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O jornal diário e a convergência digital: direcionamentos para um novo modelo de gestão

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

O jornal diário e a convergência digital:

Direcionamentos para um novo modelo de gestão

Dissertação de Mestrado em Gestão Empresarial

Antônio Gomes Vidal

Carmem Teresa Pereira Leal, Phd.

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

O jornal diário e a convergência digital:

direcionamentos para um novo modelo de gestão

Dissertação de Mestrado em Gestão Empresarial

Nome do Candidato: Antônio Gomes Vidal

Orientadora: Carmem Teresa Pereira Leal, Phd.

Composição do Júri: Carlos Peixeira Marques Carla Susana Marques Carmem Teresa Pereira Leal

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IV

Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a responsabilidade pelas ideias nele contidas é exclusiva do autor.

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V

A Deus, as meus queridos pais, Lindalva e David, por terem me dado o caráter como herança, minha esposa Paula e minha filha Luana, pelo companheirismo e amor e aos meus professores, por me inspirarem a aprender sempre.

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VI AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a minha orientadora Professora Carmem Leal, o meu muito obrigado por toda a orientação dada desde o início deste processo.

A todos os professores da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro que se cruzaram comigo ao longo destes anos de aprendizagem, que de certa forma contribuíram para que eu chegasse até aqui.

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VII RESUMO

O presente trabalho tem como temática o impacto da internet diante do jornalismo impresso e objetiva discutir a natureza dos impactos mencionados e a maneira como é possível utilizar a internet em um novo modelo de gestão. Para tanto, trouxemos uma discussão teórica sobre os históricos dos meios de comunicação social e o surgimento das novas tecnologias, bem como o impacto dessas novas tecnologias sobre o jornalismo. Em seguida, norteamos a relação entre o declínio do jornal impresso e a ascensão do webjornal e as consequências desse fenômeno. Na contraparte empírica, lançamos mão de uma pesquisa quantitativa com os assinantes do jornal Diário do Nordeste (DN), um jornal diário tradicional, com circulação no estado do Ceará – Brasil. O universo total de assinantes do DN era de 31906 na ocasião da coleta de dados, tendo sido feito um cálculo amostral de 655, que foi o número total de respondentes de um questionário aplicado por meio de contato telefônico.

Como resultado, percebemos que é importante manter e valorizar o viés tradicional do jornal, com um maior investimento no Clube do Assinante. Porém a situação de crise que se apresenta, bem como as novas exigências de mobilidade digital, impelem a gestão a diversificar melhor a abrangência, público-alvo e os meios midiáticos. Sendo assim, assinaturas digitais e publicidade on-line deverão se somar ao novo modelo de negócio dos jornais impressos, mas terão de adotar, antes de tudo, soluções dinâmicas de interação com os leitores e assinantes, aliados a conteúdos de percebida qualidade e com disponibilidade de acesso disponível em diversas plataformas.

Revelou-se evidente, portanto, a necessidade de investir no talento humano e na tecnologia, pois o leitor somente pagará por aquilo que traga diferenciação. Estes resultados têm relevância prática para direcionar os novos modelos de gestão, tanto em congruência com a tendência mundial, como de acordo com as particularidades do jornal em questão.

Palavras-chave: Gestão empresarial. Modelo de gestão. Convergência digital. Webjornalismo.

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VIII ABSTRACT

The present work has as its theme the impact of the internet on printed journalism and discusses the nature of the mentioned impacts and how you can use the internet in a new management model. To do so, we brought a theoretical discussion of media's historical and the emergence of new technologies, as well as the impact of the new technologies on journalism. Then we talk about the relationship between the decline of the printed newspaper and the rise of the web journal and the consequences of this phenomenon. In empirical counterpart, we used a quantitative research with subscribers of the newspaper "Diário do Nordeste ( DN )" , a traditional daily newspaper which runs in the state of Ceará - Brazil. The subscribers number of "DN" was 31906 at the time of data collection, having been made a sample calculation using 655, which was the total number of volunteers to answer a questionnaireapplied by telephone.

As a result , we realized that it is important to maintain and enhance the traditional bias of the newspaper, with a greater investment in the Subscriber's Club. But the crisis situation that presents itself, as well as the new demands of the digital mobility, impel the management to do a better diversify of the coverage, the target audience and also the mediatic ways. Thus, digital signatures and online advertising should be added to the new business model of the printed newspapers, but they will have to make, first of all, dynamic solutions for interaction with readers and subscribers, combined with good quality of content and availability of access on multiple platforms.

Proved evident, therefore, the need to invest in human talent and technology, because the reader will only pay for what they can get something really new. These results have practical relevance to direct the new management models in accordance with the global trend as well as according to the particularities of the "DN" newspaper.

Keywords:

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IX SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 1

1. JUSTIFICATIVA E HISTÓRICO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ... 5

2. GLOBALIZAÇÃO E A UTILZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS ... 7

2.1. O IMPACTO DA GLOBALIZAÇÃO ... 7

2.2. A INTERNET E O SURGIMENTO DO JORNALISMO ON-LINE... 9

2.3. MUDANÇAS NA FORMA DE COMUNICAÇÃO. O JORNAL ... 10

2.4. CRISE DO JORNALISMO IMPRESSO, ASCENSÃO DO WEBJORNAL . 13 3. TRANSFORMAÇÕES DOS GÊNEROS JORNALÍSTICOS ... 15

3.1. O JORNAL IMPRESSO DIÁRIO... 15

3.2. AS MUDANÇAS... 17 3.2.1. Hipertextualidade ... 18 3.2.2. Não-linearidade ... 18 3.2.3. Extensão ... 19 3.2.4. Enunciadores ... 19 3.2.5. Público alvo ... 19 3.2.6. Interatividade ... 20 3.2.7. Pessoalidade ... 20 3.2.8. Memória e documentação ... 20 3.2.9. Segmentação ... 21 3.3. UM NOVO JORNALISTA ... 22 3.4. UM NOVO CONSUMIDOR ... 24

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X

4.1. LOGÍSTICA X CUSTOS ... 29

4.2. A OPERAÇÃO DIÁRIO ... 29

5. PESQUISA QUANTITATIVA ... 33

5.1. DADOS DA PESQUISA ... 33

5.2. ANÁLISE DOS DADOS ... 34

5.2.1. Bloco temático 1 - Perfil do público atual – satisfação do cliente ... 34

5.2.2. Bloco temático 2 - Adesão ao jornal digital ... 54

5.2.3. Bloco temático 3 – mais-valias do atual modelo de gestão ... 66

5.2.4. Bloco temático 4 – Novo modelo de gestão ... 69

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 75

REFERENCIAS ... 79

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XII LISTA DE GRÁFICOS

GRAFICO 1 Perfil do assinante: gênero ... 36

GRAFICO 2 Perfil do assinante: critério Brasil ... 39

GRAFICO 3 Perfil do assinante: tempo de assinatura ... 42

GRAFICO 4 Com relação a satisfação o Sr. (a) está: ... 45

GRAFICO 5 Em caso de insatisfação, qual o principal motivo? ... 49

GRAFICO 6 Com relação ao horário de entrega do jornal, o Sr. está: ... 52

GRAFICO 7 Costuma ler jornal pela internet? ... 54

GRAFICO 8 Qual a probabilidade de vir a pagar pra ter uma assinatura digital? ... 63

GRÁFICO 9 Conhece o clube do assinante? 67 GRÁFICO 10 Já usou o clube do assinante? (Apenas os que já o conhecem) ... 69

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XIII LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Perfil do assinante: idade ... 37 TABELA 2 Perfil do assinante: renda mensal familiar ... 38 TABELA 3 Perfil do assinante: escolaridade ... 38 TABELA 4 Qual o fator mais importante na hora de escolher um jornal pra se

fazer assinatura? ... 42 TABELA 5 Qual o fator mais importante na hora de escolher um jornal pra se

fazer assinatura x LUGAR ... 43 TABELA 6 Qual o fator mais importante na hora de se escolher um jornal para

se fazer assinatura x GÊNERO ... 44 TABELA 7 Qual o fator mais importante na hora de se escolher um jornal para

se fazer assinatura x CLASSES SOCIAIS ... 44 TABELA 8 Com relação a sua satisfação/insatisfação o Sr. (a) está: x LUGAR 46 TABELA 9 Em caso de satisfação qual o principal motivo para a satisfação? ... 47 TABELA 10 Em caso de satisfação qual o principal motivo para a satisfação? x

LUGAR ... 47 TABELA 11 Em caso de satisfação qual o principal motivo para a satisfação? x

GÊNERO... 48 TABELA 12 Em caso de insatisfação, qual o principal motivo? x LUGAR ... 50 TABELA 13 Em caso de insatisfação, qual o principal motivo? x GÊNERO... 50 TABELA 14 Em caso de insatisfação, qual o principal motivo? x CLASSES

SOCIAIS ... 52 TABELA 15 Com relação ao horário de entrega do jornal, o Sr. está: x LUGAR 52

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XIV

TABELA 16 Com relação ao horário de entrega do jornal, o Sr. está: x CLASSES SOCIAIS ... 53 TABELA 17 Costuma ler jornal pela internet? X LUGAR ... 55 TABELA 18 Costuma ler jornal pela internet? X GÊNERO... 56 TABELA 19 Costuma ler jornal pela internet? X TEMPO DE ASSINATURA .. 57 TABELA 20 Costuma ler jornal pela internet? x CLASSES SOCIAIS ... 57 TABELA 21 Costuma ler jornal pela internet? x IDADE ... 59 TABELA 22 O que acha da leitura de jornais em tablets e smartphones x

LUGAR ... 60 TABELA 23 O que acha da leitura de jornais em tablets e smartphones x

TEMPO DE ASSINATURA ... 61 TABELA 24 O que acha da leitura de jornais em tablets e smarphones x

CLASSES SOCIAIS ... 62 TABELA 25 Qual a probabilidade de vir a pagar pra ter uma assinatura digital?

x LUGAR ... 64 TABELA 26 Qual a probabilidade de vir a pagar pra ter uma assinatura digital?

x GÊNERO... 64 TABELA 27 Já usou o clube do assinante? x Idade: ... 68

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XV LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCEB – Critério de Classificação Econômica Brasil CD – Centros de Distribuição

DN – Diário do Nordeste JID – Jornal Impresso Diário RRS – Really Simple Syndication SMS – Short Message Service

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação XML – Extensible Markup Language

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1 INTRODUÇÃO

Desde a década de 90, o Brasil tem aumentando expressivamente os índices no que tange ao avanço digital. Este avanço foi acelerado pela comercialização da Internet (Righetti & Carvalho, 2008). A partir daí, deu-se início a um novo ambiente por onde os antigos meios da comunicação passaram a interagir com novas tecnologias e públicos, o movimento da globalização em uma nova formatação, denominada de “Era da Informação”, intitulada pelo estudioso das novas mídias, o espanhol Manuel Castells, de “A Galáxia da Internet”, que depois a descreve em parte como

um novo ambiente de comunicação. Uma vez que a comunicação é a essência da atividade humana, todos os domínios da vida social estão sendo modificados pelos usos disseminados da Internet [...] com consideráveis diferenças em suas consequências para a vida das pessoas [...] cultura e instituições (Castells 2003, p.85).

Justificativa

De maneira geral, a Internet tem modificado consideravelmente os meios de comunicação, sendo o jornal impresso impactado diretamente. Há o fenômeno da queda do jornal impresso (Righetti & Carvalho, 2008), bem como o da ascensão do jornalismo online em suas variadas nuances - versões digitais dos grandes jornais impressos, blogs pessoais e profissionais, microblogs, canais de vídeo e tantas outras possibilidades que, em se tratando de Internet, parecem infinitas. Alguns autores no cenário nacional e internacional, como Biroli (2007), Caldas (2002) e Kimber (1997) já falam em um “novo jornalismo”, indicando a clareza com que o advento da internet e do webjornal marcam o domínio do jornal impresso. Para além do meio impresso, este quadro implica uma necessária mudança jornalística em vários níveis. Assim como já apontado por Bisconsin (2010) e Marques (2009), compreendemos a como benéfica a possibilidade de incorporar algumas mudanças no modelo atual de gestão, o qual é o nosso objeto de estudo. Cria-se, portanto, a necessidade de estudar a adequação de um novo modelo que atenda às novas demandas e, para tanto, esta investigação torna-se importante.

Objetivos Objetivo geral

A atual investigação está circunscrita sob a temática do impacto da internet diante do jornalismo impresso e tem como objetivo principal discutir a natureza dos impactos

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mencionados e a maneira como é possível utilizar a internet em um novo modelo de gestão, de forma a trazer um diferencial na alavancagem das empresas produtoras de jornais impressos.

Objetivos específicos

Na consecução deste objetivo principal, tivemos como objetivo realizar uma discussão teórica sobre os históricos dos meios de comunicação social, sobre a globalização e o surgimento das novas tecnologias; compreender o impacto dessas novas tecnologias sobre o jornalismo; e nortear as ideias acerca da relação entre o declínio do jornal impresso e a ascensão do webjornal, as transformações no campo de trabalho jornalístico e as mudanças relativas ao público consumidor.

Como metodologia, para abordar a questão das mudanças em termos de gestão e possíveis estratégias de enfrentamento das mudanças supracitadas, lançaremos mão da estratégia de pesquisa quantitativa para mensuração da satisfação, identificação de vulnerabilidades e levantamento de demandas sob a ótica dos assinantes para o jornal DIÁRIO DO NORDESTE, localizado no estado do Ceará - Brasil, no período de outubro de 2011. Com o tratamento estatístico e a base teórica supracitada, analisamos possíveis novos caminhos para a gestão do jornal Diário do Nordeste, a partir das hipóteses abaixo:

Hipóteses

A partir da construção teórico-prática realizada e embasados nos dados da pesquisa mencionada, nossa proposta de investigação se baseia em três hipóteses preliminares.

- Hipótese 1: os assinantes estão satisfeitos com o serviço do jornal impresso.

Esta hipótese surgiu do fato de que se o cliente resolve ser assinante de determinado jornal, então significaria que o mesmo mantém a referida assinatura por opção. Sendo assim, resolvemos testar essa hipótese.

- Hipótese 2: os assinantes estariam dispostos a assinar o jornal digital a um determinado custo.

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3

Devido às vantagens de uma assinatura digital, a depender do valor, os mesmos assinantes deveriam estar dispostos a usufruir dessas vantagens.

- Hipótese 3: o “Clube do Assinante” é considerado uma mais valia para os assinantes. O “Clube do Assinante” foi criado para ser um clube de vantagens e benefícios e escolhemos, portanto, testar se o mesmo está servindo como estratégia administrativa para atração e adesão dos clientes, como forma de tratar da temática dos novos modelos de gestão.

Estrutura da dissertação

No primeiro capítulo faremos um resgate histórico dos meios de comunicação social, embasando e justificando o tema desta investigação, a partir das mudanças ocorridas ao longo do tempo. Em seguida, no capítulo dois, traremos alguns conceitos relacionados à globalização e a utilização de novas tecnologias, especialmente no tocante ao jornal diário. Trataremos das mudanças na forma de comunicação, do surgimento do webjornal e da crise do jornal impresso. No terceiro capítulo discorreremos mais especificamente sobre o jornal diário e as mudanças ocorridas desde a chegada das novas tecnologias da comunicação, incluindo as mudanças no campo profissional, bem como para o público consumidor. Todas essas transformações vem gerar mudanças também no modelo de gestão, do qual trataremos no capítulo quatro. No quinto capítulo, traremos os dados empíricos a partir de uma pesquisa quantitativa realizada com clientes de um jornal diário do estado do Ceará, no Brasil, o Diário do Nordeste. As análises de dados e as respectivas discussões estão divididas em 4 blocos temáticos, nos quais buscamos a validação das hipóteses supracitadas. No sexto capítulo, traremos as considerações finais a respeito dos resultados obtidos nesta pesquisa.

A ideia central presente nessa investigação é a de que um futuro possível para a sustentação do jornal impresso seja a busca por um modelo de gestão voltado para uma ancoragem maior nos investimentos publicitários e avançadas estratégias de marketing. Paralelamente, que as empresas jornalísticas se ocupem do modelo do jornalismo on-line, no sentido de suprir as exigências do consumidor contemporâneo e que o jornalismo impresso e o jornalismo on-line, podem caminhar em um seguimento estratégico dentro de uma mesma empresa, ofertando aos leitores notícias com um conteúdo moderno e de qualidade.

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Em termos da relevância acadêmica, consideramos importante o estudo aprofundado, com tratamento estatístico dos dados e referências científicas nacionais e internacionais para que a disciplina da gestão empresarial ganhe robustez e embasamento. Para a comunidade científica, o estudo da situação administrativa de um grande jornal diário pode se tornar, também, referência para outros, já que fizemos um importante recorte teórico e prático.

Trataremos, portanto, de propostas de direcionamentos em termos de gestão, que venham subsidiar a prática administrativa deste setor. É desta forma que esperamos contribuir com a área da Gestão Empresarial, especialmente com relação ao ramo da Comunicação Social.

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1. HISTÓRICO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Hoje, depois de mais de século de tecnologia elétrica, projetamos nosso próprio sistema nervoso central num abraço global, abolindo tempo e espaço (pelo menos naquilo que concerne ao nosso planeta). Estamos nos aproximando rapidamente das extensões do homem: a simulação tecnológica da consciência pela qual o processo criativo se estenderá coletiva e corporativamente a toda a espécie humana [...] (McLuhan, 1974, p. 17).

A comunicação social - ou comunicação de massa - é o tipo de comunicação que tem por objetivo alcançar um grande número de pessoas que podem ser heterogêneas entre si. Em se tratando do contexto brasileiro, o surgimento da imprensa está ligado à época colonial e à necessidade política voltada para o compartilhamento de informações, advinda do império. Essa necessidade tem como ponto de partida a chegada da cultura letrada da Europa para o Brasil, e carrega consigo a marca política na comunicação social.

De acordo com Fonseca (2011), a mídia é um espaço de poder, à medida que trabalha com a manipulação de elementos simbólicos e tem como objetivos a formação de opinião, a intermediação da comunicação entre grupos, a adequação de agendas políticas, entre outras. Seguindo esta mesma lógica, se entendermos, ainda a partir de McLuhan (1974) de que o meio comunicativo é parte da própria mensagem, modificando e direcionando o que está sendo dito, então estamos envoltos numa verdadeira revolução da comunicação, posto que a temática principal deste estudo são os meios de comunicação impresso e digital, particularmente ligados ao jornalismo.

O jornalismo impresso teve a sua origem nos boletins oficiais das civilizações antigas. Após a Revolução Industrial, o público de leitores nas grandes cidades aumentou e o jornal passou a ser produzido em maior escala, tomando assim um ar mais profissional e menos literário, com linguagem e padrões de escrita mais acessível. No Brasil, veio difundir-se a partir de 1808, com a chegada da Corte Portuguesa.

Com a criação do rádio, também no século XIX, o pensamento que predominava era que, a partir dali, se daria o fim do jornal impresso. Perguntava-se como ele iria competir com um aparelho capaz de levar informações em tempo real a lugares distantes simultaneamente. O mesmo sentimento tomou conta das pessoas quando surgiu a TV no século XX, a ideia de que o rádio e o jornal impresso teriam dificuldades de sobrevivência em meio à tecnologia de uma caixa que reproduz imagem e som.

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De acordo com McLuhan, (1974) a evolução dos meios é uma extensão dos sentidos humanos que se relacionam entre si, assim como o radio alterou a forma das historias noticiosas, a imagem fílmica com o advento do sonoro. Com a chegada da televisão, esses meios sofreram mudanças profundas na forma de comunicar-se com seu público.

De acordo com esse pensamento podo ser observada a maneira como observamos as mudanças nos meios de comunicação como estando integradas ao conteúdo, ao expectador e às formas de vida, pois pode entender as vidas das pessoas e as relações das mesmas com os meios de comunicação como se transformando mutuamente. Da mesma forma, tais mudanças certamente acontecem integradas com o momento social e às transformações industriais, as quais expandem ou limitam a atuação e o alcance das mídias, essas que têm mudado rapidamente com as novas tecnologias e as exigências da globalização.

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2. GLOBALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS 2.1. O IMPACTO DA GLOBALIZAÇÃO

A expansão do sistema capitalista e a consequente necessidade de globalização acelerou o crescimento da informática, bem como gerou a criação e utilização de novas tecnologias. Com a comunicação não foi diferente. A necessidade de o ser humano se comunicar cada vez mais rápido e desde distâncias cada vez maiores teve, com a disseminação da internet, uma ferramenta adequada para transformações cada vez maiores. Tendo sido criada para uso de organizações militares, hoje está a serviço de todos os tipos de negócio e meios de comunicação (Moran, 1995). A expectativa das pessoas mudou, então, quanto às possibilidades de comunicação. Se antes um telefonema interurbano só era utilizado em casos extremos, hoje a tecnologia modificou muito o conceito de tempo e espaço e “A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional, mais e mais não linear” (Moran, 1995, p. 2).

A internet, portanto, globalizou as sociedades e, através dela, pessoas das mais longínquas localidades se conectam, dialogam e interagem. Notícias, informações, vídeos e imagens são transportados via rede em segundos. No Brasil veio consolidar-se a partir de 1995 e, de acordo com os dados do ano de 2003 do Comitê Gestor Nacional, o crescimento da web no país é duas vezes maior do que a média mundial. Além disso, o país está em terceiro lugar no ranking de países do continente americano com o maior número de computadores conectados, ficando atrás somente dos Estados Unidos e Canadá.

Vê-se no Brasil uma aceitação tecnológica ascendente, sendo esta incorporada nos diversos sistemas organizacionais, nas administrações públicas e privadas e no uso cotidiano de pessoas de diversas idades, sobretudo os mais jovens. Cabe a esta investigação compreender o movimento do crescimento tecnológico no que diz respeito ao seu impacto na comunicação uma vez que essa última é também uma ciência social, segundo Calhoun (2012), tendo com a mesma profunda relação de interdependência. Ou seja: as mudanças sociais e as mudanças nas formas de comunicação social andam juntas, como parte de um mesmo todo organizado. A partir das mudanças sociais em termos de globalização, comunicação e mercado, a modalidade jornalística parece viver de fato uma grande transformação. O jornalismo advindo da internet, também chamado de jornalismo on-line ou webjornalismo, tem influenciado

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diretamente as relações entre jornalista, matéria e leitor, chegando ao ponto de tornar notório o declínio do jornal impresso e a sua possível substituição.

Alguns estudos estão sendo feitos nessa área, no intuito de compreender o teor das transformações emergentes, bem como sugerir tendências de modelos comunicativos e de gestão. Destacamos, para justificar a pertinência deste estudo, a pesquisa antropológica de Jungblut (2004), a partir da qual se compreende particularidades da comunicação mediada pelo computador e em que medida a mesma traz diferenças substanciais às relações, sem, no entanto, ser perdida a condição de realidade. Afirmando, portanto que “A ‘realidade’, antes sim, está tão-somente se complexificando tal como tem ocorrido durante todo o processo de desenvolvimento do conhecimento humano, a cada grande revolução tecnológica.” (Jungblut, 2004, p. 119). Sendo assim, vale ressaltar a necessidade jornalística de acompanhar esta complexificação do desenvolvimento humano.

Por sua vez, Jorge González, a partir de entrevista concedida a Almeida e Aranha (2011), afirma que “No âmbito social não se tem trabalhado suficientemente a inter-relação entre três dimensões inseparáveis da ação humana: a informação, a comunicação e o conhecimento” (Almeida & Aranha, 2011, p.278). Compreendemos que uma maneira de superar esta defasagem pode ser encontrada no interesse científico acerca dessa temática, a partir do qual podemos nos debruçar sobre esta relevante questão de maneira que seus resultados sejam úteis para o desenvolvimento das áreas pertinentes. No caso do estudo atual, voltamos o interesse para as novas estratégias de gestão diante desta realidade.

Como pontapé inicial, lançamos mão de uma pesquisa feita há pouco mais de uma década levando em consideração o jornalismo brasileiro e o português. Nessa ainda se percebia uma clara tendência conservadora no webjornalismo, o qual não havia se apropriado inteiramente das ferramentas da internet, em ambos os países enfocados (Palacios, Mielniczuk, Barbosa, Ribas & Narita, 2002).

Segundo Tellaroli e Albino (2007), a nova Sociedade da Informação não só não funciona como uma massa homogênea - da maneira como anteriormente era compreendida a “massa” receptora das mídias -, como também tem um funcionamento veloz e bastante produtivo em termos de criatividade. A tecnologia e a rapidez de comunicação ampliam a pluralidade e a

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interatividade, de maneira que a forma como as pessoas receptoras lidam com a informação tem atingido altos graus de diferenciação.

Destacando a realidade global dessa transição percebida na teoria e na prática, estudos internacionais também estão sendo feitos, focando em tais possibilidades. Lawson-Borders (2003) trouxe uma análise geral a respeito da transição já citada. Sendo assim, compreendendo a recente história de tal transformação, justifica-se o interesse social e acadêmico de tal estudo, para fins de conhecimento intelectual, bem como em termos de contribuição norteadora para a atuação profissional.

2.2. A INTERNET E O SURGIMENTO DO JORNALISMO ON-LINE

Sobre o surgimento do jornalismo on-line, Quadros (2002) comenta a divisão criada pelo professor John Pavlick, da Universidade de Columbia. Tal classificação tem sido praticada há mais de 20 anos e é compreendida em três fases que auxiliam no entendimento da relação entre os periódicos e as novas tecnologias. Na fase inicial, os jornais eram repassados para o meio digital sem que houvesse nenhuma alteração no formato das notícias. Os jornais on line não possuíam profissionais exclusivos, pois as matérias até ali eram inseridas da mesma forma do impresso.

Sendo assim, “esta transposição foi gradativamente sendo substituída por um texto adequado, produzido e editado por uma redação virtual” (Torquato, 2005, p. 37) a partir da segunda fase, quando os jornais começam a perceber a rentabilidade proporcionada pelo volume de acesso dos internautas que buscam notícias em tempo real. Alguns recursos como hipertexto começam a ser experimentados. “O conteúdo jornalístico é um grande chamariz na rede mundial. Todos os cinco domínios mais visitados da Internet brasileira oferecem notícias nas suas home pages” (Pinho, 2003, p.49).

Com o desenvolvimento da internet e dos equipamentos tecnológicos que com ela interagem (celulares, notebooks, ipads, ipods, entre outros), e com a facilidade de acesso das pessoas à rede e às inovações tecnológicas, os meios de comunicação entram em outro cenário, e trazem para o contexto atual uma nova realidade. Os veículos on-line passaram de meras reproduções dos diários, para fornecedores de conteúdo digital atualizado.

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De acordo com pesquisa realizada em agosto de 2012 pelo Ibope Media, com 1.447 internautas, 71% dos entrevistados utilizam redes sociais e 30% afirmam que não vivem sem elas, 80% dos usuários de internet na América latina acreditam influenciar os outros com suas opiniões e 75% podem fornecer muita informação sobre diversos produtos, além disso, entre os entrevistados 38% possui internet no celular e 19% smartphone (Ibope Media, 2012). Através de dados como esse, nos vemos diante de um amplo ambiente digital, e com ele surgem novas plataformas comerciais, um novo perfil de leitor e mudanças no jornalismo capaz de realizar grandes transformações relativas ao meio da comunicação. Tais fatores, bem como a utilização do jornal on-line pela população, vêm contribuindo gradativamente para um declínio do impresso, causando a elevação dos índices de perda de leitores e consequentemente, a diminuição da venda de anúncios publicitários, que é a principal fonte de receita dos jornais. Reforçando a tese de que se torna mister uma readaptação dos canais de mídia, com alterações na forma de atuação junto à população no que tange ao repasse de informações aliado a um novo modelo de gestão comercial, mantendo assim a fidelização com os leitores e anúncios publicitários do jornal.

2.3. MUDANÇAS NA FORMA DE COMUNICAÇÃO. O JORNAL.

Pode-se dizer que um dos pilares da sociedade moderna é a comunicação, e também, com o aperfeiçoamento da imprensa escrita a partir do século XV, foi consolidada a importância da comunicação na sociedade contemporânea. Há cerca de treze anos a internet passou a ser comercial no Brasil e, desde então, as instituições passaram a utilizar a internet como um meio de divulgar e oferecer produtos e serviços. Com a produção de conteúdo não foi diferente, tendo sido criados jornais impressos com versão on-line, jornais que surgiram exclusivamente para a internet e agências de notícias.

O surgimento da Internet e o seu impacto diante das outras mídias são comentados por Pinho (2003, p.49):

A Internet é uma ferramenta bastante distinta dos meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista. Cada um dos aspectos críticos que diferenciam a rede mundial dessas mídias – não linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo – deve ser mais bem conhecido e corretamente considerado para o uso adequado da Internet como instrumento de informação.

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Tratamos, então, neste ponto, sobre o impacto da Internet sobre o jornalismo. Para a consecução deste objetivo, discutiremos o futuro da Internet e a sua abrangência em relação ao público consumidor. Sobre a evolução histórica da comunicação e seus meios, Costella (1984, p.217) diz que:

[...] essa evolução toda, segundo se supõe, levará à dissolução das fronteiras entre as formas de comunicação hoje compartimentadas. Talvez se perca, no futuro, a noção de divisa entre jornais, rádio, televisão atualmente entidades estanques. A eletronização total da comunicação conduzirá à criação de sistemas multimeios, onde a notícia, a instrução e o entretenimento se integrem no mesmo vídeo e respectivo amplificador de som. Por um mesmo caminho eletrônico nos chegarão todas as informações que agora são trazidas por meio de livros, jornais e revistas, discos e fitas, telefone e rádio, cinema e televisão. E mais, essa avalanche de informações nos será disponível a todo instante, pois estarão arquivadas em computadores.1

As novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), especialmente a Internet e a World Wide Web, com sua linguagem multimídia, têm modificado profundamente o cotidiano das sociedades, seja nos grandes centros urbanos, onde a circulação de informações é intensa, ou em regiões remotas que hoje têm mais acesso à comunicação com o resto do planeta, impulsionando o processo de globalização:

A velocidade de disseminação da Internet em todo o mundo deve transformá-la efetivamente na decantada superestrada da informação. Oferecendo notícias, entretenimento, serviços e negócios, a rede mundial ainda é um novo meio de comunicação que rivaliza com a televisão, o jornal e outros veículos de troca e difusão de informação. (Pinho, 2003, p.49)

De acordo com Manzano (2012), do Projeto Intermeios, o mercado da publicidade no país, obteve crescimento de 8,54% em 2011. As emissoras de televisão aberta continuam com os melhores índices no share, com 63,3% da participação da fatia de publicidade. Internet e TV paga também estão em alta, com índices crescentes de 19,63% e 17,85%,respectivamente, alavancadas pelo aumento do número de assinantes e o crescimento do número de usuários dos meios digitais no Brasil.

Pinho (2003) aponta a existência de diferenças entre a Internet e os demais meios de comunicação que devem ser consideradas quando se fala na internet como um veículo de

1 Esse trecho foi extraído do último capítulo do citado livro, intitulado “O Futuro da Comunicação”, publicado em 1984, depois citado novamente na 4ª edição lançada em 2001, no mesmo capítulo, porém, com novo título: “O Futuro da Comunicação... já chegou”, onde o autor expõe: “Tudo aquilo que, em 1984, apresentamos como hipótese futura, já aconteceu. E foi tão rápido!” (Costella, 2001, p. 218)

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informações: a não linearidade - hipertextos funcionam de forma associativa; a fisiologia – uma vez que a distância da tela e a luminosidade do monitor fazem com que os olhos leiam os textos mais vagarosamente que no papel; a instantaneidade no repasse das informações veiculadas pela internet; a dirigibilidade permitindo que a informação seja acessada pelo receptor de forma direta, sem barreiras e ao target específico; a qualidade da audiência da internet (público jovem, bom nível de escolaridade e com boa renda) resultando em pessoas formadoras de opinião; os baixos custos de produção e veiculação de conteúdos na internet; a interatividade entre o emissor e o receptor um alcance em larga escala em conjunto com uma boa proximidade e a acessibilidade a internet como um grande banco de dados, permitindo o acesso constante as informações, podendo o receptor tê-las e utilizá-las quando quiser.

Assim como a linguagem do jornalismo possui as suas características próprias, diferenciando-se das revistas, televisão e outras mídias, tem diferenciando-se originado uma nova linguagem na internet, com o intuito de adaptar o jornalismo na internet. Segundo Palácios (2002), é possível identificar seis características do jornalismo on-line: multimidialidade, também conhecida por convergência, atualização contínua, a interatividade, a hipertextualidade, a personalização e a memória.

Palácios (2002) entende a convergência como a mudança nos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) e da narração jornalística. Segundo o autor é o possibilidade de digitação e posterior circulação que opera as mudanças relativas à convergência digital. O jornalismo na web é, portanto, uma evolução das mídias desde os seus primórdios, produto do desenvolvimento da sociedade midiática. O desenvolvimento tecnológico potencializa a convergência dessas mídias na mesma velocidade em que se democratiza.

Outro elemento bastante utilizado atualmente é a infografia, que passou de complemento da informação a campo de experimentos e vem representando um dos principais elementos de diferenciação e de inovação no jornalismo. Sérgio Peçanha, brasileiro, editor de infografia do jornal New York Times, disse, em entrevista para o portal G1: “Na infografia, você pode ver mais experimentação, já que mistura programação, roteiro, animação, jornalismo investigativo, mídias sociais. Do ponto de vista de experimentação do meio, é onde mais se vê inovação hoje” (Arrais, 2012, p.1).

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Quanto ao conceito e objetivos da Infografia, há uma dificuldade de se definir, devido à falta de estudos no tema, principalmente no Brasil. Sabe-se, no entanto, que é um recurso adicional para melhor explicar uma informação:

Ou seja, sempre que se pretende explicar algo, de uma forma clara e, sobretudo, quando só o texto não é suficiente para fazê-lo de maneira objetiva. A infografia é, portanto, um recurso que alia imagem e texto de modo complementar para passar alguma(s) informação(ões) (Teixeira, 2007, p.112).

Com o crescimento e o desenvolvimento de novas mídias, aliado as mudanças que ocorreram nos jornais ao longo do tempo, têm se originado a cada dia novos nichos de leitores e consumidores, mais exigentes, detentores de informações mais aprofundadas, com diversas idades e interesses variados.

A respeito desse assunto Dizard Jr (2000) nos fornece subsídios para compreender que de forma acelerada a sociedade se diversifica obrigando os meios de comunicação a fazerem o mesmo, dando menos importância a produção de conteúdos de massa, passando a in vestir em publicações de interesse mais segmentados. A necessidade de atender nichos de mercado e consumidores segmentados leva os meios de comunicação a mudar sua fonte de receita, antes baseada em produtos destinados a públicos amplos e gerais e de hábitos de consumo assemelhados. O novo consumidor de produtos e mídias tem interesses exclusivos e particulares, são menos representativos em quantidade, mas importantes em qualidade. As fontes de receita dos veículos de comunicação transformam-se rapidamente e na maioria dos casos para menor.

2.4. CRISE DO JORNALISMO IMPRESSO, ASCENSÃO DO WEBJORNAL.

Se, num primeiro momento, as mudanças na comunicação serviram para modernizar o processo industrial, num momento posterior veio dinamizar a comunicação interna de um jornal e há quem defenda a não relação entre a crise do jornal impresso e a ascensão do webjornal, sendo aquela relacionada também à penetração da mídia televisiva, que tem uma capilaridade maior que o jornal impresso (Righetti & Carvalho, 2008).

Neste sentido, os avanços da globalização e consequentemente da internet não são os únicos fatores que têm interferido no desenvolvimento do jornal impresso ao longo dos tempos. O decrescimento do jornal impresso deve-se a uma série de fatores que em conjunto levaram-no

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até a atual conjuntura em que se encontra. Segundo Meyer (2004), este momento é marcado por dois pontos principais que convergem para esta queda: a diminuição do público leitor e da circulação dos jornais, bem como a perda de participação no que tange a publicidade nos jornais impressos.

Tais fatores provém de décadas, principalmente pela concorrência de outros meios de comunicação mais atraentes, como a própria TV, a queda do hábito de leitura e sua falta de incentivo nas escolas. O autor, no entanto, concorda que a internet acelerou uma crise já existente e que pode se intensificar.

O segmento de jornais impressos sofreu uma redução significativa de participação nos dispêndios publicitários em meios de comunicação, passando de 28%, em 1995, para 16%, em 2005, enquanto outros segmentos, como revistas e rádio, praticamente se mantiveram estáveis. Isso mostra que, de fato, encontramos no Brasil as duas características da chamada crise do jornalismo impresso: queda de receita por vendas e por publicidade (Meyer, 2004).

De acordo com o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (2013) as residências urbanas detentoras de computador no país, cresceram de 25% para 26% entre os anos de 2008 e 2012. Durante esse período o acesso desses domicílios a internet obteve um aumento de 22% e a tendência desses números é que creçam a cada dia mais, principalmente pela facilidade de compra e acesso por parte da população às inovações tecnológicas e a internet.

Já Nguyen e Western (2006) expressam o pensamento das mídias impressa e digital caminharem lado a lado dentro do meio da comunicação e de certa forma se complementarem.. É importante não pensar a completa sobreposição de um tipo de jornal por outro, mas perceber as diversidades que a utilização conjunta do webjornal com o jornal de papel vem trazendo.

O exposto acima consiste nos pressupostos que embasam esta investigação, a partir dos quais trataremos os dados alcançados, a fim de obtermos uma melhor compreensão com relação ao cenário que está sendo construído para o jornalismo cearense. Entende-se, portanto, a Internet como um caminho quase que irreversível, mas que vem modificando, igualmente, todos os meios de comunicação, bem como consumidores e jornalistas.

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3. TRANSFORMAÇÕES DOS GÊNEROS JORNALÍSTICOS 3.1. O JORNAL IMPRESSO DIÁRIO

Admitamos, pois, a existência de diversos gêneros jornalísticos, sendo o Jornal Impresso Diário (JID) um deles. Este gênero comunicacional tem especificidades, relativas ao tempo - a notícia é confeccionada e posteriormente consumida pelo leitor - as questões de publicidade, de marketing, aos diversos tipos de conteúdo e agrupamento de conteúdos - cadernos, colunas, cartas, comunicados oficiais, propagandas.

O jornal não é um livro, onde o escritor cria a oportunidade de aprofundar um assunto e gerar reflexões com relação àquilo sobre o que escreve. No JID tem vez a superficialidade, a construção paulatina e constante da informação, a qual é oferecida ao leitor de maneira homeopática. Todos os dias o leitor/consumidor do jornal pode obter mais alguma informação com relação a um assunto que, via de regra, já é de seu conhecimento ou interesse.

Segundo Sant’Anna (2008) o jornal ocupa uma posição privilegiada onde se equilibram tendências de profundidade/superficialidade e de tempo - rapidez na transmissão da notícia. Segundo este autor, “O jornal não é ―quente demais, como o rádio, a televisão e a Internet [...]. Também não é ―frio demais, como as revistas, [...]. Ele é objetivo sem ser raso e reflexivo sem ser evasivo.” (Sant’Anna, 2008, p.4).

Podemos questionar, neste ponto, se o JID tem, na atualidade, um público consumidor, dentro das características que lhe são próprias como um gênero específico, que está pautado numa transmissão basicamente mecânica e analógica da informação. O JID não transmite informação através de bits e bytes, mas através de papel e tinta, na maior parte das vezes mediantes o consumo do produto, exigindo do leitor uma dedicação ou uma concentração na atividade de leitura, sendo que estamos inseridos num momento global onde a rapidez e a multiplicidade de informações estão modificando a nossa cultura, bem como as nossas programações cerebrais no que diz respeito à maneira como assimilamos conteúdo e lidamos com o conteúdo assimilado.

Há quem diga, portanto que não há mais espaço para o consumo do Jornal Impresso Diário, a exemplo do fim de um jornal específico:

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“Obrigado leitor”

Com esse título na capa do jornal, os proprietários do Notícias Populares, um jornal da cidade de São Paulo, despediram-se dos leitores no dia 20 de janeiro de 2001, após 38 anos de existência e 13.413 edições. A justificativa para o fim do jornal resumiu-se ao seguinte: ‘As informações que o leitor pagava pra ler no jornal, passaram a chegar gratuitamente em sua casa, pela TV” (Benette, 2002, p. 9)

Em concordância com Caldas (2002), o desafio do jornal impresso em tempos de internet é manter os seus valores. O autor assume uma posição onde destaca as peculiaridades dos diferentes públicos alvos, trazendo como alternativa para a sobrevivência do JID o investimento no que este teria de diferencial, ou seja, compreende o jornal impresso tendo como características “originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um” (Caldas, 2002, p. 17).

Nesse ponto de vista, não é fácil elaborar um prognóstico para o jornal impresso. São muitos os possíveis caminhos de evolução. Se por um lado, é um tipo de mídia jornalística que goza de boa credibilidade do público consumidor, por outra, tem se tornado obsoleto, ao que indicam as pesquisas já mencionadas em itens anteriores. O jornal incorre, portanto, no risco de mudar coisas que não precisariam ser mudadas e, eventualmente, adquirir novas características não necessariamente úteis para o que se propõe.

Dessas possibilidades de caminhos e múltiplas estratégias é que os posicionamentos da gestão irão desenvolver suas escolhas. No âmbito deste estudo consideramos que existem dois principais caminhos possíveis. O primeiro é baseado numa valorização diferencial do jornal impresso e o segundo é baseado numa aproximação com aquilo que a mídia digital promove em termos de atrativos.

A discussão seguinte faz sentido a partir da inserção da internet no cotidiano das pessoas. Ao longo dos anos, a rede mundial de computadores vem crescendo em progressões geométricas e se expandindo entre os brasileiros, principalmente nas classes de maior poder aquisitivo, que também são as principais classes consumidoras de informação impressa dos jornais de maior circulação no país. Os veículos on-line fizeram uma transição em que passaram de meras reproduções dos diários, para fornecedores de conteúdo digital atualizado. Os leitores da atualidade desejam estar informados em pouco tempo, com notícias rápidas, onde eles mesmos possam escolher por qual veículo, site ou canal que irá informar e são participativos, gostam de comentar e contribuir com a sua opinião a respeito do fato ou assunto em pauta. O

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desenvolvimento das tecnologias permite que o leitor passe de um mero receptor de notícias para uma participante ativo, utilizando-se de links, aplicativos, podendo comentar, dentre outras formas de interação não existentes nos meios tradicionais.

Com o intuito de servir a essa latente necessidade de acompanhar a evolução tecnológica, e assim poder atender aos consumidores globalizados, acelerou a necessidade de transformações dos JID. Alguns deles começaram a reformular a construção e a apresentação da notícia no papel, em coadunância com uma das estratégias possíveis elencadas anteriormente. O desenvolvimento esperado dessa estratégia é a necessidade de ocupar o espaço com textos e imagens fragmentados e mais alusões ao conteúdo adicional disponível no site jornalístico. Uma reformulação das páginas impressas exige uma dinâmica de adaptação a uma leitura rápida ou lenta, linear ou multilinear, onde exista a possibilidade de se trabalhar com links mentais otimizando a leitura e levando ao leitor a oportunidade de se inteirar da notícia exposta de maneira leve e interativa, como descreve Mielniczuk (2005). Essas mudanças ocorrem simultaneamente nas mídias, no funcionamento cerebral e nas relações sociais - construção da cultura. Muda o funcionamento das profissões, muda o profissional, a gestão, a economia, o impacto bio-socio-ambiental. Muda em termos de acessibilidade. É difícil estabelecer, cronologicamente, em que ordenação ocorrem as mudanças. Sabe-se que elas ocorrem e são essas transformações o foco de nossa olhar a partir de agora.

3.2. AS MUDANÇAS

O jornal impresso passou por diversas transformações durante a sua trajetória, e com a inserção e o crescimento do jornalismo on-line, tais transformações passaram a ser não somente uma ordem natural das coisas, mas sim uma necessidade de adaptação a um novo cenário da comunicação no mundo. Em coadunância com Ziller (2005), compreendemos que, para trabalhar com informação no ciberespaço, o jornalista necessita conhecer a maneira adequada de lidar com essa mídia, que a todo tempo realiza mudanças no processo de escrita e veiculação da notícia, além disso, saber adaptar a construção da notícia do jornal impresso a essa nova era digital, onde há alguns anos, essa prática demandava apenas uma boa formatação do texto e nas edições das imagens. Hoje, no entanto, é preciso pensar a informação no âmbito da produção de conteúdos multimídia. Essa diferença no profissional

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da área de jornalismo também provoca a pulverização da notícia. Quem hoje em dia tem o direito de escrever e transmitir informações? Este é um ponto importante. Cumprir a função de (des)informante virtual é tarefa simples nos dias de hoje. A essa discussão voltaremos adiante.

Com as novas plataformas o jornalismo dinamizou-se trafegando em facilidades tecnológicas, porém, seu novo e exigente público espera compensações nem sempre disponíveis. O esforço para chamar a atenção do público deve ir além da forma, o conteúdo exclusivo determina a fonte de recita. O jornalista nesse novo ambiente precisa ter diferencial capaz de produzir conteúdo multimídia (Villela, 2002).

Como forma de compreender a influência dessa nova linguagem no meio jornal da atualidade, é preciso fazer um diagnóstico das principais características oferecidas e necessárias ao profissional de comunicação pela web. Para tanto, convém utilizar as definições apresentadas por (Pinho, 2003, p. 49) em “cada um dos aspectos críticos que diferenciam a rede mundial” das mídias tradicionais:

3.2.1. Hipertextualidade

É importante compreender que “As técnicas digitais de hipertextualização e de navegação constituem de fato uma espécie de virtualização técnica ou de exteriorização dos processos de leitura” (Lévy, 1996, p. 50). Dessa forma, o hipertexto é uma ferramenta de trabalho essencial do jornalismo on-line. Com a inserção de links nas palavras-chaves do texto, que remetam a outros textos, vídeos, fotos, áudios etc, o hipertexto torna a notícia interativa com outros textos e imagens, permitindo ao leitor se conectar com mais facilidade naquilo que deseja saber e se aprofundar nos fatos. Segundo Mielniczuck (2002, p. 11), a narrativa “no hipertexto é apresentada como um texto pulverizado”. Este tipo de escrita oportuniza o leitor a liberdade de navegação, através do aprofundamento naquilo que é do seu interesse, ou do acesso fácil àquilo que não seja ainda do seu conhecimento.

3.2.2. Não-linearidade

A característica da não linearidade tem relação com a anteriormente enfocada. É interessante e típica desse formato, porque é o que permite que o leitor “construa” a sua própria narrativa, podendo percorrer diversas páginas de informação, pesquisando apenas aquele assunto que é

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de seu interesse. “O hipertexto permite que o usuário se movimente mediante as estruturas de informação do site sem uma seqüência predeterminada” (Pinho, 2003, p. 50). Ou seja, a não linearidade é possibilitada pelos hipertextos no decorrer da página.

3.2.3. Extensão

Pelo fato da leitura de uma página da web ser mais cansativa devido a incidência da luz do veículo emissor (tablet, notebook, smartphone, etc), recomenda-se que: “o texto preparado para a Internet seja cerca de 50% mais curto do que o escrito para o papel” (Pinho, 2003, p. 51). Esse é o tipo da característica que muda em vários aspectos o caráter do meio comunicativo. Desde a maneira como o profissional redige a informação, passando pela maneira condensada/superficial como a notícia chega até o seu destinatário e até com relação à apresentação visual do jornal.

3.2.4. Instantaneidade

O webjornalismo vem conquistando cada vez mais leitores e se destacando por poder possibilitar ao leitor a uma cobertura instantânea dos principais acontecimentos locais e mundiais, já que não requer de complexos aparatos tecnológicos, sendo um meio de comunicação relativamente acessível a qualquer jornalista. Se realizarmos uma comparação com a televisão, podemos pensar no tempo que leva para uma equipe inteira de reportagem se deslocar até o local e conseguir veicular a matéria ou como acontece nos impressos, em que o leitor precisa aguardar até o outro dia que é quando o jornal será impresso e distribuído. “Na mídia on-line, a instantaneidade da informação modificou até mesmo o sentido do furo de reportagem” (Pinho, 2003, p. 51).

3.2.5. Público alvo

De acordo com o IBGE, grande parte do público que utiliza o on line, é formado por pessoas jovens, com alto grau de escolaridade e boas condições financeiras. Trata-se de uma conclusão extraída da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2006) referentes ao acesso à internet, segunda a qual:

21,0% das pessoas acessaram a Internet [...]pelo menos uma vez, no período de referência. [...] A idade média da população de 10 anos ou mais de idade, usuária da Internet, situou-se em 28,1 anos. Considerando a população por faixas de idade, verificou-se que a utilização da Internet estava mais

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concentrada nos grupos etários mais jovens. No grupo de 15 a 17 anos de idade, 33,9% das pessoas acessaram esta rede. [...] O número médio de anos de estudo dos usuários da Internet foi de 10,7 anos, enquanto o das pessoas que não utilizaram esta rede ficou em 5,6 anos. Quanto mais elevado era o nível de instrução, maior foi a proporção de usuários da Internet. [...]O nível do rendimento médio mensal domiciliar per capita das pessoas que utilizaram a Internet foi expressivamente mais elevado que o daquelas que não acessaram esta rede. Esse rendimento das pessoas que não utilizaram a Internet ficou em R$ 333,00, representando ¹/³ daquele dos indivíduos que acessaram esta rede (R$ 1.000,00) (IBGE, 2006, pp. 2-3).

3.2.6. Interatividade

Um dos grandes atrativos da internet é a interatividade, onde permite espaço para que exista um fluxo de comunicação, o emissor é também receptor e o receptor em diversos momentos torna-se emissor.

“Na Internet, a organização não está falando para uma pessoa, mas sim conversando com ela” (Pinho, 2003, p. 54). O internauta tem a possibilidade de interagir através de fóruns, votar em enquetes, comentar notícias, corrigir possíveis erros, dar sugestão de novas matérias, criticar, e pode até mesmo ter textos, fotos e vídeos publicados, por isso, “a notícia on-line possui a capacidade de fazer com que o leitor/usuário se sinta parte do processo” (Mielniczuk, 2002, p. 5). A interatividade oferecida por este suporte digital ainda está em processo de desenvolvimento, pois são inúmeras as possibilidades oferecidas.

3.2.7. Pessoalidade

A interação no mundo virtual, permite ao público receber respostas dirigidas e em curto espaço de tempo; “o que faz a Internet interativa também faz a comunicação ser muito pessoal” (Pinho, 2003, p. 54). Existe também a possibilidade de receber notificações avisando atualizações dos sites mais acessados pela pessoa, através de um sistema denominado RSS (Really Simple Syndication).

Existem jornais que disponibilizam também a possibilidade de receber as principais notícias através de mensagens SMS (Short Message Service) no celular, sendo cobrado o serviço via fatura do telefone.

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21 3.2.8. Memória e documentação

O meio digital, permite ao leitor acessar a notícia a qualquer momento, pois possui um armazenamento de dados de fácil acesso e superior em termos de capacidade de espaço do que qualquer arquivo físico. “Na Web, o material elaborado e disponibilizado instantaneamente possui um caráter cumulativo, que o diferencia dos outros meios” (Mielniczuk, 2002, p. 7). Um webjornal é, portanto, uma maneira de escrever e armazenar a história.

3.2.9. Segmentação

Nos jornais on line existe uma facilidade de ser dividido por nichos de interesse do leitor, essa possibilidade de segmentação do conteúdo consiste na “possibilidade de cada leitor estabelecer um percurso individualizado de leitura a partir da navegação pelo hipertexto” (Mielniczuk, 2002, p. 06). Além disso, vale salientar a possibilidade de realizar pesquisas por palavras chave, oportunizando ao leitor encontrar diversos tipos de conteúdo a respeito daquele tema que o interessa. Enfim, acrescentamos que as mudanças trazidas pelo advento do webjornalismo não podem ser entendidas como estanques. A web é por si só, um meio de transformações rápidas e contínuas, em constantes atualizações. A linguagem on-line, por exemplo, que tem suas características que a distingue da linguagem do jornal impresso também está se transformando rapidamente. Então, diz-se que esta muda conforme o avanço do tempo e as mudanças sociais. Sobre esse aspecto, nos indica Edo (2007, p.11) que:

Escribir textos periodísticos para Internet exige una revisión dinámica de los modos habituales de presentar la información, de la estructura textual, del estilo y de las características de los lectores, a los que la interactividad característica de la red convierte en actores que interactúan con los medios y los periodistas. Y se hace necesario adaptar el lenguaje a las posibilidades de la nueva situación tecnológica y social, dejando claro desde el primer momento que no estamos ante un modelo definitivo, sino en una de las primeras fases de una viaje semántico, lingüístico y estilístico que acaba de empezar y cuyo desarrollo depende de los avances científicos y de la evolución del periodismo y de la sociedad.

Falamos, portanto, de um meio comunicativo vivo, pela sua própria natureza e que vem em conjunto com transformações para além dele mesmo, como as ocorridas simultaneamente com o profissional do jornalismo e com o consumidor final. Essas duas, influenciando diretamente das transformações no modelo de gestão neste ramo, que é o tema principal deste estudo.

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22 3.3. UM NOVO JORNALISTA

Sugerimos, ao citar as transformações no meio de comunicação em foco, as transformações pelas quais vêm passando os profissionais da área. Em termos de competências necessárias, habilidades, foco e perfil, este profissional vêm mudando e nem sempre se assemelha àquele estereótipo antigo do jornalista, sentado à sua máquina de escrever, livre em seus posicionamentos e opinião a serem expressos no jornal.

Com relação a essas mudanças, Canavilhas (2001) trouxe a observação de que a linguagem no webjornal português vinha funcionando como uma simples transposição da linguagem do jornal impresso para a internet. Quando a internet, segundo autor supracitado, pode ser mais que isso. Nesse aspecto já vimos anteriormente as características do texto webjornalístico, de maneira que na atualidade há sensíveis diferenças já em vista.

As transformações deste profissional no Brasil começaram bem antes, com a adoção, em meados do século XX, do modelo norte-americano de jornalismo - isento e empresarial -, em contraposição ao jornalismo crítico, pessoal e de combate. Em primeiro lugar, portanto, de acordo com Biroli (2007), teria vindo a necessidade de coesão e controle social por parte da mídia de massa. Essas mudanças, em conjunto com a profissionalização da gestão de um jornal - tema relevante para a investigação atual - começam a moldar a configuração do que hoje podemos chamar de novo jornalista. Inclui-se, então, a disciplinarização da prática profissional por empresas que também tem por objetivo a rentabilidade da atividade. A redação jornalística tornou-se um espaço mais dinâmico, competitivo e adaptado aos que funcionavam desta forma, transformando a identidade profissional do jornalista.

Um dos aspectos que atariam a mudança na rotina jornalística a mudanças mais amplas, justificando as adaptações nas rotinas de trabalho, foi a percepção de que estava em curso uma espécie de aceleração do tempo, que implicava em uma correlação de novo tipo entre o cotidiano e a informação, entre as possibilidades dos leitores e aquilo que os jornais noticiosos deveriam oferecer-lhes. (Biroli, 2007, p. 123)

Dentre as mudanças principais, que ocorreram antes da ascensão prodigiosa do webjornal, destaca-se uma especificamente relacionada ao tempo. O tempo das pessoas mudou de tal forma que houve a necessidade do texto do jornal impresso ser cada vez mais curto e objetivo, pois ainda que as pessoas não abrissem mão da leitura do jornal diário, o tempo dedicado a

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esta tarefa não era mais o mesmo, bem como a disponibilidade para reflexão sobre a notícia lida.

Ainda na perspectiva do tempo, a notícia enquanto novidade passou a ser ainda mais estimada, ao passo que a tecnologia permitiu que a edição de um jornal pudesse ser fechada até pouco antes de o dia anterior acabar, estendendo, também, o tempo de trabalho do jornalista que passou a ter durante as 24 horas do dia a possibilidade de trabalhar em noticiamentos sempre atuais, reafirmando a ideia de jornalismo enquanto missão.Com o advento do jornalismo na internet, parece ter surgido numa consonância muito interessante com essas transformações que já vinham acontecendo com o jornal impresso. A rapidez, portanto, das mudanças que começaram ainda antes da internet se tornar um veículo jornalístico, consolidou-se após esse advento. O profissional e as características que o mesmo precisou buscar para ser o jornalista do novo milênio, agora são mais presentes do que nunca. Para além dessa discussão e fazendo parte das transformações ocorridas nesse aspecto, há também certa dissolução do remetente da informação na internet. Além dos webjornais, os blogs, fotologs, microblogs e as redes sociais também são depósitos e transmissores de informação. Esse fato tem nuances positivas e negativas para a profissão jornalista: se por um lado torna a web um grande caldeirão de informações, também mistura as fontes informativas, deixando de ser o jornal o principal informador, detentor único de confiança.

Outro aspecto, que está relacionado com as transformações no público consumidor é a de que, por não existir mais o limite de tempo/espaço como antes, e pelas relações se tornarem mais fáceis e curtas, não é mais necessário separar um pequeno espaço para destinar à participação das pessoas na notícia - a exemplo do quadro “cartas do leitor” - mas assume um papel de selecionar e organizar a informação enviada pelo público de maneira que o jornalista adquire, ainda, ares de bibliotecário (Primo & Träsel, 2006).

Enfim, podemos resumir as transformações do profissional como em dois sentidos: um com relação ao modo como as relações de trabalho vão sendo estruturadas, de acordo com as necessárias transformações do modelo de gestão, outro com relação às habilidades e competências que o mesmo precisa ter para redigir tipos diferentes de notícia, especialmente com relação à forma:

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Os infográficos e a interatividade proporcionada pelas novas tecnologias permite mais exploração do leitor e mais participação na produção do conteúdo jornalístico. A diversidade de devices facilita o acesso a noticia por parte do leitor mas exige do jornalista habilidade e raciocínio adequados ao desejo de comodidade do consumidor de conteúdo (Canavilhas, 2001).

3.4. UM NOVO CONSUMIDOR

Como já foi dito acima, para o alcance dos objetivos desta dissertação, um exame das mudanças relativas ao comportamento do consumidor são de extrema importância, tendo em vista a ligação das mudanças destas com as transformações do modelo de gestão correlato. Das mudanças na comunicação entre as pessoas à maneira como as mesmas obtém informações importantes sobre os acontecimentos sociais, tudo tem mudado rapidamente na sociedade.

As relações fluidas entre leitor-autor ficam muito claras no webjornalismo. A participação do leitor nas reportagens já publicada e na criação de suas próprias notícias já é um lugar comum na internáutica. A internet é um espaço onde, segundo Quadros (2005) se comunicam “um para um, muitos para muitos, muitos para um e também de um para muitos” (p. 4.). Essa liberdade de comunicação, que inclui a incerteza de quem são os autores e receptores da informação torna a web um grande aglomerado informativo.

Além desse fato, Ribeiro (2009) destaca as diferentes habilidades de leitura quando associada à navegação, já que o mesmo pode navegar sem ler e ler sem navegar, utilizando os hiperlinks e desconsiderando informações incompreensíveis ou incompletas, o que faz com que o público de um jornal on-line seja ainda mais diversificado.

O consumidor on-line é, ao mesmo tempo, leitor e autor, num tempo de autoria compartilhada. Neste sentido, Quadros (2005) aponta o crescimento do modelo de Jornalismo Open Source. Este último seria nesse um “jornalismo de fonte aberta” em que “os usuários de diários e revistas digitais também colaboram com editores no momento de escrever uma reportagem” (Quadros, 2005, p. 6). Dessa maneira, os papéis se misturam, o que é mais um desafio à gestão dos jornais. Ou seja: o que e como escrever quando todos querem ser autores, repórteres? É comum que os jornais se resguardem em alguns limites quando propõem a participação do público em enquetes, pesquisa de opinião ou quadro de sugestões e esse é um

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desafio real, o de um incorporar um novo público, com ânsia de participação. A ideia, portanto de pensar um modelo de webjornalismo participativo é digna de análise.

Sobre esse chamado webjornalismo participativo, Primo e Träsel (2006) dizem que “A diferença principal do jornalismo tradicional e do webjornalismo participativo está em contar com interações mais profundas com e entre os colaboradores.” (p. 15). Neste caso é importante destacar, ainda, que segundo os mesmos autores, é necessário repensar os valores de objetividade e imparcialidade que dominou o ramo do jornalismo no Brasil nos últimos anos. Neste sentido, argumentam: “Ora, o pequeno número de periódicos impressos ou emissoras de rádio e televisão parecem justificá-los. Já na Internet, com tamanha oferta informacional e com o espaço de publicação praticamente infinito, cresce a demanda por materiais que vão além do mero relato.” (Primo & Träsel, 2006, p. 16).

Outro elemento que pode compor um jornal é o fato de que, ao abrir o espaço de expressão do leitor, tornam-se conhecidas as opiniões e valores deste público, o que pode ser interessante na formatação das estratégias contínuas de marketing, publicidade, além da possibilidade de um melhor manejo da personalidade do jornal em adequação ao público leitor.

Pensar no interesse que o público leitor possa ter no jornal on-line é importante. Kimber (1997) já apontava para a necessidade de se criar um interesse nos leitores, para que se forme um público qualificado para o web jornal. Segundo o autor, corre-se o risco de que as notícias na internet se restrinjam às próprias notícias na internet.

Com tantas mudanças, no público consumidor, bem como na forma de trabalho e nas relações profissionais que fazem parte do contexto jornalístico, não é de se surpreender que mudanças em termos de gestão não tardem a se tornar necessárias e evidentes. Sobre as mudanças na gestão dos jornais é que trataremos a partir de agora.

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TABELA 1  Perfil do assinante: idade .................................................................
TABELA 2 – Perfil do assinante: renda mensal familiar
GRÁFICO 2
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