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REVISTA BRASILEIRA D E H E M ATO L O G I A E H E M O T E R A P I A REVISTA BRASILEIRA D E H E M ATO L O G I A E H E M O T E R A P I A
Editoriais / Editorials
A Revista em 2008
Avaliação da eficácia dos métodos de
desinfecção cutânea em doadores de
sangue. Uma etapa relevante na
segurança transfusional
Efficacy of donor arm disinfection methods for
blood donors. One relevant step in blood safety
Cesar de Almeida Neto
Recebido: 22/10/2008 Aceito: 20/01/2009
Livre-Docente de
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z Hematologia – Coordenador do Setor deCriopreservação e Células da Fundação Zerbini.
Editor da Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia
Correspondência: Milton Artur Ruiz
Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 155 – 1º andar Setor de Criopreservação e Células da Fundação Zerbini Bairro Cerqueira César
05403-000 – São Paulo-SP – Brasil Email: milruiz@yahoo.com.br
Desde os anos 70, houve um grande avanço no contro-le da transmissão dos vírus por transfusão sanguínea. Entre-tanto, a transmissão de bactérias permanece como um
pro-blema relevante na prática transfusional.1 Blajchman estima
que, nos países desenvolvidos, o risco de se transfundir um concentrado de plaquetas contaminado por bactérias é 10 a 1.000 vezes maior do que a somatória do risco de se transfundir uma unidade infectada pelo vírus da imunodeficiência hu-mana, vírus da hepatite B e vírus linfotrópico de células-T
humanas.2
As possíveis fontes de contaminação bacteriana do sangue e seus componentes são: contaminação do local de punção, bacteremia do doador, contaminação de equipamen-tos e contaminação durante o processamento e estoque. De maneira geral, microorganismos oriundos da pele do doador, sejam eles transitórios ou residentes, são responsáveis por cerca de 90% das contaminações dos concentrados de pla-quetas e 70% das contaminações dos concentrados de hemá-cias.3-5 Portanto, a desinfecção da pele do doador
constitui-se na medida mais importante na prevenção da transmissão de bactérias por sangue e componentes.
Os fatores mais críticos que afetam a eficácia da desin-fecção do local de punção são: o tipo e combinação dos desinfectantes utilizados, concentração e quantidade dos desinfectantes aplicados, tempo de secagem e metodologia
na aplicação.1 Embora a coleta de sangue de doadores seja
um processo considerado simples e rotineiro, no nosso país há uma escassez de literatura médica abordando este proces-so. Neste fascículo, Fonseca et al.6 avaliaram 363 doadores
de sangue submetidos a quatro diferentes métodos de de-sinfecção. Os autores demonstram que a combinação de ál-cool etílico a 70% e agentes iodados (tintura de iodo e polivinilpirrolidona) foi mais eficaz na desinfecção da pele dos doadores de sangue do que o álcool a 70%, isoladamen-te, ou em associação com a clorexidina. Estes achados são de fundamental importância para tornar o processo de coleta do sangue mais seguro e eficiente, contribuindo para as boas práticas hemoterápicas, sem demandar grandes recursos fi-nanceiros. Ainda, a associação de álcool etílico a 70% e agen-tes iodados vai ao encontro das normas hemoterápicas naci-onais que recomendam que a desinfecção da pele seja feita em duas etapas: degermação e antissepsia.
flebo-2
Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2009;31(1):1-4 Editoriais
and molecular fields, there have been no major clinical improvements or therapeutic benefits for these patients so far. Except for bone marrow transplantation, treatment for SCD is largely palliative and good clinical practice should include efforts that improve the quality of life of patients including family based interventions.
By quality of life one should include housing, schooling, work, transportation, social activities, medical care and family support. Due to its historical background, SCD affects ethnical minorities, a common worldwide problem but particularly in Brazil, as most patients come from low income families, living in poor areas, frequently neglected by government policies that are supposed to improve primary healthcare, education,
transportation and housing.1 All these problems can add to
the known biological complications of SCD and affect the quality of life by generating anxiety and a considerable level of uncertainty about the future of both the patient and parents.2 In this setting, family support is critical for successful
treatment in SCD.
Hence, parents usually go through different emotional phases when they are told that their child has SCD and may feel confused, anxious, depressed, or even frightened because they do not know how this condition is going to affect their
child.3 Despite of its importance, this subject is rarely
discussed in full and parents may find it very stressful to provide care to an affected child. Moreover, when the family fails to cope with this condition, it is not unusual for SCD patients to experience more physical and emotional problems.4,5
In this issue of the RBHH, Guimaraes et al.6 report
important insights based on interviews with relatives of 10 Brazilian SCD patients. Among the topics addressed, some results are particularly concerning such as maternal overburden and isolation due to dedication to an affected child, non-acceptance of the disease, the feeling of guilt, fear of death specially during episodes of pain, misinformation about the disease and the perception that, in many aspects, the public health services are not prepared to meet their needs. This work also emphasizes the need for a specific family based program to provide information and support (professional, emotional and even financial) on a regular basis as well as evaluation of feedback. However, it is sad that even nowadays many families are still misinformed or being treated in an unsympathetic manner by health professionals or stigmatized by the general population. In our view, participation of family members in treatment decisions, patient associations and group meetings should be encouraged and information using appropriate language and means should be made available at any time.
References
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2. Anionwu EN, Atkin K. The politics of sickle cell and thalassaemia. Buckingham: Open University Press, 2001.
tomistas nas técnicas de desinfecção da pele de doadores, fatores de risco para contaminação bacteriana, testes de tria-gem para bactérias e retrovigilância das unidades infectadas são factíveis e necessários. Além disso, os avanços nos mé-todos de inativação de vírus e bactérias no sangue e compo-nentes têm um futuro promissor e já iniciaram mais um fasci-nante capítulo na história da hemoterapia.
Referências Bibliográficas
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5. Stainby D, Cohen H, Jones H, Knowles S, Milkins C, Chapman C, et al. Serious hazards of transfusion (SHOT). SHOT Annual Report. 2003:1-88.
6. Fonseca LG, Langhi Júnior DM, Carvalho RLB, Mimica LMJ, Chiattone CS. Avaliação da antissepsia cutânea por quatro méto-dos em doadores de sangue. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2009; 31(1):5-8.
Avaliação: O tema abordado foi sugerido e avaliado pelo editor. Recebido: 05/01/2009
Aceito: 06/01/2009
Chefe do Departamento de Aféreses da Fundação PróSangue -Hemocentro de São Paulo. Médico Assistente do Serviço de Hemoterapia do Hospital Nove de Julho.