CONTROLE POPULACIONAL DE CÃES, ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE CASTRAÇÃO QUÍMICA DE MACHOS AVALIANDO-SE O CONTROLE DA DOR
COM PROTOCOLO ANALGÉSICO DE DIPIRONA ASSOCIADO A DEXAMETASONA
Larissa Meyer de FIGUEIREDO1; Ariane ALEIXO GRACIOLLI2; Mariza Fordellone Rosa CRUZ3; Celmira CALDERÓN4; Isabela Giovana Schwarz Soares de NOVAES5
e Mariana Palma Correa da SILVA6
1-Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Norte do Paraná,
larissameyer_89@hotmail.com
2- Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Norte do Paraná, arianealeixo1@hotmail.com
3- Professora doutora do departamento de Epidemiologia, Universidade Estadual do Norte do Paraná, 4- Professora doutora do departamento de Patologia Veterinária, Universidade Estadual do Norte do Paraná
5- Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Norte do Paraná 6- Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Norte do Paraná
Resumo
Palavras-chave: Esterilização química, Bem-estar animal, Agentes esclerosantes. Keywords: Chemical sterilization, Chemical castration, sclerosing agents.
Introdução
Em virtude da grande demanda de cães errantes encontrado no perímetro urbano e da proliferação de doenças e zoonoses vinculadas a esse processo, busca-se encontrar soluções eficientes e economicamente viáveis para solucionar ou amenizar o problema (GARCIA et al, 2012). A castração química é uma alternativa acessível para a população, além de ser um método prático, possibilita a esterilização de um elevado número de animais em um curto espaço de tempo, em concordância com as obrigações das normas legais na área de controle populacional canina (NEVES et al, 2009).
Verifica-se a necessidade de estudos referentes a protocolos analgésicos que sejam eficazes quando realizada a castração química, com intuito de evitar reação inflamatória e nível de dor exagerados. A dor traz malefícios, induz o organismo a uma resposta de estresse, além de imunossuprimir o paciente (WETMORE; GLOASKI, 2000).
A mensuração dos níveis de dor nos animais, pode ser realizada através da
escala de dor da Universidade de Melbourne, baseada em respostas comportamentais e fisiológicas específicas dos animais, através da observação e interpretação do avaliador (GAYNOR; MUIR, 2009).
Material e Métodos
Foi realizada a aplicação da solução injetável da marca comercial INFERTILE ® (Rhobifarma Indústria Farmacêutica Ltda.) - a fórmula contém Gluconato de Zinco 2.620,0 mg/ 100mL para o método contraceptivo definitivo, em 30 cães machos na cidade de Bandeirantes- PR em duas doses com intervalo de 30 dias. A técnica foi efetuada em cães sem raça definida, com idade entre 9 meses a 10 anos, pesando entre 3,4kg e 24 kg. O volume do esterilizante foi estabelecido através da mensuração do diâmetro transversal do testículo e administrado, conforme as recomendações contidas na bula do produto.
intramuscular 30 minutos antes da aplicação do esterilizante, após este período foi realizada a contenção física e a aplicação de 0,5 ml de Cloridrato de Lidocaína 2% (Syntec do Brasil Ltda., Cotia-SP) em cada funículo espermático e na parte anterior superior do testículo. Em seguida à aplicação administrou-se Dipirona sódica 500mg (Fort Dodge Saúde Animal Ltda., Campinas- SP), via intramuscular.e 0,2 mL de Dexametasona (Déxium solução injetável, Chemitec Agro-Veterinária Ltda., São Paulo). O responsável pelo animal foi orientado a administrar Dipirona monoidratada 500mg/ml (Medley Indústria Farmacêutica Ltda.) via oral, a cada oito horas, durante três dias pós-procedimento.
Para avaliação da dor nos animais foi utilizada a Escala de Dor da Universidade de Melbourne (UMPS – University of Melbourne Pain Scale), a escala é dividida em descritores múltiplos em seis categorias, que contam com observações das discentes embasadas em alterações comportamentais e fisiológicas, tais como estado mental, postura, vocalização, presença de dilatação pupilar, nível de atividade, resposta à palpação, além da mensuração dos valores de FC, FR e temperatura retal. O escore final é dado pela somatória da pontuação de cada categoria e pode variar entre zero e 10; a escala segue os seguintes princípios de zero-1 sem dor, de 1-2 leve, de 3-6 moderada, 7-8 forte e 9-10 pior que existe. A tabela foi aplicada a todos os animais no dia do procedimento e três depois, posteriormente foi realizada a análise qualitativa dos dados e análise estatística através da média pareada pelo teste t de student.
Resultados e Discussão
Através da análise estatística do teste t de student, observou-se diminuição significativa da temperatura no primeiro e segundo dia, com p≤0,05 e não significativa ao terceiro dia com p>0,05, apesar das médias terem sido sensíveis ao teste t, as mesmas encontram-se dentro do parâmetro fisiológico para cães, entre
37 C.
(6,66%) sialorréia e em 6 animais (20%) vocalização duas horas em média, após a esterilização. A vocalização é a manifestação corporal de dor mais reconhecida nos animais, é apresentada por choros, gemidos, uivos, latido e rosnado (CARROL, 2006). Apenas no primeiro dia foram observados episódios de êmese em 9 animais (29%), dentre eles 7 apresentaram um único episódio, 1 com dois episódios e 1 com cinco episódios, intercalados nas primeiras 24 horas. O que sugere náuseas e mal-estar provocados pelo esterilizante. De acordo com Wang (2002) nos primeiros dias após a aplicação do Gluconato de Zinco, os animais podem apresentar dor, irritação, dermatites, vômitos e ulcerações. O analgésico apresentou-se eficaz reduzindo a presença de dor exacerbada nos animais, porém houveram indicativos de maior sensibilidade em alguns animais.
Observou-se alterações comportamentais, em 9 cães (63%) ficaram apáticos, com falta de interação social, 17 animais (56%) apresentaram desconforto ao caminhar (claudicação) e inapetência. Três cães (10%) apresentaram uma postura anormal, decúbito lateral com os membros posteriores entreabertos. A partir do segundo dia os animais mostraram-se mais sociáveis e com apetite normalizado, sem apresentar características de desconforto ao se locomoverem ou dor à palpação. Alguns animais permaneceram na maior parte do tempo em decúbito lateral, sem vocalização e apresentando reação de proteção a tentativa de toque, segundo Paula e Moliento (2012).
De acordo com os resultados da Escala de Dor da Universidade de Melbourne, 18 animais (60%) apresentaram dor moderada, 10 animais (33,33%) dor leve e 2 animais, 6,66% não apresentaram dor dentro de 24 horas após realizada a aplicação do produto. Nos dois dias posteriores ao procedimento não houve indicativos de sensibilidade dolorosa nos animais.
Conclusão
É recomendado o uso de analgésico e anti-inflamatório após a castração
um protocolo analgésico mais eficiente visando melhor resposta dos animais mais sensíveis. A castração química é um excelente método para ser realizado como forma de controle populacional, tratando-se de uma alternativa para solucionar o problema da grande demanda de cães errantes, que afeta a saúde pública.
Referências
CARROL, G. Tratamento da dor perioperatória. In: FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo, Roca, p. 94 – 99, 2006
GARCIA, R.C.M.; CALDERÓN, N.; FERREIRA F. Consolidação de diretrizes internacionais de manejo de populações caninas em áreas urbanas e proposta de indicadores para seu gerenciamento. Rev. Panam. Salud. Publica. 32, 140, 2012. Gaynor, J.S.; Muir, W.W. In: Manual de controle da dor em Medicina Veterinária, Ed.: MedVet (ed.). São Paulo, Vol. 2, 643-650, 2009.
NEVES, M A; FERREIRA, VF ; TREVIZAN D; SOTO, MARTINS R F L, .Utilização do método de castração química como uma das ferramentas no controle populacional de cães no município de americana/sp, III Congresso Nacional de Saúde Pública Veterinária-Bonito MS. 2009
PAULA, P.M.C; MOLENTO,C.F.M. Avaliação da dor pós intervenção em três métodos de esterilização de cães machos. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 49, n. 4, p. 255-261, 2012.