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Academic year: 2021

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Jornal Brasileiro

Auditoria em Saúde

Edição 004

Janeiro 2016


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Editorial

Goldete Priszkulnik

Chegamos à quarta edição do JBAS.

Temos percorrido um árduo caminho. Este foi um ano difícil para a saúde suplementar e para a economia brasileira. Vivemos no momento várias incertezas políticas e econômicas.

Fusões, aquisições, vendas de participações acionárias movimentam o mundo das operadoras e dos prestadores de serviço em saúde.

Pela primeira vez desde a promulgação da Lei 9656/98 tivemos uma diminuição do contingente de beneficiários na saúde suplementar. Dado preocupante e desafiador para a estabilidade de todo um sistema.

2016 com certeza não será nada fácil. Ao mesmo tempo tivemos a publicação do novo rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde, a RN nº 387. Os problemas do dia a dia da auditoria nos questionam e nos interpelam constantemente. Como dizem os colegas, cada dia uma novidade. Manter-nos atualizados requer uma disciplina que por vezes não conseguimos quando estamos no lida diária e nos deparamos com as urgências das liberações.

Contudo precisamos estar atentos. Muita coisa nova está chegando. Medicamentos, quimioterápicos, imunobiológicos, biossimilares, equipamentos e materiais de alto custo, incluindo próteses e órteses. Com a alta do dólar vimos alguns preços simplesmente dispararem.

Trouxemos nesta edição uma visão abrangente do novo rol e seus possíveis impactos na despesa assistencial das operadoras.

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A judicialização na saúde está chegando a níveis críticos com juízes definindo incorporação acrítica de medicamentos e equipamentos, bem como internações domiciliares sem indicação.

Continuando com o fale com o especialista estamos trazendo uma entrevista com uma professora expert em Esclerose Múltipla.

Serão os biossimilares os genéricos dos imunobiológicos. Para entendermos este assunto apresentamos uma discussão muito elucidativa e preocupante do tema em questão

E para finalizar teremos nosso “momento cultura” com uma inserção acerca do soro caseiro. Medida simples que trouxe grandes benefícios em termos de saúde populacional.

Contribuam submetendo seu material para publicação pelo e-mail:

jbas@jbas.com.br Boa leitura!

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Reynaldo Rocha do Nascimento Junior

BIOSIMILARES! SERAO OS GENERICOS DOS BIOLOGICOS?

A partir de 2015 começamos a presenciar no Brasil e no mundo, intensas discussões sobre os medicamentos Biosimilares.

Yara Dadalti Fragoso

AUDITORIA EM ESCLEROSE MULTIPLA

Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune, inflamatória, crônica do sistema nervoso central.

Carlos Roberto Ramos Pereira

A Saude no tribunal

A chamada judicialização da saúde começou no Sistema Único de Saúde (SUS) e logo afetou o sistema privado.

Joao Paulo dos Reis Neto

Impacto financeiro do Rol da ANS, RN 387

Desde 02 de janeiro de 2016 entraram em vigor as novas

coberturas do Rol de Procedimentos, de acordo com a RN 387 de 28/10/2015.

Goldete Priszkulnik

MOMENTO CULTURA

Nunca na história deste país a saúde suplementar teve uma queda no número de beneficiários assistidos.

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"A ANVISA não reconhece o termo “Biossimilar”, tratando o assunto como “Produto Biológico Novo”

(ou de referência) ou apenas “Produto

Biológico” (para todas as situações que não seja de referência)."

Biossimilares! Serão os genéricos dos biológicos?

standard | Janeiro, 2016 | Artigo

A partir de 2015 começamos a presenciar no Brasil e no mundo, intensas discussões sobre os medicamentos Biossimilares.

Entretanto, falar em Biossimilares como “os genéricos dos imunobiológicos” é certamente simplificar ao extremo este assunto.

Também não é nossa pretensão esgotar em um simples texto um assunto tão extenso, nosso propósito é despertar a atenção do leitor para alguns aspectos delicados deste tema.

A complexidade da estrutura e do processo de elaboração dos diferentes produtos químicos sintéticos pode variar bastante, assim como entre os próprios biológicos. Mas a diferença na complexidade de elaboração entre os produtos químicos sintéticos para os biológicos é extrema.

Medicamentos químicos sintéticos são manufaturados a partir de outros produtos químicos, com processos físico-químicos já

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amplamente conhecidos e dominados. Portanto, fazer cópias destes medicamentos pode não ser fácil, mas com recurso suficiente o processo pode ser realizado com êxito e segurança.

Neste caso, a cópia tem que ter a mesma estrutura química e comprovar igual biodisponibilidade e bioequivalência que o produto de referência para assegurar o título de “Genérico”.

Já os biológicos são produtos oriundos de processos biológicos, ou seja, feitos por células ou outros organismos vivos, com uma complexidade infinitamente superior. Neste caso, não basta apenas ter uma amostra do produto de referência. O produto não é sintetizado pelo homem e seus equipamentos, mas sim por organismos vivos.

Enquanto o produto químico sintético genérico precisa apenas demonstrar bioequivalência e biodisponibilidade, os Biosimilares precisam provar que tem a mesma estrutura, mesma cadeia de processo (qualidade), mesma segurança e mesma eficácia dos biológicos denominados de referência.

Na grande maioria dos países, inclusive no Brasil, as agências regulatórias exigem documentação do processo de manufatura e a realização de estudos de Fase 1 e 3 para aprovar um Biossimilar.

Os estudos de Fase 3, geralmente, são por Intenção de Tratar, utilizam um “N” menor (200 a 600 pacientes em média), são sempre “Head-To-Head” com a droga de referência e o desfecho medido costuma ser o de “Não Inferioridade”. 

Este conjunto de exigências regulatórias certamente nos traz um pouco mais de tranquilidade, mas nem de longe encerra a discussão. Alguns assuntos ainda são fronteiras de intensos conflitos.

A ANVISA não reconhece o termo “Biossimilar”, tratando o assunto como “Produto Biológico Novo” (ou de referência) ou apenas

“Produto Biológico” (para todas as situações que não seja de referência).

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A ANVISA determinou 03 vias regulatórias possíveis para o registro de um produto biológico no Brasil. A primeira via é o “Dossiê Completo” utilizado habitualmente para um produto Biológico Novo (de referência). A segunda é a “Desenvolvimento Por Comparabilidade” específica para Biossimilares. Esta é a mais adequada, pois exige estudos de Fase 3 (já comentado acima).

Nesta via, são aprovados apenas os Biosimilares que comprovarem eficácia não inferior e toxicidade equivalente ou menor que o produto de referência. O grande problema está na 3ª via ou “Desenvolvimento Individual”, na qual o medicamento deve apresentar um Dossiê Completo, porém com redução de informações. Nesta via, o medicamento deve apresentar um estudo de não inferioridade, mas não há obrigação de comparação com o medicamento de referência. Basta demonstrar atividade terapêutica e segurança. Seria, por exemplo, como aprovar uma cópia do Infliximabe para tratamento da Artrite Reumatoide comparado apenas ao Metrotrexato e não com os seu respectivo biológico de referência. Esta “Via Alternativa” tem preocupado os que militam nesta área.

Outras fronteiras têm sido alvo de críticas. A questão sobre a extrapolação da indicação, da intercambialidade e da substituição.

A extrapolação é admitir que um Biossimilar que comprovou (através de estudos) ser tão bom quanto o seu biológico de referência para uma doença específica, o seja igualmente para outra patologia para a qual não foi testado com estudos adequados. Exemplo: se um Biossimilar demonstra ser equivalente ao Adalimumabe para Artrite Reumatóide, podemos assumir que ele será igualmente bom para Doença de Crohn? Neste caso específico, o mecanismo de ação do Adalimumabe na Artrite Reumatoide sequer é o mesmo que na Doença de Crohn! Mas poderíamos aceitar se o fosse? Como, por exemplo, no caso da Artrite Psoriática? Considerando estes medicamentos equivalentes poderíamos trocá-los durante o curso de uma terapia? Ou seja, o paciente começaria o tratamento com um medicamento de referência e no curso de sua terapia poderia ter o medicamento trocado por um Biossimilar?

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No Brasil, para medicamentos considerados “intercambiáveis” o médico está autorizado a trocá-los durante a terapia. No caso dos classificados como “substituíveis”, o próprio farmacêutico está autorizado a trocá-lo no balcão da farmácia ou no centro de dispensação, mesmo se na receita médica estiver registrado o medicamento de referência. Em relação aos Biossimilares, a ANVISA ainda não regulou esta situação de forma clara.

Os medicamentos biológicos têm ainda uma característica de suma importância: a imunogenicidade. Além dos rigorosos processos de controle de impurezas durante a produção, estes medicamentos são grandes complexos protéicos e oriundos de tecidos vivos, os quais são habitualmente alvos de anticorpos, alguns chamados AMAs (Anticorpos humanos anti-murinos). Esta imunogenicidade pode provocar reações adversas e, consequentemente, comprometer a eficácia do medicamento.

Diante deste cenário, como se comportará a imunogenicidade dos Biosimilares? Será que valerá a pena trocar um biológico em um paciente que está respondendo bem e sem indícios de imunogenicidade por um Biossimilar? Neste caso, se o Biossimilar produzir imunogenicidade, provavelmente o retorno ao medicamento inicial não logrará mais o mesmo efeito, pois possivelmente haverá reação cruzada também com biológico de referência. Portanto, todo o investimento feito neste paciente pode estar comprometido.

Outra fronteira não menos preocupante é a questão da Farmacovigilância. Sabemos que a Farmacovigilância não é um ponto forte em nosso país. Contudo, em um cenário de Biossimilares, onde além de perda de eficácia ainda poderíamos ter problemas de toxicidade e imunogenicidade, como será este controle? Considerando aspectos como intercambialidade e substituição, como será a farmacovigilância destes casos? Como e a quem será atribuída a falha terapêutica quando Biológicos de referência e Biosimilares forem administrados em um mesmo paciente alternadamente?

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Uma pesquisa multicêntrica questionou a médicos e gestores de sistemas de saúde qual deveria ser a redução no valor dos medicamentos Biossimilares para que os mesmos pudessem ser atrativos. No Brasil, que demonstrou uma das mais elevadas expectativas, este percentual variou entre 20% a 30%.

Portanto, há uma reflexão a fazer: os Biossimilares são semelhantes aos genéricos apenas em seus propósitos: baratear o custo do medicamento e facilitar (ampliar) o acesso à população.

Quanto maiores forem as exigências regulatórias, principalmente no que tange a processos e estudos clínicos, mais onerosa será a produção deste Biossimilar e, possivelmente, será menor a diferença entre o preço desta cópia e o seu biológico de referência.

 Por outro lado, flexibilizar os rigores regulatórios pode diminuir o custo de produção dos Biossimilares e facilitar o acesso, mas provavelmente aumentariam os riscos de ineficiência, toxicidade e imunogenicidade.

Creio que a discussão que a sociedade terá de fazer é: quais os riscos estamos dispostos a assumir para assegurar um acesso mais abrangente?

Reynaldo Rocha do Nascimento Junior

Médico formado pela UFBA.

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"Esclerose Múltipla (EM) é uma doença

autoimune, inflamatória, crônica do sistema nervoso central."

Auditoria em Esclerose Múltipla

standard | Janeiro, 2016 | Entrevista

A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica caracterizada por inflamação e degeneração do sistema nervoso central, potencialmente levando a graves incapacidades neurológicas.

Apesar de ter baixa prevalência na população geral a EM pode comprometer a qualidade de vida dos pacientes e torna-los dependentes para as atividades da vida diária. É uma condição mais comum em mulheres e o início da doença tipicamente ocorre entre os 20 e 40 anos de idade.

A prevalência no Brasil varia de 4 a 30 casos para cada 100,000 habitantes valendo o gradiente de latitude. Quanto mais longe do equador, maior a prevalência.

Como devemos auditar estes casos. Quais indicadores devemos acompanhar? Qual o prognóstico? Qual o padrão ouro de diagnóstico? Quais terapias devemos autorizar? Qual a classe de medicamentos que devemos utilizar?

Para ajudar a dirimir essas dúvidas e questões o JBAS entrevistou a Profa. Dra Yara Dadalti Fragoso, neurologista, neurocientista e Professora Titular da Disciplina de Neurologia da Universidade

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Metropolitana de Santos e Coordenadora do Centro de Referência em Esclerose Múltipla da DRS IV da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo desde 2001.

JBAS: Incialmente gostaríamos que a professora definisse o que é a Esclerose Múltipla e a fisiopatologia.

Profa. Dra. Yara: Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune, inflamatória, crônica do sistema nervoso central.

Manifesta-se tipicamente por surtos que duram semanas a meses, refletindo a desmielinização dos axônios em certas áreas do sistema nervoso central. Dependendo da área afetada, os sintomas são diferentes e não existe um padrão típico para todos os pacientes ou todos os surtos: pode ser perda de visão, de audição, de força, de coordenação, alterações da sensibilidade etc.

Importante lembrar que estes sintomas se instalam ao longo de 24 a 48 horas e persistem por semanas ou meses, tendo regressão espontânea. Com o passar do tempo, ou dependendo da gravidade do surto, a recuperação não é completa. Ao mesmo tempo que ocorre inflamação do sistema nervoso central, o processo de degeneração dos neurônios começa a acontecer. A doença não tem causa específica conhecida, mas por ser autoimune sabemos que o organismo reage agredindo sua própria mielina, que reveste axônios. Uma vez depletados deste revestimento, os axônios passam a ser disfuncionais e os sintomas neurológicos aparecem.

JBAS: A professora fala em regressão espontânea dos sintomas após instalação do surto. Como auditores pergunto: devemos autorizar tratamentos neste período? Se sim, quais seriam?

Profa. Dra. Yara: Nos surtos o tratamento é a pulsoterapia com corticoides. Geralmente é feita endovenosa por cinco dias, mas pode ser via oral por 4 a 6 semanas, porém com muito mais eventos adversos e intolerância. Tratamento com imunoglobulina humana nos surtos ou em longo prazo carece de evidência científica.

JBAS: Quais são os requisitos mínimos que devemos solicitar para um diagnóstico definitivo da patologia?

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Profa. Dra. Yara: Para diagnóstico da doença, é preciso uma boa consulta médica (habitualmente mais de meia hora), pelo menos uma ressonância magnética de encéfalo de boa qualidade (1,5 Tesla ou mais, em aparelho fechado), coluna cervical e torácica (por ocasião do diagnóstico e de um eventual surto que tenha características medulares) e exames de sangue (HIV, HTLV 1 e 2, hemograma, dosagem de vitamina B12 e de vitamina D, VDRL, pesquisa de colagenoses. São essenciais para diagnóstico diferencial e para liberação das medicações de alto custo via SUS) e líquor para descartar outras doenças que podem se manifestar de forma semelhante (exemplo, déficit de B12, sífilis, etc.)

JBAS: Como definir a gravidade dos casos e como definir o grau de assistência a ser prestado? Há algum índice ou tabela a ser utilizado?

Profa. Dra. Yara: A gravidade é medida por várias escalas. A mais comum é a escala expandida de incapacidade (EDSS) que varia de zero (normal) a dez (morte) com variações de meio ponto. Escalas de função visual, fadiga, sono, cognição e qualidade de vida são rotineiramente utilizadas.

JBAS: Podemos dizer que quanto mais comprometido estiver o paciente maior será o grau de assistência multiprofissional a ser prestado? A solicitação desta escala expandida de incapacidade seria uma forma de balizar o auditor em saúde?

Profa. Dra. Yara: Não é apenas a incapacidade neurológica medida pela escala mencionada que determina a necessidade de tratamento multiprofissional. Por exemplo, depressão é mais comum nas fases iniciais onde existe mais inflamação que degeneração. Idem para a fadiga e intolerância ao calor. A proposta de tratamento multidisciplinar é contínua, pois todas as fases da doença demandam atenção para melhora da qualidade de vida dos pacientes.

JBAS: Qual o papel da auditoria em saúde na viabilização do processo de atendimento integral ao portador de EM.

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Profa. Dra. Yara: Embora o paciente e a mídia costumem enfatizar o papel das drogas no tratamento da doença, é através deste tratamento medicamentoso associado a reabilitação, consultas regulares e exames de imagem anuais que o controle pode ser obtido. O paciente também precisa mudar seus hábitos de vida e estabelecer uma rotina bem saudável de alimentação e exercícios.

JBAS: Qual é a classe de medicamentos disponíveis para o tratamento da EM?

Profa. Dra. Yara: Interferons beta em três formulações diferentes e acetato de glatirâmer são as drogas clássicas, utilizadas com segurança há mais de duas décadas. Drogas mais novas como anticorpos monoclonais e medicações orais recentemente implantadas no arsenal terapêutico tem boa evidência de eficácia e segurança, porém trazem perfil mais perigoso de eventos adversos. A tendência é começar o tratamento com drogas clássicas, a menos que seja um caso muito agressivo, onde o melhor é iniciar com as novas drogas.

JBAS: Qual o melhor conselho que devemos dar para um auditor para que possamos ter uma melhor assistência ao melhor custo possível?

Profa. Dra. Yara: A doença é complexa e exige cuidado multidisciplinar.

JBAS: A professora aconselha os acometidos pela doença e seus familiares a procurarem as associações de pacientes para informações e troca de experiências?

Profa. Dra. Yara: É preciso ter cuidado neste momento. A tendência é o paciente e seus familiares procurarem informações na mídia, buscarem tratamentos usados por “celebridades”, tratamentos alternativos, vitaminas, picadas de abelhas, cirurgia da veia jugular, dietas miraculosas e outras tantas barbaridades vistas por nós na prática diária. O paciente tem que ter fontes idôneas de informações, o médico e a equipe tem que se envolver e ficar à

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disposição para esclarecimentos. Associações de pacientes são uma boa opção, mas devemos lembrar que nelas também pode se disseminar a tendência de tratamento “da moda”. Procurem apenas associações devidamente registradas e com palestras dadas por profissionais experientes.

JBAS: Quais são suas considerações finais?

Profa. Dra. Yara: Faço questão de reafirmar que os pacientes e seus familiares precisam ser informados sobre tratamentos miraculosos sem evidência científica alguma. Altas doses de vitamina D, picadas de abelhas, cirurgias da jugular e outros tantos

“modismos” não tem qualquer papel no tratamento da esclerose múltipla. Somente com o paciente fazendo sua parte (mudança dos hábitos de vida), com a medicação baseada em evidências e com a reabilitação (fonoaudiológica, fisioterapica, terapia ocupacional, psicológica, nutricional, etc.) podemos ter o controle adequado da doença e garantir a qualidade de vida do paciente.

JBAS: Agradecemos a Profa. Dra. Yara pelo tempo dispendido e também por compartilhar conosco sua expertise e experiência na área. 

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Yara Dadalti Fragoso

Neurologista, Neurocientista. Graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (1981), neurologista (HSPE 1985), mestrado (1990) e doutorado (1994) pela Universidade de Aberdeen Escócia. Pós graduação reconhecida e validada pela USP como Mestrado e Doutorado em Medicina. Pós doutorada (CsF) e pesquisadora sênior do Institute of Medical Sciences, Universidade de Aberdeen Escócia, com pesquisas em neurociência translacional. Bolsista CNPq PQ. Professora titular da Disciplina de Neurologia da Universidade Metropolitana de Santos, professora adjunta da Iniciação Científica da mesma instituição;

coordenadora do Centro de Referência em Esclerose Múltipla da DRS IV, Sec Saúde SP desde 2001. Docente permanente da pós graduação da UNIMES e docente colaboradora da pós-graduação da UNIRIO. Líder do grupo de pesquisa CNPq "Doenças neurológicas crônicas" desde 2007

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"A chamada judicialização da saúde começou no Sistema Único de Saúde (SUS) e logo afetou o sistema privado"

A saúde no tribunal

standard | Janeiro, 2016 | Artigo

        Recorrer a processos e liminares para garantir atendimento e recursos médicos não é uma prática recente. A chamada judicialização da saúde começou no Sistema Único de Saúde (SUS) e logo afetou o sistema privado, que por conta da precariedade dos serviços públicos adquiriu caráter essencial para a manutenção da saúde do cidadão.

      Os casos que chegam à Justiça envolvendo a saúde suplementar saltaram de 240 mil, em 2011, para 392 mil em julho do ano passado, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com isso, nasceu uma indústria de liminares preocupante para os tribunais de justiça de todo o Brasil. “Há uma tendência do judiciário em defender a saúde suplementar e a complementar, pois elas carregam a responsabilidade pelos serviços que deveriam ser prestados pelo sistema público, setor mais protegido”, alega o advogado especialista em saúde suplementar e sócio na Dainesi & Parré Advogados, Márcio Dainesi.

        Sobre o número crescente de processos, o profissional diz que as razões vão além do maior acesso da população à justiça. A explicação está, por exemplo, no aumento da pirâmide etária, que

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não só elevou o custo da saúde pública e da privada como também fez aumentar o espectro do contrato. Ainda na lista de justificativas está o rol estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que impõe às operadoras conceder produtos e serviços superiores ao acordado no contrato. “É legítimo o consumidor procurar seus direitos quando se sentir lesado, mas esse tipo de conduta encoraja os beneficiários a reivindicar na Justiça as coberturas que escolheram excluir de seus planos, ou seja, promove a judicialização injusta”, explica o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano. Por outro lado, muitos acabam em um processo por desconhecimento dos contratos e da legislação, desprezando as regras de carência – período compreendido entre o início de vigência do contrato e o início da cobertura contratada.

Sinistralidade, inflação médica e uso abusivo. Além de obrigar operadoras a cobrir procedimentos não previstos em contrato ou em regulamentações e leis que regem a saúde suplementar, as decisões judiciais pedem o custeio de tratamentos experimentais e de medicamentos não aprovados pela ANS. Como os planos se baseiam no mutualismo, sistema no qual todos contribuem para cobrir o custo assistencial de quem necessita utilizar o serviço médico-hospitalar, a elevação de custos aumenta também a contribuição de cada beneficiário. “Levada ao extremo, a situação pode inviabilizar os planos de saúde”, declara Pedro Ramos, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge).

      A edição de julho do “Boletim da Saúde Suplementar – Indicadores Econômico-financeiros e de Beneficiários”, publicado pela FenaSaúde com base nos dados extraídos dos sistemas de informação da ANS, aponta que as operadoras de planos de saúde associadas à entidade destinaram R$ 45,2 bilhões ao pagamento de consultas, exames, cirurgias e outras despesas assistenciais entre março de 2014 e 2015. Segundo o documento, o valor equivale a 84,6% do total de despesas das associadas, que chegaram a R$ 53,4 bilhões com a soma das despesas administrativas, de comercialização e impostos. Já no mercado brasileiro, as operadoras desembolsaram R$ 134,8 bilhões no mesmo período.

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      Já Coriolano afirma que a judicialização é mais um elemento, dentre outros, que onera a saúde privada e eleva o nível de sinistralidade – quanto maior a sinistralidade, mais cara será a inflação médica. Para se ter uma ideia, entre as associadas da FenaSaúde a taxa de sinistralidade alcançou 84.3% nos últimos 12 meses terminados em março de 2015, expansão de 2,6 ponto percentual na comparação com os últimos 12 meses terminados em março do ano anterior. “As prescrições inadequadas de tratamentos médicos, que muitas vezes não têm indicação comprovada, as inclusões de novas tecnologias e as distorções de preços exercem forte pressão nas despesas e ajudam a aumentar essa taxa”.

Evitando processos:

      Não há como interferir em um processo em andamento, mas é possível lidar com a questão da judicialização de forma preventiva. No caso das consultorias em benefícios, uma orientação ao setor de Recursos Humanos das empresas pode reduzir significativamente os riscos desta prática. A atuação é fundamental para que, desde a implantação de um plano de saúde, os funcionários tenham ciência das coberturas a que têm direito e suas obrigações com relação ao benefício oferecido. “O RH deve ser o primeiro a se conscientizar de que as concessões de excepcionalidades para atendimentos fora do escopo contratual e as ações impetradas contra as operadoras reverterão em ônus sobre os custos do programa de assistência médica oferecido aos funcionários e dependentes. Desta forma, é necessário que tenha ou receba suporte técnico adequado para orientar corretamente os funcionários”, destaca Ligia Parise, diretora da divisão Internacional e Consultoria da área de Capital Humano e Benefícios da Willis.

      Para prestar esse tipo de consultoria, a Willis utiliza mecanismos educativos que incluem palestras e manuais adequados à linguagem de cada empresa, oferta de diferentes programas de promoção e prevenção de saúde e o Programa de Assistência ao Empregado, conduzido por uma empresa especializada e que provê o usuário com um leque de serviços e orientações, inclusive no âmbito jurídico.

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      Assim como a Willis, a corretora e administradora de benefícios It’s Seg investe no processo de comunicação e orientação elucidando as especificidades do contrato e mostrando aos usuários o que é devido e o que pode ser abusivo. A empresa acompanha ainda os prazos de liberação das operadoras e faz a intermediação entre o solicitante (médico ou hospital) e os planos de saúde para agilizar a análise e liberação de procedimentos solicitados. Em casos complexos, orienta que o colaborador obtenha uma segunda opinião médica e indica um profissional adequado para sua necessidade. “Além de ser um mecanismo efetivo, isso ajuda muito na percepção do usuário”, diz Thomaz Cabral de Menezes, presidente da It’s Seg, acrescentando que “as empresas que investem em saúde ocupacional de forma mais abrangente e preventiva têm a sinistralidade melhor administrada”.

        Já a Mercer Marsh Benefícios analisa as situações que se encaixam na Lei 9656 (Lei dos Planos de Saúde, sancionada em 1998 e que regulamenta os planos privados de assistência à saúde), ajuda os clientes a entender essa norma e, a partir daí, indica advocacias especializadas em benefícios às quais conta com parceria. Francisco Bruno, consultor sênior da companhia, vê a judicialização na saúde como caminho para um terreno perigoso.

“Os juízes julgam somente pelo aspecto social e ‘rasgam’ a lei da saúde. Isso prejudica demais as empresas, que têm que arcar com as despesas. Essas despesas são demandadas principalmente pelos aposentados, que em sua maioria pedem o reajuste dos planos de saúde corporativos”, explica, lembrando que o custo da inflação médica dos planos de benefícios empresariais – hoje em aproximadamente 16% e podendo fechar 2015 em 18% sobre o ano anterior, segundo estudo da Mercer Marsh Benefícios – não está nas mãos do RH. “Os preços de material, cirurgia, medicamento e internação, por exemplo, não são transparentes para a empresa que contrata o serviço e estão fora do controle dos Recursos Humanos. Por isso, além da comunicação com o plano e o uso abusivo, onde esse setor pode atuar melhor é no redesenho do plano, onde agimos fortemente”.

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      Dagoberto José Steinmeyer Lima, sócio-fundador da Dagoberto Advogados, também considera preocupante a prática da judicialização, “até porque os planos de saúde são caros para a população brasileira”. “A legislação tem que ser melhor trabalhada para não haver abusos”, acrescenta ele.

Solução de conflitos:

        A mediação de liminares é apontada como uma alternativa para a redução da judicialização na saúde privada. Essa possibilidade já é trabalhada pela ANS, que por meio da Notificação de Intermediação Preliminar (NIP) intercede conflitos entre usuários e operadoras de saúde e odontologia em casos de negativa de cobertura.

        O próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reconhece a judicialização da saúde e recomenda aos Tribunais a adoção de medidas para melhor subsidiar os juízes, assegurando maior eficiência na solução das demandas judiciais referentes à assistência saúde. “Para o magistrado, existe a obrigação constitucional de prestar a jurisdição e resolver os problemas que afligem a sociedade, porém faltam ferramentas e informações técnicas da área da saúde, além de instrumentos que auxiliam o exame dos pedidos de concessão de provimentos jurisdicionais em caráter de urgência”, declara Pedro Ramos, da Abramge.

        Em abril deste ano, a Associação, junto com a FenaSaúde, assinou um acordo de cooperação com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) para mediar liminares dos processos distribuídos no Fórum João Mendes Júnior, no centro da capital paulista. A medida prevê a criação do Núcleo de Apoio Técnico e de Mediação (NAT), que terá a função inicial de promover o contato entre a operadora e o demandante para que fechem acordo e dispensem uma ação judicial – isso porque muitas solicitações chegam aos magistrados sem que antes o beneficiário tenha feito o primeiro contato com a operadora. Em um segundo momento, o NAT deverá ser reestruturado para subsidiar os magistrados com informações relativas aos casos sob demanda e sobre a área da saúde. “Nessa etapa posterior, o NAT deverá ser constituído de

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forma a manter total isenção”, frisa Marcio Coriolano, da FenaSaúde. O Núcleo também funcionará como um piloto e, caso apresente resultados positivos, poderá ser replicado para todo o Brasil junto com o CNJ. Como a ação é recente, ainda não há como estimar, nem mesmo em números aproximados, em quanto os processos envolvendo o setor poderão ser reduzidos. Mas Coriolano espera que as demandas imotivadas comecem a cair a partir do momento em que os planos de saúde tiverem ciência dos questionamentos dos beneficiários e na medida em que os magistrados seguirem as recomendações do Tribunal.

        Já Ramos lembra que este é um passo importante para o

segmento e que toda participação, seja de entidades de defesa do consumidor ou de representantes de outros segmentos de saúde, é bem-vinda.

        A Unimed, por exemplo, tomou conhecimento da iniciativa e deverá se juntar à causa. “Esse acordo será um canal de diálogo não para beneficiar os planos de saúde, e sim para esclarecer questões de esfera médica para a justiça basear suas decisões”, reitera Eudes de Freitas Aquino, presidente da Unimed do Brasil.

Case de sucesso:

      Simone Parré, advogada especialista em saúde suplementar e sócia na Dainesi & Parré Advogados, lembra que grande parte dos processos envolvendo planos de saúde ocorre por falta de diálogo entre as operadoras e seus beneficiários. Na contramão das demandas imotivadas, as operadoras de saúde já contatadas por seus clientes podem evitar que o entrave chegue à justiça, mas devem ter sensibilidade e cuidado ao resolver a questão. A executiva cita como exemplo uma de suas operadoras clientes, que enfrentava grande número de reclamações e processos junto à ANS. “Em um trabalho que durou um ano e meio, o call center desta operadora foi reformulado e o resultado foi uma redução de 50% nas reclamações. Às vezes as queixas também acontecem porque a operadora não oferece um meio de comunicação eficaz”, finaliza.

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Os geradores de conflito:

      Marcio Coriolano, presidente da FenaSaúde, aponta situações que levam à judicialização e que podem ser esclarecidas com a leitura do contrato ou via contato com SACs e Ouvidorias:

·  Período de carência previsto em contrato ainda não cumprido;

·  Período de cobertura parcial temporária (CPT) em casos de doenças e/ou lesões preexistentes;

·  Procedimentos não previstos no rol da ANS;

· Atendimento fora da abrangência geográfica de cobertura do plano;

·  Quando se trata de contrato anterior à Lei 9.656/98, algumas coberturas previstas nos novos contratos não estão inclusas, mas os beneficiários podem e devem adaptar seus planos de modo que tenham todas as coberturas que a Lei e as normas da ANS estabelecem.

Carlos Roberto Ramos Pereira

Médico Ortopedista com Título de Especialista e membro titular da SBOT, com Pós Graduação no Hôpital de la Pitié-Salpêtrière – Universidade de Paris. Doutor e Mestre em Ortopedia pela UNIFESP. Médico assistente de ensino no HSP-UNIFESP. Prof.

GVSaúde –(MBA) - FGV-EAESP e da PUC Goiânia (MBA). Médico Auditor desde 1980

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"Desde 02 de janeiro de 2016 entraram em vigor as novas coberturas do Rol de Procedimentos (RN 387)"

Impacto financeiro do Rol da ANS, RN 387

standard | Janeiro, 2016 | Artigo

A cada dois anos a lista de coberturas mínimas obrigatórias pelas operadoras de planos de saúde é atualizada. Para a atual revisão foi mantida a metodologia adotada na revisão anterior, com reuniões periódicas dos membros do COSAÚDE, onde foram discutidos temas previamente definidos e pertinentes à revisão do Rol e analisados todos os documentos encaminhados pelos demandantes. Numa fase posterior, ocorreu a Consulta Pública (CP) e uma última reunião onde o órgão regulador apresenta os materiais recebidos e seu parecer técnico que será submetido à apreciação da Diretoria Colegiada da ANS.

Dentre os critérios de priorização considerados merece destaque:

1) Epidemiologia das patologias prevenidas ou tratadas com o uso da tecnologia (incidência, prevalência, letalidade, mortalidade, morbidade, etc.);

2) Alto custo unitário/custo agregado da tecnologia;

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3) Abrangência da aplicação da tecnologia (número de CIDs cobertos);

4) Caracterização da tecnologia: Alternativa? Complementar?

Substitutiva?

5) Demanda de acordo com autor (sociedades, IDEC, Governo, beneficiário, Operadoras);

6) Potencial mudança na prática que afete os desfechos clínicos;

7) Número de publicações relativas às evidências de eficácia / segurança;

8) Existência de protocolos de Sociedades Médicas Brasileiras, e, finalmente,

9) Impacto da incorporação da tecnologia sobre a freqüência de uso/gastos de outras tecnologias em saúde de alta complexidade ou alta freqüência.

Em que pese a importância deste último aspecto, infelizmente, o mesmo não vem sendo considerado. Sabemos das dificuldades de fazermos esse tipo de análise no Brasil, entretanto, temos que investir fortemente na avaliação prévia do impacto orçamentário antes da adoção de novas tecnologias ou ampliação daquelas coberturas vigentes.

Listamos, a seguir, alguns dos fatores que dificultam a estimativa do impacto financeiro de um novo referencial de coberturas:

a) Dificuldade na obtenção de dados de uma série histórica de eventos pagos pela operadora;

b) Utilização, no caso de planos de abrangência geográfica nacional, de várias formas de remuneração e tabelas;

c) Dificuldade na elaboração de uma tabela de equivalência entre procedimentos correlatos, especialmente nos casos em que há mudanças na estrutura e/ou constituição do preço;

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d) Desconhecimento da demanda por novos procedimentos a serem incorporados.

Apresentamos, a seguir, algumas considerações nossas para auxiliar os técnicos que farão os estudos de impacto do novo rol.

Visando facilitar a abordagem, dividiremos o tema por tópicos, de acordo com cada uma das incorporações e alterações de diretrizes.

LASERTERAPIA PARA O TRATº DA MUCOSITE ORAL/

OROFARINGE (DUT)

Deve ser levado em consideração a frequência de pacientes submetidos à quimioterapia e radioterapia que podem desenvolver mucosite e necessitar do tratamento (geralmente QT altas doses, TMO e RT de cabeça e pescoço), lembrando que a mucosite não ocorre em 100% dos casos de câncer submetidos a QT ou RT, mas é muito frequente em pacientes que usam altas doses de quimioterápicos e naqueles que são submetidos a TMO, assim como pacientes submetidos a radioterapia de câncer de cabeça e pescoço. Além disso, muitos casos são tratados de forma convencional, sem laserterapia.

PLÁSTICA DE CONJUNTIVA PARA PTERÍGIO, TUMORES OU TRAUMAS

No caso, a estimativa será de casos de pterígio que se beneficiariam do transplante conjuntival. Para tanto, lembrar que a prevalência de pterígio no Brasil varia muito, de 6% a 20% da população e que nem todos os casos evoluem para indicação cirúrgica. A indicação da plástica complementar à remoção do pterígio ocorre em casos recorrentes ou com potencial de recorrência.

PA N T O F O T O C O A G U L A Ç Ã O À L A S E R R E T I N O PAT I A PREMATURIDADE (DUT)

Neste procedimento incluído, consideramos a expectativa de partos e respectiva proporção de prematuros, assim como a frequência estimada de retinopatia. Estudos mostram que 68% dos prematuros possuem algum grau de retinopatia, mas não existem

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dados precisos de quantos desses casos são diagnosticados no estágio 3. O rol anterior contempla a fotocoagulação a laser, portanto, parte do impacto já foi absorvido.

IMPLANTE INTRAVÍTREO POLÍMERO FARMACOLÓGICO LIB.

CONTROLADA (DUT)

Estimativa difícil de ser calculada vez que o procedimento é para múltiplos diagnósticos. De qualquer modo, o impacto deve ser significativo pois a uveíte crônica não infecciosa possui incidência estimada entre 17 a 52 casos por 100 mil, o edema macular nas OVCR é comum no idoso onde atinge a proporção de 5 / 1.000 e o edema macular no diabetes é comum em pacientes diabéticos com retinopatia (40% dos casos).

TERMOTERAPIA TRANSPUPILAR A LASER (DUT)

Patologia de baixa incidência (4-10 / milhão), com estimativas de 2.000 casos na população brasileira do melanoma coróide. Devido à baixa incidência e a falta de informações de em quantos casos a terapêutica seria indicada, estimativa difícil, porém de baixo impacto.

IMPLANTE DE PRÓTESE AUDITIVA ANCORADA NO OSSO (DUT)

O censo de 2010 identificou 1,125% de casos de deficiência auditiva severa. Uma proporção deve ser estimada de casos com indicação de BAHA.

IMPLANTE CARDIODESFIBRILADOR MULTISSÍTIO – TRC-D (DUT)

Parte dos implantes de CDI será substituída pelo procedimento incorporado, devendo ser considerada apenas a diferença de custos entre o procedimento novo e o atualmente coberto.

I M P L A N T E D E M O N I T O R D E E V E N T O S ( L O O P E R IMPLANTÁVEL) – DUT

Estimativa de pacientes com síncope de origem provável cardíaca, o que corresponde a aproximadamente 23% do total de síncopes na população, sendo estas mais frequentes em torno dos 50 anos

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e em proporções semelhantes em homens e mulheres (3-3,5%). A proporção do método diagnóstico deve considerar que na grande maioria dos casos o monitoramento será o convencional (tilt test, EEF, looper externo, etc.).

TRATº HIPERATIVIDADE VESICAL: INJEÇÃO INTRAVESICAL TOX. BOTULÍNICA (DUT)

No relatório CONITEC 15 de 2012, o demandante à época, estimou que 40% dos pacientes com bexiga hiperativa tratados com anticolinérgicos orais ou outro tipo de tratamento passariam a utilizar a toxina botulínica. Desse modo, esse pode ser uma parâmetro a considerar nas estimativas de impacto, que deve ser significativo em função da prevalência da condição clínica em que o procedimento foi incorporado.

ORQUIDOPEXIA LAPAROSCÓPICA

Considerando que a incidência de criptorquidia é duas a seis vezes maior em prematuros (10% a 30%) do que em recém-nascidos à termo (3% a 5%), para cálculo do impacto desse item deve ser arbitrado um percentual de cirurgias nesse grupo. Quanto ao custo incremental, refere-se apenas à diferença de valor do procedimento por vídeo em detrimento do convencional.

VITAMINA E, PESQUISA E/OU DOSAGEM (DUT)

Trata-se de indicação de exame para patologia de baixa incidência, com estimativas de 1 a 5 por 100 mil. Provavelmente impacto desprezível.

ANTICORPOS ANTI PEPTÍDEO CÍCLICO CITRULINADO - IGG (ANTI CCP) – DUT

O exame está indicado para todos os pacientes com diagnóstico de artrite reumatoide antes do início da terapia com imunobiológico.

Entretanto, a definição de quantos casos de AR será submetida aos imunobiológicos varia muito. Expectatitva de baixo impacto.

ENTAMOEBA HISTOLYTICA, ANTICORPOS IGM - PESQ./

DOSAGEM (AMEBÍASE)

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Como não há DUT para esse procedimento, provavelmente o exame será indicado para os pacientes com sintomatologia mais grave. Expectatitva de baixo impacto.

HLA B27, FENOTIPAGEM (DUT)

Nem todos os portadores de espondilite anquilosante possuem o antígeno HLA-B27. Numa avaliação de impacto a sugestão é considerar que o exame será indicado para uma proporção dos pacientes com diagnóstico de EA. Expectatitva de baixo impacto.

C4D FRAGMENTO

Eame indicado em pacientes em diálise que são submetidos à transplante renal. Expectatitva de baixo impacto.

CHIKUNGUNYA, ANTICORPOS

Não há dados consolidados de febre Chikungunya. Como o quadro clínico é muito semelhante com a dengue, há que considerarmos nas estimativas o parâmetro médio de incidência de casos suspeitos de dengue na população brasileira. A taxa por 100 mil varia muito por região (norte e sul 200 / 100 mil; nordeste, 500 / 100 mil; sudeste, 1.200 / 100 mil; norte centro oeste, 1.400 / 100 mil; média Brasil, 800 / 100 mil). Importante destacar que, na saúde suplementar, o acesso aos exames é facilitado quando comparado ao SUS. Além disso, alguns pacientes fazem mais de um exame por ano.

ANTÍGENO NS1 DO VÍRUS DA DENGUE, PESQUISA

Exame realizado geralmente de 3 a 5 dias dos sintomas. Baseado no número de casos suspeitos de dengue, é possível estimar que uma proporção destes teoricamente serão submetidos ao exame do antígeno NS1, pois é uma alternativa mais rápida à pesquisa de anticorpos IGG e IGM.

DENGUE, ANTICORPOS IGG, SORO (TESTE RÁPIDO)

Anticorpo detectável a partir do 9º dia de infecção primária ou 1º dia de infecção secundária. Baseado no número de casos suspeitos de dengue recomenda-se estimar a proporção destes que teoricamente serão submetidos ao teste rápido no soro do

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anticorpo IGG. Como é uma alternativa mais rápida à pesquisa de anticorpos IGG, o impacto é basicamente da diferença de valor entre os métodos.

DENGUE, ANTICORPOS IGM, SORO (TESTE RÁPIDO)

Anticorpo detectável a partir do 9º dia de infecção primária ou 1º dia de infecção secundária. Baseado no número de casos suspeitos de dengue recomenda-se estimar a proporção destes que teoricamente serão submetidos ao teste rápido no soro do anticorpo IGM. Como é uma alternativa mais rápida à pesquisa de anticorpos IGM, o impacto é basicamente da diferença de valor entre os métodos.

FOCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA DA TRANSFERRINA

Devido à baixa incidência dos casos de defeitos congênitos da glicosilação tipo 1 na população e a falta de informações de em quantos casos o exame seria indicado, este procedimento é pouco comum. Expectatitva de baixo impacto.

N-RAS (DUT)

O N-RAS possui indicação para verificação de elegibilidade de pacientes com câncer de cólon e reto com indicação de uso de medicação em que a bula determine a análise de presença/

mutação dos genes para o início do tratamento. Expectatitva de baixo impacto.

SESSÃO INDIVIDUAL AMBULATORIAL DE FONOAUDIOLOGIA / SESSÃO DE PSICOTERAPIA INDIVIDUAL / CONSULTA AMBULATORIAL EM FISIOTERAPIA

Há uma expectativa de aumento de utilização em função das novas indicações, fato esse que deve ser considerado em qualquer análise, partindo do quantitativo atual e estimando o aumento futuro. Desse modo, a fórmula para estes procedimentos é o resultado da taxa atual de utilização na operadora e o % esperado de aumento da frequência do procedimento.

CONSULTA AMBULATORIAL POR NUTRICIONISTA

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Semelhante às estimativas no item anterior, porém, a alteração da DUT é mais específica uma vez que a expectativa de aumento de utilização em função das novas indicações deve considerar apenas o número provável de gestantes na população. Desse modo, o cálculo pode ser feito, por exemplo, a partir da taxa bruta de natalidade padronizada sobre a população total (14,16, em 2015, segundo o IBGE) acrescido de 10%, devido a perdas resultantes de abortos e subnotificação.

NOVAS DIRETRIZES DE UTILIZAÇÃO EM GENÉTICA

Também deve há uma expectativa de aumento de utilização em função das novas indicações. Porém, o % da população acometida de doenças genéticas abrangidas pelas novas indicações é de difícil mensuração. De qualquer modo, pela raridade das doenças, espera-se um aumento pouco significativo nesse item.

Bem, estas são apenas algumas dicas e lembretes para os auditores que forem participar de estudos de impactos desse novo rol. Mas a pesquisa bibliográfica e busca das melhores evidências é fundamental para que tentemos nos aproximar o máximo possível do real custo incremental da incorporação de novas tecnologias. Essa é uma realidade que vamos vivenciar pelo menos a cada dois anos na saúde suplementar.

JOAO PAULO DOS REIS NETO

Formado em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão (1986), especialização no Rio de Janeiro em Clínica Médica (1987-1988) e Cardiologia (1989-1990). Diretor de Previdência e

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Assistência da CAPESESP/CAPESAÚDE, durante 14 anos.

Consultor, ministra palestras na área de gestão da saúde suplementar e auditoria. Membro do Comitê Consultivo da International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research - ISPOR América Latina. Ex-professor de MBA em Auditoria de Sistemas de Saúde (Universidade Estácio de Sá).

Sócio Diretor Analysis Auditoria e Consultoria e da Mobile Saúde, empresa desenvolvedora de soluções tecnológicas em saúde.

Diretor Técnico da UNIDAS Nacional

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"Nunca na história deste país a saúde

suplementar teve uma queda no número de beneficiários assistidos."

Momento cultura

standard | Janeiro, 2016 | Artigo

         Sem cometer o desvario de ser uma pitonisa, ando pensando muito nos rumos que o sistema de saúde deste país deve tomar nestes novos tempos com crise econômica, sem o pleno emprego e o acesso às “riquezas do consumismo” como antes.

      Parafraseando o ex-presidente, nunca na história deste país a saúde suplementar teve uma queda no número de beneficiários assistidos. Nunca antes lidamos como operadoras, com redes de hospitais para negociações corporativas (sic) e assistimos a fusões e aquisições como agora. Também lidamos com uma agência reguladora cada vez mais incisiva e com o ministério público interferindo na prestação de serviços à saúde (vide RN 398).

      Para os mais jovens na lida diária da auditoria e gestão médica é uma situação nova e ao mesmo tempo desafiadora.

      Como fazer? Como agir? Como administrar a elevação cada vez mais geométrica dos custos médicos? Como fidelizar clientes?

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      Soluções mirabolantes são sempre pensadas, mas por vezes soluções aparentemente simples são capazes de promover verdadeiras revoluções.

        O texto abaixo reflete exatamente o pensamento que deve nortear os gestores atuais.

Inovação, soluções aparentemente simples, mas de grande impacto e resolutividade!

 

Conheça médico que salvou 50 milhões de vida com receita caseira

BBC © 2014  

      O médico Norbert Hirschhorn teve papel-chave na descoberta da medida certa do soro caseiro, mistura de açúcar, sal e água. A fórmula, hoje, é mundialmente conhecida: uma solução simples de açúcar, sal e água. Uma mistura que pode ter salvado até 50 milhões de pessoas.

      Encontrar um equilíbrio entre esses elementos foi o feito essencial dela, e o médico Hirschhorn teve um papel-chave na descoberta das medidas certas na preparação do soro caseiro.

      Um caso emblemático: depois de dois dias sofrendo diarreia, um bebê egípcio de três meses não tinha forças nem para levantar a cabeça e mamar no peito da mãe. Médicos temiam pelo pior: a diarreia grave é uma das principais causas de morte em países em desenvolvimento. Com um tratamento simples, pouco mais de quatro horas depois ele estava bem o suficiente para retomar a amamentação - tudo graças a uma solução barata de açúcar e sal.

        Hirschhorn descreve a transformação causada pela terapia de reidratação oral como incrível. "Você entra em uma sala e a criança ou o adulto está perto da morte. Eles têm olhos fundos, respiram acelerado, a pele e as unhas estão azuladas", conta. Ver

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alguém se recuperar é "como ver Lázaro voltar dos mortos - um milagre", diz ele.

      O grande problema era a medida certa. Hirschhorn se envolveu em pesquisas sobre terapia de reidratação oral em 1964.

Ele prestava serviço militar nos Estados Unidos no serviço público de saúde e foi enviado para o que é hoje Bangladesh, que padecia de uma grave epidemia de cólera. A cólera causa diarreia grave e os acidentes rapidamente perdem muita água e sais. Os infectados ficam extremamente desidratados e podem entrar em choque e morrer em poucas horas.

        À época, o tratamento de reidratação era administrado por via intravenosa no hospital. Era caro, e muitas vezes, inalcançável para os que mais precisavam dele. O objetivo era encontrar uma maneira de dar o tratamento por via oral e assim ajudar muito mais gente.

        Outros haviam tentado no passado encontrar o equilíbrio

certo de açúcar, sais e água para um tratamento oral. Hirschhorn trabalhava com o capitão Robert Phillips, que havia tentado ele próprio, sem sucesso, sua própria mistura anos antes. Vários pacientes morreram durante os testes. Phillips estava muito receoso em deixar Hirschhorn realizar sua própria pesquisa.

        O trabalho de Hirschhorn se baseou nos estudos de Phillips e de outro colega, David Sachar. Sachar havia mostrado que o corpo poderia transportar sódio assim que glicose fosse adicionada - algo fundamental no combate à desidratação. Mas a medida correta era fundamental: a quantidade maior ou menor de qualquer um dos ingredientes poderia fazer com que a solução não apenas não funcionasse, mas causasse danos mais graves.

        "As proporções são cruciais. Para obter a absorção ideal de água, você precisa da mesma quantidade de glicose e sódio", disse Hirschhorn. Foi um estudo pequeno, de apenas oito pacientes, no qual a terapia de reidratação foi aplicada usando

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uma sonda nasogástrica, que provou que a combinação funcionava.

        Hirschhorn disse que havia descrença de que uma mistura tão simples pudesse ser tão eficaz. "Sua simplicidade era sua própria inimiga. Levou muito tempo, muito tempo para convencer os pediatras de que fosse segura.”

      A publicação científica Lancet descreveu a terapia de reidratação oral como "potencialmente o avanço médico mais importante" do século 20. O Unicef, fundo da ONU para infância, disse que nenhuma outra inovação médica do século "teve o potencial de evitar tantas mortes em um curto período de tempo e custo tão pequeno”.

        Agora, a eficácia é mundialmente conhecida e usada por

médicos em clínicas e em casas por pais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) adverte que a diarreia é a segunda principal causa de morte de crianças menores de cinco anos, responsável pela morte de cerca de 760 mil crianças por ano.

Goldete Priszkulnik

Médica. Especialista em Administração em Saúde pela AMB com MBA em Gestão de Planos de Saúde. Docente convidada em Cursos de Pós-Graduação lato senso em Gestão de Planos de

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Saúde, Auditoria na Saúde Suplementar, Administração Hospitalar e MBA em Gestão de Clínicas e Hospitais. Atua na área da Saúde Suplementar desde 1991 como auditora médica e gestora.

Atualmente é a Superintendente Médica da Allianz Saúde S/A.


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JBAS

JORNAL BRASILEIRO DE AUDITORIA EM SAÚDE EDITORES

GOLDETE PRISZKULNIK - Editora

Médica. MBA em Gestão de Planos de Saúde. Docente em Cursos de Pós-Graduação em Gestão e Auditoria na Saúde Suplementar. Ouvidora em operadora de planos de saúde.

JOÃO PAULO DOS REIS NETO - Publisher

Médico. Consultor na área de gestão da saúde suplementar e auditoria. Ex-professor de MBA em Auditoria. Sócio Diretor Analysis Auditoria e Consultoria e da Mobile Saúde.

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Referências

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