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Prof. Henrique Santillo

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Aula 20 – Recursos para Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça (recurso ordinário, recurso extraordinário e recurso especial). Agravo em recurso especial e em recurso extraordinário. Embargos de

divergência.

Direito Processual Civil para PGE RS

(2)

Sumário

RECURSOS PARA O STF E PARA O STJ. 3

RECURSO ORDINÁRIO 4

Regras de Procedimento 5

Recurso Ordinário-Agravo de Instrumento 7

RECURSOS EXCEPCIONAIS 8

Requisitos Comuns ao Recurso Extraordinário (RE) e Especial (REsp) 9

Recurso Extraordinário 22

Recurso Especial 27

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 29

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 33

LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 62

GABARITO 72

RESUMO DIRECIONADO 73

DISPOSITIVOS DO CPC/2015 82

(3)

Recurso Extraordinário. Recurso Especial. Recurso Ordinário. Embargos de Divergência.

Saudações, guerreiro/a!

Nossa aula de hoje abordará os seguintes recursos dirigidos para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal:

O que devo priorizar para a aula de hoje?

Esclarecimento: a banca não costuma cobrar os recursos extraordinário e especial repetitivos. Esse não será o nosso foco de hoje, mas disponibilizei os artigos correspondentes ao final da aula, ok?

Qualquer dúvida, me procure!

Recurso Ordinário Recurso Especial

Recurso Extraordinário

Embargos de Divergência

Recursos para o STF e STJ

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Cabimento

Repercussão Geral

RECURSO ESPECIAL Cabimento Procedimento Agravo em REsp

(4)

Recurso Ordinário

O Recurso Ordinário é admissível contra determinadas decisões proferidas em ações originárias do Tribunais e será julgado pelo STJ ou pelo STF.

Costumamos dizer que o recurso ordinário faz as vezes da apelação para certas causas de competência originária dos Tribunais, já que ele serve, como regra, para que o interessado consiga obter o reexame das decisões que são proferidas no âmbito da competência originária dos tribunais. Isso mesmo! Vimos que cabe apelação contra as sentenças proferidas em primeira instância, não é mesmo?

Pois então: se o processo é de competência originária dos Tribunais, o recurso cabível não é a apelação, mas sim o Recurso Ordinário dirigido ao STF e ao STJ, os quais poderão reexaminar de forma ampla a matéria decidida, funcionando como segunda instância!

Vem ver comigo as hipóteses de cabimento do Recurso Ordinário previstas pelo CPC/2015:

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança (MS), os habeas data (HD) e os mandados de injunção (MI) decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando DENEGATÓRIA a decisão;

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

a) os mandados de segurança (MS) decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando DENEGATÓRIA a decisão;

b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Perceba que, basicamente, o Recurso Ordinário garante o duplo grau de jurisdição de

decisão denegatória de ações constitucionais originárias.

No caso específico das ações em que são partes Estado estrangeiro/Organismo Internacional e Município/pessoa residente no Brasil, observamos uma situação muito interessante: essas causas serão julgadas, em primeira instância, pelos juízes federais de 1º grau

1

.

Contudo, não caberá apelação dirigida ao TRF contra sentença proferida nessa situação, mas sim Recurso Ordinário dirigido diretamente ao Superior Tribunal de Justiça!

1 Constituição Federal.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;

(5)

Podemos resumir as hipóteses de cabimento do Recurso Ordinário da seguinte maneira:

Regras de Procedimento

Aplica-se ao Recurso Ordinário a teoria da causa madura.

Isso quer dizer que se a decisão do tribunal de origem não tiver julgado o mérito da ação constitucional, mas o processo estiver em condições de imediato julgado, não será necessário devolver os autos à instância inferior, pois o próprio STJ/STF poderá apreciar a questão do mérito.

Art. 1.028, § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º , e 1.029, § 5º .

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485 [sem resolução do mérito];

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

Recurso Ordinário

STF

MS, os HD

e os MI decididos em única instância pelos

tribunais superiores -

DECISÃO DENEGATÓRIA

STJ

MS

decididos em única instância por TJ ou TRF -

DECISÃO DENEGATÓRIA

Estado Estrangeiro/Organismo Internacional

x

Município/Pessoa domiciliada no Brasil

(6)

Em regra, o Recurso Ordinário não terá efeito suspensivo, mas será possível requerer a sua concessão.

Art. 1.028, § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º , e 1.029, § 5º . Art. 1.029. § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Veja só de onde tiramos tais conclusões:

Art. 1.027. § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º , e 1.029, § 5º . Art. 1.028. § 2º O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões.

§ 3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de admissibilidade.

1.028, § 2º O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões.

§ 3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de admissibilidade.

Recurso Ordinário Requerimento de Concessão de Efeito

Suspensivo

Entre a interposição do recurso e a publicação da

decisão de admissão do recurso

Pedido dirigido ao Presidente ou Vice- Presidente do Tribunal

RECORRIDO

Entre a publicação da decisão de admissão e a

sua distribuição ao STF/STJ

Pedido dirigido ao tribunal respectivo

(STF/STJ)

Recurso já foi distribuído Pedido dirigido ao

relator

(7)

Quero que repare, também, como as regrinhas do recurso ordinário se assemelham ao recurso de apelação!

Recurso Ordinário-Agravo de Instrumento

Especificamente em relação às causas em que forem partes, de um lado, estado estrangeiro ou organismo internacional e, do outro lado, município ou pessoal residente ou domiciliada no Brasil, caberá:

→ “Recurso Ordinário-Apelação” ao STJ contra sentença proferida pelo juízo federal de primeiro grau.

Nesse caso, serão aplicadas as disposições relativas à apelação, já que o Recurso Ordinário

“funcionará” como uma apelação.

→ “Recurso Ordinário-Agravo de Instrumento” ao STJ contra decisão interlocutória proferida pelo juízo federal de primeiro grau.

Aplicam-se as regrinhas relativas ao agravo de instrumento, inclusive a relativa à taxatividade desse meio recursal.

Isso mesmo: o Recurso Ordinário também pode funcionar, nessas causas, como agravo de instrumento. Que recurso versátil, não é mesmo?!

Art. 1.027, § 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015 .

Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Na hipótese do art. 1.027, § 1º , aplicam-se as disposições relativas ao agravo de instrumento e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

(8)

Recursos Excepcionais

Vamos agora falar dos dois recursos mais importantes para a nossa aula de hoje:

Ambos os recursos são classificados pela doutrina como excepcionais, em oposição aos outros que foram estudados por nós – chamados de comuns ou ordinários.

Mas o que diferencia o REsp e o RE dos recursos comuns?

Enquanto nos recursos comuns basta a sucumbência para preencher os requisitos relativos ao interesse e à legitimidade, nos recursos excepcionais (RE e REsp), além desses requisitos, é exigida a

ofensa ao direito positivo, seja ele constitucional

(no caso do recurso extraordinário) ou

infraconstitucional (no caso do recurso

especial.

Portanto, podemos concluir que a finalidade maior dos recursos excepcionais (RE e REsp) é a de impedir que as decisões judiciais por ele recorridas contrariem a Constituição Federal ou as leis federais em sentido amplo, de forma a manter a uniformização de sua interpretação em todo o país!

Aquele que apresenta um desses recursos está insatisfeito e pretende que a decisão seja revista. Mas o fundamento que ele apresentará não poderá ser de que a sentença foi injusta, já que os recursos excepcionais não servem como uma espécie de “terceira instância” para garantir a justiça das decisões.

Recurso

Especial (REsp) para o STJ

Recurso

Extraordinário

(RE) para o STF

(9)

Como o próprio nome nos faz supor, são excepcionais e só cabem quando preenchidas algumas condições pré-estabelecidas na nossa Constituição Federal, como a proteção e a unidade de interpretação da própria Constituição ou das leis federais (em sentido amplo).

As hipóteses de cabimento do recurso especial e do recurso extraordinário estão previstas na Constituição Federal, nos artigos 102 (recurso extraordinário) e 105 (recurso especial). O recurso extraordinário tem como objeto questões de direito constitucional, enquanto o recurso especial se volta para análise de questões de direito infraconstitucional federal.

Os requisitos de admissibilidade que se aplicam aos recursos comuns são também exigidos nos excepcionais, com a diferença que são exigidos alguns outros mais rigorosos.

Vamos ver, primeiro, os requisitos comuns ao RE e ao REsp para depois analisarmos as distinções entre cada um deles, pode ser?!

Requisitos Comuns ao Recurso Extraordinário (RE) e Especial (REsp)

Requisitos de Admissibilidade

Como são recursos que visam especificamente à unificação da interpretação e da aplicação do direito positivo, o RE e o REsp possuem alguns requisitos em comum.

Vamos ver quais são eles?

Esgotamento de todos os recursos ordinários

Enquanto for possível interpor algum recurso ordinário, o RE e o REsp não serão admissíveis.

Veja esta Súmula do STF:

Súmula 281. É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.

Prequestionamento da questão que se pretende ver apreciada no STF ou no STJ

Para serem admitidos, o Recurso Especial e o Recurso Extraordinário exigem pré-questionamento: a questão federal ou constitucional deve ter sido debatida e apreciada pelo tribunal de origem recorrido.

Trata-se de um requisito regulamentado pela jurisprudência do STF e do STJ.

Em outras palavras, o prequestionamento consiste na exigência de prévia análise, debate e julgamento da matéria federal ou constitucional pelo tribunal recorrido, as quais serão objeto de recurso especial (STJ) e/ou recurso extraordinário (STF).

Assim, se o tribunal de origem não tiver se manifestado acerca do dispositivo legal que o recorrente

pretende questionar no STJ ou no STJ, mesmo que brevemente, não terá ocorrido o

prequestionamento.

(10)

Súmula 282, STF. É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.

Impossibilidade de rediscutir matérias de fato

As questões veiculadas em RE e REsp devem ser de direito (respectivamente ofensa a direito constitucional ou infraconstitucional).

Eles não são cabíveis para rediscussão das provas produzidas nas instâncias ordinárias!

O RE e o REsp são considerados recursos de fundamentação vinculada.

Isso porque o fundamento deles fica vinculado à alegação de contrariedade à constituição (RE) ou ao direito infraconstitucional (REsp), sob pena de inadmissibilidade!

Veja esta questão:

(FCC – TCE/GO – 2014 - Adaptada) Sobre os recursos, julgue o item abaixo:

No recurso especial admite-se o reexame da prova quando o recorrente for beneficiário da assistência judiciária.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto. Essa não é a primeira vez que a banca

abre uma “suposta” exceção para os beneficiários da

assistência judiciária.

Contudo, uma coisa não tem a ver com a outra: não é possível a rediscussão das provas produzidas nas instâncias ordinárias quando do julgamento do Recurso Especial no STJ!

Procedimento de interposição e admissão do RE e do REsp

O RE e o REsp serão interpostos no prazo de 15 dias perante o presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido!

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal , serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:

I - a exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.

§ 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

(11)

Assim que recebida na secretaria do tribunal, haverá a intimação do recorrido para apresentar as suas contrarrazões e, ao final do prazo, os autos serão conclusos ao presidente/vice-presidente do tribunal recorrido para que seja feita o juízo de admissibilidade do recurso, além de determinar outras diligências:

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:

I – negar seguimento:

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;

II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos;

III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;

IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036.

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.

§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.

§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Ufa! São muitas diligências, não é mesmo?

(12)

O que você precisa levar para sua prova é:

De acordo com o inciso I, o presidente ou vice-presidente do Tribunal recorrido vai negar seguimento a RE ou REsp que não tenham observado o caráter vinculante das decisões do STJ ou do STJ no regime da repercussão geral e do julgamento de recursos repetitivos.

ATENÇÃO! Caberá agravo interno contra a decisão do presidente/vice-presidente.

Art. 1.030, § 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

De acordo com inciso V, o presidente/vice-presidente do Tribunal recorrido fará o juízo de admissibilidade do RE ou do REsp!

Assim, o juízo a quo vai verificar se estão preenchidos os requisitos de admissibilidade dos recursos.

ATENÇÃO!

Cabe

agravo ao STJ ou ao STF

da decisão que inadmitir o REsp ou o RE, respectivamente, o qual será dirigido ao presidente/vice do Tribunal recorrido e julgado pelo STJ ou pelo STF!

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 3º O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 4º Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao tribunal superior competente.

§ 5º O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal respectivo.

§ 6º Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e especial, o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido.

§ 7º Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e, havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

(13)

§ 8º Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

Mais uma questão sobre o que acabamos de estudar:

(FGV – OAB/XXVII – 2018) Pedro ajuizou ação indenizatória contra Diego, tendo o juiz de primeira instância julgado integralmente improcedentes os pedidos formulados na petição inicial, por meio de sentença que veio a ser mantida pelo Tribunal em sede de apelação.

Contra o acórdão, Pedro interpôs recurso especial, sob o argumento de que teria ocorrido violação de dispositivo da legislação federal. A Presidência do Tribunal, no entanto, inadmitiu o recurso especial, ao fundamento de que o acórdão recorrido se encontra em conformidade com entendimento do Superior Tribunal de Justiça exarado no regime de julgamento de recurso repetitivo.

Diante dessa situação hipotética, assinale a opção que indica o recurso que Pedro deverá interpor.

Agravo Interno

Contra decisão do presidente ou vice-presidente do TRIBUNAL RECORRIDO que inadmitir RE ou REsp que não tenham observado

o caráter vinculante das decisões do STJ ou do STJ (repercussão

geral/entendimento em recursos

repetitivos)

Julgado pelo órgão colegiado do TRIBUNAL

RECORRIDO

Agravo ao STJ ou STF

Contra decisão do presidente ou vice do TRIBUNAL RECORRIDO que inadmitir RE ou REsp pela

falta de um ou mais requisitos dos

recursos excepcionais

(intempestividade, não demonstração do dispositivo

violado, etc)

Julgado pelo STF/STJ,

conforme o caso

(14)

a) Agravo em recurso especial, para que o Superior Tribunal de Justiça examine se o recurso especial preenche ou não os requisitos de admissibilidade.

b) Agravo interno, para demonstrar ao Plenário do Tribunal, ou ao seu Órgão Especial, que o acórdão recorrido versa sobre matéria distinta daquela examinada pelo Superior Tribunal de Justiça no regime de julgamento do recurso repetitivo.

c) Agravo interno, para demonstrar ao Superior Tribunal de Justiça que o acórdão recorrido versa sobre matéria distinta daquela examinada pelo mesmo Tribunal Superior no regime de julgamento do recurso repetitivo.

d) Recurso Extraordinário, para demonstrar ao Supremo Tribunal Federal que o recurso especial deveria ter sido admitido pela Presidência do Tribunal de origem.

RESOLUÇÃO:

A informação mais importante do enunciado é esta:

A Presidência do Tribunal, no entanto, inadmitiu o recurso especial, ao fundamento de que o acórdão recorrido se encontra em conformidade com entendimento do Superior Tribunal de Justiça exarado no regime de julgamento de recurso repetitivo.

Veja, portanto, que o fundamento da inadmissão do recurso especial pelo TJ foi o da não observância do caráter vinculante da decisão do STJ proferida em regime de julgamento de recurso repetitivo.

Assim, fica claro que caberá agravo interno contra a decisão do presidente do TJ que inadmitiu o Recurso Especial, ocasião em que Pedro deverá demonstrar ao órgão colegiado do TJ (Plenário ou Órgão Especial) que a matéria contida no REsp difere da que foi decidida pelo STJ em sede de julgamento de recurso repetitivo!

Art. 1.030, § 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Resposta: B

Vamos a uma questão?

(CESPE

– TJ/AM – 2016 -

Adaptada) No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com relação a procedimento ordinário e recursos.

Tribunal de justiça estadual, ao julgar recurso de apelação, conferiu provimento para cassar a sentença de extinção do processo, determinando o prosseguimento do feito.

Nessa situação, a interposição do recurso especial deve observar o procedimento de subida imediata do recurso.

RESOLUÇÃO:

Negativo! O recurso especial não vai “subir” ao STJ de forma imediata.

(15)

Por quê?

Pois o tribunal de justiça estadual intimará recorrido para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias e, após conclusão dos autos, o presidente ou vice-presidente do tribunal fará o juízo de admissibilidade do REsp:

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (...)

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.

Item incorreto.

Os recursos podem chegar ao STF ou ao STF com alguns vícios formais. Nesses casos, se o vício não for grave, esses tribunais superiores poderão:

a. Desconsiderar vício formal de recurso tempestivo OU

b. Determinar a sua correção

Art. 1029. § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo OU determinar sua correção, desde que não o repute grave.

Pela leitura do dispositivo, fica claro que o vício relativo à interposição do recurso fora do prazo (intempestividade) não poderá ser desconsiderado pelo STF/STJ.

Contudo,

o tribunal poderá fazer “vista grossa”

se o defeito disser respeito à guia de custas, ilegibilidade de algumas páginas, falta de procuração, dentre outros probleminhas menos graves.

Efeito Suspensivo do RE e do REsp

Em regra, não possuem efeito suspensivo.

Contudo, o efeito suspensivo poderá ser requerido se relevante a fundamentação do recurso e quando a demora no julgamento puder causar dano irreparável ou de difícil reparação.

Veja só como o CPC/2015 disciplina o requerimento de concessão de efeito suspensivo:

(16)

Art. 1.029. § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Veja comigo:

Requerimento de Concessão de Efeito

Suspensivo

Entre a interposição do recurso e a publicação

da decisão de admissão do recurso

Pedido dirigido ao Presidente ou Vice- Presidente do Tribunal

RECORRIDO

Entre a publicação da decisão de admissão e

a sua distribuição ao STF/STJ

Pedido dirigido ao tribunal respectivo

(STF/STJ)

Relator fica prevento!

Recurso já foi distribuído

Pedido dirigido ao

relator

(17)

Efeito Devolutivo do RE e do REsp

Já estamos carecas de saber que o efeito devolutivo do RE e do REsp é limitado, já que o STF/STJ não irá reapreciar a causa, mas sim uniformizar entendimento relativo à matéria constitucional ou infraconstitucional.

Contudo, os tribunais superiores ainda assim aplicarão o direito à causa e exercerão a reanálise da questão constitucional ou infraconstitucional:

Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito.

Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado.

Interposição de RE e de Resp no mesmo prazo de interposição.

É possível que uma mesma decisão contrarie lei federal e norma constitucional.

Nesse caso, será possível interpor recurso extraordinário e recurso especial contra o mesmo acórdão no prazo de interposição comum!

Mas, acalme-se: essa possibilidade de interposição não ofende o princípio da unicidade recursal, já que cada recurso vai atacar capítulos ou matérias distintas do acórdão!

Supondo que ambos os recursos foram admitidos pelo tribunal recorrido, o primeiro a ser julgado será o RECURSO ESPECIAL.

Se o Recurso Extraordinário não for prejudicado pelo julgamento do Recurso Especial

2, os autos serão remetidos ao STF.

2 O Recurso Especial pode, por exemplo, anular o acórdão e remeter os autos para o tribunal recorrido proferir uma nova decisão. Nesse caso, dizemos que o Recurso Extraordinário será considerado prejudicado.

(18)

Art. 1.031. § 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso especial.

Fungibilidade entre RE e REsp

É muito comum que a parte apresente Recurso Especial e o STJ entenda que a ofensa apresentada no recurso seja de natureza constitucional.

Da mesma forma, pode ser que, ao se deparar com um Recurso Extraordinário, o STF perceba que houve apenas ofensa indireta ou reflexa à Constituição, de modo que a questão discutida seja de ordem infraconstitucional.

Tendo por base tal situação, é possível que:

O STJ remeta o Recurso Especial ao STF para que seja julgado como Recurso Extraordinário.

Antes da remessa, o relator dará 15 dias ao recorrente para que ele demonstre a existência de repercussão geral e discuta a questão constitucional.

OU

O STF remeta o Recurso Extraordinário ao STJ para que seja julgado como Recurso Especial.

ATENÇÃO!

Em alguns casos, o Recurso Extraordinário será julgado antes do Recurso Especial.

Vamos pensar no caso em que o Recurso Extraordinário alega uma violação a matéria processual e o REsp trate

de matéria de mérito.

Nesse caso, a discussão acerca da validade do processo é prejudicial em relação ao mérito. Você há de concordar que primeiro devemos julgar se o processo é válido para

só depois adentrarmo-nos na questão de mérito.

Se houver essa relação de prejudicialidade, o relator do STJ suspenderá o julgamento do REsp e remeterá os

autos para o STF para que primeiro seja julgado o Recurso Extraordinário e analisada a matéria processual

para só depois o STJ julgar a questão de mérito.

(19)

Veja só os dispositivos que embasaram a nossa conclusão:

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput , o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

Olha aqui uma questão:

(IBFC – EBSERH – 2017 – Adaptada) Sobre o Recurso Extraordinário e o Recurso Especial, julgue o item abaixo.

O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo.

RESOLUÇÃO:

Perfeito! Entre a publicação da decisão de admissão do RE ou do REsp e a sua distribuição a um relator, o pedido de concessão de efeito suspensivo deve ser dirigido ao tribunal respectivo (STF/STJ).

A partir do momento em que o Tribunal recorrido (um TJ, por exemplo) admite o RE ou o REsp, o STF e o STJ já entram em cena, sendo desses tribunais superiores a competência para concessão de efeito suspensivo.

Contudo, o STF e o STJ vão sortear um relator para apreciar o pedido, o qual ficará prevento para julgar o recurso.

Art. 1.029. § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Item correto.

(20)

Mais uma:

(IBFC – EBSERH – 2017 – Adaptada) Sobre o Recurso Extraordinário e o Recurso Especial, julgue o item abaixo.

O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido ao relator, se já distribuído o recurso.

RESOLUÇÃO:

Perfeito! Se o RE ou o REsp já foram distribuídos a um relator, que irá apreciá-los, a ele deverá ser dirigido o pedido de concessão de efeito suspensivo. Muito lógico, não?

Art. 1.029. § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

Item correto!

Outra:

(FCC – TJ/PA – 2009 – Adaptada) Sobre os recursos, julgue o item abaixo.

A interposição do recurso extraordinário ou do recurso especial impede a execução provisória da sentença.

RESOLUÇÃO:

Os recursos extraordinário e especial não são dotados de efeito suspensivo, ou seja, a sua interposição não impede a execução provisória da sentença, que já produz de imediato todos os seus efeitos.

Contudo, nada impede que seja concedido o efeito suspensivo ao RE e ao REsp, desde observados os requisitos abaixo:

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Item incorreto.

Resolve:

(CESPE

– PGM de Fortaleza/CE – 2017)

No que concerne aos meios de impugnação das decisões judiciais, julgue o item a seguir, de acordo com o CPC e com a jurisprudência dos tribunais superiores.

Situação hipotética: Em outubro de 2016, determinada pessoa interpôs para o STJ agravo em recurso

especial contra decisão que, na origem, inadmitiu recurso especial com base em entendimento

firmado em recursos repetitivos. Assertiva: Nessa situação, o STJ entende que deve ser aplicado o

(21)

princípio da fungibilidade e deve ser determinada a remessa do agravo ao tribunal a quo, convertendo-se o recurso de agravo em recurso especial no recurso de agravo interno.

RESOLUÇÃO:

Bom, primeiramente tenho que te dizer não cabe agravo em recurso especial contra decisão fundada em entendimento firmado no julgamento de recursos repetitivos:

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, SALVO quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos.

Em alguns casos menos graves, poderíamos aplicar o princípio da fungibilidade entre os recursos:

Art. 1029. § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo OU determinar sua correção, desde que não o repute grave.

Contudo, o STJ entende que não é cabível nem mesmo o agravo interno para o próprio Tribunal, já que a situação é tratada como erro grosseiro, não admitindo a fungibilidade entre as vias recursais.

Leia o julgado veiculado no Informativo 589 do STJ:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE REMESSA DE AGRAVO PELO STJ AO TRIBUNAL DE ORIGEM.

Após a entrada em vigor do CPC/2015, não é mais devida a remessa pelo STJ, ao Tribunal de origem, do agravo interposto contra decisão que inadmite recurso especial com base na aplicação de entendimento firmado em recursos repetitivos, para que seja conhecido como agravo interno. Com o advento do CPC/2015, que entrou em vigor em 18 de março de 2016 (Enunciado Administrativo n. 1 do Plenário do STJ), passou a existir expressa previsão legal no sentido do não cabimento de agravo contra decisão que inadmite recurso especial quando a matéria nele veiculada já houver sido decidida pela Corte de origem em conformidade com recurso repetitivo (art. 1.042, caput). Tal disposição legal aplica-se aos agravos apresentados contra decisão publicada após a entrada em vigor do Novo CPC, em conformidade com o princípio tempus regit actum. Nesse contexto, entende-se, diante da nova ordem processual vigente, não ser mais caso de aplicar o entendimento firmado pela Corte Especial no AgRg no AREsp 260.033-PR (DJe 25/9/2015), porquanto não há mais como afastar a pecha de erro grosseiro ao agravo interposto já na vigência do CPC/2015 contra inadmissão de especial que contrarie entendimento firmado em recurso especial repetitivo e, assim, determinar o retorno do feito ao Tribunal de origem para que o aprecie como agravo interno. Ressalte-se, por oportuno, que ficam ressalvadas as hipóteses de aplicação do aludido precedente aos casos em que o agravo estiver sido interposto ainda contra decisão publicada na vigência do CPC/1973. AREsp 959.991-RS, Rel. Min.

Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 16/8/2016, DJe 26/8/2016.

Item incorreto!

(22)

Recurso Extraordinário

Vamos agora ver algumas especificidades do Recurso Extraordinário.

Hipóteses de Cabimento

Veja só as hipóteses de cabimento do recurso extraordinário:

Constituição Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

É cabível o Recurso Extraordinário contra:

Decisão contrária a dispositivo da Constituição Federal de 1988

Decisão que declara a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal

Decisão que julga válida lei ou ato de governo local contestado em face da CF/88 Decisão que julga válida lei local contestada em face de lei federal

Você deve ter estranhado essa última hipótese de cabimento pelo fato de não estar presente violação direta à preceito constitucional.

Contudo, há violação reflexa à Constituição, pois é ela que define a competência legislativa. Se o Estado ou o Município invade a competência legislativa constitucional da União, temos um caso típico de conflito federativo em que é salutar a participação do STF em sua resolução.

Repercussão Geral

Já vimos que a repercussão geral é um requisito de admissibilidade do recurso extraordinário.

Veja a sua previsão constitucional e legal:

Art. 102 (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.

(23)

§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.

§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

Assim, podemos dizer que há repercussão geral quando se discutem, no recurso extraordinário, questões relevantes sob o ponto de vista econômico, político, social ou jurídico.

A repercussão geral funciona como um “filtro” para recursos sem relevância para a sociedade como todo.

ATENÇÃO! É irrecorrível a decisão do plenário do STF que conclui pela inexistência de repercussão geral de matéria discutida em RE.

O CPC/2015 estabeleceu alguns casos em que haverá repercussão geral presumida:

Art. 1.035. § 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;

II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal .

Veja que interessante: quando for reconhecida a repercussão geral da questão discutida, o relator do RE determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tratem do tema e tramitem no território nacional

3

; o recurso com repercussão geral conhecida deverá ser julgado no prazo máximo de 1 ano!

Art. 1.035. § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

§ 9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.]

3 A suspensão dos processos é uma medida elogiável, já que evita a proliferação de decisões conflitantes sobre a questão objeto de repercussão geral.

(24)

Poxa vida! Eu ganhei a causa e o meu adversário apresentou um recurso intempestivo (fora do prazo) que foi suspenso por tratar de tema com repercussão geral conhecida. E agora? Não quero esperar indefinidamente.

Se o recurso que estava sobrestado na verdade era intempestivo, você há de concordar que na realidade deveria ser reconhecida sua intempestividade e não o sobrestamento (suspensão) por prazo indefinido.

Tendo em vista tal situação, o recorrido poderá pedir ao Tribunal de origem que o recurso seja excluído da decisão de sobrestamento em razão de sua intempestividade.

O recorrente terá o prazo de 5 dias para se manifestar acerca do pedido de exclusão!

§ 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão.

Por fim, se for negada a repercussão geral, todos os recursos extraordinários sobrestados que versem sobre a mesma matéria terão seu processamento negado pelo tribunal de origem.

Art. 1.035. § 8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.

Para a análise da existência de repercussão geral, o relator poderá admitir o ingresso de terceiros na qualidade de amicus curiae, os quais se manifestarão acerca da matéria posta em discussão:

§ 4º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

O estudo da repercussão geral é essencial para a sua prova:

(FGV

– OAB/IX – 2012 - Adaptada)

Como forma de prestigiar o princípio da razoável duração do processo e propiciar uma prestação jurisdicional mais célere e eficiente, um legislador promoveu uma série de alterações na sistemática recursal do Processo Civil brasileiro. Nesse sentido, destaca-se a Emenda Constitucional n. 45/2004 que introduziu em nosso ordenamento jurídico a figura da repercussão geral.

Acerca deste instituto, julgue o item abaixo.

(25)

Sempre que o recurso impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, haverá repercussão geral.

RESOLUÇÃO:

Boa! O RE que impugna decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do STF possui repercussão geral presumida, não sendo necessária a demonstração das questões relevantes.

Vejas só os casos em que haverá repercussão geral presumida:

Art. 1.035. § 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;

II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal .

Item correto.

Mais uma:

(FGV

– OAB/IX – 2012 - Adaptada)

Como forma de prestigiar o princípio da razoável duração do processo e propiciar uma prestação jurisdicional mais célere e eficiente, um legislador promoveu uma série de alterações na sistemática recursal do Processo Civil brasileiro. Nesse sentido, destaca-se a Emenda Constitucional n. 45/2004 que introduziu em nosso ordenamento jurídico a figura da repercussão geral.

Acerca deste instituto, julgue o item abaixo:

A decisão que nega a existência da repercussão geral não tem o condão de atingir outros recursos que tratem de matéria idêntica, apenas gerando efeitos endoprocessuais.

RESOLUÇÃO:

Quando for reconhecida a repercussão geral da questão discutida, o relator do RE determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tratem do tema e tramitem no território nacional

4

; o recurso com repercussão geral conhecida deverá ser julgado no prazo máximo de 1 ano!

Art. 1.035. § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

4 A suspensão dos processos é uma medida elogiável, já que evita a proliferação de decisões conflitantes sobre a questão objeto de repercussão geral.

(26)

§ 9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.

Dessa forma, o reconhecimento da repercussão geral não gera apenas efeitos endoprocessuais (dentro do processo), mas pode se estender a outros processos.

Item incorreto.

Resolva esta questão:

(FCC – TJ/PI – 2015) Julgue o item abaixo.

O Supremo Tribunal Federal, em decisão recorrível mediante agravo interno, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, conforme definida em lei.

RESOLUÇÃO:

De fato, o STF não conhecerá do recurso extraordinário que não tiver repercussão geral reconhecida.

Contudo, essa decisão será irrecorrível.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.

Item incorreto.

Veja uma questão:

(CESPE – TJ/AM – 2016 - Adaptada) À luz da legislação processual civil e da jurisprudência dominante nos tribunais superiores acerca de recurso extraordinário e recurso especial, julgue o item abaixo.

Interposto recurso extraordinário, o tribunal a quo poderá negar-lhe seguimento se constatar a ausência do requisito específico da repercussão geral.

RESOLUÇÃO:

Epaaaa! Coloque isto na sua cabeça: a análise da existência de repercussão geral de questão constitucional é realizada exclusivamente pelo STF, de modo que o tribunal de origem (a quo) não tem competência para realizar tal análise!

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo. (...)

§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

Item incorreto.

(27)

Te apresento esta questão:

(FCC – TJ/PA – 2009 - Adaptada) A respeito do recurso extraordinário, é certo que a existência de a) questão relevante do ponto de vista político, que ultrapasse os interesses subjetivos da causa, não será considerada repercussão geral.

b) repercussão geral é de apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal.

c) litisconsórcio ativo ou passivo com mais de dez litisconsortes será considerada repercussão geral.

d) questão relevante do ponto de vista econômico, que ultrapasse os interesses subjetivos da causa, não será considerada repercussão geral.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. Questão relevante do ponto de vista político, que ultrapasse os interesses subjetivos da causa, poderá ser considerada repercussão geral.

b) CORRETA. Isso mesmo! A repercussão geral é de apreciação exclusiva do STF.

c) INCORRETA. Não há previsão legal para essa hipótese.

d) INCORRETA. Questão relevante do ponto de vista econômico, que ultrapasse os interesses subjetivos da causa, será considerada repercussão geral!

Recurso Especial

Vem comigo ver as hipóteses de cabimento do recurso especial:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Decisão contrária a tratado ou lei federal ou que lhes negue vigência

Decisão que julga válido ato de governo local contestado em face de lei federal

O recurso especial só é cabível contra ato de governo local (portarias, decretos, instruções etc.). Se a decisão julgar válida lei local contestada em face de lei federal, o recurso cabível é o extraordinário.

Decisão que dá a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal

Se o recurso especial tiver sido interposto contra decisão que interpreta lei federal de forma distinta

da de outro tribunal, o recorrente deverá provar essa divergência da seguinte forma:

(28)

Art. 1.029, § 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

Olha aqui uma questão:

(FGV

– MP/AL – 2018)

O Tribunal de Justiça negou provimento aos recursos interpostos pelo Ministério Público em ação civil pública ajuizada pela Instituição, o que resultou na improcedência do pedido formulado. No entender do Ministério Público, o acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça negou vigência a lei federal.

Para o caso, se preenchidos os demais requisitos exigidos, é cabível a interposição de recurso a) extraordinário, a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.

b) extraordinário, a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

c) especial, a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.

d) ordinário, a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

e) especial, a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

RESOLUÇÃO:

Um acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça que negou vigência de lei federal só pode ser atacado por meio de um Recurso Especial, que será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ):

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

Resposta: C

Vem comigo resolver esta questão:

(FCC – TRT/MA – 2009) Julgue o item abaixo.

A existência de repercussão geral é requisito de admissibilidade do recurso especial.

RESOLUÇÃO:

Jamais caia nessa pegadinha!

(29)

A existência de repercussão geral não é requisito do recurso especial, mas sim do recurso extraordinário!

Item incorreto.

Embargos de Divergência

Caro/a aluno/a... em diversas ocasiões, já discutimos a relevância da uniformização da jurisprudência no sentido de se manter um certo nível de coerência em relação às decisões de um mesmo Tribunal.

No âmbito do STF e do STJ, os embargos de divergência se revelam como o recurso destinado a impugnar acórdãos de órgãos fracionários (acórdãos embargados) que tenham divergido de acórdãos anteriores (acórdãos paradigmas) relativos a casos semelhantes julgados pelo mesmo tribunal.

ATENÇÃO! A divergência que permite a utilização dos embargos de divergência5

é interna, ou seja, existente entre os diversos órgãos fracionários do próprio tribunal (STJ ou STF).

Órgão fracionários, como o próprio nome diz, são “frações” de um tribunal, sendo criados para que o

tribunal possa atuar de forma mais eficiente, pois há verdadeira divisão de trabalho entre os seus respectivos membros.

Veja, por exemplo, como é organizado

6

o Superior Tribunal de Justiça:

5 A divergência pode se referir a questão de direito material ou processual. Isso não importa para fins de oposição de Embargos de Divergência:

Art. 1.043. § 2º A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual.

6 Os órgãos fracionários do STJ são as Seções e Turmas e a Corte Especial

Plenário Corte Especial

1ª Seção

1ª Turma 2ª Turma

2ª Seção

3ª Turma 4ª Turma

3ª Seção

5ª Turma 6ª Turma

(30)

É possível que haja o confronto:

Entre dois acórdãos de mérito

Entre um acórdão de mérito e outro que não tenha entrado no mérito do recurso, mas que apreciou a controvérsia.

Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:

I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;

III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;

ATENÇÃO! Cabem embargos de divergência para acórdãos proferidos pela

mesma turma,

desde que tenha havido a modificação de mais da metade de seus membros.

Assim, em regra, não cabem embargos de divergência se o acórdão embargado e o paradigma forem proferidos pelo mesmo órgão fracionário do tribunal.

Se em 2016 a 5ª Turma do STJ decidiu da forma X e em 2019 entendeu a matéria da forma Y, a princípio não há que se falar em cabimento de embargos de divergência, pois dizemos que houve uma

“superação de entendimento”.

Contudo, se nessa turma composta por 5 ministros houver a mudança de 3 ministros entre 2016 e 2019, podemos admitir o uso dos embargos de divergência, pois se considera que a turma praticamente não é mais a mesma pela mudança de mais da metade de seus membros.

Exemplificando...

Cabem embargos de divergência se a 5ª Turma

do STJ decidir uma tese

de maneira distinta da

decidida pela 6ª Turma!

(31)

Art. 1.043, § 3º Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em MAIS DA METADE de seus membros.

É possível que os embargos de divergência confrontem acórdãos proferidos em recurso com um outro proferido em ação de competência originária.

O contrário também vale, tá ok?

Art. 1.043, § 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de competência originária.

Confere comigo uma questãozinha:

(CESPE – FUNPRESP-EXE – 2016) Julgue o item subsequente, relacionado a recursos.

No âmbito do STJ, são cabíveis embargos de divergência contra decisão de turma que, ao julgar recurso especial, divirja do julgamento de outra turma.

RESOLUÇÃO:

Perfeito! Trata-se de hipótese típica de cabimento dos embargos de divergência: divergência de julgamento sobre uma mesma matéria entre turmas do STJ, em sede de recurso especial.

Vai mais uma questão:

(CESPE – TCE/PB – 2014 - Adaptada) Julgue o item subsequente, relacionado a recursos.

São cabíveis embargos de divergência contra decisão proferida em embargos de divergência.

RESOLUÇÃO:

Opa! O acórdão embargado e o acórdão paradigma devem ter sido proferidos em sede de recurso especial e de recurso extraordinário.

É possível, também, que um dos acórdãos tenha sido proferido em sede de ação de competência originária do STF e do STJ:

Art. 1.043, § 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de competência originária.

Veja outra questão:

(NC-UFPR – TJ/PR – 2019 – Adaptada) Sobre os recursos, julgue o item abaixo.

Os embargos de divergência, cuja finalidade é a uniformização interna nos tribunais superiores, serão

cabíveis somente quando houver divergência entre acórdãos de diferentes turmas do respectivo

tribunal.

Referências

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