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Efeitos do Tai Chi Chuan na força dos músculos extensores dos joelhos e no equilíbrio em mulheres idosas

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EFEITOS DO TAI CHI CHUAN NA FORÇA DOS MÚSCULOS EXTENSORES DOS JOELHOS E NO EQUILÍBRIO EM MULHERES IDOSAS

AUTOR: MÁRCIO DE MOURA PEREIRA

ORIENTADORA: PROFa. Dra. LUCY GOMES VIANNA

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MÁRCIO DE MOURA PEREIRA

EFEITOS DO TAI CHI CHUAN NA FORÇA DOS MÚSCULOS EXTENSORES DOS JOELHOS E NO EQUILÍBRIO EM MULHERES IDOSAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília para obtenção do Grau de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Lucy Gomes Vianna

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“Quando uma pessoa está viva é branda e flexível; quando morre torna-se dura e rígida. Quando uma planta está viva é macia e tenra; quando morre torna-se murcha e seca. Por isso o duro e o rígido são companheiros da morte; enquanto que o brando e o flexível são companheiros da vida”.

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RESUMO

Tai Chi Chuan (TCC) tem sido largamente praticado na China há séculos. O objetivo deste estudo é verificar os efeitos do TCC na força dos músculos extensores dos joelhos (F) e no equilíbrio (EQ) em mulheres idosas. 77 mulheres saudáveis, não praticantes de atividade física orientada (idade 60 a 82 anos), completaram esta pesquisa experimental com grupo controle. No Grupo TCC foram incluídos 38 sujeitos (idade 68,11 ± 5,02 anos) e no Grupo Controle 39 sujeitos (idade 69,03 ± 7,28 anos). O Grupo TCC praticou o TCC Estilo Yang de 24 Movimentos durante 12 semanas, 3 vezes por semana. Cada aula constou de 15 min. de aquecimento, 20 min. de treinamento da coreografia do TCC e 15 min. de relaxamento. A intensidade do exercício foi leve (PSE 2 na Escala CR10 de Borg). F e EQ foram avaliados antes e depois desta intervenção. O Grupo TCC apresentou incrementos de 17,83 % na F (p = 0,001) e 26,10 % no EQ (p = 0,013). O Grupo Controle não apresentou alteração significativa em nenhuma variável. Não foi verificada correlação significativa entre estas duas variáveis em G1 (r = 0,09; p = 0,554) e em G2 (r = 0,07; p = 0,660). Estes resultados indicam que o TCC melhora F e EQ em mulheres idosas e sugerem que a F não está necessariamente ligada ao EQ nesta modalidade. São necessários estudos adicionais sobre os efeitos do TCC para esclarecer correlações entre o equilíbrio e outras variáveis, mostrando a direção para futuras pesquisas.

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ABSTRACT

Tai Chi Chuan (TCC) has been widely practiced in China for centuries. The purpose of this study is to verify the effects of TCC program on knee extensor muscular strength and balance in elderly women after praticing a TCC program. 77 healthy women, who do not practice any form of oriented physical activity, aged 60 to 82 years, completed this controlled experimental study. TCC group included 38 subjects (age 68,11 ± 5,02 yr) and Control Group included 39 subjects (age 69,03 ± 7,28 yr). TCC group praticed the 24 Forms Yang Style TCC during 12 weeks, 3 times/week. Each session included 15 min of warm-up, 20 min of TCC form pratice and 15 min of cooldown. The exercice intensity was weak (RPE 2 in CR10 Borg scale). Knee extensor muscular strength and balance were evaluate before and at the end of this intervention. TCC group showed 17,83 % increase in knee extensor muscular strength (p = 0,001) and 26,10 % increase in balance (p=0,013). The control group showed no significant changes in these variables. No significant correlation was observed between both variables in G1 (r = 0,09; p = 0,554) and G2 (r = 0,07; p = 0,660). These results indicate that TCC program is effective for improving knee extensor muscular strength and balance in the elderly women, and indicate that knee extensor muscular strength is not necessarily linked to balance in this practice. Additional studies about the effects of TCC are needed to make clear correlations between balance and other variables and give directions for future research.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES... 8

TRABALHOS PUBLICADOS... 9

1. INTRODUÇÃO ... 10

1.1. OBJETIVOS... 12

1.2. RELEVÂNCIA ... 13

2. REVISÃO DE LITERATURA... 14

2.1. TAI CHI CHUAN ... 14

2.1.1. Antecedentes ... 14

2.1.2. Origem do Tai Chi Chuan ... 15

2.1.3. O Tai Chi Chuan hoje... 16

2.2.BENEFÍCIOS DO TAI CHI CHUAN EM IDOSOS... 19

2.3. TAI CHI CHUAN E FORÇA MUSCULAR EM IDOSOS ... 22

2.4. TAI CHI CHUAN E EQUILÍBRIO EM IDOSOS... 24

3. METODOLOGIA ... 27

3.1. POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 27

3.2. PROCEDIMENTOS... 28

3.2.1. Antropometria... 29

3.2.2. Avaliação da Força dos Músculos Extensores dos Joelhos ... 29

3.2.2.1. Protocolo... 30

3.2.3. Avaliação do Equilíbrio... 31

3.2.3.1. Protocolo... 31

3.2.4. Programa de Tai Chi Chuan ... 32

3.2.4.1. Protocolo... 33

3.3. TRATAMENTO ESTATÍSTICO ... 36

4. RESULTADOS... 38

4.1. ANÁLISE DESCRITIVA ... 38

4.1.1. Caracterização da amostra ... 38

4.2. ANÁLISE PARAMÉTRICA ... 39

4.2.1. Cumprimento dos pré-requisitos ... 39

4.2.2. Efeitos do Tai Chi Chuan sobre a força dos músculos extensores dos joelhos ... 41

4.2.3. Efeitos do Tai Chi Chuan sobre o Equilíbrio ... 42

4.2.4. Correlação entre a Força dos Músculos Extensores dos Joelhos e o Equilíbrio ... 43

5. DISCUSSÃO ... 44

5.1. TAI CHI CHUAN E FORÇA DOS MÚSCULOS EXTENSORES DOS JOELHOS... 44

5.2. TAI CHI CHUAN E EQUILÍBRIO ... 45

5.3. CORRELAÇÃO ENTRE A FORÇA DOS MÚSCULOS EXTENSORES DOS JOELHOS E O EQUILÍBRIO ... 46

6. CONCLUSÃO ... 49

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 50

8. GLOSSÁRIO ... 60

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1_ Programas de treinamento de TCC... 19

Figura 1 _ Teste de 1 Repetição Máxima para Músculos Extensores dos Joelhos ... 29

Figura 2 _ Teste de Apoio Unipodal ... 31

Figura 3 _ Aulas de Tai Chi Chuan na Universidade Católica... 35

Tabela 1_ Desenho experimental do projeto ... 36

Tabela 2 _ Médias, Desvios-Padrão e Teste “t” Independente para idade, estatura e massa corporal dos grupos experimental (G1) e controle (G2)... 38

Tabela 3 _ Teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S) para idade, estatura e massa corporal dos grupos experimental (G1) e controle (G2)... 39

Tabela 4 _ Verificação dos supostos paramétricos... 40

Tabela 5 _ Médias e Desvios-padrão da força inicial e final nos grupos experimental (G1) e controle (G2)... 41

Tabela 6 _ Médias e Desvios-padrão do equilíbrio inicial e final nos grupos experimental (G1) e controle (G2) ... 42

(10)

TRABALHOS PUBLICADOS

GOMES, L.; PEREIRA, M.M.; ASSUMPÇÃO, L.O.T. Tai Chi Chuan: nova modalidade de

exercício para idosos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 12, n. 4, p. 89-94, 2004.

GOMES, L.; PEREIRA, M.M.; ASSUMPÇÃO, L.O.T. Benefícios do Tai Chi Chuan em

(11)

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, os idosos representam 8,5% do total da população. Caso sejam mantidas as

taxas atuais de crescimento, é bem provável que até 2025 o país contabilize aproximadamente

um quinto de sua população no grupo dos idosos. Isso gera demandas para os Sistemas de

Saúde e Previdenciário e também para toda a sociedade, dadas as características e

necessidades especiais desse segmento, mormente no que tange à atividade física

(OLIVEIRA, 2002).

Além das perdas sociais e cognitivas, ao envelhecimento está associada uma série de

outras perdas nos níveis antropométricos, neuromotores e metabólicos, capazes de

comprometer seriamente a qualidade de vida do indivíduo idoso. Os efeitos dessas perdas

começam a ser notados a partir dos 50 anos de idade, ocorrendo a uma taxa aproximada de

1% ao ano para a maior parte das variáveis da aptidão física. Na antropometria detecta-se

aumento do peso corporal, diminuição da estatura e aumento da gordura corporal, em

detrimento da massa muscular e da massa óssea. O envelhecimento é também acompanhado

de menor desempenho neuromotor, explicado pela diminuição no número e no tamanho das

fibras musculares, levando a uma perda gradativa da força muscular (MAZZEO et al., 1998).

A fraqueza muscular pode diminuir a capacidade para realizar as atividades da vida

diária, levando o idoso à dependência. Além disso, conforme se perde força aumenta-se o

risco de traumas em conseqüência das quedas (BAUMGARTNER, 1998).

Por outro lado, a prática regular de exercício físico tem sido citada como importante

fator para a redução de quedas (JARNLO, 1991; JUDGE et al., 1993; LORD et al., 1995;

WOLF et al., 1996). E, neste sentido, alguns estudos a respeito dos efeitos do Tai Chi Chuan

(12)

de incrementar ganhos de condicionamento físico, força e equilíbrio entre os praticantes

idosos, ajudando na prevenção de quedas (FEDER et al., 2000; OLIVEIRA et al., 2001).

Estudos relacionando a força muscular com a estabilidade postural sugerem que

diminuições importantes na força muscular correlacionam-se positivamente com o aumento

de quedas em indivíduos idosos (GUIMARÃES, 1999).

Correlações entre aumentos da força muscular dos membros inferiores e incrementos

na capacidade funcional já estão bem estabelecidas (ANIANSSON, GRIMBY &

RUNDGREN, 1980; LANKHORST, VAN DER STADT & VAN DER KORST, 1985).

Entretanto, correlações específicas entre a força dos membros inferiores e a melhora no

equilíbrio de mulheres idosas avaliadas por diversos métodos de verificação do equilíbrio

clínicos e computadorizados têm sido questionadas (RINGSBERG et al., 1999). Isto

estabelece uma controvérsia na literatura com relação à tendência de se explicar melhoras no

equilíbrio verificadas nas intervenções com TCC em grupos de idosos a partir dos

incrementos na força dos membros inferiores.

Torna-se, portanto, necessário que se desenvolvam estudos que visem esclarecer

melhor possíveis correlações entre a incrementos no equilíbrio de praticantes de TCC e o

desenvolvimento de força nos membros inferiores, tanto no sentido geral, quanto

relativamente a grupos musculares específicos, tais como a musculatura extensora dos

(13)

1.1. OBJETIVOS

Verificar os efeitos do TCC na força da musculatura extensora dos joelhos em

mulheres idosas.

Verificar os efeitos do TCC no equilíbrio em mulheres idosas.

Verificar se há correlação entre o desenvolvimento de força na musculatura extensora

(14)

1.2. RELEVÂNCIA

A prevalência de quedas é alta nas pessoas acima de 65 anos de idade:

aproximadamente 30% sofre pelo menos uma queda por ano e essa taxa sobe para 50%

naquelas acima dos 80 anos. Sabe-se também que as quedas representam a causa de 40% dos

atendimentos de idosos nos hospitais, sendo comuns os traumas das mais diversas gravidades

em, no mínimo, 30% destes atendimentos (MEANS, O’SULLIVAN & RODEL, 2000;

CLOSE, 2001). Dado estatístico preocupante é de que 50% dos pacientes hospitalizados em

decorrência de quedas morrem em menos de um ano após o evento, enquanto que os

sobreviventes apresentam um quadro psicológico denominado “síndrome pós-queda”,

caracterizado pelo medo de cair, que os leva à hipocinesia, à perda de autonomia e,

finalmente, à dependência física, psicológica e econômica, com relação à família e à

sociedade (MAZZEO et al., 1998; CASTILHO, 2002).

Como há estudos indicando que a diminuição da força muscular nos membros

inferiores aumenta, isoladamente, em seis vezes o risco de queda em idosos (GUIMARÃES,

1999) e como o TCC tem-se mostrado eficiente na prevenção de quedas (WOLF et al, 1997),

fazem-se necessários estudos que elucidem questões relativas às alterações causadas pela

prática desta modalidade sobre a fisiologia do idoso que justifiquem tal achado, mormente no

que tange às possíveis correlações entre o equilíbrio e o incremento da força nos músculos dos

(15)

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. TAI CHI CHUAN

2.1.1. Antecedentes

O TCC é formalmente classificado tanto como uma Ginástica Taoísta quanto como um

estilo de Kung fu – Wushu (PEREIRA, 2003).

De acordo com DELZA (1961), a origem da Ginástica Taoísta está na parceria entre o

exercício físico suave, a promoção da saúde e o cuidado com o idoso que começou na China

em uma época bastante remota: em 2.600 a.C., o Nei Ching (Tratado de Medicina Interna) já

colocava o exercício como parte essencial da prescrição médica, tanto preventiva quanto

curativa. Em 2.205 a.C., o Imperador Yü criou uma série de exercícios denominada “Grande

Dança” (atualmente Chi Kung), ordenando sua prática regular por toda a população, com o

objetivo de estimular a circulação sangüínea, revigorar o corpo e prevenir doenças. No século

VI a.C., Confúcio também aconselhou a prática de exercícios moderados para promover a

saúde, a vida longa e o equilíbrio entre corpo e mente. Entre os séculos VI a.C e IV a.C., os

criadores do Taoísmo, Lao Tse e Chuang Tzu, colocaram o exercício físico como

pré-requisito para a educação integral do ser humano. Eles organizaram os antigos métodos em

séries de exercícios suaves, imitando animais, lançando assim as bases da Ginástica Taoísta.

Já o Kung fu tem suas origens ligadas ao monge indiano Bodhidharma que, no século

VI d.C. foi morar na China para ensinar o zen-budismo no Templo Shaolin (BLASER,

SILVA & MARRERA, 2005). Inicialmente desenvolveu um método de condicionamento

(16)

de meditação, evitando cãimbras e promovendo relaxamento. Até hoje este método,

denominado Yijinjing (literalmente “Tratado de Alongamento e Flexibilidade”), ainda é

utilizado como aquecimento nas práticas de TCC, vindo daí a tradição de se denominar o

TCC de Ioga Taoísta ou Ioga em Movimento.

O Templo Shaolin naquela época era também constantemente saqueado por

bandoleiros, o que levou Bodhidharma a ampliar sua seqüência de treinamento para os

monges, mesclando o “Vajra Mushti” (arte marcial indiana) à arte marcial chinesa Wuqinxi

(“Jogo dos Cinco Animais”) já praticado no templo, criando assim o Kung fu. A prescrição

consistia na prática matinal diária dos movimentos estruturados em séries simples e

executados de forma lenta, quando o objetivo era relaxamento e meditação, ou de forma

rápida e explosiva, quando o objetivo era o condicionamento físico e o treinamento marcial.

Este esquema de aula atravessou os séculos e ainda predomina hoje nas práticas do TCC. Ele

também foi adotado por lutadores e soldados chineses desde aquela época e, no século XX

após a segunda guerra mundial, passou a ser ensinada no ocidente como defesa pessoal e arte

marcial de competição (BEAU, 1982; DESPEUX, 1995).

2.1.2. Origem do Tai Chi Chuan

Apesar das técnicas que constituem as práticas do TCC terem-se desenvolvido desde

os primórdios da história chinesa, a estruturação formal do TCC só ocorreu no século XIII

d.C., com o trabalho do sacerdote taoísta Zhang San Feng que estruturou o Tai Chi Chuan

Estilo Wudang a partir da síntese entre o Kung fu Shaolin e a Ginástica Taoísta (KIT, 1996).

Nascido em 1247, Zhang San Feng estudou as disciplinas de Budismo Zen, Kung fu

Shaolin e Chi kung no Mosteiro Shaolin durante sua juventude. Mais tarde, ele ingressou no

(17)

modificou os exercícios aprendidos em Shaolin, criando a “Coreografia dos 32 Movimentos

do Punho Longo de Wudang”, que dava grande importância aos exercícios de respiração, à

saúde e à meditação. As orientações básicas para a prática foram registradas na sua obra “O

Segredo do Treinamento Interior do Tai Chi" (PEREIRA, 2003).

Ainda no Templo Wudang, o Tai Chi foi aperfeiçoado pelo sacerdote Taiyi Zhenren,

que treinou com Zhang San Feng e acrescentou ao treinamento as coreografias com a Espada.

Durante quatro séculos, desde sua criação no século XIII d.C., o Tai Chi foi praticado

apenas entre os sacerdotes taoístas. Porém no século XVII d.C., o monge Ma Yun Cheng

entra para a história do TCC como o primeiro professor a aceitar alunos não sacerdotes para

treinar no Templo Wudang.

Dentre os alunos de Ma Yun Cheng, Wang Zong Yue tornou-se conhecido por ser o

primeiro professor a utilizar a nomenclatura TCC em sua obra “Tratado de Tai Chi Chuan”,

que resume os princípios do treinamento. Com Wang Zong Yue, o TCC deixa o Templo

Wudang e passa ao domínio público com o nome de Tai Chi Chuan Estilo Wudang ou simplesmente Tai Chi Chuan Wudang (RONG & SHENG, 1984).

2.1.3. O Tai Chi Chuan hoje

De acordo com CROMPTON (1998) existem, pelo menos, cinco grandes estilos

modernos descendentes diretos do TCC Estilo Wudang (Chen, Yang, Wu, Wu Hao e Sun) e

outros incontáveis estilos menores.

De acordo com este autor, na literatura existe consenso quanto ao fato de que o Tai Chi Chuan Estilo Chen foi o primeiro estilo laico de TCC a ser desenvolvido. Segundo os registros históricos, Chen Wang Ting, o criador do estilo Chen no século XVII d.C., aprendeu

(18)

oficialmente no Tai Chi as técnicas do Chi Kung, do Wuqinxi, do Tuishou e as coreografias

com a lança.

Durante os séculos XVII d.C. e XVIII d.C. o Estilo Chen de TCC foi praticado apenas

pelos membros da família Chen, com base nas orientações de Chen Wang Ting. Neste período

o estilo Chen ramificou-se em várias práticas, fiéis à essência da proposta original, mas

diferentes nas formas e abordagens dos exercícios (TAO, 1986).

No século XIX d.C. um professor do estilo Chen, denominado Chen Chang Xin, aceita

o primeiro aluno de fora da família: Yang Lu Chan que, depois de tornar-se Mestre neste

estilo, faz algumas modificações e cria o Tai Chi Chuan Estilo Yang. Yang Lu Chan foi quem trouxe para o Tai Chi os conceitos da medicina tradicional chinesa, tornando as práticas

mais suaves e abrindo o caminho para a introdução da caligrafia Tai Chi, massagem Tui-ná,

das meditações Tao Yin e Nei Kung e dos exercícios terapêuticos Yijinjing e Lian Kung pelos

seus sucessores ao longo do tempo, dando ao TCC as características formais e estéticas com

que se difundiu pelo mundo (YUAN, 1995).

De acordo com PEREIRA (2003), neste mesmo período Chen Jing Ping, outro

professor do estilo Chen, também treina um aluno de fora da família chamado Wu Yu Xiang,

que já havia estudado o Estilo Yang com Yang Lu Chan e terminou por criar seu próprio

estilo: o Tai Chi Chuan Estilo Wu Hao. E, ainda no século XIX d.C., Wu Chuan You, um praticante do Estilo Yang também cria um novo estilo, denominado Tai Chi Chuan Estilo Wu. Wang Pei Cheng, um professor deste estilo nos meados do século XX d.C. foi o primeiro a trabalhar com grupos de idosos e de doentes, ministrando aulas no Palácio Cultural dos

Trabalhadores, na famosa Praça da Paz Celestial.

O mesmo autor afirma que, já no século XX d.C., Sun Lu Tang, um professor do

(19)

Sun. Foi Sun Lu Tang quem introduziu no TCC as coreografias baseadas nos movimentos do tradicional “Livro das Mutações” chinês: o Tai Chi Ching I e o Bagua Chuan.

Com tantos estilos e variações, a prática do TCC chegou ao século XX sem uma

metodologia uniforme. Mesmo na China a literatura mostra que a modalidade só passou a ter

sua prática supervisionada por Professores de Educação Física a partir de 1956, quando todos

os estilos de Kung fu foram classificados como Esportes Nacionais pelo Comitê Esportivo

Nacional Chinês (órgão equivalente ao Ministério dos Esportes) no intuito de regulamentar,

popularizar e facilitar a prática, tanto terapêutica quanto desportiva da modalidade (LEE,

1995).

Do trabalho do Comitê Esportivo Nacional Chinês resultou a criação de uma

seqüência curta do TCC de 24 movimentos que foi denominada Tai Chi Chuan Estilo Simplificado ou Tai Chi Chuan Estilo Yang de 24 movimentos. Os exercícios e seqüências que compõem esta prática foram publicados numa série de cadernos pedagógicos oficiais,

posteriormente reunidos e traduzidos para os principais idiomas ocidentais com o nome de

WUSHU – Guia Chinês para a Saúde e o Preparo Físico da Família (TUNG, 1981). Este guia

para professores descreve e ilustra, em pormenores, as diversas técnicas disponíveis para o

planejamento da prática do TCC.

No Brasil desde 1998, a partir da regulamentação profissional da Educação Física, a

cultura física popular e tradicional é estimulada, incluindo as artes marciais, tornando a

presença do Educador Físico obrigatória durante o processo de ensino e aprendizagem de

qualquer modalidade (CONFEF, 2002).

O TCC chegou ao Brasil em 1960, trazido por Wong Sun Keung. Hoje em todo o país,

seja em academias, escolas, parques e, principalmente, em projetos sociais, o TCC é uma das

(20)

idade. Na pesquisa científica relacionada ao Kung fu, a maior produção é de análises sobre os

benefícios à saúde decorrentes da prática do TCC (BLASER, SILVA & MARRERA, 2005).

2.2. BENEFÍCIOS DO TAI CHI CHUAN EM IDOSOS

O primeiro estudo na literatura científica em inglês documentando as respostas

fisiológicas do TCC foi publicado por BROWN (1989). Desde então, os potenciais efeitos

benéficos do TCC têm sido investigados, tanto do ponto de vista físico quanto psicológico

(XU & FAN, 1988; SUN, XU & XIA, 1989).

Embora a maioria dos estudos revisados tenha sido bem desenhada, descrevendo

claramente a amostra, os instrumentos e as variáveis, o programa de treinamento foi sistematicamente omitido ou apenas parcialmente contemplado. Foram encontrados apenas

quatro estudos que o descrevem completamente em suas metodologias, citando estilo,

duração, freqüência, intensidade e fases da aula (Quadro 1).

Quadro 1_ Programas de treinamento de TCC

Autor Metodologia Resultados

Lai et al. (1995)

Programa: Estilo Yang; Duração: 2 anos; Freqüência 5 vezes por semana; Intensidade 53-57% FCmax; Plano: 20 min. aquecimento; 24 min.

treinamento; 10 min. relaxamento.

Prática regular TCC pode atrasar o declínio da função cardiorrespiratória em idosos. TCC pode ser prescrito como atividade aeróbica para idosos.

Lan et al. (1996)

Programa: Estilo Yang; Duração: 1 ano; Freqüência 5 vezes por semana; Intensidade 70% FCmax; Plano: 20 min. aquecimento; 24 min.

treinamento; 10 min. relaxamento.

TCC obteve maior VO2,

maior flexibilidade lombar e menor percentual de gordura

Lan et al. (1998)

Programa: Estilo Yang; Duração: 1 ano; Freqüência 5 vezes por semana; Intensidade 52-63% FCmax; Plano: 20 min. aquecimento; 24 min.

treinamento; 10 min. relaxamento.

TCC é programa eficiente de condicionamento físico para idosos.

Lan et al. (2000)

Programa: Estilo Yang; Duração: 6 meses; Freqüência 5 vezes por semana; Intensidade 70% FCmax; Plano: 20 min. aquecimento; 24 min.

treinamento; 10 min. relaxamento.

(21)

2.2.1. Função Cardiovascular e Pressão Arterial

LAI et al. (1995) utilizaram uma metodologia de TCC em que os idosos estudados

mantiveram-se com freqüência cardíaca entre 53% e 57% da freqüência máxima, conseguindo

com isso os efeitos de um exercício de moderada intensidade.

A prática regular do TCC produz efeitos favoráveis na função cardiovascular de idosos

(LAI et al., 1993; LAN et al., 1998; HONG, LI & ROBINSON, 2000), melhorando o poder

de trabalho e a hemodinâmica cardíaca (ZHANG, 1994).

Vários estudos demonstraram melhora na função cardiovascular e redução da pressão

arterial em idosos praticantes de TCC (BMUISM, 1959; CHARMER, 1996; SUN, 1996;

WOLF et al., 1996). Entretanto, SCHALLER (1996) encontrou, nos mesmos, a pressão

arterial inalterada.

Comparando os efeitos na pressão arterial de exercícios aeróbios de moderada

intensidade e programas de TCC de intensidade leve, em idosos previamente sedentários,

encontraram-se efeitos similares em sua redução (DERRICK, 1998; YOUNG et al., 1999).

Entretanto, verificou-se que os resultados produzidos pelo TCC são menores que os das

atividades aeróbias padrão, como caminhada. Recomenda-se, portanto, que ele deva ser

praticado juntamente com exercício regular aeróbio moderado, mais do que no lugar do

mesmo (CHENG, 1999).

Efeitos favoráveis da prática de TCC também foram observados em pacientes com

infarto agudo do miocárdio e naqueles revascularizados (CHARMER, 1996; LAN et al.,

(22)

2.2.2. Função Ventilatória

As alterações na respiração verificadas durante a prática do TCC sugerem melhora na

função respiratória para as variáveis: freqüência respiratória, ventilação - VE, consumo de

oxigênio - VO2 e equivalente ventilatório - VE/VO2 (ZHUO et al., 1984; LAN et al., 1996).

Estudo comparando freqüência ventilatória, equivalente ventilatório e taxa de

ventilação do espaço morto por volume corrente (VD/VT) durante a prática do TCC e durante

realização do teste ergométrico submáximo, encontrou diferenças significativas que sugerem

maior eficiência da função respiratória durante o primeiro, possivelmente devido à ênfase

dada aos exercícios respiratórios nesta modalidade (BROWN, 1989).

2.2.3. Tratamento de Doenças Crônicas

O TCC demonstrou ser seguro para seus praticantes com artrite reumatóide. Foram

observadas melhoras no edema e dor articular, no tempo de caminhar e na força de preensão

manual, não havendo deterioração clínica nestes pacientes quando comparados a grupo

controle (KIRSTEIN, DIETZ & HWANG, 1991). Não há sugestão de que o TCC possa

diminuir a deterioração da cartilagem e do osso, mas que aja como terapia adjuvante ao

tratamento médico. O início precoce de exercícios de baixo impacto no curso da osteoartrite

pode diminuir a severidade da dor e da disfunção articular, assim como os efeitos deletérios

secundários na força e no equilíbrio (LUMSDEN, BACCALA & MARTIRE, 1998).

Os movimentos do TCC satisfazem as regras básicas de reabilitação para pacientes

idosos com osteoartrite. Eles são fáceis de aprender, requerem o uso das articulações maiores

(23)

melhora na auto-eficácia, qualidade de vida e mobilidade funcional (HARTMAN et al.,

2000).

Embora os achados na maior parte dos estudos revistos mostrem os benefícios do

TCC, verifica-se que nem todos os indivíduos se beneficiam, havendo situações em que tal

prática é contra-indicada, tais como angina, arritmia ventricular e hipotensão postural. É

necessária avaliação inicial para determinar a tolerância do indivíduo cardiopata ao exercício

do TCC e outras possíveis contra-indicações (FORGE, 1997; PEREIRA, 2003).

2.2.4. Benefícios Psicológicos

Os indivíduos dos grupos de TCC demonstraram aumento da confiança, melhora no

equilíbrio e melhor desempenho motor. Entre os efeitos notados nas atividades da vida diária

estão: aumento da percepção do corpo e de diferentes facetas do bem-estar; redução do

estresse; fazer coisas que achavam que não podiam fazer; sensação de vigor e força; melhor

coordenação e equilíbrio; diminuição da ansiedade e percepção da dor; aumento da atenção e

confiança; relaxamento; melhor desempenho mental e senso de realização (SUN, 1996;

WOLF et al., 1996; KUTNER et al., 1997; ROSS et al., 1999).

2.3. TAI CHI CHUAN E FORÇA MUSCULAR EM IDOSOS

As perdas, tanto de força quanto de massa muscular, ocorrem naturalmente com o

passar da idade. Entre os estudiosos do envelhecimento humano há consenso quanto ao fato

de que a força muscular diminui com o avançar da idade e, também, de que esta redução da

força está diretamente relacionada ao processo de sarcopenia, caracterizado por perda

(24)

qualitativo. A força muscular diminui a uma taxa de 15% por década entre os 60 e 80 anos e

30% por década a partir dos 80 anos; ao mesmo tempo, a progressão das perdas de massa

muscular faz com que, aos 90 anos, o indivíduo chegue a diminuir em até 50% sua massa em

relação aos valores da juventude. Além disso, este fenômeno também está ligado à maior

incidência de doenças crônicas como diabetes e osteoporose, aos distúrbios do equilíbrio e da

marcha e, também, ao aumento de quedas (MURRAY et al., 1985; HARRIES & BASSEY,

1990; MAZZEO et al., 1998; MATSUDO, MATSUDO & BARROS NETO, 2000;

CASTILHO, 2002).

Entretanto se, por um lado, o avançar da idade favorece a sarcopenia e a redução na

força, por outro, verifica-se que a atividade física pode contribuir diretamente para a

manutenção e para o incremento das funções do aparelho locomotor, amenizando os efeitos

do sedentarismo, do desuso, da imobilidade, da má adaptação e das doenças crônicas

(SINGH, 2002).

BLAIR & GARCIA (1996) afirmam que o TCC é uma modalidade de exercício capaz

de manter força muscular em indivíduos idosos. Estudos demonstram que os idosos

praticantes de TCC apresentam menor perda da força tanto nos membros superiores, quanto

nos inferiores, em relação a grupo controle, reforçando a teoria de que o treinamento de TCC

em idosos pode aumentar a força e a resistência muscular dos extensores dos joelhos.

WOLF et al. (1996) encontraram menor perda da força no aperto de mão em idosos

praticantes de TCC. YAN (1999) também mostrou em idosos que, após 8 semanas da prática

de TCC, houve redução significa na variabilidade de força no desempenho manual comparado

com grupo que executou atividades locomotoras (andar ou correr). LAN et al. (1998)

demonstraram, em idosos, que o TCC realizado durante 12 meses, numa média de 4,6 vezes

por semana, com intensidade de 52% a 63% da freqüência cardíaca máxima, fez melhorar

(25)

grupo controle. LAN et al. (2000), com a mensuração do pico de torque da musculatura

extensora dos joelhos, também relataram melhora da força de 13,5% a 21,8%, reforçando a

teoria de que o treinamento de TCC em idosos pode aumentar a força muscular dos extensores

dos joelhos.

2.4. TAI CHI CHUAN E EQUILÍBRIO EM IDOSOS

Entre os estudiosos do envelhecimento humano há consenso quanto ao fato de que a

estabilidade postural diminui com o avançar da idade (SHELDON, 1963; ERA &

HEIKKINEN, 1985; WOOLLACOTT & SHUMWAY-COOK, 1990).

Já está comprovado que a queda é evento de causa multifatorial de alta complexidade

terapêutica e de difícil prevenção. No entanto, a pobre estabilidade postural tem sido

associada com quedas freqüentes (LORD et al. 1995). Neste caso, a melhora do equilíbrio,

por meio de atividade física específica, é claramente um objetivo a ser alçado na prevenção

das mesmas. Melhora no equilíbrio e redução das quedas em idosos têm sido relatadas como

resultado da prática de exercícios físicos em geral e do TCC, em particular (JARNLO, 1991;

JUDGE et al., 1993; LORD et al., 1995; WOLF et al., 1996; WOLFSON et al., 1996;

ROBERTSON et al., 2001).

Dentre os ganhos relatados a partir da prática do TCC por idosos, a redução de quedas

ocupa lugar de destaque e diversos autores explicam esses ganhos de forma diversa, ora com

base nas melhoras do equilíbrio, ora nos ganhos de força, outras vezes a partir das melhoras

na coordenação e na flexibilidade (HORAK, SHUPERT & MIRKA, 1989; MANCHESTER

et al., 1989; NEWTON, 1995; PROVINCE et al., 1995; WOLFSON et al., 1996).

Comparando estudos que verificaram que o treinamento isolado de equilíbrio em

(26)

focalizando múltiplos fatores de risco produziu proteção significativa contra quedas, alguns

autores sugerem que a redução de quedas através do TCC se dá por mecanismos que ainda

necessitam ser melhor esclarecidos (TINETTI et al., 1994; WOLF et al., 1997; FEDER et al.,

2000).

WOLF et al. (1996) em estudo com amostra de 200 idosos com idade mínima de 70

anos e grupo controle, compara durante 15 semanas os efeitos da prática do TCC com os de

treinamento computadorizado de equilíbrio. Questionário avaliando o risco de quedas a partir

do medo de cair foi aplicado e mensuração do equilíbrio foi realizada antes da intervenção,

após 15 semanas de intervenção e quatro meses depois de encerradas as atividades. Os

resultados demonstraram que o medo de cair diminuiu no grupo de praticantes de TCC,

reduzindo o risco de quedas múltiplas em 47,5%, embora as medidas do equilíbrio não

tenham demonstrado melhora. O grupo que treinou equilíbrio computadorizado melhorou o

equilíbrio no teste, mas não diminuiu o medo de cair e, pelos cálculos de risco de quedas, este

treinamento não foi suficiente para reduzir o risco de quedas.

TSE & BAILEY (1992) afirmam que idosos praticantes de TCC melhoram o

equilíbrio em relação a grupo controle, hipotetizando que esta melhora deve-se à combinação

do relaxamento mental com os exercícios físicos, compondo um eficiente treinamento dos

reflexos neuromotores. Os participantes deste estudo, comparados com grupo controle,

tiveram melhora significativa em 3 dos 5 testes clínicos de equilíbrio aplicados. Resultados

semelhantes foram obtidos por ROSS et al. (1999) que encontraram ganho no equilíbrio em

praticantes de TCC. WOLFSON et al. (1996) determinaram o efeito do treinamento de

equilíbrio durante três meses intensivos, seguidos por seis meses de treinamento de TCC, com

sessões semanais de baixa intensidade para manter os ganhos. A taxa de aceitação para

sessões de TCC foi de 72%. Estes autores concluíram que o treinamento de equilíbrio melhora

(27)

Ganhos significativos persistiram por seis meses com o TCC, embora tenha havido pequenas

perdas que os autores atribuem à deliberada lentidão dos movimentos do TCC. A preservação

dos ganhos no equilíbrio por 6 meses após o encerramento do treinamento foi animadora,

principalmente quando se leva em conta a baixa intensidade do treinamento do TCC.

HONG, LI & ROBINSON (2000) demonstraram que a prática regular do TCC tem

efeitos favoráveis no controle do equilíbrio e da flexibilidade em idosos. Comparados com

grupo sedentário, os praticantes de TCC apresentaram resultados significativamente melhores

no teste modificado “sentar e alcançar”, teste da rotação do corpo total para os lados esquerdo

(28)

3. METODOLOGIA

3.1. POPULAÇÃO E AMOSTRA

Após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Ofício

CEP/UCB Nº 006/2004), foram realizados os procedimentos para seleção dos voluntários e

início da intervenção.

Os participantes caracterizaram-se como amostra de conveniência composta por 77

mulheres idosas, cadastradas no Programa Geração de Ouro, da Universidade Católica de

Brasília (UCB), com idade entre 60 e 82 anos, divididas em Grupo Experimental (G1; n = 38)

e Grupo Controle (G2; n = 39).

A participação na pesquisa foi voluntária, sendo feito o recrutamento a partir da

divulgação do projeto na comunidade através de anúncios em jornal e panfletos. A inscrição

efetivou-se mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1),

após as voluntárias serem informadas dos objetivos, procedimentos, possíveis riscos e

benefícios do estudo, conforme orientação do Comitê de Ética em Pesquisa e da Resolução nº

196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que contém as diretrizes e normas

regulamentadoras para pesquisas envolvendo seres humanos. Foram, então, designados o dia

e o local em que as voluntárias deveriam apresentar-se para início do trabalho.

Só foram incluídas no experimento as mulheres idosas, não praticantes regulares de

atividade física orientada, que trouxeram encaminhamento médico especificando indicação

para a prática de exercício físico.

Foram adotados como critérios de exclusão: a presença de sintomas de doenças que

(29)

do aparelho locomotor (tendinite, tenossinovite, artrose, etc.), síndromes dolorosas

(fibromialgia) e síndromes neurológicas (labirintite, enxaqueca, etc.).

Nenhuma desistência foi registrada ao longo do experimento.

3.2. PROCEDIMENTOS

O procedimento teve duração de 12 semanas. Os dados necessários para a

caracterização da amostra (idade e medidas antropométricas), bem como os valores relativos à

força dos músculos extensores dos joelhos (Teste de 1 RM) e ao equilíbrio (Teste Unipodal)

foram coletados durante a avaliação física e registrados em formulário próprio (Anexo 2).

Todos os testes foram realizados no LAFIT - Laboratório de Avaliação Física e Treinamento

da Universidade Católica de Brasília (UCB) – e aplicados por avaliador treinado, experiente e

capacitado em socorros de urgência.

O treinamento de TCC foi desenvolvido no campus da Universidade Católica de

Brasília, em espaço aberto, nivelado e sombreado, com fácil acesso a banheiros, lanchonete e

ao consultório médico que atende aos alunos do programa. As aulas foram ministradas por

professor formado em Educação Física, especialista em Atividades Físicas Terapêuticas,

experiente em ministrar aulas de TCC para idosos, possuindo também formação em

Enfermagem e Treinamento em Primeiros Socorros.

Tanto os protocolos de avaliação quanto a metodologia de treinamento foram

selecionados com base em estudos anteriores, que relataram baixo risco e segurança para o

público alvo (HAUSDORFF et al., 2001; GUSTAFSON et al., 2000; PEREIRA & SAFONS,

(30)

3.2.1. Antropometria

A massa corporal (Kg) foi mensurada utilizando-se uma Balança Digital da marca

Toledo, com resolução de 0,05 kg e carga máxima de 150 Kg. Cada indivíduo, trajando

camiseta e bermuda, foi avaliado descalço, na posição ortostática, com afastamento lateral

dos pés e de frente para a escala da balança.

Para a estatura (m) utilizou-se um Estadiômetro da marca Cardiomed, com resolução

de 0,001 m e estatura máxima de 2 m. Cada indivíduo foi avaliado descalço, na posição

ortostática, com os pés unidos, mantendo as superfícies posteriores dos calcanhares, cintura

pélvica, cintura escapular e região occipital em contato com o instrumento de medida. A

medida foi realizada com o cursor no ângulo de 90° em relação à escala, com o avaliando em

apnéia inspiratória, com a cabeça orientada paralela ao solo e olhar fixo à frente.

3.2.2. Avaliação da Força dos Músculos Extensores dos Joelhos

A força dos músculos extensores dos joelhos foi mensurada na Cadeira Extensora,

marca Weider, através do Teste de 1 RM (Teste Isotônico de Uma Repetição Máxima), de

acordo com as recomendações de procedimentos da Sociedade Americana de Fisiologia do

Exercício (BROWN & WEIR, 2003). Foi utilizando o Protocolo Crescente proposto por

BAECHLE & GROVES (1992).

(31)

3.2.2.1. Protocolo

Familiarização: nas duas semanas que antecederam a realização do teste, foram feitas sessões de familiarização com o instrumento e a situação de teste. Nestes encontros, as

voluntárias foram informadas sobre os objetivos do teste, possíveis riscos envolvidos e

procedimentos de segurança adotados para preveni-los. Tiveram também a oportunidade de

aprender a técnica correta para posicionar o corpo no equipamento e realizar os movimentos

específicos do teste sem carga.

Aquecimento geral: Foi realizada atividade leve envolvendo a musculatura a ser testada, seguida de alongamento estático, com duração total de 5 minutos.

Aquecimento específico: O corpo foi posicionado no instrumento, com as pernas em posição de teste, realizando uma série de 8 movimentos de extensão completa dos joelhos,

utilizando aproximadamente 50% da carga máxima estimada pelo indivíduo. Em seguida,

realizou-se outra série de 3 movimentos de extensão completa dos joelhos utilizando

aproximadamente 70% da carga máxima estimada para o indivíduo.

Teste: O corpo foi posicionado no instrumento, com as pernas em posição de teste, realizando o movimento de extensão completa dos joelhos, utilizando uma carga próxima de

100% da máxima carga estimada para o indivíduo. A carga foi incrementada ou diminuída ao

longo de, no máximo, 5 tentativas, registrando-se o valor da carga para Uma Repetição

Máxima (1 RM), que é a maior carga contra a qual o indivíduo conseguiu realizar uma única

extensão completa dos joelhos.

(32)

3.2.3. Avaliação do Equilíbrio

O equilíbrio foi avaliado utilizando-se o Teste de Apoio Unipodal com os olhos

fechados, de acordo com protocolo sugerido por GUSTAFSON et al. (2000), que afirma ser

essa uma condição de teste desafiadora para idosos. O tempo de permanência em apoio

unipodal foi mensurado utilizando-se um Cronômetro Digital Progressivo, marca Sanny, com

resolução de 0,01 s.

Figura 2 _ Teste de Apoio Unipodal

3.2.3.1. Protocolo

Familiarização: As sessões de familiarização foram realizadas nas duas semanas que antecederam a realização do teste. Nelas, as voluntárias foram informadas sobre os objetivos

do teste, possíveis riscos envolvidos e procedimentos de segurança adotados para preveni-los.

Tiveram, também, a oportunidade de aprender a técnica correta para posicionar o corpo e

realizar os movimentos específicos do teste (apoio unipodal com ambas as pernas).

Aquecimento: Com o objetivo de amenizar possíveis diferenças individuais devidas à maior ou menor mobilização muscular no período anterior ao teste, foi realizada uma sessão

de 5 minutos de aquecimento geral da musculatura e uma tentativa de permanência unipodal

(33)

Teste: O teste consistiu em permanecer o maior tempo possível na posição ortostática, com as mãos nos quadris, em apoio unipodal e com os olhos fechados. O tempo de

permanência máximo estipulado para cada tentativa foi de 30 segundos.

Cada voluntária tomou a posição inicial com os olhos abertos, fixando a visão em um

ponto colocado a 1,0 m de distância à sua frente, ao nível dos olhos. Então, os olhos foram

fechados e o cronômetro disparado. Cada tentativa foi encerrada quando a voluntária abriu os

olhos ou retornou ao apoio bipodal, sendo anotado o tempo de permanência na posição

solicitada.

Foram realizadas três tentativas para cada apoio (direito e esquerdo), sendo anotada a

melhor das três tentativas. O escore para equilíbrio resultou da média aritmética entre as duas

medidas válidas (à direita e à esquerda) para cada indivíduo.

Um avaliador auxiliar permaneceu próximo de cada sujeito para evitar qualquer risco

de queda.

3.2.4. Programa de Tai Chi Chuan

O Programa de TCC foi desenvolvido ao longo de 12 semanas, na forma de aulas de

50 minutos de duração, com uma freqüência de 3 práticas semanais. Os exercícios aplicados

nas aulas foram planejados levando-se em consideração a segurança dos praticantes, com base

na metodologia de TCC para idosos proposta por PEREIRA & SAFONS (2003). As aulas

foram ministradas dentro do padrão convencional da aula de Educação Física, com exercícios

(34)

3.2.4.1. Protocolo

Aquecimento (15 min.): Esta fase foi composta por exercícios educativos selecionados dentre os 24 movimentos do repertório da série de treinamento do TCC e

executados com ênfase no alongamento muscular e nos exercícios respiratórios. Para cada

aula foram escolhidos 10 exercícios e para cada exercício foi realizada uma série de 5

repetições, executadas de forma lenta, contínua e com concentração mental, procurando-se

reproduzir corporalmente os movimentos de animais ou de outros objetos da natureza e da

cultura humana, conforme sugestões verbais do professor.

Ao final desta fase, a freqüência cardíaca das alunas foi elevada em relação ao repouso

para valores que, diante da “Escala de Percepção Subjetiva do Esforço” de BORG (2000),

foram apontados como entre 1 (MUITO LEVE) e 2 (LEVE), onde “muito leve” equivaleu a

andar lentamente em seu próprio ritmo por alguns minutos, e “leve” a caminhar no ritmo em

que a respiração não se alterou e ainda se podia manter uma conversação fluente. As alunas

foram estimuladas a manter seu nível de esforço percebido nestes valores até o final da fase

de trabalho específico.

Trabalho Específico (20 min.): Nesta fase da aula, as alunas trabalharam com as coreografias específicas do TCC, mantendo as características de lentidão, fluidez e

concentração mental. Em cada aula, as coreografias foram constituídas de 8 movimentos

escolhidos dentro do repertório da série do TCC Estilo Yang de 24 movimentos (Anexo 3).

Coreografias em dupla (Tai Chi Tuishou) também foram trabalhadas, com base nos exercícios

da série de 24 movimentos. Os recursos tradicionais da aula de Educação Física, tais como

jogos, desafios, trabalhos de grupo, foram utilizados para estimular e facilitar a

(35)

O repertório de exercícios foi composto pelos movimentos denominados:

1. Preparação

2. Risca da Crina do Cavalo Selvagem

3. Grou Branco Bate as Asas

4. Coçar os Joelhos

5. Dedilhar o Alaúde

6. Garça Branca Estende as Asas Atrás

7. Agarrar a Cauda do Pássaro à Esquerda

8. Agarrar a Cauda do Pássaro à Direita

9. Chicote à Esquerda

10. Acenar Mãos nas Nuvens

11. Chicote à Esquerda

12. Afagar o Cavalo

13. Chutar com o Calcanhar Direito

14. Bater nas Orelhas com os Dois Punhos

15. Chutar com o Calcanhar Esquerdo

16. Serpente Descendo à Esquerda

17. Serpente Descendo à Direita

18. Passar a Lança para a Direita e para a Esquerda

19. Agulha no Fundo do Mar

20. Defesa com os Dois Braços

21. Virar-se para Golpear

22. Recuar e Empurrar

23. Braços Cruzados ao Peito

(36)

Relaxamento (15 min.): Nesta fase da aula, buscou-se a descontração psíquica e muscular, através dos exercícios de meditação Tao Yin – parar, respirar e acalmar a mente.

Buscou-se, ao final desta fase, que na “Escala de Percepção Subjetiva do Esforço” de BORG

(2000) fossem apontados valores próximos aos do repouso, tais como Zero - 0

(ABSOLUTAMENTE NADA) ou 0,5 (EXTREMAMENTE LEVE).

(37)

3.3. TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Esta é uma pesquisa com delineamento experimental correlacional, constituída de

Grupo Experimental (G1) e Grupo Controle (G2), submetidos a pré-teste e pós-teste de

mensuração da força dos músculos extensores dos joelhos e da mensuração do equilíbrio

(variáveis dependentes – VD), antes e depois de 12 semanas de tratamento com o programa

de TCC Estilo Yang de 24 Movimentos (variáveis independentes - VI). O desenho

experimental está mostrado na Tabela 1.

Tabela 1_ Desenho experimental do projeto

VI VI VD VD VD

TCC TEMPO FORÇA (F) EQUILÍBRIO (EQ) CORRELAÇÃO F X EQ

G1 T1: pré-teste

T2: pós-teste

G2 T1: pré-teste

T2: pós-teste

Onde: VI – variáveis independentes ; VD – variáveis dependentes

Na estatística descritiva foi calculada a Média e o Desvio Padrão. A comparação das

médias obtidas no pré-teste e no pós-teste das variáveis dependentes Força dos Músculos Extensores dos Joelhos (F) e Equilíbrio (EQ) foi feita utilizando-se a aplicação das provas paramétricas (Análise de Variância SPLIT PLOT ANOVA – SPANOVA, Testes Pareados e

Correlação Linear de Pearson), testando a Hipótese Nula (H0) de que não havia diferenças

significativas dentro dos grupos, bem como entre os dois grupos. Os quatro supostos

paramétricos, pré-requisitos para a realização das provas paramétricas, foram satisfeitos: a

amostra foi grande (n > 30); a variável dependente foi mensurada através de unidade de

medida quantitativa e contínua (tempo de permanência e massa deslocada); a

(38)

(Teste de Kolmogorov-Smirnov) foi garantida (THOMAS & NELSON, 2002; CAZORLA &

SILVA, 2005).

Em todos os testes adotou-se o nível de significância menor ou igual a 5% (p ≤ 0,05).

Os cálculos foram realizados utilizando-se o programa SPSS - Statistical Package for

(39)

4. RESULTADOS

4.1. ANÁLISE DESCRITIVA

4.1.1. Caracterização da amostra

As médias e desvios-padrão de idade, estatura e massa corporal das 77 idosas que

participaram deste estudo foram, respectivamente, de 68,57 ± 6,24 anos, 152,29 ± 3,72 cm e

64,47 ± 11,25 kg. As médias e desvios-padrão no Grupo Experimental (G1) e no Grupo

Controle (G2), bem como a comparação entre estas médias através do Teste “t” Independente

estão apresentadas na Tabela 2. O Teste “t” não apresentou significância (p > 0,05), indicando

que não há diferenças entre os grupos G1 e G2 quanto à idade, estatura e massa corporal,

confirmando confirmada a Hipótese Nula (H0) de que as voluntárias de ambas amostras foram

provenientes da mesma população.

Tabela 2 _ Médias, Desvios-Padrão e Teste “t” Independente para idade, estatura e massa corporal dos grupos experimental (G1) e controle (G2)

Grupo n Idade (anos)

M ± DP

Estatura (cm) M ± DP

Massa corporal (kg) M ± DP

G1 38 68,11 ± 5,02 152,46 ± 3,54 64,87 ± 11,46

G2 39 69,03 ± 7,28 152,13 ± 3,93 64,08 ± 11,17

Teste t independente p = 0,520 p = 0,700 p = 0,762

Onde: M = Média; DP = Desvio Padrão; significância (p ≤ 0,05)

Na análise exploratória dos dados descritivos dos dois grupos não foram observados

casos faltosos (missing cases) e não se detectaram desvios da normalidade. O teste de

(40)

mensurações de idade, estatura e massa corporal, confirmando a Hipótese Nula (H0) de que a

distribuição é normal em ambos os grupos (Tabela 3).

Tabela 3 _ Teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S) para idade, estatura e massa corporal dos grupos experimental (G1) e controle (G2)

Grupo K-S Idade K-S Estatura K-S Massa corporal

G1 p = 0,269 p = 0,432 p = 0,979

IDADE 80,0 77,5 75,0 72,5 70,0 67,5 65,0 62,5 60,0 Freqüências 14 12 10 8 6 4 2 0 ESTATURA 160,0 158,0 156,0 154,0 152,0 150,0 148,0 146,0 144,0 Freqüências 16 14 12 10 8 6 4 2 0 MASSA CORPORAL 85,0 80,0 75,0 70,0 65,0 60,0 55,0 50,0 45,0 Freqüências 10 8 6 4 2 0

G2 p = 0,370 p = 0,676 p = 0,990

IDADE 82,5 80,0 77,5 75,0 72,5 70,0 67,5 65,0 62,5 60,0 Freqüências 12 10 8 6 4 2 0 ESTATURA 160,0 158,0 156,0 154,0 152,0 150,0 148,0 146,0 144,0 Freqüências 14 12 10 8 6 4 2 0 MASSA CORPORAL 87,5 85,0 82,5 80,0 77,5 75,0 72,5 70,0 67,5 65,0 62,5 60,0 57,5 55,0 52,5 50,0 47,5 45,0 Freqüências 5 4 3 2 1 0

Onde: significância (p ≤ 0,05)

4.2. ANÁLISE PARAMÉTRICA

4.2.1. Cumprimento dos pré-requisitos

Na Tabela 4 são apresentados os resultados da verificação dos supostos paramétricos

(41)

controle (G2), tanto no pré-teste quanto no pós-teste. Verifica-se que, com 38 indivíduos no

G1 e 39 indivíduos no G2, a amostra satisfaz a exigência do tamanho da amostra superior a

30 indivíduos e é grande o suficiente para a realização dos testes paramétricos. As duas

unidades de medida para força e equilíbrio (quilograma e segundos) são quantitativas e

contínuas, o que também satisfaz ao pré-requisito para a realização dos testes paramétricos.

Não houve significância (p > 0,05) em nenhuma das aplicações do Teste de Levine

às amostras, garantindo a aceitação da Hipótese Nula (H0) de que as variâncias são

homogêneas nos grupos, o que satisfaz à exigência da homocedasticidade para a realização

dos testes paramétricos. Não houve significância (p > 0,05) em nenhuma das aplicações do

Teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S) às amostras, garantindo a aceitação da Hipótese Nula

(H0) de que as variáveis têm distribuição normal dentro dos grupos, o que satisfaz à exigência

da normalidade para a realização dos testes paramétricos.

Tabela 4 _ Verificação dos supostos paramétricos

G1 G2

Tamanho da amostra n = 38 n = 39

Fpré-teste unidade = kg unidade = kg

Teste de K-S p = 0,118 p = 0,666

Teste de Levine p = 0,778

Fpós-teste unidade = kg unidade = kg

Teste de K-S p = 0,331 p = 0,715

Teste de Levine p = 0,080

EQpré-teste unidade = s unidade = s

Teste de K-S p = 0,490 p = 0,831

Teste de Levine p = 0,987

EQpós-teste unidade = s unidade = s

Teste de K-S p = 0,743 p = 0,344

Teste de Levine p = 0,063

(42)

4.2.2. Efeitos do Tai Chi Chuan sobre a força dos músculos extensores dos joelhos

Os valores das médias e desvios-padrão obtidos para a variável dependente Força nos

grupos Experimental (G1) e Controle (G2), bem como o delta percentual são apresentadas na

Tabela 5. As médias foram comparadas através da Análise de Variância (SPANOVA) que

indicou diferenças significativas entre o pré-teste (Fpré) e o pós-teste (Fpós), tanto dentro dos

grupos (p = 0,001) como entre os grupos (p = 0,001). Rejeita-se, portanto, a Hipótese Nula

(H0) de que não ocorreram diferenças significativas na força dos músculos extensores dos

joelhos durante o experimento. Os resultados da comparação das médias obtidas para a força

dos músculos extensores dos joelhos dentro dos grupos experimental (G1) e controle (G2),

durante o pré-teste e o pós-teste, através do Teste “t” Pareado (p = 0,001), demonstram que a

diferença significativa para a variável Força (F) ocorreu no (G1), durante o pós-teste.

Tabela 5 _ Médias e Desvios-padrão da força inicial e final nos grupos experimental (G1) e controle (G2)

Fpré Fpós

(Fpós – Fpré)

%

G1 41,61 ± 13,65 kg 49,03 ± 17,54 kg 7,42 kg 17,83%

G2 35,79 ± 12,60 kg 36,10 ± 12,70 kg 0,31 kg 0,86%

* **

Onde: Fpré = Força no pré-teste; Fpós = Força no pós-teste; significância (p ≤ 0,05) * efeito significante entregrupos (p = 0,001);

** efeito significante em G1 (p = 0,001);

Verifica-se, portanto, que a força dos músculos extensores dos joelhos no grupo

experimental (G1), no pós-teste, é significativamente maior que a observada no grupo

controle (49,03 ± 17,54 kg e 36,10 ± 12,70 kg, respectivamente). Em termos percentuais,

verifica-se que o grupo experimental (G1) incrementou sua força em 17,83%, enquanto no

(43)

4.2.3. Efeitos do Tai Chi Chuan sobre o Equilíbrio

Os valores das médias e desvios-padrão obtidos para a variável dependente equilíbrio

nos grupos experimental (G1) e controle (G2) são apresentadas na Tabela 6. As médias foram

comparadas através da Análise de Variância (SPANOVA), que indicou diferenças

significativas entre o pré-teste (EQpré) e o pós-teste (EQpós), tanto dentro dos grupos (p =

0,035) como entre os grupos (p = 0,001). Rejeita-se, portanto, a Hipótese Nula (H0) de que

não ocorreram diferenças significativas no equilíbrio durante o experimento. Os resultados da

comparação das médias obtidas para o equilíbrio entre os grupos experimental (G1) e controle

(G2), durante o pré-teste e o pós-teste, através do Teste “t” pareado (p = 0,013) demonstram

que a diferença significativa para a variável equilíbrio (EQ) ocorreu no grupo experimental

(G1), durante o pós-teste.

Tabela 6 _ Médias e Desvios-padrão do equilíbrio inicial e final nos grupos experimental (G1) e controle (G2)

EQpré EQpós

(EQpós – EQpré)

%

G1 2,72 ± 1,12 s 3,43 ± 1,43 s 0,71 s 26,10 %

G2 2,74 ± 1,10 s 2,66 ± 1,00 s - 0,08 s - 2,91 %

* **

Onde: EQpré = equilíbrio no pré-teste; EQpós = equilíbrio no pós-teste; significância (p ≤ 0,05) * efeito significante entregrupos (p = 0,001);

** efeito significante em G1 (p = 0,013);

Verifica-se, portanto, que o equilíbrio no grupo experimental (G1), no pós-teste, é

significativamente maior que o observado no grupo controle (3,43 ± 1,43 s e 2,66 ± 1,00 s,

respectivamente). Em termos percentuais, verifica-se que o grupo experimental (G1)

incrementou seu equilíbrio em 26,10%, enquanto no grupo controle (G2) houve um

(44)

4.2.4. Correlação entre a Força dos Músculos Extensores dos Joelhos e o Equilíbrio

As médias para a evolução (delta) da força dos músculos extensores dos joelhos e para

a evolução do equilíbrio tanto no grupo experimental (G1) quanto controle (G2) foram

comparadas através do Coeficiente de Correlação de Pearson (r) e estão apresentadas na

Tabela 7.

Tabela 7 _ Correlação entre Força dos músculos extensores dos joelhos e o equilíbrio nos grupos experimental (G1) e controle (G2)

(Fpós – Fpré) (EQpós – EQpré)

Pearson (r)

Significância (p)

G1 7,42 kg 0,71 s 0,09 0,554

G2 0,31 kg - 0,08 s 0,07 0,660

Onde: Fpré = Força no pré-teste; Fpós = Força no pós-teste; EQpré = equilíbrio no pré-teste; EQpós = equilíbrio no pós-teste; significância (p ≤ 0,05)

Foi verificada, tanto para o grupo experimental (G1) quanto controle (G2) uma

Correlação Muito Baixa (respectivamente, r = 0,09 e r = 0,07) e não significativado ponto de vista estatístico (p > 0,05) entre a evolução da força dos músculos extensores dos joelhos e a evolução do equilíbrio. Aceita-se, portanto, a Hipótese Nula (H0) de que não houve

correlação significativa entre a força e o equilíbrio das idosas após de serem submetidas ao

(45)

5. DISCUSSÃO

5.1. TAI CHI CHUAN E FORÇA DOS MÚSCULOS EXTENSORES DOS JOELHOS

O presente estudo mostrou que, em relação ao grupo controle, a força nos músculos

extensores dos joelhos foi significativamente aumentada em grupo de mulheres idosas

submetidas à prática do TCC Estilo Yang de 24 Movimentos, com duração de 50 minutos por

aula, na freqüência de 3 aulas semanais, por período de 12 semanas. Verificou-se, também,

que o incremento percentual da força no grupo de praticantes de TCC foi de 17,83 % em

relação aos valores obtidos antes do treinamento.

OLIVEIRA et al. (2001) sugerem que os ganhos de força nos membros inferiores

podem ser explicados pelas características do treinamento de TCC, que mantém as pernas

semiflexionadas durante toda a execução do exercício, com constante movimentação e

transferência de peso de uma perna para a outra. Em seu estudo relativo aos efeitos do TCC

Estilo Yang na força dos membros inferiores, utilizando o teste de impulsão vertical, estes

autores verificaram que um treinamento semanal de 40 a 50 minutos, durante três meses,

proporcionou um ganho de 44,4% na força do conjunto de músculos das pernas.

Os resultados do presente estudo confirmam os achados de LAN et al. (1998), que

demonstraram melhora significativa na força dos músculos extensores dos joelhos em idosos

de ambos os sexos, praticantes de TCC do estilo Yang de 108 movimentos, durante 12 meses,

com 5 aulas semanais de 54 minutos. Apesar de ter tido uma duração 4 vezes maior que o

experimento do presente estudo, o incremento percentual observado na força dos extensores

dos joelhos dos idosos no experimento destes autores foi praticamente idêntico (18,1%) ao

encontrado no trabalho atual (17,83%). A maior demora daquele estudo para atingir

(46)

utilizado por eles, que adota uma coreografia muito longa, obrigando o praticante a fazer um

investimento maior na aquisição e domínio cognitivo das formas do que no treinamento físico

propriamente dito.

A melhora percentual da força dos extensores dos joelhos obtida no presente estudo

(17,83%) é semelhante aos resultados de LAN et al. (2000), que também relataram melhora

significativa na força do quadríceps (entre 13,5% e 21,8%) em idosos de ambos os sexos que

praticaram o Estilo Yang de TCC de 108 movimentos, durante seis meses, com aulas de 54

minutos de duração, 5 vezes por semana.

5.2. TAI CHI CHUAN E EQUILÍBRIO

Os resultados obtidos neste estudo demonstraram que o equilíbrio foi

significativamente aumentado em grupo de idosas submetidas à prática do TCC estilo Yang

de 24 movimentos, com freqüência de 3 aulas semanais de 50 minutos, por período de 12

semanas. Verificou-se também que o incremento percentual no equilíbrio do grupo de

praticantes de TCC foi de 26,10% em relação aos valores obtidos antes do treinamento.

Este resultado contraria os achados dos trabalhos clássicos de WOLF et al. (1996) e

WOLF et al. (1997), que compararam durante 15 semanas os efeitos da prática do TCC

(duração de uma hora, 2 vezes por semana) com os de um treinamento computadorizado de

equilíbrio e com as medidas realizadas com grupo controle. Eles verificaram que o TCC,

embora tenha reduzido efetivamente o risco de quedas em 47,5%, não foi suficiente para

melhorar significativamente o equilíbrio dos praticantes. A ausência de significância neste

estudo provavelmente se deva ao protocolo de intervenção do TCC, que ofereceu pouca

(47)

equivale apenas à carga de trabalho do aquecimento da aula planejada de TCC utilizada no

estudo atual.

Por outro lado, a atual pesquisa confirma os achados de TSE & BAILEY (1992), que

mostraram melhora significativa do equilíbrio em ambas as pernas em idosos praticantes de

TCC, utilizando o Teste de Apoio Unipodal com os olhos abertos. Estes autores

hipotetizaram que essa melhora deveu-se à combinação do relaxamento mental com os

exercícios físicos, compondo um eficiente treinamento dos reflexos neuromotores. Resultados

semelhantes foram obtidos por ROSS et al. (1999), que encontraram ganhos no equilíbrio em

praticantes de TCC.

A atual pesquisa também confirma os resultados obtidos por HONG, LI &

ROBINSON (2000), que demonstraram que a prática regular do TCC tem efeitos favoráveis

no controle do equilíbrio em idosos. Comparados com grupo sedentário, os praticantes de

TCC apresentaram resultados significativamente melhores no Teste Unipodal, com olhos

fechados, tanto com a perna direita quanto com a esquerda.

5.3. CORRELAÇÃO ENTRE A FORÇA DOS MÚSCULOS EXTENSORES DOS JOELHOS E O EQUILÍBRIO

Os resultados obtidos no presente estudo demonstraram não haver relação significativa

entre a força dos músculos extensores dos joelhos e o equilíbrio em mulheres idosas

praticantes de TCC em relação a grupo controle.

Esses resultados contradizem os trabalhos de GRYFRE, AMIES & ASHLEY (1977),

RUBENSTEIN et al. (1988) e GUIMARÃES (1999), que mostraram correlações positivas

entre a força dos músculos extensores dos joelhos, o equilíbrio e a capacidade funcional de

(48)

GÜR & ÇAKIN (2003) propuseram uma possível explicação para esta contradição, a

partir de avaliações múltiplas dos grupos musculares que movimentam os joelhos. Estes

autores afirmaram que os ganhos no equilíbrio obtidos através do fortalecimento dos

membros inferiores devem-se mais aos incrementos simultâneos tanto na musculatura

extensora quanto flexora dos joelhos, do que aos aumentos absolutos na força dos extensores.

Estes autores sugerem, portanto, que os ganhos na estabilidade devem-se à melhora no

equilíbrio muscular antero-posterior, resultante do fortalecimento recíproco tanto da

musculatura extensora quanto flexora dos joelhos. Este equilíbrio muscular levaria a um

melhor controle dos movimentos com menor risco de quedas por mecanismos outros que não

passariam necessariamente pela melhora do equilíbrio. Essa linha de raciocínio pode ser

sustentada com base nos achados de ANIANSSON, GRIMBY & RUNDGREN (1980) e

LANKHORST, VAN DER STADT & VAN DER KORST (1985) que encontraram

correlações positivas entre a força dos músculos extensores dos joelhos e melhoras, tanto na

força muscular geral quanto na capacidade funcional, que resultaria em menor número de

quedas sem obrigatoriamente passar pelo equilíbrio.

Com relação aos efeitos do TCC sobre a força e o equilíbrio, este estudo embora

reforce achados de estudos anteriores, coloca em questão a relação de causa e efeito entre

estas variáveis. Abre-se, assim, a discussão a respeito de quais alterações produzidas pela

prática do TCC seriam responsáveis pelo benefício mais ressaltado desta prática: a melhora do

equilíbrio. Neste caminho, uma importante questão é levantada por RINGSBERG et al.

(1999), que não verificaram correlação entre a força das pernas e a melhora no equilíbrio de

mulheres idosas avaliadas por quaisquer métodos de verificação do equilíbrio, clínicos ou

computadorizados (Teste Unipodal, Testes Computadorizadas em plataformas fixas e móveis,

(49)

informações sobre diferentes aspectos do equilíbrio e cuja especificidade ainda necessite

(50)

6. CONCLUSÃO

Este estudo confirmou, em mulheres idosas, que a prática do TCC incrementa tanto a

força nos músculos extensores dos joelhos quanto o equilíbrio.

Como é consenso na literatura científica que o fortalecimento da musculatura

extensora dos joelhos e a melhora do equilíbrio, por meio de atividade física específica, são

claramente objetivos a serem alçados na prevenção de quedas, conclui-se que o TCC pode ser

utilizado com esta finalidade, agregando as vantagens de ser de baixo custo, de fácil

aplicação, de permitir o atendimento de grupos e de ser de grande versatilidade quanto a local,

horário e roupas para sua prática.

Por outro lado, não foi verificada qualquer significância na correlação entre os

incrementos de força nos músculos extensores dos joelhos e a melhora no equilíbrio. Este

achado pode sugerir que a melhora do equilíbrio verificada entre as praticantes do TCC

deva-se, pelo menos em parte, a outras variáveis além do incremento da força.

Outros estudos são necessários, entre idosos praticantes de TCC, para se averiguar os

efeitos das alterações das diversas variáveis, além da força, na melhora do equilíbrio.

Correlações envolvendo outros grupos musculares dos membros inferiores e o equilíbrio em

idosos praticantes de TCC devem ser verificadas. Enfocar também alterações em variáveis

psicossociais modificadas pela prática do TCC e sua relação com o equilíbrio em idosos

(51)

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANIANSSON, A.; GRIMBY, G. & RUNDGREN, A. Isometric and isokinetic quadriceps

muscle strength in 70-year-old men and women. Scandinavian Journal of Rehabilitation Medicine, v. 12, n. 4, p. 161-168, 1980.

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BAUMGARTNER, R.N. Epidemiology of sarcopenia among the elderly in New Mexico.

American Journal of Epidemiology, v. 147, p. 755-763, 1998.

BEAU, G. A medicina chinesa. Rio de Janeiro: Interciência, 1982. 191 p.

BLAIR, S.N. & GARCIA, M.E. Get up and move: A call to action for older men and women.

Journal of the American Geriatrics Society, v. 44, p. 599-600, 1996.

BLASER, M.N.; SILVA, L.C.N. & MARRERA, A. Kung fu – Wushu, p. 385. In: DaCosta,

L. (org.). Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2005. 924 p.

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CAMPBELL, A.J.; ROBERTSON, M.C.; GARDNER, M.M. & NORTON, R.N. Randomized

controlled trial of a general practice program of home based exercise to prevent falls in

Imagem

Figura 1 _ Teste de 1 Repetição Máxima para Músculos Extensores dos Joelhos
Figura 2 _ Teste de Apoio Unipodal
Figura 3 _ Aulas de Tai Chi Chuan na Universidade Católica
Tabela 2 _ Médias, Desvios-Padrão e Teste “t” Independente para idade, estatura e  massa corporal dos grupos experimental (G1) e controle (G2)
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Referências

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