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OS NOVOS DESAFIOS PARA O MERCADO DE CAPITAIS

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1

O

S

N

OVOS

D

ESAFIOS PARA O

M

ERCADO DE

C

APITAIS

“O Movimento de Fusão dos Mercados de Bolsa e a Concentração do Sistema Financeiro - O que vai mudar para os Emitentes, Investidores e Intermediários Financeiros”

Manuel Alves Monteiro

1. Introdução

Dirijo à CMVM e ao seu Presidente as primeiras palavras que são, a um tempo, de agradecimento pelo convite para integrar esta mesa que partilho com honra com personalidades prestigiadas do sistema financeiro e empresarial; a outro tempo, palavras de louvor pela iniciativa, sempre oportuna no quadro nacional e internacional que vivemos, designadamente quando todos nos confrontamos com incertezas e acalentamos expectativas quanto ao futuro; finalmente, palavras de felicitações pela comemoração que a CMVM assinala de dez anos de uma vida já rica apesar de curta, no decurso da qual soube, no dia-a-dia, trazer um inestimável contributo para o desenvolvimento, modernização e credibilização do mercado de capitais português.

Sendo a mesa do presente painel composta por alguns dos mais ilustres dirigentes de empresas cotadas e de intermediários financeiros do mercado de capitais português, pensei que seria legítimo concluir que os distintos oradores que me seguirão darão a sua perspectiva sobre a visão dos emitentes, dos intermediários financeiros e dos investidores, no quadro de um movimento de fusão de bolsas e de concentração do sistema financeiro, ficando-me, então, a tarefa de, juntamente com o Senhor Presidente da Bolsa de Madrid, o meu particular Amigo António Zoido, a quem dirijo uma especial saudação de boas-vindas, expender algumas reflexões e pontos de vista, na óptica de uma entidade gestora dos mercados regulamentados de bolsa e dos sistemas de negociação, de liquidação e de compensação.

É o que me proponho fazer nos próximos minutos, tentando levar a ilustre audiência a concluir comigo que:

1º - na actual situação da Europa, e em face dos níveis de fragmentação da indústria bolsista, faz todo o sentido acreditar que é incontornável assistir-se a um processo de concentração;

2º - as características do mercado português (designadamente, a sua dimensão) impelem a bolsa nacional (por razões de sobrevivência, dentre outras) para a adopção de uma atitude activa de integração com outros mercados;

3º - a interligação com outros mercados encerra um conjunto de aspectos positivos para o mercado em geral e para a generalidade dos seus principais agentes.

(2)

2 Para entender os comportamentos mais recentes da indústria de que nos ocupamos, interessa enumerar algumas das tendências fundamentais verificadas na sua envolvente.

Globalização dos Mercados

Factores críticos

Convergência

Aproximação das necessidades

Clientes e investimentos globais

Vantagens Custo

Actividade com elevados custos fixos (economias de 

escala, elevados custos de desenvolvimento de 

produtos...)

Concorrência e competição globais

Influências Políticas/Estratégicas 

Competição Global entre os 3 grandes blocos (UE, 

EUA,Jap)

Nesta matéria assistimos, no passado recente, a um processo de globalização do investimento que vem sendo determinado pela crescente convergência das necessidades dos utilizadores dos mercados de capitais, em resposta, de um lado, à tentativa dos emitentes de obtenção das melhores condições de financiamento e, do outro, pela procura, por parte dos investidores, de formas de estenderem os seus investimentos a valores mobiliários não domésticos.

Seguindo este processo, os profissionais do mercado tornaram-se, também, cada vez mais globais, como forma de prestarem um serviço integrado aos seus clientes.

Em síntese, há, pelo lado dos utilizadores do mercado, uma clara tendência de globalização, não raras vezes utilizando a consolidação como meio; ambas, globalização e consolidação, afectando o negócio das bolsas.

Por seu turno, a própria actividade das bolsas é caracterizada por incorporar uma elevada parcela de custos fixos, o que potencia evidentes economias de escala.

Este facto, associado a uma abordagem cada vez mais global, leva a que se assista, por parte daquelas entidades, à busca de um aumento de dimensão, seja pela atracção de novos membros e investidores, seja pela introdução de produtos.

Finalmente, não pode ser descurada a influência política nestes processos (por vezes, mais ajustado falar-se de intervenção política). Tendo como pano de fundo a determinante influência dos mercados no comportamento (e no sentir) da economia, parece divisar-se uma competição entre os três grandes blocos económicos, bem patente em diversas medidas estratégicas (proteccionistas ou de reforço) que as autoridades locais têm vindo a dinamizar.

(3)

3

Harmonização

Os objectivos da Comissão Europeia

Maior acesso ao capital por parte das empresas europeias

promover a inovação e melhorar o uso dos instrumentos 

financeiros

acelerar o processo de financiamento cross‐border

1

2

3

1

2

3

Maior participação dos investidores nos mercados Š protecção adequada aos investidores

Š acesso a um leque alargado de produtos

Š disponibilidade de informação adequada quanto aos

intermediários e empresas

Mercados eficientes, justos, estáveis e transparentes Š revisão das directivas dos serviços de investimento, Š manipulação de mercados e do colateral

Neste âmbito, não podemos ignorar no espaço europeu, pela proximidade e relevância, uma série de objectivos claros da Comissão Europeia para os mercados de capitais, com vista a alicerçar um forte bloco económico.

Lembramos, a este título, as iniciativas que passaram, e passam, pela revisão das directivas dos serviços de investimento com vista ao desenvolvimento de mercados eficientes, justos, estáveis e transparentes que propiciem um maior acesso ao capital por parte das empresas europeias e uma maior participação dos investidores nos mercados, mediante uma protecção adequada; deste modo criando as condições para a intensificação do processo de internacionalização/europeização do investimento.

(4)

4

Consolidação da Indústria financeira

Uma consequência natural da envolvente

Globalização

Harmonização

Consolidação

Nesta envolvente, e como já se disse, a consolidação da indústria financeira surge como uma consequência natural do processo de globalização e dos esforços de harmonização que vêm sendo levados a efeito, nomeadamente, no seio da União Europeia, com os objectivos últimos de alavancar o desenvolvimento económico.

3. Tendências da indústria

A análise da situação actual revela-nos que o processo de consolidação das bolsas europeias se encontra ainda longe do seu termo, verificando-se que nos 15 países da União Europeia convivem actualmente 18 bolsas a contado e 16 bolsas de futuros e opções.

Todavia, e independentemente do critério utilizado para caracterizar os mercados a contado na Europa, é evidente uma concentração da principal parcela da actividade num conjunto reduzido de mercados.

(5)

5

O Cenário Europeu Actual

Capitalização Bolsista de Acções (Fev. 2001)

As 3 maiores bolsas 

(LSE+Euronext+DB) têm 

perto de 2/3 do “mercado”

4 bolsas de média 

dimensão (Suiça, Itália, 

Espanha, Suécia) têm cerca 

de 1/4 do “mercado”

12 bolsas têm 1/12 do 

“mercado”

Fonte: FESE Milhões de Euros

Equity Market Cap. Fev.2001

London 2 591 090 Euronext 2 294 724 Deutsche Börse 1 325 976 753 827 Swiss Exchange 786 943 Italian Exchange Madrid 557 210 Stockholm 326 727 Helsinki Exchange 194 733 Copenhagen 118 335 Athens 110 962 Irish Exchange 89 693 Oslo 68 942 BVLP 65 302 Luxembourg 37 049 Warsaw 29 744 Vienna 28 779 Budapest 11 078 Iceland 4 701 Ljubljana 3 340

Em termos de capitalização bolsista, as três maiores bolsas europeias, a London Stock Exchange (LSE), a Euronext e a Deutsche Borse (DB) têm perto de 2/3 do “mercado”. Quatro bolsas de média dimensão (Suíça, Itália, Espanha e Suécia) representam cerca de 1/4 do mercado, sendo que os restantes 1/12 se distribuem por mais de 12 bolsas.

O Cenário Europeu Actual

Número de empresas com acções cotadas (Fev. 2001)

No. of Companies

with Listed Shares Domestic Foreign Total

London 2 423 498 2 921 Helsinki Exchange 155 3 158 Ljubljana 155 0 155 Vienna 95 15 110 BVLP 107 1 108 Irish Exchange 76 20 96 Iceland 74 1 75 Budapest 58 1 59 Euronext 1 223 214 1 437 Madrid 1 083 19 1 102 Deutsche Börse 748 240 988 Swiss Exchange 253 162 415 Athens 311 1 312 Stockholm 290 20 310 Italian Exchange 289 6 295 Luxembourg 53 215 268 Copenhagen 224 10 234 Warsaw 212 0 212 Oslo 188 23 211 Fonte: FESE Milhões de Euros

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6

O Cenário Europeu Actual

Volume de Transacções (Fev.2001)

As 3 maiores bolsas 

(LSE+Euronext+DB) 

têm perto de 72% do 

“mercado”

4 bolsas de média 

dimensão (Suíça, 

Itália, Espanha, 

Suécia) têm cerca de 

24% do “mercado”

12 bolsas têm pouco 

mais do que 4% do 

“mercado”

Exchange Electronic Order Book Transactions Negotiated Deals Other Stock Movements Euronext 311 110 89 786 London 179 889 746 303 Deutsche Börse 155 843 159 076 Italian Exchange 123 128 8 657 16 588.2 Swiss Exchange 96 098 25 496 Madrid 83 011 30 074 63 914.0 Stockholm 69 353 25 292 Helsinki Exchange 29 153 14 011 Oslo 8 264 4 878 BVLP 6 900 356 Copenhagen 5 667 13 239 0.0 Athens 5 470 852 0.0 Vienna 1 833 Warsaw 1 820 124 0.0 Budapest 1 280 0 0.0 Irish Exchange 355 3 546 Luxembourg 188 Ljubljana 72 66 0.0 Iceland 52 513 0.0 Fonte: FESE Milhões de Euros

Olhando o mercado pelo volume de transacções, a concentração da actividade é ainda mais significativa, representando as mesmas três maiores bolsas (LSE; Euronext e Deutsche Borse), 72% do volume total de negócios realizados nos primeiros dois meses do corrente ano, o que, somado aos 24% da Suíça, Itália, Espanha e Suécia, leva a que os restantes mercados representem pouco mais do que 4% do volume total.

Neste contexto, o mercado português ocupa um posicionamento relativamente modesto, em consonância, obviamente, com outros indicadores económico-financeiros do país.

Nem de outra forma poderia ser!

Centrando-nos na rede de bolsas a contado na Europa, há dois anos desenhava-se uma aliança das principais bolsas europeias, cada uma com o seu raio de influência, que rapidamente se desfez.

(7)

7 Germany Swiss. Spain Italy Belgium Nether. UK France Austria Luxemb. Finland Norway Denmk Sweden

Rede de bolsas a contado

Há dois meses atrás... Portugal Ireland

Criaram-se, neste processo, três blocos mais ou menos estáveis centrados em Frankfurt, em Estocolmo e em Paris, permanecendo o mercado suíço como um outsider e a praça londrina como o factor que fará pender inexoravelmente a balança, na sequência do posicionamento que venha a definir para o seu futuro.

O projecto de concentração mais ousado e mediatizado será o protagonizado pelas bolsas francesa, holandesa e belga, com a criação da Euronext, formalmente constituída a 22 de Setembro de 2000, sendo a primeira bolsa com carácter assumidamente pan-europeu, como o demonstra a disponibilidade manifestada para acolher outros mercados que se lhe queiram associar.

As outras duas maiores bolsas, LSE e DB, vêm actualmente seguindo estratégias distintas e separadas, depois de terem posto fim ao projecto conhecido por iX, que vinha sendo por elas dinamizado com vista à criação de um mercado único para as blue chips em Londres e um mercado único para as empresas da nova economia em Frankfurt.

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8

Que Estrutura do Mercado?

X I M M C C C M C C C X I M M C C C M C C C X X X X X C

X

X

X

X

X X X X X X

A Tendência é consolidar!

?

?

O que nos sugerem os números e os movimentos a que acabamos de fazer referência?

De forma bastante clara, sugerem-nos que a consolidação das bolsas europeias parece ser, no actual contexto político, um processo irreversível que, a prazo, passará certamente pelos três mercados que têm liderado as principais iniciativas surgidas na Europa nos últimos meses:

Londres, Frankfurt e Paris, ainda que não seja evidente a forma como cada um desses núcleos se vai organizar.

De mais difícil perspectivação é, também nesta altura, saber se esse processo levará, num estádio último, à existência de uma única plataforma de negociação, (ainda que eventualmente coexistindo com um número reduzido de pequenos mercados regionais e/ou especializados.)

4. Alternativas estratégicas

Será útil relembrar as necessidades dos principais actores que se posicionam à volta de uma bolsa de valores, antes de apreciar as alternativas estratégicas de uma pequena bolsa europeia.

(9)

9

Alternativas Estratégicas 

Clientes

z

Emitentes ( produtores )

z

Membros intermediários financeiros ( distribuidores )

z

Investidores ( consumidores )

ƒ Emitentes (produtores) perseguem a obtenção de melhores condições para a comercialização do seu produto (rede de distribuição alargada);

ƒ Membros (distribuidores) pretendem obter as melhores condições de distribuição (acesso a mais e melhores produtos);

ƒ Investidores (consumidores) pretendem ser confrontados com uma oferta alargada de produtos para a satisfação das suas necessidades.

Alternativas Estratégicas

Preço

Economias de escala significativas

Pequena quota de mercado

Custos indirectos (liquidez) muito maiores do que 

os custos directos 

Novos competidores no mercado (ECNs / ATSs), 

explorando flexibilidade regulamentar

Estratégia difícil de suportar;

o Factor crítico (liquidez) não é

controlado

Situando-nos a um nível global, julgamos que será insustentável a uma pequena bolsa enveredar consistentemente por uma estratégia de baixo preço, tendo nomeadamente em conta que esta se insere numa indústria sujeita a grandes economias de escala e que uma pequena bolsa sempre terá, por definição, uma quota de mercado reduzida.

(10)

10 Além disso, note-se, os principais custos para os agentes são de natureza indirecta, resultando principalmente da liquidez do mercado (ou da sua falta), factor que não é controlado pela própria bolsa.

Finalmente, não podemos ignorar a entrada de novos competidores, nomeadamente ECNs e ATSs, que embora possuam, também, pequenas quotas de mercado, não arcam com uma boa parte dos custos de um mercado regulamentado, criando condições competitivas assimétricas. Aqui, permitam-me que dirija uma palavra de particular preocupação à CMVM (julgando, com isso, estende-la aos reguladores congéneres europeus), pela necessidade que existe de garantir, a cada momento, condições competitivas e justas de concorrência entre mercados, sejam regulados, sejam não regulados.

Alternativas Estratégicas

Diferenciação

Baseadas no produto:

convergência e “market model” irá tomar mais tempo do 

que o inicialmente previsto

principais características do produto (ligadas ao 

emitente) não são controladas

Baseadas no Marketing

elevado custo e ineficiência

Baseadas na competência distintiva

só alcançáveis por alguns dos intervenientes

Por outro lado, há também limitações em suportar uma pequena bolsa numa diferenciação efectiva face às suas concorrentes. Embora seja hoje aceite que o processo de convergência dos mercados irá ser mais demorado do que o inicialmente previsto, é certo que a harmonização regulamentar retira progressivamente espaço à constituição de pólos diferenciadores.

Há, igualmente, que registar que uma bolsa não controla propriamente o produto e apenas parte da sua distribuição, pelo que, fica limitada na capacidade de o moldar ou adequar às (que julga serem as) necessidades dos clientes.

Também, parece pouco razoável basear uma estratégia de diferenciação apenas num grande esforço de marketing, que se revelaria ineficaz no longo prazo; além do mais, a utilização de competências próprias ou distintivas apenas estará, por definição, ao alcance de algumas, poucas, entidades.

(11)

11

Alternativas Estratégicas

Isolamento

Insustentável no longo prazo

as bolsas são cada vez mais fornecedores de serviços

os sistemas ainda são factor crítico ‐ existência de um 

número reduzido de fornecedores de sistemas na Europa 

ineficiência teórica ao nível dos custos

contra tendência de mercados e necessidades

decisão estratégica de elevado risco

Conclusão: a melhor estratégia para uma pequena

bolsa europeia é participar/posicionar-se no

processo de integração

Em face destas considerações, parece insustentável a manutenção de uma posição isolada por parte de uma pequena bolsa. Em termos concretos, perdido o conceito associativo tradicional de uma bolsa, indicador de alguma protecção natural do negócio, constata-se que uma pequena bolsa depende normalmente de fornecedores dos seus sistemas principais e terá uma desvantagem teórica ao nível dos custos, pelo que, vê limitadas as suas alternativas estratégicas.

Paralelamente, face à tendência que hoje se vive, a não participação num processo de integração ou consolidação parece encerrar riscos bem maiores do que a adesão a este processo em curso.

5. Processo de integração

Fica, assim, dada uma resposta: a melhor estratégia para uma pequena bolsa é participar ou posicionar-se desde já no processo de integração e consolidação, havendo que analisar e estabelecer objectivos, efeitos e vias de desenvolvimento, ainda que não necessariamente por esta ordem.

(12)

12

Integração

Objectivos

Incluir os produtos nas redes de 

distribuição internacionais

Dual listing não é solução:

os pequenos mercados têm uma concentração de liquidez do tipo “All or Nothing”

Canais alternativos existentes (remote

membership / order routing /

etc.)

z Dar acesso a um grande

leque de produtos internacionais

À luz dos princípios enunciados, deverá ser um objectivo primordial incluir os produtos hoje sediados na BVLP nas grandes redes de distribuição internacionais, tanto mais que uma solução de dual listing efectivo parece incomportável para as empresas nacionais: a liquidez concentrar-se-á sempre num só ponto.

O outro grande objectivo, deverá passar por se afirmar como uma porta de acesso a um grande leque de produtos internacionais, sendo certo que nesta matéria competirá directamente com soluções já hoje no terreno, como os membros remotos e o order routing.

Situação win/win

z

Investidores

Š Mais produtos e Acesso

Integração

Balanço z

Emitentes

Š Aumento da capacidade de financiamento Š Diminuição/remoção de barreiras ao acesso no mercado secundário: • aumenta visibilidade • acesso a grande “pool” de

investidores

Š Facilitar o acesso a novos produtos (concorrentes) será o custo de aceder a uma extensa rede de investidores

Como principais consequências, temos que, para os investidores, esta será sempre uma opção de maior retorno, uma vez que se verão mais próximos de mais produtos.

(13)

13 Para os emitentes, abrem-se as portas a uma mais vasta rede de financiamento, tendo embora como contrapartida o aliciamento dos seus investidores domésticos para outros produtos.

Integração

Balanço – facilitar o acesso a novos  concorrentes/distribuidore s será o custo de obtenção  de um acesso superior a  novos produtos globais z

Intermediários Financeiros

Š Oferta de um conjunto alargado de produtos -acesso a mais mercados

z

Bolsas

Š Fornecedoras de serviços (?)

Š Dimensão e capacidade financeira serão um factor essencial

Para os intermediários financeiros, encurtam-se distâncias no acesso a um vasto leque de produtos, começando, nesta nova arena, a relevar a dimensão e a capacidade financeira, matérias nas quais uma pequena bolsa poderia ainda, enquanto potenciadora de sinergias, desempenhar algum papel.

Finalmente, será solicitado às bolsas uma cada vez maior capacidade financeira, para levar por diante os investimentos tecnológicos que as coloquem em posição competitiva face às congéneres concorrentes, na busca de uma cada vez maior variedade de serviços a um baixo preço.

Testadas as principais consequências de um processo de integração resta avaliar as alternativas e o timing de decisão.

(14)

14

Integração

Alternativas

7. Fusão 6. Subcontratação redes de distribuição

internacionais + cross membership 5. Subcontratação redes de

distribuição internacionais

4. Ligação de networks locais e globais + cross membership

3. Alargar rede de distribuição existente + marketing remote membership 2. Promover order routing

1. Facilitar order routing

Integração Legal Integ raç ã o O p eraci o n a l

No que diz respeito às várias alternativas no sentido de acelerar o processo de integração, podemos agrupá-las em quatro grandes tópicos, de acordo com as opções estratégicas que lhes estão subjacentes.

Numa primeira abordagem, a bolsa pode tratar de dinamizar de forma mais ou menos proactiva a ligação da sua rede às redes de vendors ou distribuidores internacionais, de que poderiam ser exemplos, uma GL Net ou uma Bloomberg (1 e 2).

Numa segunda abordagem, caberia à bolsa estender a sua própria rede:

• seja de forma isolada, isto é, à custa da instalação de uma série de nós distribuidores nas grandes praças financeiras;

• seja de forma mais integrada, mediante a interligação de mercados, como de resto acabámos de efectuar, na vertente dos derivados, com a bolsa espanhola.

Qualquer uma das alternativas exige, para ser cabalmente potenciada, uma promoção mais ou menos intensa do acesso remoto por parte de membros/intermediários financeiros não residentes ( 3 e 4).

O terceiro tipo de abordagem, difere do anterior, na medida em que se prescinde da gestão de uma rede autónoma, para a sub-contratar a entidades mais bem posicionadas nesta matéria, sejam meros gestores de redes que ligam já os principais agentes internacionais, sejam outras bolsas, o que permitiria promover reciprocamente o acesso remoto, cumprindo, genericamente, os dois objectivos chave estabelecidos (5 e 6).

A última abordagem passa por levar mais longe o processo de integração, à custa de uma fusão institucional, opção que, para além de cumprir os objectivos enunciados, assegura maior harmonização ao nível das componentes operacional e regulamentar.

(15)

15 Em face deste enunciado, cabe, em primeira instância, aos accionistas de uma bolsa definirem o rumo a tomar (ponderados que devem ser, naturalmente, os interesses da generalidade dos agentes do mercado, quantas vezes, como sabemos, não coincidentes).

Conforme será fácil adivinhar, nem todas as opções são auto-exclusivas.

A título de exemplo, vêm os Conselhos de Administração da BVLP e da Interbolsa prosseguindo nos últimos meses, em paralelo, com várias das alternativas enunciadas:

• estamos a enquadrar adequadamente o order routing; • aceitamos a figura do remote membership;

• fizemos a ligação à MEFF, podendo hoje em dia afirmar a existência em pleno de uma plataforma obediente aos mais latos princípios de reciprocidade, seja ao nível da gestão, seja ao nível do acesso dos intermediários e dos respectivos clientes finais, seja ao nível dos produtos;

• a Interbolsa vem dando passos alargados no sentido de se interligar com outras congéneres internacionais;

• temos estado em conversações com o Euronext visando uma fusão de mercados, conversações estas que não têm excluído contactos com outras praças com vista a explorar modelos de envolvimento que poderão ser distintos, designadamente, no modo de interligação ou integração.

6. Timing

Interessa, para fechar a reflexão, tecer alguns comentários quanto ao ritmo e timing para estabilizar uma opção de fundo, matéria que abordaremos em três dimensões, sendo que a conclusão genérica (e comum) é a de que teremos de actuar rapidamente.

Integração

Timing

Posicionamento estratégico

Valor estratégico poderá diminuir

• O cenário das bolsas Europeias não está ainda definido

– o valor estratégico de uma pequena bolsa tende a diminuir

• Capacidade de influência no desenho dos modelos e soluções adoptadas

– capacidade que diminui consideravelmente com a entrada de novos parceiros

No que respeita ao posicionamento estratégico da BVLP, constata-se, desde logo, que o cenário da indústria bolsista europeia não está ainda definido, embora seja evidente a tendência para um

(16)

16 processo de consolidação, pelo que o valor estratégico de uma pequena bolsa tende a diminuir à medida dos avanços dados neste processo, uma vez que decresce a sua capacidade de influenciar o desenho dos modelos e soluções adoptadas, que se vão estabilizando.

Também, parece não suscitar controvérsia afirmar que o valor estratégico de uma pequena bolsa será progressivamente menor à medida que a plataforma destino ganha dimensão.

Integração

Timing

Concorrência

Barreiras à entrada cada vez menores

protecções legais e de regulação progressivamente 

eliminadas

a tecnologia melhora e promove o acesso alargado

avanços na harmonização fiscal…

Novos players no mercado (ECNs, order routing...)

No que toca à concorrência, as conclusões apontam para a necessidade de impor, também, celeridade ao processo de decisão, uma vez que as barreiras à entrada de concorrentes estão cada vez menores, seja pelo facto de as protecções legais e regulamentares estarem a ser progressivamente eliminadas, pela via da harmonização, seja porque a tecnologia melhora e promove o acesso alargado, seja, ainda, pelos avanços, embora tímidos, no sentido de uma harmonização legal e regulamentar, aqui com particular destaque para o efeito de uma harmonização fiscal.

Verifica-se, concomitantemente, a multiplicação de veículos de investimento alternativos, como as ECNs ou a generalização do order routing.

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17

Integração

Timing • Valor da BVLP

Factores internos

Factores externos

• Eventual fuga de emitentes e de investimentos • Processo de globalização: liquidez pode reduzir‐se  (investidores procuram “pools” de liquidez)

Finalmente, o próprio valor da BVLP pode ser afectado se o processo de decisão for prolongado para além de um timing crítico (aliás, ainda não identificável a curto prazo ), não só por factores internos, uma vez que, ao fim de pouco mais de um ano, a restruturação não está concluída e a capacidade de resposta aos desafios é ainda limitada, como também por factores externos, uma vez que se corre o risco de uma eventual fuga de emitentes e de investimentos.

Em paralelo, o processo de globalização pode levar a uma redução de liquidez, com as consequências conhecidas de deslocalização, aumentando a probabilidade da progressiva marginalização do mercado.

7. Conclusões

Em termos de conclusão, julgamos estarem reunidas todas as condições para a bolsa portuguesa iniciar uma nova e importante etapa, respondendo aos desafios que estão a ser colocados.

Presentes ou representados no corpo accionista da BVLP estão a generalidade dos agentes ou grupos de agentes do mercado, sendo o respectivo Conselho de Administração constituído por algumas das mais prestigiadas personalidades do sistema financeiro e empresarial nacional; cumprimento aqui o seu Presidente, o Dr. Ricardo Espírito Santo Salgado, cujo conhecimento, sensibilidade e disponibilidade têm emprestado à gestão da Bolsa portuguesa um inestimável contributo, decisivo para a adequação e razoabilidade dos passos que o futuro exige que sejam prosseguidos.

Julgamos que, melhor do que no passado, estamos preparados para dar resposta aos desafios, dessa forma contribuindo para o crescimento e amadurecimento do mercado e da economia nacional.

(18)

18 Naturalmente que, entendemos que a CMVM deverá ter um papel relevante em todo este reposicionamento do mercado de capitais português e, em particular, da BVLP. As excelentes relações que a BVLP e a CMVM mantêm auspiciam uma convergência de pontos de vista e de esforços que continuarão, no passado como no futuro, a contribuir, decisivamente, para encontrar as melhores soluções a cada momento, por forma a que o mercado de capitais seja cada vez mais, como os livros nos apontam, uma importante fonte de financiamento da economia e uma alternativa credível de aplicação das poupanças; tudo, com vista a atingir níveis mais avançados de bem estar, num quadro de justiça social, da acelerada criação de riqueza e da sua mais adequada redistribuição.

Comecei a minha apresentação por enunciar que me propunha levar a ilustre audiência a concluir comigo três asserções que aqui recordo:

1º - na actual situação da Europa, faz todo o sentido acreditar que é incontornável assistir-se a um processo de concentração;

2º - as características do mercado português impelem a bolsa nacional para a adopção de uma atitude activa de integração e/ou interligação com outros mercados;

3º - a interligação com esses outros mercados encerra um conjunto de aspectos positivos para o mercado em geral e para a generalidade dos seus principais agentes.

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