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A anulação do casamento religioso: breves noções

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Academic year: 2021

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A anulação do casamento

religioso: breves noções

Estela Maria Camargo Regina

Mestre em Direito Processual Civil pela PUC - Campinas

Coordenadora do Curso de Direito e de Pós-Graduação em Direito da Faculdade Comunitária de Campinas - Unidade 3

e-mail: estela.regina@unianhanguera.edu.br

Resumo

A autora apresenta uma breve análise reflexiva sobre a Anulação do Casamento religioso (Católico), iniciando-se com uma breve explanação sobre tema em questão, seguindo-se para a análise de sua previsão Canônica, observando-se brevemente as suas, principais características, verificando-se as partes envolvidas, a Competência e os efeitos da referida anulação, vislumbrando-se a necessária contribuição acadêmica além da devida reflexão do tema abordado.

Palavras-chave: Casamento Religioso, Direito Canônico, Tribunal Eclesiástico, Partes, Competência, Efeitos.

Abstract

The author presents a reflexive analysis about the catholic Marriage´s Anullation. Begins the reflection with a breve explanation, analisying thy Canonic preview, watching thy principal characteristics, thy envolved parts and Competence, the effects of anullation, intending to offer an academic contribution for understanding the aboarded theme´s importance.

Key-words: Religious Marriage, Canonic Law, Eclesiastic Tribunal, Parts, Competence, Effects.

A nulidade do casamento religioso: breves noções

No ano de 2005, abordamos na Revista de Direito da Anhanguera Educacional o Casamento Civil Brasileiro, incluindo-se os seus Impedimentos, a Separação Judicial e o Divórcio. Dando continuidade ao referido assunto, abordaremos a seguir as possibilidades de declarar-se nulo o casamento religioso católico1.

A nulidade do casamento religioso

A tradição fiel à doutrina de Jesus Cristo faz com que a Igreja Católica não admita o divórcio, no entanto, ela reconhece que, por variados motivos, diversas vezes um casamento celebrado com toda uma aparência de normalidade e consciência, pode envolver elementos que possam ensejar a sua nulidade.2

Portanto, é importante que fique bem claro: a

Igreja Católica não admite o divórcio porque ele rompe o vínculo do matrimônio, independentemente da sua validade, porém, ela avalia se o vínculo foi válido ou nulo; e se foi considerado nulo, significa que o vínculo não existiu.

Há muitos casos de pessoas com formação religiosa que, por circunstâncias alheias à sua vontade, não puderam levar adiante seus casamentos e separaram-se, terminando por resolver a sua situação apenas no âmbito civil. Elas poderão também regularizar tal situação perante a Igreja, submetendo seus casos particulares à apreciação pelo Tribunal Eclesiástico.

Em nosso estudo verificamos que, nos Tribunais Eclesiásticos, em parte de seus casos surgem matrimônios fracassados, os quais possuem a sua origem num fundamento para declaração de sua nulidade.

Nos ensina a doutrina católica que, o matrimônio sacramental validamente contraído e consumado (isto é, completado pela cópula sexual) só pode ser dissolvido

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pela morte; nunca é anulado.

Pode acontecer, porém, que, apesar das aparências, o matrimônio nunca tenha havido realmente. Por quê? Por ter faltado alguma condição essencial à validade do casamento.

Embora sejam melhor esclarecido mais adiante, em suma, essa condição essencial falta quando:

•há falhas no consentimento dos nubentes; •quando o casamento é contraído apesar de impedimentos dirimentes, anulantes (mantidos ocultos);

•quando falta a forma canônica na celebração do sacramento.

Vamos, à princípio, salientar o que nos descreve o Código de Direito Canônico, em seu Capítulo IV, à respeito do Consentimento Matrimonial.

Incapacidade para se contrair o matrimônio religioso

São considerados INCAPAZES para tal, os abaixo elencados3:

a- os que não possuem suficiente uso da razão Cân 1095, «§ 1º-... os que não têm suficiente

uso da razão”.

Este parágrafo não se refere apenas às crianças e aos doentes mentais, mas, a todos aqueles que, por um motivo ou por outro, não gozem do pleno uso de suas faculdades mentais no momento em que exprimem o seu consentimento, por estarem perturbados de alguma forma, talvez por um trauma psíquico ou por se acharem sob a ação de drogas ou em estado de embriaguez.

Na verdade, tais observações não são novas, mas, nos tempos atuais, encontram mais vasta área de aplicação do que no passado, porque a psiquiatria melhor conhece as anomalias mentais, a sua evolução e seus efeitos. Antigamente, julgava-se suficiente que a pessoa tivesse parecido estar lúcida no momento das núpcias, mesmo se antes tivesse dado sinais de alienação mental. Entendemos que, além do citado “suficiente uso da razão”, os nubentes deverão possuir também uma maturidade intelectual e afetiva para, conscientes, tomarem a decisão de unirem-se através do matrimônio religioso.

b- os que têm grave falta de descrição de juízo à respeito dos direitos e obrigações essenciais do Matrimônio religioso, que se devem mutuamente dar e

receber;

Não possuem o suficiente conhecimento das obrigações que o(a) nubente contrai. O conhecimento concreto aplicado à vida e às circunstâncias do sujeito. Também não têm a consciência de que o matrimônio é um consórcio permanente entre homem e mulher, objetivado à procriação da prole (dos filhos) por meio de alguma cooperação sexual” (Cânon 1096); “cooperação sexual” é uma expressão genérica, que não inclui necessariamente o conhecimento de todos os pormenores do processo fisiológico da reprodução;

Por fim, também não possuem a real consciência de que, entre os deveres conjugais, está a obrigação de comunhão de vida entre os cônjuges, com as todas exigências que isto implica.

c- incapazes de assumir as obrigações essenciais do Matrimônio, por causas de natureza psíquica.

Atualmente, porém, sabe-se que, certas doenças psíquicas, como a esquizofrenia, podem estar como que “incubadas” por muito tempo antes de se manifestar, de tornar-se conhecida e expressiva, portanto, até mesmo os familiares podem não o perceber, mas, a doença lá existe e está atuante.

Em outros casos, as moléstias psíquicas se manifestam em ritmo intermitente, podendo o paciente parecer normal quando a doença está latente; os acompanhantes o têm por curado ou sadio, apesar de estar ainda sob o domínio da moléstia.

Há um exemplo clássico para tal questão: Conta-se que um rapaz julgava Conta-ser “o Messias”, mas, por prudência ditada pelo seu subconsciente, jamais contou tal fato à sua noiva. Dois dias após as núpcias entre eles, certo de que a esposa jamais o abandonaria, teve uma grave crise de “delírio místico”.

Causas de nulidade do matrimônio católico

O que pode tornar nulo o casamento religioso ou sacramental?

Como mencionamos anteriormente, as causas que podem ensejar a declaração de nulidade de um matrimônio religioso são:

•Falhas no consentimento matrimonial, •Impedimentos dirimentes;

•Falta de forma Canônica.

A Igreja não anula uniões sacramentais validamente contraídas e consumadas, mas pode, após processo

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meticuloso, reconhecer que nunca houve o casamento, mesmo nos casos em que todos o tinham como válido.

Quando pode ocorrer nulidade?

Então, quais as situações ensejadoras da nulidade do matrimônio religioso?

Como o já acima mencionado, apresentamos, brevemente, uma visão global dos motivos que ensejam a nulidade de um casamento religioso.4

I- Quando houver a chamada “falta ou falhas de consentimento” (Cânones 1057 e 1095-1102):

Para que o matrimônio seja válido, os noivos devem consentir livremente em unir suas pessoas, suas vidas, numa comunhão definitiva e irrevogável:

Cânon 1057 - § 1º- “O matrimônio é produzido

pelo consentimento legitimamente manifestado entre pessoas juridicamente hábeis, e esse consentimento não pode ser suprido por nenhum poder humano”.

Cânon 1057- § 2º- “O consentimento

matrimonial é o ato de vontade pelo qual o homem e a mulher, por aliança irrevogável, se entregam e se recebem mutuamente para constituir matrimônio”.

Esse consentimento matrimonial, assim exigido, pode ser impedido ou impossibilitado pelas seguintes razões:

A- Pela falta de capacidade para consentir Escolher alguém (um esposo ou uma esposa), comprometer-se a levar todo o resto da vida com ele (a), convivendo na mais estrita intimidade, é, sem dúvida alguma, uma das decisões mais importantes na vida de um homem ou de uma mulher.

Portanto, para que seja válida a união dos noivos, exige-se que eles (os contraentes) tenham a real consciência das obrigações, e, que se decidam assumi-las com plena liberdade.

Cân 1095, § 2º- “São incapazes... os que têm

grave falta de discernimento a respeito dos direitos e das obrigações essenciais do matrimônio, que se devem dar e receber mutuamente”.

Esta incapacidade no sentido de “falta de discernimento”, como o já acima citado, implica nas seguintes questões:

•ter o suficiente conhecimento das obrigações que o(a) nubente contrai. O conhecimento concreto aplicado à vida e às circunstâncias do sujeito; •ter a consciência de que o matrimônio é um consórcio permanente entre homem e mulher, objetivado à procriação da prole (dos filhos) por meio de alguma cooperação sexual”(Cânon 1096); “cooperação sexual” é uma expressão

genérica, que não inclui necessariamente o conhecimento de todos os pormenores do processo fisiológico da reprodução;

•ter consciência de que, entre os deveres conjugais, está a obrigação de comunhão de vida entre os cônjuges, com as todas exigências que isto implica.

Como usualmente costuma dizer o nosso querido amigo, Padre Antonio Maria Borges, ao celebrar um matrimônio: “Quando você desejar casar-se, deseje

em primeiro lugar, fazer o seu cônjuge feliz, assim, vocês poderão construir um casamento feliz”.5

Ou seja, é necessário o desejar e atuar no sentido de ver feliz o outro (o cônjuge), em primeiro lugar.

O discernimento supõe que os nubentes, tendo ultrapassado a idade mental da adolescência, já tenham adquirido uma estabilidade necessária para se comprometerem de modo irrevogável, o que implica na autonomia em relação aos genitores (independência frente a seus pais), como também, um autodomínio para dispor de sua pessoa e entregá-la àquele que será o (a) companheiro (a) de sua vida.6

A falta de discernimento pode ocorrer por diversos fatores, dentre eles: a imaturidade afetiva, retardamento intelectual, a habitual volubilidade (pessoa volúvel), da instabilidade emocional, na crença do que seja ilusório ou “descartável”.

Pode acontecer que, pessoas consideradas possuidoras de bom quociente intelectual (QI) e que são habitualmente equilibradas, experimentem, nas proximidades do casamento, uma fase de perturbação que não lhes permita pronunciar-se de maneira livre e refletida.

Cân 1095, § 3º. “Ineptos... os que não são

capazes de assumir as obrigações essenciais do matrimônio, por causas de natureza psíquica”.

Neste caso de “inépcia”, supõem-se que as pessoas (os candidatos a nubentes) tenham o discernimento necessário (razoável), mas, que sofram de algum desvio de personalidade que as impeça de sustentar a comunhão matrimonial.

É o que acontece, por exemplo, com certos homossexuais, os quais mesmo quando capazes de procriar; não lhes é possível viver uma vida conjugal considerada “normal”, pois, dificilmente escapam à atração por um parceiro fora do lar.

Fato que também acontece com certas mulheres lésbicas ou as chamadas ninfomaníacas (mulheres que tendem patologicamente ao abuso do coito).

E que também, ocorre com pessoas muito ciumentas, que não conseguem controlar o ciúme que

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sentem, tornando-se muito difícil ou até mesmo insuportável, a convivência com seu cônjuge.

Também, incluem-se sob este mesmo título de “incapacitação”, os estados obsessivos, compulsivos, que resultam de idéias fixas, neuroses e outras perturbações mentais.

Este apresentado Cânon 1095, o qual versa sobre a falta de capacidade para consentir, é o mais evocado atualmente nos processos que visam a declaração de nulidade.

Pois, ele aborda “pontos nevrálgicos”, que, sem dúvida, merecem consideração, mas que estão sujeitos a interpretações diversas.

Na verdade, é difícil dizer qual o limite entre o que é considerado “maturidade” e “imaturidade” afetiva, entre “capacidade” e “incapacidade” para comunhão de vida.

Por esta razão, em muitos casos, os Tribunais Eclesiásticos recorrem a peritos em psicologia, para auxiliar-lhes no discernimento, embora, este fato não exclua certa margem de possibilidade de subjetivismo ao julgar.

A Santa Sé, por esta razão, tem recomendado a prudência e o discernimento na aplicação do referido Cânon 1095.

II- A Ignorância (Cânon 1096)

Vamos presumir que a pessoa tenha a plena capacidade para dar o seu consentimento matrimonial válido. Porém, poderá ocorrer que a mesma ignore certos pontos essenciais do compromisso conjugal.

Assim versa o Cânon 1096, § 1º. “Para que possa

haver consentimento matrimonial, é necessário que os contraentes não ignorem, pelo menos, que o matrimônio é um consórcio permanente entre homem e mulher, ordenado à procriação da prole por meio de alguma cooperação sexual”.

Cânon 1096, § 2º “Essa ignorância não se

presume depois da puberdade”.

Presume-se que, após a puberdade, rapazes e moças conheçam as noções fundamentais de tal processo.

Exige-se, portanto, que os nubentes saibam, pelo menos, o que realmente o matrimônio significa.

E, somente a título de recordação, vamos recapitular que o matrimônio religioso é:

•um consórcio, ou seja, uma comunidade de vida e interesses...

•é permanente, isto é, estável...

•ocorre entre um homem e uma mulher, isto é, para tal excluem-se uniões paralelas (ainda que transitórias) e requer necessariamente pessoas de

sexo diverso;

•objetiva a procriação, embora esta nem sempre ocorra de fato;

•realiza-se por meio de alguma cooperação sexual, sem que os contraentes conheçam necessariamente todos os pormenores do processo fisiológico da reprodução.

III- O Erro (Cânones 1097 e 1099)

O supra citado “erro” é diferente da chamada “ignorância”, pois, a ignorância significa a ausência de noções, ao passo que o erro implica na presença de noções, porém não verídicas, falhas ou falsas. Ora pode-se ocorrer que os nubentes tenham concepções errôneas no tocante ao que assumem.

A verdade é que, nem todas as concepções errôneas invalidam o matrimônio. As mais graves o tornam nulo, pois quem dá seu consentimento na base de um erro decisivo, oferece-o a algo que não existe, por conseqüência, não contrai matrimônio.

Há alguns TIPOS de ERRO:

a. O Erro à respeito do próprio matrimônio (Cânon 1099):

O matrimônio sacramental é uma comunhão de vida, monogâmica e indissolúvel, elevada por Cristo à uma dignidade singular.

Quem tem concepções falsas a propósito, incorre no que se chama “erro de direito”.

O Para tal, o Direito Canônico faz uma distinção entre “pensar” e “desejar”. Alguém pode pensar que o casamento é rescindível, mas talvez não deseje que ele seja dissolvido de fato; faz questão de que o seu casamento dure a vida inteira. Ora em tal caso o consentimento dado é válido. Eis o que diz o Cânon 1099:

Canôn 1099 - “O erro a respeito da unidade,

da indissolubilidade ou da dignidade sacramental do matrimônio, contanto que não determine a vontade, não vicia o consentimento matrimonial”.

Para evitar-se o acima mencionado “erro de direito” e os problemas dele decorrentes, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestou-se, emitindo a seguinte norma:

Cuidem os sacerdotes de verificar se os nubentes estão dispostos a assumir a vivência do matrimônio com todas as suas exigências, inclusive a de fidelidade total, nas várias circunstâncias e situações de sua vida conjugal e familiar. Tais disposições dos nubentes devem explicitar-se numa declaração de que aceitam o matrimônio tal como a lgreja o entende, incluindo

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a indissolubilidade (Orientações Pastorais sobre o Matrimônio, nº 2.15).

b. O Erro sobre a identidade da pessoa (Cânon 1097 § 1º)

Cânon 1097, § 1º: «O erro de pessoa torna

inválido o matrimônio».

Sabemos que há uma diferença entre a chamada identidade física e a identidade moral. Entendemos como identidade física aquilo que refere-se à pessoa como tal. Como exemplo, citamos: João deseja casar-se com Maria, mas, na noite de núpcias verifica ter se casado com Cecília. Casos semelhantes praticamente não ocorrem hoje em dia

Já a identidade moral diz respeito à personalidade da pessoa. Adjetivos, predicados que caracterizam uma personalidade bem formada.

Se após o casamento um dos cônjuges verifica que o outro cônjuge não é absolutamente aquela pessoa ideal ou idealizada, poderá ter cometido o chamado “erro de pessoa”? Será que, neste caso, ele terá contraído um matrimônio inválido?

É muito complicado responder tais perguntas, pois, muito depende da noção subjetiva que alguém tenha daquele que deve ser “o seu cônjuge ideal”.

Na verdade, todos nós, seres humanos, estamos sujeitos a tantas falhas, nos é tão possível e fácil causar inúmeras decepções, por esta razão, entendemos que nenhum nubente pode alegar ser lícito imaginar que encontrará a pessoa perfeita que ele sempre desejou encontrar...

Daí ser compreensível uma certa e normal margem de decepções no casamento, e isto, não é razão suficiente para invalidá-lo.

Por vezes, ocorrem atitudes do cônjuge, posteriores ao casamento, que revelem uma personalidade completa e fundamentalmente diferente daquela que o outro cônjuge esperava e acreditava. Caso essa diferença seja realmente básica ou fundamental, pode-se dizer, segundo o Pe. Jesus Hortal, S.J., que houve no caso em questão, o chamado erro de pessoa, erro este que tornou nulo o casamento.

Porém, a opinião do Pe. Hortal possui um caráter estritamente subjetivo, portanto e por não ser o referido assunto considerado unânime, há a previsão de sentenças contraditórias.

Quando a personalidade de um cônjuge se revela completamente diferente de como era conhecida antes do casamento, pode-se dizer que o consentimento matrimonial do cônjuge que errou, é verdadeiro? Não acabou por

casar com uma pessoa inexistente, que formou em sua imaginação? Ao nosso modo de ver, nesse caso, poderia ser invocado, como causa de nulidade, o erro sobre a pessoa de que trata o cânon 1097 § 1º. O problema está em determinar o limite entre o que é apenas uma qualidade, mas que não muda fundamentalmente a personalidade, e a própria personalidade. A dificuldade, porém, não deve impedir de reconhecer que pode haver matrimônios nulos por erro sobre a personalidade do cônjuge”).7

É muito difícil reconhecer e definir os limites entre os adjetivos que devem ser considerados básicos e aqueles não básicos, para a realização de um matrimônio.

Deve-se também ressaltar que as pequenas decepções, inerentes à vida conjugal, não devem ser algo considerado extraordinário ou desconcertante na vida de um cristão, visto que este, em quaisquer das vocações escolhidas, o cristão é sempre chamado a seguir o Cristo, tanto no momento angustiante do Getsêmani, no difícil momento Calvário, mas também, na imensa alegria e na vida plena da ressurreição.

Um exemplo de erro de personalidade, que podemos oferecer: Uma jovem, de excelente família, conhece um rapaz que se passa por um excelente e íntegro empresário de sucesso.

Casam-se entre si. Logo após as núpcias a esposa descobre que o seu “empresário de sucesso” é ele é um marginal foragido da polícia.

Um Processo, com tais características, pode objetivar a declaração de nulidade de tal casamento, pois, realmente um réu procurado pela Polícia não é a mesma pessoa moral que aquele que se dizia ser íntegro, um honesto e brilhante empresário de sucesso.

Porém, é muito mais difícil, um julgamento quando se trata não de erro de pessoa (ou personalidade), mas, do chamado “erro sobre as qualidades da pessoa”, descrito no Cânon 1097, § 2.

c. O Erro sobre as qualidades da pessoa

Cânon 1097 § 2: “O erro de qualidade da

pessoa, embora seja causa do contrato, não torna nulo o matrimônio, salvo se essa qualidade for direta e principalmente visada”.

O assunto em questão é altamente complexo, pois, rata-se de determinar o limite entre uma simples qualidade, que não muda a personalidade, e a própria personalidade.

Vamos criar um exemplo: Uma jovem esposa exclamou: “Casei-me com João, que eu pensava que

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era fantástico, atencioso e carinhoso. Infelizmente estou frustrada.

Ele não me dá atenção, me deixa sozinha em casa, todos os domingos, para pescar ou jogar futebol com os amigos”. Por sua vez, esse tal João pode, por sua vez, alegar o seguinte: “Pôxa, a minha esposa Cláudia

não é aquela boa dona de casa que eu pensava que ela fosse, ela não sabe cozinhar, passar minhas camisas, e, além do mais, gasta muito dinheiro à toa”.

Será que se pode dizer então, que no exemplo supracitado houve erro sobre qualidades das pessoas tomadas em casamento? Entendemos que somente o contato direto com os dois esposos pode ajudar a responder tal questionamento.

Pois, afinal de contas, qual das qualidades visadas, mas não encontradas na vida conjugal, tornou nulo o matrimônio?

Onde está o limite entre falhas humanas previsíveis e aceitáveis, e falhas inaceitáveis, que permitem dizer que houve erro sobre as qualidades da pessoa?

O Código de Direito Canônico, no Cânon acima citado, ensina que o erro sobre qualidades não invalida o casamento a não ser que se trate de qualidades diretas e principalmente visadas, ou seja, qualidades que o(a) nubente fazia muita questão de encontrar no(a) parceiro(a).

d. O erro doloso

Chama-se dolo, o erro cometido por fraude, cometido com a intenção ou má fé do(a) pretendente, intenção consciente de que, se não enganar, não conseguirá casar-se.

Cânon 1098: “Quem contrai matrimônio,

enganado por dolo perpetrado para obter o consentimento matrimonial, a respeito de alguma qualidade da outra parte, qualidade que, por sua natureza, possa perturbar gravemente o consórcio da vida conjugal, contrai-o indevidamente”.

É absolutamente necessário para o bom êxito de um casamento que haja boa fé e a transparência de um cônjuge para com outro. Quando, porém, isto não se verifica, mas um dos cônjuges quis deliberadamente induzir o(a) consorte ao erro para poder casar-se, tal matrimônio é nulo.

É o que se dá, no exemplo do rapaz que aparenta ser muito saudável, mas que na verdade, sofre alguma doença rara, ou é HIV positivo e não o diz à noiva, ou, quando a noiva esconde ao futuro esposo o fato de que lhe amputaram os ovários de modo que ela jamais poderá ter filhos.

IV- A Simulação

Cânon 1101, § 1º: “Presume-se que o

consentimento interno está em conformidade com as palavras ou os sinais empregados na celebração do matrimônio”.

Cânon 1101, § 2º: “Contudo, se uma das partes

ou ambas, por ato positivo de vontade, excluem o próprio matrimônio, algum elemento essencial do matrimônio ou alguma propriedade essencial, contraem invalidamente”.

Um dos mais conhecidos Princípios Gerais de Direito, ensina-nos que devemos supor que, as pessoas sempre dizem a verdade até que se prove o contrário. È o famoso “In dúbio, pro réu”.

Existe, porém, aquilo que popularmente chamamos “mentira”, mentiras que ocorrem no próprio ato do casamento: esta é a chamada simulação, que pode ser total ou parcial.

Para ocorrer a chamada Simulação, é necessário que a exclusão do consentimento matrimonial seja feita mediante um ato positivo da vontade, ou seja, que realmente se diga intimamente “não quero”.

A Simulação total ocorre quando um dos contraentes, embora profira com os lábios o seu “sim” expressão de seu consentimento, recusa interiormente o seu “sim” proferido.8

Isto pode acontecer, por exemplo, quando se obriga um rapaz a casar-se, à sua revelia, com a moça que ele fez engravidar.

Já a chamada simulação parcial ocorre quando um dos parceiros aceita, sim, o casamento, mas, recusa-se a cumprir com uma das propriedades esrecusa-senciais do matrimônio, como por exemplo, a monogamia, a indissolubilidade e a abertura (disponibilidade) para a procriação.

Portanto, torna-se nulo o casamento quando alguém declara, no ato de casar-se, que aceita a indissolubilidade do matrimônio, mas na verdade, ele aceita e aspira a possibilidade de utilizar-se, no futuro, do instituto do divórcio.

Também torna-se nulo o casamento de quem, de antemão, rejeita a possibilidade de ter filhos, mas, declare o contrário no momento do casamento.

V- A Violência ou o medo (Cânon 1103)

O consentimento no ato matrimonial há de ser expresso, com total liberdade ou sem constrangimento (nem interior nem exterior).

Cânon 1103: “É inválido o matrimônio

contraído por violência ou por medo grave proveniente de causa externa, ainda que não dirigido para extorquir o consentimento, e quando, para dele se livrar, alguém se veja obrigado a contrair o

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matrimônio”.

Vamos observar, um pouco mais, ao que nos diz o supra citado Cânon:

•O medo que a pessoa receia, se não aceitar o casamento, deve ser grave. A gravidade pode ser avaliada subjetivamente. Basta, porém, que haja gravidade subjetiva ou relativa.

•O medo há de ser incutido por causa extrínseca, exterior (como por exemplos: uma ameaça de morte, de denúncia, ou de vingança familiar, dentre outros). O referido medo não pode ser fruto da fruto imaginação de quem se casa. Basta-se que o(a) nubente, pressionado(a) por uma situação embaraçosa qualquer, julgue não ter outra saída senão casar-se.

Também chamamos a atenção para o chamado “medo reverencial”, ou seja, o receio de desagradar o pai ou mãe, caso o(a) filho(a) recuse-se a casar-se com determinada pessoa.

Tal medo é geralmente leve, mas pode tornar-se grave, especialmente quando, por exemplo, a moça ouve seu pai dizer-lhe, repetida e constantemente: “Você já

se esqueceu tudo o que fiz por você! Se não se casar com ele, eu morrerei de tanto desgosto”.

VI- A Condição não cumprida

Encontramos aqui, outra fonte de falhas de consentimento. Vamos exemplificar, imaginando que alguém faça o seu consentimento depender de alguma condição determinada, que acaba por não se cumprir:

Um rapaz, por exemplo, que promete o seu consentimento ao matrimônio somente se sua noiva for virgem, ou então, o caso de uma moça condicionar o seu consentimento ao fato que o noivo não tenha tido outra mulher na sua vida.

Não é desejável que se coloquem tais condições antes do casamento.

Para tanto, versa o Código Canônico que, para impor-se condições, os nubentes precisam da licença prévia da autoridade eclesiástica.

Que fique claro que, é diverso o caso aqui mencionado do caso da “simulação”.

Na “simulação” pré-existe a má fé, ou seja, a intenção e o desejo de enganar, ao passo que, no caso de impor-se “condição”, pode a parte silenciar um ou outro traço ou segredo de seu passado, simplesmente de boa fé, ou porque não pensa que tal atitude possa causar-lhe efeitos.

Cânon 1102 «§ 1. “Não se pode contrair

validamente o matrimônio sob condição de futuro”.

Parágrafo 2º: “O matrimônio contraído sob

condição de passado ou de presente é válido ou não,

conforme exista ou não aquilo que é objeto da condição”.

Parágrafo § 3: “Todavia a condição mencionada

no § 2 não pode licitamente ser colocada sem a licença escrita do Ordinário local”.

Impedimentos dirimentes (Cânones

1083-1094)

Tanto a Igreja Católica, como o Direito Civil, estipulam certas normas que restringem o direito ao casamento, em doze casos específicos, sendo que, todos eles são considerados graves, tendo em vista o próprio bem dos interessados e da sociedade em geral.

Ou seja, não pode ser o casamento validamente celebrado faltando a um ou ambos os contraentes a capacidade para contraí-lo.9

Os impedimentos dividiam-se em duas grandes classes: impedientes e dirimentes

Aqueles chamados de impedientes são os que constituem embaraço legal à celebração do matrimônio, mas que não o invalidam.

Já os impedimentos dirimentes acarretam sempre nulidade do casamento. Dizem-se absolutos os que importam em inabilitação para contrair matrimônio com quer que seja; relativos são os que impedem casamento com pessoa determinada.

Reputam-se capazes todos os que não são por lei declarados incapazes através dos chamados Impedimentos Dirimentes.

Para o Código Canônico, são considerados os Impedimentos Dirimentes, os que se seguem:

1) A idade mínima para a validade de um casamento sacramental é 14 anos para as moças e 16 anos para os rapazes. Os Bispos podem dispensar dessa condição, mas somente o fazem em situações raríssimas. Porém, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) exige dois anos a mais para os casamentos no Brasil, ou seja, 16 e 18 anos respectivamente; todavia esta exigência incide sobre a liceidade, não sobre a validade do casamento (Cânon 1083).

2) A impotência (ou incapacidade de praticar a cópula conjugal) anterior ao casamento e de forma perpétua, absoluta ou relativa, é também considerado um impedimento dirimente (Cf. cânon 1084).

O Impedimento por impotência: é a incapacidade para copular, ou seja, para realizar a conjunção carnal, se for antecedente e permanente, tanto por parte do homem quanto da mulher.

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mas sim, a incapacidade de realizar uma autêntica relação sexual.

Ora a impotência anterior ao matrimônio e a considerada perpétua (incurável) torna nulo o casamento, mesmo que o outro cônjuge conheça previamente e aceite tal situação.

Há pessoas que não são impotentes (são capazes de cópula sexual), mas, são consideradas pessoas estéreis (jamais o seu ato sexual poderá fazer gerar filhos), esses indivíduos podem casar-se validamente.

Não há dispensa da Igreja Católica para esse impedimento, porque a relação sexual, realizada de modo humano, é almejada consumação do contrato matrimonial.

A chamada “impotência sexual relativa” é aquela que impede o relacionamento sexual somente com alguma ou algumas pessoas. Só é impedimento para o matrimônio com tais pessoas.

É indiferente a causa (física ou psíquica) donde procede a impotência. Isto compete aos médicos e psiquiatras, os quais devem averiguar se a mesma é perpétua ou se há esperança de cura;

3) É impedimento dirimente o vínculo de um matrimônio validamente contraído, mesmo que não consumado (Cânon 1085). Este impedimento de vínculo ocorre quando um dos contraentes já teve um casamento anterior (não pode ser dispensado);

4) A disparidade do culto também é causa de nulidade de casamento, desde que a parte católica não tenha obtido dispensa do impedimento. O impedimento de disparidade de culto ocorre quando apenas um dos nubentes é católico e o outro é pagão, ateu ou membro de outra religião;

Em outras palavras, ocorre o seguinte: É inválido o casamento entre um católico e uma pessoa não batizada, se a parte católica não pede dispensa do impedimento.

Nestes casos, é exigida uma licença prévia da Autoridade Eclesiástica, na maioria dos casos, do Bispo Diocesano; em outros, porém, a licença deve ser solicitada à Santa Sé.

Uma destas situações é, por exemplo, os chamados matrimônios mistos, nos quais um dos contraentes é católico e o outro é ateu ou professa outra religião.

Esta dispensa do impedimento pode ser concedida pelos Bispos desde que:

•a parte católica declare estar disposta a afastar os perigos de abandono da fé e prometa fazer tudo para que a prole (os filhos gerados) seja batizada e educada na Igreja Católica;

•a parte não católica seja informada desse compromisso;

•ambas as partes sejam instruídas à respeito dos fins e propriedades essenciais do matrimônio, que nenhum dos contraentes pode excluir.

Convém salientarmos algo à respeito do impedimento “de mista religião”, ou seja, sobre o casamento de um católico com uma pessoa batizada fora do Catolicismo (protestante ou ortodoxa). Tal impedimento não é dirimente, isto é, não invalida o casamento, mas torna-o ilícito (Cânon 1124).

A parte católica pode contrair tal matrimônio válida e licitamente desde que obtenha a dispensa do respectivo Bispo, mediante as três condições acima mencionadas para o caso da disparidade de culto;

5) Quando da ocorrência da Ordem Sacra É impedimento dirimente para o matrimônio sacramental a ordenação diaconal, presbiteral ou episcopal. (Cânon 1087).

Este impedimento de ordem sacra: quando o homem recebeu alguma ordem sacra (ordenação de diaconato, presbiterado ou episcopado - a dispensa deve ser solicitada à Santa Sé);

6) Também é impedimento dirimente a profissão religiosa perpétua. (Cânon 1088). O referido impedimento de profissão religiosa ocorre quando um dos contraentes tiver feito voto de castidade em alguma instituição religiosa (sendo o voto permanente, a dispensa deve ser solicitada à Santa Sé);

7) Quando ocorre um Rapto. Uma mulher levada pela força não se pode casar validamente com quem a está violentando dessa maneira (Cânon 1089).

Este impedimento refere-se ao caso de rapto: quando a mulher é levada para outro lugar mediante o uso da força, do medo ou por engano, permanecendo sob o poder de outra pessoa, sendo ou não aquela com quem ela deseja casar-se;

8) Quando ocorre um Crime. Os que matam os seus cônjuges ou companheiros, objetivando facilitar um casamento posterior estão impedidos de realizar validamente esse casamento (Cânon 1090).

Um exemplo do referido impedimento de crime: quando um dos cônjuges fica viúvo por haver matado o outro cônjuge, isto independentemente do conhecimento que as outras pessoas tiverem do fato;

9) A consangüinidade; Não há dispensa na linha vertical (pai com filha, avô com neta, dentre outros); na linha horizontal, o impedimento (dispensável) vai até o quarto grau, isto é, atinge o tio e sobrinha e primos irmãos (Cânon 1091).

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parentesco natural ou jurídico, sendo proibido quando o parentesco for em linha reta em todos os graus e na linha colateral, até o quarto grau, inclusive;

10) A Afinidade na linha vertical; Não há matrimônio válido entre o marido e as consangüíneas da esposa e entre a esposa e os consangüíneos do marido. A suposta viuvez previamente ocorrida (Por exemplo, um viúvo não pode casar-se com a mãe ou com a filha da ex-esposa).

Contudo, a afinidade na linha horizontal não há impedimento: um viúvo pode casar-se com uma irmã (solteira) de sua falecida esposa (Cânon 1092).

O impedimento de afinidade é o resultante do parentesco jurídico com os consangüíneos do outro cônjuge, sendo proibido em todos os graus da linha reta, mas dispensado na linha colateral em qualquer grau;

11) Honestidade pública. Quem vive uma união ilegítima, está impedido de se casar com os filhos ou os pais de seu (sua) companheiro (a). (Cânon 1093);

12) Parentesco legal. Não é permitido o casamento entre, por exemplo, o adotante e o adotado ou entre um destes e os parentes mais próximos do outro. Este impedimento, como outros desta lista, pode ser dispensado por dispensa emanada da autoridade diocesana (Cânon 1094).

O processo canônico de declaração de nulidade matrimonial

Quando as partes contraentes, ou uma das partes apenas, levanta a suspeita de que o seu casamento pode ter sido nulo, o Tribunal Eclesiástico ouve o(s) interessado(s) e, havendo um fundamento jurídico canônico nesta suspeita, abre um Processo Canônico aonde irá analisar-se todas as circunstâncias envolvidas naquele matrimônio, e, ao final, declara-se por sentença, se o referido consentimento matrimonial foi válido ou nulo.10

Não se trata, portanto, de anulação do matrimônio legitimamente celebrado, mas de reconhecer, se for o caso, que aquele específico matrimônio foi nulo, partindo das provas e conclusões obtidas na instrução processual.

O que é um tribunal eclesiástico?

Em breves palavras, dizemos que dentro da estrutura organizacional da Igreja Católica e de acordo com o Direito Canônico, o poder supremo é exercido pelo Romano Pontífice. Ele é a Sé Primeira (o Supremo Tribunal) e não é julgado por ninguém. (Cânon 1404).

Abaixo dele, está o Tribunal da Rota Romana, um Tribunal colegiado, que julga como instância

originária as causas referentes aos Bispos, Superiores Maiores das Ordens Religiosas, Dioceses e outras pessoas eclesiásticas, e, julga em grau de recurso outras causas que lhe são destinadas pelo Direito Canônico.

É facultado à qualquer fiel católico recorrer diretamente à Sé Primeira. No entanto, por uma questão de organização interna, em cada Diocese, há o Juiz de Primeira Instância é o Bispo local, que pode exercer este poder pessoalmente ou por delegação (Cânon 1419).

Normalmente, o Bispo delega este poder a um Vigário Judicial e nomeia outros Juízes Eclesiásticos.

O Vigário Judicial, em união com o Bispo, forma com os demais Juízes o Tribunal Eclesiástico Regional de primeira instância (Cânon 1420). O Vigário Judicial funciona como Presidente deste Tribunal Eclesiástico, que atua sempre em colegiado, em turnos de três Juízes. Estes Juízes são, na maioria das vezes, sacerdotes, porém, o Código Canônico faculta às Conferências Episcopais a nomeação de Juízes leigos (Cânon 1421). Nas dioceses onde não há Tribunal Eclesiástico, deve haver uma pessoa encarregada dos assuntos da justiça da Igreja, com a responsabilidade de encaminhar, quando for o caso, os processos ao Tribunal.

É o caso já mencionado do “Vigário Judicial”, que recebeu tal delegação do Bispo local.

Por isso, a pessoa interessada, que mora muito distante das cidades aonde encontram-se os Tribunais Eclesiásticos, não necessita, no primeiro momento, fazer uma viagem até as citadas cidades, bastando que se apresentem na Cúria Diocesana local, ou seja, onde funcionam os escritórios do seu Bispo.

Quem faz parte do tribunal eclesiástico regional

Como dissemos anteriormente, cada Tribunal é formado, em regra, por um Presidente, também chamado de “Vigário Judicial”, porque representa os Bispos da região nos julgamentos.11

Embora teoricamente os Bispos, pelo seu próprio cargo, tenham também a função de juízes, de fato, nos casos confiados aos Tribunais Eclesiásticos, os mesmos não atuam como tais.

Além do Presidente, existem outros Juízes. As causas ordinárias de Declaração de Nulidade do Matrimônio são julgadas por um Tribunal de três Juízes Eclesiásticos.

No Brasil, como o já mencionado, está permitido que, junto com dois sacerdotes ou diáconos, atue também um Juiz leigo.

(10)

de Juízes chamados de “Adscritos”: em números variados de três, quatro, cinco...

Por isso, quando se apresenta uma Petição de Declaração de Nulidade do Matrimônio, é necessário formar um turno, ou seja, dizer quais são exatamente os três Juizes que vão julgar esse caso. Um deles será o Presidente do Turno, o que não deve ser confundido com o Juiz Presidente do Tribunal.

Existe também o Defensor do Vínculo, que exerce a mesma função do Promotor de Justiça, só que na esfera Canônica. O seu papel consiste em argumentar, sempre que possível, em favor da validade do matrimônio.

Portanto, ele será como um “adversário” de quem pretenda a alcançar a declaração da nulidade de seu casamento religioso.

O Defensor do Vínculo tem de “expor tudo o

que razoavelmente possa ser aduzido contra a nulidade” (Cân. 1432). Por isso, em certos casos, ele

mesmo acaba por dizer que não tem nada a alegar contra a nulidade em questão.

Também no Tribunal, encontramos o chamado Notário, que também é chamado de Secretário, cuja função é assinar todos os documentos dos processos. Essa assinatura é tão importante que, sem ela, os documentos podem perder o valor legal. O Notário é, portanto, além de Secretário, também um tipo de “Tabelião” do Tribunal.

Finalmente, nos Tribunais Eclesiásticos, encontramos também a figura dos Advogados, que representarão as partes envolvidas.

O Advogado é o conselheiro jurídico de uma das partes. Por isso, possui funções determinadas, como sugerir que seja interrogada uma ou outra testemunha concreta, que se peça o parecer de alguns peritos, redigir e apresentar os arrazoados em favor do seu cliente, dentre outras. O Código de Direito Canônico também chama o Advogado com o nome de “Patrono”, porque ele vai “patrocinar” a causa de uma das partes.

O processo canônico

Em primeiro lugar, devemos relembrar e tentar entender o que é considerada uma nulidade matrimonial. Doutrinadores nesta área conceituam-na como um julgamento examinado por um Tribunal Eclesiástico, dizendo que aquelas núpcias onde parecia haver um matrimônio verdadeiro e de fato, foram apenas uma “aparência”, na medida em que lhe faltaram os elementos fundamentais, ou seja, necessários para fazer delas um verdadeiro matrimônio.

Isto não significa, em geral, que houve mentira entre

as pessoas envolvidas nas referidas núpcias. Há uma presunção relativa (“Juris Tantum”) que, no momento da celebração, os nubentes estavam sendo sinceros.

Mas, os senhores membros do Tribunal Eclesiástico, ao apreciarem detalhadamente os fatos, podem concluir que eles, os nubentes, se enganaram e que os fatos provam que, na verdade e de fato, não houve um verdadeiro matrimônio.

Isto também não significa que nunca existira um certo vínculo entre os cônjuges, mas sim, que o vínculo referido não constituiu aquilo que o matrimônio verdadeiro requer e deve ser.

O funcionamento do tribunal eclesiástico na prática

Buscaremos fazer aqui, uma explanação breve e bem prática de como se inicia e se desenvolve um processo de declaração de nulidade perante um Tribunal Eclesiástico, seguindo-se as etapas necessárias para tal, passo a passo: 12

A - Primeiramente, uma pessoa interessada na declaração de nulidade de seu matrimônio deve comparecer à um Tribunal Eclesiástico e solicitar uma audiência com um dos Juízes Canônicos, narrando-lhe toda a sua história pessoal e ouvindo do referido Juiz uma orientação. Qualquer dos cônjuges pode ingressar no Tribunal Eclesiástico requerendo o referido exame da validade do seu matrimônio.

Então, em geral, acontece o seguinte: o(a) interessado(a) comparece ao Tribunal e solicita uma entrevista preliminar com um dos Juízes, narrando-lhe sua situação pessoal, recebendo orientação sobre como melhor proceder para iniciar o processo.

Porém, a pessoa interessada somente pode procurar o Tribunal Eclesiástico, correspondente ao lugar da celebração de seu casamento ou ao lugar onde está atualmente residindo seu marido ou sua mulher.13

Além disso, com a prévia licença do Presidente do Tribunal acima citado, também poderá ser realizado o devido processo, perante o Tribunal correspondente ao local da residência do interessado.

O mesmo pode também procurar um advogado, especializado em Direito Canônico, credenciado junto ao Tribunal Eclesiástico.

É necessário também que o(a) interessado(a) apresente testemunhas e/ou outras provas documentais, que possam formar o conjunto probatório, fundamentando o seu pleito.

Se o Juiz constatar, através de sua pessoal experiência jurídica, que aquele caso pode possuir um fundamento de nulidade perante o Direito Canônico, ele

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orientará a pessoa interessada para que a mesma apresente uma Petição Escrita narrando-se todos os fatos, juntando-se os documentos necessários e indicando-se os dados do cônjuge com quem se casou, requerendo-se também, a oitiva das testemunhas que poderão ser convocadas para comprovar aquelas alegativas.

Aliás, pode ser convocada como testemunha, qualquer pessoa que saiba dos fatos.

Os pais dos noivos, seus parentes, amigos, colegas de trabalho, quanto mais detalhes a pessoa indicada souber dos fatos em questão, melhor poderá ser o seu testemunho. Não há impedimento quanto ao testemunho de familiares.

Em geral, nas causas matrimoniais, são os familiares as pessoas que mais oferecem elementos esclarecedores dos fatos. Os Juízes precisam colher a maior quantidade possível de informações, a fim de formar um convencimento suficiente para se pronunciarem.

B - Este primeiro escrito ou Petição Escrita (Petição Inicial), que tem o nome de “Libelo”(em latim, “libellum litis introductorium”), ou “Demanda”, que deve ser obrigatoriamente elaborada por escrito, pelo próprio interessado ou por um advogado especializado, que represente o interessado.

O Código Canônico dá à esse primeiro escrito o nome de “Libelo Introdutório da Causa”, ou simplesmente “Libelo”.

Nele, devemos começar indicando a que Tribunal nos dirigimos. Então, oferecemos os dados pessoais dos cônjuges: os da pessoa interessada e de seu (a) esposo (a), inclusive, mencionando claramente onde ele ou ela está morando no momento.

Se o local de residência é ignorado, necessária se faz uma pesquisa prévia, pois, a falta desse dado pode atrasar desnecessariamente o andamento do processo. Brevemente deve ser descrita a história do referido casamento: Itens como: de qual maneira se conheceram e chegaram à decisão de casarem-se; onde e como foi a cerimônia; como transcorreu o tempo de convivência; quando e como começaram os desentendimentos entre eles; por que se separaram; qual é a situação atual dos dois, dentre outros itens.

Mas, não há a necessidade de oferecer muitos pormenores nesta fase, pois estes detalhes poderão ser minuciosamente elencados durante o interrogatório posterior.

Após a descrição dos referidos fatos, deve-se argumentar, dizendo qual é a causa ou causas pelas quais o (a) interessado (a) julgue que o seu casamento foi nulo.

É necessário que sejam revisadas as vinte e cinco possibilidades de motivos ensejadores de nulidade matrimonial, elencados do Código Canônico.

Resumidamente, devem ser descritas as provas de que o (a) interessado (a) pensa em dispor, como por exemplo: a lista de testemunhas, com os respectivos endereços completos; cartas ou outros documentos; pareceres de médicos e psiquiatras, laudos, e quaisquer outras provas que se julguem necessárias.

A parte final do Libelo é o momento da real petição, no sentido estrito, ou seja, deve-se dizer que, em vista dos fatos descritos e das disposições do Código de Direito Canônico que se aplicam ao caso, solicita-se ao Tribunal que, mediante o processo correspondente, declare nulo o referido matrimônio. Deve-se datar e assinar.

No próprio Libelo, ou num escrito à parte, você pode nomear Advogado e Procurador. Se, com o consentimento prévio do Tribunal, essa nomeação já foi realizada anteriormente, então o Libelo deve ser assinado pelo seu Procurador e não necessariamente pelo próprio (a) interessado (a), como anteriormente dissemos.

O Libelo deve ser entregue na Secretaria do Tribunal Eclesiástico Regional (TER), junto com uma certidão do referido casamento religioso.

É necessário salientar que, se no caso em questão, já houve a separação judicial (“desquite”) ou o divórcio, as cópias das correspondentes sentenças civis também deverão ser entregues.

Sempre é prudente pedir protocolo, recibo da entrega do referido Libelo, com data, com o intuito de resguardar-se para eventuais e futuras reclamações, no caso de não cumprimento dos prazos legais.

C - Recebendo o Libelo, descrita no item acima, um funcionário do Tribunal Eclesiástico providenciará o pagamento das chamadas Custas Processuais e submeterá a referida Petição Escrita ao Juiz Presidente, o qual deverá designar um grupo de três Juízes Canônicos, que analisarão, apreciarão e julgarão aquela causa.

Nesta ocasião, se a Petição Escrita tiver sido lavrada pelo próprio requerente, será então, designado um Advogado credenciado perante o Tribunal, para acompanhar o processo e realizar a devida defesa do(a) interessado(a), e também, será designado o Promotor que atuará na causa em favor da Igreja, que no processo canônico tem o nome de “Defensor do Vínculo”.

O Juíz Presidente, lendo atentamente o Libelo, deverá decidir se o caso em questão é tão complicado que exige, desde o início, ser apreciado pelo “colegiado”, ou seja, pela reunião dos três mencionados Juizes

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do turno.

Na maior parte das vezes, porém, ele sozinho dará a primeira decisão: aceitar ou rejeitar o Libelo.

Para tanto, o Juiz Presidente deverá examinar as seguintes questões:

•Se o Tribunal é competente para atuar nesse processo;

•Se a pessoa que pede a declaração de nulidade tem, de acordo com o direito, capacidade para fazer isso;

•Se no Libelo constam os dados necessários; •Se do Libelo se pode deduzir que há algum fundamento jurídico naquilo que se pede.

Cumpridas as supra citadas condições, o Libelo deve ser aceito; caso contrário, deve ser rejeitado. É claro que se a falha consistir em algo que pode ser imediatamente reparado (como seria, por exemplo, ter omitido o nome e domicílio do demandado), é permitido redigir um novo Libelo, para saná-lo, incluindo-se os dados omissos.

Se o Libelo for rejeitado, há a possibilidade da Apelação, ou seja, reclamar à autoridade superior: ao Colegiado, se a rejeição foi um ato pessoal do Juíz Presidente do turno; ou então, apelar ao Tribunal de Apelação, se o julgamento foi decretado pelo colegiado. D - Logo em seguida, deverá ser expedida uma Notificação pelo correio para a outra parte envolvida (“Demandado” (a)), a fim de que esta tome o devido conhecimento do Processo, sendo convocada para apresentar a sua versão dos fatos e apresentar as suas testemunhas e provas documentais, possando contestar se o desejar, dando-se início assim, ao contencioso processual. A outra parte, o Demandado, deverá atender à Citação.

A Citação não significa que os cônjuges deverão encontrar-se, face à face. O que se faz é simplesmente enviar um escrito às duas partes indicando-lhes que o Libelo foi aceito.

Para o Demandado, envia-se uma cópia, ou, pelo menos, um resumo do Libelo.

Além disso, indica-se que as partes têm o prazo de quinze dias para pedir, se assim o desejarem, uma sessão oral, para determinar o(s) ponto(s) controverso(s), quer dizer, o(s) motivo(s) exato(s) que alegam para o pleito da nulidade do casamento.

Desde o momento em que as duas partes envolvidas recebem a comunicação da Citação, inicia-se oficialmente o Processo Canônico.

O Demandado, se assim o desejar, poderá apresentar uma Contestação além de apresentar o rol de suas testemunhas, podendo também declarar que não

tem interesse em acompanhar o processo, renunciando assim à este direito.

Caso a outra parte (Demandado (a)) não compareça ao Tribunal depois de duas convocações, será declarada ausente e o Processo prosseguirá “à sua revelia”.

E - Inicia-se, assim, a Fase Instrutória do Processo, sendo chamado a depôr o cônjuge requerente, que no Processo Canônico é chamado de “Demandante” (a), depois de seu depoimento, será a vez do cônjuge requerido (Demandado(a)), logo em seguida, serão interrogadas as testemunhas indicadas pelas partes.

F - Após toda esta fase de coleta de provas testemunhais, é oferecida vista do processo às partes, para que o leiam e requeiram algo mais que julguem necessário ou oportuno, ou, juntem mais algum documento complementar.

G - O Processo, então, será encaminhado ao Advogado das partes, e, em seguida, ao Defensor do Vínculo, para que apresentem suas Razões Finais escritas. H - Com as manifestas apresentações do Advogado e do Defensor do Vínculo, o Processo está pronto para ser julgado pelos Juízes Canônicos designados.

I - Lavrada a Sentença, se esta for favorável à Declaração de Nulidade do Matrimônio Religioso, o Processo será automaticamente encaminhado ao julgamento pelo Tribunal de Apelação, para que seja confirmada a referida sentença ou que a mesma seja modificada. Havendo confirmação, o Processo retorna à sua origem e estará encerrado, sendo aquele Matrimônio considerado inexistente perante a Igreja Católica.

J - Na existência de divergências entre as Sentenças da Primeira e da Segunda Instâncias, a parte interessada poderá apelar para o Tribunal da Rota Romana (em Roma, Itália), onde então, a causa será decidida em definitivo.

Questionamentos mais freqüentes

• Quanto tempo demora, e, quanto custa um processo de nulidade de casamento religioso? A instrução processual é que vai determinar o tempo do processo. Tudo vai depender das facilidades ou dificuldades encontradas no decorrer do processo.

Em geral, há uma demora média de um a dois anos. Exemplo: se as partes residem na mesma cidade, assim como as testemunhas, e, se as audiências decorrerem sem adiamentos, a demora será menor do se as partes moram em cidades diferentes, suas

(13)

testemunhas residem em outras e distantes cidades, fatores esses, que contribuem para a morosidade do processo.

As despesas processuais, em geral, variam entre um a cinco salários mínimos, dependendo dos meios e recursos utilizados para a movimentação dos referidos processos.

•Se a sentença me for favorável, eu vou poder me casar na Igreja de novo?

A sentença do Tribunal Eclesiástico precisa ser confirmada por outro Tribunal, que funciona como a Segunda Instância do julgamento.

O processo só termina quando tiver duas sentenças favoráveis, ou seja, se a sentença do Tribunal da Primeira Instância for favorável, e, esta sentença for confirmada pelo Tribunal da Segunda Instância.

Lembramos que, havendo divergência entre os Tribunais de Primeira e de Segunda Instância, poderá haver ainda uma Apelação para o Tribunal da Rota Romana, em Roma (Itália).

Obtendo o requerente, as duas sentenças favoráveis (em Primeira e Segunda Instância), o seu matrimônio será considerado nulo, ou seja, é como se ele (ela) nunca tivesse se casado antes. Então, é claro que poderá casar-se novamente na Igreja, como se fosse a sua primeira vez.

•Esta nulidade é como se fosse um divórcio dado pela Igreja?

De jeito nenhum. A Igreja Católica não admite o divórcio. O casamento religioso é uma instituição divina e foi deixado aos cuidados da Igreja de Jesus Cristo, o seu fundador. Por esta razão, o Tribunal Eclesiástico não tem por finalidade anular os matrimônios, mas sim, apreciar com justiça e bom senso, determinadas situações difíceis, onde possam haver dúvidas e incertezas quanto à validade da realização do matrimônio religioso.

Quando o Tribunal não chega à uma conclusão clara, a situação é duvidosa a partir dos fatos e do conjunto comprobatório apresentado e analisados, a sentença será pela validade do matrimônio, que goza do Princípio do Benefício da Dúvida.

A Igreja tem consciência de sua missão de defender a dignidade do sacramento do matrimônio. Somente nos casos aonde há evidência clara, indubitável e comprovada de caracterização de nulidade, somente assim, Igreja declarará o matrimônio nulo.

Nunca um matrimônio considerado “válido” será anulado por um Tribunal Eclesiástico, mas, será anulado aquele casamento que para a Igreja Católica NÃO EXISTIU.

Considerações finais

Ao realizar o presente estudo, verificamos uma emergencial necessidade de maior conscientização da população em geral, e, de modo especial dos operadores do Direito (atuais e futuros), no concernente às possibilidades legalmente previstas da declaração de nulidade matrimonial, nos âmbitos civis e canônicos.

A falta de tal consciência tem por vezes conseqüências variadas, incluindo-se a violação de certos direitos e garantias individuais, enumerados em nossa Carta Constitucional, especialmente no que concerne à dignidade da pessoa humana.

Cabe a nós, operadores e acadêmicos do Direito, proporcionar oportunidades de esclarecimentos nesta área, aos atuais e futuros operadores do Direito, os chamados “instrumentalizadores da justiça”, e também, àqueles que desejam unir-se em casamento religioso, oferecendo-lhes formas de esclarecimento e conhecimento mais aprofundado dos princípios, objetivos, direitos e obrigações oriundas da união, além das possibilidades de nulidade do vínculo matrimonial.

Buscamos também com a presente reflexão, demonstrar que o casamento religioso possui efeitos civis e tem amparo constitucional e na legislação ordinária, há mais de cinqüenta e cinco anos, podendo assim, ser mais um instrumento a unir homens e mulheres pelos laços do amor, do afeto, da fidelidade, da cumplicidade, do companheirismo e amizade, para a consecução de seus objetivos mais íntimos, sonhando com uma jornada terrena feliz.

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Notas

1 REGINA, Estela Maria Camargo. Artigo intitulado “O

Casamento Civil Brasileiro”, in Revista de Direito 2005, páginas 71 a 80;

(15)

2 Vide Catecismo da Igreja Católica 1614. 3 Vide Código de Direito Canônico (CDC).

4 AZEVEDO, Luiz Marcello Moreira de; BRITO, Esther.

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5 BORGES, Antonio Maria. Durante o Programa televisivo

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6 HORTAL, Jesus. Casamentos que nunca deveriam ter

existido: uma solução pastoral. São Paulo: Loyola, 1987.

7 HORTAL, José. Casamentos que nunca deveriam ter

existido: uma solução pastoral. São Paulo: Loyola,1987. p.19.

8 A Simulação Total é a exclusão do próprio matrimônio,

e, a Simulação Parcial é a exclusão das outras realidades enumeradas no parágrafo 2º do Cân 1.101 (Código Canônico. 9ª edição. Edições Loyola. pg 487).

9 AZEVEDO, Luiz Marcello Moreira de; BRITO, Esther.

Matrimônio: Para que serve este sacramento? Petrópolis: Editora Vozes, 1997.

10 ORLANDI, G. Il Processo Matrimoniale Canônico:

recente inovazioni nella procedura “super matrimônio rato et non consummato”. Cittá Del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1988.

11 Vide: HORTAL, José. Casamentos que nunca

deveriam ter existido: uma solução pastoral. São Paulo: Loyola, 1987.

12 ORLANDI, G. Il Processo Matrimoniale Canônico:

recente inovazioni nella procedura “super matrimônio rato et non consummato”. Cittá Del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1988.

13 Vide: HORTAL, José. Casamentos que nunca

deveriam ter existido: uma solução pastoral. São Paulo: Loyola, 1987.

Recebido em 07 de maio de 2007 e aprovado em 04 de junho de 2007.

Referências

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