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DIREITO EMPRESARIAL III

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DIREITO EMPRESARIAL III

PROF. EDUARDO GOULART PEREIRA

Aluísio Andrade – monitor: alusio320@gmail.com

UNIDADE I – TÍTULOS DE CRÉDITO: DEFINIÇÃO E PRINCÍPIOS

CAMBIÁRIOS

CRÉDITO

 Importância

Título de crédito é um instituto jurídico; crédito é uma operação econômica que se

traduz em uso presente de dinheiro futuro cujo fim é a potencialização da capacidade de aquisição de bens e serviços das pessoas.

 Elementos

Tempo: a existência do crédito está vinculada a um lapso temporal entre o uso do

recurso e o pagamento.

Confiança: o crédito exige confiança do credor na capacidade de quitação do devedor.

Crise de confiança na economia é exatamente isso: os credores não confiam na capacidade de pagamento dos devedores e, portanto, não concedem crédito, levando a uma queda no consumo e impacto econômico.

A operação de crédito é econômica, mas as regras que regem a concessão de crédito (e os direitos e obrigações inerentes à relação creditícia) são jurídicas.

TÍTULOS DE CRÉDITO Origem e função

São institutos tipicamente comerciais; surgiram no âmago do direito comercial com o fito de serem alternativas aos instrumentos do direito civil dotados de maior agilidade e dinamismo e, portanto, adequados à realidade comercial. Surgiram em decorrência dos usos e costumes dos comerciantes no medievo.

Hodiernamente, são utilizados por todos e não apenas empresários; ultrapassaram o âmbito do direito empresarial.

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Segundo Vivante, é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado.

Tal definição foi utilizada pelo Código Civil em sua literalidade.

Trata-se de uma definição famosa e amplamente utilizada, uma vez que é dotada de clareza, precisão e abarca os três princípios basilares dos títulos de créditos, expressando a essência do funcionamento deste instituto.

PRINCÍPIOS CAMBIÁRIOS CARTULARIDADE (art. 893 CCB)

A cartularidade está presente na definição no seguinte trecho: “é o documento necessário ao exercício do direito nele mencionado”. Isto é, sem o documento não há direito: o direito de crédito se incorpora ao documento.

O título de crédito tem de estar corporificado em um documento, é necessário que tenha existência física que, na maioria dos casos, é um papel. Ao revés, os contratos por exemplo podem ser verbais e gestuais.

Alguns defendem que a cartularidade está se esvaindo, pois há agora os títulos de créditos virtuais. Todavia, os títulos de créditos constituídos em formato eletrônico são também documentos, o que mudou foi nosso conceito de documento, que hoje é muito mais amplo. Uma nota fiscal eletrônica, por exemplo, é um documento.

Só é possível exercer o direito contido no título com a cártula. Apesar de o documento ser necessário ele é também suficiente.

LITERALIDADE

A literalidade decorre da cartularidade, mas não se confudem.

A cártula é o limite do direito creditício: não se pode exigir nada do devedor além do que está literalmente escrito no documento.

AUTONOMIA

 RELAÇÃO FUNDAMENTAL

Todo título de crédito decorre de uma relação jurídica anterior que gera a posição de credor e devedor (relação fundamental), por exemplo: compra e venda, doação, empréstimo.

A relação fundamental pode conter uma série de vícios; se a relação não é dotada de todos os requisitos de validade a ela inerentes, o devedor pode não pagar.

 TERCEIRO DE BOA FÉ

As relações no título de crédito são autônomas, elas se desvinculam da relação fundamental. Se a relação fundamental está viciada, o devedor não pode opor tais

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vícios a um segundo credor ao qual foi repassado o título de crédito em pagamento pelo primeiro credor.

Isso porque o terceiro não participou da relação fundamental e, portanto, desconhece eventuais vícios.

A autonomia dos títulos de créditos é o que garantiu a sua ampla circulação, já que os vícios das relações anteriores não contaminam a nova relação.

A preocupação dos títulos de crédito é proteger o terceiro de boa fé, justamente para haver a sua ampla circulação.

Essa autonomia é também denominada de inoponibilidade de exceções pessoais à terceiro de boa fé.

14.08.13

OUTROS PRINCÍPIOS CAMBIÁRIOS:

Não são tão certos como os demais princípios e nem se dão em todos tipos de título de créditos.

INDEPENDÊNCIA

O título de crédito, além de necessário, é um documento suficiente para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado. Em outras palavras, não é necessário nenhum outro documento ou prova para o exercício do direito, basta o título de crédito.

A generalidade dos títulos de crédito é independente, mas nem todos os títulos de crédito o são, por exemplo, a cédula de crédito rural (atrelada ao contrato de financiamento rural do qual decorreu a sua emissão).

ABSTRAÇÃO

Os títulos de crédito podem ser classificados em abstratos ou causais. O título abstrato é aquele que pode ser emitido independentemente de qual seja a relação fundamental. Qualquer relação fundamental válida pode gerar a emissão de título de crédito abstrato. Ex.: o cheque é um título abstrato, pois pode ser emitido em virtude de compra e venda de bem móvel, imóvel, doação, locação, empréstimo ou qualquer outra relação.

Ao revés, o título causal só pode ser emitido para determinadas relações fundamentais, estipuladas em lei. A lei discrimina para quais relações fundamentais aquele título de crédito pode ser emitido. Ex.: duplicata – só pode ser emitida para compra e venda de bem móvel à prazo ou prestação profissional de serviços à prazo.

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TIPICIDADE

O título de crédito é um documento que tem elevada força jurídica, na medida em que tem grande capacidade de criação de direitos e obrigações.

Só tem os efeitos e atributos de título de crédito aquele documento ao qual a lei expressamente atribui essa condição. Nesse sentido, ele é típico: deve estar expressamente previsto em lei para ser título de crédito.

Arts. 887 e ss CCB. Normas gerais sobre títulos de crédito. Segundo parte da doutrina, se o agente cria um documento preenchendo os requisitos previstos na lei civil, ele cria um título de crédito atípico.

ESPÉCIES DE TÍTULO DE CRÉDITO:

A. LETRA DE CÂMBIO E NOTA PROMISSÓRIA

I. ORIGEM:  MOEDA  TRANSPORTE

 CONTRATO DE CÂMBIO

. PERÍODOS:

 ITALIANO: cidades da Itália foram pioneiras na emissão de letra de câmbio. Nessa época, a letra de câmbio era causal, muito vinculada ao contrato de câmbio.

 FRANCÊS:  ALEMÃO:

II. CARACTERIZAÇÃO

 ORIGEM DE PAGAMENTO  POSIÇÕES

Saque é o ato de criação da letra de câmbio; sacador é aquele que dá a ordem, mandando o sacado realizar o pagamento; beneficiário é o favorecido pela ordem. Mas para o sacado ser obrigado a realizar a ordem de pagamento, ele deve declarar isso (aceite); nesse momento, ele passa a ser denominado aceitante. O sacado, ao aceitar, deixa de ser não obrigada para primeiro obrigante.

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Aval é uma declaração que se dá quando uma pessoa avaliza o título de crédito, se torna devedor, garantidor do título.

III. DISCIPLINA LEGAL NO BRASIL  CÓDIGO COMERCIAL (1850)

 LEI N. 2044/1908: disciplinou conjuntamente a nota promissória e a letra de câmbio, o que ocorre até hoje.

 CONVENÇÃO DE GENEBRA (1930): objetivava elaborar uma lei uniforme para letra de câmbio e nota promissória e outra lei uniforme para cheque (padronização).

 LEI UNIFORME:

DEC. LEI N. 57663/1966: lei uniforme de Genebra em matéria de letra de câmbio e nota promissória, positivado no ordenamento jurídico brasileiro. Na época, a do cheque foi positivada, mas já não está mais em vigor.

ANEXO I - LUG ANEXO II – Reservas 21.08.13

LUG → Anexo II → Reservas → Lei n. 2044/1908

O Brasil usou algumas das reservas. Se não se aplica o anexo I, aplica-se a lei anterior. A doutrina preenche as lacunas deixadas pelo anexo com a lei 2044.

IV. REQUISITOS

Tratam-se, na verdade, dos requisitos de quaisquer títulos de crédito. Em todo título de crédito, são necessárias duas modalidades de requisitos:

 Intrínsecos: aqueles que são necessários para a validade das obrigações ali contidas. Capacidade, livre manifestação do consentimento, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei, etc. (isto é, são os mesmos requisitos gerais de validade das obrigações do direito civil). A ausência de requisito intrínseco só pode ser alegada por aquele devedor a quem ela se aplica. Ex.: A e B são devedores de um título de crédito, sendo A incapaz. Apenas A pode alegar a incapacidade para se desobrigar, ao contrário de B. Note que a inexistência de um requisito intrínseco significa que a obrigação contida no título de crédito é nula e não que o título de crédito é nulo em si.

 Extrínsecos → LUG (arts. 1º e 2º): são os requisitos de forma, são aqueles que transformam uma cártula em um título de crédito [tem o poder de constituir um título de crédito]. Cada modalidade de título de crédito possui requisitos de forma específicos. A ausência de requisito extrínseco pode ser alegada por qualquer devedor, pois não permite que haja a constituição do título de crédito. Isso significa que o título de crédito é nulo em si.

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. REQUISITOS EXTRÍNSECOS DA LETRA DE CÂMBIO 1. Denominação

A expressão “letra de câmbio” deve ser lançada no contexto e no idioma em que é dada a ordem de pagamento. Isso é chamado de cláusula cambiária, na medida em que atrai para o documento as normas que regem a letra de câmbio.

Contexto é a ordem de pagamento. A expressão deve vir no âmago da ordem de pagamento, não pode estar em um título. Ex.: pague, por esta letra de câmbio, esta quantia de R$ 100,00.

2. Ordem ou mandato puro e simples de pagar quantia determinada Ordem de pagamento: A ordena B a pagar C quantia em dinheiro.

Quantia determinada: a letra de câmbio só pode conter obrigação de pagamento de quantia determinada em dinheiro. Não cabe nenhuma outra prestação no título de crédito sem ser em valor (dinheiro em moeda corrente).

Mandato puro e simples: não pode estar sujeito a nenhuma condição [se tal fato acontecer, pague-se]; a ordem deve ser pura e simples.

3. Sacado

O sacado, isto é, aquele que cumprirá a ordem de pagamento, deve ser identificado no título de crédito.

Lei n. 6268/75 art. 3º: exige o nome, endereço, CPF/CNPJ ou ID/Inscrição Estadual do sacado. Pode ser pessoa física ou jurídica [banco, por exemplo].

Essas informações são necessárias para que o tomador proteste a letra de câmbio. 4. Época e lugar do pagamento (art. 2º)

Pagamento: a obrigação no título é sempre pagar, não há outra espécie de obrigação possível. Tanto a época e lugar do pagamento são requisitos supríveis, isto é, aquele que se for omitido pelas partes, será suprido pela Lei. A lei prescreve que, em caso de omissão, o título será considerado à vista e o local de pagamento será o endereço do sacado.

5. Tomador --- Título → ao portador (Lei n. 8021/1990) → em branco (art. 10 da LUG)

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Tomador é o beneficiário, a pessoa em favor de quem deve ser cumprida a ordem de pagamento.

No título, ao invés de colocar o nome do tomador, é possível colocar a expressão ao portador ou deixa-lo em branco.

Tanto no título em branco quanto no título ao portador, o credor prova que é credor por estar em posse do documento e ambos circulam da mesma forma, para a transferência basta a tradição [entregar o título a outrem].

A diferença é que, no caso do título em branco, a lei exige que no ato do pagamento seja lançado o nome do credor.

A lei 8.021/90 proibiu a emissão de títulos ao portador, por razões tributárias; o título em branco ainda é permitido, basta que seja identificado o credor no ato do pagamento.

Ao deixar o requisito de preenchimento do nome do tomador, o sacador tacitamente autoriza o tomador a preencher o requisito faltante, de boa fé [art. 10 LUG]. Isso serve para qualquer requisito, inclusive a quantia.

6. Data e local de emissão (art. 2º) Emissão é sinônimo de saque.

A data do saque é importante para determinar se o sacador poderia se obrigar naquela data. O local da emissão é suprível, se não houver, presume-se sacada no domicílio do sacador.

7. Assinatura → Garantia (art. 9º) --- aceite --- pagamento

O sacador deve assinar a letra de câmbio; ao assina-la, o sacador formaliza o saque.

A assinatura do sacador se traduz em garantia de aceite e de pagamento. Garantir o aceite significa que o sacador garante que se o sacado não aceitar a obrigação, ficará em seu lugar como obrigado principal. Garantir o pagamento significa que se o sacado, apesar de aceitar a obrigação, não realiza o pagamento, o sacador pode ser exigido como obrigado de regresso. V. ACEITE (arts. 21 a 29 LUG)

1. Definição

É a declaração cambial pela qual o sacado se obriga a cumprir a ordem que lhe foi dada. O aceite é sempre facultativo, porém, uma vez feito, o sacado se torna devedor do título e pode ser eventualmente compelido a realziar o pagamento.

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2. Obrigados:

 Principal (art. 28): na letra de câmbio, se houve aceite, o obrigado principal é o sacado; se não houve aceite, o obrigado principal é o sacador.

 De regresso: pode ser cobrado caso o devedor principal não cumpra o pagamento. os obrigados são todos solidários entre eles; mas entre eles e o principal existe subsidiariedade.

3. Vista → lugar e prazo (art. 21)

Dar vista ou apresentação do título: ato de procurar o sacado para ver se ele aceita ou não a obrigação.

O local de praticar a vista é o domicílio do sacado e o prazo é até a data de vencimento da letra de câmbio.

Se o tomador procura o sacado após o vencimento (ou no dia do vencimento), não se trata mais de procurar o sacado para o aceite, mas para o pagamento. Nos casos dos títulos à vista, a apresentação do título ao sacado já torna a obrigação exigível e a postura deste será de realizar o pagamento ou não.

28/08/13

Não é necessário que o sacado fundamente a sua negativa do aceite. Ao ter o aceite recusado, o tomador tem de providenciar o protesto do título por falta de aceite. Isso para provar a recusa do aceite.

4. Forma (art. 25)

Pelo princípio da literalidade, o aceite deve ser exteriorizado no próprio título de crédito. A simples assinatura do sacado no anverso (frente) do título tem efeito de aceite. Se assinar no verso do título, deve complementar, escrevendo, aceito, por aceite, de acordo, etc. Essa declaração expressa pode ser em qualquer lugar do título.

5. Aceite em separado (art. 29)

O sacado não pode redigir uma declaração de próprio punho para aceitar o título. Conforme os princípios da cartularidade e da literalidade, o aceite só vale se for feito na cártula. O aceite em separado não gera os efeitos de aceite, mas obviamente que serve de meio de prova, por se tratar de reconhecimento de dívida.

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Toda declaração cambial é irretratável, isto é, não é possível voltar atrás no saque, aceite e endosso.

A única exceção que a doutrina abre seria se o sacado cancelasse seu aceite antes de devolver o título a quem o apresentou, rasurando sua assinatura (riscando-a). O aceite riscado não gera responsabilidade para o sacado (art. 29 da LUG).

A partir do momento que o título está circulando, é impossível cancelar o aceite. 8. Falta ou recusa do aceite

Caso o sacado não dê o aceite, não surge obrigação para ele e gera como efeito o vencimento antecipado do título (LUG – art. 43). Com a recusa do aceite, o beneficiário poderá cobrar o título imediatamente em face de todos seus signatários (sacador, endossantes e avalistas). Para tanto, precisa provar a recusa do aceite que se dará com a posse de protesto lavrado em cartório.

VI. ENDOSSO (arts. 11 a 21) 1. Definição

É uma declaração cambial que visa transferir a titularidade do direito contido no título. A essência dessa declaração é a transferência.

O endosso é uma forma específica de transferência, exclusiva aos títulos de crédito, isto é, apenas os direitos contidos em título de créditos são endossáveis. Os direitos expressos em um contrato, por exemplo, são transferíveis (via cessão civil), mas não endossáveis.

O endosso é um dos fatores que possibilitou o sucesso dos títulos de crédito.

Aquele que endossa recebe o nome de endossante. O favorecido pelo endosso é o endossatário. Recebe o nome de título à ordem aquele título de crédito que pode ser endossável.

Os efeitos do endosso são, em regra: 1. Transferência dos direitos creditícios do título; 2. Garantia de pagamento (cria obrigação para o endossante: devedor de regresso). Quem endossa o título garante ao seu endossatário e aos endossatários seguintes que o título será aceito ou será pago no vencimento; na sua ausência, o endossante poderá ser chamado a pagar o título.

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a. Ato unilateral: o endosso é um ato unilateral; quem endossa só precisa de sua vontade para fazê-lo. Ao revés, a cessão civil tem natureza contratual, é necessária a anuência do devedor para a realização da transferência do crédito (art. 290 CCB).

b. Nulidade: a nulidade de um endosso não compromete a validade dos endossos subsequentes. É possível uma cadeia de endossos, sendo que eles são autônomos; isso confere segurança ao instituto. Na cessão civil, a nulidade de uma cessão compromete as demais cessões. Para saber se o direito recebido por cessão é válido, é necessário perquirir se as cessões anteriores foram válidas.

c. Oponibilidade de exceções: o devedor não pode alegar contra o endossatário a exceção que tiver contra o endossante. Na cessão civil isso pode ocorrer.

O endossatário procura primeiramente para pagamento do título de crédito o obrigado principal, os endossantes são garantidores de regresso.

2. Características . Retirada

→ Sacador (art. 11) → Cláusula à ordem

A cláusula à ordem é presumida na letra de câmbio e nota promissória (art. 11 da LUG), mesmo que não haja nada escrito, tais títulos poderão ser endossáveis. Caso queira impedir o endosso, deve-se escrever expressamente a cláusula não à ordem.

Recebe o nome de título à ordem aquele título de crédito que pode ser endossável. No ato da criação do título, o sacador pode retirar a cláusula à ordem de um título originalmente endossável. Basta risca-la no cheque, por exemplo.

. Incondicional e total: o endosso só pode ser incondicional e total.

Endosso condicional (art. 12) e endosso parcial: não existe endosso condicionado a determinado fato e nem de apenas parcela do valor do título. Pelo princípio da cartularidade, não é possível a cisão do direito mencionado no título.

3. Forma

Pelo princípio da literalidade, o endosso deve ser feito no próprio título e se consuma com a simples assinatura. A parte reservada para o endosso é o verso do título, se acabar o espaço no título para novos endossos, a lei autoriza que seja fixada outra folha no título (anexo). É chamado alongamento do título que permite a continuação da cadeia de endossos.

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O endosso pode identificar ou não a pessoa que vai receber o título (endossatário). Pode ser: . Endosso em branco (art. 14): é aquele no qual não há a identificação do endossatário. No endosso em branco, o endossatário é aquele que está em posse do título. O título endossado em branco circula por mera tradição, basta a entrega do documento, (o portador do título será o credor), sendo que ao passa-lo para frente você não se obriga. Mas você pode se obrigar, caso assine.

. Endosso em preto: identifica-se o endossatário. Ex.: endosso para José da Silva. Ao passar para frente um endosso em preto, você se coloca como endossante, obrigando-se.

É possível transformar um endosso em branco em um endosso em preto, basta preencher o nome do endossatário. Ressalta-se que a lei exige a identificação do credor no momento do pagamento, para fins tributários.

5. Responsabilidade do endossante (art. 15)

Todo endossante se põe como garantidor do pagamento do título. Assim, todos os endossantes são obrigados de regresso. Se o obrigado principal não cumpre o pagamento, o endossatário pode cobrar o título de qualquer endossante, que são devedores solidários.

Quando o endossante paga um título, ele sub-roga-se dos direitos de credor, sendo que todos os endossantes posteriores a ele se desobrigam (pois não garantiram o título para ele), ao passo que todos os endossantes anteriores a ele são agora seus devedores (garantiram o pagamento a ele).

O pagamento feito pelo devedor principal é extintivo, pois libera todos os endossantes. O pagamento feito por devedores de regresso é chamado de recuperatório, libera apenas os endossantes posteriores.

6. Modalidades especiais de endosso: para realizar qualquer uma delas, é necessário que seja expresso.

. Endosso sem garantia

O endossante endossa o título, mas não garante o pagamento, se exime de pagamento enquanto obrigado de regresso. Nesse caso, o endosso não tem a função de garantia, apenas de transferência do crédito contido no título. Basta que escreva na cártula: “endosso sem garantia” e assina. O endossatário não pode cobrar dos endossantes, apenas do devedor principal. Ele só endossa para poder passar o título para frente (no caso do preto).

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O endossante endossa o título, mas proíbe novo endosso. “Endosso, proibido novo endosso”. Se isso é desrespeitado, o novo endossante não pode cobrar o título deste endossante que realizou a proibição. O endossante faz isso para não se obrigar perante novos endossantes.

.Endosso mandato (art. 18)

Endosso para cobrança: o endossante endossa sem transferir a titularidade do título, o endossatário apenas age como mandatário para cobrar o valor expresso no título em nome do endossante. Era muito comum para bancos. O endosso mandato deverá ser sempre em preto.

. Endosso garantia (art. 19)

Endosso como garantia de pagamento de outra dívida (caução): o título é garantia de outra obrigação. Se o endossante não pagar a dívida ao endossatário, este poderá cobrar o endosso garantia.

. Endosso póstumo (art. 20)

Também conhecido como endosso tardio, é aquele realizado após o vencimento do título, mas antes do protesto. O título, após o vencimento, não é para ser endossado, mas tão somente pago, pois já é exigível. O título foi feito para circular até a data de vencimento, após isso, deve ser realizado o pagamento.

O endosso vale como endosso normal se realizado antes do protesto (por falta de pagamento). O endosso após o protesto não tem efeitos de endosso, mas tão somente de cessão civil. OBS: há dois tipos de protesto, por falta de pagamento (título vencido e ainda não recebeu) ou por falta de aceite (provoca a antecipação do vencimento).

MATÉRIA DA PRIMEIRA PROVA VAI ATÉ ENDOSSO (caem as três declarações cambiais). Consulta à legislação seca.

11.09.13

VII. AVAL (arts. 30 a 32)

1. Declaração cambial → garantia pessoal.

Assim como as demais, é uma declaração cambial voluntária e específica dos títulos de crédito. Não é possível avaliar uma obrigação que não seja prevista em um título de crédito.

A essência do aval é a garantia, assim como a do endosso é transferência. Trata-se de uma garantia ao credor do pagamento do título.

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Trata-se de uma garantia pessoal, na medida em que não há um determinado bem penhorado, mas sim uma pessoa que oferece seu patrimônio como pagamento da dívida.

Nas palavras de Fabio Ulhoa: aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar título de crédito, nas mesmas condições que um devedor deste título (avalizado). A ideia fundamental é a da garantia pessoal para a satisfação do crédito.

2. Avalista/avalizado → Responsabilidade (art. 32).

O avalizado é aquele devedor que tem a sua dívida garantida por um avalista. É possível avalizar um endossante, o próprio aceitante ou sacador. Na verdade, qualquer obrigado no título pode ser avalizado, inclusive um outro avalista.

O requisito para ser avalista é a capacidade civil plena.

Todos os direitos que o credor tem contra o avalizado, terá contra o avalista. O credor poderá exigir do avalista o pagamento nas mesmas condições que exigiria do avalizado. Há uma equiparação na posição deles.

O aval é mais comum em relações familiares e de sócio em relação à sociedade. O aval é um ato de liberalidade, o avalista não ganha nada. Claro que ele tem direito de regresso em face do avalizado. Quando o avalista realiza o pagamento, ele se sub-roga nos direitos de credor e, assim, pode cobrar do avalizado e de todas as pessoas obrigadas em relação ao avalizado.

A relação do avalista com o credor é autônoma da do avalizado com o credor. A nulidade da obrigação do avalizado não leva à nulidade da obrigação do avalista.

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OBS: AVAL X FIANÇA

 Autonomia: a fiança é uma obrigação acessória em relação à obrigação afiançada (segue a sorte da obrigação principal). Apenas será válida a fiança se a obrigação principal também for. Ao revés, no aval, prevalece a autonomia das relações. Art. 837.  Exceções pessoais: as exceções que o avalizado tem contra o credor não podem ser

utilizadas pelo avalista em face do mesmo. A obrigação do avalista

 Benefício de ordem: entre o avalista e o avalizado inexiste benefício de ordem, ao passo que entre fiador e afiançado existe. Art. 827 CCB.

 Cartularidade: aval deverá ser escrito no próprio título, já a fiança pode ser em qualquer documento.

 Benefício da divisão: na fiança, havendo mais de um fiador, eles podem se reservar o benefício da divisão, ao contrário do aval, no qual o avalista deve pagar a dívida inteira ao credor.

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Art. 1647 do CCB. Exigência de outorga conjugal dado por pessoas casadas, salvo no regime de separação absoluta. Anulação do aval pelo cônjuge que não anuiu ou seus herdeiros e não pelo próprio avalista. Súmula 332 do STJ (fiança).

_____________________________________________________________________________ ]

3. Forma

Aval simples (art. 31)

No anverso (face) do título temos a assinatura do sacador, do aceitante e as demais assinaturas serão consideradas aval. Pode assinar o endosso no anverso, mas deve ser expressa. Pode assinar o aval no verso, mas tem de ser expresso.

Se a assinatura na face do título for do sacado, será um aceite; se for de qualquer outra pessoa, presume-se que se trata de um aval.

Aval em branco: não indica o avalizado. Quando não indica o avalizado, a lei diz que o sacador será o avalizado (art. 31 LUG). Nos títulos atípicos, o aval em branco se presume a favor do emitente ou devedor final (art. 899 CCB).

Aval em preto: indica o avalizado; “por aval de...”. Se o avalista assina sobre a assinatura (imediatamente acima da assinatura de quem quer avalizar) de alguém, este será considerado o avalizado pela lei. Isso também se configura enquanto aval em preto.

Aval antecipado: aval se dá antes do surgimento da obrigação para o avalizado. Alguns poucos entendem que se trata de aval condicionado, apenas valerá se surgir a obrigação do avalizado. A maioria entende que ainda que o avalizado não se obrigue, permanece a obrigação do avalista (obrigações autônomas).

Avais sucessivos: quando se tem o avalista do avalista, isto é, alguém avaliza um avalista de outra pessoa. O aval sucessivo tem de ser expresso, se há dúvida se se trata de avais sucessivos ou simultâneos, presume-se a simultaneidade.

Avais simultâneos: quando se tem duas ou mais pessoas avalizando uma mesma pessoa. Quando há dois ou mais avais juntos, eles são presumidamente simultâneos; podem ser sucessivos, desde que o faça expressamente. Súmula 189 do STF. Solidariedade civil entre avalistas simultâneos.

Aval parcial ou limitado: o aval parcial, ao contrário do endosso, é admitido nos títulos típicos, ou seja, o avalista pode garantir o pagamento de apenas uma parte da obrigação constante no título (art. 30 LUG). Nos atípicos, é vedado (art. 897 CCB).

AVAL X ENDOSSO: o endosso visa a transferir a propriedade do título, já o aval visa a garantir o pagamento do título. A responsabilidade do endossante decorre da lei; do avalista de um ato

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de vontade. Além disso, é possível endosso sem garantia, já quem avaliza sempre assumirá obrigação. Por fim, o endosso só pode ser feito pelo portador legítimo do título e o aval por qualquer pessoa.

VIII. Vencimento (art. 33 a 37)

1. Exigibilidade: o vencimento é o momento no qual o valor do título de torna exigível. É o momento em que a soma cambiária pode ser exigida pelo portador do título de crédito. O credor pode exigir, a partir do vencimento, o pagamento da obrigação.

É com vencimento que a ação executiva poderá ser ajuizada e o vencimento pode servir para definir o termo inicial do prazo prescricional e dos juros moratórios legais.

O vencimento deve ser certo, único, possível e se enquadrar em uma das quatro modalidades admitidas taxativamente em lei.

2. Modalidades: há quatro modalidades de letra conforme o vencimento.

 À vista: a data de vencimento é indeterminada, mas é determinável. Não há uma data predefinida, mas um fato (momento da apresentação da letra ao sacado), que tornará a obrigação exigível.

Apresentação: a data de vencimento da letra à vista é o momento de apresentação da letra ao sacado. Se o sacado não paga, o credor tem de protestar o título por falta de aceite para provar que tentou receber e não conseguiu e, assim, já pode exigir o pagamento do título do sacador. Assim, a data de vencimento será a data da apresentação (se sacado aceitou) ou a data de vencimento será a data do protesto (se sacado recusou, sacador irá pagar).

Prazo (art. 34): a lei fixa um prazo para a vista, isto é, para que o credor procure o sacado e apresente a ele o título. Trata-se de um ano, contado da data da emissão do título. A não apresentação da letra no prazo não extingue o direito de crédito, mas apenas implica a perda do direito contra os obrigados indiretos do título.

 A dia certo: data expressa, futura (em relação à data de emissão) e única.

 A certo termo de vista (art. 35): o prazo de vencimento começa a contar a partir da vista. A apresentação é o marco inicial da contagem do prazo para o vencimento. Ex.: “pague esta letra de câmbio, em 30 dias contados da vista, a quantia de...”

 A certo termo de data (art. 36): o prazo de vencimento começa a contar a partir de uma data futura. Ex.: “pague contados 30 dias a partir do dia 30 de agosto a quantia de...”. Essas duas últimas modalidades estão em desuso, quase extintas.

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Duas situações podem provocar a antecipação do vencimento de um título de crédito:

 Protesto por falta de aceite: quando há a recusa do aceite pelo sacado (não aceita a ordem dada), o credor terá o direito de exigir antecipadamente o pagamento do título, desde que prove a falta ou recusa do aceite por meio de protesto. Ele protesta o título por falta de aceite e já pode cobrar dos demais obrigados (no mínimo do sacador) o pagamento. Há uma antecipação do vencimento, a data será a data do protesto.  Falência do obrigado principal: se o obrigado principal falir, todas as suas obrigações

tem o vencimento antecipado. Art. 6º e 77 da Lei de Falências (11.101/05). A data de vencimento do título será a data da sentença que decreta a falência (art. 44 da lei).

Nota-se que, a partir do vencimento do título, inicia a contagem do prazo de prescrição, pela inércia do credor. O protesto provoca a interrupção do prazo prescricional.

IX. Pagamento 1. Extinção

Forma natural de extinção da dívida. Após o vencimento, o pagamento já é exigível. 2. Apresentação

O credor deverá apresentar o título ao devedor principal para exigir o pagamento. Aqui, trata-se de outra apretrata-sentação, com a finalidade de receber e não com a finalidade de aceite. É fundamental que o título seja apresentado para que se efetue o pagamento, pois, caso o contrário, não haveria segurança para o devedor.

A apresentação deve ser feita pelo portador legítimo do título (seu nome consta no título ou na sequência de endossos).

. Local

O credor deve procurar o obrigado principal no local de pagamento exigido no título; se não há, será o domicílio do sacado (art. 2º da LUG).

. Prova

O devedor tem direito de ter uma prova de que efetuou o pagamento: entrega do título original e/ou quitação na cártula.

3. Quitação

O devedor tem dois direitos quando realiza o pagamento: exigência da entrega do título original e exigência da quitação dada na cártula.

(17)

. Entrega do título: isso porque se a cártula continuar circulando, poderá ter realizar novamente o pagamento a terceiro de boa fé.

. Quitação no título: o devedor tem direito de exigir a quitação em escrito na cártula. 18.09.13

4. Modalidades de pagamento

a. Extintivo: é aquele realizado pelo obrigado principal cujo efeito é a extinção de todas as obrigações constantes no título de crédito (letra deixa de existir cambialmente). Será extintivo se for feito pelo aceitante ou pelo sacador em letra não aceita.

b. Recuperatório: é aquele realizado pelo obrigado de regresso; quando o obrigado de regresso paga, ele extingue a responsabilidade dos obrigados posteriores a ele no título e preserva o direito de regresso contra todos os obrigados anteriores. Sempre tem direito de regresso contra alguém, ainda que seja apenas contra o obrigado principal.

Outras formas de extinção: assim como as demais obrigações, as cambiárias podem ser extintas por meio de transação, compensação, novação, etc.

X. Protesto cambiário – Lei de Protesto n. 9.492/97

1. Definição (art. 1) – ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento da obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.

Conceito de Fábio Ulhoa: ato praticado pelo credor, perante o competente cartório, para fins de incorporar ao título de crédito a prova de fato relevante para as relações cambiais.

O protesto cambiário refere-se ao título de crédito e não à pessoa. É equivocado falar que vai protestar alguém, o documento é que é protestado.

O instituto do protesto cambiário se aplica a todos os títulos de crédito.

Protesto é um ato formal, extrajudicialmente realizado, destinado a provar o descumprimento de uma obrigação prevista no título de crédito.

Formal: a forma é essencial para a validade do protesto; só há protesto válido quando se respeita todos os requisitos formais previstos pela lei.

Extrajudicial: o protesto é realizado extrajudicialmente, no cartório ou tabelionato de protesto de títulos de crédito.

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Prova: trata-se de modalidade de prova especialíssima dos títulos de crédito. É um meio de prova, não é meio de cobrança e nem cria direitos. O protesto pode ser destinado a provar os seguintes descumprimentos de obrigações: .aceite; .pagamento; .devolução.

O protesto é uma prova insubstituível; aquilo que se prova com o protesto só pode ser provado através dele, não pode ser substituído por outras provas documentais, testemunhais, periciais, etc.

O protesto é um meio de prova que oferece elevada segurança e é dotada de alta credibilidade, na medida em que se exige diversos requisitos formais. Pode ser usado como meio de prova de qualquer dívida (ex.: contratual) e não apenas cambial.

2. Modalidades (art. 21)

a. Por falta de aceite: na ausência do aceite, o credor tem de prova-lo para que possa exigir do sacador o pagamento do título antecipadamente. O protesto por falta de aceite gera dois efeitos: .exigência do pagamento perante o sacador (obrigado principal); .antecipação do vencimento do título.

b. Por falta de pagamento: com o vencimento, a obrigação prevista no título se torna exigível. Se o obrigado principal não paga o título vencido, o credor prova a falta de pagamento via protesto.

c. Por falta de devolução: modalidade específica da duplicata. O mecanismo da duplicata pressupõe o seu envio para aceite e devolução. Passadas 24 horas, a retenção do título se mostra indevida, autorizando a prova solene de não devolução.

3. Local (art. 3) e lugar

O título só pode ser protestado no tabelionato competente no local no qual a obrigação deveria ter se realizada. Se o local de pagamento é uma cidade x, o título só pode ser protestado por falta de pagamento naquela cidade. Se o local de aceite é uma cidade y, o título só pode ser protestado por falta de aceite naquele local.

O lugar de protesto do título é sempre aonde a obrigação deveria ter sido cumprida (local do aceite ou do pagamento).

4. Efeitos:

a. Direito de regresso. O protesto existe para preservar o direito do credor de regresso contra os obrigados de regresso. Este é o protesto necessário (art. 53 LUG). Se o credor não protesta o título, todos os obrigados de regresso estão automaticamente liberados de suas obrigações.

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b. Mora. O protesto constitui o obrigado principal em mora. É chamado de protesto facultativo, pois não é preciso protestar o título para se preservar o direito de cobrar o título do obrigado principal. O protesto pode ser realizado, mas não é necessário. Ainda que não proteste o título, o credor tem direito de cobrá-lo do obrigado principal, mas pode protestar para provar a mora do obrigado principal.

c. Insolvência: Lei n. 11.101/05. Art. 94. Se o credor protesta por falta de pagamento, a lei pressupõe como efeito a insolvência do obrigado principal. Se ele não pagou, presume-se a sua insolvência (não tem bens para pagar o título). A finalidade de provar sua insolvência é requerer a falência. Este efeito é apenas do protesto por falta de pagamento.

5. Procedimento:

a. Protocolo (art. 5): levar o documento original (princípio da cartularidade) ao cartório. O tabelionado não age de ofício. Caso haja mais de um cartório competente, o pedido deve-se sujeitar à distribuição (art. 7º).

Ordem: o protocolo se dá em ordem cronológica, de chegada no cartório.

Recibo: credor tem de deixar o título no tabelionato e sai com um recibo emitido pelo cartório que descreve todos os atributos do título.

b. Exame (art. 9) – forma: o cartório realizará um exame dos aspectos formais do título para verificar se se trata realmente de um título de crédito (e pode ser protestado), isto é, fará uma análise dos requisitos extrínsecos do título de crédito. Ao revés, os requisitos intrínsecos não serão analisados.

c. Intimação (art. 14): o cartório providenciará a intimação do obrigado principal do fato de que o título está apontado a protesto. Ainda não ocorreu o protesto do título, mas tão somente se deu início ao procedimento que culminará no protesto. A finalidade da intimação é dar a oportunidade ao obrigado principal de realizar o pagamento do título. Não é o sacado que é intimado no caso do protesto por falta de aceite, mas sim o sacador (para realizar o pagamento).

Forma: - regra geral: por correios ou pessoalmente (em cidades menores, sobretudo).

- edital (art. 15): se o obrigado principal não for encontrado ou se recursar a receber a intimação, o cartório providencia a sua intimação por edital, publicado na entrada do cartório.

Conteúdo (art. 14, § 2º): o conteúdo da intimação geralmente descreve o título de crédito (valor, qual tipo de título, quem é o credor, etc.).

Com a intimação, espera-se que o obrigado principal pague o título, para que não se inicie o procedimento de protesto. Para evitar o protesto, realiza-se o pagamento.

(20)

. Prazo (art. 12): a lei dá o prazo de 03 (três) dias para o obrigado principal realizar o pagamento e não se iniciar o protesto. É contado da mesma forma que prazo processual, não entra na contagem o dia do início e conta o do final. Três dias a partir da intimação. O obrigado principal deve procurar o tabelionato para realizar o pagamento e não o credor (para pagar o título o obrigado deve ir atrás do título e não da pessoa para a qual ele foi emitido).

. Valor (art. 19) – emolumentos (art. 37): o obrigado principal deverá pagar o valor integral do título de crédito, os emolumentos do cartório e as despesas (com intimação, etc.). O pagamento tem de ser em dinheiro, não pode ser por cheque, por exemplo.

O cartório deverá realizar a transferência para o credor no dia subsequente (transferirá o principal e as despesas que foram antecipadamente pagas por ele e retém os emolumentos). . Quitação: é direito de quem paga exigir a quitação na cártula e a entrega do título.

e. Desistência (art. 16)

Entre o protocolo e o registro do protesto, é possível a desistência do credor do protesto. Isso se dá principalmente quando o credor renegocia com o obrigado principal, pede parcelamento, etc.

f. Registro (art. 20) – instrumento (art. 22): se não houve pagamento e nem desistência após o protocolo, há o registro do protesto. Lavra-se o protesto e, a partir do registro ou lavratura do protesto, ocorreu o protesto. O cartório emitirá para o credor o documento chamado instrumento de protesto que prova que houve o protesto.

SEGUNDA PROVA DIA 16.10.13 02.10.13

XI. Ação cambial

. Objetivo: a ação cambial é uma espécie de ação judicial que tem por objetivo obrigar o devedor (por ordem judicial) a cumprir a obrigação prevista no título.

O credor pode ajuizar uma ação cambial para atacar o patrimônio do devedor e fazer valer seu direito de crédito.

A ação cambial é o último recurso do credor. Esse nome é dado pela doutrina, mas, bem verdade, trata-se de uma ação executiva, pois não existe uma modalidade legal denominada ação cambial.

. Rito processual: a ação cambial segue o rito processual da ação de execução.

Os títulos de créditos são títulos executivos extrajudiciais (previstos pelo CCB) e legitimam a propositura de uma ação de execução. Ser um título executivo significa que é um documento suficiente para a propositura da ação de execução.

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. Prazos prescricionais (art. 70 da LUG):

a. Obrigado de regresso x obrigado de regresso: hipótese em que um obrigado de regresso ajuíza ação cambial em face de obrigado de regresso anterior a ele no título. Prazo prescricional para esta hipótese é de 6 meses, contados a partir da data do pagamento do título pelo obrigado de regresso exequente.

c. Portador x obrigado de regresso: portador é o credor na data do vencimento do título, que tem direito de ação contra todos os obrigados no título. Prazo prescricional de 1 ano, contado a partir do protesto do título.

A data é a do protesto porque é ele que garante o direito de regresso do portador contra os obrigados de regresso. O protesto demonstra que já se cobrou do obrigado principal e ele não pagou; diante disso, o portador pode ajuizar a ação cambial diretamente contra qualquer um dos obrigados de regresso, não precisa ser primeiramente contra o obrigado principal.

Letra sem despesas: sacador insere no verso da letra a cláusula sem despesas, que dispensa o protesto para o credor. Na letra sem despesas, o prazo prescricional de um ano é contado a partir do vencimento.

d. Contra obrigado principal: ação cambial do obrigado de regresso ou portador contra o obrigado principal, o prazo prescricional é de 3 anos, contados a partir da data do vencimento do título.

O protesto é desnecessário para se cobrar do obrigado principal, por isso, é a partir da data do vencimento.

Título de crédito prescrito: perde a força de título executivo, porém ainda se trata de um documento probatório. É possível que o credor proponha uma ação ordinária e utilize o título de crédito como prova de confissão de dívida. Geralmente, usa-se a ação monitória. Só não será possível se o direito de crédito prescrever.

B. CHEQUE

I. ORIGEM: o cheque surgiu a partir da letra de câmbio. A sua estrutura também é triangular: A manda B pagar a C uma quantia determinada. Aqui, a pessoa manda o banco pagar ao beneficiário a quantia. A individualização do cheque se deu enquanto ordem de pagamento do Rei ao Tesouro e só seria cumprida se houvesse fundo disponível. O nome vem da ideia de checagem (“check”).

II. DISCIPLINA LEGAL:

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. Art. 69 da Lei – autoriza o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil a regulamentar o cheque. Diversos aspectos importantes do cheque estão disciplinados por resoluções do BACEN.

III. CARACTERIZAÇÃO

. Ordem de pagamento – art. 32. Assim como a letra de câmbio, o cheque é uma ordem de pagamento. Porém, o cheque é ordem de pagamento à vista (e a letra de câmbio pode ser a prazo). O cheque vence no momento em que é dado vista ao Banco e qualquer ressalva em contrário é desconsiderada.

Posições: o emitente é aquele quem da a ordem de pagamento; o banco é o sacado e o beneficiário que é o credor do cheque.

Emitente . Requisito

Só pode configurar enquanto emitente de cheque aquela pessoa que tem com o banco sacado uma relação contratual anterior (conta corrente). Não bastam os requisitos gerais (pessoa capaz, etc.).

. Responsabilidade (art. 15)

O emitente é o obrigado principal no cheque; o banco sacado não entra na relação cambial como devedor, pois ele está obrigado a pagar desde que haja fundos disponíveis do emitente em seu poder (o cheque é pago com recursos do emitente).

. Fundos disponíveis

O emitente tem de manter fundos disponíveis para cumprimento da ordem de pagamento em poder do banco sacado. Fundos disponíveis se referem aos valores na conta corrente, montantes em aplicações de resgate automático e também ao limite de crédito que o banco já oferece previamente ao correntista (cheque especial).

Sacado

. Caracterização (art. 3º)

No cheque, somente as instituições financeiras podem figurar como sacado (autorizadas pelo BACEN).

Instituição financeira é aquela que intermedia relações financeiras. Ex.: banco, cooperativa de crédito.

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. Obrigação

A instituição financeira não se torna obrigada.

IV. CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS . CCF – cadastro – prazo.

Emitente emite cheque sem fundos, banco devolve e lança o nome do emitente neste cadastro. Ao ser cadastrado no CCF, ele terá dificuldades de conseguir crédito.

Motivos:

. Falta de fundos disponíveis . Conta encerrada

. Prática espúria: prática fraudulenta do emitente (ex.: nega assinatura).

Retirada do nome:

. Prazo: decurso do tempo de 5 anos, se não houver outra ocorrência.

. Erro: nome equivocadamente lançado. Banco ou beneficiário do cheque pode pedir a retirada.

. BACEN: banco central pode dar a ordem de retirar o nome. . Ordem judicial: poder judiciário dá a ordem de retirar o nome.

V. REQUISITOS FORMAIS OU EXTRÍNSECOS (art. 1º e 2º) – modelo padrão.

Modelo padrão de cheque: disciplinado pelo BACEN em resolução própria. Só será considerado cheque se é confeccionado de acordo com o modelo padronizado. Os requisitos em branco é que são importantes, já que os demais são preenchidos pelo modelo padrão.

09/10

Modelo padrão: resolução BACEN n. 885. a. Denominação: termo “cheque”. b. Ordem de pagamento:

. Pura e simples: não está subordinada a qualquer condição. . Quantia certa: em moeda nacional.

Lançamento: no canto superior em algarismos e no contexto por extenso.

Divergência (art. 12): em caso de valor diverso no algarismo e por extenso, prevalece o valor por extenso. Se houver divergência no valor por extenso, vale o menor.

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O pagamento do cheque pode ser recusado, não é forçado; apenas em moeda corrente que não pode.

- Aceite (art. 6º): não há aceite; qualquer cláusula neste sentido será considerada não escrita. O obrigado principal é o emitente. Se quiser garantia, tem que ter avalista. Banco sacado também não pode aceitar cheque com aceite, isto é, o cheque será desconsiderado, mas não se tornará nulo.

- Correção e juros (art. 10): qualquer menção a correção monetária e juros será desconsiderada. Não há previsão disso em cheque, pois se trata de pagamento à vista. Pode apenas juros moratórios (decorrentes de inadimplemento).

c. Sacado (art. 67): é necessária a menção ao banco, com endereço no canto inferior esquerdo. d. Lugar de pagamento (art. 2º): endereço lançado abaixo do nome do sacado: agência bancária do emitente. Se quiser descontar o cheque na boca do caixa tem de ir necessariamente nesta agência. O lugar de pagamento é requisito suprível.

No caso de cheque cruzado não é possível sacar na boca do caixa. e. Data e lugar da emissão

Cheque pós datado: emitente lança com data da feitura.

Cheque pré datado: emitente coloca data anterior à da emissão. Raríssimo. Não tem muita aplicabilidade. No dia a dia, o cheque pós datado é chamado de pré datado.

Bom para: mesmo efeito do pós datado. Se esse cheque for apresentado ao banco, ele tem de pagar, independentemente da data no “bom para”. Mas existe esse combinado entre o emitente e quem recebe o cheque, de tal forma que se ele for descontado antes o emitente pode entrar com ação contra o beneficiário, por descumprir essa relação. Como o cheque é pagamento à vista, está errado usa-lo como forma de pagamento à prazo.

Lugar da emissão: se não houver, reputa-se como o local de domicílio do emitente. Se deixa em branco, emitente está autorizando o beneficiário a preenche-lo, que deve faze-lo de boa fé.

f. Assinatura do emitente: se coloca como obrigado principal.

Chancela mecânica: ir ao cartório de títulos para carimbo que reproduz a assinatura. Tem caído em desuso.

Mandatário: nomear alguém (mandato com poderes específicos) para assinar. Cópia da procuração tem de ser arquivada no banco, assim como da assinatura do mandatário.

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A responsabilidade de conferir a autenticidade da assinatura é do banco. Se o banco pagar cheque com assinatura falsa, deve acabar com o valor, não o emitente.

O banco não é responsável pela autenticidade das assinaturas dos endossantes, mas apenas de conferir a cadeia de endosso.

g. Nome do beneficiário: requisito amplamente negligenciado. Se deixar em branco, fica a cargo do beneficiário preencher.

. Cheque nominativo/nominal: à ordem (pode endossar); não à ordem, não pode (basta riscar a cláusula a ordem). Cheque acima de cem reais tem que ser nominal. . Cheque ao portador: Lei 8021/91. No momento da apresentação. Só poderá ser pago ao portador no limite de cem reais. Para valores maiores, basta preencher o nome e assinar no verso. Isso é por questões tributárias.

. Endosso: art. 19. Local de endosso: verso. Pode também fixar o cheque em outra folha (alongamento) para continuar a cadeia de endossos.

23.10.13

VI. APRESENTAÇÃO (art. 33 da Lei 7.357/85).

Na letra de câmbio, o credor dá vista ao sacado para colher o aceite. Ao revés, o beneficiário realiza a apresentação (exibição do título de crédito) do cheque ao sacado (banco) para recebimento do pagamento.

Função

Assim, no cheque, o objetivo da vista ou apresentação é pagamento e não aceite. Prazos

O cheque é uma ordem de pagamento à vista; o ato de apresenta-lo ao banco sacado torna a obrigação vencida. Assim, fixa-se um prazo para apresentação do cheque pelo beneficiário para que o emitente tenha segurança (direito de se livrar da obrigação).

. Mesma “praça”: o termo praça se refere à praça bancária, distribuídas pelo banco central; em geral, coincidem com os municípios (cada município é uma praça bancária). Prazo: 30 dias para apresentação ao banco sacado.

. “Praça” diferente: praça de emissão diferente da praça de pagamento. Prazo: 60 dias. Termo inicial

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Apresentação tardia: se o beneficiário perde o prazo de apresentação, acontecem dois efeitos: . Direito de regresso: beneficiário perde o direito de regresso contra todos os coobrigados de regresso (endossantes e avalistas de endossantes); apenas preserva seu direito contra o obrigado principal (emitente e de eventuais avalistas do emitente). . Art. 47: se o emitente comprova que manteve dinheiro suficiente em conta durante o prazo de apresentação e deixou de ter esse valor em conta por ato que não seja seu (ele não tirou o dinheiro da conta, outros credores que descontaram), ele está liberado do pagamento.

Pagamento: imediato. Pode se dar até no máximo o primeiro dia útil subsequente à apresentação. Há duas formas de receber o cheque: na boca do caixa da agência pagadora ou deposita o valor em sua conta corrente. Se for de banco diferente, o banco do beneficiário fará com o banco do emitente a chamada compensação.

O cheque cruzado limita o direito do credor de apresentação; o beneficiário precisará depositar o cheque em conta, retira-se a possibilidade de desconta-lo na boca do caixa. Cruzamento especial: nas duas linhas o emitente escreve o nome do banco: cheque só poderá ser depositado em conta naquele banco.

. Entrega: banco sacado tem o direito de exigir a entrega do título original ao realizar o pagamento.

. Endosso “recolhimento” (art. 28): o beneficiário assina no verso do cheque, o que demonstra a realização do pagamento. Isso é prova do banco de que foi aquela pessoa que recebeu o valor.

VII. DEVOLUÇÃO: Res. BACEN n. 1631/89. Cheque pode ser devolvido pelo banco por mais de 80 razões, previstas na referida resolução, geralmente faz referência ao motivo de devolução mediante o número do motivo na resolução.

a. Falta de provisão de fundos na 1ª e 2ª apresentação (motivo 11): para comprovar a falta de provisão de fundos, o beneficiário deve realizar duas apresentações do cheque ao banco sacado em duas datas diferentes.

b. Impedimento ao pagamento: cheque sustado, cheque revogado, bloqueio judicial de conta. c. Cheque com irregularidade: cheque formalmente comprometido (rasgado, rasurado, manchado, ilegível, dúvida na assinatura

d. Apresentação indevida: apresentado ao banco errado, cheque prescrito, apresentado fora do local de pagamento.

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VIII. REVOGAÇÃO E SUSTAÇÃO (art. 35 e 36). - Revogação (ou contra ordem de cheque):

. Emitente: a revogação é ato privativo do emitente.

. Efeitos: a revogação só gera efeitos após o encerramento do prazo de apresentação do cheque. A contra ordem pode der dada antes, mas só gerará efeitos com o fim do prazo de apresentação. A revogação desconstituí definitivamente o cheque: revogação da ordem de pagamento (é uma contraordem).

A revogação do cheque limita o seu pagamento ao prazo de apresentação.

. Fundamento: deve ser fundamentado, mas a responsabilidade é toda do emitente.

. Forma: deve ser realizada no banco, mediante a apresentação de uma relevante razão de direito e pode ser tarifado.

- Sustação: suspender o cheque. A sustação pode ser feita pelo emitente ou pelo beneficiário do cheque (perdeu o título). A sustação já gera efeitos dentro do prazo de apresentação do cheque e, assim, ela tem um efeito provisório: suspende o pagamento do cheque enquanto houver alguma dúvida em relação a ele. Ela não desconstituí definitivamente o cheque; resolvida a questão em torno do cheque, ele pode ser novamente apresentado. A forma é a mesma: aviso ao banco sacado que pode cobrar tarifa para o serviço.

IX. CANCELAMENTO:

Revogação e sustação não se confundem com o cancelamento de cheque. Cancelar o cheque é torna-lo sem efeitos antes que ele seja emitido (extravio do talão de cheque).

Na resolução 2747/2000 do BACEN, prevê-se o cancelamento. X. COBRANÇA JUDICIAL

Cobrança judicial mediante ação de execução (cheque é um título executivo extrajudicial). - Fundamentos

. Recusa de pagamento: cheque não foi pago pelo banco sacado

. Prova de recusa: ao contrário dos demais títulos de crédito, não é necessário o protesto para provar a falta de pagamento. A declaração bancária que informa que o cheque foi devolvido nas duas apresentações subsequentes já é suficiente para provar a falta de pagamento. No cheque, o protesto é desnecessário, mas pode até ser feito.

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- Prazo prescricional (art. 59): o prazo prescricional determina o prazo que o cheque pode ser fundamento de uma ação executiva. O cheque mantém a sua força executiva dentro do prazo prescricional de 6 (seis) meses. O prazo prescricional começa a contar com o término do prazo de apresentação.

- Cheque prescrito – ação monitória 30.10.2013

C. DUPLICATA

Lei n. 5474/68.

- CARACTERÍSTICAS:

. Causalidade: ao contrário dos demais títulos de crédito (abstratos), a duplicada é um título causal. É aquele que só pode ser emitido quando a relação fundamental é aquela expressamente prevista pela lei. São duas relações fundamentais que permitem a emissão de duplicata:

1. Contrato de compra e venda de bens móveis realizado a prazo (não inferior a 30 dias). A duplicata emitida neste caso é chamada duplicada mercantil.

2. Contrato de prestação de serviço profissional com prazo de pagamento não inferior a 30 dias. É denominada duplicada de serviços.

. Ordem de pagamento: a duplicada é uma ordem de pagamento a prazo. . Posições fundamentais:

O emitente da duplicada é o credor que, conforme a relação fundamental, será o vendedor ou o prestador de serviços.

O emitente ordena que o comprador ou tomador (devedor) pague. A posição do devedor é de sacado que receberá a duplicata para lançar nela uma declaração cambial pela qual ele se obriga (aceite).

O aceite é necessário para que se garanta a prestação do serviço, a entrega dos produtos na quantidade e qualidade correta, etc.

Emitente pode endossar a duplicata e passa-la para outro (e passa a ser obrigado de regresso).

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- REQUISITOS:

Como qualquer título de crédito, possui requisitos extrínsecos, de forma.

. C.M.N (art. 27).

. Resolução 102 – BACEN: criou três modelos de duplicatas (e só eles podem ser utilizados): modelo vinculado.

Modelos:

. Pagamento único: preço do serviço ou produto é pago de uma única vez.

. Pagamento parcelado: preço do serviço ou produto é pago em parcelas. Divide-se em dois modelos.

Parcela: cada duplicata é emitida para cada parcela.

Valor total: a duplicata tem o valor total do negócio e dentro dela se coloca cada parcela (número de parcelas e valor de cada uma). Quita-se o pagamento de cada parcela na duplicata.

Requisitos extrínsecos:

1. Denominação: nº de ordem (art. 19). Todo título de crédito começa com o nome (“duplicata”), para chamar para si a regulamentação daquele título de crédito. O número de ordem é um número que se dá a duplicata para que ele seja lançado no livro de registro de duplicatas (controle do credor). Para emitir duplicatas, o emitente é obrigado a ter este livro de referência contábil.

2. Data de emissão: data de realização do negócio. Para aferição da capacidade da parte, etc. *Local de emissão: não é um requisito extrínseco da duplicata. Presume-se a sua emissão no estabelecimento do vendedor ou prestador de serviços.

3. Número da fatura:

Não confundir fatura com duplicata. Fatura não é título de crédito, mas sim um documento contábil. Toda vez que a pessoa vende algo ou presta serviços, é obrigada a emitir a fatura, documento que descreve a operação (quem vendeu, quem comprou, o que foi comprado, o valor, a data da compra, etc.). A nota ou cupom fiscal tem dois papéis: ser um documento contábil (fatura) e fiscal (pagamento de tributos). A duplicata é emitida com base na fatura e por isso recebe o nome de duplicata, porque duplica as informações da fatura.

*Múltiplas duplicatas (art. 2, § 2º): é possível haver várias duplicatas com base numa única fatura (parcelamento, por exemplo). Mas o contrário não é possível, não pode haver várias

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faturas em uma única duplicata. Não se pode combinar dois negócios jurídicos em um único título.

4. Data de vencimento: data do pagamento. Igual ou superior a 30 dias. 5. Qualificações

6. Local de pagamento 7. Valor

8. Cláusula à ordem: cria a possibilidade de endosso. 9. Declaração de exatidão

10. Assinatura

- REMESSA E DEVOLUÇÃO

. Remessa: remessa do título ao sacado com o objetivo de aceite. . Prazo (art. 6º): 30 dias.

. Devolução: prazo de 10 dias. Sacado tem este prazo para devolver a duplicata com aceite ou não.

- ACEITE:

. Forma: assinatura do sacado no anverso da duplicata.

. Prazo: art. 7º - 10 dias contados do recebimento para aceite e devolução da duplicata. Declaração de exatidão: produtos comprados ou serviços prestados foram integralmente cumpridos da forma prevista.

. Recusa de aceite: tem de ser fundamentada e formal. Arts. 8º e 21.

Na letra de câmbio, não há forma específica, prazo para recusa e nem fundamentação. Na duplicata, o aceite tem de ser recusado por escrito, mandando o documento para o emitente no prazo de 10 dias. Os fundamentos possíveis para a recusa do aceite estão nos referidos dispositivos. Em resumo, a recusa do aceite é atrelada à relação fundamental e indevido cumprimento. Com a recusa do aceite, sacado e emitente discutem judicialmente a questão. 06/11/13

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1. Falta de entrega: emitente não entregou os produtos ou não prestou os serviços. 2. Diferença: emitente enviou qualidade ou quantidade diversa da estabelecida.

Qualidade Quantidade

3. Vício/defeito: produtos ou serviços apresentam vícios ou defeitos. 4. Divergência

Pagamento: duplicata veio com forma de pagamento diversa da combinada (número de parcelas inferior, etc.).

Prazo: data de vencimento diferente da combinada. Preço: valor dos produtos ou serviços diverso do acordado. - SUPRIMENTO DE ACEITE

1. Função: a função do suprimento de aceite é permitir que o emitente da duplicata possa suprir a falta de aceite quando ele entrega os produtos ou presta os serviços, envia a duplicata, mas não houve aceite e nem recusa de aceite (inércia do sacado).

2. Documentos: emitente precisa ter dois documentos para suprir o aceite, quais sejam: Comprovante: de entrega e recebimento das mercadorias ou serviços.

Certidão de protesto: duplicata está na posse do sacado, então, o emitente deverá realizar o protesto por falta de devolução da duplicata.

- PROTESTO DA DUPLICATA (art. 13 e 14)

Indicações: art. 13, § 1º. Feito com base em indicações que estão na nota fiscal/fatura. - EXECUÇÃO – art. 15. Com os dois documentos acima elencados, o emitente pode propor uma ação de execução contra o sacado.

Equivocadamente, tem-se chamado de duplicata virtual a duplicada emitida, remetida e não devolvida.

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Função: banco envia boletos para os devedores do vendedor. Quando ele paga, ele guarda o comprovante para comprovar que pagou.

Efeito:

Não existe protesto de boleto bancário. Boleto é apenas comprovante de pagamento. Duplicata virtual ?

13.11.13

- DUPLICATA SIMULADA: também chamada de duplicata fria, é aquela que não tem lastro, ou seja, é emitida sem que tenha ocorrido a relação fundamental a qual ela se refere. A razão de se emitir uma duplicata assim é descontar uma duplicata por outra, endossa-la a outrem. É um golpe.

- TRIPLICATA – art. 23: sua função é substituir a duplicata perdida ou extraviada durante a operação de remessa e devolução.

D. TÍTULOS DE CRÉDITO BANCÁRIOS

- FUNÇÃO: financiamento. A relação fundamental aqui é o financiamento bancário: o banco está fornecendo crédito para alguém.

- CAUSALIDADE

:

são todos títulos de crédito causais e são títulos típicos. - DENOMINAÇÃO: CÉDULAS OU NOTAS DE CRÉDITO

Posições:

Beneficiário – instituição bancária (credor). Emitente ou mutuário – devedor.

- CLASSIFICAÇÃO:

A) QUANTO À FINALIDADE DO CAPITAL EMPRESTADO

1. Cédula de crédito rural – lei n. 8929/94. Capital emprestado deve ser utilizado na atividade rural do devedor. A causalidade dela é um financiamento que tem de ser destinado para a atividade agrícola ou pecuária.

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3. Cédula de crédito comercial – lei n. 6840/80

4. Cédula de crédito a exportação – Dec./lei n. 6313/75

5. Cédula de crédito bancário. Utilizada para as relações interbancárias. B) QUANTO À GARANTIA OFERECIDA

Devedor oferece no próprio título um bem para garantir a dívida (garantia real). 1. Hipotecária: estabelecida a hipoteca sobre bem imóvel do devedor.

2. Pignoratícia: garantia se dá através de penhor (direito real de garantia sobre bem móvel). 3. Fiduciária: garantia dada através de alienação fiduciária.

- REQUISITOS EXTRÍNSECOS: são os mesmos para todos estes títulos de crédito bancários. 1. Denominação: ex.: cédula de crédito rural, industrial, etc. Identifica-se para que traga para aquele documento as normas inerentes a ele.

2. Promessa de pagamento: não se trata de ordem de pagamento; quem está emitindo (assinatura é a emissão e não aceite) se compromete a pagar ao banco a quantia financiada.

3. Forma de pagamento: geralmente trazem a previsão de pagamento parcelado (data de vencimento e valor de cada parcela).

4. Credor – instituição bancária: beneficiário. Só podem ter como credores as instituições financeiras.

5. Valor: valor total financiado.

6. Finalidade: finalidade do financiamento.

7. Garantia: eventualmente existentes. Podem ser reais (hipoteca, etc). ou pessoal (aval). 8. Encargos financeiros: previsão de juros e correção monetária devidos pelo emitente ao credor.

9. Local de pagamento: 10. Data e local de emissão:

11. Assinatura: com a assinatura, o emitente se coloca como obrigado principal.

Estes títulos são endossáveis; podem ser cedidos de um banco a outro mediante cessão de crédito. Sem o pagamento, propõe-se ação de execução e faz-se valer a garantia.

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Referências

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