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Eficácia do processo ofensivo em futebol: estudo comparativo das equipas classificadas nos primeiro e segundo lugares das ligas nacionais de Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal em 2008-09

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(1)Eficácia do Processo Ofensivo em Futebol. Estudo comparativo das equipas classificadas nos primeiro e segundo lugares das ligas nacionais de Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal, na época de 2008/09.. Pedro Filipe Alves Ferreira Barbosa. Porto, 2009.

(2)

(3) Estudo comparativo das equipas classificadas nos primeiro e segundo lugares das ligas nacionais de Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal, em 2008/09.. Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.. Orientador: Prof. Doutor Júlio Garganta Pedro Filipe Alves Ferreira Barbosa. Porto, 2009.

(4) Provas de Licenciatura. Barbosa, P. (2009). A Eficácia do Processo Ofensivo em Futebol. Estudo comparativo das equipas classificadas nos primeiro e segundo lugares das ligas nacionais de Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal, em 2008/09. PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, ANÁLISE DO JOGO, ORGANIZAÇÃO TÁCTICA, ATAQUE..

(5) DEDICATÓRIA. … Deus é o único ser que, para reinar e ter sucesso… …nem precisa de existir… Charles Baudelaire. Objectividade do processo ofensivo. .. .. .. Pablo Picasso. Torna tudo o mais simples possível… …mas não mais simples do que isso… Albert Einstein. I.

(6) II.

(7) AGRADECIMENTOS À minha Mãe e ao meu Pai, por tudo aquilo que fizeram e fazem por mim! Quando eu nasci eram os primeiros a aplaudir todos os meus feitos. À medida que fui crescendo, estiveram sempre presentes quando tive dificuldades em distinguir o bem e o mal. Durante a adolescência eram a autoridade que me colocava limites às minhas acções, mas nunca aos meus sonhos. Agora que sou adulto, são os meus melhores amigos e conselheiros! OBRIGADO por tudo! Ao Professor Júlio Garganta, pela ajuda e disponibilidade na realização deste trabalho. Muito mais que um professor foi um grande amigo, mostrou-se sempre disponível para ajudar a vários níveis e sobre várias coisas. A forma como orientou o processo foi excelente, não me fornecendo as soluções, mas sim objectivos para que eu fosse capaz de criar O MEU PRÓPRIO CAMINHO, e se por alguma razão eu me desviasse desse rumo escolhido, o professor funcionava como um separador que evitava com que me despistasse. Um muito obrigado! Ao Professor Vítor Frade, que depois de me ensinar a pensar por mim mesmo, nunca mais perdi essa vontade e “agora custa-me a acreditar no pensamento dos outros”. Ao Professor Dino, sem ti era apenas um ponto no céu contigo aprendi a ser uma estrela cadente, a ter luz própria, a seguir o seu próprio caminho e a ser a orientação de alguém como tu foste para mim. Aos meus AMIGOS, à Ritinha (Rita Santoalha), ao Felgueiras (Rui Ribeiro), à Lulu (Luísa Gagliardini), ao Daniel (Dádá) e à Joana Nestor por tudo o que foram e tudo o que são para mim! Ao Tiago Moreira, ao Pedro Sousa e ao Pedro Oliveira, os Grandes Amigos e COUCHS pela sua disponibilidade e ajuda. Ao Bruno Pimenta, ao Tiago Gomes e ao Rui Oliveira pela grande amizade que nos UNE!. III.

(8) A todos os meus AMIGOS, porque eles são tudo! Aos meus sobrinhos Miguel e Eduarda por toda a FELICIDADE e FORÇA que me transmitiram durante a realização deste trabalho. Aos meus irmãos, Rui e Carlos, assim como a minha cunhada Ana, por todos os “Momentos” e “Conversas” que tivemos e por toda a disponibilidade e ajuda concedida. À Guida pelo apoio incansável, por todos os momentos e por toda a compreensão que tiveste comigo.. “… O importante não é a quantidade de coisas que se tem na vida, mas quem passa e deixa ficar um pouco de si…” W. Shakespeare. IV.

(9) ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS. III. ÍNDICE GERAL. V. RESUMO. VII. ABSTRACT. IX. ÍNDICE DE FIGURAS. XI. ÍNDICE DE QUADROS. XIII. ÍNDICE DE ABREVIATURAS. XV. 1. INTRODUÇÃO. 1. 2. REVISÃO DA LITERATURA. 5. 2.1. O Modelo de jogo enquanto guia e orientador da forma de jogar. 6. 2.2. Uma ideia comum de jogo…uma Identidade. 7. 2.3. O Treino como forma de operacionalizar a base do jogo de uma equipa. 9. 2.4. Uma Identidade… um “estilo” de jogo. 11. 2.5. Organização do jogo de Futebol. 14 16. 2.5.1. Organização funcional e estrutural. 2.6. O jogo de Futebol e respectivas “Fases”. 17. 2.7. Processo Defensivo…mais do que o recuperar da bola. 18. 2.8. Processo ofensivo…uma fase decisiva do jogo de Futebol. 20. 2.9. Transição defesa/ataque e a respectiva relevância no processo. 23. 2.10. Objectividade do processo ofensivo. 24. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. 27. 3.1. Problema. 28. 3.2. Objectivos e Hipóteses. 28. 3.3. Caracterização da Amostra. 30. 3.4. Material. 31. 3.5. Protocolo de explicitação das variáveis em estudo. 31. 3.6. Procedimentos Estatísticos. 37. 3.7. Fiabilidade da Observação. 38. V.

(10) 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. 39. 4.1. Resultados das sequências ofensivas (SO) das equipas observadas. 40. 4.1.1.Percentagens das sequências ofensivas positivas (SOP) observadas em cada. 41. campeonato. 4.2. Relação entre o número de sequências ofensivas relativas e o número de. 43. golos 4.3. Frequência de finalização nas equipas de topo, nos diferentes. 45. campeonatos estudados 4.4. Relação entre objectividade do processo ofensivo e a sua eficácia (relativa. 49. e absoluta 4.4.1. Número de passes e eficácia (relativa e absoluta) do processo ofensivo. 49. 4.4.2. Tempo Realização do Ataque e eficácia (Relativa e Absoluta) do processo. 52. ofensivo 4.4.3. Número de contactos com a bola e relação com a eficácia ofensiva (relativa e. 56. absoluta) do processo ofensivo 4.4.4. Número de jogadores em cada sequencia ofensiva e a sua relação com a eficácia. 60. ofensiva (relativa e absoluta) do processo ofensivo. 4.5. A Eficácia (relativa e absoluta) dos diferentes métodos de jogo ofensivo. 63. 4.6.Relação entre a zona de recuperação da bola e a eficácia (relativa e. 67. absoluta) do processo defensivo. 5. CONCLUSÕES. 79. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 83. 7. SUGESTÔES PARA FUTUROS ESTUDOS. 87. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 89. 9. ANEXOS. 109. VI.

(11) RESUMO O presente estudo teve como propósito verificar a relação entre a eficácia ofensiva (relativa e absoluta) e o comportamento de variáveis tácticas, para as equipas de Futebol classificadas no primeiro e segundo lugares das ligas nacionais de Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal, na época de 2008/09. Procurou-se ainda apurar se a frequência da eficácia ofensiva absoluta das equipas varia na razão directa da frequência da respectiva eficácia ofensiva relativa. A amostra integra 1518 sequências ofensivas (SO) e integra 142 sequências ofensivas positivas (SOP), retiradas da análise de dezasseis jogos completos da época 2008/2009, das ligas nacionais de Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal. Foram observados dois jogos para cada equipa. Para tratamento dos dados estatísticos utilizou-se a estatística descritiva, nomeadamente a média, o desvio-padrão e a percentagem, bem como as frequências absolutas e relativas. Também se recorreu à estatística inferencial, para se estudar a correlação entre as variáveis em estudo (Coeficiente de Correlação de Pearson). Para verificar se existiam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, para as diferentes variáveis, utilizou-se o teste ANOVA. Nos casos em que se verificou diferenças estatisticamente significativas (p≤0,05), realizou-se um post hoc test. Face aos resultados encontrados conclui-se que as sequências ofensivas com menor tempo de realização de ataque (0 a 15 segundos), menor número de passes (0 a 4 passes) e menor número de jogadores intervenientes directos (0 a 4 jogadores) parecem estar associadas a um maior número de sequências ofensivas positivas, para todas as equipas analisadas. No entanto apenas foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes intervalos de tempo. Verificou-se também que não existe uma correlação estatisticamente significativa entre as sequências ofensivas positivas relativas e as sequências ofensivas positivas absolutas, nem entre a proximidade da zona de recuperação da posse de bola em relação à baliza adversária e a eficácia ofensiva (relativa e absoluta). Concluiu-se ainda que o Contra-ataque foi o método de jogo ofensivo em que foi patente uma maior eficácia ofensiva para todas as equipas observadas. No entanto, também não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os Métodos de Jogo Ofensivo utilizados pelas equipas. PALAVRAS-CHAVE:. FUTEBOL,. ANÁLISE. TÁCTICA, ATAQUE. VII. DO. JOGO,. ORGANIZAÇÃO.

(12) VIII.

(13) ABSTRACT The present study was made in order to verify the relationship between the offensive efficacy (relative and absolute) and the behavior of the variable strategies for Football teams classified in the first and second places of the national leagues of Spain, England, Italy and Portugal in 2008/2009. It’s also, tried to clear up if the frequency of the absolute offensive efficacy of teams varies directly of its relative offensive efficacy. The study’s sample is constituted by 1518 offensive sequences (OS) and combines 142 positive offensive sequences (POS) withdrawal from the analysis of sixteen complete games of 2008/2009 season of the national Spanish, English, Italian and Portuguese leagues. There were observed two games for each team. In order to study the statistic data it was used the descriptive statistic, namely the average, the standard deviation, and the percentage, as well as absolute and relative frequencies. It was also used the inferential statistic to study the correlation between the variables in study (Pearson’s Correlation Coefficient). To verify if there were statistically significant differences between groups, for the different variables, it was used the ANOVA test. For the cases where were statistically significant differences (p≤0,05), it was made a. post hoc tests to describe minutely the sense of such. differences. According to the results it is concluded that: the offensive sequences (OS) with a minor time of the attack’ achievement (0 to 15 seconds) as well as the sequences with a smaller number of passes (0 to 4 passes) and less number of players directly involved (0 to 4 players) are those that take to a bigger number of positive offensive sequences for all the analyzed teams. However, there were only found statistically significant differences between the periods of time analyzed. It was verified that there isn’t a statistically significant correlation between the positive relative offensive sequences and the positive absolute offensive sequences, as well as the increase of the recovery of ball possession area in relation to the opposing goal and the offensive efficacy (relative and absolute). It was also concluded that the counter-attack was the offensive game method where it was clear a bigger offensive efficacy (relative and absolute) for all the observed teams. However, there weren’t also found statistically significant differences between the offensive play methods in relation to all the teams.. KEY-WORDS:. FOOTBALL; GAME ANALYSIS; TACTICS ORGANIZATION;. ATTACK IX.

(14) X.

(15) ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Campograma adaptado de Garganta (1997).. Figura 2. Número de sequências ofensivas observadas em cada equipa.. Figura 3. Percentagens de SO referentes a cada um dos campeonatos analisados.. Figura 4. Percentagens de SOP referentes a cada uma das equipas analisadas.. Figura 5. Percentagens das sequências ofensivas positivas (SOP) observadas relativas às equipas pertencentes ao mesmo campeonato.. Figura 6. Número de sequências ofensivas positivas relativas (SOPR) e número de sequências ofensivas positivas absolutas (SOPA) observadas em cada equipa.. Figura 7. Número de sequências ofensivas positivas relativas (SOPR) e número de sequências ofensivas positivas absolutas (SOPA) observadas para cada grupo de equipas pertencentes ao mesmo campeonato.. Figura 8. Média de golos por jogo para cada equipa observada.. Figura 9. Número de golos observados em cada campeonato, número total de golos observados e média de golos.. Figura 10. Frequência ofensiva absoluta em relação ao Nº SOP para cada equipa analisada.. Figura 11. Número de sequências ofensivas (SO) e número de golos observados em cada campeonato, e relação existente entre o número de SO e o número de golos.. Figura 12. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas, comparativamente aos diferentes intervalos do número de passes analisados em cada equipa.. Figura 13. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas, comparativamente aos diferentes intervalos do número de passes analisados em cada grupo de equipas pertencentes ao mesmo campeonato.. Figura 14. Número de sequências ofensivas positivas totais (SOPt) e a sua percentagem comparativamente aos diferentes intervalos do número de passes.. XI.

(16) Figura 15. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas, comparativamente aos diferentes intervalos de tempo analisados em cada equipa.. Figura 16. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) em cada intervalo de tempo, para cada grupo de equipas pertencentes ao mesmo campeonato analisado.. Figura 17. Número de sequências ofensivas positivas totais (SOPt) e a sua percentagem comparativamente aos diferentes intervalos de tempo.. Figura 18. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas, em relação ao intervalo do número de contactos com a bola para cada equipa observada.. Figura 19. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada intervalo do número de contactos com a bola, em cada grupo de equipas pertencentes aos diferentes campeonatos analisados.. Figura 20. Número de sequências ofensivas positivas totais (SOPt) e a sua percentagem comparativamente aos diferentes intervalos de número de contactos com a bola (NCB).. Figura 21. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada intervalo do número de jogadores, em cada campeonato analisado.. Figura 22. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada intervalo do número de jogadores, para as equipas pertencentes ao mesmo campeonato analisado.. Figura 23. Número de sequências ofensivas positivas totais (SOPt) e a sua percentagem comparativamente aos diferentes intervalos do número de jogadores (NJ) intervenientes em cada sequência ofensiva positiva.. Figura 24. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada método de jogo ofensivo (MJO), em relação a cada equipa analisada.. Figura 25. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada Método de jogo ofensivo (MJO), para cada campeonato analisado.. Figura 26. Número de sequências ofensivas positivas totais (SOPt) e a sua percentagem comparativamente aos diferentes Métodos de jogo ofensivos (MJO).. Figura 27. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa AS Roma.. Figura 28. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa do Inter de Milão.. XII.

(17) Figura 29. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa do Chelsea.. Figura 30. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa do Manchester United.. Figura 31. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa do Real Madrid.. Figura 32. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa do Barcelona.. Figura 33. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa do F.C. Porto.. Figura 34. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em relação à zona de recuperação da bola (ZRB) na equipa Sporting C.P.. Figura 35. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada zona de recuperação da bola (ZRB) específica, em relação as equipas pertencentes ao campeonato italiano.. Figura 36. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada zona de recuperação da bola (ZRB) específica, em relação as equipas pertencentes ao campeonato inglês.. Figura 37. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada zona de recuperação da bola (ZRB) específica, em relação as equipas pertencentes ao campeonato espanhol.. Figura 38. Número de sequências ofensivas positivas (SOP) verificadas em cada zona de recuperação da bola (ZRB) específica, em relação as equipas pertencentes ao campeonato português.. Figura 39. Número de sequências ofensivas positivas totais (SOPt) comparativamente à zona específica onde se deu a recuperação da posse de bola (ZRB).. Figura 40. Número de sequências ofensivas positivas absolutas totais (SOPAt) comparativamente à zona específica onde se deu a recuperação da posse de bola (ZRB).. Figura 41. Número de sequências ofensivas positivas totais (SOPt) comparativamente à zona (defesa, meio campo defensivo, meio campo ofensivo, ataque) onde se deu a recuperação da posse de bola (ZRB).. XIII.

(18) XIV.

(19) ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1. Sequências Ofensivas (SO) e Sequências Ofensivas Positivas (SOP) de cada equipa observada.. Quadro 2. Jogos Observados.. Quadro 3. Percentagens obtidas no teste de fiabilidade Intra-observador para as variáveis estudadas.. XV.

(20) XVI.

(21) INDICE DE ABREVIATURAS AP. Ataque posicional. AR. Ataque rápido. CA. Contra-ataque. M. Média. MJO. Método de jogo ofensivo. NJ. Número de jogadores. NP. Número de passes. PA. Positiva absoluta. PO. Processo ofensivo. PR. Positiva Relativa. SO. Sequência ofensiva. SON. Sequência ofensiva negativa. SONA. Sequência ofensiva negativa absoluta. SONR. Sequência ofensiva negativa relativa. SOP. Sequência ofensiva positiva. SOPt. Sequências ofensivas positivas totais. SOPA. Sequência ofensiva positiva absoluta. SOPAt. Sequências ofensivas positivas absolutas totais. SOPR. Sequências ofensivas positivas relativas. TRA. Tempo de realização do ataque. ZRB. Zona de recuperação da Bola. XVII.

(22) XVIII.

(23) XIX.

(24) 1. INTRODUÇÃO.

(25) Introdução. “Uma longa Viagem começa com um único passo.” Lao-Tsé. O Futebol é um jogo desportivo colectivo que consiste na confrontação/oposição de duas equipas, cada uma com a sua própria identidade, contudo, com objectivos idênticos. Esta modalidade tem-se tornado num processo cada vez mais complexo, pois, cada vez menos se tolera o erro a vários níveis, sejam eles dos jogadores, da equipa técnica ou até directivos. Deste modo pretendemos através do nosso estudo “decifrar” um pouco mais este processo complexo, procurando ao mesmo tempo fazer do treino um processo intencional e construtivo. Por outro lado, também é nossa vontade “continuar a abrir caminho” para que Futebol seja uma modalidade cada vez mais eficiente e eficaz, e neste sentido as equipas sejam capazes de atingir com maior frequência o objectivo primordial de cada jogo, isto é, o golo. Porém, temos noção que para se atingir tal objectivo é necessário desenvolver determinados processos que sejam capazes de levar as equipas ao sucesso. Actualmente pode verificar-se, que o jogo de Futebol é mais rápido, os jogadores têm menos tempo para decidir, assim como para agir. Este facto, surge em grande parte, devido às equipas actuais serem cada vez mais defensivas, isto é, procuram quase exclusivamente em não sofrer golos, invés de os tentar alcançar, ou de praticar um bom Futebol. Deste modo e devido às alterações que o jogo tem vindo a sofrer, existe cada vez mais um maior equilíbrio entre as equipas, criando-lhes enormes dificuldades quer na aquisição de tempo, quer de espaço para jogarem. Deste modo, será fundamental que as equipas sejam capazes de criar desequilíbrios na equipa adversária, através de rápidas alterações tanto de atitudes como de acções, isto é, torna-se necessário que as equipas sejam capazes de dominar cada momento do jogo, revelandose extremamente importante desequilibrar a equipa adversária através das transições. Posto isto, podemos afirmar que as transições são um processo importante na organização de uma equipa, e se ela (equipa) for capaz de dominar estes momentos, terá uma maior probabilidade de ter sucesso. Este processo suscitou em nós um interesse, que se reflectiu na vontade de explorarmos e conhecermos melhor toda esta temática relativamente às transições. Mais propriamente na vontade de explorar e conhecer melhor a relação entre a transição defesa/ataque de uma equipa e a sua relação com o método de jogo ofensivo utilizado. Na exploração desta matéria algumas questões se levantaram, nomeadamente se determinadas variáveis como o tempo de duração do 2.

(26) Introdução ataque, número de contactos com a bola, número de passes, número de jogadores intervenientes em cada sequencia ofensiva e a zona de recuperação da posse de bola, são factores determinantes para a obtenção da eficácia ofensiva (relativa e absoluta) de uma equipa. Em relação ao processo ofensivo e tendo em conta a forma de se atingir o golo, achamos fundamental definir e caracterizar cada uma das quatro fases que a constituem, pois o sucesso de uma equipa esta dependente da relação existente entre cada uma delas. Deste modo, temos noção que a forma como uma equipa defende, influencia a forma como uma equipa vai atacar, assim como o estilo de jogo de uma equipa está fortemente dependente da objectividade do seu processo ofensivo. Neste sentido, emergem duas questões que se afiguram pertinentes: Será que a objectividade do processo ofensivo é determinante na obtenção da eficácia ofensiva (relativa e absoluta)? Será que a frequência da eficácia absoluta de uma equipa varia na ordem da respectiva frequência da eficácia relativa? Posto isto, no presente trabalho pretende-se analisar as frequências relativas e absoluta, em jogos de futebol, no que respeita à eficácia ofensiva, em equipas de topo pertencentes a diferentes campeonatos europeus. Com o objectivo de verificar se realmente as grandes equipas revelam ser objectivas no seu processo ofensivo, e quais os processos que as levam a atingir com grande regularidade o grande objectivo do jogo e deste modo o sucesso. Antigamente as equipas de nível inferior utilizavam com maior frequência o contra-ataque como seu método de jogo ofensivo. Contudo actualmente o contra-ataque tem um grande “peso” no processo ofensivo das equipas de topo, visto demonstrar ser um método bastante eficaz, procurando aproveitar rapidamente o desequilíbrio das equipas adversárias. Deste modo torna-se nossa vontade averiguar se o contra-ataque é realmente um método de jogo eficaz (eficácia relativa e absoluta), capaz de aumentar a eficácia ofensiva do jogo de Futebol. No presente estudo, foram analisadas as duas equipas classificadas nos dois primeiros lugares, das ligas nacionais de Espanha, Itália, Inglaterra e Portugal. As equipas seleccionadas foram, portanto: Real Madrid, F.C. Barcelona (campeonato espanhol), Inter de Milão e A.S. Roma (campeonato italiano); Manchester United e Chelsea (campeonato Inglês) e F.C. Porto e Sporting C.P. (campeonato português), na época de 2008/2009. 3.

(27) “A Percepção é o início de todo o Conhecimento…” (Kahlil Gibran, 1950). 4.

(28) 2. REVISÃO DA LITERATURA 5.

(29) Revisão da Literatura Temos consciência que existe um vasto número de trabalhos sobre investigação em Futebol, embora haja ainda muito por explorar. Existem vários entendimentos, o que leva a que existam vários caminhos a percorrer.. 2.1.. O Modelo de jogo enquanto guia e orientador da forma de jogar “Construir é conceber e operacionalizar” (Oliveira et al. 2006). O Futebol é um jogo desportivo colectivo (Castelo, 2006; Garganta, 1997;1998; Garganta & Pinto, 1994; Queiroz, 1983;1986; Teodorescu, 1984) onde os jogadores se organizam em duas equipas, criando um complexo conjunto de relações de cooperação e oposição, num ambiente repleto de aleatoriedade e imprevisibilidade (Garganta & Gréhaigne, 1999). A existência de variabilidade de acções, de comportamentos, de interacções (Garganta & Oliveira, 1996), em conjunto com a existência de adversidade entre duas equipas (Szwarc, 2008) conduz necessariamente à procura de criar uma organização no interior de cada equipa (Teodorescu, 1984). Esta organização tem como base a criação de um Modelo de jogo, que passa inicialmente, por idealizar e operacionalizar, um conjunto de ideias e de normas, que vão orientar e dar significado a um grupo de elementos, formando uma equipa, e deste modo prepara-la para a variabilidade existente na própria competição (Mortágua & Garganta, 2002). O Modelo de jogo, assume-se sempre como uma “representação” do que se pretende alcançar, e neste sentido está constantemente em construção. O seu fim nunca será algo atingível, será sempre sujeito a alterações no sentido de evoluir. Isto é, o Modelo final é inatingível porque está sempre em reconstrução, em constante evolução (Oliveira, 2006). Desta forma, o Modelo de jogo deve ser a referência das acções dos jogadores tanto no treino como na competição, de modo a que exista coerência entre aquilo que se pretende, e o que realmente se realiza. O facto dos jogadores e treinadores possuírem um “guião” como referencia do que se pretende alcançar (entenda-se um jogar), possibilita o ajuste constante desse mesmo processo, elevando a performance da equipa (Mortágua & Garganta, 2002). Assim revela-se necessário que o treinador seja capaz de idealizar todo um conjunto de princípios, de atitudes, comportamentos e valores de forma a criar uma determinada. 6.

(30) Revisão da Literatura forma de jogar (Barbosa, 2003; Oliveira, 2004), e é esta coordenação de processos que segundo Leal & Quinta (2001) vai assegurar o comportamento da equipa nos diferentes momentos de jogo (ataque, defesa, transições defesa/ataque e ataque/defesa). Isto é, são representações mentais que pretendemos que a equipa adquira e que através da sua operacionalização no treino se tornem em referências comportamentais no jogo (Frade, 2002; Szwarc, 2008; Teodorescu, 1984). As referências comportamentais vão determinar uma ordem especifica ou um estilo de jogo (Zerhouni, 1980), e è esta ordem que vai definir a nossa forma de jogar (Freitas, 2006; Garganta, 1997), criando, deste modo, uma “Identidade” na própria equipa (Heere & James, 2007).. 2.2.. Uma ideia comum de jogo …uma Identidade. “Os meus jogadores não são escravos do sistema, mas, no global, têm de seguir os princípios fundamentais da ideologia de jogo da equipa” (Chapman cit. por Lobo, 2007:55). No Futebol procura-se que as equipas tenham uma identidade própria, capaz de unificar as acções dos jogadores para objectivos comuns (Garganta, 1997; Razykov, 2006). Para tal, tenta-se desenvolver uma determinada forma de jogar incrementada através de rotinas, onde se procura uma assimilação de princípios de acção e regras de gestão da equipa, que vão ser os responsáveis por coordenar as acções individuais dos jogadores, tornando-as colectivas (Garganta & Pinto, 1994; Teodorescu, 1984). Segundo Campos (2007), qualquer Modelo de jogo idealizado será constituído em cada um dos quatro momentos do jogo por princípios, sub-princípios e sub-subprincípios. Os princípios de jogo são acções que vão caracterizar a equipa em cada momento (Gréhaigne & Godbout, 1995; Oliveira, 2005), ao representarem alguma regularidade. ao. longo. dele. (jogo),. manifestarão. determinados. padrões. de. comportamento, que vão ser representativos do Modelo de jogo idealizado (Oliveira, 2004; Queiroz, 1983; Teodorescu, 1984). Isto é, os princípios de jogo são, referências, normas, regras gerais, que vão orientar e coordenar a actividade individual e colectiva. 7.

(31) Revisão da Literatura dos jogadores, de forma a tornar as acções cada vez mais eficientes e eficazes em cada momento do jogo (Garganta, J. & Pinto, J. 1994; Lobo, 2006ª; Oliveira, 2006; Queiroz, 1983; Teodorescu, 1984; Wrzos, 1984). Os padrões de jogo são princípios de jogo que conseguem desenvolver e revelar determinadas regularidades comportamentais dos jogadores ao longo do jogo (Anguera, 2004; Smeeton et al. 2004). De acordo com Campos (2007:30), numa equipa existem vários “padrões” “o padrão de comportamento que diz respeito ao modelo da equipa, o padrão dos comportamentos colectivos, o padrão dos comportamentos sectoriais, o padrão dos comportamentos intersectoriais, o padrão dos comportamentos individuais e o padrão das respectivas interacções”. Esses comportamentos e padrões de comportamento quando articulados entre si, evidenciam um padrão de comportamento ainda maior, ou seja, uma identidade de equipa, que se denomina de organização funcional (Oliveira, 2004). A organização funcional vai restringir toda uma dinâmica comportamental específica (Faria, 2006; Frade, 1998; Oliveira, 2004; Wrzos, 1984). Contudo é necessário que esta seja identificável por um “mecanismo aberto” adaptável às variabilidades de todo o envolvimento imprevisível (Alves, 2007; Garcia & Espitia, 2005). Isto é, torna-se fundamental que o jogador tenha as referências, as bases que sustentam um determinado jogar, no entanto ele deve ser capaz de encontrar as soluções para os problemas que vai enfrentando (Szwarc, 2008; Teixeira, 2007). Deste modo os jogadores devem adoptar sistematicamente uma atitude táctica (Garganta, & Oliveira, 1996), pois a atitude táctica supõe o desenvolvimento da capacidade de decidir e de agir o mais rapidamente possível, estando dependente da capacidade de conceber soluções. O jogador de Futebol não pode simplesmente ser um “fantoche” dentro de campo, isto é, não deve seguir “cegamente” à risca os princípios (Milby, 2006), mas deve sim tentar que a sua acção seja sustentada por um padrão de jogo colectivo (Campos, 2007; Szwarc, 2008), e ao mesmo tempo ter liberdade para poder criar (Lobo, 2006a). Esta liberdade deve ser “trabalhada” no Treino, pois como o jogo de Futebol é constituído por um ambiente de grande mutabilidade, caracterizado por uma aleatoriedade e imprevisibilidade de acções (Razykov, 2006), deste modo torna-se necessário que no Treino se interaja com esta variabilidade, e que seja fornecido aos jogadores “guias” de acção no sentido de eles conseguirem superar os seus problemas e atingir os seus objectivos. 8.

(32) Revisão da Literatura. 2.3.. O Treino como forma de operacionalizar a base do jogo de uma equipa “Treinar é mais importante que jogar e é nos treinos que se forma a base de todo o jogo” (Van Gaal cit. por Pacheco, 2005:37). O processo de treino deve ser dirigido à obtenção e melhoria dos diferentes níveis de performance de um atleta e de uma equipa, deve portanto ser consciente e reflectido (Wrzos, 1984). Por outro lado requer um planeamento adequado, sistematização, estruturação, execução, regulação e controle científico das diferentes capacidades que constituem o rendimento desportivo (Pinto, 1996), para garantir assim um harmonioso e condizente nível de desempenho (Greco, 2000). O treino surge então como o processo necessário para se coordenar colectivamente e de forma eficaz uma equipa (Borrie et al. 1995; Szwarc, 2008; Tavares, 1996). Isto é, a equipa através do processo de treino procura adquirir uma organização interna do jogo (Garganta & Gréhaigne, 1999). Esta organização interna, resulta da assimilação de comportamentos que vão de encontro ao que o treinador idealizou como seu Modelo de jogo, e que vão ser assimilados ao longo do treino. Isto é, estes comportamentos são princípios que o treinador quer que os seus jogadores assimilem, resultantes de uma determinada forma de treinar, e como tal o “jogar” que se pretende deve estar presente no treino (Pereira, 2005; Zerhouni, 1980). Neste sentido, torna-se necessário operacionalizar as nossas ideias de jogo (Garganta & Oliveira, 1996; Oliveira, 2005), isto é, fazer com que os jogadores vivenciem através de uma pratica constante, essas mesmas ideias, de modo a que elas se venham a manifestarem com regularidade (Gréhaigne et al. 2005; Zerhouni, 1980). Assim ao pretendemos “implementar” um determinado jogar, então este deve ser o centro de todo o processo de treino (Holt et. al, 2006; Queiroz, 1986). Segundo Frade (2004), se o “nosso jogar” é o ponto de referência no treino, então ao “Modelarmos” o treino não nos podemos restringir a uma determinada dimensão ou “parte”, temos de conceber o treino de uma forma global, tendo consciência que as partes que constituem o “todo” só têm lógica interligadas. Pois,. 9.

(33) Revisão da Literatura apenas desta forma, conseguimos que, o treinar comportamentos tenha realmente significado no jogo (Teodorescu, 1984). A modelação do jogo segundo Casas (2008) permite-nos, através do nosso modelo de referencia (que é o modelo de jogo), detectar os problemas encontrados, arranjar tarefas quer no jogo quer no treino, para ir de encontro aos objectivos pretendidos, de forma a colmatar esses mesmos problemas, assim como permite verificar a evolução da equipa, e neste caso, dos seus elementos em relação ao modelo de jogo pretendido (Barbosa, 2003; Garganta, 1996; 1997: Rhea et al. 2006). Holt et al. (2006) falam-nos de um outro princípio do treino que se intitula de “Especificidade”. Referindo-nos que a “Especificidade” nos concede um conjunto de cenários de prática realísticos, que simulam as exigências de um elevado nível de competição, assim como contêm os elementos cruciais do jogo. Isto é, o planeamento do treino deve estar relacionado com as exigências do próprio jogo (Kuhn, 2005), assim como as situações elaboradas no treino têm que ser o mais próximas da realidade do jogo (Oliveira, 2005). Contudo, os exercícios só são verdadeiramente específicos se existir ao longo deles uma correlação constante entre todas as componentes e o modelo de jogo do treinador (Garganta & Gréhaigne, 1999). No entanto, a grande dificuldade do processo de treino é a selecção dos exercícios, de modo a conseguir atingir o que se pretende, a assimilação de determinados princípios (Frade, 2004). Contudo, nesses mesmos exercícios deve privilegiar-se a “descoberta guiada” em que cada jogador tem a sua forma de operar e de executar, mas sempre direccionados para um determinado objectivo (Omadal, 2008). A experiência da descoberta, através do aparecimento de várias soluções, sejam elas de sucesso ou não, é essencial na exploração dos movimentos de um sistema dinâmico (Gréhaigne et al. 2005). A aprendizagem por descoberta, promove a variabilidade na prática e a exploração desses movimentos dinâmicos, através do processo de expor quem aprende a uma variabilidade de soluções (Davids et al., 2005). Neste sentido espera-se que estes comportamentos sejam positivos, isto é, que exista uma relação favorável entre a competição e o treino (Wrzos, 1984; Zerhouni, 1980). Sendo esta relação necessária pois o processo de treino é orientado através das informações retiradas do próprio jogo (Garganta, 1998), ou seja, os dados que retiramos do jogo devem ser-lhe devolvidos, com informação adicional, depois de tratados, pois os jogos influenciam os treinos e vice-versa (Bankoff et al., 2005).. 10.

(34) Revisão da Literatura Grande parte da essência do jogo de Futebol depende das MOVIMENTAÇÕES realizadas pelos jogadores, sejam elas com ou sem bola. Segundo Milby (2006), podemos encontrar as formas mais importantes do movimento aplicado durante o jogo através dos passes efectuados com bola, pois eles determinam o ritmo de jogo e a velocidade das acções ofensivas e defensivas de cada uma das sequências. Assim podemos afirmar que, o desenrolar do jogo depende do género de passes, e do carácter desses passes o estilo de jogo da equipa (Wrzos, 1984). No entender de Milby (2006), estilo de jogo é uma classe de agrupamento que define “jogares” do mesmo universo e os que são complementares a ele. O estilo de jogo pressupõe as diferenças que estão implícitas e explicitas dos outros tipos, faz surgir uma individualidade concreta mas que é continuadamente definida e redefinida, isto é, está em constantes adaptações às influências interiores e exteriores, e nunca é algo estático e imutável como se geralmente se pensa. O estilo de jogo é caracterizado por elementos específicos que classificam um tipo de jogar, funcionam como “ assinaturas” da equipa sendo definido pela forma como essa mesma equipa ataca e defende (Zerhouni, 1980). Isto é, é algo que nos define num universo de jogares, e é sustentado pela táctica, Táctica essa que é a “assinatura” do nosso estilo (McGarry et al. 2002).. 2.4.. Uma Identidade… um “estilo” de jogo. “Os estilos de jogo funcionam como “assinaturas” que classificam um determinado jogar”. (Milby, 2006). Estilo de jogo é algo que possui uma determinada identidade, é o traço que nos permite reconhecer e reconhecermo-nos nesse jogo. Os estilos de jogo caracterizam-se pelo género/forma dos passes efectuados e pela forma/duração dos seus processos (ofensivo, defensivo e transições), em suma pela maneira como equipa actua nos vários momentos do jogo (Wrzos, 1984). O futebol directo (passe em profundidade e longo), com um processo ofensivo de pouca duração, futebol indirecto (grande número de passes em apoio e curtos), e um processo ofensivo de longa duração, futebol misto (alternância de futebol de passes curtos e longos) (Zerhouni, 1980).. 11.

(35) Revisão da Literatura Se uma equipa, ao jogar de determinada forma, possui a sua própria identidade, e é ela que nos permite diferenciá-la das restantes equipas, então existindo vários tipos de “jogares” existe também, uma identidade em cada um deles (Marinho, 2007). De acordo com Lobo (2006b), ao analisarmos os diferentes campeonatos de futebol e as suas selecções, podemos verificar que existem determinadas características que os distinguem uns dos outros. O Futebol espanhol é caracterizado pela qualidade técnica, um jogo onde se privilegia um futebol de vários passes, apoiado e onde se evita o confronto físico (Ramos, 2005). Valdano (1997), Refere que no seu tempo as ruas de Espanha, privilegiavam um tipo de desporto chamado “futebol de rua”, onde os miúdos passavam a maior parte do tempo em contacto com a bola (desenvolviam a técnica) e onde a sua acção era livre e espontânea (desenvolvendo a criatividade). Para Alves (2006), os jovens ao iniciaram a sua formação através do futebol de rua, como no caso do futebol espanhol, revelam à partida uma forma distinta de abordagem ao jogo, por exemplo, o jogador espanhol apresenta uma predisposição maior para ser um jogador tecnicista e criativo. Em relação ao nosso futebol, segundo vários autores (Lobo, 2003; Milby, 2006; Sexton, 1981), ele preocupa-se com uma abordagem estética, pois os nossos jogadores possuem uma grande habilidade técnica (Valdano, 1997), onde procuram através do passe curto e da circulação de bola realizar um jogo fluido e apoiado (Figueiras, 2004; Milby, 2006). Contudo, ao ser um futebol muito apoiado, revela ser lento nas transições, e deste modo torna-se pouco objectivo, demonstrando algumas dificuldades na finalização (Pinto & Garganta, 1989). Esta preferência pelo passe surge por ser mais belo e exigir menor condição atlética, isto porque os jogadores portugueses demonstram ser fortes tecnicamente e relativamente mais fracos quanto à sua estatura (Lobo 2007). Já o futebol inglês é caracterizado pelos passes longos e fortes, com um limitado tempo de posse de bola (Wrzos, 1984), este privilegia um tipo de jogo directo, onde as equipas avançam no terreno de jogo através de um enorme número de passes em profundidade (Valdano, 1997), que muitas vezes parece desorganizado, pois o jogador inglês é demasiado objectivo e emotivo (Lobo, 2007; Milby, 2006). O futebol Inglês é pouco táctico e muito emotivo (Mourinho, 2005), prevalecendo um jogo directo, de pouca técnica, mas muito intenso e físico (Benitez, 2005; Cardoso, 2006). Para Batty, (1980) as equipas inglesas são bastante agressivas a atacar, pois procuram inicialmente submeter-se ao adversário e mal conquistam a posse de bola atacam rapidamente, com a 12.

(36) Revisão da Literatura preocupação de colocar logo a bola numa zona próxima da baliza adversária de forma controlada (Weisweiler, 1981). Relativamente ao futebol italiano, Paulo Sousa in Lobo (2007) refere-nos que as equipas em detrimento do espectáculo procuram ganhar a todo o custo. Isto é, no campeonato italiano procura-se primeiro não perder, e se possível, depois, tentar ganhar (Valdano, 1998). Facto esse demonstrado pela extrema protecção que realizam em relação à sua própria baliza, e por outro lado, pelo seu processo ofensivo ser caracterizado por uma rápida transição da defesa para o ataque (Wrzos, 1984). Basicamente o seu futebol valoriza a dimensão física em detrimento da dimensão técnica (Milby, 2006), privilegiando uma organização defensiva segura, com rápidas saídas em profundidade para aproveitar a desorganização defensiva da equipa adversária, isto é, joga-se essencialmente em contra-ataque (Gonçalves, 2005). Portanto, o futebol tem e evidência padrões de jogo diferenciados em diferentes países (Queiroz, 2002 in Alves, 2006). Isto, porque cada país tem os seus próprios traços que o identificam, assim como existem diferentes formas de entender o futebol e de abordar o jogo (Oliveira, 2002). Neste sentido, na elaboração de um determinado modelo de jogo, é necessário ter em conta aquilo que o treinador pretende, assim como identificar-se com a cultura do país onde o clube esta inserido (Frade, 2004). Devendo deste modo existir uma adequação do modelo de jogo a essa mesma cultura de jogo. O modelo de jogo revela-se determinante na união de culturas num projecto colectivo (Cardoso, 2006), assim como deverá ter-se em consideração a cultura em que se insere, de forma a potenciar uma identidade com uma forte integridade.. Segundo vários autores (Castelo, 1994; 1996; Garganta & Pinto, 1995; Garganta, 1996; Oliveira, 2004; Szwarc, 2008; Teodorescu, 1984), o jogo de futebol revela dois processos distintos, que são definidos por diferentes conceitos, objectivos, princípios e atitudes, sendo determinados pela condição “posse ou não da bola” (processo ofensivo e processo defensivo). Contudo, estes dois processos, apesar de serem distintos, complementam-se um ao outro (Garganta, 1998). As equipas quando se encontram em competição formam duas identidades colectivas (Teodorescu, 1984), que organizam e coordenam as suas acções para agir uma contra a outra (Szwarc, 2008), sendo os seus comportamentos determinados pela própria fase do jogo em que estão inseridos (fase ofensiva ou fase defensiva) (Garganta 13.

(37) Revisão da Literatura & Gréhaigne, 1999). Na opinião de Tavares (1996), independentemente da fase em que se inserem, as acções dos jogadores no jogo realizam-se sempre em cooperação directa com os colegas de equipa e em oposição aos adversários. Ora, para Bayer (1994), a cooperação representa um dos traços específicos dos desportos colectivos, quer isto dizer que, todo o jogador dentro da equipa, e em função do objectivo comum previamente determinado, deverá ajudar os seus companheiros e comunicar com eles. Para comunicar é necessário falar a mesma linguagem, ou seja, ter um sistema de referência comum (Garganta, 1998). Para Barreira (2006) o jogar com princípios idênticos, representa ter uma “linguagem comum” que vai permitir com que todos os jogadores se compreendam mutuamente. Quando existe esta “cumplicidade” entre os jogadores, eles conseguem antecipar as situações que se desenrolam, e deste modo agir de maneira vantajosa durante aquelas em que se encontram implicados (Gammelsaeter & Jakobsen, 2008; Garganta, 1998). Esta situação só será possível se todos os jogadores actuarem numa base de acção idêntica (Alves, 2006). Ora, numa equipa, é a organização que permite, a partir de um conjunto heterogéneo de elementos, criar uma unidade homogénea com novas qualidades e que visa a realização de acções congruentes (Pinto, 1996).. 2.5.. Organização do jogo de Futebol “O segredo de uma boa equipa está na sua organização” (Guardiola cit. por Pacheco, 2005:37). Organização de jogo é a repartição geral dos papéis atribuídos a cada elemento, de forma a constituir uma única unidade (Equipa) (Anguera, 2004; Zerhouni, 1980). É a capacidade notável de a equipa se unificar e agir como um todo em cada um dos momentos do jogo (Genç, 2007). Isto é, envolve a harmonia entre os jogadores, e a fase de jogo em que estão inseridos (ataque ou defesa) (Gréhaigne & Godbout 1995). No entanto temos a noção que, esta harmonia só tem significado quando os jogadores/equipa operam como um sistema (Gammelsaeter & Jakobsen, 2008). Isto é, uma equipa opera como um sistema, quando os seus constituintes (jogadores) se organizam de acordo com uma lógica particular, assumindo com regularidade. 14.

(38) Revisão da Literatura determinados padrões de comportamento que surgem, independentemente da situação do jogo, assim como actuam através de decisões tácticas, que vão determinar uma variedade de respostas convergentes para objectivos comuns (Gréhaigne et al. 2005). Contudo para que as respostas sejam convergentes, a equipa carece de organização (Amieiro, 2005). É a organização que maximiza o rendimento de um sistema, neste caso de uma equipa. É algo mais do que a totalidade dos elementos, é uma nova unidade dinâmica, que possui novas qualidades que surgem da organização. (Pinto, 1996; Di Salvo, 2001). Desta forma, ao falarmos de uma equipa, temos que ser capazes de observar as relações existentes entre os seus elementos, ou seja, os resultados obtidos pela equipa têm que ser maiores do que a soma dos resultados obtidos por cada elemento agindo separadamente (Garcia & Espitia, 2005). Assim, ao termos consciência que o jogo de Futebol é algo incerto e imprevisível, então temos que partir de uma analogia sistémica, de forma a compreendermos a identidade dos sistemas envolvidos (Garganta, 1996). Segundo Genç (2007), SISTEMA é o quadro que define, num único pensamento, o plano dos padrões de jogo utilizado nesse mesmo jogo, definindo o que os jogadores vão fazer, assim como criando uma efectiva combinação entre o ataque e a defesa. Os sistemas complexos têm a propriedade inerente de se auto reorganizarem, em resposta às mudanças realizadas pelos elementos que constituem o sistema, ou às mudanças que exteriormente afectam esse mesmo sistema (Gréhaigne et al. 1997; McGarry et al. 2002; Szwarc, 2008). Isto é, num sistema dinâmico, uma perturbação irá provavelmente criar ou originar um período transitório de instabilidade, contudo o sistema tem a capacidade de regressar ao seu estado pré-existente. Neste sentido, os desequilíbrios de uma organização fragilizam a coordenação da própria equipa, e consequentemente a sua eficácia. Isto é, todo o método de jogo (Ofensivo ou Defensivo) deve procurar uma organização sustentada por um equilíbrio dinâmico constante (Pinto, 1996). Desta forma é necessário, por um lado, evitar que a equipa adversária crie, na nossa organização, momentos de desequilíbrios em termos numéricos, espaciais e temporais, e estar preparado, por um lado, para atacar de forma eficaz e equilibrada mal se recupere a posse de bola. Contudo para existir um equilíbrio dinâmico constante é necessário que a organização de jogo seja concebida a partir do “todo”, isto é, da coordenação entre as partes que a constituem, pois, não importa isolar cada uma delas (partes), sendo o. 15.

(39) Revisão da Literatura processo concebido através da interacção existente entre as mesmas (Alves, 2007; Carvalhal, 2001). Segundo Oliveira (2003), a organização do jogo de uma equipa é definida por duas formas: a organização estrutural e funcional. O mesmo autor define organização estrutural como a forma como os jogadores se colocam em campo e a sua articulação, a organização funcional é a identidade de equipa, ou seja, definida por um conjunto articulado de comportamentos e padrões de comportamento.. 2.5.1. Organização funcional e estrutural Para Garganta (1997), a organização funcional consiste nas acções do jogo que são resultado da interacção existente entre as duas equipas, procurando superar a equipa adversária e, deste modo, atingir os seus objectivos. A organização estrutural embora não podendo apenas definir-se pelo posicionamento dos jogadores (Castelo, 1994; Costa et al. 2002), abrange esse posicionamento, assim como a sua organização interna, isto é, as relações que se estabelecem entre eles (Gréhaigne et al. 1997). Segundo Gomes (2006) a organização estrutural pode ser entendida como o sistema de jogo da equipa, no entanto, a organização de jogo de uma equipa não pode ser apenas o seu sistema de jogo, pois este não compreende a sua ordem dinâmica (Gréhaigne et al. 1997). Deste modo, Gomes (2006) refere-nos que o sistema de jogo (organização estrutural) funciona como a base do jogar de uma equipa (organização funcional), é onde determinado jogar se sustenta. A organização funcional é definida pelos métodos de jogo (ofensivo e defensivo) e pela organização dos vários processos relacionados ao longo do tempo, como por exemplo, mudanças, regulações, e a reorganização dos elementos. (Costa et al. 2002; Gréhaigne & Godbout, 1995). Isto é, constituído por determinados comportamentos, por um determinado padrão de jogo, sustentado por determinados princípios e pelas relações existentes entre eles (Campos, 2007). Pois, num jogo de futebol, mais importante do que a disposição dos jogadores em campo, revela-se a dinâmica comportamental necessária para criar e desenvolver situações de sucesso (Pinto, 1996).. 16.

(40) Revisão da Literatura. 2.6.. As “fases” do jogo de Futebol “Não existe futebol ofensivo ou futebol defensivo. Existe futebol harmonioso!” (Boris Arkadiev cit. por Lobo, 2007:73). O Futebol ao longo dos anos tem vindo a modificar-se, assistindo-se à mudança de um jogo basicamente ofensivo para um jogo muito mais defensivo (Freitas, 2006). No entanto, apesar de se verificar algumas mudanças ao longo do tempo, as equipas continuam a necessitar de saber atacar e defender colectivamente (Tíryakí et al. 1995; Zerhouni, 1980). Isto porque, o Futebol actual “exige” da equipa a capacidade de ser eficiente, independentemente da fase onde está inserida (Greco, 1989 cit. por Correia, 2000). Segundo Pereira (2005), uma equipa para ser eficiente, tem que se adaptar rapidamente aos diversos momentos do jogo. E é nestes momentos onde existe uma adaptação da fase ofensiva para defensiva e vice-versa, que encontramos o conceito táctico de transição. Transição é um “conceito” que faz parte de uma determinada concepção (Almeida, 2006). Para Amieiro (2004), o “jogar” é um processo contínuo, o que leva a ter consciência que a passagem de uns momentos para os outros deve ser realizada de forma fluida. Quando assim o é sobressai a ideia de que o “jogo” é visualizado de uma maneira global e não fragmentada, e que as transições são parte do “Todo”. Ao verificamos que as transições nesta concepção de jogo, são parte integrante deste mesmo entendimento, então partimos do pressuposto que irão fazer parte também de um certo e determinado padrão de jogo de uma equipa. Sabendo nós que o jogo é feito de ataque, de defesa e de transições, neste sentido, as equipas que melhor dominem estes momentos são aquelas que, mais facilmente, dominam o jogo e conseguirão ganhar mais vezes (Leal, 2003) Um jogo de futebol segundo Castelo (1996), é constituído por duas fases (defesa e ataque), no Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora, “Fase” significa um “estádio particular que um sistema atinge periodicamente, quer dizer uma etapa um período de uma evolução ou de um processo”. Segundo Freitas (2006), o termo “Fase” é caracterizado por ser algo sequencial, ou seja, existe sempre uma lógica sequencial implícita, isto é, a equipa que está a defender quando recupera a bola, passa a atacar e, por sua vez, a equipa que estava a atacar passa a defender. Para Oliveira (2004) o jogo. 17.

(41) Revisão da Literatura de futebol além de apresentar duas fases, pode revelar quatro momentos: organização ofensiva, transição ataque/defesa, organização defensiva e transição defesa/ataque, e quando assim o é, eles deixam de aparecer sequencialmente, a ordem de apresentação é arbitrária. No mesmo dicionário, “Momento” refere-se ao “mais breve período em que o tempo se pode dividir, instante, pouca duração, circunstância”. Contudo, de acordo com Sousa (2005), actualmente é possível ter uma visão mais pormenorizada da organização do jogo, perspectivando não só os momentos anteriormente referidos (organização ofensiva, transição ataque/defesa, organização defensiva e transição defesa/ataque), mas acrescenta mais um momento, que o autor define como os fragmentos constantes do jogo (lances de bola parada). Assim, considerando os fragmentos constantes do jogo como um momento do jogo, considera-se que os momentos que suportam a organização do jogo de uma equipa são cinco e não quatro. Tendo em conta os vários momentos referidos anteriormente, as equipas obtêm sucesso, quando estas são capazes de em cada um deles estruturar o espaço de jogo, gerir o tempo e realizar as tarefas (Garganta, 1997), pois toda a dinâmica de jogo de uma equipa depende da interacção destas dimensões ao longo das diferentes fases do jogo (Pino Ortega, 2001). Por isso, ao referirmos que o jogo de Futebol é caracterizado pelo constante confronto entre duas equipas, estas procuram constantemente através das suas acções (tarefas) superar a equipa adversária, lutando pelo tempo e pelo espaço (Garganta, 1997).. 2.7.. Processo Defensivo: mais do que o recuperar da bola “Nós defendemos de determinada forma para atacarmos de determinada forma (…)” (Guilherme Oliveira, in Amieiro, 2004:134). Torna-se evidente que, no Futebol as equipas que procuram ganhar os jogos, são também aquelas que procuram ser eficazes ofensivamente (Milby, 2006). Isto é verdade na medida em que, para poder atacar eficazmente é necessário também que as equipas defendam perfeitamente (Wrzos, 1984), isto é, é necessário que a defesa sustente o ataque e vice-versa, e isto acontecerá se existir uma ligação entre a forma como uma equipa defende e o seu processo ofensivo (Olsen & Larsen, 1995). Neste sentido é. 18.

(42) Revisão da Literatura solicitado à equipa que possua determinados mecanismos pré-programados de forma a facilitar esta reconversão defesa/ataque (Zerhouni, 1980). Segundo Barreira (2006), o processo defensivo, caracteriza-se pelo momento em que a equipa não possui a posse de bola, e é nesta etapa que ela (equipa) procura conquista-la, assim como impedir o adversário de preparar e de criar situações de golo, restringindo todas as suas acções de forma a recuperar a posse de bola (Oliveira, 2004; Teodorescu, 1984). Porém, segundo Ramos (2005), o próprio processo defensivo não termina no constante adiamento do golo da equipa adversária. Ou seja, o processo ofensivo de uma equipa deve ser sustentado por uma determinada forma de defender (Razykov, 2006), pois uma equipa, mesmo encontrando-se sem a posse de bola, deve estar preparada para que mal a consiga adquirir seja capaz de atacar com sucesso (Freitas, 2006). No Futebol o objectivo primordial é marcar golos, então, defender não pode ser um fim em si mesmo (Amieiro, 2004). Assim, ao encaramos o jogo de Futebol como um processo continuo e fluido, entendemos que uma equipa deve estar simultaneamente em organização defensiva e ofensiva (Freitas 2006). Pois ao termos noção que o momento ofensivo precede o momento defensivo e vice-versa, então não nos pode ser indiferente a forma como se defende estando esta sempre interligada com a forma como pretendemos atacar (Ramos, 2005). De acordo com (Barreira, 2006), é fulcral que uma equipa se encontre organizada em ambos os processos, independentemente da fase em que se encontra, no intuito de agir invés de reagir aos estímulos do jogo. Pois só desta forma, é que a equipa, estará preparada para atacar de forma mais eficiente, mal recupere a posse de bola, e deste modo aproveitando os desequilíbrios organizacionais da equipa adversária. Contudo, incidindo o nosso estudo sobre a eficácia do processo ofensivo, a organização ofensiva e a transição defesa/ataque terão um maior destaque, e serão abordadas de uma forma mais focada, mas sempre numa “articulação de sentido” com os restantes momentos de jogo.. 19.

(43) Revisão da Literatura. 2.8.. Processo ofensivo: uma fase decisiva do jogo de Futebol. “O aumento da efectividade do processo ofensivo, contribui para o acréscimo da qualidade e espectaculariedade do jogo de futebol” (Silva, 2000). O Futebol é um desporto de equipa, em que se pretende que determinado grupo de jogadores seja capaz de cooperar e interagir, face a um grupo de adversários (Moreno, 1998; Oliveira, 2001), estando as suas acções colectivas orientadas para um principal objectivo, marcar golos (Zerhouni, 1980). Esta modalidade ao possuir uma grande aleatoriedade de situações, requer dos jogadores a capacidade de responder de forma eficiente a cada uma delas, tendo em conta os objectivos a atingir em cada uma das fases (Garganta, 1997). A fase ofensiva é definido por um conjunto de movimentos organizados, de forma a preparar o ataque da equipa (Marziali, 1997), e tem como objectivo a obtenção do golo, sem cometer infracções às leis do jogo (Gréhaigne et al. 1997; Teodorescu, 1984). Como o principal objectivo do processo ofensivo é marcar golos, então para se ter sucesso nesta fase, é necessário ter a posse de bola (Hughes, 1990). Sendo este um dos aspectos cruciais do jogo, isto é, a equipa quando se encontra em posse de bola ataca, quando não tem a posse de bola defende (Bernard, 1956). Segundo Queiroz (1983) e Castelo (1994;1996) o processo ofensivo divide-se em três fases distintas: a primeira fase caracteriza-se pelo passar de uma atitude defensiva para ofensiva por parte dos jogadores; a segunda fase corresponde à criação de situações de finalização, em que se procura criar as melhores condições para finalizar; e a terceira fase corresponde à própria finalização. É, essencialmente, nesta ultima fase que se verifica a qualidade da organização ofensiva de uma equipa, através da frequência de remates obtida para golo (Razykov, 2006). Contudo, segundo Silva (2004), o processo ofensivo divide-se não em três, mas em quatro fases distintas, acrescentando a fase de construção do processo ofensivo, às outras referidas anteriormente. No entanto, como nos refere Garganta & Pinto (1995), não é obrigatório que todos os processos ofensivos tenham que passar por todas as fases.. 20.

(44) Revisão da Literatura Segundo diversos autores, os métodos de jogo ofensivos são definidos pela forma como os jogadores organizam as suas acções, quando estão no ataque (Luhtanen & Llkka, 1995). Estas acções são determinadas por um conjunto de princípios (de acordo com o Modelo de jogo) no sentido de orientarem todo o processo ofensivo de uma equipa, desde a recuperação da posse de bola até à sua finalização ou manutenção (Castelo 1994; Garganta, 1997; Luhtanen, 1993; Teodorescu, 1984). No entanto, o principal objectivo de um método de jogo ofensivo é procurar criar o maior número de situações de finalização, e para isso é necessário que a equipa tenha a posse de bola, pois a equipa que tiver mais vezes a posse da bola, terá certamente um maior número de situações de finalização (Bernard, 1956). A finalização é uma acção táctico-técnica que revela enorme relevância, isto porque, permite a concretização do objectivo fundamental do jogo, o golo (Basto & Garganta, 1996; Lanham, 2005; Luhtanen, 1993) e deste modo o sucesso das equipas (Gouvêa & Lopes, 2008). Porém torna-se importante tanto na perspectiva da investigação, como do treinador, conhecer não apenas o momento da própria finalização, mas também todo o processo que lhe deu origem (Garganta et al. 1995; Gréhaigne et al. 1997). No entanto o Futebol, devido às suas características específicas, quando é comparado com outros jogos desportivos colectivos, apresenta-se como uma modalidade com reduzidos níveis de eficácia. Uma das características que influência, e muito, este nível é a relação existente no Futebol entre o número de acções de ataque e os golos obtidos, sendo esta relação muito reduzida (Castelo, 1994; 1996; Garganta & Pinto, 1994; Yiannakos & Armatas, 2006; Szwarc, 2007). Isto é, o Futebol revela ser uma modalidade desportiva com baixa eficácia ofensiva, pois apenas aproximadamente 10% dos ataques terminam em remate e apenas 1% em golo (Castelo, 1996; Hughes, 1990). Assim, com a raridade existente de golos num jogo, é provavelmente essencial que as equipas para ter sucesso, necessitem de possuir um processo ofensivo eficaz e eficiente (Yamanaka et al. 1988; Szwarc, 2007). Em suma, podemos afirmar que, o processo ofensivo no Futebol se encontra em desvantagem, pois as equipas possuem processos ofensivos pouco eficazes, fazendo com que o jogo seja cada vez menos apetecível e fascinante. Esta desvantagem é já por si um motivo de interesse que nos desperta uma vontade de perceber melhor a dinâmica das acções ofensivas. Pois um ataque que resulte em golo é reflexo de um “bom”. 21.

(45) Revisão da Literatura futebol, assim como condição imprescindível para tornar os jogos mais atractivos (Garganta et al., 1995).. 2.8.1 Métodos de jogo Ofensivo Segundo Castelo (1994) e Garganta (1997) existem três métodos de jogo ofensivo fundamentais: o contra-ataque; o ataque rápido; e ataque posicional. De acordo com Castelo (1996: 133), visam essencialmente assegurar três objectivos fundamentais: (1) “a criação de condições mais favoráveis, em termos de tempo, de espaço e de número, para a concretização dos objectivos do ataque ou dos objectivos tácticos momentâneos da equipa, levando consequentemente os adversários a errar; (2) a contínua instabilidade da organização da defesa adversária, em qualquer das fases do processo ofensivo; e por último, (3) a execução da maior parte das acções técnicotácticas individuais e colectivas, em direcção à baliza adversária ou para as zonas vitais do terreno de jogo.” De acordo com Teodorescu (1984) o contra-ataque é um método de jogo ofensivo, caracterizado por uma grande velocidade de circulação de bola e dos jogadores, no intuito de chegar o mais rapidamente possível à baliza adversária, através de um número reduzido de passes e contactos com a bola. O tempo da sua transição é muito reduzido, visto muitas vezes ser inexistente o tempo da fase de construção e elaboração do processo ofensivo (Jogo mais empolgante) (Castelo, 1996). É um método de jogo que privilegia um estilo de jogo directo, pois pretende-se aproveitar o desequilíbrio da equipa adversária (Reilly et al. 1995), no entanto, este estilo de jogo conduz a um maior número de perdas de bola e por outro lado a um maior número de oportunidades para finalizar, comparativamente a um método de jogo mais elaborado (Bernard, 1956). Em relação ao ataque rápido, segundo Garganta (1997) e Castelo (2004), este método de jogo ofensivo apresenta as mesmas características que foram referidas para o contra-ataque. A grande diferença surge na fase de finalização, no contra-ataque procura-se aproveitar o desequilíbrio defensivo ainda existente na equipa adversária, pelo contrário, no ataque rápido a defesa adversária já se encontra organizada, nesta fase. Relativamente ao ataque posicional, as fases do processo ofensivo são resolvidas pelo seguro (Castelo, 1996). Isto é, privilegia-se a segurança do jogo, sendo menor a 22.

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Figura 4 – Percentagens de SOP referentes a cada uma das equipas analisadas.
Figura 5 – Percentagens das sequências ofensivas positivas (SOP) observadas relativas às equipas  pertencentes ao mesmo campeonato
Figura 6 – Número de sequências ofensivas positivas relativas (SOPR) e número de sequências ofensivas
Figura 7 – Número de sequências ofensivas positivas relativas (SOPR) e número de sequências ofensivas  positivas absolutas (SOPA) observadas para cada grupo de equipas pertencentes ao mesmo campeonato
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