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Direito Penal. Polícia Rodoviária Federal Aula 09 Prof. Bernardo Bustani. Atualizada conforme o edital de de 32

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Direito Penal

Polícia Rodoviária Federal – Aula 09 Prof. Bernardo Bustani

Atualizada conforme o edital de 2021

(2)

Sumário

SUMÁRIO 2

APRESENTAÇÃO 4

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 5

CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA 7

1) CRIMES DE PERIGO COMUM 9

1.1)Incêndio 9

1.2)Explosão 10

1.3)Uso de gás tóximo/asfixiante 11

1.4)Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante 11

1.5)Inundação 11

1.6)Perigo de Inundação 11

1.7)Desabamento ou Desmoronamento 12

1.8)Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento 12

1.9)Difusão de doença ou praga 12

1.10)Formas qualificadas de crime de perigo comum 13

2) CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS 15

2.1)Perigo de desastre ferroviário 15

2.2)Desastre ferroviário 15

2.3)Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo 16

2.4)Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo 16

2.5)Atentado contra a segurança de outro meio de transporte 16

2.6)Arremesso de projétil 17

2.7)Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública 18

2.8)Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de

utilidade pública 19

3) CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA 20

3.1)Epidemia 20

3.2)Infração de medida sanitária preventiva 20

3.3)Omissão de notificação de doença 21

3.4)Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal 21

3.5)Corrupção ou poluição de água potável 21

3.6)Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios 22 3.7)Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais 22

3.8)Emprego de processo proibido ou de substância não permitida 24

3.9)Invólucro ou recipiente com falsa indicação 25

3.10)Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores 25

3.11)Substância destinada à falsificação 25

3.12)Outras substâncias nocivas à saúde pública 25

3.13)Medicamento em desacordo com receita médica 26

3.14)Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica 26

3.15)Charlatanismo 27

3.16)Curandeirismo 27

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 28

(3)

LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 30

GABARITO 31

RESUMO DIRECIONADO 32

(4)

Apresentação

Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região.

Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico Judiciário/Área Administrativa do TRF da 1ª Região (2017) e também consegui aprovação para o cargo de Analista Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017).

Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - e pós- graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.

Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB.

Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”,

“frustração” e “pressão”.

Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento de aprovação é capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar.

E é com muito prazer que, junto com o Professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na disciplina de Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como cai.

Não hesitem em entrar em contato para tirar dúvidas:

(5)

Conteúdo Programático

O edital trouxe o conteúdo da seguinte forma:

DIREITO PENAL: 1 Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal. 2.2 Lei penal no tempo. 2.2.1 Tempo do crime.

2.2.2 Conflito de leis penais no tempo. 2.3 Lei penal no espaço. 2.3.1 Lugar do crime. 2.3.2 Territorialidade. 2.3.3 Extraterritorialidade. 3 Tipicidade. 3.1 Crime doloso e crime culposo. 3.2 Erro de tipo. 3.3 Crime consumado e tentado. 3.4 Crime impossível. 3.5 Punibilidade e causas de extinção. 4 Ilicitude. 4.1 Causas de exclusão da ilicitude. 4.2 Excesso punível. 5 Culpabilidade. 5.1 Causas de exclusão da culpabilidade. 5.2 Imputabilidade. 5.3 Erro de proibição. 6 Crimes. 6.1 Crimes contra a pessoa. 6.2 Crimes contra o patrimônio. 6.3 Crimes contra a dignidade sexual. 6.4 Crimes contra a incolumidade pública. 6.5 Crimes contra a fé pública. 6.6 Crimes contra a Administração Pública.

DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Ação penal. 1.1 Conceito. 1.2 Características. 1.3 Espécies. 1.4 Condições. 2 Termo Circunstanciado de Ocorrência (Lei nº 9.099, de 1995). 2.1 Atos processuais: forma, lugar e tempo. 3 Prova. 3.1 Conceito, objeto, classificação. 3.2 Preservação de local de crime. 3.3 Requisitos e ônus da prova. 3.4 Provas ilícitas. 3.5 Meios de prova: pericial, interrogatório, confissão, perguntas ao ofendido, testemunhas, reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios. 3.6 Busca e apreensão: pessoal, domiciliar, requisitos, restrições, horários. 4 Prisão. 4.1 Conceito, formalidades, espécies e mandado de prisão e cumprimento. 4.2 Prisão em flagrante. 5 Identificação Criminal (art. 5º, LVIII, da Constituição Federal e art. 3º da Lei nº 12.037, de 2009). 6 Diligências Investigatórias (art. 6º e 13 do CPP).

LEGISLAÇÃO ESPECIAL: Lei nº 9.099, de 1995 e suas alterações.

OBS: O tema riscado será ministrado por outro professor.

Portanto, o nosso curso foi dividido assim:

Número da Aula Data de Disponibilização

Assunto

00 19/01/2021 (PENAL) 1 Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal. 2.2 Lei penal no tempo. 2.2.1 Tempo do crime. 2.2.2 Conflito de leis penais no

tempo. 2

01 19/01/2021 (PENAL) 2 Aplicação da lei penal. 2.3 Lei penal no espaço. 2.3.1 Lugar do crime. 2.3.2 Territorialidade. 2.3.3 Extraterritorialidade.

00 19/01/2021 (PROCESSO PENAL) Princípios Processuais Penais; Aplicação da Lei Processual Penal; Disposições Preliminares do CPP

01 19/01/2021 (PROCESSO PENAL) 1 Ação penal. 1.1 Conceito. 1.2 Características.

1.3 Espécies. 1.4 Condições. 2 Termo Circunstanciado de Ocorrência (Lei nº 9.099, de 1995). 6 Diligências Investigatórias

(art. 6º e 13 do CPP).

19/01/2021 Teste de Direção

02 19/01/2021 (PENAL) 3 Tipicidade. 3.1 Crime doloso e crime culposo. 3.2 Erro de tipo. 3.3 Crime consumado e tentado. 3.4 Crime impossível. 3.5

Punibilidade e causas de extinção. 4 Ilicitude. 4.1 Causas de

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exclusão da ilicitude. 4.2 Excesso punível. 5 Culpabilidade. 5.1 Causas de exclusão da culpabilidade. 5.2 Imputabilidade. 5.3 Erro

de proibição.

03 19/01/2021 (PENAL) 3.5 Punibilidade e causas de extinção.

19/01/2021 Teste de Direção

04 19/01/2021 (PENAL) 4 Crimes contra a pessoa.

05 19/01/2021 (PENAL) 5 Crimes contra o patrimônio.

06 19/01/2021 (PENAL) 6.3 Crimes contra a dignidade sexual.

19/01/2021 Teste de Direção

02 19/01/2021 (PROCESSO PENAL) 3 Prova. 3.1 Conceito, objeto, classificação. 3.2 Preservação de local de crime. 3.3 Requisitos e ônus da prova. 3.4

Provas ilícitas. 3.5 Meios de prova: pericial, interrogatório, confissão, perguntas ao ofendido, testemunhas, reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios. 3.6 Busca e apreensão: pessoal, domiciliar, requisitos, restrições, horários.

03 26/01/2021 (PROCESSO PENAL) 2.1 Atos processuais: forma, lugar e tempo.

04 26/01/2021 (PROCESSO PENAL) 4 Prisão. 4.1 Conceito, formalidades, espécies e mandado de prisão e cumprimento. 4.2 Prisão em flagrante 05 26/01/2021 (PROCESSO PENAL) Lei nº 9.099, de 1995 e suas alterações.

26/01/2021 Teste de Direção

07 26/01/2021 (PENAL) 6 Crimes contra a fé pública.

08 26/01/2021 (PENAL) 7 Crimes contra a Administração Pública.

26/01/2021 Teste de Direção

09 26/01/2021 (PENAL) 6.4 Crimes contra a incolumidade pública.

26/01/2021 Teste de Direção

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Crimes contra a Incolumidade Pública

Os crimes em espécie (condutas criminalizadas) encontram-se na parte especial do Código Penal brasileiro.

Em resumo:

Parte Geral Art. 1º ao art. 120 Parte Especial → Art. 121 ao art. 359-H

Os crimes contra a incolumidade pública estão, portanto, na parte especial e vão do artigo 250 ao artigo 285 do CP.

A matéria é assim sistematizada:

Crimes contra a Incolumindade Pública Título VIII Crimes de perigo comum Capítulo I

Crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos capítulo II Crimes contra a saúde pública → Capítulo III

Professor, mas o que é “incolumidade pública”?

Incolumidade vem da palavra incólume, que quer dizer isento de perigo. Portanto, esse título tem por objetivo proteger a coletividade indeterminada de pessoas de situações que possam causar risco ou perigo, tendo relação com o bem estar da sociedade.

Trata-se de um tema pouquíssimo cobrado em provas. Posso dizer que 90% dos editais sequer traz previsão dessa parte da matéria. Vocês verão que, na maior parte do estudo, é suficiente a simples leitura do dispositivo legal.

Também é importante dizer que a maioria das questões sobre o título VIII tenta induzir o candidato em erro acerca da previsão ou não de modaldiade culposa para o delito, além de tentar confundi-lo no tocante a crimes de dano, crimes de perigo abstrato e crimes de perigo concreto.

Portanto, precisamos definir cada um desses crimes.

Crime de dano é o crime que somente se consuma com o dano ao bem jurídico tutelado Exemplos: Estupro, apropriação indébita, dano, homicídio, lesão corporal e extorsão mediante sequestro.

Crime de perigo é o crime que se consuma com a mera exposição do bem jurídico a um perigo, podendo este ser concreto ou abstrato.

Perigo Concreto para sua consumação, deve haver a efetiva demonstração do perigo no caso concreto, ou seja, a acusação deve demonstrar que o perigo foi real.

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Exemplos: Incêndio, Explosão, Desabamento ou desmoronamento, dirigir sem habilitação (309 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB), “pega” (artigo 308 do CTB).

Geralmente, tais crimes vêm com uma expressão mais ou menos assim: “gerando perigo” ou “expondo a perigo”.

Perigo Abstrato → para a consumação, não precisa haver a efetiva demonstração do perigo no caso concreto, pois o mesmo é presumido (ou seja, a acusação não precisa demonstrar que o perigo foi real).

Exemplos: Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada (Embriaguez ao volante – artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB) e Tráfico de Drogas (para a posição majoritária) (artigo 33 da Lei 11.343/06).

Feita essa introdução, vamos começar?

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1) Crimes de Perigo Comum

Os crimes de perigo comum (ou perigo coletivo), como o nome já diz, expõem a risco uma coletividade indeterminada de pessoas.

1.1)Incêndio

A conduta aqui é causar incêndio, desde que haja exposição da vida, integridade física ou patrimônio de outra pessoa a perigo.

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Trata-se de um crime de perigo concreto, ou seja, deve haver demonstração de que a conduta gerou efetivamente um perigo (“expondo a perigo”).

Além disso, temos um “crime vago”, ou seja, que tem como sujeito passivo (vítima) a coletividade. É chamado de “vago”, pois atinge um número indeterminado de pessoas (coletividade sem personalidade jurídica).

Exemplo: Caio coloca fogo na lavoura de seu vizinho, gerando perigo concreto.

Nesse caso, há o crime de incêndio?

Sim. Houve exposição do patrimônio alheio a perigo.

Portanto, o crime se consuma quando há efetiva exposição a perigo/risco.

Note que o delito do artigo 250 do CP prevê causas de aumento de pena (majorantes).

§ 1º - As penas aumentam-se de um terço:

I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;

II - se o incêndio é:

a) em casa habitada ou destinada a habitação;

b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;

c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;

d) em estação ferroviária ou aeródromo;

e) em estaleiro, fábrica ou oficina;

f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;

g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;

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h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

OBS: Provocar incêndio em mata ou floresta, na verdade, é crime ambiental (Lei 9.605/98).

Por fim, note que há previsão de incêndio culposo (por negligência, imprudência ou imperícia).

§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos.

1.2)Explosão

O crime de explosão traz a conduta de quem expõe a vida, integridade física ou patrimônio de outrem a perigo, mediante explosão, arremesso ou colocação de dinamite ou de substância de efeitos parecidos (análogos).

Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

Também trata-se de um crime de perigo concreto e de crime vago. Aqui, o meio de execução é a

“explosão”. No artigo 250 do CP é o “fogo”.

Nota-se que se a substância não for dinamite ou explosivo parecido, a pena é menor (forma privilegiada).

§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Observe que o parágrafo 2º traz causas de aumento de pena, fazendo remissão às causas de aumento do incêndio, veja:

§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.

Perceba, ainda, que o crime de explosão também tem modalidade culposa:

§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano.

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1.3)Uso de gás tóximo/asfixiante

Tal crime consiste em expor a perigo vida/integridade física/patrimônio de outem, usando gás tóxico ou asfixiante. Também é um crime de perigo concreto e um crime vago.

Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:

Note que também há previsão culposa:

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

1.4)Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante Tal delito consiste em fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar (sem licença da autoridade) substância explosiva, gás tóxico ou asfixiante, ou matéria prima para fabricá-los.

Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:

Aqui, o crime é de perigo abstrato, ou seja, não precisa haver efetiva demonstração de que a situação causou um perigo concreto. Em outras palavras, o perigo é presumido.

OBS: Não há previsão de forma culposa.

1.5)Inundação

A conduta do artigo 254 do CP é causar inundação, expondo a vida, integridade física ou patrimônio de outrem a perigo. Trata-se de um crime de perigo concreto.

Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa.

Perceba que aqui há previsão culposa.

1.6)Perigo de Inundação

O perigo de inundação é a conduta de remover, destruir ou inutilizar (em prédio) obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação.

Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação:

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Trata-se de outro crime de perigo concreto e que não admite forma culposa.

1.7)Desabamento ou Desmoronamento

A conduta de causar desabamento ou desmoronamento, expondo os bens jurídicos a perigo, é criminalizada no artigo 256 do CP.

Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Desabamento diz respeito à construção (prédios, etc.)

Desmoronamento diz respeito a coisas naturais (terra, rocha, solo...) Vemos outro crime de perigo concreto e que admite forma culposa.

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

1.8)Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento

O artigo 257 do CP criminaliza a conduta de subtrair, ocultar ou inutilizar, em desastre/calamidade, meio destinado a serviço de combate ao perigo, socorro ou salvamento. Também é punida a conduta de impedir ou dificultar tais serviços (combate, socorro ou salvamento).

Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:

É necessário dizer que não há previsão de forma culposa e que se trata de um crime de perigo abstrato.

1.9)Difusão de doença ou praga

O crime de difusão de doença/praga consiste na conduta de difundir doença/praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais destinados à utilidade econômica, veja:

Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica:

Note que há previsão de modalidade culposa:

Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa

OBS: O crime de difusão de doença/praga, segundo posição do professor Alexandre Salim, está tacitamente revogado. A conduta agora é prevista no artigo 61 da Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

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Trata-se da posição majoritária na doutrina.

1.10)Formas qualificadas de crime de perigo comum

O artigo 258 do CP nos traz informações importantes no caso de cometimento de crimes de perigo comum.

Quer ver?

Se o crime for doloso e houver resultado lesão corporal grave, a pena privativa de liberdade é aumentada da metade;

Se o crime for doloso e houver resultado morte, a pena é dobrada;

Se o crime for culposo e houver resultado lesão corporal, a pena é aumentada da metade;

Se o crime for culposo e houver resultado morte, a pena é a do homicídio culposo, aumentada de 1/3;

Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

COMO CAI: FGV/2019 – Prefeitura de Salvador/BA - Com relação ao crime de desabamento, analise as afirmativas a seguir e assinale V para a verdadeira e F para a falsa.

( ) O crime de desabamento é classificado pela doutrina como de dano, exigindo que cause efetivo dano à vida, integridade física ou patrimônio de outrem.

( ) O crime de desabamento pode ser punido na modalidade dolosa ou na culposa.

( ) Ao crime de desabamento culposo, com resultado morte, se aplica a pena do homicídio culposo aumentada de 1/3.

As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente, A)F – V – F.

B)V – F – F.

C)F – V – V.

D)V – V – V.

E)V – V – F.

GABARITO: LETRA C.

COMENTÁRIOS: O crime de desabamento é crime de perigo, motivo pelo qual a primeira assertiva é F.

Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Além disso, admite forma dolosa e forma culposa (segunda assertiva é V).

(14)

Art. 256, Parágrafo único - Se o crime é culposo:

Por fim, se houver resultado morte no desabamento culposo, é aplicada a pena do homicídio culposo aumentada de 1/3 (terceira assertiva é V).

Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

Olhe esta tabela, elaborada para facilitar seu estudo. O que não estiver aqui é de perigo concreto e/ou admite modalidade culposa.

CRIMES DE CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA (Crimes de Perigo Comum) Crimes de perigo abstrato Crimes sem modalidade culposa Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte

de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (art. 253 do CP)

Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (art. 253 do

CP) Subtração, ocultação ou inutilização de material de

salvamento (art. 257 do CP)

Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento (art. 257 do CP)

Perigo de inundação (art. 255 do CP)

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2) Crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos

A partir deste momento, entraremos no segundo capítulo do título dos crimes contra a incolumidade pública.

Vamos lá?

2.1)Perigo de desastre ferroviário

A conduta do artigo 260 do CP é impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro, mediante as ações dos incisos, olhe:

Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:

I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação;

II - colocando obstáculo na linha;

III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia;

IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:

Trata-se de crime de perigo concreto.

2.2)Desastre ferroviário

O crime de desastre ferroviário é consequência das condutas do artigo 260. Observe que o parágrafo 1º fala em “se do fato resulta desastre”:

Art. 260, § 1º - Se do fato resulta desastre:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.

Veja que há previsão de modalidade culposa:

§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Por fim, o parágrafo 3º conceitua “estrada de ferro”.

(16)

§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo.

2.3)Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo

O artigo 261 do CP criminaliza a conduta de expor a perigo embarcação/aeronave ou impedir/dificultar navegação (marítima, fluvial ou aérea).

Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea:

Trata-se de crime de perigo concreto.

2.4)Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo

Este crime é consequência das condutas do artigo 261. Observe que o parágrafo 1º fala em “se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe...queda ou destruição”:

Art. 261, § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave:

Se o crime é praticado com a finalidade de lucro (vantagem econômica), aplica-se também a pena de multa, veja:

§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem.

Pelo parágrafo 3º, vemos que também é prevista modalidade culposa:

§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:

2.5)Atentado contra a segurança de outro meio de transporte

O crime do artigo 262 consiste na conduta de expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar o funcionamento.

Trata-se de crime de perigo concreto.

Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:

(17)

O parágrafo 1º nos diz que se do fato resulta desastre, a pena é mais grave.

§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos.

Pelo parágrafo 2º, é prevista modalidade culposa.

§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:

O artigo 263 do CP traz a forma qualificada (com pena mais grave), fazendo remissão ao já estudado artigo 258 do CP, veja:

Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.

2.6)Arremesso de projétil

O delito de arremesso de projétil consiste na conduta de arremessar objeto sólido (capaz de causar dano) contra veículo, que está em movimento, e é destinado ao transporte público.

Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar:

Exemplo: Arremessar pedra em ônibus em movimento.

Por fim, se há resultado lesão corporal, a pena é maior. Se o resultado é a morte, a pena é a do homicídio culposo, aumentada de 1/3.

Olhe:

Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.

COMO CAI: FGV/2019 – Prefeitura de Salvador/BA - Após ingerir intencionalmente bebida alcoólica, Jorge arremessa, contra um ônibus destinado ao transporte coletivo de passageiros, que estava estacionado e parado dentro do terminal, uma garrafa de vidro vazia. O objeto atinge o vidro do coletivo, mas não chega a quebrar o vidro ou causar lesão nos três passageiros que estavam em seu interior, aguardando o horário de saída do veículo. Ocorre que agentes públicos presenciaram os fatos e encaminharam Jorge para Delegacia.

Considerando apenas as informações narradas, é correto afirmar que a conduta de Jorge

A)não configura crime de “arremesso de projétil”, tendo em vista que o veículo não estava em movimento.

(18)

B)não configura crime de “arremesso de projétil”, uma vez que havia três passageiros no interior do coletivo, o que é insuficiente para configuração da elementar “transporte público”.

C)configura crime de “arremesso de projétil”, sendo aplicável causa de aumento de pena pelo fato de haver pessoas no interior do coletivo.

D)Não configura crime de “arremesso de projétil”, tendo em vista que a garrafa de cerveja não pode ser considerada “projétil”.

E)configura crime de “arremesso de projétil”, que é punível tanto diante da conduta culposa como dolosa do agente.

GABARITO: LETRA A.

COMENTÁRIOS: O crime de arremesso de projétil é caracterizado pelo arremesso de projétil contra veículo em movimento, que seja destinado à transporte público.

Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar:

Como o veículo da questão estava estacionado (não estava em movimento), não está caracterizado o delito do artigo 264 do CP.

LETRA B: Errado, pois a dispositivo legal não fala em número de passageiros.

LETRAS C e E: Incorretas, pois não há o crime.

LETRA D: Errado. Na verdade, garrafa é um projétil para fins do artigo 264 do CP.

2.7)Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública

A conduta aqui é atentar contra segurança/funcionamento de serviços de água, luz, força, calor ou qualquer outro que seja de utilidade pública.

Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública:

Trata-se de crime de perigo abstrato.

O parágrafo único traz a informação de que a pena será aumentada de 1/3 até ½ se o dano ocorrer mediante subtração de material essencial para os serviços funcionarem.

Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços.

(19)

2.8)Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública

A conduta aqui é interromper/pertubar certos serviços ou dificultar/impedir seu funcionamento. Também trata-se de crime de perigo abstrato.

Veja:

Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento:

O parágrafo 1º traz as figuras equiparadas.

§ 1º Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento.

O parágrafo 2º traz hipótese de aplicação de pena em dobro.

§ 2º Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública.

(20)

3) Crimes contra a saúde pública

O capítulo III é o último do título VIII. Começaremos com o crime de epidemia, ok?

3.1)Epidemia

A conduta aqui é causar epidemia, propagando germes patogênicos.

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:

Epidemia → Trata-se de uma doença de caráter transitório, a qual acomete simultaneamente um grande número de pessoas. É um surto periódico.

Propagar É se multiplicar, é se espalhar;

Germes patogênicos São agentes que podem se multiplicar no organismo, causando infecções ou outras complicações.

Se há o resultado morte, a pena é dobrada.

§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.

OBS: O parágrafo 1º é crime hediondo!!!!!!

Art. 1º da Lei 8.072/90: São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto- Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:

VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).

No caso de conduta culposa, a pena é menor.

§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.

3.2)Infração de medida sanitária preventiva

A conduta do artigo 268 é infringir determinação do poder público, a qual se destina a impedir introdução/multiplicação de doença contagiosa.

Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa:

(21)

O parágrafo único traz uma causa de aumento de pena ao funcionário da saúde pública, médico, farmacêutico, denstista e enfermeiro.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

3.3)Omissão de notificação de doença

Há certas doenças as quais o médico deve notificar a ocorrência à autoridade pública. Se o profissional deixar de proceder à notificação, haverá o crime do artigo 269 do CP.

Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:

Trata-se de crime próprio, ou seja, deve ser praticado por determinado sujeito, que é o médico.

3.4)Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal

O artigo 270 do CP criminaliza a conduta de quem envenena água potável, substância alimentícia ou medicinal destinada ao consumo.

Veja:

Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo:

O parágrafo 1º traz as figuras equiparadas:

§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.

O parágrafo 2º, por sua vez, traz a modalidade culposa:

§ 2º - Se o crime é culposo:

3.5)Corrupção ou poluição de água potável

Observe que aqui a conduta é corromper/poluir água potável, tornando-a imprópria para o consumo (nociva à saúde):

Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde:

(22)

Perceba que também há modalidade culposa:

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

OBS: Parte da doutrina defende que o artigo 271 foi revogado tacitamente pela Lei dos Crimes Ambientais (artigo 54 da Lei 9.605/98).

Trata-se de etendimento não unânime.

3.6)Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios

O crime do artigo 272 do CP consiste na conduta de corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância/produtos alimentícios destinados ao consumo, tornando-os prejudiciais à saúde ou reduzindo seu valor nutritivo.

Trata-se de crime de perigo concreto (“tornando-o nocivo” e “reduzindo-lhe o valor nutritivo”).

Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo:

Os parágrafos 1º e 1º-A trazem as formas equiparadas, veja:

§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado.

§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico.

Note, mais uma vez, a previsão de modalidade culposa.

§ 2º - Se o crime é culposo:

3.7)Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais

O artigo 273 do CP traz o crime de falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais:

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Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.

Trata-se de crime hediondo em todas as suas formas, olhe:

Art. 1º da Lei 8.072/90: São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto- Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:

VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).

O parágrafo 1º traz as figuras equiparadas:

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.

O parágrafo 1º-A, por sua vez, informa os produtos que são incluídos no artigo.

§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.

Já o parágrafo 1º-B traz algumas hipóteses que são criminalizadas:

§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:

I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;

II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;

III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização;

IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;

V - de procedência ignorada;

VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.

Por fim, também há modalidade culposa.

(24)

§ 2º - Se o crime é culposo:

Princípio da proporcionalidade

Como vimos, o artigo 273 do Código Penal criminaliza a falsificação de produtos permitidos (destinados a fins terapêuticos ou medicinais) e traz uma pena de 10 a 15 anos.

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.

Já o crime de tráfico de drogas (artigo 33 da Lei de Drogas - 11.343/06) traz uma pena de 05 a 15 anos.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Perceba que a Lei pune com mais rigor a conduta de falsificar produto permitido e com menos rigor o crime de tráfico de drogas (produto proibido).

Nesse sentido, não é proporcional punir com maior gravidade um crime que é menos grave.

Sendo assim, o STJ entendeu que deve ser aplicada a pena do artigo 33 da Lei de Drogas ao crime do 273 do Código Penal.

Trata-se de aplicação do princípio da proporcionalidade.

3.8)Emprego de processo proibido ou de substância não permitida

Aqui, há a conduta de empregar substância não permitida pela legislação sanitária, no fabrico de determinados produtos. Trata-se de crime de perigo abstrato.

Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária:

(25)

3.9)Invólucro ou recipiente com falsa indicação

De acordo com o artigo 275 do CP, quem estampa (inculca), em embalagem, a existência de substância que não se encontra no conteúdo ou que nele existe, mas em quantidade menor do que a anunciada, comete crime.

Também é um crime de perigo abstrato.

Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada:

3.10)Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores

De acordo com o artigo 276 do CP, comete delito quem vende, expõe a venda ou tem em depósito (para vender ou entregar ao consumo) produto dos artigos 274 e 275.

Também é um crime de perigo abstrato.

Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275.

3.11)Substância destinada à falsificação

Pelo artigo 277 do CP, percebe-se que é crime a conduta de vender, expor à venda ou ceder substância que é destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou mediciais.

É outro crime de perigo abstrato.

Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:

3.12)Outras substâncias nocivas à saúde pública

O artigo 278 do CP traz mais um crime de perigo abstrato. Trata-se da conduta de quem fabrica, vende, expõe a venda ou tem em depósito (para vender ou entregar ao consumo) coisa ou substância nociva à saúde, mesmo que não seja destinada à alimentação ou a fim medicinal.

Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal:

Note que é prevista a modalidade culposa.

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

(26)

3.13)Medicamento em desacordo com receita médica

Esse crime pune a conduta de quem fornece substância medicinal em desacordo com receita médica, prevendo também a modalidade culposa, veja:

Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica:

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

Trata-se de mais um crime de perigo abstrato.

3.14)Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica

Esse crime pune a conduta de quem exerce a profissão de médico, dentista ou farmacêutico sem autorização legal (ou excedendo os limites).

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:

Se há intuito de lucro, aplica-se também a pena de multa, olhe:

Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.

OBS: Além de ser crime de perigo abstrato, trata-se de um crime habitual. Em outras palavras, para haver a consumação, exige-se a pratica reiterada das condutas.

Habitualidade, portanto, nada mais é do que o conjunto de condutas reiteradas (repetidas) capazes do consumar o crime. Ou seja, se houver uma única conduta, ela será atípica.

COMO CAI: CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue.

Situação hipotética: Após anos de trabalho como auxiliar de enfermagem, Marcos abriu um consultório médico e passou a realizar consulta, a ministrar medicamentos aos seus pacientes e a realizar pequenas intervenções cirúrgicas. Assertiva: Nessa situação, Marcos pratica o crime de exercício ilegal da profissão.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Marcos, na verdade, cometeu o crime de exercício ilegal da medicina.

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:

(27)

3.15)Charlatanismo

O crime de charlatanismo consiste na conduta de anunciar/divulgar cura por meio secreto/infalível. Trata- se de outro crime de perigo abstrato.

Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:

3.16)Curandeirismo

O crime do artigo 284 do CP consiste em exercer atividade de cura mediante condutas dos incisos.

Art. 284 - Exercer o curandeirismo

I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio

III - fazendo diagnósticos:

O parágrafo único nos diz que se o autor do crime recebe por isso, fica sujeito também à pena de multa.

Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa.

OBS: Trata-se de outro crime habitual.

(28)

Questões comentadas pelo professor

1. CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos tipos penais, julgue o próximo item.

Situação hipotética: No intuito de provocar explosão de grandes proporções, João adquiriu substância explosiva sem licença da autoridade competente. O material acabou sendo apreendido antes que fosse montado o dispositivo explosivo. Assertiva: Nessa situação, a conduta de João é atípica.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Na verdade, a figura é típica. Repare que o artigo fala em “adquirir” e “possuir”, independentemente da montagem do dispositivo.

Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:

2. CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue.

Em se tratando dos crimes de incêndio e desabamento, admite-se a modalidade culposa.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: É verdade que os crimes de incêndio e desabamento admitem a modaldiade culposa.

Art. 250, § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos.

Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

3. CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue.

A conduta de disseminar germes patológicos com o objetivo de infectar plantas e animais não configura o crime de epidemia.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: A questão tentou fazer confusão com dois crimes.

Epidemia

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:

Difusão de doença ou praga

Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica:

Portanto, realmente não se trata de crime de epidemia. Assertiva correta.

(29)

Lembrando que o crime do artigo 259 do CP, segundo doutrina majoritária, encontra-se revogado pelo artigo 61 da Lei 9.605/98 (Lei de crimes ambientais).

4. CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue.

O crime de explosão é considerado um crime de dano, pois o objeto jurídico tutelado são os bens materiais.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como falado na parte da teoria, trata-se de crime de perigo.

Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos:

5. CESPE/2015 – TJ/PB - Constitui causa de aumento de pena o fato de o crime de incêndio ser praticado A)mediante utilização de explosivos.

B)em situação de violência doméstica ou familiar contra a mulher C)em estaleiro, fábrica ou oficina.

D)em canteiro de obras em área de grande densidade demográfica e populacional.

E)por motivo fútil ou torpe.

GABARITO: LETRA C.

COMENTÁRIOS: A questão pede uma causa de aumento de pena no crime de incêndio.

Art. 250, § 1º - As penas aumentam-se de um terço:

I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;

II - se o incêndio é:

a) em casa habitada ou destinada a habitação;

b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;

c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;

d) em estação ferroviária ou aeródromo;

e) em estaleiro, fábrica ou oficina;

f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;

g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;

h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

Portanto, a única assertiva correta é a letra C.

(30)

Lista de questões comentadas

1. CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos tipos penais, julgue o próximo item.

Situação hipotética: No intuito de provocar explosão de grandes proporções, João adquiriu substância explosiva sem licença da autoridade competente. O material acabou sendo apreendido antes que fosse montado o dispositivo explosivo. Assertiva: Nessa situação, a conduta de João é atípica.

2. CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue.

Em se tratando dos crimes de incêndio e desabamento, admite-se a modalidade culposa.

3. CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue.

A conduta de disseminar germes patológicos com o objetivo de infectar plantas e animais não configura o crime de epidemia.

4. CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue.

O crime de explosão é considerado um crime de dano, pois o objeto jurídico tutelado são os bens materiais.

5. CESPE/2015 – TJ/PB - Constitui causa de aumento de pena o fato de o crime de incêndio ser praticado A)mediante utilização de explosivos.

B)em situação de violência doméstica ou familiar contra a mulher C)em estaleiro, fábrica ou oficina.

D)em canteiro de obras em área de grande densidade demográfica e populacional.

E)por motivo fútil ou torpe.

(31)

Gabarito

1. ERRADO 2. CERTO

3. CERTO 4. ERRADO

5. LETRA C

(32)

Resumo direcionado

1) Crimes contra a incolumidade pública

CRIMES DE CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA (Crimes de Perigo Comum) Crimes de perigo abstrato Crimes sem modalidade culposa Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte

de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (art. 253 do CP)

Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (art. 253 do

CP) Subtração, ocultação ou inutilização de material de

salvamento (art. 257 do CP)

Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento (art. 257 do CP)

Perigo de inundação (art. 255 do CP)

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