22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina
VI-086- CONCEPÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS EDUCANDOS DA ESCOLA LAFAYETE CAVALCANTI, EM CAMPINA GRANDE/PB
Alana Maria Soares da Silva (1)
Bióloga pela Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
Monica Maria Pereira da Silva
Bióloga pela UEPB; Especialista em Educação Ambiental/UEPB; Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo PRODEMA/UFPB/UEPB; professora da UEPB/CCBS/DFB-NEEA
(1) ) Rua Maria Barbosa de Albuquerque, 690 – Bodocongó II, Campina Grande-PB. CEP-58108320. Tel: (83) 333-1436.
Email: monicaea@terra.com.br
RESUMO
Educação Ambiental as mudanças na percepção foram observadas. Atualmente, para os educandos os resíduos sólidos podem ser reciclados, reaproveitados. Quanto à
compostagem, observamos que São diversas as formas que o ser humano encontrou para destruir o seu próprio ambiente. Dentre elas, a grande quantidade de resíduos sólidos que cada vez tende a aumentar sem gerenciamento adequado. Esse aumento tem como causas o crescimento populacional e industrial, consumo humano e falta de Educação Ambiental, causando assim, doenças, poluição e degradação dos recursos naturais. Porém, o
gerenciamento adequado dos resíduos sólidos pode representar redução do uso dos recursos naturais, redução do consumo de energia, fonte de renda e produção de adubo
(compostagem). o objetivo do presente trabalho foi verificar a concepção de resíduos sólidos dos educandos da Escola Lafayete Cavalcanti, em Campina Grande/PB e a partir desta concepção contribuir para o processo sensibilização, visando possibilitar a
trabalho representou uma pesquisa participante realizada no período de agosto de 2001 a dezembro de 2002, na Escola Municipal Lafayete Cavalcanti, localizada no Conjunto Álvaro Gaudêncio, no município de Campina Grande/PB. Para coleta de dados e
sensibilização foram utilizados os seguintes instrumentos: músicas, apresentação de vídeo, estórias, teatro, desenhos, frases e apresentação de cartazes. Os dados referentes a resíduos sólidos mostram que na percepção dos educandos, o "lixo" é algo imprestável, que causa doenças, mau cheiro e poluição. Através da sua implantação é viável, inclusive sendo indicada pelos educandos como alternativa para reaproveitar o lixo, podendo ser utilizada como laboratório vivo para os educandos. A separação dos resíduos sólidos e adequada utilização, contribuirão para manter a escola limpa, reduzirá a quantidade de resíduos que chegariam ao lixão da cidade e a compostagem e horta escolar serão importantes
laboratórios de estudo, transformando a visão dos educandos quanto a questão dos resíduos sólidos. A compostagem é uma forma de atenuar a problemática dos resíduos sólidos, dando um destino útil aos resíduos orgânicos. Para que o trabalho continue na Escola Lafayete Cavalcanti é necessário uma participação maior das educadoras. portanto investir em estratégias para haver maior sensibilização. Isto é necessário, para que Educação Ambiental não venha a ser trabalhada apenas quando da presença de pesquisadores ou em datas comemorativas, mas venha a ser incluída em todos conteúdos e disciplinas de forma permanente.
PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade, Educação Ambiental e Sensibilização
1.0. INTRODUÇÃO
Diante do consumo exagerado dos recursos naturais pelos seres humanos, visando uma "melhor qualidade de vida", podemos observar algumas conseqüências para o meio
ambiente, tais como: escassez de água, aquecimento global, secas, derretimento de geleiras, crescente acúmulo de resíduos sólidos, perda da biodiversidade, desigualdade social, dentre outras.
A humanidade utiliza os recursos naturais como se fossem inesgotáveis, imaginando que com o avanço tecnológico ficamos independentes da natureza. A esse respeito Odum (1998) afirma que devido aos avanços tecnológicos, parece que dependemos menos do ambiente natural para suprir nossas necessidades diárias, esquecemos que nossa
dependência continua.
As causas principais do acúmulo dos resíduos sólidos são: consumo exagerado, o
desenvolvimento industrial, crescimento populacional, a falta de educação voltada para o meio ambiente, a concepção inadequada e a falta de gerenciamento.
O termo re síduo sólido é difícil de ser conceituado, pois o que significa sujeira e doença para algumas pessoas, para outras é uma questão de sobrevivência, assim como afirma Flor (2000) o ser humano na realidade não sabe o valor desses resíduos sólidos descartados.
Os resíduos sólidos são resultantes das atividades humanas e em sua maioria pode ser reciclado gerando entre outros benefícios, proteção à saúde pública, economia de energia e de recursos naturais.
Segundo Angeli (2001), não basta jogar lixo no lixo, lixão, aterro sanitário ou que nome venha a ser dado a estes locais. O lixo precisa, ser reciclado, e muito bem reciclado, para não se retirar dele só algumas coisas imediatamente reaproveitáveis, varrendo-se o resto para debaixo do tapete da natureza".
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10.004 (BRASIL, 1995) lixo são os resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição. Nunesmaia (1997) concebe resíduos sólidos enquanto detritos de natureza orgânica, inorgânica ou patogênica e que em geral são associados a coisas que não prestam, a coisas inúteis, velhas, sem valor e que se jogam fora, mas que na realidade são reaproveitadas e/ou reciclados.
Na realidade, a concepção predominante de resíduos sólidos é que estes não têm mais utilidade, e portanto devem ser descartados, não importando as conseqüências. Inclusive não é feita relação entre os resíduos sólidos gerados e os recursos naturais. No entanto, sabemos que os resíduos sólidos quando não recebem acondicionamento e destino
adequados ocasionam vários impactos ambientais, sociais, ecológicos, econômicos e éticos. Na compreensão de Barbosa (2001) com a mesma insolência de quem joga uma casca de banana ou uma lata de refrigerante pela janela do carro pensando que está se livrando da sujeira, a humanidade despeja na natureza todos os anos 30 bilhões de toneladas de lixo. Quem mais sofre com a poluição são os recursos hídricos.
Logo, o objetivo do presente trabalho foi verificar a concepção de resíduos sólidos dos educandos da Escola Lafayete Cavalcanti, em Campina Grande/PB e a partir desta
concepção contribuir para o processo sensibilização, visando possibilitar a implantação da coleta seletiva na escola, assim como o processo de compostagem.
2.0. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado de acordo com Thiollent (1998) e Pedrini (1997), através de uma pesquisa participativa no período de agosto de 2001 a dezembro de 2002, na Escola
Municipal Lafayete Cavalcante, localizada no Conjunto Álvaro Gaudêncio, Malvinas, no município de Campina Grande/PB.
A cidade de Campina Grande está situada a 120Km da capital do Estado da Paraíba, João Pessoa, na Serra da Borborema. Sua pop ulação corresponde a trezentos e quarenta mil habitantes.
O bairro das Malvinas apresenta uma população de 40 mil habitantes, contando com apenas duas escolas municipais.
A Escola Municipal Lafayete Cavalcanti apresenta em sua estrutura física dez salas de aula, cantina, secretaria, sala de vídeo, sala de professores, banheiros, jardim e ampla área de recreação. No momento da realização desse trabalho, o quadro de funcionários da escola apresentava, 19 educadoras, cerca de 12 funcionários e um total de 528 educandos nos turnos manhã e tarde.
A escolha dessa unidade escolar para a realização desse trabalho foi em decorrência de vários trabalhos já realizados: Flor (2000); Leôncio e Genuíno e Silva (2000, 2001) e Araújo (2002) e outros que estão sendo realizados Aurino e Aurino e Silva (2003), Genuíno e Leôncio (2003).
Para haver construção e reconstrução do conhecimento é preciso a realização de pesquisa. Segundo Silva (2000) através das pesquisas os conhecimentos são construídos e
reconstruídos. Alguns permitem melhores condições de vida, outros porém, favorecem cada vez mais as injustiças sociais.
Para realização da pesquisa é necessário que o pesquisador apresente algumas qualidades: conhecimento e gosto pelo assunto, curiosidade, criatividade, dinamismo, perseverança, paciência.
O presente trabalho representa de acordo com Thiollent (1998) e Pedrini (1997) uma pesquisa participante , onde são estabelecidas relações comunicativas com pessoas ou grupo da situação investigada com o intuito de serem melhor aceitos, enquanto desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e nas ações desencadeadas.
Para alguns autores a pesquisa participante transforma-se em pesquisa ação. Assim como afirma Silva (2000) quase sempre a pesquisa ação compreende uma pesquisa participante que se transformou em pesquisa ação, isto é, o trabalho é tão intenso que as pessoas envolvidas continuam agindo, tomam atitudes, quando sai o pesquisador".
Para obtenção dos dados, realizamos vários encontros semanais e utilizamos várias estratégias, dentre as quais: músicas, matriz, teatro, estórias infantis, cartazes, desenhos, frases, observação participante, concurso de slogan e experimentação com compostagem. No decorrer do desenvolvimento deste trabalho analisamos, os dados de forma qualitativa e quantitativa, compreendendo assim a triangulação sugerida por Sato (1997) e Thiollent (1998) onde afirmam que através da triangulação é possível que os dados sejam
quantificados e descritos.
3.1. Concepção de resíduos sólidos dos educandos
Os dados coletados referentes a resíduos sólidos revelaram que na concepção dos
educandos, o "lixo" é algo imprestável, que causa doenças, mau cheiro, poluição. Na figura 1 são apresentadas as concepções de resíduos dos educandos.
FIGURA 1: Concepção dos educandos referente a resíduos sólidos.
Estes conceitos ao longo do processo de sensibilização foram reconstruídos e as mudanças foram observadas. Atualmente, para os educandos, os resíduos sólidos podem ser
reciclados, reaproveitados, produzir adubo (compostagem).
Podemos observar que Educação Ambiental é um instrumento de mudança, levando seres humanos a ampliar e modificar percepção, buscar soluções para os problemas e observar o meio ambiente de forma diferente.
A Figura 2 demonstra as mudanças de concepção dos educandos sobre resíduos sólidos, no decorrer do processo de sensibilização.
FIGURA 2 – Concepção dos educandos sobre resíduos sólidos no decorrer do processo de sensibilização
Estes apresentados confirmam os trabalhos realizados por Araújo e Silva (2002), Cabral e Silva e Leite (2002), Aurino e Aurino e Silva (2003) e Flor (2000).
3.2. O destino dos resíduos sólidos
Uma das formas mais antigas, e que ainda se utiliza, consiste simplesmente em remover o lixo de um local e transferi- lo para o outro, na periferia das cidades, formando os imensos lixões a céu aberto.
Nos lixões podemos observar o mau cheiro, proliferação de vetores transmissores de doenças e além desses problemas está a estimulação para os catadores que têm como meio de sobrevivência esta atividade. As populações de baixa renda passam a explorá- los, recolhendo restos de comida, objetos e outros itens colocando a sua saúde em risco. São pessoas que merecem todo o respeito, pois são pobres, analfabetos ou semi-analfabetos, porém não são marginais e estão contribuindo de forma ativa para as indústrias recicladoras no Brasil.
Abreu (2001) afirma que apesar de todas as dificuldades, esses trabalhadores informais dos lixões e das ruas das cidades são hoje os responsáveis por 90% do material que alimenta as indústrias de reciclagem no Brasil, fazendo do país um dos maiores recicladores de
alumínio do mundo.
Além de representarem importante papel na economia, os catadores diminuem a quantidade de lixo a ser tratado pelos municípios e reduzem o uso de recursos naturais.
A quantidade de crianças e adolescentes envolvidas nos lixões é enorme, muitas estão ali desde que nasceram, ajudam seus pais, não freqüentam a escola, estão sujeitas a acidentes, doenças, abuso sexual, uso de drogas, esse é o seu mundo, o seu meio de vida. Apesar do Estatuto da criança e do Adolescente lhe permitir todos os direitos que devem ter, na realidade elas não conseguem desfrutar do direito a saúde, educação, moradia digna, lazer. Outro destino que pode ter o lixo é o aterro sanitário que consiste em enterrar o lixo em camadas alternadas de lixo e terra, evitando-se mau cheiro e proliferação de animais. Porém, para não haver contaminação do subsolo pelo chorume (gases e líquidos) que se formará é importante à impermeabilidade do mesmo.
Abreu (2001) aponta que nos aterros sanitários, o lixo deve ser compactado e recoberto e os efluentes (líquidos e gasosos) devem ser captados e tratados de forma adequada.
Vários critérios devem ser observados na escolha da área. Segundo Dias (1999), alguns condicionamentos básicos podem dar uma indicação preliminar da adequabilidade de uma área à instalação de um aterro sanitário:
Os aterros só poderão ser construídos em áreas de uso apropriado, segundo o que estabelece a legislação aplicável;
Relevo: locais com declividade superior a 1% e inferior a 30%;
O aterro não deve ser executado em áreas sujeitas a inundações, analisada em termos de tempo de recorrência de 100 anos;
Recursos hídricos: deve ser avaliada a possível influência do aterro na qualidade e no uso das águas superficiais e subterrâneas próximas.
Vegetação: o estudo macroscópico da vegetação é importante, uma vez que ela pode atuar favoravelmente na escolha de uma área quanto aos aspectos de redução da erosão,
formação de poeira e transporte de odores; Vida útil mínima: 10 anos;
A incineração do lixo é feita principalmente nos casos de lixo contaminado, como o hospitalar. É um processo que apesar de ser executado em incineradores apropriados, sempre gera um pouco de poluição do ar, pela emissão de fumaça.
Segundo o guia de coleta seletiva de lixo (1999) a incineração pode ser considerada como uma alternativa real de tratamento final do lixo, desde que seja contemplada a recuperação de energia e haja um controle rigoroso na emissão de efluentes gasosos, filtrando-os e neutralizando seus efeitos com rigor".
A composição dos resíduos sólidos é vasta, papel, plástico, vidro, metal, restos orgânicos e desses materiais grande parte pode ser reciclada.
Para se fazer a separação de todos esses componentes é necessário à realização da coleta seletiva dos resíduos. Coleta seletiva de lixo, segundo o guia da coleta seletiva de lixo (1999) é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora.
Com a utilização dos resíduos sólidos, pode-se reduzir, reutilizar e reciclar os materiais que forem possíveis e ainda repensar.
De acordo com o Projeto Escola (2001) seguindo essa premissa, é que se propõe a incorporação dos princípios dos 4Rs (Repensar hábitos de consumo e descarte; Reduzir a quantidade de lixo gerado, Reutilizar e Reciclar os materiais), na elaboração de programas de Educação Ambiental que visem sensibilizar as pessoas com relação a sua
responsabilidade na preservação e conservação dos recursos naturais.
QUADRO 2: Cores padronizadas para coleta seletiva de acordo com a Resolução 275-2001 do CONAMA. TIPO COR Papel e papelão Azul Plástico Vermelho Vidro Verde
Metal Amarelo Madeira Preto Resíduos perigosos Laranja
Ambulatoriais e de serviço de saúde Branco
Resíduos radioativos Roxo
Resíduos orgânicos Marron
Resíduos não recicláveis Cinza
Fonte: Resolução 275-2001 do CONAMA.
Com a implantação da coleta seletiva os catadores que se arriscam nos lixões, poderiam trabalhar na coleta tendo além de um salário digno, melhores condições de trabalho, afastando-se dos riscos que enfrentam nos lixões, pelo menos em parte.
Os resíduos orgânicos que compõem boa parte do lixo, podem ser utilizados para o processo de compostagem. A compostagem é o processo aeróbio mais eficiente de produção de adubos orgânicos de qualidade e consiste em transformar a parte orgânica do lixo em um composto que pode servir de fertilizante para o solo.
Como a constituição do lixo apresenta-se variável, o papel, plástico, vidro, metal e orgânicos devem ser reciclados. A reciclagem implica em o resíduo ser submetido a um processo de transformação podendo ele ser artesanal ou industrial.
Os resíduos sólidos têm um tempo de decomposição quando jogados no solo, apresentados no Quadro 3.
QUADRO 3 – tempo de decomposição dos resíduos jogados no solo. TIPOS DE RESÍDUOS TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO Jornais 2 a 6 semanas Embalagens de papel 1 a 4 meses Casca de frutas 3 meses Guardanapos 3 meses Pontas de cigarros 2 anos Fósforo 2 anos Chicletes 5 anos Nylon 30 a 40 anos
Latas de alumínio, tampas de garrafas e pilhas 100 a 500 anos
Sacos e copos plásticos 200 a 450 anos
Garrafas e fracos de vidro e plástico Tempo indeterminado
FONTE: Revista Bio Apud Muniz (1999)
Para Bahiense Neto (2001) a reciclagem situa -se entre as mais destacadas questões emergentes no mundo, contribuindo para o desempenho das empresas, preservação de recursos naturais, além de agregar responsabilidade social às pessoas e empresas ligadas a esta atividade".
No Quadro 4 observamos a concentração da reciclagem em 7 estados.
QUADRO 4 – Concentração da reciclagem em 7 estados. 7 maiores estados recicladores
(mil/t em 1999) São Paulo 1.054.9 Minas Gerais 319,7 Paraná 318,3 Santa Catarina 301,7 Rio de Janeiro 172,9
Rio Grande do Sul 94,5
67,9
FONTE: BRACELPA Apud CEMPRE (maio e junho, 2001)
Segundo Dias (1999) "reciclar é incluir um determinado produto acabado, já utilizado para seu fim inicial, em um processo de produção. A reciclagem terá cumprido a seu papel quando resíduo, após submetido a um processo de seleção e tratamento, transforma-se em novo produto capaz de ser comercializado no mercado";
Mesmo com a variação da quantidade e do tipo de lixo de um município para o outro, havendo uma redução da geração dos resíduos, a prática da reciclagem, a produção de composto orgânico, o volume final que se destinaria a aterros sanitários e lixões, diminuiria em até 50%.
Podemos observar que o meio ambiente vem sendo muito degradado pela ação humana. Soluções para os problemas que surgem devem ser adotados imediatamente antes que as gerações futuras não possam usufruir dos recursos naturais que ainda nos são oferecidos. Para tanto, Educação Ambiental voltada para proteger o planeta é imprescindível. Neste contexto, verificamos na escola em estudo que a possibilidade de implantação da coleta seletiva proporcionará diversos benefícios, dentre os quais destacamos: ambiente escolar limpo, acondicionamento e destino correto, redução dos resíduos que chegam ao lixão, comprometimento da comunidade escolar com as questões ambientais e uso da coleta seletiva como tema gerador de construção de conhecimento nas várias áreas.
3.4. Compostagem: uma alternativa viável para os resíduos orgânicos.
A compostagem surge como uma alternativa viável para a reciclagem dos resíduos orgânicos. A compostagem é uma forma de atenuar o problema dos resíduos sólidos urbanos. É um processo natural de decomposição biológica, devolvendo à terra nutrientes de que necessita, transformando um problema em solução.
No entender de Guerrin (1992) "a importância de adubos orgânicos é ressaltada desde a mitologia grega através da pitoresca lenda, onde se conta a atitude do rei Auges que matou Hércules por não lhe querer pagar os 10% de esterco de curral, prometido como honorário para ele limpar o estábulo de 3.000 bois".
Ao longo do tempo as técnicas para o processo de compostagem foram sendo
aperfeiçoadas. A matéria orgânica além de fornecer nutrientes aos vegetais, fornece energia para os microorganismos.
O adubo denominado composto de acordo com Guerrin (1992) é uma mistura de todos os resíduos, restos e mais substâncias sem valor imediato, existentes ou produzidos na fazenda, reunidos e preparados para fins de estrumação.
Para que o processo de decomposição aconteça é necessário à interação dos
microrganismos e estes dependem da ocorrência de condições favoráveis: temperatura, umidade, pH, aeração.
A temperatura aumentada ocorre como resultado da lib eração de calor na degradação biológica dos resíduos orgânicos. Segundo Guerrin (1992) "o equilíbrio verificado entre temperatura interna e externa da pilha, por sua vez, não indica o final da decomposição. Aliás, muitas vezes, dependendo do volume da pilha poderá nem haver elevação de temperatura".
Quanto à umidade é necessário um adequado suprimento de água para promover o crescimento dos microrganismos biológicos envolvidos no processo para que as reações bioquímicas ocorram adequadamente durante a compostagem. "A umidade inicial da matéria em fermentação é alta (por volta de 60%), o que dá para verificar apertando com a mão, o material não pode escorrer liquido" ( MANUAL DA TERRA, 1999).
No inicio do processo de compostagem ocorre à formação de ácidos orgânicos e verifica-se uma baixa de pH. Para Guerrin (1992) o pH do chorume é um método razoável para
acompanhar o desenvolver do processo.
O tamanho da pilha, os tipos de materiais e o teor de umidade influenciam diretamente na aeração.
Através da comp ostagem, feita de modo correto, podemos evitar a mistura do lixo seco com o molhado, possibilitando que o lixo seco seja reciclado, a proliferação de vetores, pois isto só ocorre na decomposição anaeróbica e na compostagem o processo se dá aerobicamente, o chorume produzido pode ser recolhido tendo tratamento adequando.
Com a implantação da coleta seletiva na escola, é imprescindível que a matéria orgânica seja direcionada à compostagem, servindo de laboratório vivo de estudo nas várias áreas do conhecimento, em especial em Ciências Naturais.
As etapas para implantação e implementação do processo de compostagem identificadas neste trabalho são: caracterização dos resíduos sólidos no ambiente escolar; observação do acondicionamento e destino dos resíduos; identificação da percepção ambiental, concepção de resíduos sólidos, elaboração do diagnóstico ambiental e sensibilização. A sensibilização neste trabalho ocorreu simultaneamente à coleta de dados, sendo alicerçada no MEDICC (SILVA, 2000) o qual tem como base o processo pesquisa-ensino-aprendizagem-ação-transformação, ocorrendo participação, afetividade, ludicidade, criatividade. Após a sensibilização dos educadores e educandos, sentimos que a comunidade escolar estava pronta para coleta seletiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, o termo desenvolvimento sustentável vem sendo muito utilizado, em busca de uma melhor qualidade de vida sem destruir a natureza, porém as sociedades antigas é que buscavam retirar do ambiente apenas o necessário. Com a chegada do desenvolvimento industrial, a exploração dos recursos naturais aumentou consideravelmente e a relação ser humano-natureza passou a ser do tipo predatória, devido ao surgimento de uma sociedade de consumo fundamentada no lucro.
A disposição inadequada dos resíduos sólidos leva a contaminação do solo e dos recursos hídricos através do chorume que lança nesse meio compostos orgânicos e íons metálicos. O ar é atingido pelos gases.
Para que os danos ambientais não continuem a acontecer, ações que resultem em
transformações para a melhoria da qualidade de vida na escola, no bairro, cidade, país, são necessárias.
A separação dos resíduos sólidos e adequada utilização, contribuirão para manter a escola limpa, reduzirá a quantidade de resíduos que chegariam ao lixão da cidade e a
compostagem e horta escolar serão importantes laboratórios de estudo, transformando a visão dos educandos quanto a questão dos resíduos sólidos. A compostagem é uma forma de atenuar a problemática dos resíduos sólidos, dando um destino útil aos resíduos orgânicos.
Para que o trabalho continue na Escola Lafayete Cavalcanti é necessário uma participação maior das educadoras, portanto investir em estratégias para haver maior sensibilização. Isto é necessário, para que Educação Ambiental não venha a ser trabalhada apenas quando da presença de pesquisadores ou em datas comemorativas, mas venha a ser incluída em todos conteúdos e disciplinas de forma permanente.
Entretanto, é preciso que o processo de sensibilização continue a ocorrer em toda a comunidade escolar para que se obtenha resultados desejados. Enfim, é de fundamental importância que este trabalho tenha continuidade e que outros pesquisadores possam contribuir para que esta escola realmente venha a usufruir de melhor qualidade de vida. Sendo assim, ao investir em Educação Ambiental na escola, estamos investindo em um futuro melhor para as gerações futuras e para a nossa geração.
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