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A Voz da Consciência - Padre Fraus.pdf

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FRANCISCO FAUS FRANCISCO FAUS

A VOZ DA CONSCIÊNCIA

A VOZ DA CONSCIÊNCIA

QUADRANTE QUADRANTE São Paulo São Paulo 1996 1996

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Copyrigh

Copyright © t © 1996 QUADRANTE, So1996 QUADRANTE, Sociedade de Publiciedade de Publicações Culturaiscações Culturais Capa Capa José C. Prado José C. Prado Ilustração da capa Ilustração da capa Gyrfalcon

Gyrfalcon, de John James Audubon (1780-1851)., de John James Audubon (1780-1851).

The New York Historical Society, New York. The New York Historical Society, New York.

Impressão Impressão Paulus Gráfica Paulus Gráfica

Via Raposo Tavares, km 18,5 - São Paulo - SP Via Raposo Tavares, km 18,5 - São Paulo - SP

Francisco Faus é licenciado em Direito pela Universidade de Barcelona e Doutor em Francisco Faus é licenciado em Direito pela Universidade de Barcelona e Doutor em Direi

Direito to CanônicCanônico pela Universio pela Universidade de dade de São São Tomás de Aquino de RoTomás de Aquino de Roma. Ordenadoma. Ordenado sacerdote em 1955,

sacerdote em 1955, reside em São Paulo, onde reside em São Paulo, onde exerce uma inexerce uma intensa ativitensa atividade de atençãodade de atenção espiri

espiritual entre tual entre estudantes uestudantes uniniversitáriversitários os e proe profifissionaissionais. Autos. Autor de r de divdiversas oersas obras literárias,bras literárias, algumas delas premiadas, já publicou na coleção Temas Cristãos, entre os títulos mais algumas delas premiadas, já publicou na coleção Temas Cristãos, entre os títulos mais recentes,

recentes,O homem bomO homem bom,, Lágrimas d Lágrimas de Cristo, lágre Cristo, lágrimas dos hoimas dos homensmens,, A língua A língua ee A A  paciênc

 paciênciaia..

Distrib

Distribuidor exclusiuidor exclusivo em Porvo em Portugal: REI DOS tugal: REI DOS LIVROS,LIVROS, Rua dos Fanqueiros, 77-79, 1100 – Lisboa

Rua dos Fanqueiros, 77-79, 1100 – Lisboa Todos os direitos reservados a

Todos os direitos reservados a QUADRA

QUADRANTE, NTE, Sociedade de Sociedade de PubliPublicações cações CulturaisCulturais Rua Iperoig, 604 – Tel. 3873-2270 – Fax: 3673-0750 Rua Iperoig, 604 – Tel. 3873-2270 – Fax: 3673-0750

CEP 05016-000 – São Paulo – SP CEP 05016-000 – São Paulo – SP

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A CONSCIÊNCIA QUE JULGA E GUIA A CONSCIÊNCIA QUE JULGA E GUIA

 NOTÍCIAS DE JORNAL  NOTÍCIAS DE JORNAL

Horário de

Horário de almalmoço. oço. No refeitório da empresa, doNo refeitório da empresa, dois colegas comenis colegas comentam as notícias dotam as notícias do  jornal

 jornal do dia:do dia:

 – Você viu aquela brutal

 – Você viu aquela brutalidade, o sujeiidade, o sujeito que to que chacichacinou um monte de mulnou um monte de mulheres eheres e crianças...?

crianças...?

A notícia aparecera no jornal, com chamada na primeira página. Mais um episódio de A notícia aparecera no jornal, com chamada na primeira página. Mais um episódio de uma dessas guerras absurdas que

uma dessas guerras absurdas que nininguém entende, lá num nguém entende, lá num canto do canto do Velho Mundo, que nãoVelho Mundo, que não sabem

sabemos localizar direios localizar direito. to. Tendo que Tendo que evacuar um abrigo de pevacuar um abrigo de prisirisioneiros, devido ao oneiros, devido ao avançoavanço das tro

das tropas inipas inimimigas, e pogas, e porque “faltava condução” – esse foi o rque “faltava condução” – esse foi o motivo alegado –, um capitãomotivo alegado –, um capitão massacrou brutalmen

massacrou brutalmente mais de vinte multe mais de vinte mulheres e crheres e criançaianças presas s presas no abrigo. Depono abrigo. Depois, ois, o homem f

homem foi feito prisioneioi feito prisioneiro, ro, e a e a imimprensa noticiou: “Preso carprensa noticiou: “Preso carrasco de rasco de X”.X”.  – Mas você leu o que ele respondeu a uma jornali

 – Mas você leu o que ele respondeu a uma jornalista?sta?  – Isso não vi.

 – Isso não vi.

 – Pois quando ela lh

 – Pois quando ela lhe perguntou o e perguntou o que sentia depois da chacique sentia depois da chacina, se não sentiana, se não sentia remorsos, o

remorsos, o indiindivíduo respondeu covíduo respondeu com a maior desfaçatez: “Eu recebi ordens m a maior desfaçatez: “Eu recebi ordens e cumpri come cumpri com meu dever; estou

meu dever; estou com a com a consciênconsciência tranqüilcia tranqüila”.a”.  – Que monstruosidade! É a mesm

 – Que monstruosidade! É a mesma desculpa que deram os carrascos nazistas noa desculpa que deram os carrascos nazistas no  processo de

 processo de Nüremberg. Esse canalNüremberg. Esse canalha tem é uma consciha tem é uma consciência podre. Consciênciência podre. Consciência tranqüilaa tranqüila!! Cabeça podre! Tudo podre, ora!

Cabeça podre! Tudo podre, ora! Parece que,

Parece que, com o impacto da notcom o impacto da notíciícia, a palavraa, a palavraconsciênciaconsciência ficou piscando na ficou piscando na

men

mente de te de ambos. O fato é qambos. O fato é que ela veiue ela veio à o à bailbaila, durante a, durante o almoço, mais duas vezes.o almoço, mais duas vezes. A prim

A primeira foi a propósito do eira foi a propósito do flflerte que erte que um outro um outro companheicompanheiro de ro de fábrifábrica, casado,ca, casado, estava tendo

estava tendo com uma funcicom uma funcionária. Um dos doonária. Um dos dois era partidário de is era partidário de falfalar coar com ele,m ele, ami

amigavelmgavelmente, para ente, para tratar tratar de afastá-lo desse de afastá-lo desse mau passo:mau passo:  – Puxa! A fam

 – Puxa! A famílília é umia é uma coisa muia coisa muito séria, e o to séria, e o HipóliHipólito poto pode pôr tde pôr tudo a perderudo a perder. E,. E, depois, tem três

depois, tem três fifilhos...lhos...  – Eu não acho qu

 – Eu não acho que deva interfee deva interferir, não vou falar nada. São coisas muirir, não vou falar nada. São coisas muito íntimato íntimas,s, mui

muito to pessoais. Todo pessoais. Todo o mundo sabe que esto mundo sabe que está brigando com a mulhá brigando com a mulher há mais de dois anos.er há mais de dois anos.  Não vou me meter num assun

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O interlocutor não co

O interlocutor não concordou. ncordou. TinhTinha um conceito diferente dos valores da vida e daa um conceito diferente dos valores da vida e da ajuda

ajudaverdadeiraverdadeira que se deve  que se deve dar a um amigo. Passaram a falar de amenidar a um amigo. Passaram a falar de amenidades, para dades, para evievitartar

discussões, e eis que uma nova

discussões, e eis que uma nova aparição da coaparição da conscinsciência se deu durante ência se deu durante o cafezinho. Tinhamo cafezinho. Tinham voltado a to

voltado a tocar no notcar no noticiiciário do jornal. Desta vez, ário do jornal. Desta vez, comentavam os váricomentavam os vários proos projetos de lei emjetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, uns querendo restringir e outros escancarar as

tramitação no Congresso Nacional, uns querendo restringir e outros escancarar as  possibi

 possibililidades do “aborto dades do “aborto legallegal”. Voltaram a discordar. Um deles, o segundo – que se ”. Voltaram a discordar. Um deles, o segundo – que se dizidiziaa liberal – manifestou-se a favor dos abortistas, e o outro contra. A conversa deixou de ser liberal – manifestou-se a favor dos abortistas, e o outro contra. A conversa deixou de ser calm

calma. No a. No aceso da aceso da discussão, o discussão, o primprimeiro exaltou-se e, eiro exaltou-se e, ultrapassando as mais elemultrapassando as mais elementaresentares fronteiras da delicadeza, espetou ao outro na cara:

fronteiras da delicadeza, espetou ao outro na cara:  – Claro! Você é a favor do

 – Claro! Você é a favor do aborto paborto porque já fez um!orque já fez um! Vermel

Vermelho, fumegante, levantou-se esse da ho, fumegante, levantou-se esse da mesa, enquanto berrava:mesa, enquanto berrava:  – Fizem

 – Fizemos, sim, e daíos, sim, e daí? Não tínham? Não tínhamos a mínios a mínima condima condição de casar agoção de casar agora, nem dera, nem de assumir uma criança. A minha namorada quis, e eu concordei. Você não tem nada a ver com assumir uma criança. A minha namorada quis, e eu concordei. Você não tem nada a ver com isso. É assunto

isso. É assunto meu. Estou comeu. Estou com a consciêncim a consciência tranqüila!a tranqüila!  – Como aquele capitão...

 – Como aquele capitão...

AVALIADOR E GUIA AVALIADOR E GUIA

Deix

Deixemos os emos os dois colegas saindo do rdois colegas saindo do refeiefeitório tório em fúriem fúria e, a e, sem entrarmos porsem entrarmos por enquanto no mérito das suas

enquanto no mérito das suas opiniopiniões, pensemos um pouco ões, pensemos um pouco na conversa que tiveram.na conversa que tiveram. O assunto que, uma e outra vez, veio à tona, era a

O assunto que, uma e outra vez, veio à tona, era a consciênciaconsciência. . PronunciaramPronunciaram

div

diversas vezes esta ersas vezes esta palavra, e os palavra, e os dois a empregaram no mesmo sentido em que dois a empregaram no mesmo sentido em que nós tambémnós também a utili

a utilizamos nas nossas conversas habituaizamos nas nossas conversas habituais. É s. É um fato que toum fato que todos, odos, ou quase tou quase todos, falamosdos, falamos alguma vez da

alguma vez daconsciênciaconsciência, e, ao fazê-lo, subentendemos uma porção de conceitos –, e, ao fazê-lo, subentendemos uma porção de conceitos –

in

incluícluídos na dos na própria idéia de consciênciprópria idéia de consciência –, a –, que agorque agora pode a pode ser muito interessanteser muito interessante considerar.

considerar. Em prim

Em primeiro lugar, todoeiro lugar, todos concordamos em que a s concordamos em que a consciênconsciência é algo de muitocia é algo de muito

 pesso

 pessoalal,,íntimoíntimo, até , até sagrado. Dizemos: “Eu penso assim, é o que sagrado. Dizemos: “Eu penso assim, é o que me diz ame diz aminhaminha

consciência”, “Isto não vou fazer: é contra a

consciência”, “Isto não vou fazer: é contra aminhaminha co conscinsciência”, “Não posso ência”, “Não posso interferiinterferirr

nessa decisão, tenho que respeitar a

nessa decisão, tenho que respeitar asuasua consciênci consciência”, “É a”, “É um assunto muito pessoal, coum assunto muito pessoal, coisa daisa da

consciência

consciência deledele...”...”

Em segundo lugar, as “questões

Em segundo lugar, as “questões de consciêncide consciência” não são a” não são devaneidevaneios sobre os sobre puraspuras teorias, mas são sempre juízos de valor (“Está certo, está errado”) sobre questões

teorias, mas são sempre juízos de valor (“Está certo, está errado”) sobre questões prática práticass,,

referentes ao nosso modo pessoal de comportar-nos, de escolher, de atuar, de decidir, de referentes ao nosso modo pessoal de comportar-nos, de escolher, de atuar, de decidir, de tomar ou não uma atitude, de nos posicionarmos a favor ou contra alguma coisa...; questões tomar ou não uma atitude, de nos posicionarmos a favor ou contra alguma coisa...; questões concretas, que

concretas, que a nossa consciência nossa consciência deve julgar como boas ou a deve julgar como boas ou más. Quer dizer que, comás. Quer dizer que, como émo é óbvio, não usamos a

óbvio, não usamos a palavra consciênpalavra consciência para nos cia para nos referirmreferirmos a os a idéiidéias vagas, nem a as vagas, nem a atos oatos ouu atitudes sem nenhuma conotação moral. Por exemplo, ninguém diz “A minha consciência me atitudes sem nenhuma conotação moral. Por exemplo, ninguém diz “A minha consciência me impede de aceitar o teorema de Pitágoras”, “O cálculo infinitesimal é contra a minha

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consciência”, como não diz “A minha consciência me obriga a aderir à pintura renascentista consciência”, como não diz “A minha consciência me obriga a aderir à pintura renascentista de preferência à pintura barroca”, ou “A minha consciência me impõe dar dois nós no

de preferência à pintura barroca”, ou “A minha consciência me impõe dar dois nós no cadarço das chuteiras”...

cadarço das chuteiras”...  Nunca fal

 Nunca falamos em consciamos em consciência quanência quando julgamdo julgamos da simplos da simples habies habililidade ou lerdeza, dodade ou lerdeza, do  jei

 jeito oto ou falta de jeiu falta de jeito, num desempenhto, num desempenho meramente técnio meramente técnico ou co ou artístico: niartístico: ninguém achnguém acha que aa que a fal

falta de ta de capacidade criaticapacidade criativa de um pintor cheio de boa vontade, va de um pintor cheio de boa vontade, ou a ou a falfalta de ta de jogo de cinturajogo de cintura de um centro-avante muito esforçado sejam uma questão de consciência. Serão, em todo o de um centro-avante muito esforçado sejam uma questão de consciência. Serão, em todo o caso, uma questão de habilidade, de condições, de preparo físico, ou de QI...

caso, uma questão de habilidade, de condições, de preparo físico, ou de QI... Quando falam

Quando falamos em consciêncios em consciência, poa, portanto, rtanto, sempre nos referimos ao nosso sempre nos referimos ao nosso juíjuízozo sobre a

sobre a qualidade moralqualidade moral de uma determinada ação ou at de uma determinada ação ou atitude: éitude: éboaboa ou ou mámá, é correta ou, é correta ou

incorreta,

incorreta, devedeve ser feita ou ser feita ou não devenão deve ser feita. Esta é outra característica importante, que ser feita. Esta é outra característica importante, que

convém sublinhar. convém sublinhar.

É muito esclarecedor perceber que

É muito esclarecedor perceber que há duas palavras, dois conceitos, que aparecemhá duas palavras, dois conceitos, que aparecem demarcando sempre o terreno próprio da consciência: o

demarcando sempre o terreno próprio da consciência: o BEM  BEM  – e o seu equivalente, o – e o seu equivalente, ocertocerto

 – e o

 – e o DEVER DEVER. Com isso, evidencia-se que a. Com isso, evidencia-se que aconsciênciaconsciência é um é um avaliador avaliador  e um e um guia moralguia moral,,

 pois é justam

 pois é justamente no campo daente no campo damoralmoral (ou da(ou da ética ética) que se colocam as questões do) que se colocam as questões dobembem e do e do mal

mal, do, do certocerto e do e do erradoerrado, do que, do que deve ser feitodeve ser feito e do que e do que deve ser evitadodeve ser evitado. Procuremos não. Procuremos não

 perder de vista estas idéia

 perder de vista estas idéias básicas, que – como víams básicas, que – como víamos – toos – todos nós podos nós possuímssuímos e que oos e que o

Catecismo da Igreja Católica

Catecismo da Igreja Católica expõe com clareza: “Presente no coração da pessoa, a expõe com clareza: “Presente no coração da pessoa, a

consciên

consciência moral icia moral impõe-lhmpõe-lhe, no e, no momenmomento to oportoportuno, fazer uno, fazer o bem e o bem e evievitar tar o mal. Julga,o mal. Julga,  portanto

 portanto, as escolhas concretas, apro, as escolhas concretas, aprovando as boas e denuncianvando as boas e denunciando as más” (n. 1777).do as más” (n. 1777).

TERRITÓRIO DO BEM, CAMPO DO DEVER TERRITÓRIO DO BEM, CAMPO DO DEVER

É, po

É, pois, no território delimis, no território delimitado peloitado pelo bembem e pelo e pelodever dever  que a  que a consciênciconsciência joga o a joga o seuseu

 papel. E qual é esse papel

 papel. E qual é esse papel? A resposta já está impl? A resposta já está implíciícita no que víamos anteriormta no que víamos anteriormente: o papelente: o papel da consciência é

da consciência é julgar  julgar . A nossa consciência é, portanto, o. A nossa consciência é, portanto, o juízo juízosobre o valor moral (asobre o valor moral (a

 bondade ou a maldade) das nossas ações, dos nosso

 bondade ou a maldade) das nossas ações, dos nossos pensamens pensamentos e sentimentos, dastos e sentimentos, das  palav

 palavras que dizemos ou calamras que dizemos ou calamos, das atitudes que adoos, das atitudes que adotamos na vitamos na vida, das omissões queda, das omissões que admitimos.

admitimos.

É lógico que, sendo

É lógico que, sendo assimassim, dependa da , dependa da nossa consciêncinossa consciência o a o valvalor poor positisitivo ouvo ou

negativo, o acerto ou o desacerto da vida que vamos levando. Não é, por isso, uma questão negativo, o acerto ou o desacerto da vida que vamos levando. Não é, por isso, uma questão que possa ser

que possa ser encarada leviencarada levianamenanamente, pote, pois é fato incontestável que – quer queiramos, queris é fato incontestável que – quer queiramos, quer não – dos juízos da consciência dependem as

não – dos juízos da consciência dependem as decisõesdecisões moraismorais; e as decisões são as que nos; e as decisões são as que nos

levam a definir os

levam a definir osrumosrumos e os e os passos passos que marcam o sentido da vida: uma vida pura, uma que marcam o sentido da vida: uma vida pura, uma

vida depravada; uma vida santa, uma vida arrastada; uma vida útil, uma vida egoísta. Tanto vida depravada; uma vida santa, uma vida arrastada; uma vida útil, uma vida egoísta. Tanto uns como outros – os rumos escolhidos e os passos com que tentamos segui-los – decidem uns como outros – os rumos escolhidos e os passos com que tentamos segui-los – decidem do nível e da qualidade moral da nossa existência. Não há a mínima dúvida de que seguir um do nível e da qualidade moral da nossa existência. Não há a mínima dúvida de que seguir um rumo errado ou, mesmo estando no rumo certo, errar os passos, é a mesma coisa que

rumo errado ou, mesmo estando no rumo certo, errar os passos, é a mesma coisa que estragar a vida.

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Sendo assim, val

Sendo assim, valerá a erá a pena tentarmos nestas pena tentarmos nestas páginpáginas uma reflexão serena e, as uma reflexão serena e, nana medi

medida do da do possívelpossível, prát, prática sobre a ica sobre a consciênconsciência, uma vez que dela depende tcia, uma vez que dela depende tanto.anto. Lemb

Lembrando-nos de rando-nos de que é que é a consciência consciência que a que avaliavalia, com o a, com o seuseu juízo mora juízo morall, as nossas, as nossas

ações, será

ações, será imimportante portante perguntarmo-nos, perguntarmo-nos, em primem primeiro lugar, “Quem é o juiz?eiro lugar, “Quem é o juiz?” Não é ” Não é umauma  pergunta supérflua, como veremos daqui a m

 pergunta supérflua, como veremos daqui a muito pouco.uito pouco. A seguir, e t

A seguir, e tendo em conta endo em conta que é que é imimpossível jpossível julgar sem ter referenciaisulgar sem ter referenciais, padrõ, padrões oues ou normas de julgam

normas de julgamento soento sobre obre o bembem e o e o malmal, deveremos perguntar, deveremos perguntar-nos “Qual é a -nos “Qual é a leilei?” Com?” Com

 base em que l

 base em que lei, norma ou princíei, norma ou princípio, a consciêncipio, a consciência deve jula deve julgar a bondade ou gar a bondade ou malmaldade dasdade das nossas ações?

nossas ações?

Em terceiro lugar, um bom jui

Em terceiro lugar, um bom juiz, além de honesto, deve ser z, além de honesto, deve ser competente e capaz decompetente e capaz de emitir um juízo claro. Por isso, no quarto capítulo desta obra ocupar-nos-emos do bom emitir um juízo claro. Por isso, no quarto capítulo desta obra ocupar-nos-emos do bom desempenho da consciência, examinando as

desempenho da consciência, examinando as qualidadesqualidades necessárias para que a voz da necessárias para que a voz da

consciên

consciência seja umcia seja uma “boa voz”, a “boa voz”, eco daeco da verdadeverdade e doe dobembem: uma voz verdadeira e clara,: uma voz verdadeira e clara,

honesta e firme. honesta e firme.

Este é o plano. Este é o plano.

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QUEM É O JUIZ? QUEM É O JUIZ?

UM INQUÉRITO MUITO ÚTIL UM INQUÉRITO MUITO ÚTIL

Acabamos de ver que a consciência é um

Acabamos de ver que a consciência é um juízo juízo sobre o sobre o valor moralvalor moral da nossa da nossa

conduta. Acabamos também de dizer que co

conduta. Acabamos também de dizer que começarímeçaríamos perguntando: “Quem é o amos perguntando: “Quem é o juijuiz?”z?”

Quem

Quem é que faz esse juízo da consciência?é que faz esse juízo da consciência?

É natural que esta pergunta pareça surrealista e tautológica, pois se subentende que É natural que esta pergunta pareça surrealista e tautológica, pois se subentende que “o juízo da consciênci

“o juízo da consciência é o a é o juíjuízo feito pela cozo feito pela conscinsciência”. É uma pergunta ência”. É uma pergunta que pareceque parece lembrar-nos a frase simplória daquela figura apalermada de um antigo programa de lembrar-nos a frase simplória daquela figura apalermada de um antigo programa de televisão, que repetia a toda a hora: “Inventor é o que inventa”.

televisão, que repetia a toda a hora: “Inventor é o que inventa”.

“A consciência faz o juízo da consciência”. Grande novidade! Se fosse só para dizer “A consciência faz o juízo da consciência”. Grande novidade! Se fosse só para dizer isso, seria mel

isso, seria melhor encerrarhor encerrarmos aqui mesmmos aqui mesmo esto este capítulo e coe capítulo e conceder-lhe o “prêmio aonceder-lhe o “prêmio ao óbvio”. Mas não é. Por tola e desconcertante que pareça a pergunta, é fundamental, e por óbvio”. Mas não é. Por tola e desconcertante que pareça a pergunta, é fundamental, e por isso vamos repeti-la sem constrangimento algum: “No juízo da consciência, quem é o juiz?” isso vamos repeti-la sem constrangimento algum: “No juízo da consciência, quem é o juiz?”

Entrando no miolo do assunto, é preciso reconhecer que nem todos têm a mesma Entrando no miolo do assunto, é preciso reconhecer que nem todos têm a mesma idéi

idéia sobre a a sobre a consciênconsciência, ou seja, nem todos cia, ou seja, nem todos designdesignam por este am por este nome –nome –consciênciaconsciência – o – o

mesmo juiz. Dentro da palavra

mesmo juiz. Dentro da palavra consciênciaconsciência, dentro da toga do juiz, cinco de cada dez, dentro da toga do juiz, cinco de cada dez

 pessoas embutem um

 pessoas embutem um conteúdo diferente. E isto acarretconteúdo diferente. E isto acarreta umas conseqüência umas conseqüências enormes.as enormes. Façamos um teste. Perguntemos a

Façamos um teste. Perguntemos a esmo, a vários transeuntes – esmo, a vários transeuntes – como faz a televisãocomo faz a televisão  –, o que

 –, o que é a consciêncié a consciência. Descontando gaguejos e pigarros embaraçados, proa. Descontando gaguejos e pigarros embaraçados, provavelvavelmentemente ouvirem

ouviremos respoos respostas como stas como as seguintes: “A consciênas seguintes: “A consciência é uma inspicia é uma inspiração ração ininterior, terior, que nosque nos diz o que devemos fazer”, “A consciênci

diz o que devemos fazer”, “A consciência é um sentima é um sentimento fortento forte, que apre, que aprova ou ova ou censura, ecensura, e nos deixa com uma sensação péssima quando nos acusa”,

nos deixa com uma sensação péssima quando nos acusa”, “A consciên“A consciência é a voz cia é a voz de Deus,de Deus, não falh

não falha”, “A consciência”, “A consciência é a coa é a convinvicção que cção que cada um tem sobre o cada um tem sobre o que é certque é certo e o e o que o que éé errado; ela varia conforme as pesso

errado; ela varia conforme as pessoas”, “A consciências”, “A consciência é a é a fidela fidelidade aos valores que idade aos valores que cadacada um escolhe na vi

um escolhe na vida”, “A consciêncida”, “A consciência..., a..., é difíé difícil dicil dizer o zer o que é: que é: é tão é tão pessoal, tão pessoal, tão delidelicada!”...cada!”... Este últim

Este último to tem razão..., em razão..., e, ao e, ao mesmmesmo tempo, o tempo, não a tnão a tem. Com efeiem. Com efeito, to, é difíé difícil cil dizer odizer o que é a co

que é a consciênsciência, e a prova disso são ncia, e a prova disso são as opiniões tão divergentes que há a ras opiniões tão divergentes que há a respeito dela.espeito dela. Mas, se refletirm

Mas, se refletirmos um poucoos um pouco, talvez não nos cust, talvez não nos custe tanto e tanto chegar a uma primeichegar a uma primeira conclusão,ra conclusão, que nos sirva de base para

que nos sirva de base para continuarmcontinuarmos a pensar.os a pensar. Vamos partir, para t

Vamos partir, para tanto, de anto, de três idéias com as quais jtrês idéias com as quais já deparávamos no primeiá deparávamos no primeiroro capítulo. A primeira: dentro do campo moral, a consciência

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consciência é o juiz do

consciência é o juiz do certo certo e do e do erradoerrado, do, dobembeme doe do mal. mal. A terceira: a consciência é umaA terceira: a consciência é uma

voz

vozíntimaíntima, ouve-se dentro de nós., ouve-se dentro de nós.

Muito bem. Acontece, po

Muito bem. Acontece, porém, que o rém, que o nosso íntimnosso íntimo é o é extremamextremamente complexo, e láente complexo, e lá dentro escut

dentro escuta-se uma confusão de vozes a-se uma confusão de vozes que pretendem julque pretendem julgar, ogar, opinar, defipinar, defininir o r o bem e obem e o dever, mandar. Todo

dever, mandar. Todos conhecemos, por exemplo, pessoas que s conhecemos, por exemplo, pessoas que obedecem fiobedecem fielmelmente às vozesente às vozes ouvidas em sonhos (“Esta noite sonhei, e uma voz assustadora

ouvidas em sonhos (“Esta noite sonhei, e uma voz assustadora me mme mandava sair à rua eandava sair à rua e comprar um bil

comprar um bilhete de hete de loteria...”); outrloteria...”); outras obedecem com demasiada freqüências obedecem com demasiada freqüência à a à forte vozforte voz de comando dos caprichos, dos “apetites”, como se se tratasse da voz imperativa da

de comando dos caprichos, dos “apetites”, como se se tratasse da voz imperativa da consciên

consciência (“Mulcia (“Mulher – diz o her – diz o marimarido em pânico –, do em pânico –, não se não se deixe arrastar pelo deixe arrastar pelo apeloapelo

consumista; bem sei que essa roupa é fascinante, mas é muito cara, e não é assim tão bonita; consumista; bem sei que essa roupa é fascinante, mas é muito cara, e não é assim tão bonita;  pense com a cabeça...” E ela: “E você outra

 pense com a cabeça...” E ela: “E você outra vez bebenvez bebendo escondido, hein?... Não, não...do escondido, hein?... Não, não...,, não se justifi

não se justifique, dizendo que que, dizendo que é consciente, queé consciente, que precisa precisa disso por causa da pressão”); outras disso por causa da pressão”); outras

 pessoas são envolvi

 pessoas são envolvidas e obcecadas pelas vozes quentes das paixões e das emoções (“Achoudas e obcecadas pelas vozes quentes das paixões e das emoções (“Achou que

que deviadevia casar com aquele maluco irresponsável, um divorciado; dizia que a consciência casar com aquele maluco irresponsável, um divorciado; dizia que a consciência

era dela e não

era dela e não quis ouvir niquis ouvir ninguém...”).nguém...”).

O JUIZ É IDENTIFICADO O JUIZ É IDENTIFICADO

Sendo tantas

Sendo tantas as vozes, fica em pé a pergunta: “Qual delas é a verdadeira voz daas vozes, fica em pé a pergunta: “Qual delas é a verdadeira voz da consciência?” Isto já está parecendo um romance policial.

consciência?” Isto já está parecendo um romance policial. Desculpe o lei

Desculpe o leitor tor tanta insitanta insistência, mas precistência, mas precisamos voltar ao posamos voltar ao ponto de nto de partida.partida. Acompan

Acompanhe-me, por he-me, por favor. Entre favor. Entre outras outras coisas, dizícoisas, dizíamos acimamos acima que a que a consciência consciência é a é o juizo juiz que

queavalia moralmenteavalia moralmente a nossa co a nossa conduta. Pense: se fôssemos obrigados a nduta. Pense: se fôssemos obrigados a escolher umaescolher uma

 pessoa para que julgasse al

 pessoa para que julgasse algum problemgum problema nosso do a nosso do ponto de vista moral, de modo queponto de vista moral, de modo que  pronunciasse a aval

 pronunciasse a avaliação defiiação definitinitiva – “Você agiu bemva – “Você agiu bem, você agiu mal, você agiu mal” –, que t” –, que tipo de juiipo de juizz  procuraríamos?

 procuraríamos?

Creio que, antes

Creio que, antes de mais nada, quereríamos um juide mais nada, quereríamos um juiz comprovadamente competente ez comprovadamente competente e honesto. Exigirí

honesto. Exigiríamos que conhecesse bem o nosso casoamos que conhecesse bem o nosso caso, e so, e sobretudo que bretudo que tivesse umtivesse uma noçãoa noção certa dos padrões corretos da conduta – do que é

certa dos padrões corretos da conduta – do que éverdadeiroverdadeiro,,certocerto e e bombom – na matéria em – na matéria em

questão. E esperaríamos que, após um estudo sereno e uma ponderação refletida, chegasse a questão. E esperaríamos que, após um estudo sereno e uma ponderação refletida, chegasse a uma conclus

uma conclusão oão objetibjetiva e justa. Tudo va e justa. Tudo isto, logicamisto, logicamente, partindo da ente, partindo da base de que “nós”base de que “nós” fôssemos honestos e

fôssemos honestos e estivéssemestivéssemos desejando um julgamos desejando um julgamento justo, ento justo, ou seja, a ou seja, a verdade.verdade. Se, por acaso, você concorda com o parágrafo anterior, já sabe quem é o juiz. Nem Se, por acaso, você concorda com o parágrafo anterior, já sabe quem é o juiz. Nem  precisarí

 precisaríamos maiamos mais falar. Porque já descobriu que o bom juis falar. Porque já descobriu que o bom juiz interiz interior só or só pode ser apode ser arazãorazão, a, a voz da razão

voz da razão. Se não, veja: todas as qualidades que acabamos de enumerar (conhecer, ter. Se não, veja: todas as qualidades que acabamos de enumerar (conhecer, ter

noções corretas, estudar, entender, ponderar, refletir, avaliar) são próprias do entendimento, noções corretas, estudar, entender, ponderar, refletir, avaliar) são próprias do entendimento, são próprias da razão, e, pelo contrário, não são próprias dos sonhos, nem dos desejos, nem são próprias da razão, e, pelo contrário, não são próprias dos sonhos, nem dos desejos, nem das emoções,

das emoções, nem dos palpites, nem das súbitas innem dos palpites, nem das súbitas inspirações cegas.spirações cegas.  Não é de estr

 Não é de estranhar, depois disto, que oanhar, depois disto, que o Catecismo da Igreja CatólicaCatecismo da Igreja Católica, de harmonia, de harmonia

com os melhores fil

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consciência moral é um

consciência moral é um julgamento d julgamento da razãoa razão pelo qual a pessoa  pelo qual a pessoa humanhumana reconhece aa reconhece a

qualidade moral de um ato concreto que vai planejar, está a ponto de executar ou já qualidade moral de um ato concreto que vai planejar, está a ponto de executar ou já  praticou” (n. 1778).

 praticou” (n. 1778). DefiDefininição concisa e excelenção concisa e excelente.te.  No mesmo senti

 No mesmo sentido, o do, o principrincipal documento da Igreja sobre os fundamentos da moral,pal documento da Igreja sobre os fundamentos da moral, a Encíclica

a Encíclica Veritatis splendor Veritatis splendor  de Jo de João Paulo IIão Paulo II, reafirma essa mes, reafirma essa mesma noção da coma noção da consciênnsciência:cia:

“O juízo da consciência é um juízo prático, um juízo que dita aquilo que o homem deve “O juízo da consciência é um juízo prático, um juízo que dita aquilo que o homem deve fazer ou evitar [..

fazer ou evitar [...]. É .]. É um juíum juízo que zo que apliaplica a uma situação concretca a uma situação concreta aa aconvicção racionalconvicção racional de de

que se deve amar e fazer o

que se deve amar e fazer o bem e evibem e evitar o tar o malmal” (n. 59)” (n. 59)..

Os estudiosos da ciência moral costumam empregar fórmulas breves e análogas a Os estudiosos da ciência moral costumam empregar fórmulas breves e análogas a essas para dizer a mesma coisa: “A consciência é a nossa própria inteligência, que faz um essas para dizer a mesma coisa: “A consciência é a nossa própria inteligência, que faz um  juí

 juízo prátzo prático sobre a bondade ou malíico sobre a bondade ou malícia de um ato”; ou então: “A consciêncicia de um ato”; ou então: “A consciência moral é oa moral é o  juí

 juízo sobre a zo sobre a retidão, sobre a moralidade dos nossos atoretidão, sobre a moralidade dos nossos atos”[NOTA DE RODAPÉ: Vers”[NOTA DE RODAPÉ: Ver Ricardo Sada e Alfonso Monroy,

Ricardo Sada e Alfonso Monroy,Curso de Teologia MoralCurso de Teologia Moral, Rei dos Livros, Lisboa, 1989,, Rei dos Livros, Lisboa, 1989,

 pág. 58, e Ramón García de Haro,

 pág. 58, e Ramón García de Haro, La vita cris La vita cristianatiana, Edizioni A, Edizioni Ares, Milão, 1995, pág. res, Milão, 1995, pág. 338.].338.].

O jui

O juiz, porz, portanto, tanto, é a razãoé a razão, é a , é a intelinteligênigência: é um juicia: é um juiz que pensa, rz que pensa, refleflete, entende,ete, entende,  pondera e conclui, não permi

 pondera e conclui, não permitindo que emoções ou interesses escusos lhe toldem a vtindo que emoções ou interesses escusos lhe toldem a visão ouisão ou lh

lhe deture deturpem as conclusões.pem as conclusões.

É justamente a isto que Cristo se

É justamente a isto que Cristo se referia certa vez, servindo-se de uma comparaçãoreferia certa vez, servindo-se de uma comparação rica de conteúdo:

rica de conteúdo: O olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho for são, todo o teu corpoO olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho for são, todo o teu corpo

[entenda-se, toda a tua vida]

[entenda-se, toda a tua vida] estará iluminado. Mas se o teu olho estiver doente, todo o teuestará iluminado. Mas se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo

corpo [toda a tua vida] [toda a tua vida] estará nas trevasestará nas trevas (Mt 6, 22-23). (Mt 6, 22-23).

Tal como a visão dos o

Tal como a visão dos olhos do rolhos do rosto, sto, também a vitambém a visão dos são dos olhos da alma éolhos da alma é im

importantíssimportantíssima para a para andar bem na vida. Mas essa visão pode andar bem na vida. Mas essa visão pode ser sadia ou ser sadia ou doente, doente, podemospodemos ver bem ou mal

ver bem ou mal, e quanta , e quanta coisa não depende disso! Depende a vida! Há um comentário acoisa não depende disso! Depende a vida! Há um comentário a essas palavras de Cristo, num documento recente de João Paulo II, que é natural que nos essas palavras de Cristo, num documento recente de João Paulo II, que é natural que nos deix

deixe pensativos: “Quando a e pensativos: “Quando a consciênconsciência, esse lumicia, esse luminoso onoso olhar da alma (cf. Mt 6, lhar da alma (cf. Mt 6, 22-23),22-23), chama

chama bem ao malbem ao mal e e mal ao bemmal ao bem (Is 5, 20), est (Is 5, 20), está já no caminá já no caminho da sua ho da sua degeneração maisdegeneração mais

 preocupante e da mais tenebrosa cegueira moral”[NOTA DE RODA

 preocupante e da mais tenebrosa cegueira moral”[NOTA DE RODAPÉ: João PÉ: João Paulo II,Paulo II, Encíclica

Encíclica Evangeliu Evangelium vitaem vitae, n. 24., n. 24.]. Voltaremos a ]. Voltaremos a isso maiisso mais adiante.s adiante.

O LOBO MAU E A TOUCA DA AVÓ O LOBO MAU E A TOUCA DA AVÓ

Quando Chapeuzinh

Quando Chapeuzinho Vermelho entrou na casa o Vermelho entrou na casa da avó e da avó e viu o Lobo Mau metido naviu o Lobo Mau metido na cama, com a touca

cama, com a touca da vovozinha enfda vovozinha enfiada na cabeça, estranhou logo alguns “pormenores”. –iada na cabeça, estranhou logo alguns “pormenores”. – “Vovó, como são grandes as suas orelhas! Vovó, como é grande a sua boca!”

“Vovó, como são grandes as suas orelhas! Vovó, como é grande a sua boca!” Há outr

Há outros lobos que os lobos que têm meltêm melhor forthor fortuna, e – una, e – o que o que é mais ié mais impressimpressionante – queonante – que enganam pess

enganam pessoas muito menos ingênoas muito menos ingênuas do uas do que a meninque a menina do a do conto. conto. Dão o Dão o golpe maigolpe maiss habi

habilmlmente, poente, pois conseguem que achemos noris conseguem que achemos normaimais, cos, corretíssimrretíssimas, as as, as suas orsuas orelhaselhas, a , a sua bocasua boca e os seus

e os seus dentes. Dizemos: – “É assim mdentes. Dizemos: – “É assim mesmo, isto é que esmo, isto é que é o é o certo”, certo”, e caíme caímos na goos na goela doela do ini

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 – Que tem a ver essa história de Chapeuzi

 – Que tem a ver essa história de Chapeuzinho Vermelnho Vermelho e o Loho e o Lobo Mau com asbo Mau com as coisas sérias de que estamos falan

coisas sérias de que estamos falando? Por do? Por acaso isto é acaso isto é uma piada?uma piada?  Não, não é p

 Não, não é piada, e tem miada, e tem muito a ver com o nosso uito a ver com o nosso tema. Vou dizer-lhe por quê.tema. Vou dizer-lhe por quê. Infelizmente, muitíssimas pessoas, demasiadas, se deixam guiar tranqüilamente, dominar Infelizmente, muitíssimas pessoas, demasiadas, se deixam guiar tranqüilamente, dominar voluntari

voluntariamente e orientar damente e orientar docilocilmente por pseudomente por pseudo-consciênci-consciências, por as, por vozes interiores tãovozes interiores tão fal

falsas quanto a sas quanto a do Lobo do Lobo Mau fiMau finginngindo-se de do-se de avó.avó.  – Quer dizer que há “fal

 – Quer dizer que há “falsas consciêncisas consciências”?as”?  – Já o disse. Veja. Uma vez que a consci

 – Já o disse. Veja. Uma vez que a consciência é um ência é um juíjuízo da razão zo da razão baseado nabaseado na verdade e no bem, to

verdade e no bem, todo o do o juljulgamento moral que eligamento moral que elimimine ou suplante a razãone ou suplante a razão, ou , ou que não seque não se  basei

 baseie na verdade e no bem, será false na verdade e no bem, será falso, será uo, será um Lobo com touca de avó. m Lobo com touca de avó. E você nemE você nem im

imagina quantos lobos há. agina quantos lobos há. Nem tente contáNem tente contá-los. Por -los. Por isso, para simplisso, para simplifificar as coisas eicar as coisas e  procurar

 procurar maimaior clareza, vamos classior clareza, vamos classifificar toda car toda essa alcatéiessa alcatéia em dois grupos: o das pessoasa em dois grupos: o das pessoas que, na sua co

que, na sua conduta, se deixam guiar pelnduta, se deixam guiar peloosubjetivismosubjetivismo, e o das pessoas que se deixam, e o das pessoas que se deixam

domi

dominar e nar e conduzir peloconduzir pelogregarismogregarismo..

 – Não entendi direi

 – Não entendi direito essa classifto essa classificação...icação...  – Certo,

 – Certo, precisa ser explprecisa ser explicada. Mas licada. Mas logo voogo você vai vecê vai ver que já a compreendeu muir que já a compreendeu muitoto mel

melhor do hor do que pensa.que pensa.

SUBJETIVISMO: “ACHAR” EM VEZ DE

SUBJETIVISMO: “ACHAR” EM VEZ DE “SABER”“SABER” O

O subjetivismosubjetivismo é muito simples de mostrar e muito perigoso de praticar. Caímos nele é muito simples de mostrar e muito perigoso de praticar. Caímos nele

quando afirmamos que é certo ou errado aquilo que nós

quando afirmamos que é certo ou errado aquilo que nósachamosachamos ou oudesejamosdesejamos que seja que seja

certo ou errado; e não aquilo que a razão descobre, de modo objetivo e honesto – certo ou errado; e não aquilo que a razão descobre, de modo objetivo e honesto – independentemente dos nossos gostos, impressões e desejos –, que é a

independentemente dos nossos gostos, impressões e desejos –, que é averdadeverdade e o e o bembem, que, que

é o

é o dever dever ..

Posso

Posso dizer-lhdizer-lhe que e que já vi o subjetijá vi o subjetivivismo matar. Sim, matar. Não smo matar. Sim, matar. Não era, no era, no caso, caso, umum subjetivismo moral, mas era um subjetivismo.

subjetivismo moral, mas era um subjetivismo.

Faz bastantes anos, conheci um jovem oficial da Aeronáutica. Ele e mais um grupo Faz bastantes anos, conheci um jovem oficial da Aeronáutica. Ele e mais um grupo de companhei

de companheiros ros estavam sendo treinados para estavam sendo treinados para pilpilotar otar os primeios primeiros ros aviaviões de ões de caçacaça supersônicos. Naquela época,

supersônicos. Naquela época, alguns aprimalguns aprimoramentos toramentos técnicos atuais ainda não existiamécnicos atuais ainda não existiam.. Por esse motivo, não era raro que, voando a uma determinada velocidade e altura, o piloto – Por esse motivo, não era raro que, voando a uma determinada velocidade e altura, o piloto – segundo o

segundo o meu amimeu amigo já havia experimgo já havia experimentado entado – começasse a – começasse a achar que estachar que estava fazendo “vôoava fazendo “vôo in

invertido”, ou vertido”, ou seja, que estava voando de seja, que estava voando de cabeça para baixo. O painel do avicabeça para baixo. O painel do avião, coão, com a suam a sua in

infifinita varinita variedade de mostradoedade de mostradores e pores e ponteiros, dava-lhe a posição certa. nteiros, dava-lhe a posição certa. Também Também a tora torre dere de comando confirm

comando confirmava pelo rádio que ava pelo rádio que estava tudo estava tudo bem. Mas ele “sentibem. Mas ele “sentia”,a”,subjetivamentesubjetivamente

“senti

“sentia”, que estava a”, que estava voando com o voando com o aparelho virado. O piloto que desoaparelho virado. O piloto que desobedecesse aos painéibedecesse aos painéiss e ao co

e ao comando e se deixasse domimando e se deixasse dominar por nar por essa imessa impressãopressãosubjetivasubjetiva, invariavelmente acabaria, invariavelmente acabaria

espatifa

espatifado no do no chão, morrerchão, morreria. O meu amigo acabava de perder ia. O meu amigo acabava de perder assimassim, fazia poucos , fazia poucos dias, umdias, um dos seus

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“Ach

“Achar”, o ar”, o ato subjetiviato subjetivista de “achar” que sta de “achar” que tal coisa é boa e certal coisa é boa e certa – ta – mesmmesmo que o que sejaseja com mui

com muito to “boa vontade” –, “boa vontade” –, mas semmas sem pensar  pensar  a sério se  a sério se aquilaquilo é ro é realmealmente oente o bombom e e certocerto, é, é

extremam

extremamente perigoso. ente perigoso. LembLembro-me agoro-me agora de ra de outras outras tragédias lamtragédias lamentáveis, que me relatavaentáveis, que me relatava não há muito um velho caboclo, tragédias que são imagem viva de outras semelhantes na não há muito um velho caboclo, tragédias que são imagem viva de outras semelhantes na vi

vida moral. Falavda moral. Falava-me de que, em outa-me de que, em outras épocas, ras épocas, não era rnão era raro o aro o caso de caso de mães, bonímães, boníssimssimasas mas ign

mas ignorantes, orantes, que, preoque, preocupadas com a cupadas com a forte doforte dor intestinal de um fir intestinal de um filho, “achavamlho, “achavam”, com a”, com a maior das boas vontades, que a solução era o óleo de rícino, um bom purgante.

maior das boas vontades, que a solução era o óleo de rícino, um bom purgante. Infel

Infelizmizmente, quando a ente, quando a dor prdor provinhovinha de uma apendicia de uma apendicite aguda, te aguda, o purgano purgante costte costumava lumava levar oevar o filho à morte.

filho à morte. E as

E as tragédias morais? Simtragédias morais? Sim, as , as tragédias morais. Estou tragédias morais. Estou pensando em muipensando em muitas mães etas mães e  pais – sobretudo dos

 pais – sobretudo dos anos sessenta e pouco anos sessenta e pouco para cá –, para cá –, que, cheios de boa vontade eque, cheios de boa vontade e assustados pelo

assustados pelo terrorterrorismismo de o de certas novas certas novas pedagogias, sociologias e filpedagogias, sociologias e filosofias, “acharam”osofias, “acharam” seu dever ineludível evitar quaisquer “traumas” na educação dos filhos, e julgaram “em seu dever ineludível evitar quaisquer “traumas” na educação dos filhos, e julgaram “em consciência” que seria nocivo incutir-lhes verdades “já prontinhas” e exigir-lhes “bons consciência” que seria nocivo incutir-lhes verdades “já prontinhas” e exigir-lhes “bons comportamentos” não espo

comportamentos” não espontâneos: “Não quero ntâneos: “Não quero que os que os meus fimeus filhos sejlhos sejam educados comoam educados como eu, no

eu, no grito e grito e na cinta”. Os novos na cinta”. Os novos pais-pedagogos, pais-pedagogos, superfisuperficialcialíssiíssimos, deixaram os seusmos, deixaram os seus rebentos selvagem

rebentos selvagemente em bruto. ente em bruto. Não perNão perceberam que ninguém ceberam que ninguém nasce santo, nasce santo, e que e que ninninguémguém é jamais traumatizado nem pela verdade nem pelo bem. Talvez a filosofia em moda lhes é jamais traumatizado nem pela verdade nem pelo bem. Talvez a filosofia em moda lhes dissess

dissesse que e que toda toda a verdade e a verdade e todo todo o bem eram relativos. Por o bem eram relativos. Por isso, nem tiveram as míisso, nem tiveram as mínimnimasas exigências morais que deveriam ter tido – pelo bem dos filhos –, nem se atreveram a exigências morais que deveriam ter tido – pelo bem dos filhos –, nem se atreveram a ensinar-lhes nem a exigir-ensinar-lhes a responsabilidade, a ordem, a disciplina, o autodomínio, as

lhes nem a exigir-lhes a responsabilidade, a ordem, a disciplina, o autodomínio, as virtudesvirtudes,,

em suma, que são

em suma, que são o coo contrapeso ntrapeso imimprescindíprescindível da pedagogia da sadia liberdade e do vel da pedagogia da sadia liberdade e do diáldiálogoogo cordial. Não o

cordial. Não o fifizeram porque zeram porque não pensaram a não pensaram a fundo, improvifundo, improvisaram, lisaram, limimitaram-se a taram-se a “achar”,“achar”, com tintagens intelectuais de

com tintagens intelectuais de Reader's Di Reader's Digest gest . Resultado: em muitos casos, um subproduto. Resultado: em muitos casos, um subproduto

de filhos sem caráter: uns perfeitos egoístas, moles, invertebrados, vulneráveis – sem de filhos sem caráter: uns perfeitos egoístas, moles, invertebrados, vulneráveis – sem nenhum “anticorpo” – às mais aberrantes e destrutivas influências (drogas, vadiagem, nenhum “anticorpo” – às mais aberrantes e destrutivas influências (drogas, vadiagem, men

mentiras e tudo tiras e tudo o mais).o mais).

E pensar que esses meninos e meninas cujos pais achavam que “em consciência” não E pensar que esses meninos e meninas cujos pais achavam que “em consciência” não  podiam “

 podiam “ininflfluenciar” – nem uenciar” – nem em mem matéria reliatéria religiosa nem giosa nem em mem matéria moral (“Que elatéria moral (“Que eles escolhames escolham quando crescerem”, diziam

quando crescerem”, diziam) –, ) –, são osão os que fors que foram maiam mais brutalmente ins brutalmente inflfluenciados por uenciados por todotodoss os cafajestes de rua, pelo pior da mídia e por todos os erros em moda, muitas vezes até à os cafajestes de rua, pelo pior da mídia e por todos os erros em moda, muitas vezes até à destruição física (drogas, Aids) e moral. Mas os pais “achavam”, muito

destruição física (drogas, Aids) e moral. Mas os pais “achavam”, muito subjetivamentesubjetivamente

“achavam”... E arrasaram os filhos com a arma mortífera do subjetivismo. “achavam”... E arrasaram os filhos com a arma mortífera do subjetivismo.

Subjetivismo: confundir lamentavelmente o “eu acho” com o que é “objetivamente Subjetivismo: confundir lamentavelmente o “eu acho” com o que é “objetivamente verdadeiro e bom”. Como dizia alguém, hoje em dia há uma verdadeira epidemia de

verdadeiro e bom”. Como dizia alguém, hoje em dia há uma verdadeira epidemia de

“achismos”. Uns acham normal fumar maconha, outros acham que é a preliminar de jogos “achismos”. Uns acham normal fumar maconha, outros acham que é a preliminar de jogos  bem m

 bem mais pesados e irreversíais pesados e irreversíveis; veis; uns acham uns acham que não há nada de mais em que não há nada de mais em fificar com algunscar com alguns “trocados”

“trocados” da firmda firma (podem ser a (podem ser mimilhlhares), oares), outros utros acham que é um furto nu e cracham que é um furto nu e cru; uns achamu; uns acham ultrapassado o casamento indissol

ultrapassado o casamento indissolúvelúvel, out, outros acham que um amor que não ros acham que um amor que não quer ser quer ser eternoeterno não merece o nome de amor...

não merece o nome de amor... Volta a vigorar o

Volta a vigorar o velhvelho ditado latino:o ditado latino: Tot capita, tot sententiaeTot capita, tot sententiae, “tantas cabeças,, “tantas cabeças,

tantas sentenças”. “A moral – dizem, sem entender nada – é coisa muito subjetiva, muito tantas sentenças”. “A moral – dizem, sem entender nada – é coisa muito subjetiva, muito ín

íntima e particular de cada um”, tima e particular de cada um”, como se cada como se cada coração coração humanhumano devesse ser o devesse ser uma fábriuma fábricaca endoideci

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diari

diariamente mutáveiamente mutáveis, cos, contraditórios e ntraditórios e conflconflitantes entre itantes entre si. Se fosse si. Se fosse assimassim, evapo, evaporar-se-ia darar-se-ia da vida individual e social qualquer vestígio do

vida individual e social qualquer vestígio do bembem e do e do dever dever . As conseqüências negativas. As conseqüências negativas

dessa pulverização subjetivista da moral, bem visíveis para quem tem olhos na cara, estão a dessa pulverização subjetivista da moral, bem visíveis para quem tem olhos na cara, estão a gritar-nos que o

gritar-nos que o homem precihomem precisa, precisa sempre, precisa hoje maisa, precisa sempre, precisa hoje mais do s do que nunca, deque nunca, de reencontrar

reencontrar o bemo bem, de achar, de achara verdadea verdade, e não dos “achismos” com touca de avó., e não dos “achismos” com touca de avó.

SUBJETIVISMO: DESEJOS QUE SE FINGEM RAZÕES SUBJETIVISMO: DESEJOS QUE SE FINGEM RAZÕES

Dentro da

Dentro da epidemepidemia do subjetiviia do subjetivismo, a forma mais perigosa dessa dosmo, a forma mais perigosa dessa doença não é ença não é a quea que acabam

acabamos de os de ver, a ver, a dos que dos que se limse limitam superfiitam superficialcialmente a “achar”. Muito piores mente a “achar”. Muito piores são osão os ques que  jul

 julgam agigam agir baseados em “razões profundas” que, na realidade, outra coisa não são qr baseados em “razões profundas” que, na realidade, outra coisa não são que osue os seus

seusdesejosdesejos e e interessesinteresses egoístas,  egoístas, enfeienfeitados tados com óculos intelectuaicom óculos intelectuais e ts e travestidos deravestidos de razões

razões..

 Não dizem f

 Não dizem fazer as coisas porque “gostazer as coisas porque “gostam”, “senam”, “sentem” ou “têm vontade”, porquetem” ou “têm vontade”, porque isso lh

isso lhes parece infanties parece infantil. O que querem é justifil. O que querem é justificar os car os seus gostoseus gostos e apetências – que s e apetências – que são asão a única força que os move a fazer tudo –, cobrindo-os com indumentária de “razões” e dando única força que os move a fazer tudo –, cobrindo-os com indumentária de “razões” e dando aos seus apelos o

aos seus apelos o nome respeitável nome respeitável de “consciêncide “consciência”[NOTA DE RODAPÉ: Soa”[NOTA DE RODAPÉ: Sobre o bre o papelpapel dos sentimentos, ver o

dos sentimentos, ver o excelexcelente ensaio de Luiz Fernando Cintra,ente ensaio de Luiz Fernando Cintra,O sentimentalismoO sentimentalismo,,

Quadrante, São Paulo, 1994.]. Quadrante, São Paulo, 1994.].

Estamos aqui perante um dos mais ladi

Estamos aqui perante um dos mais ladinos lobos com cara de nos lobos com cara de avó, poravó, porque essaque essa  pseudoconsciênci

 pseudoconsciência que exibe ares de honestidade e sapia que exibe ares de honestidade e sapiência, no funência, no fundo – e do – e na superfína superfície – écie – é totalmente hipócrita.

totalmente hipócrita.

 No começo destas páginas, púnhamos em f

 No começo destas páginas, púnhamos em foco um espécime característioco um espécime característico dessaco dessa raça: o

raça: o rapaz que rapaz que insinstigou a tigou a namorada a abortnamorada a abortar e ar e precisava de algum álprecisava de algum álibi ibi para se para se justijustifificar.car. Um autêntico especial

Um autêntico especialista em forjar as “razões ista em forjar as “razões sem razão” de sem razão” de que falava o Beato que falava o Beato JosemaríJosemaríaa Escrivá[NOTA DE RODAPÉ:

Escrivá[NOTA DE RODAPÉ: CaminhoCaminho, 8ª ed., Quadrante, São Paulo, 1995, n. 21.]., 8ª ed., Quadrante, São Paulo, 1995, n. 21.].

Razões-desculpas (“Af

Razões-desculpas (“Afininal, fial, fiz o z o que era cerque era certo”, to”, “Aqui“Aquilo não tinha outra saída”) para lo não tinha outra saída”) para osos erros

erros e oe os crimes mais crimes mais indisfs indisfarçáveis. Bela moral, bela consciênarçáveis. Bela moral, bela consciência, cortcia, cortada e ada e costurada costurada “sob“sob medida” para tranqüilizar a alma.

medida” para tranqüilizar a alma. Pelo mesm

Pelo mesmo motivo atrás o motivo atrás comentado – pocomentado – por só r só vivviver pensando em satisfazerer pensando em satisfazerdesejosdesejos

e, portanto, em usufruir prazeres –, é que vicejam infinitos “desejismos” (desculpem o e, portanto, em usufruir prazeres –, é que vicejam infinitos “desejismos” (desculpem o neologi

neologismo), egoístas da smo), egoístas da cabeça aos cabeça aos pés, com sisuda cara pés, com sisuda cara de “consciêncide “consciência”. Basta a”. Basta pensar empensar em matérias como a moral conjugal (“Sinto que é um dever de consciência não pôr mais filhos matérias como a moral conjugal (“Sinto que é um dever de consciência não pôr mais filhos neste mundo em crise, superpovoado”

neste mundo em crise, superpovoado” – diz o co– diz o comodista; “modista; “Não me pesa na coNão me pesa na conscinsciênciaência andar com out

andar com outras mulheres quando viajras mulheres quando viajo a o a serviço, porque serviço, porque a minha minhaaopção fundamentalopção fundamental – –

assim ouvi dizer a um teólogo – continua a ser pela minha mulher”); ou em questões assim ouvi dizer a um teólogo – continua a ser pela minha mulher”); ou em questões  profissi

 profissionais (“É lonais (“É lógico carregar nas proógico carregar nas propinas npinas na lia licitação; senão, o outcitação; senão, o outro leva”); ou emro leva”); ou em matérias religiosas (“Eu rezo em casa, não sinto nenhum dever de ir à Missa aos domingos”; matérias religiosas (“Eu rezo em casa, não sinto nenhum dever de ir à Missa aos domingos”; “É besteira esse negócio de ter que se confessar com um padre, porque eu sou maduro e “É besteira esse negócio de ter que se confessar com um padre, porque eu sou maduro e consciente e me entendo diretamente com Deus”), etc. etc.

(13)

Já reparo

Já reparou cou com que som que solenilenidade podade pontifntificam esses “micam esses “moralistas dos oralistas dos desejos”?[NOTAdesejos”?[NOTA DE RODAPÉ: É evidente que não

DE RODAPÉ: É evidente que não se enquadram entre os “moralistas dos desejos” aquelesse enquadram entre os “moralistas dos desejos” aqueles homens e mul

homens e mulheres bons que, prheres bons que, procurando ser ocurando ser leaileais a Deus e s a Deus e à sua consciência, foram noà sua consciência, foram no entanto vítimas involuntárias de um drama familiar: por exemplo, foram abandonados pelo entanto vítimas involuntárias de um drama familiar: por exemplo, foram abandonados pelo mari

marido odo ou pela mulhu pela mulher. Não er. Não raro, raro, a fraqueza e a fraqueza e uma expluma explicável icável desorientação os desorientação os levaleva, nesses, nesses casos, a contrair uma nova união que não pode ser abençoada por Deus nem pela Igreja. casos, a contrair uma nova união que não pode ser abençoada por Deus nem pela Igreja. Certamente seria um erro

Certamente seria um erro justijustifificar cocar como “bom”, devido às dolorosas mo “bom”, devido às dolorosas circunstâncicircunstâncias, o as, o queque objetivamente não é bom. Mas maior erro ainda seria “desclassificar” essas pessoas, muitas objetivamente não é bom. Mas maior erro ainda seria “desclassificar” essas pessoas, muitas vezes boníssimas e dotadas de uma fé sincera, e excluí-las do convívio cristão. Bem clara é a vezes boníssimas e dotadas de uma fé sincera, e excluí-las do convívio cristão. Bem clara é a este respeito a orientação da Igreja: ainda que, devido à sua situação, não possam receber os este respeito a orientação da Igreja: ainda que, devido à sua situação, não possam receber os sacramentos da Confissão e da

sacramentos da Confissão e da Comunhão, devem ser acolhidos na Igreja com imensComunhão, devem ser acolhidos na Igreja com imenso afetoo afeto e compreensão e “exortado

e compreensão e “exortados a os a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar uvir a Palavra de Deus, a freqüentar o sacrifío sacrifício da Missa, acio da Missa, a  perseverar na oração,

 perseverar na oração, a increma incrementar as obras de carentar as obras de caridade e as inidade e as iniciiciativas da comuniativas da comunidade emdade em favor da justiça, a educar o

favor da justiça, a educar os fils filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as hos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência,obras de penitência,  para assim

 para assim imimplorar, dia a dia, a graça de Deus” (plorar, dia a dia, a graça de Deus” (Catecismo da Igreja CatólicaCatecismo da Igreja Católica, n. 1651).], n. 1651).]

 Nin

 Ninguém exiguém exibe maibe maior panca de “cultura” nem maior panca de “cultura” nem maior ar or ar de “personalide “personalidade”. Você não dade”. Você não viuviu nunca os sorrisos indulgentes desses “escl

nunca os sorrisos indulgentes desses “esclarecidos” hipócritas, perante os coarecidos” hipócritas, perante os coitados queitados que “ainda” pensam de maneira diferente da deles? Sim, ninguém fala com mais despótico “ainda” pensam de maneira diferente da deles? Sim, ninguém fala com mais despótico dogmatism

dogmatismo sobre o sobre as questões as questões morais de atualimorais de atualidade (divórcio, abortodade (divórcio, aborto, vasectomia,, vasectomia, homossexual

homossexualismismo) o) do que do que esses “amadureciesses “amadurecidos” que dos” que têm as suas ptêm as suas posições de coosições de conscinsciênciênciaa tão “bem definidas”. Analise, porém, esses juízos da “consciência” (eles a invocam sempre), tão “bem definidas”. Analise, porém, esses juízos da “consciência” (eles a invocam sempre), e infal

e infalivelivelmente verá o mente verá o que escoque escondem: desejndem: desejos, os, só desejos, só desejos, puros puros desejos; desejosdesejos; desejos mesqui

mesquinhos, desejos egoístas, nhos, desejos egoístas, desejos hedonistas, desejos comodistas... Esses desejos hedonistas, desejos comodistas... Esses grandesgrandes ouvidores da

ouvidores da vozvoz da consciência amadurecidada consciência amadurecida têm um pequeno defeito no ouvido: só entra têm um pequeno defeito no ouvido: só entra

nele o que o seu apetite deixa entrar. nele o que o seu apetite deixa entrar.

Sempre me chamaram a atenção, e me fizeram sentir um friozinho na espinha, as Sempre me chamaram a atenção, e me fizeram sentir um friozinho na espinha, as  palav

 palavras com que São Pras com que São Paulo descreve o castigo que Deus faz recair, já neste mundo, sobreaulo descreve o castigo que Deus faz recair, já neste mundo, sobre os que,

os que, domindominados pelos ados pelos seus desejos, afogam a voz seus desejos, afogam a voz da consciêncida consciência:a:Por isso, Deus osPor isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações [...]. Trocaram a verdade de Deus pela mentira entregou aos desejos dos seus corações [...]. Trocaram a verdade de Deus pela mentira

(Rom 1, 24).

(Rom 1, 24). Entregar o Entregar o homem aos seus desejos é a mesma coisa que condená-lo em vihomem aos seus desejos é a mesma coisa que condená-lo em vida:da: condená-lo à inautenticidade e, por isso, à autodestruição.

condená-lo à inautenticidade e, por isso, à autodestruição. O subjetiv

O subjetivismismo é o é nefasto. É nefasto. É um engano radical. Todos um engano radical. Todos o intuímo intuímos, mesmo quandoos, mesmo quando não o queremos reconhecer. É curioso pensar como é que as histórias em quadrinhos e os não o queremos reconhecer. É curioso pensar como é que as histórias em quadrinhos e os desenhos animados representam plasticamente a voz da consciência. Ela vem simbolizada desenhos animados representam plasticamente a voz da consciência. Ela vem simbolizada sempre por um “outro”, não pelo “eu egoísta” que encarna os desejos maus do protagonista. sempre por um “outro”, não pelo “eu egoísta” que encarna os desejos maus do protagonista. E to

E todos achamos natural a coisa. Ora dos achamos natural a coisa. Ora é o Gré o Grililo Falante de Pinóquio; ora o o Falante de Pinóquio; ora o AnjiAnjinho na orelhanho na orelha direi

direita de ta de Tom ou de Tom ou de Jerry; ora o Jerry; ora o tigre de Calvitigre de Calvin, Haroldo. Não n, Haroldo. Não lhe parece sugestivo isto? Alhe parece sugestivo isto? A mim, parece-me uma maneira bem expressiva de fazer ver que a consciência não é a voz do mim, parece-me uma maneira bem expressiva de fazer ver que a consciência não é a voz do nosso “eu” – enquanto personagem comodista, orgulhoso, guloso ou irritado, que só quer nosso “eu” – enquanto personagem comodista, orgulhoso, guloso ou irritado, que só quer saber do que lhe dá satisfação –; é a voz do “outro”, do simpático embaixador da verdade e saber do que lhe dá satisfação –; é a voz do “outro”, do simpático embaixador da verdade e do bem, daquele que não tem outro remédio senão contradizer-nos, senão refrear-nos muitas do bem, daquele que não tem outro remédio senão contradizer-nos, senão refrear-nos muitas vezes, senão sussurrar-nos o que o nosso “eu” malandro nunca diria a si mesmo (porque não vezes, senão sussurrar-nos o que o nosso “eu” malandro nunca diria a si mesmo (porque não gosta de

gosta de o ouvir), mas que é o ouvir), mas que é o certo certo. Eo. Eis aí um is aí um simsimbolibolismo que, sem dúvida, também smo que, sem dúvida, também dá quedá que  pensar.

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GREGARISMO: O BERRANTE E

GREGARISMO: O BERRANTE E A BOIADAA BOIADA Passemos agora

Passemos agora a falar dos qa falar dos que se deixam domiue se deixam dominar pelonar pelogregarismogregarismo. O boi – como a. O boi – como a

ovelha e o carneiro – é

ovelha e o carneiro – é um anium animal gregárimal gregário, anda em manada. Certamente todoo, anda em manada. Certamente todos nós jás nós já vimos, pelo menos na televisão, o espetáculo de uma imensa boiada – um sem-fim de vacas, vimos, pelo menos na televisão, o espetáculo de uma imensa boiada – um sem-fim de vacas,  bois e novi

 bois e novilhlhos – atos – atravessando as vastidões sertanejas do Mato Grosso, ravessando as vastidões sertanejas do Mato Grosso, MinMinas ou Goas ou Goiás.iás. Vaqueiros montados em cavali

Vaqueiros montados em cavalinhos ágeis, a pele requeimada, o nhos ágeis, a pele requeimada, o chapéu enterrado chapéu enterrado atéaté os olhos, vão tangendo o gado. Na frente, um deles – o

os olhos, vão tangendo o gado. Na frente, um deles – o ponteiro ponteiro – carrega o – carrega oberranteberrante, a, a

 buzi

 buzina de chifna de chifre longo e retore longo e retorcido, que é o rcido, que é o clariclarim do boiadeim do boiadeiro. Quando ro. Quando o leva aos lábio leva aos lábios eos e arranca dele, no sopro, o som rouco e lamentoso, a boiada inteira movimenta-se atrás, arranca dele, no sopro, o som rouco e lamentoso, a boiada inteira movimenta-se atrás, compacta, como

compacta, como um mar ondulante de lombos e chifres.um mar ondulante de lombos e chifres.

Há muitos homens e mulheres que têm alma de boi e sonhos de boiada. Há Há muitos homens e mulheres que têm alma de boi e sonhos de boiada. Há verdadeiras mul

verdadeiras multidões que não tidões que não seguem a voz seguem a voz da consciêncida consciência – a – essa voz essa voz sinsincera docera do entendi

entendimento que promento que procura conhecer a cura conhecer a verdade e o verdade e o bem –, mas obedecem cegambem –, mas obedecem cegamente ao ente ao somsom do berrante

do berrante que, no momento, buzina maique, no momento, buzina mais alto. E, s alto. E, assimassim, em vez de irem atrás do , em vez de irem atrás do que éque é  bom e do que é ret

 bom e do que é reto, vão ato, vão atrás da moda, da mentalirás da moda, da mentalidade “atualidade “atualizada”, do que zada”, do que “todo-“todo-o- o-mundo” (essa centopéia voraz) pensa, diz ou faz.

mundo” (essa centopéia voraz) pensa, diz ou faz. Um

Um primeir primeiro grupo de gro grupo de gregáriosegários é co é constituínstituído pelas pessoas do pelas pessoas sem formação, semsem formação, sem

caráter o

caráter ou sem nenhumu sem nenhuma das duas coa das duas coisas; pelisas; pelos que os que – em vez de seguirem as chama– em vez de seguirem as chamadas dadas da verdade e do

verdade e do bem – seguem a correnteza do bem – seguem a correnteza do mundo, da mesmmundo, da mesma forma que uma lata vazia oua forma que uma lata vazia ou uma tábua de caixote

uma tábua de caixote se deixam lse deixam levar pela correnteza evar pela correnteza do rdo rio. Sucumbem ao ambiio. Sucumbem ao ambiente,ente, deix

deixam-se arrastar am-se arrastar pela maipela maioria, aderem ao oria, aderem ao que a que a propaganda exalta e propaganda exalta e evievitam,tam, envergonhados, o que

envergonhados, o que a televia televisão ou são ou o semanário em mo semanário em moda ridiculoda ridicularizamarizam. Têm horro. Têm horror de serr de ser dif

diferentes, ultrapassados e erentes, ultrapassados e obsoletos. Parobsoletos. Para estar a estar “em di“em dia” são a” são capazes das maiores traições acapazes das maiores traições a si mesmos, aos outros e a Deus.

si mesmos, aos outros e a Deus. É assim que procede o

É assim que procede o empresário que esgana o empregado empresário que esgana o empregado com saláricom salários de os de fome efome e horários desorbitados –

horários desorbitados – sem que a empresa se encontre em emergência de visem que a empresa se encontre em emergência de vida ou da ou morte –,morte –,  porque “assim f

 porque “assim fazem todos”; e assim “azem todos”; e assim “tira vantagem”, concultira vantagem”, conculcando a razão cando a razão e a justiça, sob oe a justiça, sob o  pretexto de

 pretexto de que é preciso enxugar despesas com a folha de pagamque é preciso enxugar despesas com a folha de pagamentos e coentos e colablaborar noorar no combate à inf

combate à inflação. Na realidade, é o empresário egoísta, voltado lação. Na realidade, é o empresário egoísta, voltado totalmente para o totalmente para o lucro elucro e virado totalmente de costas para o homem. O berrante toca esse som, e ele vai por aí. virado totalmente de costas para o homem. O berrante toca esse som, e ele vai por aí.

 – “Fumar m

 – “Fumar maconha, o que taconha, o que tem de errado?” – Assim em de errado?” – Assim se engana o adolescente, quese engana o adolescente, que  jam

 jamais teria entrado no círculo das drogas se não tais teria entrado no círculo das drogas se não temesse as zombemesse as zombarias dos colegas e amiarias dos colegas e amigosgos  pelo seu “atraso” e o

 pelo seu “atraso” e o seu “puritaniseu “puritanismo”. Não importa que a consciêncismo”. Não importa que a consciência o avise – com aa o avise – com a clareza da razão que

clareza da razão que juljulga direito – de ga direito – de que aquilo pode precipitá-lo num poço cada vez maisque aquilo pode precipitá-lo num poço cada vez mais fundo, e que está a colaborar com a roda-viva assassina do tráfico. O berrante convoca para fundo, e que está a colaborar com a roda-viva assassina do tráfico. O berrante convoca para a “viagem”, e lá vai o boi.

a “viagem”, e lá vai o boi.

Parecida é a reação da menina de colégio que, lá no íntimo, acalenta ideais de amor Parecida é a reação da menina de colégio que, lá no íntimo, acalenta ideais de amor verdadeiro e de alegria familiar, mas não vai a uma festinha sem “ficar” com o primeiro verdadeiro e de alegria familiar, mas não vai a uma festinha sem “ficar” com o primeiro

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