• Nenhum resultado encontrado

Hipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Hipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo"

Copied!
320
0
0

Texto

(1)

Hipnoterapia

ericksoniana

passo a passo

Sofia M. F. Bauer

Livro Pleno

S o f ia M. F . B a u e r é médic a form ada pela Universidade de Minas Gerais; é psicanalista pelo IEPSI-M G; membro do Grupo de E s tu d o s em H ip n o an álise do

p r o fe s s o r M a lo m a r L u n d

E d elw eiss; tem fo rm ação em hipnoterapia ericksonian a, em Phoenix, com o professor Jeffrey K. Z eig, P h . D .; fre q ü e n to u cursos com ericksonianos como: S te p h e n G illig a n , S te p h e n e Carol Lankton e E rn est R ossi; fez cu rsos de hipnoanálise com Erika From m e Daniel Brown; participou de co n gresso s b r a ­ sileiro s de h ip n o tera p ia , ta is como: “O uso de m etáforas em hipnoterapia” (São Paulo, 1996), “O u so de m etáfo ras em h ip ­ n oterap ia”, “O que é h ipnose? Como aplicá-la em hipnoterapia” (Serra Negra, 1997). Atualmente é diretora do In stitu to M ilton E ric k so n de Belo H orizonte e m in istra c u rs o s de fo rm ação ericksonian a em várias cidades do Brasil.

(2)

H

i p n o t e r a p i a

E

r i c k s o n i a n a

(3)
(4)

Sofia M. F. Bauer

H

i p n o t e r a p i a

E

r i c k s o n i a n a

P

a s s o

a

P

a s s o

Editora Livro Pleno

2000

(5)

HIPNOTERAPIA ERICKSONIANA PASSO A PASSO

2000

Conselho editorial

Douglas Marcondes Cesar

Copidesque

Juliana Boas

Revisão

Marco Antonio Storani

Coordenação editorial

Douglas Marcondes Cesar

ISBN: 85-87622-02-1

Todos os direitos reservados para a língua portuguesa

Editora Livro Pleno

Rua Dr. Cândido Gomide, 584 - Jd. Chapadão CEP: 13070-200 - Campinas - SP - Brasil

Telefax: (0XX) 19 243-2275 E-mail edlivropleno@uol.com.br

Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer m eio ou processo, es­ pecialm ente por sistem as gráficos, microfílm icos, fotográficos, reprográfi- cos, fonográficos e videográficos. Vedada a atem orização e/ou a recupera­ ção total ou parcial bem com o a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processam ento de dados. Essas proibições aplicam -se tam bém às características gráficas da obra e sua editoração.

(6)

Dedico este livro ao professor Malomar Lund Edelweiss, que me iniciou nesta área, a Jeffrey K. Zeig, que me deu os ensinamentos ericksonianos, e aos meus fam iliares Ricardo, Pedro e Marcella, que ficaram privados de horas de atenção e carinho, para que o livro fosse escrito. A todos vocês, com muito carinho, obrigada pelas aprendizagens da vida.

(7)
(8)

Agradecimentos

Ao Dr. Jeffrey K. Zeig, por sua colaboração e dedicação ao ensino da hipnoterapia ericksoniana.

Ao professor Malomar Lund Edelweiss e seu Grupo de Es­ tudos, que muito têm me ajudado na formação, informação e no aprimoramento pessoal e profissional.

Aos colegas de equipe, que tanto me incentivaram a escre­ ver este guia.

Em especial, a José Roberto Fonseca, pela ajuda primorosa na correção e na elaboração do glossário que vem no final do li­ vro.

A José Carlos Vitor Gomes, pelo incentivo a esta publica­ ção.

E, sem deixar de homenagear, ao Dr. Milton H. Erickson, por com partilhar de sua arte em trabalhar psicoterapeuticamen- te. Que a estrela dele continue brilhando, para iluminar os nossos caminhos.

(9)
(10)

Nota do editor

Freud foi o gênio da análise, Jung foi o gênio da síntese e Erickson foi o gênio da prática clínica. Ele resgatou a hipnose que foi abandonada por Freud após a incorporação dos nossos conhe­ cimentos sobre a fenomenologia da comunicação, as novas des­ cobertas sobre o cérebro humano, a física e a biologia.

A hipnose é a mãe de todas as psicoterapias e se encontra na origem de todas as escolas psicoterápicas, e este trabalho de Sofia Bauer, M.D., é a convergência de uma série de esforços, cristalizada numa obra única, felizmente, agora, ao alcance de to­ dos os profissionais interessados em aprimorar as suas técnicas em psicoterapia.

José Carlos Vitor Gomes

Psic. CRP 06-13160

(11)
(12)

Sumário

PREFÁCIO... 15

SOBRE A HIPNOTERAPIA ERICKSONIANA NO BRASIL... 17

INTRODUÇÃO... 21 Capítulo 1 HISTÓRIA DA HIPNOSE... 25 Capítulo 2 MITOS E CONCEITOS... 33 1. M itos... 33 2. C on ceitos... 38

3. Mente consciente e mente inconsciente... 41

4. Sugestibilidade... 42 5. H ipnotizabilidade... 43 6. Constelação h ip n ótica... 52 7. Fenômenos h ip n óticos... 56 R ap p ort... 56 C atalepsia... 57 Dissociação... 57 A nalgesia... 57 A nestesia... 57 Regressão de id ad e... 57 Progressão de id a d e... 58 x i

(13)

Distorção do tem po... 58

Alucinações positivas e n egativas... 59

A m nésia... 59

H iperm nésia... 59

A tividades ideomotoras e ideossensórias... 59

Sugestão pós-hipnótica... 59

Capítulo 3 O MODELO DA HIPNOTERAPIA ERICKSONIANA... 63

1. Hipnose clássica... 63

2. Hipnose naturalista: a hipnose de Milton H. Erickson... 64

3. A indução naturalista... 68

4. Roteiro de indução sim plificado... 69

A b so rção ... 69

Ratificação... 70

Eliciação... 70

Pacing e lead in g... 78

5. Avaliação do paciente para utilização do metamodelo (segundo Jeffrey K. Z e ig )... 78 Categorias de avaliação:... 80 Perceptuais... 80 Categorias de avaliação:... 84 Sócio-relacionais... 84 G anchos... 93

6. Atuação em uma seqüência... 94

7. Sem eadura... 95

8. O Diamante de Erickson - um metamodelo de psicoterapia... 99

9. Utilização para que finalidade - um metamodelo de psicoterapia... 102

10. Selecionando o que um terapeuta poderia u tilizar... 106

11. Como fazer uma indução ao modo de Erickson, de acordo com cada cliente, sem ser M ilton H. Erickson — O processo... 106

(14)

Capítulo 4

O USO DE METÁFORAS EM HIPNOTERAPIA... 113

1. Parte teó rica ... 114

2. Parte prática - a construção das m etáforas... 122

3. Metáforas - estórias já contadas algum d ia ... 124

4. Algumas analogias utilizadas m etaforicam ente... 145

Capítulo 5 TÉCNICAS HIPNOTERÁPICAS... 149

1. Instruções gerais... 149

2. A p o sição ... 152

3. Indução de relaxamento progressivo... 155

4. Indução da respiração... 161

5. Indução da levitação das m ãos... 164

6. Indução de um lugar agradável... 169

7. Técnica passo a passo em cima do sin to m a... 172

8. Técnicas de entremear p alav ras... 175

9. Técnicas de aprofundamento do transe... 177

Fracionamento... 177 N uvens... 181 E scad a... 182 Silêncio... 183 10. Sonhos induzidos... 184 11. Distorção do tem p o ... 185 12. Confusão m en tal... 187

13. Técnicas de hipnose com crian ças... 188

14. Técnica de progressão de id a d e... 192

15. Técnica de regressão de id ad e... 193

16. Técnicas para d o r ... 197

17. Técnica para controle de hábitos vicio sos... 201

18. Técnica de auto-hipnose... 210

(15)

Capítulo 6

CASOS CLÍNICOS... 215

1. As desordens somáticas e p sicossom áticas... 216

2. H ipertensão... 216

3. Ú lcera... 220

4. Im p o tên cia... 224

5. Ejaculação precoce... 229

6. Vaginismo e frigid ez... 232

7. Depressão re a tiv a ... 237 8. F ob ias... 243 9. Síndrome do p â n ico ... 248 10. A sm a ... 268 Capítulo 7 CASOS DE INSUCESSO... 273 Capítulo 8 CONCLUSÃO... 279 BIBLIOGRAFIA... 281 GLOSSÁRIO... 287 xiv

(16)

Prefácio

Hipnose! Esta palavra traz à tona uma variedade muito grande de sentimentos e imagens sensacionais. Mesmo entre os profissionais, existe muita penumbra e muitos preconceitos em torno dela.

Felizmente, a Dra. Sofia Bauer, psiquiatra especialmente qualificada, escreveu este livro de valor incalculável, que ajuda a elucidar muitas questões referentes à hipnose. No livro Hipnote­

rapia ericksoniana passo a passo, a Dra. Bauer provê informações atualizadas que podem tornar possível ao médico ou ao psicote- rnpeuta integrar efetivamente a hipnose à sua prática profissio­ nal cotidiana.

A autora enfatiza especialmente a moderna abordagem hipnótica pioneiram ente elaborada por M ilton H. Erickson, M.D. (1901-1980), ele que é considerado o pai da hipnose médica m o­ derna. Erickson inventou uma nova abordagem baseada no res­ gate dos recursos do paciente. O seu método consistia em utilizar .iquilo que o paciente trazia em si como algo de mais forte, mais do que analisar ou dar ênfase às suas fragilidades. Sua aborda­ gem está no coração da psicoterapia moderna. Clínicos de todo o inundo participaram de programas de treinamento para apren­ der sobre esse avanço importante cristalizado e representado pelo legado deixado por Erickson.

Sofia Bauer, diretora (entre outros) do Instituto M ilton H. I rickson de Belo Horizonte, um dos mais de 70 institutos afilia­ dos à Milton H. Erickson Foundation Inc., é uma das pessoas mais amplamente qualificadas para escrever sobre os avanços da psicoterapia ericksoniana, uma vez que se submeteu a um

(17)

grama de treinamento intensivo na Fundação Erickson, em Phoe- nix, Arizona, tendo sido uma das mais aplicadas estudantes bra­ sileiras e se consagrado como um dos mais reconhecidos trainers de língua portuguesa.

Reconheço em Sofia Bauer uma profissional altam ente éti­ ca e uma psicoterapeuta diligente. Supervisionei alguns dos seus casos clínicos e gostaria de ser enfático no reconhecim ento da sua rem arcada competência, ela que também tem sido discí­ pula do renom ado psicoterapeuta M alomar Edelw eiss, e acabou incorporando, também, algumas das suas contribuições para o seu trabalho.

É uma honra prefaciar o trabalho de uma aluna tão im por­ tante e cuja contribuição à psicoterapia se consagra agora numa obra insubstituível. Hipnoterapia ericksoniana passo a passo é um texto claro e de fácil compreensão, que estará entre os mais im ­ portantes m anuais de terapia ericksoniana de língua portuguesa, para todos aqueles que se interessarem em aprender sobre os fundamentos da abordagem de Erickson. Este livro é muito bem organizado, rico em novas idéias e propostas interessantes. Os leitores que apreciarem de forma cuidadosa esta leitura serão compensados com o conhecimento de um universo de idéias prá­ ticas que irá reverter-se imediatamente em novos recursos em be­ nefício do aprimoramento do seu trabalho na clínica.

Jeffrey K. Zeig, Ph.D. Diretor da Milton H. Erickson Foundation Inc.

(18)

Sobre a hipnoterapia ericksoniana

no Brasil

Gostaria que vocês soubessem que a hipnoterapia erickso­ niana vem sendo divulgada e difundida por todo o Brasil.

José Carlos Gomes vem trazendo, em workshops e con­ gressos, os mais competentes profissionais da área como: Jeffrey K. Zeig, Stephen Gilligan, Ernest Rossi, Tereza Robles, Jorge Abia, Camilo Loriedo, Stephen Lankton, entre outros.

Dr. Jeffrey K. Zeig vem fazendo um belo trabalho de base, ensinando aos psicoterapeutas a abordagem ericksoniana. Ele tem dado cursos em Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Porto A le­ gre.

Hoje já contamos com vários institutos ericksonianos que ministram cursos de formação na área. Desejando fazer uma for­ mação mais completa, você pode procurá-los.

Esses institutos são filiados à Fundação M ilton H. Erickson dos EUA e receberam autorização para funcionar como institutos de formação na abordagem ericksoniana.

(19)
(20)

... H ipnose é um ato de am or... perm itir-se entrar em transe é

um ato de am or... ver esta outra parte sua que mora aí dentro... a sua beleza...

... Quando você ama alguém, você gosta... admira... se fix a nela... absorve... e "mergulha" profundamente na idéia de se entregar...

Não tenha medo do que vem. Você primeiro vai aprender a conhe­ cer o outro e descobrir a beleza dele. Quando você o fizer, perderá o medo e com certeza tocará seu coração e este então se abrirá para receber o belo, o bom, o que realmente cura.

Tenha coragem de dizer para você: Eu não sei, mas vou aprender à medida que observo o meu cliente; verei o que ele tem de bom, seus recursos, sua potencialidade, e isto será a luz que o guiará para a saída do problema. Mas é preciso ter a cora­ gem de enfrentar o medo de amar o que quer que venha. Libere seu coração para que ele sinta e deixe fluir o amor por você pri­ meiro. Aceite o fato de que, para andar, temos que dar um passo depois do outro. Centre-se, respire, ame a você mesmo, libere seu olhar, seus sentimentos, e busque perceber como o outro lhe toca.

... Abra seu coração para receber... deixe acontecer... o amorl...

Com certeza você tem mídto para dar...

... Eu me lembro do meu primeiro sonho em análise... um canteiro n ser plantado, só havia terra, eu pedia ajuda a um jardineiro... Foi como ludo começou...

... No fin al desta mesma análise, meu último sonho... estava num jardim botânico... um herbário talvez... havia um sábio de cabelos bran-x ibran-x

(21)

cos que tinha dificuldade em andar... ele me ensinava que nesse jardim havia todo tipo de planta... a form a de cuidar era variada... ele mostrava como observá-las... tratá-las... mas estavam ali... poderia tirar mudas... plantar mais...

... Hoje estou aqui falando de passos... como guiar as pessoas para amarem a si mesmas... semear... plantar... frutificar!

(22)

Introdução

Tudo começou com uma semente, o professor Malomar I und Edelweiss.

Semeou as primeiras idéias aqui em Belo Horizonte e foi ilisseminando um tipo de flor especial: encantava, suavizava e i urava através de uma terapia suave. Uma mistura de psicanálise com hipnose.

Foi com quem dei os primeiros e os grandes passos na di­ reção da hipnoterapia. Aprendi a trabalhar com algo muito espe- i i.i 1: em vez do ferrinho de dentista, usar laser. M ais suave, m e­ nos dolorido e muito eficaz na retirada do tártaro.

A partir das primeiras induções ensinadas por ele, tive a curiosidade de percorrer o caminho que me levasse à teoria da clínica daquilo que estávamos fazendo. Fui buscar nos professo- iis que seguiam a abordagem de M ilton H. Erickson.

Foi quando encontrei o Dr. Jeffrey K. Zeig, entre m uitos i mtros professores da teoria da hipnose e da clínica hipnoterápi- ' .i Zeig, por ter estado ao lado de M ilton H. Erickson por m uitos unos, foi capaz de elaborar uma forma de teoria para o trabalho realizado pelo mestre da hipnoterapia naturalista. Das teorias

■ 11 ie vi, para caminhar nesta trilha, achei que Zeig era muito bom

|ura ensinar o passo a passo da teoria à clínica da hipnose. Vocês terão a oportunidade de ver neste livro m uitas das coisas que i om ele aprendi para dar os meus próprios passos.

Assim, este livro é o caminhar e o condensar das teorias • |iie percorri e que gostaria que vocês aprendessem.

(23)

22 Sofia M. F. Bauer

Ele é dedicado a todos aqueles que querem um guia práti­ co para trabalhar com hipnoterapia ericksoniana. Vai abordar, da teoria à prática clínica, todos os passos que devemos percorrer para um bom trabalho.

Saber a teoria, a definição dos conceitos que envolvem a hipnose, é fundamental para você saber lidar com ela. É como co­ nhecer o solo onde você fará suas edificações. Uma vez que você sabe onde está pisando, fica fácil aplicar as técnicas de edificação. Urra para cada tipo de solo.

Assim, o primeiro passo deste guia é mostrar os conceitos teóricos.

Lembro-me bem de quando comecei. Foi como uma m istu­ ra. Ainda não sabia bem o que era a hipnose, nem tampouco as muitas técnicas para aplicá-la. Costumava perguntar ao profes­ sor Malomar, meu grande introdutor na área, se a pessoa podia bocejar, rir ou chorar, se abrir os olhos era sair do transe, se a pessoa poderia falar; ia treinando e aprendendo, curiosa, a cada dia, um novo passo.

Por isso considero essencial ter uma boa noção sobre o que seja a hipnose, como se manifesta, seus níveis de profundidade, seus fenômenos.

Logo em seguida, verificar e aprender quais as m aneiras de se colocar uma pessoa em transe. Há várias técnicas que vêm se propagando e que você poderá utilizar variadamente. Vamos abordar aqui neste livro alguns ericksonianos e suas técnicas de prática clínica que mais efetivamente nos ajudam a colocar o cliente em transe e a trabalhar em hipnoterapia.

Lembremos sempre que hipnose não é uma terapia em si, mas uma boa ferramenta que nos ajuda a tornar o inconsciente observável e aflorar os recursos de cada um mais rapidamente para um trabalho de cura.

Mas não basta só saber a teoria sobre hipnose e sobre suas técnicas de aplicação. E necessário, e condição básica, uma boa formação em psicoterapia, e até em psicanálise, para que você possa saber como utilizar essas técnicas.

Com este guia você associará seus aprendizados de psica­ nálise e psicoterapia e, numa boa mistura, verá os resultados.

(24)

I lipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 23

Espero que você utilize bem o que verá à frente. Sempre i i ente de que o bom senso é uma condição importante na utiliza­ ção da hipnose.

Que este guia possa realmente guiá-lo no caminho da luz! Como disse M ilton H. Erickson a uma cliente deprimida, "... nenhuma dor dura para sempre, depois da chuva vem a luz do sol...".

(25)
(26)

Capítulo 1

História da hipnose

Todos que estão familiarizados com leituras sobre o tema unhom que este é um capítulo que não falta nos livros.

A hipnose existe desde que o homem apareceu na terra. Os fenômenos hipnóticos fazem parte da vida cotidiana de todos os neres humanos. Nós passamos por eles todos os dias, várias ve­ zes por dia. Mais adiante veremos os fenômenos hipnóticos e

vi 11 c entenderá melhor.

A hipnose é um fenômeno universal. Portanto, ela pode ser encontrada na história da humanidade desde os seus primórdios.

An induções hipnóticas são tão antigas quanto a com provação da

evKiôrtcia das civilizações antigas, passando por culturas dife- lenles em danças, rituais, expressões orais, forças da natureza, Vindas desde povos não civilizados até os civilizados, todas se­ guindo e procurando um estado especial de consciência: o transe. Podemos ver, no decorrer da história, que este estado espe- i líil loi associado a idéias de modificação de energia, um sono di­ ferente, uma patologia, uma regressão, uma aprendizagem ad-

i|uii ida, uma dissociação, um envolvimento motivado, uma ence-

nnçlo.

Itfuilo

X XX a.C.

No Egito via-se, através de papiros, que os sacerdotes in-

(27)

26 Sofia M. F. Bauer

Sécu lo X V III a.C.

Na China induzia-se um certo tipo de transe hipnótico para se buscar a aproximação entre os pacientes e seus antepas­ sados.

M ito lo gia grega

Filho de Apoio e Coronis, Asclépios (o Esculápio dos ro­ manos) aprendeu com o centauro Quíron um tipo de sono espe­ cial que curava as pessoas. Muitos dormiam no templo do deus, e durante a noite se dava a cura.

Sécu lo XI

Avicena (Abu Ali al-Husayn ibn Sina, 980-1037), sábio, filó­ sofo e médico iraniano, acreditava que a im aginação era capaz de enfermar e de curar pessoas.

Sécu lo XVI

Paracelsus (Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, 1493-1541), pai da medicina hermética, acredita­ va na influência magnética das estrelas na cura de pessoas doen­ tes. Confeccionava talismãs com inscrições planetárias e zodia- cais.

S écu lo X V III

Franz Anton Mesmer (1734-1815) foi considerado aquele que inaugurou a fase científica da hipnose. Assim, o início da his­ tória formal da hipnose se deu em 1765 com os trabalhos de M es­ mer com seu magnetismo animal. Utilizando-se de magnetos, Mesmer curava dores e doenças naquela época, pela aplicação de tais ímãs na fronte da pessoa. Ele propunha que a cura se dava por uma ab-reação da harmonia orgânica, produzida por uma concentração inadequada de um fluido magnético invisível. Pen­ sava que a cura se dava ao fazer fluir o tal m agnetism o. Foi cons­ tituindo fama com suas curas, e logo chamou a atenção pelo su­ posto charlatanismo. Foi feita uma comissão para investigar se a cura era m esm o real ou não. Participaram desta com issão Benja- min Franklin, Lavoisier, Guillotin e Bailly, em 1784. Fizeram o mesmo trabalho substituindo os magnetos por m adeira e

(28)

obtive-I llpnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 27

Mm os mesmos belíssimos resultados. Consideraram então Mes- iner um charlatão. O mesmerismo foi proibido. Não viram o que perdiam: a excelência dos resultados.

Mesmer não foi o primeiro. Seguia idéias de autores que i tiravam doenças, acusados do uso de técnicas de bruxaria. Entre estes autores estão: o abade Lenoble, Paracelso (1493-1541), Jan I l.i ptiste Van Helmont (1579-1644), Robert Fludd, James Clerk M.ixwell (1831-1879), padre Kircher, Greatrake e Jean-Joseph i ..issner. Seguia também as sistematizações físico-químicas de

I uigi Galvani (1737-1798) e Antoine Laurent de Lavoisier (1743- I7‘H).

Podemos citar também o marquês de Puységur (1751-1825) tomo um discípulo de Mesmer que descobre o Sonambulismo Artificial. Ao fazer hipnose, usava tocar harpa como uma forma tle produzir "m agnetism o", termo provindo de Mesmer. Além

II Isso, utilizava os valores do paciente, como Erickson veio a fa­

zei mais tarde.

Pe. José Custódio de Faria (1755-1819), mais conhecido i oi no abade Faria, graças ao famoso romance de Alexandre Du- m.is, O Conde de Monte Cristo, teve contato com as idéias de Mes- mor, defendeu-as e sustentou a idéia de que o transe se asseme-lliiiva ao sono.

'ttvulo X IX

James Braid (1795-1860) — cunhou o termo hipnotismo. Do grego hypnos, sono. Mais tarde tentou trocar o nome ptirn monoideísmo, mas o termo já havia pegado. Induzia o tran­ se por fixação do olho a um ponto acima da linha dos olhos.

James Esdaile — era um médico inglês que se utilizou das ir. nicas de Mesmer para fazer grandes cirurgias sem anestesia ilurante a guerra na índia. Publicou o livro Mesmerismo na índia em 1850.

A escola de Nancy (de Liébeault, de Bernheim e de Coué) considerava que o estado de transe era um estado normal e nfln patológico. Se propunha que a mudança acontecia de uma forma não-consciente através da intervenção da vontade. E que a 'ingestão operava somente quando encontrava um eco interno, uma auto-sugestão.

(29)

Sofia M. F. Bauer

A escola da Salpêtrière — (Charcot), onde Freud fora fazer seus estudos, considerava o estado de transe como algo que só acontecia como estado patológico.

Jean Martin Charcot (1825-1893) — tido como um dos maiores neurologista do século XIX, após estudo com um grupo de pacientes histéricos, considerou o transe como um estado pa­ tológico de dissociação. Também dividiu o transe em três níveis: a catalepsia, a letargia e o sonambulismo. Foi o fundador da es­ cola de neurologia da Salpêtrière.

Ambroise-Auguste Liébault (1823-1904) — assemelhava o transe ao sono, só que o transe resultava de sugestões diretas.

Hippolyte Bernheim (1840-1919) — seguidor de Liébault, desenvolveu a idéia do transe como um estado de "reforçada su- gestibilidade causada por sugestões". Liébault e Bernheim con- fluíram para a idéia de transe e sugestibilidade.

Sécu lo XX

Ivan Pavlov (1849-1936) — médico russo que definiu o transe como um "sono incom pleto" causado por sugestões hip­ nóticas. Estas sugestões provocariam uma excitação em algumas partes do córtex cerebral e inibição em outras partes. Criador da indução reflexológica.

Pierre Janet (1849-1947) — francês que descreveu o transe como uma dissociação. Introduziu o termo subconsciente para diferenciá-lo do inconsciente.

Freud, nesta época, fez seus estudos junto aos casos de his­ teria de Charcot e acabou por abandonar a hipnose, depois de m uitos estudos com Breuer. Faziam a correlação da hipnose com patologia. O transe sonambúlico, que provocava amnésia, e a vontade crescente do descobrimento dos caminhos do incons­ ciente fizeram Freud abandonar a hipnose e partir para a livre as­ sociação. Breuer aprendeu a aproveitar o transe menos profundo, e então veio a fama e a inimizade com Freud.

Mas Freud, já em 1918, no Congresso Psicanalítico de Bu­ dapeste frisava a importância de aliar à psicanálise a hipnose. No final de sua vida, em 1938, falou da "legitim idade de certos fenô­ menos hipnóticos" no Esboço de psicanálise. E, por fim, da

(30)

possibi-I lipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 29

Ik I.ide de juntar o ouro da psicanálise ao bronze da sugestão hip­

nótica.

Após a Segunda Grande Guerra, a hipnose começou a reto- m.ir força no tratamento dos traumas pós-guerra. Vieram novas liíorias:

Ernest Simmel, psicanalista alemão (1918) — desenvolveu

.1 hipnoanálise.

Clark Leonard Hull (1884-1952) professor de psicologia em Viile, interessou-se pelos aspectos experimentais da hipnose, lan-i,.iiido o livro Hypnosis and sugestibility, em que afirma que os fe­ nômenos hipnóticos são uma resposta adquirida, igual aos hábi- Ins. Teoria da aprendizagem: repetição associativa, condiciona­ mento e formação de hábito.

Kris (1952) — regressão dirigida a serviço do ego.

André Muller Weitzenhoffer (1921) — reforça o conceito de dprendizagem, mas caracteriza o transe como experiência natura- IlHtn.

Gill e Brenman (1959) — regressão a um estado primitivo dr Iransferência com o hipnotizador.

Fromm, Oberlander e Grunewald (1970) — ego com pulsi­ vo c regressão adaptativa.

Ernest Hillgard — modificou os conceitos de dissociação dr J.met, em que o transe é um desligamento temporário.

Milton H. Erickson (1901-1980) — observador nato, perce-

Iumi a natureza multidimensional do transe, que se modifica ex-

pri icncialmente de pessoa a pessoa. Por mais que haja defini- ÇOcs, serão sempre uma visão pessoal que falharão em explicar itlf.um ponto e não irão substituir a experiência real de viver a hipnose.

"Deve-se reconhecer que uma descrição, não importa quão pnvisa ou completa seja, não irá substituir uma experiência real, lii in tampouco poderá ser aplicável a todos os pacientes" (Milton II l iickson).

Erickson, seguindo os achados de bons resultados de Clark I lull, iniciou sua jornada, utilizando-se da hipnose de uma forma Ihuito pessoal. Nenhuma indução clássica, mas sim uma indução ' l nvial e única para cada paciente, fazendo com que o paciente

(31)

30 Sofia M. F. Bauer

se tornasse seu próprio indutor, dentro de uma técnica bastante naturalista.

Podemos resumir, de acordo com o passar dos tempos, que se considerava a hipnose uma técnica, e que o hipnotizador curava. Mais tarde, que era necessário a interação de ambos, hip­ notizador e hipnotizado. Depois, foi visto que a cura vem de den­ tro daquele que deseja se curar. A indução é uma arte, uma habi­ lidade que pode ser desenvolvida por todos, pois, naturalmente, pode ser aprimorada de dentro para fora.

É isto que veremos a partir de agora. Boa viagem!

A viagem que vamos começar é na história da vida de Erickson.

Rapaz jovem, filho de fazendeiros, contraiu poliomielite aos 17 anos. Febril, à beira da morte, foi diagnosticado pelo m é­ dico que disse à sua mãe e ele pôde ouvir que "este menino não passará do am anhecer". Raivoso e indignado pensou: "Com o um médico pode dizer uma coisa destas a uma m ãe?!" Pediu a sua m ãe que o arranjasse na cama de tal maneira que pelo espelho veria o sol nascer. Agüentou firme pensando: "Se eu vir o sol nascer, não m orrerei." Aos primeiros raios de sol, ele se entregou e entrou num coma profundo, vindo a despertar uns dias depois, já refeito do pior, a morte. Foi sua primeira luta interior, em que experienciou a força vir de dentro. Mais tarde, constatou o pri­ m eiro dos conceitos que veio a desenvolver: o princípio ideodi- nâmico. Aquele que diz que uma idéia (um pensamento) é um ato em estado nascendi, como disse Freud. Ele estava paralítico, preso a uma cadeira de balanço, vendo seu povo trabalhar lá fora, no campo, com muita vontade de lá estar também. Percebeu que sua cadeira balançava. Como isto podia ocorrer se estava pa­ ralisado. Foi aí que percebeu que seu corpo fazia um movimento de ir para frente, como sua idéia de ir para fora. Começou a trei­ nar sua mão, depois seus braços, depois aprendeu a andar passo a passo e em pouco tempo estava se recuperando.

Uma pessoa que experiencia a motivação como força básica motivadora desenvolveu isto junto à hipnose: a força vem de dentro. Uma resposta interior.

M ilton Hyland Erickson, nasceu em Nevada, EUA, em 15 de dezembro de 1901. Morreu em 27 de março de 1980, e deixou

(32)

I li| mnterapia Ericksoniana Passo a Passo 31

tiin.i obra muito valiosa, com a utilização de hipnose naturalista, ijiic tvssignifica os caminhos ditos problemáticos. Como

psiquia-11.1 leve uma boa formação em psicoterapia e, por ter seu lado in-

Imlívo e observador muito desenvolvido, foi se envolvendo, ao Iiim^o da vida, com hipnose, a ponto de ser conhecido nos EUA i nino Sr. Hipnose. Foi o presidente fundador da American Socie- lv of Clinicai Hypnosis e editor fundador da revista daquela so- t Iim l.ide, American Journal o f Clinicai Hypnosis.

Milton H. Erickson tinha uma forma muito particular de pn-.lnar, através de seminários didáticos, em que seus alunos lliiiis experienciavam sua metodologia do que se prendiam à teo-

t l rt

Nos EUA, existem profissionais que merecem ser citados ■nr seus trabalhos de hipnose:

André W eitzenhoffer — grande estudioso do assunto, de- I|lOU-se à pesquisa da hipnose e de seus aspectos experimentais, | tllvulgação das escalas de transe e ao desenvolvimento de con­ tritos que fundamentassem a hipnose. Tem várias publicações de ■A nde valia e respeito.

Ernest Hillgard — outro estudioso dos aspectos experi- «*» Milais, com várias publicações de grande valia, dando ênfase lu lianse como dissociação.

A seguir poderíamos citar os seguidores de M ilton H. |!ili kson, como os grandes disseminadores das técnicas ditas Bflcksonianas.

Jay Haley — colega de Milton H. Erickson, publicou Tera-

mhi iiüo-convencional, em que torna Erickson mais conhecido como pnl ilas abordagens de terapia estratégica breve.

Jeffrey Kenneth Zeig (Nova Iorque, 6/11/1946) — aluno de || Irkson por seis anos. Aprendeu e desenvolveu um metamodelo lli1 psicoterapia baseado nos ensinamentos tidos com o mestre w ltkson. Foi o fundador e é o presidente da M ilton H. Erickson huindation, e tem dedicado sua vida a ensinar pelo mundo afora D Abordagem ericksoniana do trabalho com hipnoterapia. A tiiiilor parte deste livro vem dos ensinamentos de Jeffrey K. Zeig.

|lt> tem muitos livros sobre o assunto publicados e alguns deles português.

(33)

32 Sofia M. F. Bauer

Podemos ainda citar nomes reconhecidos mundialmente como seguidores da linha de hipnoterapia ericksoniana. Cada um à sua maneira, desenvolvendo uma linha de abordagem den­ tro deste tema. Ernest Rossi, com a terapia das mãos; Stephen Gilligan e sua concepção pessoal, em que mistura as técnicas aprendidas com Erickson, o budismo e o aikidô, fazendo um grande trabalho de amor e integração dos clientes; Stephen e Ca- rol Lankton, que desenvolveram as técnicas de metáforas em bu­ tidas, buscando a resposta interior através de suas riquezas que são redescobertas. Existem inúmeros outros seguidores que vão desenvolvendo novas abordagens daquilo que vem sendo batiza­ do de abordagens naturalistas para desenvolver o transe.

No Brasil, temos o professor M alomar Lund Edelweiss, nascido em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, em 1917. Ele é psicólogo, professor universitário desde 1952. Teve como primeira formação acadêmica o curso de Direito, depois de Filo­ sofia. Fez sua formação em psicanálise em Viena, no W iener Ar- beitskreis für Psychoanalyse, com Igor Caruso. Fundou, em 1956, no Rio Grande do Sul, o Círculo Brasileiro de Psicanálise, tendo hoje nove sociedades afiliadas em seis estados brasileiros. Tam ­ bém deu início ao Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, ao mu- j dar-se para esse estado em 1963. E é em Belo Horizonte que vem j praticando a hipnose juntamente com a psicanálise sob o nome de hipnoanálise há aproximadamente 15 anos. É o introdutor do ] assunto entre seus seguidores e alunos. Exerceu por mais de 30 j anos a prática psicanalítica clássica, e vem dedicando-se nestes últimos 15 anos à prática da hipnoanálise e hipnoterapia. Foi um dos primeiros divulgadores das obras e trabalhos de M ilton H .j Erickson no Brasil. Mantém, em nível de pós-graduação, curso programado em cinco anos letivos, para universitários com m aisl de cinco anos de formados em exercício profissional na área dal hipnoanálise e hipnoterapia. Considero-o o padrinho brasileiro] da hipnoterapia.

(34)

C a p ítu lo 2

Mitos e conceitos

Para trabalhar com hipnose é preciso primeiro saber o que t’ \pesar das inúmeras teorias, até hoje a conceituação e defini-

■Aii de hipnose ainda é algo polêmico.

Vou começar pelos mitos sobre hipnose que comprometem |i i onhecimento e a aceitação desta como uma ferramenta muito biM de ajuda às psicoterapias.

I, Mitos

Podemos ver que os mitos sobre a hipnose se propagam llrnvés dos séculos. No século XIX, a novela Trilby escrita por Du M.mi ier, fala de Svengali, com sua personalidade forte e maléfi- |h, e Trilby, a mocinha fraca que se deixa influenciar pelo hipno- ll/.nlor Svengali e se torna uma excelente cantora enquanto está hipnotizada.

Os mitos surgiram inicialmente relacionados aos hipnoti- /.i> I<>res de palco e suas mágicas demonstrações. Abordarei os principais mitos, sobre os quais nossos clientes sempre chegam lliestionando, e é preciso que se desfaçam para que se possa es-

liihelecer uma relação de confiança e não de domínio. A hipnose é cau sada pelo pod er do h ip n otizad or

Este é um mito comum, pois até hoje, em "hipnose de pal- »’n", o que se vê é a personalidade forte e astuta de um bom hip­ notizador sugestionando pessoas a fazer aquilo que eles pedem:

(35)

34 Sofia M. F. Bauer

comer cebola como se fosse maçã e assim por diante. O que você provoca com este tipo de demonstração? Poder sobre o outro?! Esta é uma idéia que vem desde os tempos de Mesmer, que vin­ culou o transe ao poder do magnetismo animal. Porém, na verda­ de, a hipnose não acontece apenas pelo poder do hipnotizador, mas pela aceitação e interação da pessoa que entra em transe e deseja experienciar aquilo que se pede. E muitas vezes o hipnoti­ zador faz a hipnose dita autoritária, aquela que dá ordens, com todo seu jeito poderoso e não consegue nada. A hipnose acontece num campo de interação e confiança, o rapport.

Q u em pode ser hip n otizad o

Teoricamente todo mundo pode ser hipnotizado. Alguns acreditam que isso só acontece com as pessoas de mente fraca, mas a verdade é que a hipnose faz parte do nosso dia-a-dia. En­ tramos em transe espontaneamente, por algumas vezes, num mesmo dia e diariamente. Quem já não experimentou sensação de, ao tomar banho, ir se desligando de tudo e viajar nos pensa­ mentos? Quem já não deu um telefonema e esqueceu para onde ligava? Quem já não experimentou dirigir, andar quilôm etros e só depois verificar que havia andado muito sem se dar conta? Es­ ses são fenômenos hipnóticos do nosso dia-a-dia. São fenômenos de focalização da atenção. Portanto, um hipnotizador habilidoso, numa boa interação com seu cliente, trabalhando a confiança e a motivação, leva seu cliente ao transe. Em tese, todo mundo pode ser hipnotizado.

O h ip n otizad or con trola o d esejo do p acien te

Sabemos que a mente inconsciente é sabiamente amiga. Portanto, esta afirmativa é falsa. O sujeito é protegido pelo seu inconsciente de fazer aquilo que não deseja. Caso ele o faça é porque julgou inofensivo, ou por acreditar que aquilo possa aju­ dar.

A h ip n ose pode ser p reju d icial à saúde

A hipnose não causa danos, se usada por pessoas com pe­ tentes e bem-intencionadas. Pessoas inescrupulosas sugerem a melhora extrapolando os limites de seu cliente.

(36)

I lipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 35

Lembre-se, ela é como a eletricidade, boa, mas em excesso c nml aplicada pode dar choque. Por isso a cautela de se preparar |n<m o profissional da área.

Mas em si a hipnose não faz mal algum, por ser parte da

linv.,1 vida diária. O que faz mal é a sua manipulação inescrupu-

ln'..i por certos profissionais e a credulidade de certos pacientes. 1'uile-se tornar dep en d en te de h ip n ose

Quando as pessoas procuram por ajuda, estão de certa ma- nrir.i dependentes do profissional que as atende. Mas, à medida |\li’ vão se curando, esta dependência acaba. Elas dependem do i liuii o para socorrer e confortar. O objetivo é ajudar a pessoa a se minr e ser auto-suficiente. A hipnose ajuda neste processo e Mm l<- se até ensinar a auto-hipnose como auto-ajuda e inde­ pendência.

A pessoa pode n ão v o ltar do transe, ficar presa n ele

Não é possível; o máximo que acontece é a pessoa adorme- ie i, i|tie seria o passo seguinte ao transe profundo. Sabe-se que o IfmiM1 é um estado entre a vigília e o sono. Se você aprofunda, ilm mr e pode ser acordado.

1) nono e a hipn ose

Hipnose não é sono. É um estágio anterior. Às vezes, con­ funde se o estado da pessoa em transe profundo, pensando que |(liiimeceu. Mas mentalmente a pessoa é capaz de estar concen- Iffliln (> com certo grau de consciência e responder aos seus co- pHndos. Assim, o transe parece sono do ponto de vista físico (ati- Vlilinle diminuída, relaxamento muscular, respiração suave, etc.), Mit». do ponto de vista mental, a pessoa está relaxada de forma

tlrfltl.

A

Dfssoa fica in co n scien te em transe

A hipnose é um estado de atenção focalizada, o que não t|ii*'i di/.er que você perca a consciência. Ocorrem modificações tirtn percepções e, num nível mais profundo de transe, acontece um ilcsligamento da atenção vigilante. E só no transe profundo é Hlii' tu orre a amnésia total.

(37)

36 Sofia M. F. Bauer

H ipnose e relaxam en to

Hipnose pode ser induzida via relaxamento, mas nem toda hipnose é relaxamento. Um atleta correndo ou nadando pode es­ tar em transe e não está em relaxamento.

H ip nose e terapia

A hipnose não é uma terapia. É somente mais uma boa fer­ ramenta utilizada numa terapia, que ajuda a acessar o incons­ ciente de uma maneira ágil. Mas hipnose por si só traz alívio e paz, o que é curativo também.

R egressão e h ip n ose

Muitas pessoas pensam que hipnose é regressão. Regressão é um dos muitos fenômenos que podem ocorrer com a pessoa em transe, mas nem toda pessoa regride quando entra em transe. Principalmente as pessoas, mais ligadas, e/ou mais controlado­ ras, muito pensativas e racionais. Estas têm mais dificuldade de entrar num transe mais profundo. Para haver regressão é neces­ sário um transe médio ou profundo.

A regressão ocorre como uma hipermnésia, em que fatos, imagens e sensações são evocados de maneira intensa. Pode ocorrer naturalmente ou por indução.

Mas regressão não é hipnose. A hipnose abrange outros fe­ nômenos que também são utilizados dentro do transe, muitas ve­ zes com mais eficácia, além de não provocar uma sensação de derrota para aqueles que não a conseguem. E norm alm ente não há necessidade de se fazer só regressão na hipnoterapia. É bom lembrar que na regressão as memórias podem ser construídas. O que vale é a realidade psíquica para o nosso trabalho.

Há p erigo s na hipnose?

Por ser uma técnica que trabalha o desconhecido, a mente inconsciente do ser humano, pede-se cautela e escrúpulos.

Assim, a hipnose exige a formação do profissional, preparo e habilitação reconhecidos para lidar com psicoterapia e um bom estudo da mente humana (psicanálise, estudo de psicoterapias, psicopatologia).

(38)

I llpnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 37

Kla é utilíssim a em mãos hábeis, mas se torna uma arma perigosa, se aplicada indevidamente.

A hipnose pode ser ap ren d id a por um h ip n otista de p alco? Se o propósito é trabalhar psicoterapeuticamente, não bas-

Irt .1 penas aprender a hipnotizar e a dar sugestões, o que um hip-

Itolizador de palco sabe fazer muito bem e não tiramos seu méri-lO Mas é preciso m ais, é preciso conhecer o lado psicológico e pMi odinâmico dos problem as que a pessoa traz.

A hipnose realiza m ilag res

Ela não realiza m ilagres. O que acontece é a junção da mo- tlvnção do paciente e a abertura às riquezas de cada um em seu liti onsciente. Nesta m istura, a hipnose abre um novo caminho, o <I* acessar as novas respostas interiores. Parece milagre, mas é

■1^0 sério e cientificam ente teórico.

A hipnose sign ifica in co n sciên cia

As pessoas que ainda não conhecem a hipnose pensam que i '.lar em transe é ficar inconsciente. Pelo contrário, é ficar atento, min uma atenção especial. Isto, muitas vezes, pode significar prestar atenção em tudo o que o hipnotizador diz, e não "apa-l,.ir". O sujeito hipnotizado pode ouvir, sentir, falar; mas tudo rtcontece numa abertura especial e não na falta de consciência.

Se juntarmos isto ao milagre, o mito anterior, você verá porque muitas pessoas procuram a terapia com hipnose e sofrem Insucessos. Vêm à procura de alguém que faça o milagre e de for- iii.i inconsciente. Isto não existe. É necessário a motivação e a vontade de mudar, aliada à confiança de que, lá no fundo, existe um tesouro em recursos para sua recuperação. A função do hip- nolerapeuta é conduzir o cliente a aprender que ele é seu próprio terapeuta. Aprendendo, através da hipnose, a conhecer-se me­ lhor.

A hipnose debilita a m ente

Pelo contrário, a pausa reabilita as suas energias vitais, lim ­ pa a mente, suaviza os sentim entos para a pessoa sentir-se mais livre e lutar pelos seus ideais.

(39)

38 Sofia M. F. Bauer

Uma pessoa h ip n otizad a revela seus segredos

Este é um conceito errado. Pensar que a pessoa pode confessar seus segredos como se estivesse sob o efeito de dro­ gas é falso. Ela falará, se assim o quiser, porque pode ocorrer a hiperm nésia, a lem brança vivida de um fato esquecido. Deste m odo, a hipnose pode auxiliar o paciente a dizer o que ele ne­ cessita dizer, mas não pode forçá-lo a tal, se ele não tiver von­ tade de fazê-lo.

O sujeito não fica à mercê do hipnotizador. Ele pode falar,

caso queira se colocar e precise. E, muitas vezes, ainda ocorre o acréscimo de memórias construídas pela realidade anterior do sujeito. Mas não se pode dizer que o sujeito vai confessar seus se­ gredos.

E se h ou ver a m orte do h ip n otizad or d u ran te o transe?

Já pensou se o terapeuta morre, durante o transe, de um ataque cardíaco ou outra coisa qualquer?

O que aconteceria é que, ao não ouvir mais a voz do hipno­

tizador, o paciente ou interromperia o transe induzido ou conti­ nuaria nele por algum tempo, em auto-hipnose, e em seguida despertaria como despertamos de um sono natural. Talvez, até o paciente despertasse para descobrir porque o hipnotizador não está mais atento.

O fato é que o transe é um estado entre estar acordado e

dormindo; e se você continuar no transe você adormece. Se ador­ mece, também acorda. Assim, naturalmente, retorna ao estado acordado.

2. C onceitos

O conceito de hipnose não é unânime. É algo difícil de con­

ceituar teoricamente e há controvérsias. .

Entre os conceitos já aceitos, está o de um "estado natural de

consciência, diferente do estado de vigília". O nome dado por James Braid, hipnotismo (um estado parecido com o sono), diz respeito à semelhança com esse estado.

(40)

I llpnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 39

De acordo com o dicionário Aurélio, "estado mental seme- lltiinle ao sono, provocado artificialmente, e no qual o indivíduo lotilinua capaz de obedecer às sugestões feitas pelo hipnotiza- dor".

De acordo com Milton H. Erickson, "suscetibilidade am- I“li.it I.) para a sugestão, tendo como efeito uma alteração das ca- lineldades sensoriais e motoras para iniciar um comportamento rtpropriado".

Alguns autores consideram a hipnose um estado "altera­ do" de consciência. Este é um termo polêmico (alterado), pois (cm um tom pejorativo.

Para a American Psychological Association, na definição pu~ Mli.ida em 1993, a hipnose é um procedimento durante o qual um pesquisador ou profissional da saúde sugere que um cliente, |weu ;nte ou indivíduo experimente mudanças nas sensações, per- Hpções, pensamentos ou comportamentos.

Mas mesmo toda a conceitualização tentada até hoje não

Umi,segue englobar toda a riqueza da experiência da hipnose, a

l)li,il, através dos fenômenos hipnóticos, capacita uma pessoa a produzir novos aprendizados e a se utilizar da sabedoria do seu liii ousciente a seu serviço.

Para Erickson, o transe é um estado de sugestibilidade in­ tensificado artificialmente e semelhante mas não igual ao sono, no t|ual parece ocorrer uma dissociação natural dos elementos limscientes e inconscientes do psiquismo. "O transe é um perío­ do no qual as limitações que uma pessoa tem, no que dizem res- peilo à sua estrutura comum de referência e crenças, ficam tem- Bnuriamente alteradas, de modo que o paciente se torna recepti­ vo ,ios padrões, às associações e aos moldes de funcionamento fllie conduzem à solução de problem as".

Para Gilligan, o transe hipnótico seria "um a seqüência inte- fddonal, experiencialmente absorvente, que produz um estado Mpccial de consciência, em que automaticamente começam a Morrer auto-expressões".

Podemos dar uma definição prática:

Hipnose seria a absorção da atenção do sujeito: a atenção se- hri localizada através de uma indução ou de uma auto-indução, rtl «sorvendo a atenção da mente consciente e isto daria a oportu­

(41)

II) Sofia M. F. Bauer

nidade à mente inconsciente de se manifestar através dos fenôm enos

hipnóticos. A pessoa então experiencia um estado diferente de consciência, com a mente consciente focada e parcialm ente alerta; enquanto sua mente inconsciente experimenta formas variadas de manifestar as riquezas do inconsciente.

Os fenômenos hipnóticos aparecem de forma variada. Cada transe é único. Não necessariamente a pessoa entrará em transe da mesma maneira. Pode variar: variação de intensidade, profundidade e de fenômenos que ocorrem.

Os fenômenos hipnóticos são: rapport, catalepsia, amnésia, anestesia, analgesia, regressão, progressão, alucinações positivas, alucinações negativas.

A sugestão faz parte do transe. A auto-sugestão também. A sugestão seria uma comunicação associada a uma influência que assim provocaria a absorção da mente consciente, que fica focali­ zada em algum tipo de absorção sensorial e ideativa. Desta m a­ neira, ocorre a oportunidade de a mente inconsciente se m anifes­ tar, em diversos níveis, através dos fenômenos hipnóticos. Esta­ belecida a confiança, o rapport, há o acesso ao inconsciente e ocor­ re algum tipo de mudança.

Quando eu era estudante, gostava de sublinhar os textos li­ dos, depois fazer um resumo e depois apenas um esquema que memoriza a imagem. Assim nunca mais me esquecia do que pre­ cisava saber.

Vamos brincar de fazer esquema. Como se estivéssemos numa aula, eu provavelmente colocaria no quadro para você m e­ morizar:

COMUNICAÇÃO + INFLUÊNCIA = HIPNOSE 1 - ABSORÇÃO DA ATENÇÃO DA M ENTE CONSCIENTE

— em sensações, sentimentos, percepções 2 - ELICIAÇÃO DA MENTE INCONSCIENTE

— o aparecimento dos fenômenos hipnóticos

1 + 2 = TRANSE HIPNÓTICO

A ABSORÇÃO DA MENTE CONSCIENTE MAIS O APARECIM ENTO DE FENÔM ENOS HIPNÓTICOS

(42)

I lipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 41

l<i sum indo

Todas as teorias até hoje desenvolvidas são úteis, mas não i onsoguiram definir hipnose e dar a última palavra na descrição do processo e da experiência hipnótica.

Ela pode ser considerada como um estado de consciência illliTente do estado de vigília. Ocorre também no estado acorda­ do, no nosso dia-a-dia, como um fenômeno natural.

É considerada um estado de atenção focalizada, uma ab- mirção: a mente consciente focaliza a atenção em alguma coisa es- ptvial (percepção, pensamentos, imagens, estórias, amor etc.) e liã uma dissociação da mente inconsciente (automatismos).

O que se sabe é que alguma coisa acontece que é diferente

ilr estar simplesmente acordado. Há uma focalização da atenção voltada para o que é interno. Passa a valer também a realidade Interna criada pela pessoa. Pode envolver relaxamento e todos ou alguns fenômenos hipnóticos.

N orm alm ente, ela é induzida, ou até auto-induzida. A Imm relação entre as duas partes é uma condição im portante. O

liljiport gera a confiança, a abertura, e faz com que aquele que C.uia possa ser ouvido e atendido em sua faculdade de absorver a iilcnção. O resto quem faz é o sujeito que está sendo hipnotizado. A hipnose vem de dentro do sujeito.

Num conceito mais atualizado, a hipnose acontece pela in- Itiração das duas partes.

,1, M ente con scien te e m ente incon scien te

Dentro da visão de Erickson, podemos definir:

Mente consciente — é considerada a parte da mente que nos permite estar ciente das coisas, ter crítica. Tem a habilidade

de analisar as coisas, agir racionalmente, fazer os julgam entos. É

.1 parte racional, mas é a parte limitada de nossa mente. Você só

pode prestar atenção a poucas coisas ao mesmo tempo. É como i Impar cana e assoviar ao mesmo tempo.

Mente inconsciente — é o reservatório de todas as expe- riõncias adquiridas através da vida. Experiências pessoais, apren­

(43)

42 Sofia M. F. Bauer

dizados, necessidades, motivação para interagir com seu próprio mundo e as muitas funções automáticas. É uma mente sábia, não rígida, nem analítica e tampouco limitada. Ela responde a com u­ nicações experimentais, é capaz de interpretações simbólicas e tem a tendência a uma visão global. Carrega os recursos para as mudanças.

Pode-se ver a dualidade da mente pelos hemisférios cere­ brais. O hemisfério direito — o da mente inconsciente, hemisfério intuitivo — opera no nível simbólico e da criatividade. O hem is­ fério esquerdo — o da mente consciente — é o lógico, analítico e tem as funções intelectuais.

A hipnose é uma ferramenta que nos permite dissociar es­ tas duas partes, para "acessar" os recursos sábios do inconscien­ te, reintegrando a seguir, de uma forma saudável, a ajuda com a resposta que vem de dentro da mente inconsciente.

4. Sugestibilidade

De acordo com André W eitzenhoffer, sugestibilidade "é a capacidade de responder às sugestões". E sugestão seria "um a com unicação que evoca uma resposta involuntária que reflete o conteúdo ideacional da com unicação. E a com unica­ ção de uma pessoa para a outra que evoca um autom atism o na segunda pessoa, e reflete a realização do conteúdo ideacional da com unicação".

A palavra sugestão vem do latim sugestione, em que su, sub = embaixo, abaixo, por baixo, e gestione = gestão, administração, gerência.

Lembrando Freud, "o pensamento é um ato em estado nas-

cendi." Nascer na pessoa uma nova idéia. Este é um princípio da hipnose — o princípio ideodinâmico — em que uma idéia gera uma ação.

Faço aqui um pequeno relato da história de Erickson, quando ele descobre este princípio durante sua convalescença da poliomielite. Sentado numa cadeira de balanço, totalmente para­ lisado pela doença, estava com muita vontade de ficar lá fora no campo como seus familiares, trabalhando na fazenda. Olhando fixamente para fora com este pensamento em mente, notou que

(44)

I lipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 43

m u i cadeira começou a balançar para frente e para trás. Era a

liléia fazendo com que ele se movimentasse. Foi assim que, atra- ' rs deste exercício de pensamento, Erickson foi reaprendendo a

mo mover e mudar o que ele queria.

A sugestibilidade seria uma abertura para aceitar novas Idéias, novas inform ações. À m edida que esta inform ação vai sondo adquirida, dependendo do seu valor subjetivo, ela pode .iltorar a experiência da pessoa de algum a m aneira. A escolha dr aceitar ou não a sugestão proposta vai depender de a pró­ pria pessoa acreditar que isso possa levar à m udança que ela ileseja.

E sempre bom alertar para o fato de que há pessoas com uma capacidade crítica reduzida e de que há uma diferença entre Migestibilidade e credulidade. Ter bom senso e usar da capacida- ile de influência com sensibilidade é dever do hipnoterapeuta, sijmpre com muito respeito ao desejo do outro.

Todas as pessoas são envolvidas por alguma opinião em iilgum momento de suas vidas. Isso é particularmente evidente nas propagandas que exercem influência através da comunicação visual, auditiva e cenestésica.

Fazer um transe hipnótico significa comunicar alguma coi- Nti que o outro possa entender e para tal utilizamos estratégias de comunicação.

S, Ilipn otizabilidade

Diz respeito à suscetibilidade hipnótica, o grau em que você é hipnotizável. Transe leve, médio ou profundo.

Quem pode ser hipnotizado? Já vimos isto nos mitos. ( omo a hipnose e seus fenômenos fazem parte de nosso

dia-a-11 iii, podemos afirmar que todos podem ser hipnotizados. Joseph

Unrber, em seu texto "O modelo do serralheiro", mostra que a '.uscetibilidade à hipnose depende do serralheiro (chaveiro) fazer ii moldagem correta para abrir a fechadura da mente inconscien­ te. O modelo da hipnose naturalista, de acordo com cada cliente, tom maior eficácia quanto a essa suscetibilidade. Quando se indi­ vidualiza a terapia, há uma melhor resposta à indução. Veremos Islo mais tarde.

(45)

-1-1 Sofia M. F. Bauer

A hipnose pode ocorrer em vários níveis. Veja o gráfico:

O transe médio é considerado o melhor, por ter m aior efi­

cácia quanto à sugestão. Em transe leve a consciência está muito presente, e com ela a crítica e as resistências. No transe profundo ocorre amnésia, que por vezes é prejudicial aos bons resultados.

A sugestibilidade é maior no transe médio, mas sabemos que este gráfico é empírico. Você pode ter alta sugestibilidade num paciente sonambúlico ou no transe leve. O mais importante é a aliança terapêutica, o rapport. Tendo isso, você muda o gráfi­ co, muda as possibilidades. Aquilo que falei anteriormente, sobre o modelo do serralheiro quanto a entrar em transe, vale também para a sugestibilidade que pode ser aumentada nos níveis vários de transe. Portanto, o principal é fazer com que o paciente confie em você. Mas, para aqueles que estão começando, saber que o transe médio oferece maior sugestibilidade já traz segurança. Neste nível, o paciente tem alguma consciência e controle, e pode se soltar e confiar, observando.

Veja agora as escalas sobre o que acontece em cada nível de transe.

(46)

I llpnolerapia Ericksoniana Passo a Passo 45

( i ílérios de H ershm an p ara adequ ação de estados hipn óticos

• 11 .inse leve (hipnoidal)

Relaxamento

Catalepsia das pálpebras dos olhos Ivchamento dos olhos

Começo de catalepsia corporal (sem movimentos) Respirações mais vagarosas e profundas

I mobilização dos músculos faciais

Sensação de peso (pesado) em várias partes do corpo Anestesia de luva

Habilidade para sugestões pós-hipnóticas simples

• 11 .inse médio

Amnésia parcial (alguns sujeitos)

Definido retardamento na atividade muscular I labilidade em ilusões de sensações

Aumento isolado de sensações

Marcada catalepsia dos membros do corpo

Habilidade para sugestões pós-hipnóticas mais difíceis • I r.inse profundo

Habilidade para manter o transe com olhos abertos Amnésia total (na maioria dos sujeitos)

Habilidade para controlar algumas funções orgânicas (pul­ so, pressão arterial)

Anestesia cirúrgica

Regressão de idade e revivificação

Alucinações (positiva e negativa, visual e auditiva) Habilidade de "sonhar" material magnífico

Habilidade para todas ou para a maioria das sugestões pós-hipnóticas

• 11 .mse pleno ou estuporoso

Marcado por respostas orgânicas lentas e quase completa, inibição da atividade espontânea.

Fonte: Hipnose médica e odontológica, Milton H. Erickson, M.D., hrv mour Hershman, M.D. e Irving Secter, D.D.S., Editora Livro Ple­

(47)

Estado (profundidade) da hipnose em relação às aplicações clínicas (Weitzenhoffer)

Critérios Grau

Olhos abertos Pálpebras pesadas Pálpebras com tremor

Acordado

Sensação de peso nas extremidades Sonolência

Terapia psicobiológica (reforço, per­ suasão, reeducação, confissão e venti­ lação)

Hipnoanálise (associação livre, fanta­ sias induzidas)

Aumento do limiar de dor através do relaxamento

Redução da tensão muscular geral

Estado hipnoidal

Fechamento dos olhos Relaxamento muscular geral Catalepsia das pálpebras (paralisia) Catalepsia dos membros (flexibilidade cérea

Indução do membro rígido Paralisia induzida

Automatismos induzidos

Terapia psicobiológica (condução) Analgesia leve (cefaléias tensionais, trabalho de parto e alguns partos, tra­ balhos dentários simples)

Hipnose leve

(48)

I llpnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 47

Critérios Grau

Amnésia pós-hipnótica parcial sugerida Alterações sugeridas de vários senti­ dos cutâneos

Anestesia em luva

Analgesia parcial pós-hipnótica Automatismo generalizado

Hipnose média Alterações superficiais de personalida­

de sugerida

1 lipnoanálise (indução de sonhos, re­ presentação de papéis)

1 .icilitação de terapias físicas

Analgesia para partos, trabalhos

den-1 ii ios e pequenas cirurgias

' 'iigestões pós-hipnóticas simples Amnésias pós-hipnóticas extensas su­ geridas

Anestesia geral

1 leitos emocionais induzidos

Profundas alterações de personalidade sugeridas

Alucinações

Hipnose

Alteração da noção de tempo profunda

Ke^ressão e progressão de idade 1 era pias biológicas (certas dessensibi-lld.ides)

1 lipnoanálise (escrita automática, pin­ tura, modelagem)

Kemoção de sintomas

l Jno quase geral de sugestões como ad­

junto de intervenções médicas Anestesia para cirurgias maiores

(49)

Sofia M. F. Bauer

Critérios Grau

Amnésia pós-hipnótica total e espontâ­ nea

Habilidade para abrir os olhos em hip­ nose

Profundas alterações de personalidade sugeridas

Todas as sugestões pós-hipnóticas Terapia psicobiológica (recondiciona- mento)

Hipnoanálise (fixação de cristais, psi- codrama, conflitos artificiais induzi­ dos, reivindicações)

Uso geral de sugestões como adjuvan- te de tratamentos médicos

Hipnose profunda Sonambulismo

Fonte:

The practice o f hypnotism, André Weitzenhoffer, M.D., Nova Iorque, Wiley Interscience Publication, 1989. Copyright © 1989 by John Wiley & Sons, Inc.

(50)

Hipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo 49

A escala de Davis-Husband in Weitzenhoffer,

The practice ofhypnotism

Teste de

Profundidade Escore sugestão e resposta

Não-suscetível 0

1

2 Relaxamento

3 Tremor de pálpebras

4 Fechamento dos olhos

5 Completo relaxamento físico

6 Catalepsia dos olhos

1 rnnse leve 10 Rigidez cataléptica

11 Anestesia em luva

13 Amnésia parcial

15 Anestesia pós-hipnótica

17 Mudanças na personalidade

11 .inse médio 18 Sugestões pós-hipnóticas simples

25 Sonambulismo completo

26 Alucinações pós-hipnóticas visuais

positivas

27 Alucinações pós-hipnóticas auditi­

vas positivas

28 Amnésia pós-hipnótica sistemati­

zada

29 Alucinações auditivas negativas

30 Alucinações visuais negativas,

hi-perestesia ■

I >nvis & Husband, 1931. Copyright 1931 pela American Psy-

(51)

M) Sofia M. F. Bauer

Depois de observar as escalas e os níveis de transe, vem a pergunta: Para estar no transe médio ou profundo é preciso sen­ tir tudo isto?

Na verdade, isto é uma escala. Uma média do que acontece em cada nível de transe. Mas o que ocorre normalmente não é se verificarem todos estes itens em cada transe atingido ou induzi­ do. Pode-se ter alguns dos itens ou todos eles. Há pessoas que são mais cenestésicas e podem desenvolver mais sensações. Ou­ tras têm uma capacidade de alucinar em imagens e outras de de­ senvolver analgesia ou anestesia, e todas podem estar desenvol­ vendo muitos níveis de transe, além de variar de fenômenos hip­ nóticos de um transe para o outro. Por isso, é bom saber que uma pessoa que hoje entra num transe leve, amanhã poderá desenvol­ ver um transe médio ou profundo, e vice-versa; hoje desenvolver o transe profundo, e amanhã o leve.

Mas com o é que você de uma m aneira prática vai saber se o seu cliente entrou em transe? E qual a profundidade deste transe?

A pessoa quando entra em transe fica com a m ente cons­ ciente absorvida. Dá vazão à mente inconsciente, a que os fenô­ menos hipnóticos apareçam, e fica clara a constelação hipnótica, ou seja, um quadro de sinais físicos que denotam um estado en­ tre o acordado e o dormindo.

Ao perceber alguns destes sinais, você já está com seu cliente em transe. Pode ser um transe mais leve, em que as carac­ terísticas principais são: catalepsia, diminuição dos movimentos, respiração mais lenta, às vezes sinais ideomotores.

No transe médio, observam-se uma catalepsia mais acen­ tuada, músculos da face soltos e mais sinais da constelação hip­ nótica como: movimento de deglutição diminuído, sinais ideo­ motores, movimentos oculares, respiração mais lenta, às vezes mudança na postura (mais caído para um lado).

O transe profundo parece-se com o sono. A pessoa conti­

nua respondendo aos comandos do indutor do transe, ocorrem os movimentos rápidos dos olhos (REM) e pode haver até so­ nhos. Ela pode entrar em sonambulismo. O próprio nome já diz, o sono mais o ambulismo. Parece estar adormecida, mas tem a capacidade de andar, escrever, responder às perguntas, de uma

Referências

Documentos relacionados

a) conforme estabelecido pela Portaria Conjunta Nº 1 Capes/CNPq, de 12/12/2007, os bolsistas CAPES, matriculados em programas de pós-graduação no país, poderão receber

§ 1º As reuniões ordinárias do Conselho Técnico da DRI, previstas no calendário, deverão ser convocadas por seu Presidente, mediante comunicação escrita aos demais membros e

(Rn = 23.003,87€) 89.. Um cliente deposita no início de cada mês 1000€. O aluguer mensal de um prédio é de 30.000€ pagáveis no início de cada mês. Sabendo que a taxa de juro

Este estudo teve como objetivo avaliar o grau de satisfação de pacientes reabilitados com prótese fixa suportada por fixações zigomáticas e implantes

 Foi criado o Fundo Azul, que irá funcionar no âmbito de competências da Ministra do Mar, com a natureza de património autónomo e o objetivo de se constituir como um mecanismo de

Para solicitar a identificação funcional, os aposentados devem se dirigir ao setor de gestão de pesso- as da unidade mais próxima da sua casa para preencher a FIA (Ficha

Resumo da análise de variância efetuada para Densidade básica (DB), comprimento de fibra (CF), espessura da parede da fibra (EPF), comprimento de vaso (CV), diâmetro de vaso

Dessa distância, é impossível errar, e a criatura tomba sobre a mesa. Um burburinho junto à porta indica que você foi observado, e o que quer que estivesse espiando você,