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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE FOZ DO IGUAÇU - PROJUDI

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU

1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE FOZ DO IGUAÇU - PROJUDI

Avenida Pedro Basso, 1001 - Centro - Foz do Iguaçu/PR - CEP: 85.863-756 - Fone: 3308 8000

Autos nº. 0036672-71.2015.8.16.0030

Processo: 0036672-71.2015.8.16.0030

Classe Processual: Procedimento do Juizado Especial Cível Assunto Principal: Indenização por Dano Moral

Valor da Causa: R$15.000,00

Polo Ativo(s): DILTO VITORASSI (RG: 33263775 SSP/PR e CPF/CNPJ: 388.177.729-68)

Rua Barão da Serra Negra, 44 - Morumbi I - FOZ DO IGUAÇU/PR Polo Passivo(s): EDITORA A FRONTEIRA DO OESTE LTDA - ME (CPF/CNPJ:

04.640.198/0001-29)

Rua André Paulino do Nascimento, 78 - Parque Ouro Verde - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.854-220

I - Relatório

Dispensado o relatório nos termos do artigo 38 da Lei dos Juizados Especiais.

II – Fundamentos de fato e direito

Relata a parte Autora que nos dias 10/11/2015 e 08/12/2015, a Reclamada publicou na primeira página do jornal, online e impresso, conteúdo de cunho difamatório em seu desfavor, intitulados de “Com medo de reeleger, Vitorassi quer aumentar número de vereadores” e “ ”. Requereu a condenação do Reclamado Vereador Vitorassi diz que Câmara Municipal rouba

para retirar as notícias, e se abster de realizar novas publicações sobre o tema, bem como, indenização por danos morais.

Em sua defesa, aduz a Reclamada que o Autor é pessoa polêmica na cidade, e possui característica agressiva em suas manifestações. Aduziu ainda que não há nada nas publicações que denigra a honra ou imagem do Requerente, alegando que o fato narrado no jornal efetivamente existiu e foi retratado. Requereu a improcedência dos pedidos iniciais.

As partes manifestaram que não possuem interesse na produção de prova oral em sede de audiência de instrução e julgamento, evento nº. 16. O feito comporta julgamento no estado em que se encontra (artigo 355, inciso I, Código de Processo Civil).

III – Mérito

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jornal impresso e eletrônico da Reclamada.

Pelos documentos apresentados pelo Autor, seqüencial 1.3 e 1.4, as publicações foram do seguinte teor:

“Atitudes de Vitorassi denigrem imagem do legislativo”

“Vereador Dilto Vitorassi diz que Câmara municipal rouba”

“Em mais uma atitude que joga contra o Legislativo, o vereador Dilto Vitorassi, aparece em vídeo que circula na Internet fazendo declarações altamente comprometedoras. “A Câmara rouba, rouba e rouba muito”.

“Fiasco de Vitorassi e Duso”

“A idéia de criar uma comissão processante contra a vereadora Anice Gazzaoui foi um dos episódios mais vergonhosos da história do legislativo de Foz. A articulação de Duso, inimigo figadal da vereadora no PT, e Dilto Vitorassi (o mesmo que queria aumentar o número de vereadores) foi classificada como vergonhosa nas redes sociais”.

O Reclamante alega que as publicações possuem cunho malicioso, indecoroso, difamatório e calunioso, entretanto, pela simplista análise das notícias, verifica-se que possuem apenas caráter informativo, e sendo o Reclamante pessoa pública, é normal que receba críticas no decorrer de seu trabalho.

Analisando o feito, constatou-se que não há extrapolação dos limites substanciais do direito conferido à parte Reclamada, que é informar, limitando-se a tecer críticas, ou narrar fatos que efetivamente ocorreram, de interesse público, uma vez que o Reclamante é vereador na cidade, sendo suas atitudes, enquanto ocupa seu cargo, de interesse de todos os eleitores e demais cidadãos.

Ademais, a matéria publicada apenas menciona fatos praticados ou ditos pelo vereador durante o exercício de seu cargo, não ofendendo sua honra ou imagem como pessoa em si, inexistindo nos autos elementos aptos a caracterizar a ofensa a honra e a imagem do Autor.

Nesse sentido, é o entendimento da Turma Recursal do Paraná, em recente julgado, explicando que se a empresa Jornalística agir com animus narrandi e/ou criticandi, inexiste abuso de direito, apto a ensejar danos morais, diante do direito constitucional do público de ser informado, senão vejamos:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REPORTAGEM JORNALÍSTICA. ANIMUS NARRANDI. ANIMUS CRITICANDI. DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO. Sobre o tema, oportuno consignar as palavras do Ilustre Professor José Afonso da Silva: É nesta que se centra a liberdade de informação, que assume características modernas, superadoras da velha liberdade de imprensa. Nela se concentra a liberdade de informar

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e é nela ou através dela que se realiza o direito coletivo à informação, isto é, a liberdade de ser informado. (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0014805-85.2014.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.: FERNANDA DE QUADROS JORGENSEN GERONASSO - J. 02.02.2016).

Dispõe o art. 5º, X, da CF/88:

“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a ”

indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação

E o art. 5º, IV, e XIV, do mesmo dispositivo dispõe que: .” “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato

“Éassegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao ”

exercício profissional

Nesse sentido, a Carta Magna de nosso país elencou o direito a honra, intimidade, imagem e privacidade como direitos fundamentais do cidadão, ao lado do direito de liberdade de pensamento, de expressão e de imprensa que também são fundamentais.

Inexistem direitos absolutos, devendo o aplicador do direito interpretar de maneira a dar maior efetividade aos direitos que se opõem, sendo certo que o exercício de um direito fundamental não deve suprimir o exercício de outro.

Assim, no presente caso, a proteção constitucional da honra, imagem e vida privada, devem ser relativizadas face a livre manifestação do pensamento e da expressa de comunicação da Reclamada, uma vez que é direito da coletividade o amplo acesso à informação, principalmente se tratando o Reclamante de pessoa pública, e foco de toda sociedade, sujeita-se a críticas em relação ao cargo público que exerce.

Para que haja a indenização por danos morais, são necessários o cumprimento de três requisitos, ato ilícito, nexo causal e dano. No caso em tela, verifica-se a inexistência de ato ilícito eventualmente perpetrado pela Reclamada, uma vez que esta apenas exerceu seu direito de comunicação social e liberdade de manifestação do pensamento e da expressão da atividade intelectual, garantidos constitucionalmente nos art. 5º, IX, e 220, in verbis:

Art. 5º, IX: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”

Art. 220: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

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Em outras palavras, deve ser assegurado a imprensa o direito e a liberdade de informação, sem censura, com fulcro no art. 5º, IV, IX, e XIV, da CF/88, uma vez que a atividade jornalística deve ser livre para exercer, de fato, o seu mister, que é informar a sociedade acerca de fatos cotidianos de interesse público, ajudando a formar opiniões criticas, em observância ao principio Constitucional consagrador do Estado Democrático de Direito.

No que tange a alegação da parte Autora de que as notícias “lhe causaram prejuízos imensuráveis, eis que colocou em duvida sua reputação perante o eleitorado, constituindo grave lesão em sua honra”, não logrou êxito em prová-lo, uma vez que cabia a ela o ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito, art. 373, I, do NCPC, e não apresentou nenhuma prova nesse sentido, fazendo apenas alegações genéricas.

Não há provas nos autos de que a noticia abalou a credibilidade dos eleitores ou a honra do Reclamante, ainda que fosse prova testemunhal, ou documental com a opinião de algum eleitor.

Não havendo provas acerca da eventual repercussão negativa da matéria vinculada na imprensa em relação ao Autor, não há que se falar em retratação, ou indenização.

Não há duvidas que o direito a imagem é garantido constitucionalmente, com fulcro no art. 5º, V e X, da CF/88, bem como, protegido pelo Código Civil, em seu art. 21, no entanto, verifica-se que as publicações não feriram a honra ou imagem do Autor, uma vez que apenas informam ao público fatos que ocorreram na execução do cargo do vereador.

Alega a Reclamada que apenas retratou fatos que existiram, juntado aos autos vídeo com a afirmação do Autor acerca da câmara de vereadores, seqüencial 19, e que fora posteriormente relatada em seu jornal.

As noticiais vincularam-se ao cargo em que o Reclamante exerce, e não a sua pessoa em si, retratando apenas, fatos discutidos e reproduzidos em redes sociais.

Não vislumbra-se, portanto, qualquer lesão a imagem ou honra do Reclamante, passível de reparação financeira, uma vez que a Reclamada apenas agiu de acordo com o exercício regular do direito de informação, que é dar publicidade e informar ao público acerca dos fatos ocorridos na seara política da cidade e região, auxiliando-o a formar uma opinião crítica.

Neste diapasão, se a matéria jornalística se ateve a tecer críticas prudentes (animus ) ou a narrar fatos de interesse coletivo ( ), está sob o pálio das

criticandi animus narrandi

"excludentes de ilicitude" (art. 27 da Lei nº 5.250/67).

Neste contexto, diante da ausência de conduta ilícita, somada a falta de comprovação dos eventuais prejuízos sofridos a improcedência dos pedidos iniciais é medida que se impõe.

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IV – Dispositivo

Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTES os pedidos formulados por DILTO VITORASSI, nos termos do artigo 487, inciso I, do Novo Código de Processo Civil.

Sem custas, taxas e honorários advocatícios, conforme os artigos 54 e 55, da Lei 9.099/95.

Cumpram-se as disposições do Código de Normas da douta Corregedoria-Geral da Justiça.

Nos termos do art. 40 da Lei 9.099/95, remetam-se os autos ao MM. Juiz de Direito Supervisor deste Juizado Especial Cível.

Prazo recursal: 10 (dez) dias, nos termos do artigo 42, da LJE.

Foz do Iguaçu, 24 de março de 2016.

Aline Aparecida Draszewski Juíza Leiga

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