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Pensamento Científico. Unidade 1 Iniciação científica

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Academic year: 2022

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Unidade 1 Iniciação científica

Pensamento Científico

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DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial

CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico

TIAGO DA ROCHA Autoria

ANDRÉ DE FARIA THOMÁZ

THALYTA MABEL NOBRE BARBOSA

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AUTORIA

André de Faria Thomáz

Olá. Meu nome é André de Faria Thomáz. Sou bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Minas (2006), pós-graduando em Docência Superior pela Universidade Gama Filho (2009), pós-graduado em MBA Executivo em Administração de Empresas (2009-2012), mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica (2011) e doutor em Administração Prática nas Funções de Contador pela mesma instituição (2018). Também sou professor universitário, conteudista e curador. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir a minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.

Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Thalyta Mabel Nobre Barbosa

Olá. Meu nome é Thalyta Mabel. Sou graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e mestre em Serviço Social, tendo como objeto de estudo o Serviço Social na Previdência Social, pela mesma instituição. Possuo experiência como docente nas áreas de Serviço Social e Metodologia Científica na graduação e na pós-graduação de instituições públicas e privadas.

Atuo como autora, designer educacional e consultora educacional na elaboração, gestão e implementação de materiais didáticos para a EaD.

Fui convidada mais uma vez pela Editora Telesapiens a integrar o seu elenco de autores independentes e estou muito feliz em poder ajudar você a conhecer o mundo maravilhoso da pesquisa científica e contribuir para o seu aprendizado nesta fase. Conte comigo!

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ICONOGRÁFICOS

Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO:

para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência;

DEFINIÇÃO:

houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA:

quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE:

as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você;

EXPLICANDO MELHOR:

algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA?

curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS:

textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento;

REFLITA:

se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre;

ACESSE:

se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO:

quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens;

ATIVIDADES:

quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada;

TESTANDO:

quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

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SUMÁRIO

Ciência e os tipos de conhecimento ... 10

O homem e o conhecimento ...10

1.2 Tipos de conhecimento ... 14

Conceito de ciência ... 17

Ciência e seus métodos ...20

Ciência e vida acadêmica ... 20

Ciência e método científico ... 21

Método e técnica ...22

Classificação dos métodos ...24

Método experimental ...25

Método observacional ...25

Método comparativo ...26

Método estatístico ...26

Método etnográfico ...27

Métodos indutivo e dedutivo ...28

A importância da pesquisa científica ...30

Significado da pesquisa científica ... 30

O avanço da pesquisa científica ...32

Ciência como prática social ...34

Desafios da ciência e a ética na produção científica ... 41

Desafios da ciência ... 41

Produção científica e ética ...45

Graduação no Brasil ... 46

Pós-graduação no Brasil ... 48

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UNIDADE

04 01 UNIDADE

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INTRODUÇÃO

Você sabia que, em um contexto marcado por rápidas mudanças conceituais, teóricas e tecnológicas, o estudante de graduação deve ser capaz de produzir conhecimento relevante? Atualmente, as complexidades da nossa sociedade, as quais são refletidas no cotidiano acadêmico, demandam por profissionais que estejam capacitados a ler, compreender, questionar e a intervir nesse contexto. Nesse sentido, o instrumento mais adequado para isso são os projetos de pesquisa ou projetos de intervenção. Ao ingressar na universidade, você passa a conhecer o mundo da ciência. Aos poucos, você deixa de ser um mero receptor desse conhecimento e se torna um produtor dele, por meio da pesquisa científica. No entanto, ao realizar a pesquisa científica, é necessário que você se aproprie de algumas definições e seja instrumentalizado para tal.

Diante dessa afirmação, nesta unidade, estudaremos juntos: o significado do conhecimento; os tipos de conhecimento; a importância da ciência e do conhecimento científico; os métodos científicos; e a ética na pesquisa.

Por ser uma obra pensada e desenvolvida para a educação a distância, ela possibilitará uma experiência singular de imersão individualizada em um conteúdo rico em possibilidades de aprendizagem. Portanto, ao longo desta unidade letiva, você mergulhará neste universo! Bons estudos!

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OBJETIVOS

Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Conceituar ciência e identificar os tipos de conhecimento.

2. Caracterizar a ciência e identificar os métodos científicos existentes.

3. Identificar a importância da pesquisa científica.

4. Conhecer os desafios da ciência e os aspetos importantes da ética na produção científica.

Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho!

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Ciência e os tipos de conhecimento

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de conceituar ciência e de identificar os tipos de conhecimento. Isso será fundamental para a ampliação da sua compreensão a respeito do caminho percorrido diariamente por cientistas e pesquisadores em sua constante busca pelo conhecimento.

Motivado para desenvolver essas competências? Vamos lá.

Avante!

O homem e o conhecimento

Você já parou para analisar com que velocidade a tecnologia nos tem surpreendido? Há pouco tempo, a internet não existia e os aparelhos de TV eram monocromáticos. A comunicação por telefone era privilégio das classes sociais mais abastadas e grande parte das tecnologias que utilizamos diariamente não havia sido inventada.

Além da intensa comunicação, hoje, dependemos cada vez mais do desenvolvimento de novos medicamentos, de novas técnicas de produção de alimentos, de novos meios para reverter os danos causados ao meio ambiente, além de outras explicações e soluções para os problemas que enfrentamos. Nesse contexto, a ciência assume papel de destaque na construção da sociedade e no aperfeiçoamento individual dos seres humanos.

Por meio da atividade científica, o conhecimento é produzido em diversos locais e pode ser compartilhado, testado e reformulado, pois é resultado do trabalho de cientistas espalhados ao redor do mundo.

Entretanto, quais foram os motivos que levaram a humanidade a realizar investigações? O que seria conhecimento?

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Figura 1 – Conceito do conhecimento

Fonte: Freepik

Ao longo deste capítulo, responderemos a esses questionamentos.

Vejamos, a seguir, a relação do homem com o conhecimento.

Ao analisar a trajetória da humanidade, podemos perceber que o homem sempre foi ávido por conhecimento desde o seu nascimento.

Exemplos disso são a descoberta do fogo, a impressão do pensamento nos desenhos rupestres, as explicações dos fenômenos que cercam a vida e a morte, os mitos, a filosofia, a criação e artefatos para a caça e a alimentação, bem como o avanço da intelectualidade, com a criação da roda e os pensamentos dos filósofos greco-romanos, que têm sido instrumentos poderosos de conhecimento até hoje. Todavia, apenas nos séculos XVI e XVII que a ciência ganhou status: verdade é aquilo que se pode ser comprovado. Hoje, o método científico é considerado o saber mais eficaz, o qual se encontra inserido no contexto do advento da ciência moderna. A ciência é uma forma de conhecimento. Contudo, o que seria conhecimento?

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Você aprendeu até aqui que o homem sempre foi ávido por conhecimento e que, para adquiri-lo, ele realizava investigações.

Também já se sabe que a ciência é uma forma de conhecimento e que ela está presente em seu cotidiano. Ainda sobre a relação do científico com a história da humanidade, Fachin (2003) apresenta uma reflexão sobre essa temática. A autora discorre que, desde a Antiguidade, já havia uma atenção para o científico, embora não existissem, naquela época, métodos e observações dos acontecimentos. Apenas após a advinda dos cientistas modernos que houve avanços nos métodos de pesquisa, nas técnicas e na ordenação nas coletas de dados. Esse será um assunto que discutiremos ao longo desta disciplina.

Para Laville e Dionne (1999), há dois modos de aquisição do saber:

o espontâneo e o racional. Esses dois tipos de saberes servem para conhecermos o funcionamento das coisas, a fim de melhor controlá-las e realizar melhores previsões. Os saberes espontâneos são: a intuição, a tradição e a autoridade, os quais, muitas vezes, são adquiridos a partir das experiências pessoais e nem sempre se baseiam em dados de experiências racionalizadas.

Devido à fragilidade do saber, o homem desenvolveu o desejo de saber mais e de dispor de conhecimentos metodicamente elaborados e mais confiáveis, o que chamamos de saber racional. Para explicar a evolução do saber racional até a chegada, no século XIX, da ciência triunfante, Laville e Dione (1999) explicam que esse saber foi iniciado com os filósofos Platão e Aristóteles, a partir do desenvolvimento da lógica e, em seguida, por intermédio das reflexões filosóficas realizadas no período medieval. Não só, mas também houve a colaboração das superstições e das magias da Renascença, da observação empírica do século XVII, que objetivava o pensamento científico, e, no século XVIII, do desenvolvimento dos princípios da ciência experimental.

REFLITA:

Você já consegue conceituar “conhecimento” com base nas informações apresentadas até este momento?

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Acreditamos que sim. Portanto, prossigamos. Possivelmente, você tenha conceituado “conhecimento” como o ato de conhecer algo ou a reunião de informações armazenadas na mente humana.

EXPLICANDO MELHOR:

Com base na resposta, podemos dizer que o homem tem diversos tipos de conhecimento. A mesma pessoa, por exemplo, pode ser um pesquisador da área da criança e do adolescente, conhecedor do Estatuto da Criança e do Adolescente e ser uma pessoa religiosa, conhecedora da bíblia.

Você também possui diversos tipos de conhecimento. Já parou para pensar nisso? Consegue identificá-los? Um exemplo simples e que faz parte da sua realidade é este: você está no ensino superior para obter conhecimentos sobre a profissão a qual você escolheu, a fim de que, posteriormente, seja um profissional devidamente qualificado. Quais são os conhecimentos que você vai adquirir ou já adquiriu para atingir o seu objetivo? É bem provável que você já tenha tido acesso às legislações que norteiam o exercício profissional e todo o referencial teórico-metodológico presente nas obras dos autores referencias da sua área.

Figura 2 – Exemplo de conhecimento adquirido no ensino superior

Fonte: Freepik

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Lakatos e Marconi (2005) explanam que, ao percebermos um objeto, somos capazes de captar certas qualidades ou características dele. Dessa maneira, tomamos consciência de nossas percepções e acumulamos experiências que formam um “estoque” de conhecimento, como na escola, local onde acumulamos conhecimentos produzidos por outras pessoas. Isso significa que o conhecimento nem sempre é adquirido mediante contato direto com um objeto, mas pode ser transmitido pelas mais diversas formas de linguagem, tais como: fotografias, imagens, vídeos, descrições textuais, gráficos, fórmulas, entre outras ferramentas comunicativas de grande utilização para os momentos educacionais.

Ao longo do tempo, para facilitar os seus estudos, autores classificaram o conhecimento em tipos, assim como também houve a classificação da ciência. É válido ressaltar que, nas obras que abordam a temática “metodologia científica”, estudiosos usam nomenclaturas diferentes. Desse modo, serão os tipos de conhecimento que estudaremos no tópico seguinte.

Tipos de conhecimento

O conhecimento é o ato ou o efeito de conhecer algo, de saber, de ter informação e de buscar instrução. É a relação do homem (razão) com determinado objeto/objetivo. O conhecimento é um conceito importante para a Educação, uma vez que nos leva a conhecer disciplinas, conceitos, teorias, princípios etc., que foram internalizados e aprendidos antes. Além disso, é preciso ressaltar que, para falar de conhecimento, precisamos abordar informações, dados e fatos, a fim de que o conhecimento possa ser considerado uma informação útil para alguém.

Afinal, o que é conhecimento? Conhecimento é o resultado da relação entre a percepção que temos do mundo, dada por meio de nossos sentidos – visão, audição, tato, olfato, paladar –, e os objetos que conseguimos perceber a nossa volta para, então, abstrairmos ideias ou noções. Fachin (2003) cita alguns tipos de conhecimentos nos quais os homens, por seu intermédio, evoluem e fazem evoluir o seu meio.

Entre esses conhecimentos, temos: o filosófico; o teológico ou religioso;

empírico (popular ou do senso comum); e o científico. Entretanto, é

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importante ressaltar que, aqui, usaremos basicamente o conhecimento científico. Estudemos cada conhecimento.

De acordo com Alves (2007), o conhecimento empírico ou do senso comum é produzido no dia a dia, sem a necessidade de comprovação por meio de métodos sistemáticos ou científicos. Por esse motivo, é um tipo de conhecimento superficial e subjetivo ligado a tradições, crenças ou valores. Além disso, não possui uma forma sistemática e traz, como solução para um problema, uma explicação popular que não é testada como relação direta entre causa e efeito. É apenas observado um resultado, independente de subinterações possíveis. Por exemplo: os chás medicinais usados por nossas avós podem ser úteis para curar uma indigestão ou para “acalmar os nervos”. Contudo, é improvável que nossas avós saibam exatamente quais são as propriedades químicas desses chás ou como elas agem no corpo humano.

O conhecimento teológico ou religioso é produzido por meio da aceitação de saberes e de informações consideradas divinamente reveladas e, como tais, são inquestionáveis e infalíveis. Por exemplo:

enquanto os cristãos acreditam que o conhecimento bíblico é de origem divina e representa a verdade, os muçulmanos encontram os conhecimentos que guiam as suas vidas no Alcorão, que é equivalente à Bíblia para os cristãos. De maneira direta, a justificativa ou resposta sobre um acontecimento é dada a um Deus, entendido como um ser supremo, dependendo da cultura de cada povo. O ser humano se relaciona por meio da fé religiosa. Podemos ter exemplos nos próprios livros utilizados por algumas religiões.

O conhecimento filosófico é produzido por meio da reflexão e, portanto, é sistemático e crítico. Nesse caso, a percepção direta dos objetos concretos não é o mais importante, e sim a construção de ideias e conceitos, por vezes, metafísicos e abstratos, na busca pelo conhecimento da realidade em seu contexto mais universal. O conhecimento filosófico busca descobrir aspectos relacionados ao sentido primordial da existência e da realidade, se há, ou não, liberdade, quais valores devem direcionar as ações humanas, entre outros conteúdos dessa natureza que são para o bem em comum de todos.

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DEFINIÇÃO:

Já o conhecimento científico, o qual será explorado ao longo desta disciplina, pode ser considerado o conhecimento verdadeiro, visto que busca conhecer as causas e as leis que regem determinado evento. Ele é adquirido de modo racional, por meio de processos que são sistematizados e organizados. Não só, mas entendido quando o pesquisador retira o contexto em que o evento está inserido e valida aquele acontecimento por intermédio de procedimentos que possam levar o resultado a uma possível comprovação da sua ocorrência.

Esse processo nunca é considerado finalizado e pronto, pois sempre pode ser questionado e reavaliado. Em outras palavras, é um processo em constante construção. Se tomarmos o mesmo exemplo apresentado sobre chás, é o fato de se verificar exatamente qual é a causa e o efeito quando se utiliza um determinado chá. Seguem exemplos simples e que representam os tipos de conhecimento:

• Conhecimento empírico ou do senso comum – “Chá de camomila é bom para acalmar os nervos”.

• Conhecimento teológico ou religioso – “Bem-aventurados os que choram, porque Deus os consolará”.

• Conhecimento filosófico – “A finalidade essencial da razão humana é a felicidade universal”.

• Conhecimento científico – “A temperatura média do universo diminui à medida que o universo se expande”.

Assim como já fora explicado, apesar da classificação em relação aos tipos de conhecimento para a apreensão da realidade social, o sujeito pode percorrer diversas áreas do saber para conhecer o seu objeto. Isso significa que as diversas formas de conhecimento estudadas poderão coexistir. Neste tópico, foi evidenciado que todas as formas de conhecimento são importantes. Apesar de sabermos que usaremos basicamente o conhecimento científico, é fácil perceber que algumas formas deram origem a ele. Nenhuma forma de conhecimento

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é descartável, pois a ciência, apesar de exigir processos e ditar muitas regras, necessita da compreensão e da aplicação de contextos sociais, os quais só podem ser aplicados e compreendidos de maneira correta se considerado o ser humano como parte de todas essas interações. No tópico seguinte, apresentaremos o conceito de ciência com base em diversos autores.

Conceito de ciência

A ciência é o meio para identificar o nosso conhecimento e fazê-lo crescer, ver como as coisas funcionam, tais como a natureza, o universo etc. Ela trata de investigar/estudar os fenômenos, levando à descoberta de informações sobre o mundo. Esse estudo e investigação são realizados de acordo com o método científico, que nada mais é que o processo de avaliar o conhecimento empírico com os conhecimentos adquiridos por estudos e pesquisas. Vários autores, como Lakatos e Marconi (2000, 2003, 2005), Koche (1997), Fachin (2003), Minayo (2007), conceituaram e classificaram a ciência em suas obras. Vejamos algumas conceituações a seguir:

A ciência, segundo Fachin (2003, p. 27), “trata dos conhecimentos de várias maneiras, procurando leis gerais que abriguem certo número de fatos particulares. [...] As ciências prosperaram e foram divididas para que pudessem ser melhor compreendidas”. No século XIX, houve o progresso da ciência e de suas aplicações práticas, as quais provocam mudanças e melhoramentos na vida do homem. Já na segunda metade desse século, houve o desenvolvimento das ciências humanas, as quais seguiam uma concepção de construção do saber científico nomeada “positivismo”. O positivismo tem, como características, o empirismo, a objetividade, a experimentação, a validade, as leis e a previsão. Assim, é com base nesse modelo de ciência positiva que há o desenvolvimento das ciências humanas na segunda metade do século XIX.

Ao analisar a história da ciência, constatamos que muitos de seus princípios básicos foram modificados ou substituídos em função de novas conjunturas ou de novos padrões. Segundo Lakatos e Marconi (2000, p. 24):

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A ciência, portanto, constitui-se em um conjunto de proposições e enunciados, hierarquicamente correlacionados, de maneira ascendente ou descendente, indo gradativamente de fatos particulares para os gerais, e vice-versa [...], comprovados (com a certeza de serem fundamentados) pela pesquisa empírica (submetidos à verificação).

Já no que se refere à classificação e à divisão da ciência, elas ocorreram devido à necessidade do homem de estudar, entender e publicar os resultados das suas investigações científicas (nas próximas unidades, veremos como se dá as apresentações dessas investigações).

Para Lakatos e Marconi (2003), em relação à classificação da ciência, podemos classificá-la mediante o conteúdo, complexidade, objeto, temas, metodologia e outros. No entanto, não há um consenso entre os autores da área acerca dessa classificação. Observe, na figura a seguir, a classificação da ciência de acordo com as autoras:

Figura 3 – Classificação da ciência

CIÊNCIAS

Factuais

Naturais

Sociais

Física/Química/Biologia

Direito Formais

Lógica

Matemática

Economia/Política Sociologia/Antropologia

Fonte: Lakatos e Marconi, 2003 (Adaptado).

Explicar e apresentar as características das ciências não faz parte do objetivo desta unidade. Entretanto, é fundamental que você saiba da existência dessa classificação.

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Já sobre o objetivo da ciência e a sua concepção na atualidade, Koche (1997, p. 79) sustenta que:

[...] o objetivo da ciência ainda é o de tentar tornar inteligível o mundo, é atingir um conhecimento sistemático e seguro de toda a realidade. No entanto, a concepção de ciência na atualidade é de ser uma investigação constante, em contínua construção e reconstrução, tanto das suas teorias quanto dos seus processos de investigação.

Baseando-se na citação apresentada e nas análises da realidade e da história da ciência, podemos inferir que ela vem ganhando importância ao longo dos anos. O avanço científico, aliado a tecnologia, possibilitou transformações no mundo, como a Revolução Industrial. Todavia, é somente a partir da segunda metade do século XX que temos um acúmulo de conhecimentos e de transformações na sociedade. Ao pensarmos na ciência que temos hoje, devemos pensar, também, em aliá-la à tecnologia, já que esta é um instrumento para a realização da ciência. Para alguns autores, é a ciência aplicada, ou seja, a tecnologia fornece precisão e controle dos resultados à ciência, o que permite que o homem controle o mundo. É válido ressaltar, contudo, que, apesar do desenvolvimento científico-tecnológico que temos a nível mundial, esse progresso não tem chegado a vias de transformar a realidade da população. Um exemplo disso se refere às suas condições básicas de existência.

RESUMINDO:

Gostou do conteúdo apresentado? Compreendeu tudo?

Agora, para termos a certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, resumiremos o que estudamos. Você deve ter aprendido o significado do conhecimento, identificado os seus tipos e o que significa ciência. Não só, mas também percebeu que todos nós somos dotados de conhecimento dos mais diversos tipos. Contudo, compreendeu, sobretudo, a importância do conhecimento científico para você, estudante de nível superior. Além disso, conheceu um pouco a história da ciência, seu objetivo e classificação, bem como soube a sua importância para o avanço da humanidade.

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Ciência e seus métodos

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de caracterizar a ciência e identificar os métodos científicos que existem.

Isso será fundamental para você, aluno de nível superior.

Dessa forma, você terá contato com alguns elementos, a fim de adquirir uma postura científica e ser capaz de obter conhecimento com credibilidade e confiabilidade. Motivado para desenvolver essas competências? Vamos lá. Avante!

Ciência e vida acadêmica

Ao ingressar na vida acadêmica, é necessário que tenhamos atitudes de investigação científica, seja para interpretar a realidade social, seja para a produção das nossas pesquisas. Essa postura científica é adquirida ao cursar as diversas disciplinas, como a que está cursando agora, ao longo da sua graduação. Dessa forma, antes de iniciarmos a apresentação de alguns métodos que existem, é preciso discutir o significado de método e metodologia. Vamos lá!

As pessoas, de forma geral, consideram a ciência porque acreditam que o conhecimento científico desvenda a verdade absoluta, devido a sua base empírica. Isso significa que as teorias científicas derivam diretamente de observações e experimentações sobre os fenômenos da natureza (ALVES, 2007).

De acordo com Alves (2007), os cientistas ou pesquisadores são pessoas interessadas em investigar aspectos ou elementos que dizem respeito ao mundo e aos seres humanos. Esses indivíduos podem realizar investigações individuais, mas, em geral, estão reunidos em universidades ou em departamentos de pesquisa dentro de empresas.

Outro aspecto importante a ser discutido é a metodologia. É possível afirmar que a metodologia trata do caminho reflexivo e da prática exercida na abordagem da realidade (ALVES, 2007). Portanto, incorpora, ao mesmo

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tempo, a teoria da abordagem, as técnicas (instrumentos de operação do conhecimento) e a criatividade do pesquisador.

Genericamente, o termo “metodologia” pode ser entendido como uma ação que visa investigar uma determinada realidade, desde que, para isso, sejam aplicados métodos específicos. Ao longo da história, um dos principais esforços do ser humano tem sido a busca constante pelo aumento do conhecimento a respeito do mundo onde vive e de si mesmo.

Uma das razões para essa busca é muito simples: é preciso conhecer para controlar e, assim, definir as estruturas da ciência e da pesquisa cientifica.

Por exemplo: o início de toda pesquisa é delineado por uma problemática, a qual é permeada por questões de pesquisa que se baseiam em conhecimentos prévios, que, se tratados cientificamente, são capazes de construir novos referenciais, os quais são chamados de teoria e estão inseridos em uma determinada área de conhecimento. Em algum momento da vida, aprendemos que o fogo queima, que a água gelada refresca, que os automóveis devem parar quando o sinal vermelho do semáforo está aceso e que as pessoas geralmente reagem a certos estímulos, sejam eles positivos ou negativos, com reflexos no pensamento e atos.

Diante do exposto, é plausível afirmar que a teoria e a metodologia estão intimamente relacionadas e são fundamentais no processo de elaboração de qualquer projeto de pesquisa ou intervenção. Sendo assim, a metodologia deve dispor de um instrumento claro e suficientemente capaz de resolver os impasses teóricos para o desafio da prática (ALVES, 2007). No tópico a seguir, apresentaremos o significado de método.

Ciência e método científico

Acredito que você, aluno, já ouviu algumas vezes a palavra

“método” em seu cotidiano e nas mais diversas situações e contextos.

Vamos apresentar alguns exemplos. Já ouvimos alguém dizer que uma determinada pessoa é muito metódica e que, em consequência dessa forma de agir, ela poderá atingir o seu objetivo. Já em outras situações, percebemos que falta um método de ação em alguém ou até mesmo que o método de trabalho de certa pessoa não é eficiente.

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De modo geral, a pesquisa sempre esteve voltada para a investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de métodos científicos. São vários os tipos de pesquisa que podemos utilizar quando pretendemos desenvolver alguma investigação, quer seja de ordem prática ou intelectual.

Baseando-se nas explicações apresentadas, podemos dizer que o método seria o caminho o qual devemos percorrer para que possamos alcançar um determinado objetivo, ou seja, é uma forma para se alcançar uma meta. Então, por que devemos utilizar o método em nossas pesquisas? É importante que você saiba que uma das características que distingue a ciência de outros tipos de conhecimento é o seu método.

DEFINIÇÃO:

A etimologia da palavra “método” é a seguinte: vem do grego methodus e significa “através, ao longo do caminho”. É o conjunto de etapas e procedimentos que orientam a investigação dos fatos ou a busca da verdade.

Em outras palavras, o método é guia e um caminho (D’ONOFRIO, 1999).

Temos, na ciência, o método científico, o qual deve seguir as etapas que objetivam provar, ou não, o fato real, a verdade.

Método e técnica

É importante entender que, quando falamos em método científico, não estamos nos referindo apenas à ciência em si. Quando se diz que você já é um cientista, isso se refere ao fato de que, na essência, todo mundo tem um “quê” de pesquisador e/ou cientista. Estamos, a todo o tempo, testando, agindo e aprendendo, o que consiste basicamente no que os cientistas fazem de maneira metódica. No entanto, não podemos dizer de maneira literal que estamos praticando ciência, se não houver um processo sistematizado que possa ser testado e replicado, caso necessário. Para isso, será apresentada a diferença entre a palavra

“método” e a “técnica”, assim como alguns conceitos do próprio método

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científico. Isso se deve, pois, dessa forma, você compreenderá melhor a relação de tudo isso com a ciência.

Vamos, primeiramente, falar do método. Esse processo é como um grande apanhado de atividades organizadas de maneira sistemática, as quais fornecem uma maior segurança e permitem que alcancemos o objetivo proposto. O método segue um caminho traçado, apto a identificar falhas, erros e, ainda, auxiliar para que sejam tomadas as melhores escolhas. Podemos afirmar, também, que ele é um conjunto de critérios que servem como uma referência, na tentativa de explicação ou construção de previsões para o que é proposto.

IMPORTANTE:

Para que haja um método na realização de uma pesquisa ou comprovação científica, é indispensável que o objetivo esteja bem definido e seja estabelecido, de maneira clara, o que se quer responder. O método será, então, o conjunto de etapas necessárias para responder aquilo que foi proposto. Sendo assim, o método não é criado de acordo com o pensamento ou vontade do cientista, mas escolhido dependendo do tipo de objeto de pesquisa que se tem em determinada situação.

Em outras palavras, uma investigação qualquer vem de um problema ou um questionamento. Para tanto, são utilizados conjuntos de processos ou etapas que se traduzem no método científico, o qual tem como foco fornecer uma posição sobre a hipótese formada. Diante disso, pode-se, por outro lado, afirmar que o método é uma forma de se pensar, a fim de encontrar a compreensão de um problema, seja para fins de estudo ou, ainda, para uma explicação. Sabe-se que a própria ciência é constituída de um conhecimento extremamente racional, metódico e ainda altamente sistemático, sendo implícita a possibilidade de sua verificação por meio do uso de técnicas e métodos diversos.

Podemos traduzir o que foi apresentado até aqui de outra forma.

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VOCÊ SABIA?

Você sabia que estamos cercados, em nosso cotidiano, por diversos métodos, mesmo sem percebermos? Se fazemos um churrasco, por exemplo, para que a carne seja colocada no fogo, é necessário que o tempero seja colocado antes. Ao comer uma fruta, você naturalmente tira a casca para, depois, consumir o que tem dentro. São métodos simples que, se não aplicados, podem resultar em situações desagradáveis ou até mesmo desastrosas para a culinária. Podemos pensar na mesma construção de utilização do método quando a relacionamos com a nossa maneira de se vestir. Você coloca primeiramente a sua roupa íntima para, depois, colocar a calça, a camiseta e qualquer outra peça. Se você colocar a sua roupa superior e posteriormente vestir a roupa íntima, ou seja, não seguir os passos de maneira correta, o resultado não será o adequado ou o esperado para o processo. Nessa situação, no máximo, você estaria se parecendo com o Superman.

Fica claro que existe uma ordem natural para as coisas e para os procedimentos do dia a dia. Portanto, isso pode ser traduzido como um método de se fazer cada coisa. Se não for seguido, produzirá um resultado não satisfatório na primeira tentativa. Assim, é possível resumir tudo o que foi discutido de outra forma: o método nada mais é do que um caminho para o fim que buscamos chegar. É o que vai ser percorrido, ou seja,

“como” é que pretendemos alcançar determinado aspecto ou resposta.

Observe outros processos do seu cotidiano.

Classificação dos métodos

Apresentaremos uma classificação dos métodos, para que possa ser mais claro o que estamos querendo dizer. Entre os mais conhecidos, podemos destacar os seguintes: experimental, observacional, comparativo, estatístico e o etnográfico.

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Método experimental

O surgimento da ciência e, portanto, do seu método, está diretamente vinculado às ciências da natureza, as quais foram as primeiras a se desenvolverem no século XVII. Apenas no final do século XVIII é que surgiram as ciências sociais e as humanas (psicologia, sociologia, entre outras).

Em um primeiro momento, as ciências tentaram garantir um estatuto de cientificidade e, para tal, utilizaram o método experimental nas suas formulações teóricas. Aos poucos, os cientistas da época foram percebendo a inadequação desse método para os fenômenos humanos.

REFLITA:

Com base nos exemplos citados ao longo do material e em outras situações pelas quais passou ao longo da vida, você deve ter percebido que, em algum momento, já atuou como cientista e já realizou um experimento. Essa afirmação tem total referência quando dissemos, no início deste capítulo, que a ciência está presente em nosso dia a dia.

Na realização do método experimental, algumas condições particulares são estabelecidas pelo pesquisador. Em outras palavras, no ato da experimentação, o pesquisador compara o efeito de duas variáveis, como as condições e um tratamento. Assim, antes da realização desse método, é essencial que o pesquisador trace um plano experimental em que estejam estabelecidas as condições da experiência, de forma que, por meio delas, consiga-se obter as respostas do seu problema de pesquisa.

Método observacional

É considerado o primeiro passo de um estudo, qualquer que seja a sua natureza. Envolve desde as primeiras etapas de um estudo até os mais avançados estágios. Além disso, difere-se de um simples conjunto de curiosidades para algo sistematizado e planejado, com fins de alcançar um objetivo ou procurar respostas para um possível problema de pesquisa.

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A atividade de pesquisa visa resolver problemas e nós fazemos isso de forma cotidiana, seja na academia, seja no nosso ambiente profissional.

Em algumas áreas de estudo, o método experimental pode ser de difícil aplicação, como nas ciências sociais e na biologia. Diante disso, o método observacional adquire bastante importância e deve ser executado com cuidado.

IMPORTANTE:

Diante do que foi apresentado, você conseguiria explicar a diferença entre o método experimental e o método observacional? No método experimental, o cientista toma providências para que algo ocorra em relação ao experimento, a fim de identificar o que ocorre a partir de então. Já no método observacional, o cientista observa algo que está ocorrendo sem interferir na realidade ou algo que já ocorreu.

Método comparativo

Ao longo dos estudos sobre a história da ciência, verificamos que há uma discussão sobre o método comparativo e o seu processo de construção do conhecimento com base nos clássicos da Sociologia do século XIX. Nas obras de autores, tais como Comte, Durkheim e Weber, observamos o uso da comparação na construção do conhecimento.

De acordo com Fachin (2003), o método comparativo consiste em investigar coisas ou fatos e explicá-los segundo as suas semelhanças e suas diferenças. Perceba que é o método que possibilita o estudo comparativo entre grupos, sociedades e outros fatores. É um procedimento de comparação sistemática de casos de análise que, em sua maioria, são aplicados com fins de generalização empírica e verificação de hipóteses.

Método estatístico

É o método desenvolvido tendo, como referência, a teoria estatística de probabilidade. Sua utilização possibilita medir, quantificar e mensurar a

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realidade pesquisada. É um método que constitui um grande auxílio para a área das ciências sociais.

Sem dúvidas, você já deve ter ouvido falar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa instituição é um instituto de pesquisa que realiza o recenseamento da população por meio do método estatístico. Outro exemplo de instituição que realiza o método estatístico é o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), que, por exemplo, realiza pesquisa de intenção de voto no período eleitoral.

Apesar de ser utilizado de forma frequente, é comum ocorrer a manipulação, de forma tendenciosa, dos dados estatísticos com fins políticos e econômicos. Entretanto, é essencial que o pesquisador fique atento aos dados para que não se tire conclusões precipitadas e possua ética na realização da sua pesquisa.

Método etnográfico

Uma das abordagens metodológicas mais utilizadas no campo das pesquisas empíricas é a etnografia. A partir do conceito de cultura traçado por Lakatos e Marconi (2005), podemos afirmar que um dos modos pelo qual podemos buscar os significados da cultura é por meio da etnografia, que não será compreendida como um método permeado por regras, mas como uma prática que deve estar longe de ser avaliativa e julgadora. Ao pesquisador que se propor a realizar uma pesquisa etnográfica, é preciso romper com a linearidade do método para perceber as nuances que fogem a esse método.

Entretanto, dentro do campo conhecido como filosofia da ciência, há uma reflexão mais profunda sobre as características específicas do conhecimento científico. Como exemplo, temos a crítica ao método indutivo relacionado à ciência, em que proposições gerais são formuladas a partir de observações de casos particulares. Apesar da aplicabilidade prática, o indutivismo não garante explicações definitivas sobre nenhum fenômeno da natureza. Adicionalmente, existe o fato de que nenhuma observação pode ser realizada de forma totalmente objetiva, pois todas as percepções e interpretações do mundo exterior são influenciadas por fatores subjetivos, como a cultura e as expectativas pessoais (ALVES, 2007).

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Métodos indutivo e dedutivo

No método indutivo, para que as generalizações sejam consideradas legítimas, é preciso fazer numerosas observações do fenômeno em estudo. Essas observações devem ser repetidas em várias condições e não pode haver nenhum resultado contraditório (ALVES, 2007). Esse método pode ser traduzido como a forma de se raciocinar por meio de uma associação com base em dados prévios, quando se obtém uma conclusão de algo já observado e estabelecido. Para exemplificar: o cobre, o zinco e o ferro conduzem eletricidade. Dessa forma, todos os metais conduzem eletricidade.

Já o método dedutivo é o ato de descobrir a verdade por meio de conclusões já conhecidas. Pode-se dizer que ele parte do geral para o particular. Ao utilizarmos o exemplo exposto, dizemos que todos os metais conduzem eletricidade. O ouro é um metal, logo, conduz eletricidade. Ou, ainda, podemos pensar da seguinte forma: o cobalto conduz eletricidade, assim, sabemos que é um metal.

Diante do exposto, pode-se afirmar que, entre a dedução e a indução, não há um isolamento de processo, uma vez que ambos são complementares. A indução deve servir como base a uma possível conclusão acerca de um tema. Na sequência, a dedução continua sendo uma espécie de parâmetro e pode até mesmo servir como premissa para próximas induções.

NOTA:

Com base nos tipos de métodos que apresentamos, saiba que não há como dizer que o método científico é apenas um. São várias as maneiras possíveis para a obtenção de resultados científicos e todas elas são de fundamental importância na construção do conhecimento. Cabe ao pesquisador decidir qual é a mais adequada.

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Um resultado obtido em laboratório por meio de métodos científicos, por exemplo, em condições controladas e de maneira reprodutível, ainda não está qualificado como parte integrante do conhecimento científico.

Qualquer resultado experimental necessita passar pelo crivo de outros investigadores, mediante a sua publicação em um periódico científico.

É de extrema importância, portanto, realizar a formalização da produção científica e proceder a divulgação dos resultados obtidos a partir da pesquisa para outros cientistas da área.

Assim, é fundamental que você saiba que produzir conhecimento exige muita dedicação por parte do pesquisador.

RESUMINDO:

Gostou do que foi apresentado? Compreendeu tudo?

Agora, só para termos a certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, resumiremos o que estudamos. Você deve ter relacionado a ciência e o método. Também aprendeu o conceito de método e a sua importância para a realização das atividades de pesquisa.

Identificou os principais métodos científicos utilizados pela ciência e as características de cada um deles. Por fim, verificou o quanto é significativa, para a construção do conhecimento e, logicamente, para o avanço da ciência, a utilização de um método científico.

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A importância da pesquisa científica

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar a importância da pesquisa científica. Motivado para desenvolver essa competência? Vamos lá. Avante!

Significado da pesquisa científica

Para você, o que seria pesquisa? Geralmente, nós associamos a atividade de pesquisa aos cientistas vestidos de batas brancas, em seus laboratórios, realizando experimentos. Com certeza, você já assistiu a diversos filmes e desenhos animados nos quais aparecem os cientistas em um laboratório realizando as suas experiências com vários tubos de ensaio e outros utensílios. No entanto, essa é uma ideia equivocada que temos acerca do que significa pesquisa. A atividade de pesquisa é a de resolver problemas e nós fazemos isso de forma cotidiana, seja na academia, seja em nosso ambiente profissional. Você já percebeu isso?

Avalie o seu dia a dia e veja como a pesquisa está presente nele.

Pesquisamos para saber o menor valor de um objeto que desejamos comprar, para realizar os trabalhos da faculdade e, até mesmo, para escolher uma escola para o filho estudar. Você já realizou algumas dessas atividades? Claro que sim. Lembre-se que você, ao pesquisar, tem que resolver alguma situação e, para isso, estabelece algum critério norteador para que atinja o seu objetivo. Nas empresas e organizações, pesquisas são realizadas para saber a satisfação do cliente, a aceitação do produto e da marca perante os consumidores e a concorrência.

Minayo (2007, p. 47) sustenta que:

[...] a pesquisa é uma atividade básica das Ciências na sua indagação e construção da realidade. [...] É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados, pensamento e ação.

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Perceba que, de acordo com a autora, o termo “pesquisa” atrelado à ciência é uma aproximação da realidade munida de critérios, rigor, metodologia e caráter científico.

A pesquisa científica tem a finalidade de propor respostas aos problemas relevantes que o homem se coloca e realizar descobertas significativas, ou seja, que aumentem a sua bagagem de conhecimentos.

Em suma, a pesquisa científica visa descrever, explicar e prever os fenômenos.

Você já consegue conceituar o que é pesquisa científica? A figura a seguir sintetiza as características da pesquisa científica que foram apresentadas até aqui. Aconselhamos que internalize essas características, pois elas serão necessárias ao longo da sua formação profissional e até mesmo quando estiver nos ambientes de atuação da sua prática profissional.

Figura 4 - Características da pesquisa científica

PESQUISA CIENTÍFICA Problema

Planejada

Reflexão crítica Sistematizada

Conhecimento original Investigação

contítua

Fonte: Lakatos e Marconi, 2003 (Adaptado).

Para Lüdke e André (1986), a melhor maneira de se aprender a pesquisar é, precisamente, fazendo pesquisa, enfrentando os problemas teóricos, metodológicos e técnicos que se apresentam no

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trabalho científico. Para realizá-la, é preciso haver um confronto entre as informações coletadas sobre um determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado.

Entre outras informações pertinentes, é necessário entender que, na pesquisa, existe uma relação entre teoria e prática e que é ao exercer a atividade da pesquisa que o pesquisador delineará os limites e as possibilidades em relação a essa atividade.

O avanço da pesquisa científica

O desenvolvimento científico sempre foi influenciado por aspectos econômicos, políticos e religiosos, assim como já abordamos. Na atualidade, por exemplo, o avanço de pesquisas com células-tronco embrionárias, que podem possibilitar a cura de diversas doenças, é bastante criticado por setores religiosos da sociedade. Nessa perspectiva, podem ser citadas, também, as doenças negligenciadas, tais como a malária, a esquistossomose, entre outras, que são enfermidades consideradas endêmicas em populações de baixa renda e que apresentam investimentos reduzidos em pesquisas científicas e produção de medicamentos.

Dessa forma, o conhecimento científico não é resultante da prática investigativa e experimental por si só. A ciência se desenvolve a partir de interações sociais complexas e, consequentemente, sofre a influência de interesses pessoais, além de grupos políticos, econômicos e religiosos.

O porquê de se entender os processos sistemáticos que envolvem a metodologia da pesquisa é parte integrante para a obtenção da segurança dos dados, critérios, princípios e normas, os quais fornecerão orientação e possibilitarão condições adequadas ao pesquisador na realização dos seus trabalhos. Os resultados sempre devem ser os mais confiáveis possíveis, para que possam ser usados como base de generalizações ou para outras pesquisas.

Ao resgatarmos alguns aspectos da história, perceberemos que, durante a Idade Média, o desenvolvimento do conhecimento científico avançou lentamente, em consequência do predomínio do dogmatismo religioso. Nessa época, houve a valorização do conhecimento religioso para

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explicar os fenômenos naturais, tendo Deus como o centro do Universo (teocentrismo). Culturas pagãs, como a grega, foram perseguidas, combatidas e menosprezadas. A Igreja restringiu o acesso à escrita e à cultura, o que impactou negativamente o desenvolvimento da intelectualidade.

Já o desenvolvimento tecnológico resultou em inúmeros benefícios para sociedade, como o processo de globalização econômico e social.

No entanto, pelo fato de os avanços tecnológicos terem ocorrido em uma sociedade capitalista, que objetiva essencialmente o lucro, a natureza é explorada de maneira inescrupulosa e o bem-estar social está sendo cada vez mais comprometido.

Assim, a ciência (neste caso, apresentada como construção do conhecimento) é capaz de oferecer respostas confiáveis sobre a compreensão de determinados eventos e por que ocorrem. Ela também pode ser compreendida como a observação dos fatos de maneira sistêmica, com intuito de análise da experimentação e, desse processo, é possível retirar resultados passíveis de utilização universal.

A ciência precisa ser entendida como a compreensão das relações dos efeitos e suas possíveis/principais causas de acontecimentos em determinados eventos quaisquer. Nesses eventos, é almejado demonstrar a verdade dos fatos e suas implicações ou aplicações práticas. Assim, a pesquisa científica, em si, é uma construção criada por meio de questões específicas que precisam ser respondidas. Constatamos, portanto, que o conhecimento se preocupa em explicar, mas também tem, como cerne, a busca por relações e outros fatos, na tentativa de explicá-los.

Algo muito interessante de se observar é que o próprio senso comum pode motivar a realização de uma pesquisa científica. Esse processo é uma forma de testar algo que o senso comum não consegue obter resposta e trazê-lo à luz da aplicação do método científico. Um bom exemplo para entender a diferença entre os dois conhecimentos pode se referenciar na realização dos tratamentos médicos.

Antigamente, um tratamento indicado pelos próprios índios ou anciãs era proveniente do conhecimento comum, que também pode ser dito como vulgar. Os remédios eram usados para diversas doenças ou

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situações. Após ser comprovada a melhora ou a cura de determinada doença a partir do que foi aplicado, isso se tornava um conhecimento científico. Como entender isso?

Anteriormente, a validação não existia, pois, mesmo que as doenças tivessem sido curadas, não se havia aplicado um método científico e não se tinha certeza da real eficácia de determinado remédio para uma doença específica. Como realizar um link desse assunto com a sua própria vida acadêmica? Na tentativa de resolução de um determinado problema, será importante a aplicação de métodos/maneiras científicas para chegar a sua solução sem a utilização de achismos. Compreenda a importância de se utilizar o método científico, pois, de acordo com o olhar da pesquisa acadêmica, você já é um cientista!

No mundo atual, é possível perceber que o conhecimento científico é altamente relevante para a sociedade. De modo geral, as pessoas atribuem confiabilidade a qualquer informação, dado ou raciocínio obtido por meio dos chamados métodos científicos. Os sujeitos, de forma geral, consideram a ciência porque acreditam que o conhecimento científico desvenda a verdade absoluta devido a sua base empírica, na qual as teorias científicas derivam diretamente de observações e experimentações sobre os fenômenos da natureza (CHALMERS, 1993).

Ciência como prática social

O conhecimento científico é construído por meio da prática social e é bastante influenciado pelos interesses das classes sociais dominantes.

Nesse sentido, segundo Chalmers (1993, p. 158), “[...] o desenvolvimento de uma ciência ocorre de forma análoga à construção de uma catedral enquanto resultado do trabalho combinado de certo número de indivíduos, cada qual aplicando suas habilidades especializadas”.

Um resultado obtido em laboratório por meio de métodos científicos, por exemplo, em condições controladas e de maneira reprodutível, ainda não está qualificado a ser parte integrante do conhecimento científico.

Qualquer resultado experimental necessita passar pelo crivo de outros investigadores, por meio de sua publicação em um periódico científico.

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É de extrema importância, portanto, realizar a formalização da produção científica e proceder à divulgação dos resultados obtidos a partir da pesquisa para outros cientistas da área.

Figura 5 – Divulgação da pesquisa

Fonte: Pixabay

No ato da pesquisa científica, é necessário que qualquer atividade experimental produzida seja avaliada, testada, discutida e aceita pela comunidade científica. Essa interdependência social para a construção da ciência evidencia o caráter dinâmico do conhecimento científico. É possível que resultados experimentais importantes sejam refutados, mal interpretados ou não recebam a devida atenção pela comunidade científica de uma determinada época, postergando grandes avanços científicos por longos anos, como foi o caso das pesquisas científicas realizadas pelo monge e botânico Gregor J. Mendel, que nasceu na Áustria, em 1822. Os trabalhos que Mendel publicou sobre hibridização de ervilhas não receberam nenhuma atenção de seus contemporâneos.

Entretanto, atualmente, Mendel é considerado o fundador da genética (BATISTETI; ARAÚJO; CALUZI, 2010).

A população, de modo geral, tem uma visão descontextualizada do trabalho de um cientista. A mídia tem grande influência sobre esse tipo de visão, pois o estereótipo do cientista nos desenhos animados, nas

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histórias em quadrinhos e em outros meios de comunicação é uma figura masculina, individualista, antissocial, com óculos, e que sempre tem ideias mirabolantes.

NOTA:

Para entender a atual visão de mundo com base no conhecimento científico, é preciso compreender as fases da evolução do intelecto do homem, as quais refletem o próprio processo de desenvolvimento da ciência. Não há um consenso sobre a época histórica precisa do surgimento da ciência: para alguns estudiosos, sua criação data das primeiras civilizações; outros consideram a Grécia Antiga o berço da ciência e há, ainda, aqueles que acreditam que o surgimento da ciência se deu na Era Moderna. No entanto, sabe-se que, nas mais diversas culturas e regiões do globo, do ponto de vista mental e intelectual, houve, inicialmente, a subordinação do mundo físico a um mundo superior, o qual era habitado por entes e divindades responsáveis pelos fenômenos da natureza e pelo destino do homem (ROSA, 2012).

O pensamento grego começou a se diferenciar das outras culturas contemporâneas por se basear na observação e no raciocínio para explicar os fenômenos naturais. No curso dos séculos, a busca pelas causas e pela essência dos fenômenos teve grande influência teológica, mantendo as bases metafísicas gregas. O distanciamento da ciência em relação aos pensamentos religiosos para explicar os fenômenos naturais se iniciou no século XV, com o Renascimento. A ideia de racionalidade, que surgiu com os filósofos iluministas no século XVIII, intensificou-se com o positivismo e o construtivismo nos séculos seguintes (ROSA, 2012).

É importante salientar que o desenvolvimento do conhecimento científico foi marcado por estagnação e retrocessos, como o período da Idade Média, mas também por grandes avanços, como na época do Renascimento, o que evidencia a complexidade da evolução histórico- social da ciência (ROSA, 2012). Assim, para compreender melhor o processo de construção do conhecimento científico, precisamos conhecer alguns detalhes sobre as principais fases do pensamento humano, as

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quais envolvem o pensamento mitológico, o conhecimento religioso e a racionalidade empírico-mecanicista.

A mente humana apresenta a mesma capacidade nos diferentes povos, embora não seja possível desenvolver imediatamente e ao mesmo tempo todas as capacidades mentais. Assim, cada cultura desenvolve os potenciais cognitivos de acordo com o tipo de vida que leva e com o tipo de relação que mantém com a natureza. Os povos antigos também utilizavam meios intelectuais para tentar compreender o Universo, como é o caso das civilizações pré-colombianas (maias, incas e astecas), que possuíam grandes conhecimentos sobre astronomia e matemática. Não se pode, portanto, desvalorizar a forma de pensar dessas culturas, pois os indivíduos estavam inseridos em uma realidade material muito rude, dominados pela necessidade de manter um nível mínimo de subsistência.

Contudo, trata-se de um modo intelectual de pensar que parte do princípio de que é preciso compreender o todo para se explicar as coisas, o que contradiz o proceder do pensamento científico, que avança etapa por etapa na explicação dos fenômenos naturais. O fato é que o mito não confere ao homem o domínio material sobre a natureza, o que é alcançado por meio do pensamento científico.

REFLITA:

Enquanto nas culturas orientais desenvolvia-se o espírito contemplativo, na Grécia Antiga formava-se uma mentalidade crítica, impulsionada pelos filósofos da época. A partir do questionamento de conceitos absolutos (metafísica), buscou-se explicar os fenômenos naturais a partir da lógica e da razão.

O pensador grego Aristóteles foi o fundador da lógica, influenciando fortemente a formação do pensamento científico. Os campos filosófico e científico se confundiam e se inter-relacionavam até o fim da Idade Média, o que caracterizava um período de transição do pensamento humano (ROSA, 2012).

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No entanto, após séculos de relativa estagnação, houve um avanço extraordinário no conhecimento científico, propiciado pelas profundas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais iniciadas em meados do século XV, no período denominado Renascimento (ROSA, 2012). A superação da preponderância do conhecimento religioso ocorreu na época da Idade Moderna: as invenções e inovações técnicas contribuíram decisivamente para a expansão do conhecimento científico.

Além disso, avanços revolucionários na Matemática, Astronomia e Anatomia permitiram o desenvolvimento da Física, da Química e da Biologia. O termo “biologia” surgiu no século XIX para nomear o campo da ciência que estuda os seres vivos, herdando, assim, boa parte do que, até então, chamava-se de história natural (ROSA, 2012).

Dessa forma, a formação do pensamento científico foi influenciada pelo pensamento filosófico e teve um período de relativa estagnação em seu desenvolvimento, devido ao predomínio do conhecimento religioso durante a Idade Média. A expansão do pensamento científico foi, então, retomada na época da Idade Moderna, em que foi superada a hegemonia da religião.

Nesse sentido, houve a construção de competências pelos alunos, como o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em grupo, debater, questionar, expressar-se de forma oral, escrita ou artística, entre outras.

Enquanto as competências apresentam caráter genérico, as habilidades estão relacionadas com situações mais específicas. Por exemplo, na área de ciências, ler e interpretar gráficos relacionados à saúde e à ecologia, e analisar situações-problema referentes às questões ambientais são de extrema importância/exigência. Portanto, é plausível afirmar que processo educacional está passando cada vez mais a ter, como tônica, o desenvolvimento de competências e habilidades pelo aluno, para que ele possa compreender os conhecimentos científico-tecnológicos e utilizá- los para atuar no mundo como cidadão.

Até este momento, estudamos que o conhecimento científico é construído por meio da prática social e é influenciado por aspectos econômicos, políticos e religiosos. Assim, a ciência apresenta caráter dinâmico e está em constante mudança e reformulação. A população, de

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modo geral, apresenta visões equivocadas sobre a ciência e o trabalho dos cientistas, e cabe ao professor desmistificar as concepções de senso comum dos alunos.

A tecnologia, que consiste em ser a aplicação prática da ciência, representa o modo de vida de nossa sociedade atual. No entanto, o desenvolvimento tecnológico não gera, necessariamente, bem-estar social, visto que, no mundo contemporâneo, observa-se o aprofundamento das desigualdades sociais e vários problemas ambientais. O papel da escola e do ensino de ciências naturais, nesse contexto, é o de formar cidadãos que possam atuar de maneira crítica e transformadora sobre a realidade. Portanto, as práticas pedagógicas do educador devem possibilitar que o aluno desenvolva competências e habilidades que sejam significativas para a sua atuação como cidadão global.

NOTA:

De acordo com Alves (2007), a subjetividade é o modo como cada indivíduo percebe o mundo. Objetividade é a percepção do mundo de modo imparcial e independente das preferências individuais do sujeito. Já a intersubjetividade é um modo compartilhado de ver o mundo, utilizado pela ciência para decidir o que e como deve ser estudado.

Figura 6 – Pesquisa científica

Fonte: Freepik

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Nesse ínterim, alguns questionamentos são importantes: de que forma o pesquisador pode perceber essas nuances, captar os detalhes contidos nas entrelinhas da cultura e do cotidiano dos sujeitos? Como registrar os dados de forma que não sejam trazidos de maneira superficial e não sejam alterados?

As necessidades e os interesses de cada ser humano também interferem na interpretação da realidade e na busca da verdade. Consistem em ser matizes ou vieses que limitam ou direcionam para o que lhes seja mais útil ou conveniente enxergar, sem considerar a possibilidade de que outros podem enxergar de maneira diferente.

Assim, podemos incluir em nossa história que a semente do conhecimento é permeada pelos estudos de comunidades antigas, as quais, por meio de uma comunicação, transmitiram a ciência de forma rudimentar até atingirem o uso da tecnologia. É nesse momento que houve a adesão aos fenômenos observados pela ciência moderna.

RESUMINDO:

Gostou do que lhe apresentamos? Compreendeu tudo?

Agora, só para termos a certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, resumiremos o que estudamos. Você deve ter aprendido, ao longo do capítulo, o que significa a pesquisa científica. Também conheceu as suas características e importância para a humanidade. Além desses aspectos, aprendeu que há uma relação entre o conhecimento de senso comum e o ato de se fazer pesquisa científica. Por fim, compreendeu a importância de você, estudante, realizar pesquisas em sua graduação.

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Desafios da ciência e a ética na produção científica

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar os desafios da ciência e os aspectos importantes da ética na produção científica. Motivado para desenvolver essas competências? Vamos lá. Avante!

Desafios da ciência

O que leva uma pessoa a realizar uma investigação científica? O desenvolvimento de uma pesquisa científica se refere à experiência teórica e prática do pesquisador, da comunidade científica e da área de conhecimento na qual está situado. A pesquisa científica deve ser estabelecida a partir de duas abordagens: qualitativa e quantitativa.

Neste tópico, aprenderemos um pouco mais essas duas abordagens científicas que devem ser determinadas pelo pesquisador ainda no início do processo de pesquisa.

Dessa forma, é importante que, durante a produção cientifica, seja justificado o que lhe impede de buscar respostas. O tema e até o subtema que você escolheu podem promover mudanças significativas para a profissão que você exerce? Trata-se de novas soluções para a comunidade?

Respondem às questões que há tempos não são investigadas?

Contribuem para o trabalho de outras pessoas ou para o desenvolvimento de sua área de atuação? Questione-se sobre as contribuições práticas de sua pesquisa científica e apresente ao leitor, aquele que terá acesso posteriormente à sua pesquisa escrita e organizada, a relevância do tema, as suas argumentações e as suas considerações pessoais sobre o assunto e, principalmente, sobre os subtemas ao redor de sua pesquisa.

Assim como já foi explicado, a ciência é resultado do trabalho de cientistas e de grupos de cientistas espalhados pelo mundo, reunidos em universidades, empresas e instituições de pesquisa. Esses profissionais

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divulgam o seu trabalho para a avaliação de outros pesquisadores e para contribuir com a realização de outras pesquisas.

Na visão de Alves (2007), é extremamente importante que as teorias desenvolvidas por meio da pesquisa científica sejam divulgadas, de forma que possam ser avaliadas, testadas e, quando necessário, reformuladas.

Desse modo, também é possível evitar a duplicação de esforços e de gastos desnecessários de recursos. Para que essa divulgação aconteça, são utilizadas várias formas:

a. Realização de eventos, como seminários e congressos científicos.

b. Publicação de artigos científicos em periódicos (publicações impressas ou on-line) de cada área do conhecimento.

c. Defesa pública e publicação de monografias, dissertações e teses em universidades.

d. Divulgação jornalística de resultados de pesquisas em jornais, revistas, programas de televisão ou de rádio e portais de internet.

e. Publicação de livros técnicos.

Nesse sentido, a divulgação jornalística do conhecimento científico é especialmente importante para que o grande público tenha acesso à informação especializada. É importante “traduzir” termos e teorias científicas em uma linguagem que seja compreendida mais facilmente, pois, assim, contribui para uma melhor atuação da comunicação entre as produções cientificas.

IMPORTANTE:

A busca do ser humano pelo conhecimento sobre o mundo onde vive e sobre si mesmo tem servido tanto para suprir suas necessidades intelectuais e materiais quanto para criar outras. Pode-se verificar a utilidade da ciência ao observar o conhecimento acumulado até hoje, por exemplo, sobre as leis que regem as órbitas planetárias e outros corpos celestes, o funcionamento do corpo humano, os efeitos gerados pelo surgimento dos grandes centros urbanos, entre outros assuntos.

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Você deve ter imaginado que é muito difícil ser um pesquisador, mas, nestas poucas páginas, verá que isso é possível a qualquer um, desde que haja muita dedicação. Quer saber como produzir e desenvolver conhecimento?

Estudar o que é verdade consiste em analisar a relação existente entre o pensamento humano e o objeto a ser conhecido. Assim, voltamos à limitação humana e a sua relação com a realidade. O homem tem como portas de entrada (de sua aprendizagem e de seu relacionamento com a realidade), primeiramente, seus sentidos (visão, audição, tato, olfato etc.). Algumas vezes, precisa de instrumentos adequados para conhecer um mundo que, aos olhos naturais, não conseguiria perceber. Um bom exemplo são os microscópios para ampliar a visão. Sem o instrumento adequado, como é possível saber que vírus, bactérias e microrganismos existem? Entretanto, o fato de o homem não os perceber não significa que não existam.

Outras vezes, há obstáculos que impedem ou distorcem o entendimento da realidade pelo ser humano. Exemplo disso são os dogmas, verdades prontas e acabadas que se baseiam em crenças que lhes foram impostas ou que tacitamente foram aceitas ao longo de seu crescimento, desde criança até a fase adulta. Além disso, a pesquisa não é a única forma de obter conhecimento e fazer descobertas. A pesquisa bibliográfica é um exemplo claro de obtenção do conhecimento, pois esclarece dúvidas, e não é necessário o emprego de processos metodológicos rigorosos. Embora seja válido, esse tipo de pesquisa não se caracteriza como uma pesquisa científica. Em sua vida acadêmica, se ainda não a fez, é provável que você faça pesquisas bibliográficas.

É importante lembrar que a pesquisa científica sempre parte de uma dúvida ou um problema e, por meio da utilização de um método científico, talvez sejam encontradas respostas e soluções. Muitas vezes, não encontramos respostas às nossas indagações imediatamente ou apenas com a aplicação de um método de pesquisa. É possível que, antes de encontrarmos as respostas às nossas dúvidas, tenhamos de recorrer a vários tipos e métodos de pesquisa. Para ser considerada científica, uma pesquisa pode levar anos, porque ela precisa ser comprovada e

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