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ORDEM DOS ADVOGADOS CONSERVADORES DO BRASIL OACB

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Academic year: 2021

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EXCELENTÍSSIMOS SENHOR DEPUTADO FEDERAL ARTHUR CÉSAR PEREIRA DE LIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENHORA DEPUTADA FEDERAL BEATRIZ KICS TORRENTS DE SORDI, PRESIDENTE DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

ORDEM DOS ADVOGADOS CONSERVADORES DO BRASIL – OACB, associação privada sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o nº 36.689.035/0001-27 e registrada no Cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas sob o nº 786229, Livro A-933, todos com endereço sede e de citação e intimação na Avenida Rui Carneiro, nº 300, sala T-6, Bairro Miramar, João Pessoa/PB, CEP 58021-101, e-mail: oacb.org.br@gmail.com e telefone celular nº (83) 99980- 0511, devidamente representada pelo seu presidente, no exercício dos seus direitos, expondo os fatos conforme a verdade e procedendo de forma legal e de boa-fé , por intermédio de seus causídicos legalmente habilitados pela procuração com cláusula ad judicia que segue, vêm à presença de Vossas Excelências, com fundamento no art. 5º, XXXIV, a1, e Art. 58, §2º, IV2 da Constituição Federal, apresentar a devida

REPRESENTAÇÃO

contra proposta de projeto de lei tramitando nessa Egrégia Casa Legislativa, apresentada pelo DEPUTADO FEDERAL Felipe Carreras, em que sua Excelência propõe a alteração da redação do art. 5º da Lei nº 6.259/1975, com a finalidade de se estabelecer como mecanismo de verificação sanitária o chamado 1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei...[...] XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de

taxas: [...] a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

2 Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as

atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. [...] IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;

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“Passaporte digital de imunização” que, segundo a justificativa constante do corpo do Projeto de Lei nº 952/2021, deve ser aprovado “considerando a

importância desta iniciativa para as famílias brasileiras...”.

Ora, Excelências, tal projeto de lei é, ao nosso ver, flagrantemente INCONSTITUCIONAL em seus dispositivos constantes do art.1º, parágrafos 2º e 3°, bem como do art. 2°, pois, além de possibilitarem a limitação do direito de ir e vir, também poderão causar discriminação a todos aqueles que ainda não tenham tido a oportunidade de se vacinar – não por opção, mas por condição estabelecida pelos governos – ou não queiram se vacinar.

Para tanto, apresentamos a presente representação consubstanciados nos fatos abaixo descritos e nas razões de direito que passa a expor.

SÍNTESE DA DEMANDA O que é pedido nessa representação? É pedido à Presidência da Câmara dos Deputados a paralisação da tramitação do projeto de lei em questão – que inclusive aguarda parecer sobre requerimento de urgência – e seu arquivamento, este com base no art. 17, II, “d”, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (RICD), ou que a Presidência da Comissão de Constituição e Justiça declare sua inconstitucionalidade, por estar em desacordo com o estabelecido nos ditames e dispositivos elencados no rol dos Direitos Fundamentais – estes estabelecidos sob a forma de cláusulas pétreas da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

CABIMENTO O pedido nesta representação encontra seu cabimento no disposto pelo Parágrafo Único do art. 1º de nossa Carta Maior3, que assevera pertencer ao POVO o PODER de decidir sobre seus direitos mais fundamentais e que os mesmos sejam garantidos pelos dispositivos da própria Constituição e das regulamentações dela extraídas, cabendo neste caso aos DEPUTADOS FEDERAIS, 3Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos

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representantes que são do povo, a defesa e a concretude do estabelecimento desses direitos.

Fica evidente, dessa forma, que o dispositivo que inaugura nossa Constituição Federal alude e afirma que os cidadãos e a sociedade como um todo são os reais e verdadeiros titulares da execução do processo legislativo, garantido a estes a segurança de que todas as normas legais elaboradas tenham por objeto seus soberanos interesses – interesses legitimos dos representados –, não cabendo aos que os representam intentar contra suas querenças e desejos.

Poderia ser arguido o porquê de não se aguardar o trâmite e o fim dos procedimentos legislativos para que possa ser verificada as condições e finalidades reais do PL 952/2021 e se este seria aprovado ou não, mas fazendo uma analogia à teoria do Fruto da Árvore Envenenada, esta aplicada ao Direito Processual Penal, se a semente que deu origem ao PL é eivada de veneno, no caso presente referente à clara inconstitucionalidade de origem, seria gastar tempo e recursos públicos para deixar tramitar o que já se apresenta como óbice às liberdades mais basilares de uma sociedade: seu direito de ir e vir.

Como Vossas Excelências são os responsáveis diretos pelo recebimento, análise e discussão do PL aqui tratado, fica entendido ser cabível a presente REPRESENTAÇÃO impetrada nessa Casa Legislativa.

Desta feita, consoante o que alude o art. 58, IV, da Constituição Federal de 19884, cabe o ingresso do presente instrumento, perante essa Presidência, devendo este ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça dessa Casa do Congresso Nacional, que é competente em tal situação.

DA NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DO PRESIDENTE DA CÂMARA E DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA Conforme o exposto no ítem anterior, justamente por conta de ser um Projeto de Lei oriundo dessa Casa Congressual, as autoridades responsáveis para

4 Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as

atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. [...] IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;

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fazer cumprir o que estabelece a Constituição Federal e o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, são exatamente Vossas Excelências, conforme o estabelecido no art. 58, §2º, IV, da CRFB/885 e o art. 17, VI, “p”, do RICD6.

Cabe, então, à sua Excelência, o Presidente da Câmara dos Deputados encaminhar esta representação à Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), para que a mesma possa rapidamente analisar e atender ao pedido aqui estabelecido, em conformidade ao que dispõe o Art. 32, IV, “a”, do RICD7, pronunciando-se pela inconstitucionalidade da proposição ora representada.

Cabe ainda ressaltar, data maxima venia, que caso não seja a representação atendida, caberá a esta Associação ingressar com pertinente ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, caso a Suprema Corte indefira de plano ou julgue pela improcedência, peticionaremos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, com base na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, apresentando denúncia de ofensas aos direitos fundamentais basilares praticadas por Poderes do Estado contra a sociedade brasileira.

FATOS Apesar de ter sido sancionada na data de 6/fev/2020 e estar sendo aplicada, inclusive, com respaldo do Supremo Tribunal Federal – em decisão de 15/abr/2020, nas ADIs 6341, 6343 e ADO 56 –, a Lei nº 13.979/2020 possui dispositivos eivados de inconstitucionalidades, mesmo que digam respeito às questões relacionadas a uma pandemia, como é o caso da COVID 19. E estes dispositivos são inconstitucionais porque ferem de morte os direitos mais 5Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: [...] IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;

6 Art. 17. São atribuições do Presidente, além das que estão expressas neste Regimento, ou decorram da natureza de suas

funções e prerrogativas: [...] VI - quanto à sua competência geral. dentre outras: [...] p) cumprir e fazer cumprir o Regimento.

7 Art. 32. São as seguintes as Comissões Permanentes e respectivos campos temáticos ou áreas de atividade: (Artigo com

redação dada pela Resolução nº 20, de 2004) [...] IV - Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania: a) aspectos constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa de projetos, emendas ou substitutivos sujeitos à apreciação da Câmara ou de suas Comissões;

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fundamentais e que claúsulas pétreas, todos contidos no art. 5º de nossa Carta Maior.

Há noticiado – data de 7/abr/2021 – que haveria uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério do Turismo8, no sentido de tornar possível um mecanismo que confira possibilidade da criação de uma “passaporte de vacinação”.

Entende-se perfeitamente o interesse nas questões econômicas do país, inclusive para que haja recursos para o próprio combate à pandemia. Mas o que não pode ser permitido é a criação de um potencial meio de discriminação e limitação das liberdades, como é o caso do PL aqui tratado, o que fica claro no escopo da proposição.

Vejam, com a justificatica de que tal obrigatoriedade já se encontra encrustada ao nosso ordenamento jurídico desde o ano de 1975; de que a Lei nº 13.979/2020 determina vacinação compulsória e o que entendeu a Suprema Corte brasileira no julgamento de Ações Diretas de Inconstitucionalidade, o autor do PL aduz o seguinte:

“Apesar da discussão sobre a obrigatoriedade ou não da vacinação, no Brasil ela é

obrigatória desde 1975, conforme previsto na Lei nº 6.259/1975, bem como no Estatuto da

Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), cabendo aos órgãos públicos determinarem as

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vacinas obrigatórias.

Além disso, a Portaria nº 597/2004, que instituiu o calendário nacional de vacinação, determina que o indivíduo que não cumprir o calendário obrigatório não poderá se matricular em creches e instituições de ensino, efetuar o alistamento militar ou receber benefícios sociais do governo. A Portaria nº 1.986/2001, do Ministério da Saúde, também determina a vacinação obrigatória dos trabalhadores das áreas portuárias, aeroportuárias, de terminais de passagens de fronteira. E o Código Penal, no art. 268, especifica que infringir

determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa é crime, com pena prevista de detenção de um mês a um ano e multa.

No caso da Covid-19, a vacinação já está prevista na Lei nº 13.979/2020 e, no dia 17 de fevereiro de 2020, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) também se manifestou, estabelecendo a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19, com a ressalva de que as pessoas não sejam forçadas a se imunizar. Porém, as pessoas que se recusarem à vacinação

poderão sofrer algumas sanções impostas pela União, estados e municípios.

Tendo em vista o cenário de incertezas gerado pelo prolongamento da pandemia, precisamos de novas tecnologias que garantam a circulação segura de pessoas em espaços públicos. Por isso, sugerimos a substituição do Atestado de Vacinação impresso pelo Passaporte Digital de Imunização.

O Passaporte Digital de Imunização deverá conter as mesmas informações hoje constantes do Atestado de Vacinação, além de um Termo de Uso e Consentimento que autorize a visualização destas informações e o seu armazenamento temporário nos locais em que o documento for requerido.

Desta forma, garantimos não somente o direito de circulação da população, a diminuição dos efeitos nocivos do isolamento social prolongado, a dispensa da quarentena,

bem como a manutenção das atividades econômicas que não puderam se adaptar a sistemas remotos de oferta de serviços e produtos. O Passaporte Digital de Imunização poderá ser

utilizado para autorizar a entrada em locais e eventos públicos, a utilização de meios de transporte coletivos, o ingresso em hotéis, cruzeiros, parques, reservas naturais, entre muitas outras possibilidades.”

Na União Europeia, a questão está ainda nas discussões, mas todas partem das premissas básicas de que haverá, com a situação atual de

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dificuldades na entrega das vacinas aos países e da própria situação vacinal efetiva, fora a questão de não ser obrigatória a própria vacinação, haveria riscos enormes às liberdades, principalmente as de ir e vir.

Conforme consta nesta reportagem da renomada revista internacional Forbes resta claro que a carteira de vacinação digital, evoluindo para passaporte não trata de regulamentar vacinas e políticas de saúde, mas de criar identidade digital para controle social como vem sendo adotado na China com amplo controle sobre todos os âmbitos da vida dos cidadãos9.

Ao se sujeitar a controle via identidade digital controlada pelo governo, os cidadãos automaticamente estão inseridos num contexto que leva a controle de todos os aspectos da vida social, controle por créditos sociais, determinando questões fiscais, de consumo, religiosas, vedando, inclusive acesso a esses locais e eventos.

O controle em questão é uma pauta globalista que visa unicamente atingir o direito de ir e vir das pessoas, a liberdade de escolha, condicionando o exercício da vontade à sujeição no recebimento de uma vacina experimental, ainda sem efeitos conhecidos a longo prazo, criando verdadeiro apartheid social com fundamento higienista.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) Unidas entende ainda não ser o momento dessas discussões10, como pode ser verificado em matéria jornalística publicada em jornal de grande circulação em Portugal na data de 6/abr/2021:

“A Organização Mundial de Saúde (OMS) não apoia a exigência passaportes de vacinação para entrar ou sair dos países dada a incerteza sobre se a inoculação impede a transmissão do novo coronavírus, além de trazer preocupações sobre equidade, disse uma porta-voz da agência da ONU.

"Consideramos que nesta fase não gostaríamos que o passaporte de

vacinação fosse um requisito para entrada ou saída porque não temos

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https://www.forbes.com/sites/oliverwilliams1/2021/02/21/inside-the-race-to-create-a-covid-passport-and-change-travel-as-we-know-it/?sh=1e002f495cde

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certeza se a vacina previne a transmissão", disse a porta-voz da OMS Margaret Harris.

"Existem todas essas questões, além da questão da discriminação

contra as pessoas que não podem receber a vacina por um motivo ou outro". (Grifo nosso)

Ora, no Brasil desde o início da pandemia se fala em “cientificidade” das ações, sejam elas de cunho profilático ou não, inclusive com base no que a OMS entendia e ainda entende. Então, nessa questão, deve-se seguir ou não?

Sabe-se que as medidas sanitárias são importantes ao combate à pandemia da COVID 19 e que estas não suspenderam as atividades ditas essenciais, ficando estas sob análise científica e jurídica constante por parte das autoridades de saúde. A própria Lei nº 13.979/2020 estabeleceu em seu §1º do art. 3º que “as medidas previstas neste artigo somente poderão ser

determinadas com base em evidências científicas e em análises sobre informações estratégicas em saúde e deverão ser limitadas no tempo e no espaço ao mínimo indispensável à promoção e à preservação da saúde pública"

Não só a OMS tem a preocupação pautada em possíveis discriminações por meio da possibilidade de exclusões e limitações às liberdades, mas também por grande parte das autoridades no exterior, onde a discussão já foi iniciada muito antes do Brasil. É o caso da matéria publicada em outro site de notícias11 de Portugal:

“Sendo que as pessoas que não foram vacinadas não é uma opção sua (nalguns casos até pode ser, de recusa de vacinação) mas sim de politicas

publicas e de disponibilidade da vacina. Assim, algumas pessoas teriam acesso a alguns direitos que outros não teriam, apenas por não terem a idade ou a morbilidade necessárias para serem vacinadas ou por terem nascido num país que não tem capacidades para disponibilizar vacinas à sua população. [...]

José Matos Correia, consultor da CMS Rui Pena & Arnaut faz uma análise distinta do seu colega: antes da Constituição, “há que recordar que as

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instituições europeias estão vinculadas ao respeito pelos preceitos da Carta Europeia dos Direitos Fundamentais. E esta consagra direitos e liberdades como a inviolabilidade da dignidade humana, a igualdade perante a lei ou a liberdade de circulação”, explica o advogado e ex-deputado

do PSD. Mas, caso falte esse discernimento legislativo europeu, “nunca

poderia aceitar-se que o passaporte de vacinação fizesse uma espécie de diferenciação entre cidadãos de primeira – os vacinados – e cidadãos de segunda – os não vacinados -, discriminando negativamente estes, aos

quais tem de ser permitido, por recurso a outras soluções (por exemplo, a apresentação de testes à Covid-19), a demonstração de que não padecem da doença e, consequentemente, a sua liberdade de circulação. A não ser assim, a medida violaria o princípio da igualdade e seria manifestamente excessiva,

desrespeitando regras essenciais da nossa lei fundamental”, concluiu o

consultor da CMS, Rui Pena & Arnaut.

O bastonário da Ordem dos Advogados é claro: ”a questão não me parece residir tanto na obrigação de transportar um boletim de vacinas, que já ocorre em relação a outras doenças”. Mas sim no facto de estas vacinas não

estarem disponíveis para todos e “portanto as pessoas não poderem proceder à sua própria vacinação, se quiserem viajar. É nessa medida que a exigência pode violar o princípio da igualdade, ao discriminar os não vacinados, e a liberdade de circulação, ao exigir para a mesma um requisito

que os cidadãos não estão em condições de obter”, concluiu Luís Menezes Leitão.”

Mesmo que se diga que o projeto inicialmente visualiza apenas uma carteira de vacinação digital, sabemos que o tema evolui para o passaporte sanitário e o texto guarda graves problemas que afetam o direito de ir e vir das pessoas e afronta a dignidade da pessoa humana, que possui a natureza de situação jurídica ativa, pois sua natureza é de norma jurídica e de direito fundamental.

Estatuído no art. 1, inciso III, da Constituição Federal o direito de ir e vir é fundamental, o que levou o texto do Código de Processo Civil a dispor que “cabe ao órgão julgador resguardar e promover a dignidade da pessoa humana” da mesma forma se aplicando ao presente caso.

Como vincular o direito de ir e vir das pessoas a um mercado, shopping, escola, ônibus, qualquer local público de direito essencial apenas sujeitando-se a

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uma vacina que não é obrigatória?

O texto fala em exigência da carteira digital de vacinação para utilização de meios de transporte coletivo, praças, bibliotecas públicas, ruas, avenidas, IGREJAS, câmara de vereadores, hospitais públicos, postos de saúde, sob pena de, não apresentando, sujeitar-se a graves multas e penalidades.

Estamos falando de crianças, alérgicos e de pessoas que não querem se vacinar e precisam ter seus direitos preservados, estamos no Brasil que possui cidadãos que até hoje não possuem saneamento básico, vestimentas adequadas e sequer idade para se vacinar e que apesar disso, para entrar em estabelecimentos comerciais, deverão receber vacina.

Que tipo de raciocínio simplista é este contido no projeto?

Ainda, se encontra na internet denúncia no sentido de que o deputado em questão “legisla em causa própria” por ser sócio de empresa de eventos famosa em Recife, tendo sido a empresa beneficiada com vultosos recursos públicos estaduais, o que obviamente afronta o princípio público da moralidade, conforme

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noticiado12.

Não se transige com direitos fundamentais. Os direitos econômicos estão na escala axiológica subjugados aos primeiros.

A exigência destes controles para o âmbito aduaneiro sanitário internacional cabe ao país de destino e ao interesse do viajante, mas no âmbito nacional e para frequentar ambientes municipais e transportes públicos é uma 12

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aberração totalitária essa exigência.

Não custa lembrar o projeto político nos quais os políticos e deputados da base foram eleitos, conforme pronunciamento recente do Presidente Jair Messias Bolsonaro, a saber: "Liberdade acima de tudo! A nossa liberdade vale mais do

que a nossa própria vida".

Dessa feita, o Projeto de Lei nº 952/2021 não deve seguir a sua tramitação e ser discutido, haja vista ser claramente inconstitucional, mesmo que se superem os óbices supracitados.

DO PROCESSO LEGISLATIVO E O CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE A nossa Constituição Federal é muito clara quanto ao processo legislativo, não permitindo que haja a violação da separação dos poderes, como ocorre, por exemplo, quando uma proposição de PL contraria o disposto no art. 61, § 1º13, ficando explicita a usurpação de competência privativa do Chefe do Poder Executivo, concorrencialmente ao que estabelecem as Constituições dos Estados e as Leis Orgânicas dos Municípios.

Não é este o caso que ora estamos tratando, pois que no PL 952/2021, não há um contorcionismo para se evitar uma inconstitucionalidade do não

13 Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:[...]

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atendimento ao processo legislativo – quando um comando legal não determine ao Poder Executivo, mas apenas o autorize a agir –, mas tão somente a apresentação de uma proposição que afronta diretamente os direitos mais fundamentais de um cidadão e de toda uma sociedade, todos dispositivos encrustados no art. 5º da Lei Maior.

Cabe à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados (CCJ) o controle preventivo político das proposições – art. 58 da CRFB/8814 –, tanto é assim que até sumulou e editou em 1994 – a Súmula de Jurisprudência nº 1, verbis:

“Projeto de lei, de autoria de Deputado ou Senador, que autoriza o Poder Executivo a tomar determinada providência, que é de sua competência exclusiva, é inconstitucional.”

Portanto, o controle político preventivo deve ser exercido pela CCJ e incidido sobre o Projeto de Lei, antes mesmo de sua aprovação, como deixa claro CANOTILHO (1993, p. 967)15:

“Não se trata, por um lado, de um controle sobre normas válidas, mas sobre projetos de normas...”

A OACB espera que seu pleito seja atendido e que possa a CCJ agir de forma a declarar a inconstitucionalidade do PL 952/2021, evitando que haja mais dispendios de tempo e recursos, no sentido que seja necessário que um parlamentar impetre um Mandado de Segurança para que seja sustada a deliberação pela Câmara dos Deputados, analogamente ao que ocorre no caso de Proposta de Emenda Constitucional que violem cláusulas pétreas, em consonância com a jurisprudência já consolidada pelo STF – esta em relação ao controle jurisdicional prévio – impedida de ser deliberado (MS 23047 MC/DF, Pleno, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 11/02/1998, DJ 14/11/2003, p. 14; MS 22183/DF, Pleno, rel. Min. Marco Aurélio, j. 05/04/1995, DJ 12/12/1997, p. 65569; MS 20257/DF, Pleno, rel. p/ acórdão Min. Moreira Alves, j. 08/10/1980, DJ 27/02/1981, p. 1304).

14 Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com

as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

15CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6. ed. edição revista. Coimbra (Portugal): Livraria Almedina, 1993.

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DOS PEDIDOS

Ex positis, ex vi legis, a Ordem dos Advogados Conservadores do

Brasil requer:

(i) seja tornada inconstitucional a proposição do Projeto de Lei nº 952/2021, por afrontar os direitos fundamentais de todo o cidadão estabelecidos pelo art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, cláusula pétrea; e

(ii) seja a União Federal intimada para, querendo, compor a presente Representação,

República Federativa do Brasil, Paraíba, segunda-feira, 19 de abril de 2021 (Dia do Exército Brasileiro – (373 anos da Batalha dos Guararapes, que ocorreu em 19 de abril de 1648)

Diretoria OACB

Geraldo José Barral Lima OAB PB 18014 A

João Alberto da Cunha Filho OAB PB 10705 - OAB TO 10506 A

OAB PE 1020 A - OAB RN 708 A José Vieira do Nascimento

OAB PB 6867

Antonio Barbosa de Araújo OAB PB 6053

Mailson Lima Maciel OAB PB 10732

Sergio Henrique Amaral Gouveia Moniz OAB PB 19179

Helderley Florêncio Vieira OAB SP 295012

OACB NORDESTE

André Henrique Gomes da Fonseca OAB PE 25584

Solange Móes Moreira OAB PE 17664

JOAO ALBERTO DA

CUNHA

FILHO:9308537040

4

Assinado de forma digital por JOAO ALBERTO DA CUNHA FILHO:93085370404 Dados: 2021.04.21 16:05:53 -03'00'

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15

Yuri Givago Henrique Gomes OAB PB 23830

Mauro Gonçalves do Rêgo Motta OAB PI 2705

Rosângela Maria Peixoto da Silva OAB CE 10424

Adeline Alves Montenegro Da Cunha OAB CE 38249

George de Araújo Alves OAB PE 12647

Lidiane Vanessa OAB PE 50262

Erivaldo Lima da Silva OAB MA 11527

Samyra Roberta Silva Sousa Vasconcelos OAB CE 10724

Dayanna Campielo Bezerra OAB RN 6521

João Maurício de Jesus Costa OAB BA 33595

Isabela Pereira Cordeiro Gondin OAB CE 18550

Fabio Cantal de Souza OAB CE 17229 JOÃO MANOEL ASSUNÇÃO

OAB MA 15430

VÂNIA DE JESUS SANTOS OAB SE 13244

ISABELLA PEREIRA CORDEIRO GONDIM OAB CE 18550

ANNE KARINA DANTAS MACIEL OAB AL 8847 CARLOS ALFEU CORDEIRO

OAB PB 37120

DANIEL ALISSON GOMES DA SILVA OAB PB 25873 SÉRGIO MONIS OAB PB

OACB SUDESTE

Sandro Mastrobuono OAB SP 448211

Ana Lúcia Favaretto OAB SP 99870

Alice Muniz Retamal OAB SP 420067

Cristina Padua Ribeiro OAB RJ 65.688 e OAB ES 482-A

Luís Alberto da Costa Araujo OAB RJ 230062

Raquel Marconi Rodrigues OAB RJ 123.311

Kleber Ferreira Klein OAB RJ 101145

Andréa Luiza Ribeiro de Moura OAB RJ 086512

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16

Mauricio dos Santos Pereira OAB SP 261515

Claudia Duarte e Trinca OAB SP 274787

Beatriz Helena Dai Paulino OAB MG 123519

Raquel Marconi Rodrigues OAB RJ 123311

Paulo Cesar Barros de Oliveira OAB RJ 171094

João Marcelo Fische OAB SP 379981

Maria Laura Milhomens Lopes OAB SP 148369

MARIA LAURA MILHOMENS LOPES OAB SP 148369

JOÃO MARCELO FISCHE OAB SP 182360

DANIEL REIS DA SILVA OAB SP 167068 SÉRGIO RICARDO SANTOS DE OLIVEIRA

OAB RJ 123950

ADRIANE RODRIGUES DE SOUZA OAB RJ 196126 RENATA ALCIONE DE FARIA VILLELA DE ARAUJO

OAB RJ 141559

OACB SUL

Emely Mara Pereira Pessoa OAB SC 55197

Jackson Kalfels OAB SC 44021

Luiz Cesar Taborda Alves OAB PR 27127

Sérgio Alves Boscaíni OAB RS 83998

MANOEL JAIR DOS SANTOS OAB RS 23987

FABIANA TANURI DUSO OAB RS 50829

OACB CENTRO OESTE

Lairson Rodrigues Bueno OAB DF 19407

Sebastião Gonçalves da Silva OAB GO 31079

MARCOS ANTONIO DOS SANTOS LOPES OAB MS 20410

RUBIA FERNANDA DINIZ ROBSONS SANTOS DE SUGUEIRA

OAB MT 29026 Patricia Viana de Bulhões Fernandes de Carvalho

OAB DF 17378

LOURDES OLIVEIRA DE SÁ OAB MS 5729

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17

WILSON ISSAO KORESSAWA OAB DF 46466

OACB NORTE

SARA PATRICIA RIBEIRO FARIAS OAB RR1008

ROSANGELA LÁZARO DE OLIVEIRA OAB RO 610

Mônica Noronha Kuser Lehmkuhl OAB PA 12078

Serafim José Taveira Júnior OAB AM 10282

Kleyton Rubnei Magalhães Duarte OAB RO 10246

Cherislene Pereira de Souza OAB RO 1015

Mariza Meneguelli OAB RO 8062

Khellen Alencar Calixto Neves OAB TO 6856

Referências

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