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Introdução. à Bíblia

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Academic year: 2021

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Texto

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Introdução

à Bíblia

Pr. Kenneth Eagleton

Escola Teológica Batista Livre

(ETBL)

Campinas, SP

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Oitava Lição

Traduções da Bíblia

As línguas originais – O Antigo Testamento foi originalmente escrito na língua hebraica, com exceção de alguns trechos em aramaico. O hebraico era a língua do povo hebreu até o final da monarquia. Com o exílio dos judeus na Babilônia, o aramaico foi assimilado. De volta à Palestina, os judeus passaram a usar mais esta língua. A segunda metade do livro de Daniel foi escrita em aramaico, língua falada onde ele se encontrava. A ascensão do grego como língua universal na região mediterânea também teve influência sobre os idiomas falados na Palestina. Muitos judeus já não entendiam o hebraico na época de Jesus.

O Novo Testamento foi escrito no idioma grego koinê, um grego popular, diferente daquele usado nas obras clássicas. Algumas palavras e frases em aramaico aparecem no texto do Novo Testamento.

Os materiais da escrita – Os materiais mais antigos na gravação de inscrições eram as tábuas talhadas de pedra ou argila. As tábuas dos Dez Mandamentos são um exemplo deste tipo de escrita (Ex 32:15-16).

O material mais utilizado para a escrita na época do Antigo Testamento era o papiro, fabricado de cascas prensadas de uma planta aquática longa e fina que crescia às margens do Rio Nilo, no Egito. Várias destas “folhas” eram emendadas para formar um rolo comprido que podia chegar a 40 metros. A escrita era aplicada a apenas uma das superfícies com um estilete molhado em tinta fabricada com pó de fuligem, água e goma arábica. O papiro era guardado em rolos com uma vara em cada ponta e o material era frágil, de difícil manuseio. Fora do Egito o papiro era muito caro.

Em Pérgamo, na Ásia Menor (atual Turquia), desenvolveu-se um material conhecido como

pergaminho, feito de couro, usando-se peles de ovelhas e cabras. O velino era fabricado de pele

de animais maiores (bezerros, bois e antílopes) e era mais caro. O couro (pergaminho e velino) foi o material mais utilizado para a escrita do Novo Testamento, podendo-se fazer a inscrição nas duas faces. Os pergaminhos também eram guardados em rolos. Em 2 Tm 4:13 Paulo pede que seus pergaminhos lhe sejam trazidos. Um pergaminho reutilizado é conhecido como

palimpsesto.

Nos séculos II e III d.C. começou-se a usar páginas de papiro e, posteriormente, cascas de árvore prensadas e misturadas à goma. Em vez de enroladas, eram empilhadas e costuradas em uma das laterais, como nos livros atuais. Este conjunto era conhecido como códice (codex).

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Muitos dos manuscritos antigos da Bíblia ainda existentes estão neste formato (nem sempre completos). Alguns dos mais importantes são:

Códice Sinaítico (a) – descoberto em 1.859 no Monte Sinai, datando do início do século IV, 75% do Antigo Testamento e o Novo Testamento completo (e todos os livros apócrifos do AT).

Códice Vaticano (B) – datando do século IV (325 – 350 d.C.), 90% do Antigo Testamento e Novo Testamento incompleto (mais alguns livros apócrifos).

Códice Alexandrino (A) – datando do século V d.C., 90% do Antigo Testamento e Novo Testamento (AT em grego).

Códice de efraimita (C), – datando do século V, possui 64 folhas com o Antigo Testamento e 145 com o Novo Testamento.

Nenhum dos escritos originais existe hoje, mas temos um grande número de cópias antigas (mais de 5.000), com algumas de idade bem próximas aos originais. Existem também mais de 2.400 manuscritos que datam do IX ao XVI séculos d. C., “mais de 2.000 lecionários (livretos de uso litúrgico que contêm porções das Escrituras) e mais de 86.000 citações do Novo Testamento nos escritos dos Pais da Igreja.”1 Podemos afirmar com confiança que o texto sagrado é exato.

A Bíblia sobreviveu:

a três séculos de perseguições do império romano, quando se jogava às feras os que possuíam os livros santos;

o século X, quando poucos homens sabiam ler, mesmo entre os príncipes;

os séculos XII a XIV, quando o uso das Escrituras em língua vulgar (do povo) era punido de morte. (Em 1.229, um concílio reunido em Toulouse proibiu na França “aos leigos de possuírem os livros do Antigo e do Novo Testamento”. No concílio de Béziers, de 1.246, essa medida foi confirmada e a interdição passada ao clero. Em 1.526, o Parlamento de Paris proclamou um decreto proibindo a possessão ou a venda do Novo Testamento em francês.)

a Idade Média, onde a Igreja Romana (Católica) proibiu a leitura dos santos livros e substituiu a Palavra de Deus por suas tradições. O uso das Escrituras em língua vulgar também era punido de morte.

muitas tentativas de destruir a Bíblia em suas diferentes versões e traduções, especialmente nos séculos XV e XVI.

1Extraído de “A Survey of Bible Doctrine, por Charles C. Ryrie, Transcrito de “A Bíblia Anotada” e afixada na Internet no site: www.vivos.com.br

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Traduções da Bíblia de importância histórica

A história da tradução da Bíblia para as diversas línguas é um estudo fascinante. Muitos servos de Deus investiram a vida na tradução das Escrituras para que todos os povos tivessem acesso à Palavra de Deus. Algumas destas traduções são de alto valor histórico. Citamos três:

Septuaginta (a versão dos Setenta ou LXX) – É uma tradução em grego de todo o Antigo

Testamento, feita por judeus de Alexandria entre 250 e 150 a.C. A tradição diz que 70 sábios fizeram a tradução, daí o nome de Septuaginta. Esta tradução fez com que as Escrituras Sagradas se tornassem acessíveis aos outros povos, pois a língua grega na época era a mais usada em toda a região do Mediterâneo. Além disto, a Septuaginta foi importante para a preservação do conhecimento do Antigo Testamento, mesmo entre o povo de Israel. Na época de Jesus a população judaica em geral não mais compreendia o hebraico. Somente os eruditos judeus ainda podiam ler o Antigo Testamento hebraico. Quando Jesus citou o Antigo Testamento durante seu ministério terreno, era o texto da Septuaginta que citava.

Vulgata – A tradução para o latim feita por Jerônimo a pedido do Papa Dâmaso I no final

do século IV e começo do século V d. C. ficou conhecida como Vulgata. Jerônimo traduziu o Antigo Testamento diretamente do hebraico e o Novo Testamento do grego. O latim utilizado por Jerônimo não foi o clássico, mas aquele utilizado pelo povo, para que a Bíblia fosse mais facilmente compreendida por um maior número de pessoas. A Vulgata passou a ser a Bíblia official da Igreja Católica Romana e, com o tempo, a única permitida em todo o mundo. Apesar de a igreja romana atualmente permitir traduções para outros idiomas, a Nova Vulgata de 1979 continua sendo sua versão oficial. Todas as primeiras edições católicas da tradução da Bíblia em português foram feitas a partir da Vulgata e não a partir das línguas originais (ou seja, as Bíblias em português eram tradução da tradução).

King James Version (KJV) – O Rei Tiago I (King James I) da Inglaterra encomendou uma

tradução da Bíblia, para o inglês, para ser usada como tradução oficial da Igreja da Inglaterra, embora já existissem várias outras traduções em inglês. O Texto Recebido (Textus Receptus) em grego serviu de base para a tradução do Novo Testamento. O trabalho de tradução encomendado pelo rei foi concluído em 1.611. Esta versão da Bíblia em inglês foi a mais usada no mundo de fala inglesa até a segunda metade do século passado. Existem atualmente alguns grupos radicais que defendem esta tradução como a única inspirada, considerando como hereges todas as outras. Existe uma tradução em português, a Bíblia King James Atualizada (KJA), que é uma tradução direta das línguas originais e nada tem a ver com a versão inglesa encomendada pelo rei Tiago.

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A Bíblia em português

Os mais antigos registros de tradução de trechos da Bíblia para o português datam do final do século XV. Porém, centenas de anos se passaram até que a primeira versão completa estivesse disponível em três volumes, em 1.753. Trata-se da tradução de João Ferreira de Almeida. Almeida nasceu em Portugal, mas ainda jovem foi morar na Malásia, posteriormente no Ceilão e finalmente na Batávia (atual ilha de Java, Indonésia). Foi aí que traduziu a maior parte da Bíblia para a língua portuguesa, concluindo o Novo Testamento em 1.676, que só foi publicado em 1.681, com muitos erros. Almeida morreu em 1.691 enquanto traduzia o Antigo Testamento (havia chegado até Ezequiel). A obra foi concluída em 1.694 por Jacobus op den Akker, pastor holandês. A primeira impressão da Bíblia completa em português, em um único volume, foi feita em Londres, em 1.819, também na versão de Almeida2.

Principais traduções (protestantes) da Bíblia em português do Brasil usadas na atualidade

A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida (COR) - Não é a

mesma traduzida por JFA e impressa em 1.753. É, na realidade, uma edição brasileira onde os lusitanismos foram eliminados, adaptando-se para o português do Brasil. Foi publicada em 1.898 pela Sociedade Bíblica Britânica. A 2ª edição foi publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) em 1.969, a 3ª edição em 1.995 e a 4ª edição data de 2.009 (ARC).

A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil (ATU)

- É uma revisão de Almeida, independente da Revista e Corrigida, que foi encomendada a uma equipe de tradutores brasileiros e publicada pela SBB em 1.956. Conserva as características principais da tradução à equivalência formal de Almeida. Sua revisão foi feita à luz dos manuscritos mais antigos que não estavam à disposição de Almeida. Em 1.993 passou por uma 2ª revisão pela SBB (ARA). Publicada também pelas Edições Vida Nova (edição de 1.976 com muitas referências e notas explicativas) e pela Imprensa Batista Regular do Brasil (“Bíblia de Scofield” com referências e anotações, lançada em 1.983).

A Bíblia Sagrada – Versão Revisada (VRe) - Publicada pela Imprensa Bíblica Brasileira

primeiramente em 1.967 e, na sua 2ª edição, em 1.986. É baseada na tradução de Almeida e segue mais a forma da COR, porém mais natural.

2 Adaptação de “Almeida: A Obra de Uma Vida” no site www.vivos.com.br – fonte: A Bíblia no Brasil, n. 160,

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Em 2.005 foi lançada a Bíblia Almeida Século 21, baseada na Versão Revisada. É publicada por um consórcio formado por Imprensa Bíblica Brasileira/JUERP, Edições Vida Nova, Editora Hagnos e Editora Atos.

Edição Contemporânea Almeida (ECA ou AEC) - Publicada pela Editora Vida em 1.990, é

uma atualização da Almeida Revista e Corrigida, buscando eliminar arcaísmos e ambiguidades do texto original de Almeida.

Almeida Corrigida, Fiel (ACF) - O nome original é Almeida Corrigida e Revisada, Fiel ao

Texto Original. Publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana e baseada 100% no Textus

Receptus (TR). Pequena revisão em 1.995.

Nova Versão Internacional (NVI) - Publicada em 2.001 pela Sociedade Bíblica

Internacional. Segue um princípio intermediário entre o da equivalência dinâmica e o da tradução literal.

A Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH) - Publicada pela Sociedade Bíblica Brasileira no fim

de 1.988 com uma linguagem contemporânea e simples. Segue o princípio de tradução da equivalência dinâmica. A tradução do Novo Testamento foi aprovada pela Igreja Católica.

A Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) - Uma revisão profunda da BLH

publicada em 2.000 pela Sociedade Bíblica Brasileira.

A Bíblia Viva (VIV) - Publicada em 1.981 pela Editora Mundo Cristão. A versão em inglês

foi concebida para ser entendida pelas crianças. Devido à grande receptividade, foi traduzida para muitas outras línguas. Não é, na realidade, uma tradução mas uma paráfrase; ou seja, toma muita liberdade na tradução e insere comentários. Em certos trechos foge um pouco às regras de tradução geralmente aceitas.

Os diferentes conceitos de uma “boa” tradução

Existem duas concepções sobre o que seja uma “boa” tradução:

1- Tradução literal ou a equivalência formal – uma tradução que segue o mais perto possível

as palavras e estruturas da língua do texto original. As diferentes edições de João Ferreira de Almeida se encaixam nesta categoria (COR, ATU e VRe). A COR segue mais de perto a forma do original que as outras. As Bíblias Católicas Vozes e de Jerusalém também se

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encaixam nesta categoria. Estas versões são mais úteis para quem já conhece bem a Bíblia e quer um estudo detalhado.

2- Tradução a equivalência funcional ou dinâmica – uma tradução dirigida para o sentido,

que tenta transmitir, na segunda língua, o sentido exato da mensagem original de uma maneira clara e natural. As versões NVI, BLH e NTLH se encaixam nesta categoria. Estas versões são mais úteis para: os que ainda estão se familiarizando com a Bíblia, os que têm nível escolar limitado, os que desejam ler um livro inteiro da Bíblia de uma só vez, para leitura pública em voz alta e para esclarecimento de dúvidas de trechos difíceis.

Alguns princípios a serem seguidos para uma boa tradução

1- Os textos de base utilizados para a tradução devem ser os melhores textos.

2- A tradução deve ser exata. Uma tradução é exata ou fiel quando diz exatamente aquilo que o original dizia aos primeiros destinatários, sem adição nem subtração.

3- A tradução deve ser clara. Clara é o oposto de obscura e ambígua. Deus falou aos homens para ser compreendido. Para isso é preciso evitar, na tradução, palavras ou frases que não façam sentido ou que possam ter mais de um sentido.

4- A tradução deve ser natural. Devemos evitar as traduções complicadas, pesadas ou obscuras. Certas frases traduzidas literalmente soam de maneira artificial ou estranha, afetando imediatamente a tradução.

Referências

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