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RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva

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Academic year: 2022

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desmame da ventilação mecânica pode ser defi- nido como o processo de transição da ventilação mecânica para a ventilação espontânea (1). Este processo de transição, ainda nos dias de hoje, permanece um desafio importante para os profissionais envolvidos no tratamento de pacientes graves.

A maioria dos pacientes submetidos ao suporte ventilatório mecânico pode ser fácil e rapidamente reti- rada do ventilador assim que a condição responsável pela instituição da ventilação artificial for tratada e/ou estabi- lizada (2). A dificuldade no desmame do ventilador me- cânico reside em cerca de 5% a 30% dos indivíduos que não conseguem ser removidos do ventilador numa pri- meira ou segunda tentativas, geralmente correspondendo a um grupo particular de pacientes com doenças pulmo- nares prévias, cardiopatias, grandes cirurgias abdominais ou torácicas, com tempo prolongado de ventilação me- cânica, disfunção de múltiplos órgãos ou ainda doenças neurológicas e debilitantes (1, 3).

A ventilação mecânica e, particularmente, o processo de sua retirada são eventos relativamente novos dentro

Protocolo de desmame da ventilação

mecânica: efeitos da sua utilização em uma Unidade de Terapia Intensiva. Um estudo controlado, prospectivo e randomizado.

Weaning protocol for mechanical ventilation: effects of its use in an Intensive Care Unit. A controlled, prospective and randomized trial

Luis Rogério de Carvalho Oliveira; Anderson José;

Elaine Cristina Dias; Vera Lúcia Alves dos Santos; Paulo Antonio Chiavone

Abstract

Weaning from mechanical ventilation is a critical tran- sition to spontaneous breathing. Weaning protocols can be used to avoid mistakes in this process, which are known to increase overall morbidity and mortality. Our objective was to create a weaning protocol based on current scientific data and to evaluate the results of its use in a combined medical/surgical ICU. Patients in- cluded in this controlled, prospective trial had APACHE II score <25, were on mechanical ventilation for at least 24 hours and met the criteria to start weaning. They were randomly divided in two groups of the same size.

Our weaning protocol was used in one group (experi- mental group) and patients of the other group (control group) had their weaning conducted according to the experience of the ICU staff. 40 patients were included in the trial. Patients of the two groups were comparable in age, gender, APACHE II score, death risk, Pimax and PaO2/FiO2 relation. The f/Vt relation of the experimen- tal group was higher. Results in the control group and in the experimental group were, respectively: 35%(7) and 5%(1) of weaning failure (P=0,44); 104±69 hours and 90±89 hours of total time on mechanical ventila- tion (P=0,033); 49±33 hours and 2 hours of weaning time (P<0,001); 52% and 2% of weaning time/ventila- tion time relation (P<0,001); 20%(4) and 0% of use of noninvasive ventilation; 95%(19) of gradual weaning plus 5%(1) of interruption of ventilation and 100%(20) of autonomy test; 15%(3) and 5%(1) of reintubation;

20%(4) and 0% of death. We concluded that the use of the suggested protocol increased weaning success and decreased the total time on mechanical ventilation, the weaning time, the weaning time/ventilation time rela- tion, the reintubation rate and the overall mortality, re- sulting in a safer and quicker weaning process.

Key Words:

weaning, protocol, mechanical ventilation

Luis Rogério de Carvalho Oliveira – Fisioterapeuta, especialista em pneumologia.

Anderson José – Fisioterapeuta do serviço de terapia intensiva da Santa Casa de São Paulo, especialista em pneumologia, supervisor do curso de especiali- zação livre em fisioterapia respiratória.

Elaine Cristina Dias - Fisioterapeuta do serviço de terapia intensiva da Santa Casa de São Paulo, especialista em cardiologia, supervisora do curso de espe- cialização livre em fisioterapia respiratória.

Vera Lúcia Alves dos Santos – Chefe do Serviço de Fisioterapia da Santa Casa de São Paulo

Paulo Antonio Chiavone – Chefe de clínica adjunto e Diretor do Serviço de Terapia Intensiva da Santa Casa de São Paulo

INSTITUIÇÃO: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – Serviço de Terapia Intensiva

Autor Principal: Luis Rogério de Carvalho Oliveira.

Endereço: Rua Ibiratinga, 619 – Imirim – São Paulo/SP – CEP 02468-040 Telefone: 62393007 - 97506260 – E-mail: luizrogerio_oliveira@msn.com

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da história da medicina, portanto es- tiveram e ainda estão sujeitos a con- dutas pouco embasadas cientifica- mente. O desmame já foi definido como sendo “uma decisão clínica arbitrária baseada em julgamento e experiência” (4). Porém, evidências revelam que este julgamento e ex- periência estão longe de se mostra- rem completos: a prática atual do desmame mostra que o empirismo se torna insuficiente e inadequado.

Este fato está sendo lentamente re- vertido desde a última década, quan- do houve um aumento da produção científica e de estudos relacionados ao desmame, guiando os intensivistas em sua prática clínica e os orientan- do a uma melhor condução do pro- cesso de desmame, tornando a reti- rada da ventilação mecânica menos uma arte e mais uma ciência (5).

Todo esforço deve ser emprega- do na tentativa de se evitar falha no desmame. Um desmame mal condu- zido e o seu conseqüente insucesso podem proporcionar ao paciente maior morbidade, principalmente a incidência de infecções respirató- rias, e mostra um aumento de apro- ximadamente sete vezes na morta- lidade quando comparada a dos pacientes que obtiveram sucesso no desmame (6, 7, 8).

Estudos têm demonstrado que, quando o desmame é adequadamente conduzido, podem ocorrer repercus- sões diretas na evolução do paciente submetido à ventilação mecânica, promovendo uma queda considerá- vel no tempo de desmame, na dura- ção da ventilação mecânica, na di- minuição do número de traqueos- tomias e re-intubações, diminuição no custo total da internação do pa- ciente, já que há uma diminuição do tempo de estadia do mesmo na Uni- dade de Terapia Intensiva e no hos- pital, além de aumentar a quantida- de de vidas salvas. Os protocolos de desmame têm sido amplamente implementados com sucesso em pa-

cientes no pós-operatório de cirur- gia cardíaca, pós-operatório de cirur- gia geral, pacientes clínicos, em pa- cientes considerados de desmame difícil e em centros de desmame (weaning centers) (9-16).

A razão para a adoção e utiliza- ção de protocolos de desmame resi- de no fato de, por serem elaborados por “experts” no assunto e incluírem os mais recentes avanços da pesquisa na área, espera-se que eles promovam uma significativa melhoria na quali- dade da condução do processo de des- mame da ventilação mecânica.

Este estudo possui como objeti- vos desenvolver um protocolo de desmame da ventilação mecânica baseado em evidências da produção científica atual e avaliar os efeitos da sua utilização em uma Unidade de Terapia Intensiva quando compara- do com o desmame realizado sem a utilização deste protocolo.

CASUÍSTICA E MÉTODOS Estudo controlado, prospectivo e randomizado realizado no Serviço de Terapia Intensiva da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Inicialmente foi desenvolvido o protocolo de desmame, através de revisão bibliográfica de ensaios clí- nicos e trabalhos de revisão.

Foram incluídos no estudo pa- cientes considerados aptos clinica- mente para o desmame da ventila- ção mecânica de acordo com a deci- são da equipe interdisciplinar da uni- dade, ventilados mecanicamente por um período superior a 24 horas, com o índice APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II) (17) menor que 25.

Foram excluídos do estudo indiví- duos com idade inferior a 18 anos e pacientes com traqueostomia.

Os pacientes foram randomi- zados em dois grupos: vinte pacien- tes foram submetidos ao processo de desmame de acordo com as condu-

tas e experiência da equipe interpro- fissional envolvida neste processo, sem obedecer a critérios ou procedi- mentos rígidos (grupo controle). O segundo grupo, também composto por vinte indivíduos, foram desma- mados de acordo com o protocolo desenvolvido, seguindo rigorosa- mente as condutas nele estabelecidas (grupo experimental).

Os pacientes recém-extubados eram colocados em nebulização de oxigênio através de máscara facial ou máscara de venturi, para que SapO2 permanecesse acima de 92%.

Caso, após a extubação, os indiví- duos apresentassem sinais clínicos de desconforto respiratório, como:

sudorese, taquipnéia, dispnéia, taquicardia, evidência radiológica de áreas de atelectasia, hipoxemia ou hipercapnia (constatada por gaso- metria arterial), tiragem intercostal, uso de musculatura respiratória aces- sória ou episódios de broncoes- pasmo, estes pacientes eram subme- tidos à ventilação não invasiva (VNI), com ventilação por pressão de suporte (PSV). Os pacientes, cujo quadro descrito, não fosse revertido ou controlado ou que apresentassem instabilidade hemodinâmica ou neu- rológica, eram prontamente re- intubados e novamente submetidos à ventilação mecânica invasiva.

O sucesso do desmame foi esta- belecido como sendo a não necessi- dade do indivíduo extubado ser sub- metido novamente à ventilação me- cânica até 48 horas após sua extu- bação. O insucesso no desmame foi determinado caso o indivíduo fosse re-intubado, permanecesse depen- dente da VNI após a extubação ou fosse submetido a traqueostomia devido a um tempo prolongado de intubação e sucessivas falhas no des- mame (18, 19, 20, 21).

Os ventiladores mecânicos utili- zados foram os modelos Bird 6400 e Bird 8600 (Bird Products Corporation, USA), Puritan Bennett

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7200 (Puritan Bennett Corporation, USA), Bear 5 (Bear Medical Systems, Inc., USA) Evita S e Evita 2 (Dräger Medical, Deutschland) e Inter 5 (Intermed Equipamento Mé- dico Hospitalar Ltda, Brasil).

A análise estatística realizada compreendeu o teste t de Student para a comparação das médias dos grupos; para as variáveis quantitati- vas contínuas que não apresentavam distribuição normal foi utilizado o teste não paramétrico de Mann- Withney e para a comparação da per- centagem de sucesso nos dois gru- pos, utilizou-se o teste exato de Fisher. Para todos os testes foi con- siderado estatisticamente signifi- cante p<0,05.

RESULTADOS

O protocolo de desmame desenvol- vido, resultou em um algoritmo de fácil interpretação e aplicabilidade (Figura 1) (1-111).

Foram estudados 40 indivíduos considerados aptos para o desmame da ventilação mecânica de acordo com a decisão da equipe inter- profissional do Serviço de Terapia Intensiva. O diagnóstico inicial no grupo controle foi composto por 60%(12) de casos cirúrgicos e 40%(8) de casos clínicos; o grupo experimental foi composto por 70%(14) de casos cirúrgicos e 30%(6) de casos clínicos. O grupo controle possuía 60%(12) de pacien- tes do sexo masculino e 40%(8) do sexo feminino; no grupo experimen- tal 70%(14) dos pacientes eram do sexo masculino e 30%(6) do sexo feminino. A idade média encontra- da no grupo controle foi de 51±20 anos e no grupo experimental foi de 50±13 anos (P=0,309).

A média do índice APACHE II constatado no grupo controle foi 18±3; no grupo experimental 20±1 (P=0,158). O risco de óbito médio

encontrado no grupo controle foi de 27%±8 e no grupo experimental 31%±2 (P=0,620).

A pressão inspiratória máxima (Pimáx) do grupo controle foi de – 21±12 cmH2O; no grupo experi- mental foi de –39±12 cmH2O (P=0,660). A relação f/Vt observa- da no grupo controle foi de 30±15 e no grupo experimental de 45±21 (P=0,007). A relação PaO2/FiO2 no grupo controle foi de 234±102 e no grupo experimental de 304±58 (P=0,126) (Tabela 1).

O desmame foi bem sucedido em 65%(13) dos pacientes do grupo con- trole e em 95%(19) no grupo expe- rimental (P=0,044). O insucesso ocorreu em 35%(7) dos pacientes do grupo controle e em 5%(1) no grupo experimental (P=0,044). O tempo total de ventilação mecânica apre- sentado no grupo controle foi de 104±69 horas, no grupo experimen- tal 90±89 horas (P=0,033). O tempo

Figura 1 – Algoritmo: protocolo de desmame da ventilação mecânica

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de desmame foi de 49±33 horas no grupo controle e de 2 horas no gru- po experimental (p<0,001). A rela- ção entre o tempo de ventilação me- cânica e tempo de desmame no gru- po controle foi de 52% e no grupo experimental foi de 2% (p<0,001) (Tabela 2).

A ventilação mecânica não inva- siva foi utilizada após a extubação em 20% (4) dos indivíduos do gru- po controle e em 0% no grupo expe- rimental. As técnicas de desmame utilizadas no grupo controle foram:

95% (19) dos indivíduos deste gru- po foram desmamados de forma len- ta e gradual e 5% (1) foi realizada a interrupção da ventilação mecânica;

no grupo experimental 100% (20) dos indivíduos foram extubados após o teste de autonomia ventilatória.

A evolução dos pacientes que apresentaram insucesso no desma- me, no grupo controle, foi: 15% (3) foram re-intubados e submetidos novamente à ventilação mecânica e 20% (4) evoluíram para óbito duran- te o período de desmame; no grupo experimental: 5% (1) re-intubação, com posterior sucesso no desmame, sem a ocorrência de óbitos (Tabela 3).

DISCUSSÃO

A diversidade e os paradoxos encon- trados na literatura científica sobre o desmame da ventilação mecânica é patente, fato este que tornou o ob- jetivo de se estabelecer um protoco- lo de desmame uma tarefa difícil e controversa. Esta falta de consenso entre as publicações pode ser obser- vada desde os critérios de pré des- mame até o estabelecimento de con- ceitos que definem o que é um su- cesso ou um insucesso da retirada da assistência ventilatória mecânica.

Não há consenso sobre quais cri- térios devem constar em um progra- ma de pré desmame, ou seja, os cri- térios que colocam ou não um deter- minado paciente em um processo de retirada da ventilação mecânica. Um

Tabela 1 – Características da População Estudada

Grupo Controle Grupo Experimental P

(N=20) (N=20)

Idade (anos) 51 ± 20 50 ± 13 P=0,309

Apache II 18 ± 3 20 ± 1 P=0,158

Risco de Óbito (%) 27 ± 8 31 ± 2 P=0,620

Pimáx (cmH2O) -21 ± 12 -39 ± 12 P=0,660

f/Vt (ipm/l) 30 ± 15 45 ± 21 P=0,007 (*)

PaO2/FiO2 234 ± 102 304 ± 58 P=0,126

(*) valor estatisticamente significante (p<0,05)

Apache II: Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II; Pimáx: pressão inspiratória máxima; f/Vt: relação entre frequência respiratória e volume corrente; PaO2/FiO2: relação entre pressão arterial parcial de oxigênio e fração inspirada de oxigênio.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, 2001, N=40

Tabela 2 – Resultados do Processo de Desmame

Grupo Controle Grupo Experimental P

(N=20) (N=20)

Sucesso (%) 65% (13) 95% (19) P=0,044 (*)

Insucesso (%) 35% (7) 5% (1) P=0,044 (*)

Tempo de desmame 49 ± 33 2 P<0,001 (*)

(horas)

Tempo de VM (horas) 104 ± 69 90 ± 89 P=0,033 (*)

Tempo desmame/ 52% 2% P<0,001 (*)

tempo VM

(*) valor estatisticamente significante (p<0,05)

Tempo de VM: tempo total de ventilação mecânica; tempo desmame/tempo VM: relação entre o tempo de desmame e o tempo total de ventilação mecânica.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, 2001, N=40

Tabela 3 – Forma de Desmame e Evolução dos Pacientes

Grupo Controle (N=20) Grupo Experimental (N=20) Forma de Desmame

Interrupção da VM 5% (1) 0% (0)

Desmame gradual 95% (19) 0% (0)

Teste de autonomia 0% (0) 100% (20)

Utilização de VNI 20% (4) 0% (0)

Evolução dos pacientes

Sucesso 65% (13) 95% (19)

Insucesso - Re-intubação 15% (3) 5% (1)

Insucesso - Óbito 20% (4) 0% (0)

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, 2001, N=40

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quesito consensual é a necessidade da reversão do quadro agudo que provocou a insuficiência respiratória, porém, critérios como a estabilida- de do pH é defendida por alguns au- tores, enquanto outros não fazem referência a este índice fisiológico (1, 15, 16). A modalidade ventilatória que deve ser utilizada no desmame gradual também é motivo de contro- vérsia, alguns pesquisadores defen- dem o desmame gradual utilizando o método de nebulização em “Tubo T”, outros são defensores da utiliza- ção da redução gradual da ventila- ção por suporte pressórico (PSV) (19, 20). Além destes exemplos, po- deríamos descrever uma série de outros parâmetros controversos, como a frequência respiratória (para se prosseguir o desmame esta deve ser menor que 30, 35 ou 40 inspira- ções por minuto?), a Pimáx (para se prosseguir o desmame esta deve ser menor que -25, -30 ou -35 cmH2O?), dentre tantas outras questões.

O sucesso da utilização dos pro- tocolos de desmame da ventilação mecânica relatados na literatura e inclusive o relatado em nosso estu- do refutam as várias críticas de que estes têm sido alvo: os críticos dos algoritmos de desmame referem que estes protocolos são “rígidos” e que promovem uma terapêutica do tipo

“receita de bolo” na prática da me- dicina intensiva. De fato, nenhum protocolo utilizado isoladamente pode cobrir todo e qualquer tipo de paciente ou situação clínica. A utili- zação dos protocolos proporciona uma assistência superior para a maioria dos pacientes que requerem o suporte ventilatório evidenciados através de uma maioria estatística.

Os protocolos podem e devem ser adaptados para as necessidades de uma população específica de pa- cientes (5). Diferentes protocolos de- vem ser adotados para diferentes ti- pos de pacientes e situações clínicas, como protocolos para pacientes com

desmame difícil e longo tempo de ventilação mecânica e protocolos para pacientes com insuficiência respiratória aguda simples (15, 16).

Os protocolos de desmame devem ser dinâmicos e mudanças contínuas em sua estrutura devem ser realiza- das periodicamente em resposta aos resultados obtidos com a sua aplica- ção e também em resposta às novas evidências e estudos científicos publicados.

Outra dificuldade muito encon- trada na implementação de um pro- tocolo de desmame é a resistência da equipe interprofissional em realizar alterações em sua rotina de trabalho.

Esta resistência torna necessário um esforço didático-pedagógico direcio- nado à equipe, como a realização de conferências, estudos e demonstra- ção de evidências; porém alguns paradigmas são difíceis de serem quebrados, resultando em uma difi- culdade importante na aplicação dos protocolos, fato este que já mereceu relato (12). A participação da equi- pe interdisciplinar é necessária para assegurar o sucesso da implemen- tação de um protocolo de desmame.

Fisioterapeutas, médicos, enfermei- ros, nutricionistas, psicólogos e de- mais profissionais devem estar en- volvidos na criação e aplicação dos protocolos.

Quanto ao índice de sucessos ou insucessos no desmame, uma breve revisão na literatura mostra flutua- ções consideráveis situando os nú- meros de insucesso entre 11% a 44%

dos pacientes colocados em desma- me numa unidade de terapia intensi- va (18, 19, 20, 38, 58, 70, 77, 106).

Em nosso estudo encontramos um índice de insucesso no desmame de 5% nos indivíduos estudados do gru- po experimental e 35% nos indiví- duos estudados do grupo controle, números estes que demonstram a superioridade em um dos pontos cruciais da aplicação de um proto- colo de desmame: a ampliação das

taxas de sucesso do desmame.

A aplicação do protocolo de des- mame desenvolvido neste estudo, evidencia uma redução significativa no tempo de desmame de aproxima- damente 2 dias e também uma redu- ção na relação entre o tempo de des- mame e o tempo de ventilação me- cânica, fatores que prevalecem atual- mente como uns dos grandes desa- fios da terapia intensiva, objetivan- do evitar as complicações inerentes à ventilação mecânica (53, 92). Ob- serva-se uma relação entre tempo de desmame e tempo de ventilação me- cânica de apenas 2% quando o algoritmo foi aplicado, enquanto es- tudos clássicos relatam uma relação média de 40% (50, 52). Provavel- mente devido a diferenças metodo- lógicas, alguns trabalhos não pude- ram constatar uma redução signifi- cativa no tempo de desmame e da relação entre o tempo de desmame e o tempo de ventilação mecânica (11, 12). O sucesso da redução destes índices provavelmente ocorreu em decorrência da aplicação do chama- do teste de autonomia ventilatória.

O teste de autonomia ventilatória (figura 1), um conceito recentemen- te difundido na prática clínica, pro- põe uma retirada rápida da ventila- ção mecânica em uma primeira ten- tativa de desmame (1, 11, 19, 20, 47).

O desmame gradual, para a maioria dos pacientes, é desnecessário, pode e deve ser abreviado (23, 50). A im- portância do teste de autonomia e seus benefícios puderam ser consta- tados no presente estudo, uma vez que todo o grupo experimental foi extubado após o teste, previsto para durar apenas 2 horas, tornando o des- mame lento e gradual desnecessário em todos estes pacientes; no grupo controle não foi observado a utiliza- ção deste método, prevalecendo o desmame lento e gradual, aumentan- do consideravelmente o tempo de desmame, a relação entre tempo de desmame e tempo de ventilação me-

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cânica e, conseqüentemente, o tem- po de ventilação mecânica.

O tempo total de ventilação mecânica apresentou uma signifi- cativa queda de 14 horas no grupo que seguiu as orientações do pro- tocolo, quando comparados os grupos controle e experimental.

Porém, quando desconsideramos o tempo de desmame no tempo to- tal de ventilação mecânica, perce- bemos que, no grupo controle, os pacientes foram ventilados meca- nicamente por 55 horas antes de serem colocados em um processo de desmame, por outro lado, o gru- po experimental antes de entrar no processo de desmame esteve sob assistência ventilatória por 88 ho- ras. Isto pode nos indicar que no grupo experimental, os pacientes foram colocados em processo de desmame de forma mais tardia e somente quando satisfizessem os critérios de pré desmame, porém estes indivíduos encontravam-se em um momento oportuno e em melhores condições clínicas para suportar tal processo com suces- so. A redução no tempo de venti- lação mecânica quando se utilizam os protocolos de desmame tam- bém se faz notar em outras pes- quisas, com resultados variados, mas sempre apresentando algum grau de redução: 96 horas (11), 9 horas (12) e 58 horas (14).

No desmame do grupo contro- le, foram utilizadas diversas téc- nicas de desmame, que variaram desde a interrupção direta da ven- tilação mecânica (5%) até o tradi- cional desmame de forma lenta e gradual em SIMV, PSV, SIMV+

PSV e/ou Tubo T (95%). Alguns estudos ressaltam a prevalência de alguma destas modalidades de desmame gradual (19, 20, 26), porém ainda não há evidências conclusivas de que uma técnica possa ser superior à outra (37).

O grupo experimental apresen-

tou uma estabilidade clínica após a extubação superior ao grupo controle, com uma menor incidên- cia de sinais de insuficiência res- piratória. Conseqüentemente, ne- nhum dos pacientes que foram desmamados seguindo o protoco- lo necessitaram de ventilação não invasiva em contrapartida a 20%

dos pacientes do grupo controle.

Entre os pacientes que apresen- taram insucesso no desmame (35% no grupo experimental e 5%

no grupo controle), a necessidade de re-intubação e novamente de assistência ventilatória mecânica esteve presente em 15% dos pa- cientes do grupo controle e 5% do grupo experimental. Este resulta- do observado no grupo controle encontra similaridade na literatu- ra, que coloca o índice de re- intubação na faixa de 13 a 17%

dos pacientes extubados (8, 11), porém o baixo índice de insu- cessos e re-intubações constatado no grupo experimental está muito aquém dos relatos estudados, res- saltando os bons resultados do protocolo aplicado.

Neste trabalho foram utilizados o índice APACHE II (17) e sua probabilidade de óbito, ampla- mente aplicados em pacientes gra- ves. Em recente estudo (11) onde também foram comparados os desmames com e sem um proto- colo, estudou-se pacientes com uma média de APACHE II de 21 pontos no grupo que utilizou o protocolo e 18 pontos no grupo controle, revelando um risco de óbito ligeiramente maior no gru- po que fez uso do protocolo, en- tretanto observou-se como resul- tado um índice de mortalidade de 4% no grupo experimental e de 8%

no grupo controle, demonstrando a segurança do desmame obede- cendo ao protocolo aplicado nes- te estudo e sua redução na taxa de óbitos. Neste estudo, de forma se-

melhante, os indivíduos desmama- dos com o protocolo apresentaram um APACHE II e risco de óbito maior em relação ao grupo con- trole (respectivamente 20 e 18 de índice APACHE II e 31 e 27 de risco de óbito), porém sem dife- rença significativa. Entretanto, a taxa de óbitos durante o período de desmame no grupo controle foi de 20%, enquanto que o grupo ex- perimental, apresentando um ris- co de óbito maior, não teve óbi- tos, notando-se apenas um pacien- te que necessitou de re-intubação e ventilação mecânica, mas foi desmamado em um segundo mo- mento com sucesso. Esta consta- tação pode revelar um possível papel protetor quando o algoritmo de desmame foi obedecido.

A aplicação de protocolos de desmame em uma Unidade de Te- rapia Intensiva pode também tra- zer como resultados um menor tempo de internação na unidade, redução do tempo de internação hospitalar e redução dos custos hospitalares. Estas variáveis não estavam presentes no desenvolvi- mento deste estudo, mas é possí- vel que tenham ocorrido. Estudos semelhantes que compararam o desenvolvimento do desmame da ventilação mecânica com e sem um protocolo revelaram uma di- minuição do tempo de internação na UTI em cerca de 4 dias (11) ou 29% (14). A redução de custos com a aplicação de um protocolo de desmame também pode ser um fator relevante, porém dependen- te da casuística estudada. Pesqui- sas revelam uma economia que pode variar de US$ 42.960 (12) até US$ 603.580 (14).

Apesar do grande avanço con- quistado na última década sobre o desmame, muitas pesquisas ainda precisam ser desenvolvidas para conhecermos as respostas para questões como: qual a melhor téc-

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nica de desmame? Quais são os critérios absolutos e quais os cri- térios relativos de uma avaliação no pré-desmame? Qual é o melhor índice preditivo de sucesso do des- mame? Qual a eficiência e o pa- pel da ventilação não invasiva no desmame? Há possibilidade de novas formas de ventilação mecâ- nica, como tube compensation (TC), proportional assist venti- lation (PAV), volume assured pressure support (VAPS), em me- lhorar o sucesso do desmame? Por que pacientes com boas condições clínicas, bons parâmetros e bons índices de desmame não conse- guem ser desmamados? Como melhorar as estatísticas quanto ao desmame de pacientes com doen- ça pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)? Qual o papel da enge- nharia no desenvolvimento de no- vos equipamentos que otimizem o processo de desmame? Estamos otimistas que o futuro verá gran- des avanços na ciência (e não na arte) do desmame da ventilação mecânica (5).

Concluímos que o desmame realizado obedecendo às normas de um protocolo embasado em es- tudos atuais, aumentou o índice de sucesso no desmame, reduziu o tempo de ventilação mecânica, re- duziu o tempo de desmame, redu- ziu a relação entre o tempo de des- mame e o tempo total de ventila- ção mecânica, diminuiu as re- intubações e a mortalidade, promo- vendo uma retirada mais rápida e segura do ventilador mecânico.

RESUMO

Desmame da ventilação mecânica é o processo de transição da venti- lação mecânica para a ventilação espontânea. Falhas no desmame es- tão associadas a uma maior mor- bidade e mortalidade. Os protoco- los de desmame podem promover uma mudança significativa na qua-

lidade da condução deste proces- so, uma vez que nestes algoritmos estão inseridos os mais recentes avanços da pesquisa, fornecendo um maior rigor científico.

Objetivo: desenvolver um pro- tocolo de desmame embasado na produção científica atual e avaliar os efeitos da sua utilização em uma UTI.

Casuística e Métodos: estudo controlado, prospectivo e rando- mizado. Foram incluídos no estu- do pacientes considerados aptos para o desmame, ventilados me- canicamente por um período su- perior a 24 horas, com índice APACHE II menor que 25. Os pa- cientes foram randomizados em dois grupos: 20 pacientes foram submetidos ao desmame de acor- do com as condutas da equipe interprofissional envolvida neste processo (grupo controle) e 20 pa- cientes foram desmamados de acordo com o protocolo de desma- me desenvolvido (grupo experi- mental).

Resultados: foram estudados 40 indivíduos, similares quando à idade, sexo, APACHE II, risco de óbito, Pimáx e PaO2/FiO2. A re- lação f/Vt apresentou-se maior no grupo experimental. Os resultados apresentados no grupo controle e experimental foram respectiva- mente: insucesso do desmame:

35%(7) e 5%(1) (P=0,044); tem- po total de ventilação mecânica:

104±69 horas e 90±89 horas (P=0,033); tempo de desmame:

49±33 horas e 2 horas (P<0,001);

relação entre o tempo de ventila- ção e tempo de desmame: 52% e 2% (P<0,001); utilização de ven- tilação não invasiva: 20%(4) e 0%;

técnicas de desmame: 95%(19) desmame gradual, 5%(1) interrup- ção da ventilação e 100%(20) tes- te de autonomia; evolução dos pa- cientes com insucesso no desma- me: 15%(3) re-intubações, 20%(4)

óbito e 5%(1) re-intubações, 0%

óbitos.

Conclusão: concluímos que o protocolo desenvolvido promoveu um aumento no índice de sucesso no desmame, reduziu o tempo to- tal de ventilação mecânica, redu- ziu o tempo de desmame, reduziu a relação entre o tempo de desma- me e o tempo de ventilação mecâ- nica, diminui as re-intubações e a mortalidade, promovendo uma re- tirada mais rápida e segura do ven- tilador mecânico.

UNITERMOS

Desmame, protocolo, ventilação mecânica.

AGRADECIMENTOS

À toda a equipe de profissionais do Serviço de Terapia Intensiva e aos fisioterapeutas da Santa Casa de São Paulo.

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