LIII - Fármacos anti-osteoporóticos e redução de fraturas na osteoporose pós-menopáusica[38]... 114

Anexo LIV – Abordagem ao tratamento da osteoporose[33]. ... 114

Anexo LV – Tratamento dos diferentes tipos de osteoporose[38]. ... 115

Anexo LVI - Conteúdo das fontes naturais de cálcio e vitamina D[42]. ... 116

Anexo LVII – Intervenção relativamente às quedas. ... 117

Anexo LVIII - Dados necessários para pedido de AIM – medicamentos de referência e medicamentos genéricos[48] ... 118

Anexo LIX - Top 20 das DCI mais vendidas em 2013 por unidade dispensada[51] ... 118

Anexo LX - Vídeo sobre os Medicamentos Genéricos. ... 119

Anexo LXI - Motivos da não adesão à terapêutica[56]. ... 126

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Carina Sofia Pereira Vieira | 1

Parte I

1. Introdução e contextualização

É maioritariamente à Farmácia Comunitária (FC) que o cidadão recorre quando tem algum problema de saúde menor ou pretende aconselhamento em questões de saúde. Aqui pode encontrar um profissional de saúde habilitado e capaz de esclarecer todas as dúvidas. São características da FC a proximidade com o utente e a disponibilidade demonstrada, construindo uma relação de confiança ao longo dos tempos. No entanto, devido à conjetura da sociedade atual, as FC viram-se obrigadas a inovar, a procurar novas formas de chegar à população, e a mostrar todas as outras valências dos farmacêuticos, como por exemplo os cuidados farmacêuticos, promoção e educação para a saúde, aconselhamento, ou seja, uma otimização da atuação farmacêutica centrada no doente[1]. Desta forma, o relatório que se segue diz respeito ao meu estágio na Farmácia das Devesas (FD) e as atividades desenvolvidas estão descritas na tabela 1.

Tabela 1 – Atividades e tarefas desenvolvidas ao longo do estágio.

Atividades e tarefas

Meses de estágio

março abril maio junho julho Receção, conferência de encomendas

Armazenamento da medicação Organização do espaço Medição de parâmetros bioquímicos

Preparação de manipulados Verificação da faturação Observação de atendimentos Atendimento ao balcão com supervisão

Atendimento ao balcão autónomo Preparação dos projetos Desenvolvimento dos projetos

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Carina Sofia Pereira Vieira | 2 2. Organização da farmácia

2.1 Propriedade, Direção Técnica e Recursos Humanos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, a Direção Técnica deve ser realizada exclusivamente por um farmacêutico. Pode haver ou não separação de cargos relativamente à propriedade da farmácia e à sua titularidade. A Diretora Técnica (DT) deve zelar pelo uso racional do medicamento, pela qualidade, segurança e eficácia dos serviços cedidos aos doentes. Dos Recursos Humanos (RH) da farmácia devem fazer parte pelos menos dois farmacêuticos[2], sendo isto o que acontece na FD. Para além disto, os farmacêuticos, técnicos de farmácia e outros colaboradores devem estar corretamente identificados pelo cartão de identificação e título profissional[3]. Desta forma, na tabela 2, estão representados os recursos humanos da farmácia.

Tabela 2 - Recursos Humanos da Farmácia das Devesas.

Propriedade Dra. Irene dos Santos Silva Pereira de Sousa Direção Técnica Dra. Sónia Maria S. Pereira de Sousa

Farmacêutica Dra. Sara Raquel Silva Leite Farmacêutica Dra. Beatriz Oliveira Santos Farmacêutica Substituta Dra. Ana Clara Rebêlo

Técnica de Farmácia Ana Cristina Teixeira Pinho Técnica de Farmácia Deolinda Maria Barata Técnica Auxiliar de Farmácia Kátia Maria Compota

Auxiliar de limpeza Maria de Fátima Oliveira

2.2 Localização e horário

A FD encontra-se na Rua Barão do Corvo nº918, no concelho de Vila Nova de Gaia, relativamente perto do centro. A farmácia faz parte de um meio bastante movimentado, na proximidade do Centro de Saúde de Barão do Corvo, de uma escola primária, clínicas médicas e de uma rede de transporte de autocarros e comboios. Desta forma, é uma farmácia com bastante movimento, mas que apresenta clientes fiéis, em grande parte idosos, na medida em que já frequentam a farmácia há vários anos, com a qual estabeleceram uma relação de confiança. A farmácia está ao dispor de segunda a sexta-feira das 9h às 20h, e ao sábado das 9h às 13h. Quando a farmácia efetua o serviço permanente, de 20 em 20 dias, está aberta vinte e quatro horas.

2.3 Organização do espaço exterior e interior

Relativamente ao espaço exterior da farmácia (Anexo I), encontra-se num espaço habitacional, ao nível da rua, acessível aos doentes, sendo assegurada a acessibilidade a todos os clientes como crianças, pessoas com deficiência, com dificuldades de locomoção e idosos[3]. Por outro lado, as farmácias têm como dever, a divulgação de informação importante sobre a farmácia e

(17)

Carina Sofia Pereira Vieira | 3 a sua relação com os utentes, como o nome do DT, propriedade, horário de funcionamento, farmácias de serviço permanente, descontos e os serviços farmacêuticos que prestam. Na fachada da farmácia está presente a conhecida “cruz verde” luminosa[2, 3]. Existe uma montra relativamente grande, que é regulamente modificada tendo que conta a época do ano, os produtos que mais saem nessa época, ou então outras informações relativas a serviços e atividades da farmácia.

De acordo com as Boas Práticas de Farmácia, “o espaço interior da farmácia deve ser

profissional permitindo a comunicação eficaz com os utentes”, mas também garantir que o

atendimento é feito com a maior privacidade (Anexo II), e que os medicamentos estão conservados e devidamente seguros. Na FD existe um circuito de videovigilância e de alarme, um televisor para divulgar atividades e outras informações, e um extintor de incêndio. Relativamente às divisões obrigatórias em farmácia, a FD tem uma zona de atendimento ao público, armazém, laboratório e sanitários, bem como uma sala de atendimento personalizado[2, 3]. Apresenta outras zonas opcionais, como uma zona de apoio ao atendimento, um gabinete da Direção Técnica, outro para a gestão, e outro para a contabilidade, bem como uma zona de atendimento a serviços de podologia, fisioterapia e uma zona de descanso.

A FD apresenta três pisos, sendo que no piso 0 é possível encontrar:

• Zona de atendimento ao público: sendo esta a zona a que os utentes têm contacto, deve ser bem organizada e confortável, para que o utente se sinta bem acolhido. Nesta zona encontram-se produtos de higiene oral, suplementos alimentares, produtos de dermocosmética e de higiene corporal, produtos de uso veterinário, produtos de puericultura, dispositivos médicos e perfumes. A forma como estes produtos estão expostos depende da altura do ano, e daquilo que realmente interessa vender em determinada época. À entrada da farmácia existe uma máquina de emissão de senhas, associado a um sistema informático, onde se pode retirar uma senha de “Atendimento Geral” (Senha A), “Atendimento Prioritário” (Senha B), tendo em conta o DL nº.58/2016[4], e “Levantamento de Produtos Pagos” (Senha C) que permite apenas levantar medicamentos que já tenham sido pagos ou encomendados. Na zona de espera da farmácia é possível encontrar uma balança digital que determina o peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC). A farmácia dispõe de quatro balcões de atendimento, com organização tal que garante a privacidade dos utentes. Cada um possui um computador, leitor de código de barras, impressora e terminal de multibanco. Na parte de trás do balcão existem lineares onde estão expostos Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), e na parte inferior existe um armário com diversas gavetas, onde os produtos estão organizados segundo uma lógica específica, existindo medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos, antigripais, laxantes, entre outros produtos de saúde como seringas, compressas, coletores de urinas, pensos e álcool (Anexo III).

Tive a oportunidade de organizar o espaço da farmácia, tanto a zona de espera como os lineares que se encontram atrás do balcão. Muitas das vezes, a organização estava relacionada com

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Carina Sofia Pereira Vieira | 4

a sazonalidade dos produtos, como por exemplo os protetores solares. Por outro lado, o armazenamento dos produtos faz-se segundo o método FEFO “First Expire First Out”, para que os produtos que têm um prazo de validade mais curto sejam dispensados primeiro. Toda a reposição dos produtos se faz segundo este método. Com este trabalho pude conhecer melhor os produtos da farmácia, o seu local de armazenamento, características próprias dos mesmos. Isto foi muito importante no momento do aconselhamento e atendimento.

• Área de apoio ao atendimento (Anexo IV): esta é uma zona de stock ativo, atrás da zona de atendimento. É constituída por dois armários com gavetas deslizantes, organizadas por ordem alfabética, sendo que um diz respeito ao armazenamento dos medicamentos de marca, nas gavetas superiores, e nas inferiores estão armazenados medicamentos de maior volume, tanto de marca como Medicamentos Genéricos (MG). Para além disto, o referido armário tem gavetas destinadas a Medicamentos de Uso Veterinário (MUV), contracetivos de marca e genéricos, vitaminas, produtos como tiras e lancetas do protocolo da Diabetes Mellitus (DM) e vitaminas. O outro armário está destinado aos MG, que estão organizados segundo a Designação Comum Internacional (DCI) e a respetiva dosagem. Existe um frigorífico para o armazenamento de medicação que necessite de temperaturas entre 2º e 8ºC, como é o caso de insulina, colírios e vacinas. A temperatura e a humidade relativa são registadas por um termohigrómetro digital.

Esta também é a zona onde se fazem os pedidos, receção das encomendas e devoluções aos fornecedores quando necessário. Para isto existe um computador, leitor de código de barras e uma máquina de marcação de preços. Como está na zona de apoio ao atendimento, é mais fácil para depois se proceder ao seu armazenamento.

• Gabinete de atendimento personalizado (Anexo V): este é um gabinete que se encontra próximo da zona de atendimento e trata-se de um espaço mais reservado, para que o utente se sinta mais à vontade, sem interrupções, com menor probabilidade da conversa ser ouvida por outras pessoas e para que haja um ambiente mais confidencial para a prática de um melhor aconselhamento farmacêutico[3]. É também onde se determinam os parâmetros bioquímicos, como é o caso da pressão arterial, triglicerídeos, colesterol total e glicémia, pois é neste local que se encontra todo o material necessário para a sua realização. Como dispõe de uma marquesa é neste local onde se administram injetáveis e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (PNV).

• Instalações sanitárias

• Móvel das Escadas (Anexo VI): aqui é possível encontrar produtos destinados a primeiros socorros e outras necessidades básicas.

No piso -1 é possível encontrar:

• Gabinete da Direção Técnica: este é o local onde a DT exerce as funções de administração da farmácia.

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Carina Sofia Pereira Vieira | 5 • Gabinete do Gestor da Farmácia: neste espaço também se realizam rastreios (rastreios

auditivos), bem como as consultas de nutrição.

• Gabinete de podologia, fisioterapia e depilação (Anexo VII): neste gabinete realizam-se consultas de podologia, fisioterapia e depilação a laser de díodo.

• Armazenamento de produtos (Anexo VIII): neste andar encontram-se produtos como meias, fraldas, calçado ortopédico.

No piso -2 encontra-se: • Área de descanso

• Área destinada aos colaboradores da FD (Anexo IX) • Gabinete do contabilista da FD

• Armazém (Anexo X): neste espaço são armazenados os medicamentos que estão em excesso, bem como outros produtos farmacêuticos. Estão organizados por zona: zona de produtos de dermocosmética e higiene corporal, produtos de puericultura, zona de medicamentos de marca e MG (organizados por ordem alfabética), e outros produtos de venda livre. É onde estão armazenados os reagentes e as matérias primas necessárias para a produção de medicamentos manipulados, bem como preparações extemporâneas. Esta zona tem uma temperatura controlada entre 15 a 25ºC e uma humidade relativa entre 40 e 60%[3], medida por um termohigrómetro digital devidamente calibrado.

• Laboratório (Anexo XI): nesta zona é possível preparar medicamentos manipulados e outras preparações extemporâneas. Deve ser um local bem ventilado, iluminado, com temperatura e humidade controladas, e as superfícies de fácil limpeza[3, 5]. Para além disto, existem dossiers para arquivar “Boletins Analíticos”, “Fichas de preparação de medicamentos manipulados”, “Fichas de segurança das Matérias-Primas”, “Registos de Calibração dos Aparelhos de Medição” e “Registos de Movimento das Matérias-Primas”. Existem outras fontes de informação como o Formulário Galénico Português (FGP),

Martindale, Farmacopeia Portuguesa 9.0 (FP 9) e o Prontuário Terapêutico 11[3, 5]. 2.4 Sistema informático

O sistema informático (SI) utilizado pela FD é o Sifarma®2000 desenvolvido pela Glintt®,

Global Intelligent Technologies HealthCare Solutions S.A. que pertence à Associação Nacional das

Farmácias (ANF) para facilitar o atendimento e a gestão da FC. A maior parte das tarefas são realizadas através do SI. É possível fazer encomendas através deste, bem como a sua receção, devoluções e controlo de prazos de validade. É fundamental para a gestão de stocks, pela consulta de

stocks mínimos e máximos, que tendo em conta a saída do medicamento ou produto propõe a

quantidade de produto a encomendar. Em termos de faturação é possível fazer a gestão do receituário e fazer a respetiva regularização. Na dispensa de medicação é possível compreender a importância deste sistema, pois permite consultar a informação científica de um produto, ou seja, as indicações

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Carina Sofia Pereira Vieira | 6 terapêuticas, interações, posologia, contraindicações e reações adversas. Cada colaborador da farmácia tem um código de utilizador e uma palavra-passe própria para que todas as movimentações fiquem registadas no respetivo código. O meu código era o código E2. A FD tem oito computadores com o SI, em que quatro deles se encontram na zona de atendimento ao público, dois na área de receção de encomendas, e para consulta de informação aquando do atendimento. Os restantes três estão distribuídos pelos restantes gabinetes, de direção técnica, gestão e contabilidade.

Existe um novo SI, o Sifarma®2017, que tem uma apresentação mais moderna e mais intuitiva, no entanto ainda não apresenta todas as funcionalidades do Sifarma®2000, nomeadamente o acompanhamento farmacoterapêutico através das fichas de cliente. Desta forma, o Sifarma®2017 só é utilizado quando o utente não apresenta ficha de cliente.

Durante o estágio pude trabalhar e compreender as diferentes funcionalidades do Sifarma®2000 e a sua importância para o funcionamento da farmácia.

2.5 Sistema Kaizen

A FD segue a metodologia Kaizen para uma melhor gestão dos recursos e medicamentos.

Kaizen é um termo japonês que deriva de Kai, que significa mudar e de Zen, que significa melhor.

Assim Kaizen é uma metodologia que permite “Mudar para melhor”, sempre em melhoria contínua, uma vez que os resultados obtidos no final advêm de mudanças mais pequenas que se realizaram ao longo do tempo. Existe também o conceito de Lean, que tem por base definir objetivos para reduzir ou eliminar desperdícios, focando-se nas atividades da empresa e acrescentando valor para o consumidor. Desta forma, Lean pode ser definido como objetivo para o não desperdício, e Kaizen o método para alcançar esse objetivo[6]. A metodologia Kaizen no setor da saúde prende-se em diminuir os desperdícios, aumentar a eficiência, diminuir erros e melhorar a organização. Assim, todas as atividades têm o doente como foco de modo a otimizar todo o circuito[7]. O objetivo é criar valor, mapear todos os processos, criar fluxos para minimizar distâncias, ter o menor desperdício possível, e melhorar continuamente[6]. Na FD existe um Quadro Kaizen de forma a monitorizar todos os parâmetros de eficiência da farmácia e para estabelecer objetivos de melhoria (Anexo XII).

Tive a oportunidade de assistir a três visitas dos consultores que aplicam esta metodologia na FD, e percebi que é uma ótima forma de rentabilizar os recursos disponíveis, minimizar o desperdício, através de um plano de ação idealizado de acordo com as necessidades da farmácia. Participei neste sentido, na realização de publicações nas redes sociais, de forma a impulsionar o marketing digital da farmácia.

3. Fontes de informação

Para a prática farmacêutica existem diversas fontes de informação, que podem ser consultadas quando necessário. Aquando da cedência dos medicamentos o farmacêutico deve ter acesso a fontes de informação sobre indicações, posologia, interações, contraindicações, entre outras informações. Assim, algumas fontes de informação são consideradas de acesso obrigatório na altura da dispensa de medicamentos, como é o caso do Prontuário Terapêutico (PT) e o Resumo das

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Carina Sofia Pereira Vieira | 7 Características do Medicamento (RCM). Para além disto existem outras fontes de informação adicionais como é o caso do Formulário Galénico Português, Índice Nacional Terapêutico,

Simposium Terapêutico e Veterinário, Martindale the Extra Pharmacopeia, British National Formulary, Epocrates online[3]. A FD dispõe de livros de farmácia, e pode consultar informação

online, no site do INFARMED I.P. (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.)

para consulta do Infomed, Legislação Compilada ou o Prontuário Terapêutico Online. Existem também outros sites a nível internacional, como o da European Medicines Agency (EMA), Organização Mundial de Saúde (OMS), e Drugs.com.

Tive oportunidade de recorrer às diferentes fontes de informação durante o estágio de forma a relembrar conceitos já adquiridos, a consolidar conhecimentos, mas também de forma a tirar dúvidas aquando de um atendimento.

4. Gestão de stock – Encomendas e aprovisionamento

A farmácia, como local de aquisição de medicamentos e outros produtos de saúde, tem de ter sempre disponíveis esses mesmos produtos. Como tal, é necessário fazer a gestão de todo o stock, por forma a garantir a satisfação da procura por parte dos utentes. Por outro lado, uma boa gestão evita rutura de stocks, mas também acumulação de produtos.

4.1 Fornecedores e aquisição de produtos

Na FD as encomendas são realizadas por duas vias, ou seja, diretamente aos laboratórios ou aos armazenistas. As encomendas feitas diretamente aos laboratórios são feitas por meio de Delegados de Informação Médica, através de notas de encomenda. Assim é possível obter uma maior quantidade de produtos, bem como descontos ou bonificações. Os laboratórios em questão são o Grupo Teva (Ratiopharm, Teva e Mepha), Alter®S.A., Generis® Farmacêutica S.A., Pfizer®, Novartis®, Vichy® e Uriage®. As encomendas feitas aos armazenistas são mais rápidas, podendo ser diárias ou instantâneas e são encomendadas menores quantidades de produtos. Os fornecedores com os quais a FD trabalha são a Alliance Healthcare® e a Cooprofar® (Cooperativa dos Proprietários de Farmácia). Os custos associados a esta forma de aquisição podem ser superiores, no entanto, cada farmácia tem de estabelecer os critérios para a seleção dos mesmos, tendo em conta diferentes parâmetros como o preço, condições de pagamento, descontos ou bonificações, pontualidade e periodicidade da entrega da encomenda, o estado de conservação, variedade de produtos, a facilidade de efetuar devoluções e a satisfação dos pedidos. Para além disto, a FD pertence a um grupo de quinze farmácias, que quando compram produtos em conjunto, beneficiam de melhores condições e preços. Assim, os produtos estão numa plataforma da Alliance Healthcare®, através da qual a farmácia pode adquirir os produtos e recebê-los através de encomendas diárias.

4.2 Rotação de stock e pontos de encomenda

Para uma melhor gestão dos stocks e realização de encomendas é necessário estabelecer os

stocks máximos e mínimos, por forma a obter uma quantidade de produtos ideal para stock. Assim,

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Carina Sofia Pereira Vieira | 8 vendas de determinado produto por mês e a quantidade em stock, para encomendar o que é efetivamente necessário.

4.3 Concretização, receção e conferência de encomendas e marcação de preços

Para a realização da encomenda, o SI gera uma encomenda diária com os produtos que estão abaixo do stock estabelecido. No entanto, essa mesma encomenda tem de ser analisada por um colaborador com experiência, para que possa analisar a encomenda gerada e adaptar às necessidades da farmácia, tendo em conta os stocks mínimos e máximos e as vendas por mês. Depois é necessário validar e efetuar a encomenda ao fornecedor. As encomendas diárias são pedidas duas vezes por dia aos dois fornecedores via farmalink (um sistema de comunicação de dados). Por outro lado, quando um utente solicita um medicamento ou produto que está indisponível é possível realizar uma encomenda instantânea, através do SI ou via telefónica, sendo depois possível informar o utente sobre quando o produto já está na farmácia. A FD é um cliente “Platina” da Alliance Healthcare ®, o que permite a realização de duas encomendas diárias para a manutenção dos níveis de stock. Para além disso, existem medicamentos denominados “Rateados” que são medicamentos com disponibilidade reduzida, e encomendas “Via Verde” para que haja acesso a medicamentos críticos e com disponibilidade reduzida[8]. As encomendas vêm acompanhadas de uma fatura, original e duplicado, e é necessário verificar se os produtos se encontram íntegros e nas quantidades corretas. Para dar entrada dos produtos no sistema, é necessário aceder à Receção de encomendas, selecionar a encomenda que se pretende rececionar e de seguida colocar o número da respetiva fatura. Faz-se a leitura ótica com o leitor de código de barras, ou de forma manual pelo Código Nacional do Produto (CNP). Verifica-se o prazo de validade, sendo que não se altera nada no sistema se o prazo de validade na caixa for superior ao indicado no SI, caso contrário é necessário proceder à alteração. Aquando da receção é necessário estar atento se na coluna de situação aparece um “R”, pois significa que o produto em questão foi reservado. A reserva pode já estar paga, havendo stock negativo ou não. Por outro lado, se o produto não apresentar Preço Inscrito na Cartonagem (PIC), é necessário separar, para imprimir uma etiqueta com preço. De seguida, é necessário organizar a lista por ordem alfabética, ter em atenção as margens dos produtos, se existem observações associadas a estes, e acertar os preços de custo, de acordo com o que vem descrito na fatura. No final tem de se verificar se o preço final da fatura foi igual ao obtido no sistema para encerrar a receção. Se existirem produtos que não foram recebidos, mas que foram encomendados, é necessário transferir para outro fornecedor para não haver ruturas de stock. Se existirem benzodiazepinas, psicotrópicos ou estupefacientes na encomenda, é necessário a gravação do número da requisição no final da receção da encomenda. No fim deste processo, colocam-se os produtos nos locais adequados.

Ao longo do estágio pude observar de que forma se realizam as encomendas diárias. Desde a primeira semana que fui recebendo encomendas, e apercebendo-me dos medicamentos com mais saída na farmácia e associando o DCI com o nome comercial. Para além disto, quando comecei o atendimento ao público pude realizar encomendas instantâneas quando não havia o produto na

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Carina Sofia Pereira Vieira | 9

farmácia, tendo sempre em atenção o preço de custo à farmácia para escolher o fornecedor que apresentava o preço mais acessível. Realizei também encomendas pelo telefone diretamente com o fornecedor, quando não era possível fazer a encomenda através do SI.

Em relação à marcação dos preços, é obrigatório que na rotulagem dos medicamentos esteja presente o Preço de Venda ao Público (PVP) através de um carimbo, etiqueta ou impressão. Os produtos sem PVP são os MNSRM não comparticipados, produtos de dermocosmética, MUV, dispositivos médicos e produtos de puericultura. Por isso, nesta situação o PVP é definido automaticamente pelo SI, pela relação entre o preço de venda à farmácia e a margem de lucro.

4.4 Armazenamento e controlo de prazos de validade

De acordo com as BPF, as condições ótimas para uma boa conservação dos medicamentos e outros produtos deve estar garantida, bem como as condições particulares quando os produtos requerem conservação no frio[3]. Após a receção das encomendas segue-se o armazenamento, que deve seguir a regra FEFO, de forma a que o escoamento dos produtos em stock se faça de forma mais organizada, e que os produtos com menor prazo de validade saiam em primeiro lugar. Se o produto não possuir prazo de validade deve seguir-se a regra FIFO “first in, first out”. Os medicamentos que necessitam de frio como vacinas, insulinas ou colírios, devem ser armazenados entre 2 e 8ºC no frigorífico. Os restantes medicamentos devem estar à temperatura ambiente, inferior a 25ºC, humidade inferior a 60%, com a luminosidade e ventilação adequadas[3, 9]. Os estupefacientes e/ou psicotrópicos são armazenados numa gaveta específica fora do alcance dos utentes. Os produtos de venda livre como os dispositivos médicos, produtos de dermocosmética e higiene corporal e suplementos alimentares, são colocados em zonas da farmácia com maior exposição de forma a chamar a atenção do utente. É realizado também um controlo mensal dos prazos de validade através de uma lista com os produtos com validade até aos próximos dois meses. É necessário confirmar se o prazo de validade do produto é igual ao que está descrito na lista. Se for o caso, é necessário separar esses produtos e efetuar a devolução ao fornecedor respetivo. Se o prazo de validade for diferente tem de se corrigir no SI.

Desde o primeiro dia de estágio que efetuava o armazenamento dos medicamentos e outros produtos nos seus respetivos locais. Com isto fui associando o DCI com o nome comercial dos produtos, bem como o seu local de armazenamento na farmácia.

4.5 Reservas e devoluções

Existem produtos que não se encontram no stock da farmácia, pois não são normalmente requisitados pelos utentes da farmácia ou ocorreu rutura de stock. No entanto, através do SI é possível efetuar uma reserva do produto. Esta fica associada ao nome do utente, e este pode optar por pagar no momento (Reserva Paga), ou então na altura em que vier levantar o produto (Reserva Não Paga). Esta informação fica registada no talão duplicado emitido pela farmácia, em que um fica com o utente e o outro na farmácia para se colocar junto do produto quando este for rececionado. Para levantar o

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Carina Sofia Pereira Vieira | 10 produto reservado, o utente tem de retirar a “Senha C”, que diz respeito ao “Levantamento de Produtos Pagos” e o colaborador tem de verificar no SI o estado da reserva.

Durante o estágio pude compreender como se realiza todo este processo, indo desde o anexo do talão aos produtos reservados, pagos ou não pagos, bem como finalizar a reserva no SI.

Em relação a devoluções, estas são realizadas quando após a realização da encomenda, se verifica que o produto não foi encomendado, quando a embalagem está danificada, a quantidade recebida é maior que a encomendada, os produtos têm prazo de validade a chegar ao final, o lote foi retirado do mercado, ou então houve suspensão da comercialização por parte do INFARMED. As devoluções são realizadas informaticamente, e é necessário indicar qual o armazenista, o produto a devolver, a causa da devolução, a quantidade e o número da fatura associada. É emitida uma nota de devolução em triplicado, sendo que a terceira via fica na farmácia, e as restantes são assinadas, carimbadas e juntas com o produto que se pretende devolver. Os fornecedores podem ou não aceitar a devolução. Se aceitarem, enviam outro produto e emitem uma nota de crédito. Se não aceitarem, o produto é de novo devolvido à farmácia, colocado no VALORMED e denominado uma quebra contabilística. Por outro lado, as devoluções de psicotrópicos e estupefacientes são feitas separadamente dos outros produtos.

No decorrer do estágio pude presenciar a realização de devoluções e a posterior regularização.

4.6 Matérias-primas e reagentes

Para a produção de medicamentos manipulados e preparações extemporâneas são necessárias matérias-primas e reagentes próprios. Estes produtos são encomendados da mesma forma que os outros produtos e são armazenados num local reservado. A encomenda destes produtos vem acompanhada da cópia da fatura, rótulo com nome da substância, nome do fornecedor, número do boletim de análise, data de receção da encomenda, condições de armazenamento, precauções de uso e prazo de validade[5].

5. Dispensa de medicamentos e de outros produtos

Segundo as BPF 2009, a dispensa de medicamentos é um ato profissional, praticado por um farmacêutico, em que este cede medicamentos ou outras substâncias perante uma prescrição médica, por indicação farmacêutica, ou em regime de automedicação. Só o farmacêutico pode ceder toda a informação ao utente para o uso responsável do medicamento e outros produtos de saúde[3]. O farmacêutico é o último profissional de saúde que contacta com o utente e assim o seu papel reveste-se de grande importância, pois tem de esclarecer todas as dúvidas e prestar o aconreveste-selhamento mais completo possível, tanto a nível verbal, como escrito, para que o uso do medicamento seja feito com a maior segurança, qualidade e se obtenha a maior eficácia.

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Carina Sofia Pereira Vieira | 11 5.1 Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica obrigatória

5.1.1 Receção da prescrição médica

Segundo o Estatuto do Medicamento publicado no DL nº.176/2006 de 30 de agosto, são considerados Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), os que preencham uma das condições seguintes: “a) Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente,

mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

b) Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com

frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; c) Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; d) Destinem-se a ser administrados por via parentérica[10].”

Para a dispensa de um MSRM, que é responsabilidade das farmácias, é necessária uma receita médica que tem de incluir obrigatoriamente a DCI da substância ativa, a forma farmacêutica, dosagem, apresentação e posologia. Por outro lado, a receita médica pode indicar o nome comercial, marca, ou indicação do titular da Autorização de Introdução no Mercado (AIM)[3, 11]. O farmacêutico deve informar o utente que pode optar por um medicamento com a mesma substância ativa, dosagem, forma farmacêutica e apresentação, mas com um preço mais baixo. Assim o doente pode escolher entre qualquer um dos medicamentos que possuam a mesma DCI da substância ativa, forma farmacêutica e dosagem da receita médica. No entanto, o médico que prescreve pode restringir o direito de opção do utente pelas exceções[11]:

• Exceção a) art.6º: prescrição de um medicamento com margem terapêutica estreita, de acordo com a informação cedida pelo INFARMED;

• Exceção b) art.6º: suspeita reportada ao INFARMED de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas com outra denominação comercial; • Exceção c) art.6º: prescrição de um medicamento destinado a assegurar a continuidade de

um tratamento com duração estimada superior a 28 dias.

Nas exceções a) e b), o utente não tem direito de escolha, mas na exceção c) o utente pode exercer direito de escolha se pretender um medicamento de preço inferior ao do medicamento prescrito[11]. Para além disto, as farmácias devem possuir no mínimo três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os cinco mais baratos de cada grupo homogéneo, exceto se o utente optar por outro medicamento[11].

Atualmente a prescrição de medicamentos é feita de forma eletrónica, sendo que só se utilizam as receitas manuais quando há falência do SI, prescrição ao domicílio, inadaptação do prescritor devidamente justificada, ou outras situações até um máximo de 40 receitas por mês[12, 13]. As prescrições médicas podem ser receitas manuais, receitas eletrónicas materializadas (receita em papel) ou receitas eletrónicas desmaterializadas (receita sem papel). Em relação a receitas em papel, podem prescrever até quatro medicamentos ou produtos de saúde diferentes, em receitas distintas, não podendo o número de embalagem receitadas ultrapassar o limite de duas por medicamento ou

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Carina Sofia Pereira Vieira | 12 produto, nem o total de quatro embalagens. No caso de receita sem papel, podem ser prescritos, mas em linhas de prescrição diferentes, distintos medicamentos e produtos de saúde, na medida em que cada linha de prescrição só pode ser referente a um produto ou medicamento, até um máximo de duas embalagens cada. No entanto, pode prescrever-se numa receita até quatro embalagens do mesmo medicamento se estes estiverem na forma de embalagem unitária. As receitas em papel e manuais, tal como cada linha da receita eletrónica é valida por 30 dias (1ª via). A receita em papel pode ter até três vias (1ª, 2ª e 3ª vias) até um prazo de seis meses. As receitas sem papel têm o prazo de 6 meses, no caso de existirem embalagens por receita. Por outro lado, na dispensa de psicotrópicos/estupefacientes é necessário guardar toda a documentação associada, bem como fazer o registo informático do utente, da pessoa que levanta a medicação, identificação da prescrição, da farmácia, do medicamento e a data em que foi dispensado[13].

A maior parte das receitas com as quais tive contacto foram as receitas eletrónicas materializadas e desmaterializadas. Apesar de alguma dificuldade sentida pelas pessoas de mais idade, a utilização das receitas eletrónicas veio facilitar em muito a dispensa aquando de um atendimento. Nas receitas manuais, o que notava é que a atenção tem de ser redobrada para garantir que não há erros na identificação do medicamento, posologia e quantidades. Apesar da informatização, ainda atendi várias pessoas com receitas manuais.

5.1.2 Validação da prescrição médica

No atendimento, o farmacêutico tem de analisar atentamente a receita para garantir que não existem erros na prescrição. É necessário verificar a validade de todos os tipos de receitas, apesar de nas receitas sem papel o SI não deixar a dispensa prosseguir. De acordo com o artigo 9º da Portaria nº.224/2015 publicado em Diário da República nº.144/2015, as receitas só são válidas se incluírem determinados elementos: “a) Número da receita; b) Local de prescrição ou respetivo código; c)

Identificação do médico prescritor, incluindo o número de cédula profissional e, se for o caso, a especialidade; d) Nome e número de utente; e) Entidade financeira responsável e número de beneficiário, acordo internacional e sigla do país, quando aplicável; f) Se aplicável, referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos, nos termos previstos nos n.os 8 e 9 do artigo 6º.” No caso de receita em papel, para além do referido, a validade está dependente da existência da

DCI da substância, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens, denominação comercial do medicamento, Código Nacional de Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), ou outro código oficial identificador do produto, data da prescrição e assinatura do médico prescritor. No caso das receitas manuais, só são válidas se tiverem a vinheta identificativa do local e do médico prescritor, identificação da especialidade médica, e não é admitida mais do que uma via da receita manual[13].

No atendimento ao público é necessária bastante atenção para garantir que a receita é válida. Assim, em primeiro lugar, identificava o utente através da ficha de acompanhamento farmacoterapêutico (caso a tivesse), e de seguida tentava perceber se os medicamentos

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Carina Sofia Pereira Vieira | 13

correspondiam a medicação habitual ou a medicação esporádica. Para além disto, confirmava sempre se a receita estava correta a nível de dosagem, forma farmacêutica, posologia, prazo de validade. Pude presenciar alguns lapsos e aconselhar o utente de acordo com as possibilidades. Tinha por hábito perguntar sempre se a pessoa já sabia como tomar os medicamentos para perceber se existia alguma dúvida relativamente a este aspeto. A nível de erros de prescrição posso referir um exemplo de um caso de uma prescrição de gabapentina 100 mg cápsulas, em que na posologia o médico referia para a utente fazer metade da dose. A única forma farmacêutica disponível de gabapentina são cápsulas, logo seria impossível fazer metade da dose. Para isto, acabei por aconselhar a utente a fazer em dias alternados, também por conselho dos outros colaboradores da farmácia.

5.1.3 Interpretação e avaliação farmacêutica

A interpretação e avaliação farmacêutica são fundamentais aquando de um atendimento e o que faz a diferença. Neste caso, o farmacêutico faz a avaliação farmacoterapêutica da prescrição, bem como questionar o utente, para um aconselhamento mais completo. Deve intervir para resolver um problema relacionado com a medicação que tenha detetado, bem como ceder ao utente todas as informações de forma oral e escrita, por forma a que este tenha o maior benefício do tratamento. Em primeiro lugar, o farmacêutico deve entender se o medicamento é necessário, se é adequado ao utente em termos de contraindicações, interações, se a posologia é adequada, bem como se o doente tem condições para administrar o medicamento, em termos legais e económicos[3]. Na FD, com a opção do Acompanhamento e ficha de cliente no SI, é possível rastrear a medicação que determinado utente levanta, mas também consultar outras informações importantes e necessárias para um atendimento. O farmacêutico começa por questionar se o utente tem ficha de cliente e depois analisa a receita. Como a maior parte são receitas eletrónicas, os códigos de guia de tratamento da prescrição, código de acesso e dispensa e códigos dos produtos diminuem bastante a probabilidade de erro, oferecendo ao farmacêutico uma maior comodidade e segurança no atendimento. No caso de uma receita manual exige-se uma maior atenção na interpretação da mesma, e no final é necessário imprimir o documento da faturação no verso da receita assinado pelo doente, carimbado e assinado pelo farmacêutico. No final emite-se a fatura. As receitas são organizadas por três regimes diferentes: regime geral, especial e o restante. No caso das receitas eletrónicas, o utente pode, no caso de ter várias embalagens do mesmo medicamento prescritas, escolher se quer levar tudo de uma vez ou não. Existe também a opção de uma venda suspensa, a que se recorre quando o utente regular da farmácia necessita de medicação, normalmente crónica, mas não tem receita no momento. Assim, o doente não tem de parar a medicação, faz-se a dispensa, emite-se uma fatura em duplicado e quando o utente trouxer a receita no prazo de 30 dias, regulariza-se a situação na ficha de cliente. Por outro lado, para utentes com uma situação económica mais instável, a FD atribui crédito aos mesmos. Quando estes utentes efetuam uma compra a crédito, fica registado no SI, e é emitida uma fatura assinada pelo utente e

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Carina Sofia Pereira Vieira | 14 arquivada num local específico da farmácia. Quando o utente regularizar a situação é emitido um recibo anexado à respetiva fatura.

5.2 Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes são substâncias que atuam no Sistema Nervoso Central (SNC). Todo o circuito destes medicamentos é bastante controlado, sujeito a diversas regulamentações, para evitar o uso exagerado e inadequado deste tipo de substâncias. Estes são usados para tratar problemas do foro mental, para diminuir incapacidades e prevenir recaídas. Fazem parte deste tipo de medicamentos os antipsicóticos, antidepressivos, estabilizadores de humor e antiepiléticos[14]. No entanto, estas substâncias apresentam sérios efeitos secundários e muitas são as vezes em que são prescritos inapropriadamente. Devido a isto, a circulação destes é bastante controlada[15]. Na farmácia deve existir um controlo legal de todas as substâncias deste tipo adquiridas e dispensadas[3]. O DL n.º15/93, de 22 de janeiro, postula regras para o controlo do uso destas substâncias, para combater o tráfico e para penalizar aqueles que o fizerem[16]. A prescrição de medicamentos psicotrópicos ou estupefacientes, não pode estar presente numa receita em papel ou manual, se nela estiverem prescritos outros medicamentos ou produtos de saúde[13]. Durante a dispensa, é necessário colocar os dados pessoais do utente, o médico que prescreveu, os dados de quem levantou o medicamento se não for o utente a fazê-lo, bem como o número da receita. No final da dispensa, os dados dos medicamentos dispensados são impressos, emite-se um documento de psicotrópico que é guardado ou anexado à cópia da receita se estivermos a falar de receitas manuais. Na organização das receitas, o original é enviado para a entidade que confere a comparticipação, e o duplicado é guardado na farmácia durante três anos[11].

5.3 Regimes de comparticipação de medicamentos, sistemas de preços de referência e subsistemas de saúde

Com receita médica, os MSRM apresentam comparticipação, em que o utente só paga uma parte do PVP. Os PVP máximos são fixados pela Direção Geral das Atividades Económicas (DGAE), e é da alçada do INFARMED a regulação das comparticipações dos medicamentos[17, 18]. A entidade que comparticipa os MRSM é o Serviço Nacional de Saúde (SNS) pertencente ao Estado Português. O preço de referência é o “o valor sobre o qual incide a comparticipação do Estado no preço dos

medicamentos incluídos em cada um dos grupos homogéneos, de acordo com o escalão ou regime de comparticipação que lhes é aplicável”, sendo que o grupo homogéneo (GH) corresponde ao “conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual se inclua pelo menos um medicamento genérico existente no mercado”. O preço de referência para cada GH tem em conta o

MG com o PVP mais alto do mercado[17]. Para as farmácias, a margem máxima de medicamentos comparticipados e não comparticipados é de 20% calculado sobre o PVP e com dedução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)[18]. O farmacêutico deve informar sobre os MG, sempre que o utente escolher um medicamento[17].

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Carina Sofia Pereira Vieira | 15 A revisão dos preços é feita no máximo de três em três anos pelo INFARMED[19]. A comparticipação depende do regime de comparticipação, calculado sobre o preço de referência. Os utentes do SNS e da ADSE (Assistência na Doenças aos Servidores do Estado) só têm direito a comparticipação em relação aos medicamentos prescritos na receita médica adequada[18]. A comparticipação do Estado no Regime Geral é feita segundos os seguintes escalões: Escalão A – 95% do PVP; Escalão B – 69% do PVP; Escalão C – 37% do PVP; Escalão D – 15% do PVP. O escalão A é aquele em que o Estado suporta o custo do medicamento, pois são substâncias essenciais para a sobrevivência, e que dizem respeito a utentes com situações frágeis, como doentes crónicos. Em relação aos pensionistas, cujo rendimento anual total não seja superior a 14 vezes o salário mínimo nacional, a comparticipação no escalão A é de mais 5% e nos restantes escalões de mais 15%. O Regime Especial abrange determinadas doenças ou grupos especiais de utentes, fixado em respetivo despacho de comparticipação declarado pelo médico[19]. Essas doenças são por exemplo, a psoríase, dor crónica, dor oncológica ou doença de Alzheimer.

Para além disto, há subsistemas de saúde públicos e privados. A ADSE é o principal subsistema de saúde público e o SAMS (Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários) é um exemplo de um subsistema de saúde privado [20]. No SI, é possível ativar o plano de comparticipação, que está identificado por um número, sendo que o 01 corresponde ao SNS, o 48 ao Regime Especial, o 41 às Doenças Profissionais, o DS à Diabetes Mellitus e o J1 ao SAMS. Para além disto, os medicamentos manipulados têm 30% de comparticipação sobre o preço[21].

Em relação a este tema pude compreender mais sobre os grupos homogéneos e os respetivos preços, bem como são feitos. Pude contactar com os diversos regimes de comparticipação e regimes especiais de determinadas doenças, sendo que a mais frequente foi a psoríase. Em relação aos subsistemas de saúde, pude constatar a grande variedade de subsistemas que existem, sendo que os que mais contactei foi o 01 – SNS, 48 – Regime pensionistas, DS – Diabetes Mellitus e J1 – SAMS.

5.4 Faturação e receituário

A farmácia identifica todas as receitas materializadas, e estas são separadas tendo em conta o plano de comparticipação. As receitas manuais são colocadas em lotes de 30 unidades por ordem crescente ao mesmo tempo e são depois conferidas. No final do mês, com o SI é criado o “Verbete de Identificação do Lote” dos lotes completos até então. No último dia do mês emite-se uma fatura mensal de medicamentos e a “Relação de Resumos de Lote”. As receitas comparticipadas pelo SNS são enviadas para a Administração Regional de Saúde (ARS), e as receitas dos outros regimes de comparticipação são enviadas para a ANF, para serem tratada pela entidade competente, e a farmácia recebe o valor de comparticipação.

5.5 Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica obrigatória e outros produtos de saúde

O consumo de MNSRM é muito frequente pela “facilidade” de acesso, mas é necessário ter o aconselhamento adequado para o uso responsável do medicamento. Estes medicamentos têm como

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