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1.1. Programa: x PIBIC/CNPq PROBIC/FAPEMIG

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA/CNPQ

Universidade Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Pesquisa

Programa institucional de Iniciação Científica

PARTE 1

1.1. Programa: __x__PIBIC/CNPq ____PROBIC/FAPEMIG

1.2 Modalidade de Relatório: Final 1.3 Identificação:

Nome do bolsista: Luana Lopes Amaral Número de matrícula: 2007028594

Curso: Letras – Bacharelado em Lingüística Orientadora: Márcia Cançado

Título do projeto do orientador: “Alternâncias Verbais no PB: interface sintaxe e semântica lexical” (Projeto Produtividade em Pesquisa – 2 – CNPq)

Unidade: Faculdade de Letras

1.4 Data de ingresso como bolsista: agosto de 2008 1.5 Tipo da bolsa: bolsa nova

1.6 Período do relatório: Agosto de 2008 a Julho de 2009 1.7 Resumo do Plano de Trabalho:

agosto/outubro 2008 - Leitura e aquisição de conhecimentos teóricos básicos para o desenvolvimento da pesquisa; elaboração de um projeto de pesquisa sobre o tema.

(2)

novembro/março 2008/2009 - Coleta de dados, utilizando, para tal, pesquisas já desenvolvidas pelo NUPES.

abril/maio 2009 - Análise dos dados dentro do quadro teórico proposto.

junho/julho 2009 - Redação de um relatório final, visando uma possível publicação.

1.8 Relatório de Atividades do Bolsista:

a. Participação em Congressos:

- Participação e apresentação de painel no VI Congresso Internacional da ABRALIN.

Março/2009.

- Participação e apresentação de painel no 57º Seminário do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo. Julho/2009

- Participação e apresentação de painel na XVII SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA . Outubro/2008

- Participação e apresentação oral na VIII Semana de Eventos da Faculdade de Letras(SEVFALE).

Outubro/2008

b. Cursos extracurriculares:

- Introdução à Semântica Formal: Prof Marcelo Ferreira (USP). (Carga horária: 15h). Faculdade de Letras. Universidade Federal de Minas Gerais.

- Treinamento no uso do Portal de Periódicos CAPES.

(3)

1.9 Relatório técnico-científico:

A Causativização de Verbos Inacusativos 1. Introdução

Sabemos que as sentenças nas línguas apresentam formas diferentes de se organizarem sintaticamente. Esse tipo de reorganização das sentenças é chamado de alternância verbal. Um exemplo clássico de alternância verbal é a construção de sentenças ergativas:

(1) a. João quebrou o vaso.

b. O vaso se quebrou.

As alternâncias verbais, porém, não ocorrem indiscriminadamente com todos os verbos. Existem restrições que permitem ou não essas alternâncias. Por exemplo, uma das condições para a construção de sentenças ergativas é o fato de o verbo ser transitivo, como em (1). Entretanto, essa condição não é suficiente, pois alguns verbos transitivos não aceitam a alternância, como em (2):

(2) a. João comeu a torta.

b. *A torta se comeu.

Existem ainda vários outros tipos de alternâncias verbais, além da ergativização, exemplificada em (3). Um deles é a causativização, exemplificada em (4), como propõe Ciríaco (2007):

(3) a. João esparramou as cartas.

b. As cartas se esparramaram.

(4) a. O prego enferrujou.

b. A umidade enferrujou o prego.

Neste trabalho, estudamos o tipo de alternância exemplificado em (4), chamado causativização de verbos inacusativos, e quais são as possibilidades dessa reorganização sintática ocorrer. Esta pesquisa faz parte de um projeto maior intitulado "Alternâncias Verbais no Português Brasileiro: interface sintaxe e semântica lexical" (Bolsa PQ/CNPq), coordenado pela Profa. Márcia Cançado (UFMG).

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1.1 Os verbos inacusativos

Na tradição dos estudos formalistas, os verbos intransitivos são divididos em duas subclasses, verbos inergativos e inacusativos, de acordo com a Hipótese Inacusativa de Perlmutter (1978). Cada uma é associada a propriedades sintáticas e semânticas específicas. Os verbos inergativos são aqueles que possuem sujeito em estrutura profunda e acarretam um argumento com o papel temático composto pela propriedade de desencadeador do processo (as propriedades dos papéis temáticos serão explicadas na seção 3.1). Os verbos inacusativos são aqueles que possuem objeto em estrutura profunda, mas não, sujeito, e acarretam um argumento que recebe o papel temático composto pela propriedade de ser afetado pelo processo. Esse fato levou os verbos inergativos a serem considerados os verdadeiros intransitivos, pois, ao contrário dos inacusativos, eles possuem um sujeito em estrutura profunda. Entretanto, análises mais recentes já descartam essa afirmação (Radford, 1997; Ciríaco, 2007). Vejamos exemplos de verbos inergativos (5) e verbos inacusativos (6):

(5) a. João nadou.

b. João correu.

c. João dançou.

(6) a. João faleceu.

b. João adormeceu.

c. João nasceu.

Se tratarmos esses exemplos dentro de uma perspectiva sintática gerativista, podemos assumir que, nos exemplos em (5), temos verbos inergativos, que possuem sujeito profundo, localizado na posição de argumento externo. Já em (6), temos exemplos de verbos inacusativos, que possuem um sujeito derivado, gerado como argumento interno, sendo depois alçado para a posição de sujeito.

Analisando semanticamente esses exemplos, temos para os exemplos em (5) a forma [x VERBO], em que se pode inferir para x, do sentido lexical do verbo, o acarretamento de ser um desencadeador do processo. Nos exemplos em (6), não se pode inferir para x, da forma [x VERBO], que o argumento seja um desencadeador do processo.

Façamos, agora, uma análise a respeito da transitividade dos verbos. Ciríaco (2007) propõe que a presença da propriedade de ser um desencadeador do processo como um acarretamento lexical de um verbo, como ocorre para os exemplos em (5), indica que esse verbo é basicamente transitivo. Porém, além dessa propriedade, sabemos que os verbos basicamente transitivos apresentam a forma [x V y]. Entretanto, os exemplos em (5), que apresentam a propriedade

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semântica de ser o desencadeador do processo e apresentam sintaticamente a estrutura [x V], pelo menos superficialmente. Essa constatação poderia invalidar a proposta de Ciríaco. Mas a autora, seguindo a proposta de Radford (1997), observa e apresenta exemplos, como os mostrados em (7) e (8), em que para todos os verbos inergativos é possível recuperar a estrutura transitiva [x V y], através de um complemento cognato especificado. Vejamos os exemplos de (5), apresentados em uma estrutura [x V y]:

(7) a. As meninas nadaram um nado sincronizado.

b. João correu a corrida mais bonita de sua vida.

c. Maria dançou um samba como ninguém.

As construções acima mostram que os verbos inergativos podem aceitar dois argumentos em sua estrutura sintática, o que, juntamente com o fato de que esses verbos acarretarem ao seu argumento externo a propriedade de desencadeador do processo, os levaria à condição de verbos basicamente transitivos, pelo menos, implicitamente. Por outro lado, seguindo esse raciocínio, os verbos inacusativos devem ser considerados os únicos verbos realmente basicamente intransitivos, porque além de não acarretarem um desencadeador do processo, a forma transitiva [x V y] não pode ser recuperada, nem implicitamente:

(8) a. * João faleceu uma falecida triste.

b. * João adormeceu uma adormecida repentina.

c. *O menino nasceu uma nascida rápida.

Portanto, seguindo Radford (1997) e Ciríaco (2007), também assumimos que os inacusativos são os únicos verbos basicamente intransitivos, ou seja, são os únicos verbos que não aceitam dois argumentos em sua estrutura sintática. Semanticamente, os inacusativos acarretam ao seu argumento interno a propriedade de ser afetado pelo processo. Ainda podemos acrescentar uma diferença semântica entre essas classes de verbos, do ponto de vista do aspecto acional. Em sua forma básica, verbos inacusativos denotam achievements, enquanto verbos inergativos denotam atividades. Ou seja, inacusativos são télicos e não são durativos; enquanto os inergativos são atélicos e durativos.

Estabelecer a diferença entre os verbos inacusativos e inergativos não parece uma tarefa tão difícil, pois apesar da semelhança entre suas estruturas sintáticas, as duas classes de verbos são bem delimitadas semanticamente. A dificuldade maior se encontra em distinguir os verbos inacusativos de uma outra classe de verbos basicamente transitiva: os verbos causativos. O problema que surge

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para essa distinção é que além da semelhança sintática, os verbos inacusativos e os verbos causativos também apresentam muitas semelhanças semânticas. Aliás, vários autores não levam em conta essa distinção. Mas vamos mostrar aqui que existem evidências e motivações empíricas para que essas classes sejam tratadas distintamente. Vejamos alguns exemplos desses dois tipos de verbos:

(9) a. A Maria se machucou.

b. O João machucou a Maria.

(10) a. O pão embolorou.

b. A umidade embolorou o pão.

Em (9a) e em (10a), temos construções intransitivas, com o argumento externo apresentando a propriedade de ser afetado pelo processo e denotando um achievement; em (9b) e em (10b), temos a contraparte transitiva das sentenças em (a), com o argumento externo apresentando a propriedade de ser o desencadeador do processo e denotando um accomplishment, ou seja, um evento télico, durativo, que apresenta dois sub-eventos. Aparentemente, associando a classe acional a uma estrutura de predicados primitivos, apresentando assim uma estrutura do evento, como faz Levin &

Rappaport (2005), Van Valin (2005), entre vários outros, a estrutura de eventos para os dois verbos é a mesma. Baseada em Levin & Rappaport (2005), Cançado (no prelo) propõe a seguinte estrutura de eventos para os exemplos em (b) e (a), respectivamente:

(11) a. [[ X (ACT)] CAUSE [Y BECOME < ESTADO >]]

b. [Y BECOME < ESTADO >]]

Vendo sob essa perspectiva, não há razões para separarmos essas duas classes. Entretanto, se olharmos de uma maneira mais fina as propriedades que compõem os papéis temáticos desses verbos, podemos apontar diferenças significativas e relevantes gramaticalmente.

A análise dos dados do PB mostra que verbos como machucar em (9) são basicamente transitivos, enquanto verbos como embolorar em (10) são basicamente intransitivos. Ainda seguindo Ciríaco (2007), os verbos do tipo de machucar acarretam lexicalmente para seu argumento externo um argumento que recebe o papel temático composto pela propriedade de desencadeador, por isso são verbos basicamente transitivos, ou causativos. Verbos do tipo de embolorar não acarretam um argumento que recebe o papel temático de desencadeador, sendo basicamente intransitivos, ou inacusativos. Outra evidência de que esses verbos são diferentes é a marca morfológica se, que é comum às línguas românicas. Verbos causativos, quando intransitivizados,

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sempre aceitam o clítico se, como uma marca morfológica, enquanto verbos inacusativos não a aceitam:

(12) Maria se machucou.

(13) *O pão se embolorou.

Alguns autores sustentam que o clítico se, nas línguas românicas, aparece na forma intransitiva como uma maneira de marcar a ausência de um argumento da diátese transitiva básica do verbo.

Propomos, então, a seguinte explicação para diferenciar os verbos inacusativos dos causativos.

Levin & Rappaport Hovav (2005) argumentam que cada subevento de uma estrutura de eventos deve receber um argumento XP na sintaxe. Sabemos que um evento que denota um accomplishment pode ser dividido em dois subeventos. Então, um verbo que denota um accomplishment em sua forma básica, como (11a), deve ter um argumento XP na sintaxe para cada um desses subeventos, ou seja, dois argumentos XP. Quando um verbo desse tipo sofre ergativização, o evento se torna um achievement e um argumento é retirado da estrutura argumental. Por isso, uma marca morfológica entra no lugar do argumento retirado, mostrando que a estrutura básica do verbo é de um accomplishment. Essa é uma evidência de que verbos que aceitam se são basicamente um accomplishment e, por isso, transitivo-causativos, ou mais especificamente, segundo a sua rede temática, são basicamente causativos. Os verbos que são basicamente intransitivos não aceitam o se, pois nenhum argumento foi retirado de sua estrutura, e sua forma básica é a intransitiva. Em línguas em que a retirada de um argumento não é marcada morfologicamente, essas duas classes podem se confundir mais facilmente, como é o caso do inglês. Mas algumas línguas que possuem essas marcas morfológicas, como o português, ou a língua indígena maxacali, mostram que realmente as duas classes de verbos são distintas. Vejamos alguns exemplos do maxacali que ilustram essa diferença:

(14) a. Okoat yãy koyõy copo reflex. Quebrou

‘O copo quebrou.’

b. ~uyãyã ~uxok vovô morreu

‘O vovô morreu.’ (exemplos de Campos, 2007)

Os exemplos em (14) mostram que verbos com transitividades básicas diferentes aparecem com marcas morfológicas diferentes na forma intransitiva.

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Além disso, existe uma diferença mais fina nos papéis temáticos dos argumentos internos afetados dos verbos causativos e dos verbos inacusativos. A mudança de estado do argumento interno de um verbo causativo deve-se a um processo que ocorre externamente ao objeto e não depende dele para se efetivar. Já a mudança de estado do argumento interno de um verbo inacusativo deve-se a um processo que ocorre internamente a esse objeto e este contribui de alguma forma para essa mudança, pois depende de propriedades inerentes do objeto para se efetivar.

Alexiadou e Anagnostopoulou (2003) classificam esses verbos como internamente causados, pois a mudança de estado que ocorre no evento é ligada às propriedades inerentes do objeto que muda de estado. Seguindo Levin (in press) e Ciríaco (2007), não adotamos uma análise causativa para esses verbos. Neste trabalho, assumimos que os verbos chamados de internamente causados são inacusativos e são basicamente intransitivos e os verbos causativos são basicamente transitivos. O papel temático dos argumentos afetados dos verbos causativos não possuem as propriedades inerentes das quais depende a mudança de estado.

Essa propriedade é extremamente relevante na nossa análise por ser a propriedade que diferencia os verbos inacusativos dos verbos causativos. Para explicar melhor essa propriedade do papel temático do argumento dos verbos inacusativos, vejamos os exemplos seguintes:

(15) a. O leite azedou.

b. O calor azedou o leite.

(16) a. O leite se derramou.

b. O vento forte derramou o leite.

Tanto em (15) como em (16), o argumento o leite é afetado pelo processo. Porém, em (15), uma outra propriedade compõe o papel temático de o leite: possuir uma propriedade inerente que possibilita a mudança de estado. Em (15b), o calor desencadeia o processo de azedar, criando o ambiente propício para a ocorrência do processo, que não depende do calor e sim, de propriedades inerentes do leite. Já em (16b), a mudança de estado do leite depende exclusivamente do vento forte e não há nenhuma propriedade inerente do leite que possibilite a ocorrência do processo.

Na tentativa de dar um tratamento mais formal para essas diferenças, baseando-nos na proposta de Cançado (no prelo), propomos que o predicado primitivo [BECOME] está associado à propriedade de sofrer uma mudança de estado; enquanto, o predicado primitivo [BE AFFECTED]

está associado à propriedade de ser afetado internamente, devido a propriedades inerentes da própria entidade. A partir dessa afirmativa, propomos, então, a seguinte estrutura de eventos para os verbos causativos:

(9)

(17) [[X (ACT)] CAUSE [Y BECOME <ESTADO>]]

Para os verbos inacusativos, propomos:

(18) [[Y BECOME <ESTADO>] & [Y BE AFFECTED]]

Essas estruturas evidenciam as diferenças semânticas existentes entre os verbos causativos e os inacusativos, no que diz respeito ao argumento interno y.

Além disso, para os verbos causativos temos uma estrutura que explicita o acarretamento lexical do argumento com papel temático composto pela propriedade de desencadeador do processo, proposto por Ciríaco para determinar a transitividade básica dos verbos. Evidências para essa diferença são também as formas alternantes de cada verbo. Na alternância ergativa, a parte causativa do evento, mostrada em (19), é retirada da estrutura argumental do verbo, que passa a presentar a estrutura em (20):

(19) [X (ACT)] CAUSE

(20) [Y BECOME <ESTADO>]

justificando a entrada da partícula se. Quando um verbo inacusativo é causativizado, sua estrutura é bem diferente daquela básica dos verbos causativos, uma causa é inserida na estrutura argumental de um verbo que possui a estrutura em (21), gerando a estrutura em (22):

(21) [[Y BECOME <ESTADO>] & [Y BE AFFECTED]]

(22) [[X] CAUSE [Y BECOME <ESTADO>] & [Y BE AFFECTED]].

1.2 O processo de causativização

Assumindo, pois, as diferenças entre verbos causativos e inacusativos propostas por Ciríaco (2007) e as descritas acima, entendemos que a causativização é um processo sintático de alternância verbal, que consiste em inserir um argumento causativo em verbos que tenham uma estrutura inacusativa, tornando-os verbos de estrutura transitiva. É interessante observar que esse processo é exatamente o contrário do que ocorre no processo de ergativização, em que um verbo causativo, perde seu argumento externo, dando origem a uma estrutura intransitiva, com um argumento afetado. Exemplos de ergativização e causativização são dados em (23) e (24), respectivamente:

(10)

(23) a. João quebrou o vaso.

b. O vaso se quebrou.

(24) a. A menina acordou.

b. João acordou a menina.

Vejamos alguns exemplos de verbos inacusativos que aceitam o processo de causativização:

(25) a. O nenê acordou.

b. O barulho acordou o nenê.

(26) a. A criança adormeceu.

b. A música adormeceu a criança.

(27) a. A maçã apodreceu.

b. O calor apodreceu a maçã.

(28) a. As flores desabrocharam.

b. O sol desabrochou as flores.

Formalizando o processo de causativização em uma estrutura de eventos, a causativização pode também ser descrita como a inserção de um predicado primitivo CAUSE na estrutura de eventos de um verbo. No caso dos verbos inacusativos, uma estrutura como em (29) se torna uma estrutura com a em (30):

(29) [ [Y BECOME <ESTADO>] & [Y BE AFFECTED]]

(30) [[X] CAUSE [Y BECOME <ESTADO>] & [Y BE AFFECTED]].

2. Objetivos e hipótese

Como já vimos, não são todos os verbos inacusativos que aceitam o processo de causativização e o objetivo desta pesquisa é exatamente traçar quais são as propriedades sintáticas, semânticas ou mesmo pragmáticas, se for o caso, que licenciam ou não, esse tipo de alternância.

Também temos como objetivo fazer uma descrição dos verbos inacusativos do português brasileiro e também descrever o processo de causativização. A hipótese que levantamos é que propriedades semânticas bem específicas dos verbos, de natureza temática, licenciam ou não a causativização.

Seguem alguns exemplos de verbos que não aceitam a causativização:

(11)

(31) a. A festa aconteceu.

b. *João aconteceu a festa.

(32) a. A flor brotou.

b. *A primavera brotou a flor.

(33) a. O bebê nasceu.

b. *A mulher nasceu o bebê.

(34) a. A semente germinou.

b. *O agricultor germinou a semente.

3. Metodologia

3.1 A base teórica: A proposta de Cançado (2005) para os papéis temáticos:

Para analisar as propriedades semânticas dos verbos inacusativos e estabelecer quais são relevantes no processo de causativização, utilizaremos a proposta de Cançado (2005) para os papéis temáticos. Essa proposta foi utilizada também por Ciríaco (2007) para estabelecer a transitividade básica dos verbos e conseqüentemente definir verbos inacusativos. Além disso, conhecemos os problemas das propostas tradicionais sobre papéis temáticos e das noções como agente, paciente, causa, tema, entre outros. Para nossa análise precisamos de algo mais fino, pois trataremos propriedades muito específicas dos verbos inacusativos.

Para definir papéis temáticos, Cançado utiliza a noção de acarretamento lexical. O acarretamento lexical é o grupo de todas as coisas que podemos concluir sobre o argumento dentro de certa proposição, sabendo que a proposição é verdadeira. Cançado define papéis temáticos como sendo um grupo de propriedades acarretadas ao argumento por toda a proposição em que esse argumento se encontra.

(35) João quebrou o vaso com um martelo.

Em (35), o papel temático de João são todas as propriedades acarretadas a João quando João quebra o vaso com um martelo. Algumas dessas propriedades são ter controle sobre o desencadeamento do processo, ter intenção de quebrar o vaso, ser animado, ser capaz de usar um instrumento como o martelo, etc.

O papel temático do argumento João na sentença (35) é o grupo dessas propriedades. Porém, nem todas as propriedades de um papel temático são relevantes para a explicação de generalizações gramaticais. Cançado estabelece, então, quatro propriedades relevantes para a gramática, que são:

(12)

ser o desencadeador do processo, ser afetado pelo processo, estar em determinado estado e ter controle sobre o processo. Além disso, é importante ressaltar que para Cançado, como para outros pesquisadores, a atribuição do papel temático é composicional, ou seja, o papel só é atribuído levando-se em conta toda a proposição e não um só item lexical. No caso da sentença (35), só podemos atribuir a João o controle do processo por causa da adjunção com um martelo. Em uma sentença como (36) abaixo, a propriedade de controle não é mais parte do papel temático de João.

(36) João quebrou o vaso acidentalmente.

Antes de explicar melhor cada propriedade é importante ressaltar como elas se combinam: a propriedade de controle nunca ocorre sozinha, mas sempre combinada com uma das outras três propriedades; a propriedade de desencadeador e a propriedade de afetado podem juntas compor um papel temático, mas não se combinam com a propriedade de estativo. Essas propriedades podem ocorrer junto com outras, que podem ou não ser relevantes para a teoria gramatical, como, por exemplo, ser beneficiado pelo processo, ser o alvo de uma trajetória, ser desencadeador indireto ou direto, entre outras. Vejamos as quatro propriedades mais detalhadamente:

3.1.1 A propriedade de desencadeador

A propriedade de desencadeador é associada ao papel temático de um argumento quando a proposição acarreta a esse argumento ter algum papel no desencadeamento do processo. A propriedade é parte do papel temático e não o papel temático do argumento, por isso a propriedade não pode ser comparada com as noções tradicionais de agente e causa. Seguem alguns exemplos de argumentos cujos papéis temáticos possuem, além de outras, a propriedade de desencadeador (marcados em itálico):

(37) João comeu cinco maçãs.

(38) O cachorro arranhou a porta.

(39) O vento abriu a porta.

(40) A mãe casou as filhas bem.

Apesar de dois argumentos receberem a propriedade de desencadeador em (40), seus papéis temáticos não são iguais, não violando o Critério theta, pois os argumentos possuem outras propriedades que diferenciam seu papel temático. Como, por exemplo, a propriedade de afetado, que veremos a seguir.

(13)

3.1.2 A propriedade de afetado

A propriedade de afetado será parte do papel temático de um argumento quando a proposição em que ele se encontra acarretar a ele mudança de um estado A para um estado B. A mudança de estado é bem ampla, podendo ser uma mudança de estado físico, psicológico, mudança de lugar, mudança de posses, etc. Retomando (40), as filhas, além de desencadearem o processo também mudam de estado (solteiras para casadas). Então, essas duas propriedades compõem o papel temático de as filhas. Aqui também, a proposta de Cançado se mostra mais fina. De acordo com as abordagens tradicionais a sentença (40) violaria o Critério theta, pois se teriam ou dois papéis iguais na mesma sentença ou um argumento com dois papéis temáticos, pois o argumento as filhas poderia receber tanto um papel de agente como um papel de paciente, enquanto a mãe receberia também um papel de agente.

Alguns exemplos de sentenças com argumentos afetados (marcados em itálico):

(41) A fruta amadureceu.

(42) João quebrou o vaso.

(43) João recebeu a herança de seus pais.

(44) João jogou a bola.

3.1.3 A propriedade de estativo

Um argumento recebe a propriedade de estativo como parte de seu papel temático quando a proposição acarreta a esse argumento não se alterar durante um intervalo t, ou seja, et1 = et2 = et3

=...= etf. Alguns exemplos de sentenças com argumentos estativos (marcados em itálico):

(45) João tem uma casa.

(46) Maria adora festas.

(47) Joana leu um livro.

(48) Fábio mora em Belo Horizonte.

Novamente, sentenças como (45), (46) e (48) não violam o Critério theta, pois existem outras propriedades nos papéis temáticos dos argumentos que os diferencia. Por exemplo, na sentença (45), o argumento João é um estativo e um possuidor, enquanto ao argumento uma casa a propriedade de possuidor não é acarretada.

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3.1.4 A propriedade de controle

Como dito acima, o controle é uma propriedade que aparece junto com uma das outras três (desencadeador, afetado ou estativo), mas nunca sozinha. O controle é definido por Cançado como a capacidade de se interromper uma ação, um processo ou um estado. Por isso, somente argumentos que possuem o traço animado podem receber controle em seu papel temático. Alguns exemplos de sentenças que possuem argumentos com controle (marcados em itálico):

(49) João assassinou o presidente. (desencadeador com controle)

(50) Maria matou o irmão com uma facada. (desencadeador com controle) (51) João mora em Paris. (estativo com controle)

(52) João recebeu a herança. (afetado com controle)

Uma observação interessante a ser feita é que alguns verbos acarretam sempre, em qualquer proposição, a propriedade de controle ao argumento externo, como assassinar. Outros verbos, porém, não acarretam o controle sempre, mas somente quando são acompanhados por adjunções que atribuem controle ao argumento, como o verbo matar e o verbo receber. Vejamos exemplos de adjunções que torna a propriedade de controle incompatível com os argumentos desses verbos:

(53) João matou uma formiga sem querer.

(54) João recebeu um tapa da namorada.

Tanto em (53) como em (54), o argumento João não tem controle sobre o processo. Porém, é impossível tirar o controle do papel temático do argumento externo de verbos como assassinar, a sentença (55) fica agramatical:

(55) *Maria assassinou João acidentalmente.

Isso é uma evidência de que os papéis temáticos não são atribuídos por um item lexical sozinho, mas pela proposição. O item lexical cerca as possibilidades de papéis temáticos a serem atribuídos a seus argumentos.

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3.1.5 Algumas observações sobre a proposta de Cançado (2005)

Voltemos às duas sub-classes de verbos intransitivos: os inergativos e os inacusativos.

Segundo Ciríaco (2007), os verbos inergativos acarretam ao seu único argumento a propriedade de desencadeador, diferentemente dos inacusativos, que acarretam ao seu único argumento a propriedade de afetado. Como nos exemplos (56) e (57):

(56) João correu. (João é desencadeador do processo e é afetado pelo processo) (57) João adormeceu. (João é somente afetado pelo processo)

Vejamos como outras abordagens tratariam o papel temático desses argumentos, utilizando as noções de paciente, agente e tema. Na sentença (56), poderia ser atribuído a João qualquer um dos três papéis temáticos: tema, agente ou paciente. Já na sentença (57), o único papel, dentre os três acima, que não pode ser atribuído a João é o papel de agente. Então, como um argumento não pode ter dois papéis temáticos, como decidir qual é o papel temático de João nas sentenças (56) e (57)? E como diferenciar os verbos inergativos dos inacusativos se ambos atribuírem o mesmo papel temático a seus argumentos?

Como vimos anteriormente, a abordagem de Cançado resolve esses problemas e possibilita uma clara distinção entre verbos inacusativos e inergativos. Por isso, é importante adotarmos nesta pesquisa a proposta de Cançado. Além disso, é também importante utilizar a proposta porque ela é mais fina e nos permite chegar a propriedades mais específicas para conseguirmos explicar a alternância verbal. Como vimos, a classificação somente de paciente não nos permite distinguir os verbos causativos dos verbos inacusativos alternantes. A proposta apresentada permite que diferenciemos os papéis temáticos dos objetos dessas duas classes de verbos através de propriedades mais finas.

3.2 Os diagnósticos propostos por Ciríaco e Cançado (2006)

Para identificar os verbos inacusativos do PB, utilizamos os diagnósticos propostos por Ciríaco e Cançado (2006). As autoras propõem duas propriedades semânticas e três testes sintáticos para a identificação dos verbos inacusativos.

3.2.1 Propriedades semânticas

Para diferenciar verbos inergativos de verbos inacusativos, as autoras utilizam a rede

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temática, também baseadas em Cançado (2005). Como foi dito, verbos inergativos possuem um único argumento com o papel temático composto pela propriedade de ser o desencadeador do processo, enquanto verbos inacusativos possuem um único argumento cujo pepel temático é composto pela propriedade de ser afetado pelo processo. A outra propriedade semântica utilizada por elas para diferenciar as duas subclasses de verbos é o aspecto acional. Verbos inergativos denotam atividades e verbos inacusativos denotam achievements. O teste proposto para distinguir verbos de atividade de verbos de achievement consiste em adicionar a expressão por x minutos à sentença. Verbos de atividade são compatíveis com a expressão, enquanto verbos de achievement se tornam agramaticais.

(58) João correu por 15 minutos.

(59)*João adoeceu por 15 minutos.

3.2.2 Testes sintáticos

O primeiro teste sintático proposto pelas autoras é a posposição do sujeito. Como o sujeito de um verbo inacusativo é um objeto profundo é de se esperar que a ordem VS seja aceita livremente. Já os verbos inergativos não aceitam a posposição do sujeito livremente, pois seu sujeito não é derivado.

(60) ?Nadou o João.

(61) Apareceu o João.

Um outro teste é o do particípio absoluto. Os verbos inergativos não aceitam particípio absoluto, enquanto os verbos inacusativos aceitam, pois essa é uma propriedade característica de verbos que possuem objetos diretos.

(62) *Nadados os atletas, a competição acabou.

(63) Aparecidas as chaves perdidas, pudemos entrar no prédio.

O terceiro teste sintático é o do sujeito indeterminado. A indeterminação do sujeito é uma propriedade restrita a verbos que possuem sujeito profundo, por isso verbos inacusativos não aceitam sujeito indeterminado.

(64) Nadaram muito ontem no clube.

(17)

(65) *Apareceram muito no prédio ontem.

Apesar de funcionar com vários verbos, esse último teste não foi utilizado em nossa pesquisa. A análise dos dados mostrou que verbos que não aceitam sujeito indeterminado parecem ser aqueles que não aceitam um sujeito humano, e não aqueles que não possuem sujeito profundo, como mostram os exemplos:

(66) Adormeceram lá em cima.

(67)*Brotaram no meu jardim.

3.3 Outros testes

Aos diagnósticos propostos por Ciríaco e Cançado (2006) acrescentamos ainda dois testes.

Esses testes foram necessários para diferenciar verbos inacusativos de verbos causativos alternantes.

O teste que propomos é a ocorrência do verbo na forma intransitiva com a partícula se. Como dito anteriormente, os verbos causativos aceitam se na forma intransitiva e os verbos inacusativos não:

(68) O vaso se quebrou.

(69)*A flor se brotou.

Utilizamos também o teste da construção passiva, proposto por Ciríaco (em prep.). Verbos inacusativos não aceitam a construção passiva:

(70) *A fruta foi apodrecida.

(71) *A menina foi adoecida.

4. Resultados

4.1 Descrição dos verbos inacusativos

Os verbos inacusativos do PB são verbos basicamente intransitivos, cujo único argumento é gerado na posição de argumento interno e recebe papel temático com a propriedade de ser afetado pelo processo e possuir propriedades internas que possibilitam a mudança de estado. Além disso, esses verbos denotam achievements. Exemplos de verbos inacusativos são:

(72) adoecer, adormecer, acontecer, brotar, desabrochar, emagrecer, falecer, fermentar,

(18)

florir, florescer, germinar, mofar, murchar, nascer, sarar

A partir das propriedades semânticas dos verbos inacusativos, propomos a seguinte estrutura para descrevê-los:

(73) [[Y BECOME <ESTADO>] & [Y BE AFFECTED]]

A estrutura acima procura explicitar que o argumento dos verbos inacusativos muda de estado, mas além disso, contribui para essa mudança através de propriedades inerentes específicas.

4.2 Descrição do processo de causativização

O processo de causativização consiste na inserção de um argumento desencadeador na estrutura argumental de um verbo inacusativo. As características semânticas dos verbos inacusativos restringem o tipo de desencadeador que entra na estrutura argumental do verbo. Voltemos ao exemplo (15), repetido em (74):

(74) a. O leite azedou.

b. O calor azedou o leite.

Os objetos dos verbos inacusativos possuem propriedades que possibilitam a mudança de estado. A mudança de estado depende exclusivamente dessas propriedades do argumento afetado. Por isso, quando um argumento desencadeador é inserido na estrutura argumental de um verbo inacusativo, o que ele faz é criar uma situação favorável à ocorrência do processo e não desencadeá-lo diretamente. O papel temático do argumento inserido no processo de causativização é ser desencadeador do processo de forma indireta. Desencadeadores com controle ou desencadeadores diretos não são inseridos na estrutura argumental de um verbo inacusativo. Apesar de não assumir uma análise inacusativa dos verbos chamados por Alexiadou e Angnostopoulou (2003) de internamente causados, Levin (in press), ao defender uma análise não causativa desses verbos, aponta que:

“the causative uses of English internally caused COS (change of state) verbs predominantly have subjects that are natural forces or are in some sense “nature-related” phenomena. Their subjects are very rarely human, let alone animate, and, hence, would not qualify as truly agentive.” (Levin, in press, p. 4)

(19)

Alexiadou e Anagnostopoulou (2003) afirmam que sempre que um predicador desse tipo se combina com uma causa, essa causa só pode ser interpretada como indireta, ou facilitadora da mudança de estado. Os exemplos (75), (76) e (77) mostram que desencadeadores diretos não podem entrar na estrutura argumental de um verbo inacusativo:

(75)a. A Maria emagreceu.

b. A dieta rígida emagreceu a Maria.

c. *O médico emagreceu a Maria propositalmente.

(76)a. O pão embolorou.

b. A umidade embolorou o pão.

c. *A Maria embolorou o pão propositalmente.

(77)a. As roupas mofaram.

b. O calor mofou as roupas.

c. *Maria mofou as roupas propositalmente.

O argumento desencadeador não pode ser direto nem pode possuir controle, mas isso não quer dizer que não possa ser uma entidade animada ou até mesmo humana. Porém para esses tipos de desencadeador ocorre o mesmo, ou seja, eles apenas proporcionam condições favoráveis para o desenrolar do processo, que depende, na verdade, da entidade afetada. Vejamos os exemplos:

(78)a. O João acordou.

b. A Maria acordou o João propositalmente.

Pode parecer que Maria desencadeia o processo de acordar com controle, mas na verdade, o que Maria faz com controle é alguma coisa que facilite ou possibilite a ocorrência do processo de acordar. Por exemplo, dar um empurrão em João, jogar água em João, gritar, etc. O que Maria faz propositalmente é uma das coisas descritas acima e não acordar o João. O processo de acordar ocorre internamente a João, e depende de propriedades inerentes dele para acontecer.

Um teste para evidenciar a propriedade de desencadear o processo indiretamente é a inserção na sentença de um adjunto que denota um instrumento. Sentenças com verbos causativos podem receber esse tipo de adjunto, pois esses verbos são compatíveis com agentes, desencadeadores com controle:

(20)

(79) a. O João matou a Maria com um revólver.

b. O revólver do João matou Maria.

Entendemos que (79a) e (79b) não são paráfrases, o que mostra que o instrumento um revólver não é relacionado ao desencadeador. Já o exemplo em (80) mostra que a sentença com um verbo inacusativo fica agramatical com a inserção do adjunto.

(80) *A Maria acordou o João com um travesseiro.

Como os desencadeadores que ocorrem em sentenças com verbos inacusativos são indiretos, eles não aceitam adjuntos que denotam instrumentos não relacionados a eles, como é o caso do exemplo em (80). Porém, se o instrumento for relacionado ao desencadeador, como é o caso do exemplo em (81), a sentença é gramatical.

(81) a. A Maria acordou o João com um grito.

b. O grito de Maria acordou o João.

O exemplo (82) mostra que desencadeadores de verbos causativos podem ter controle.

(82) João quebrou o vaso / matou Maria / derramou o leite /machucou o cachorro com um martelo propositalmente.

4.3 As restrições ao processo de causativização

Como visto anteriormente, o principal objetivo desta pesquisa é traçar quais são as restrições que licenciam ou não a causativização de verbos inacusativos. Nossa hipótese foi comprovada, pois as diferenças nas propriedades dos papéis temáticos dos argumentos dos verbos de cada grupo são também responsáveis pelo licenciamento da alternância.

Descrevemos os verbos inacusativos com a estrutura em (86):

(83) [[Y BECOME <ESTADO>] & [Y BE AFFECTED]]

Todos os verbos desse tipo acarretam um argumento com o papel temático composto pelas propriedades de ser afetado pelo processo e possuir uma propriedade inerente que possibilita a mudança de estado. A maioria desses verbos aceita a causativização:

(21)

(84)a. O João acordou.

b. O barulho acordou o João.

(85)a. O mel açucarou.

b. O frio açucarou o mel.

(86)a. A banana amadureceu.

b. O calor amadureceu a banana.

(87)a. A ferida cicatrizou.

b. A pomada cicatrizou a ferida.

(88)a. A menina empalideceu.

b. O susto empalideceu a menina.

(89)a. O prego enferrujou.

b. A umidade enferrujou o prego.

(90)a. O pé da Maria inchou.

b. A pancada inchou o pé da Maria.

(91)a. As flores murcharam.

b. O calor murchou as flores.

Porém, alguns desses verbos se comportam diferentemente, não aceitando a alternância:

(92) a. A flor brotou.

b. *O jardineiro brotou a flor.

c. *A chuva brotou a flor.

(93) a. A semente germinou.

b. *O agricultor germinou a semente.

c. *O adubo germinou a semente.

(94) a. O bebê nasceu.

b. *O médico nasceu o bebê.

c. *Os remédios que a mãe tomou nasceram o bebê.

Esses verbos possuem uma propriedade semântica particular, eles acarretam uma mudança de estado mais específica, alguma entidade passa a existir. A explicação para a não ocorrência da alternância nesse grupo vem da sua estrutura de eventos. A estrutura causativa dos verbos com argumentos resultativos é a seguinte:

(22)

(95) [[X ACT <MANNER>] CAUSE [<RESULTADO> of Y]]

A estrutura acima mostra que o desencadeador do processo nos verbos resultativos transitivos só pode ser um desencadeador com controle. Exemplos de verbos que apresentam a estrutura acima são:

(96) construir, escrever, criar, pintar (um quadro)

Os exemplos (97) e (98) mostram como a propriedade de controle é um acarretamento lexical dos verbos resultativos transitivos:

(97) a. João construiu uma casa.

b. *João construiu uma casa acidentalmente.

(98) a. O artista pintou um quadro.

b. *O artista pintou um quadro acidentalmente.

Os verbos inacusativos, porém, não aceitam a entrada de um argumento desencadeador com controle, que é barrado pela propriedade inerente que possibilita a ocorrência do processo. Por isso, verbos inacusativos resultativos não aceitam causativização.

Há ainda dois verbos diferentes dos resultativos que não aceitam a causativização. Esses verbos são falecer e morrer.

(99) a. O João faleceu/morreu.

b. *O bandido faleceu/morreu o João.

O motivo pelo qual esses dois verbos não aceitam a causativização não é sua estrutura semântica. O que barra o processo nesses dois casos é a existência de um outro item lexical, matar, que expressa a contraparte causativa desses verbos. Aronoff (1976) chama essa restrição de bloqueio lexical.

Resta-nos explicar ainda, um pequeno grupo de verbos que se comporta sintaticamente como os verbos inacusativos não alternantes:

(100) a. O João caiu (da escada).

b. *O empurrão caiu o João (da escada).

(101) a. A carta chegou (em minha residência).

(23)

b. *O carteiro chegou a carta (em minha residência).

(102) a. As jóias roubadas apareceram (na delegacia).

b. *O policial apareceu as jóias roubadas (na delegacia).

Os verbos apresentados em (100)-(102) acarretam a um de seus argumentos a propriedade de ser afetado pelo processo. A mudança de estado denotada por esses verbos é um deslocamento no espaço, ou seja, é a mudança de um lugar A para um lugar B. Esses verbos não podem ser incluídos na mesma classe dos verbos analisados neste trabalho por suas propriedades semânticas. Poderia ser, então, um contra exemplo para a nossa análise que os verbos inacusativos são semanticamente determinados? A resposta é não, pois podemos encontrar também incompatibilidade entre as estruturas sintáticas desses verbos e dos verbos inacusativos descritos acima. Segundo Cançado (2009), por se tratarem de verbos de movimento, verbos como cair, chegar e aparecer acarretam argumentos locativos, como da escada, em minha residência, na delegacia, entre outros. Assim, concluímos que esses verbos são uma subclasses a parte dos verbos inacusativos, diferente daquela de que tratamos nesta pesquisa, que não aceita a alternância causativa e que apresenta mais de um argumento em sua estrutura argumental.

5. Conclusões:

Concluímos neste trabalho que a inacusatividade no PB é sintaticamente expressa, mas é semanticamente determinada, concordando com Ciríaco e Cançado (2006). Nossa hipótese foi comprovada, ou seja, as restrições ao processo de causativização dos verbos inacusativos do PB é de natureza semântica. A causativização é um processo bastante produtivo, já que afeta a maioria dos verbos inacusativos. Porém, a não causativização não chega a ser idiossincrática, pois é possível generalizar e isolar as propriedades semânticas dos verbos que licenciam ou não a causativização.

A proposta de Cançado (2005) para os papéis temáticos se mostrou adequada para explicar a alternância verbal. Além da propriedade de ser afetado pelo processo, isolamos outra propriedade semântica relevante para a causativização de verbos inacusativos: possuir propriedades inerentes que possibilitem a mudança de estado. Essa propriedade ocorre junto com a propriedade de ser afetado pelo processo.

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7. Anexo: Testes de Inacusatividade

Para cada verbo testado temos, nesta ordem, a sentença intransitiva, a sentença transitiva, a sentença que testa o aspecto lexical do verbo, a sentença com sujeito posposto, a sentença intransitiva com se, a sentença com o particípio absoluto e, finalmente, a sentença passiva.

7.1 Verbos Inacusativos

Acabar

A missa acabou.

O padre acabou a missa.

*A missa acabou por 15 minutos.

Acabou a missa.

*A missa se acabou.

Acabada a missa, fomos para casa.

*A missa foi acabada pelo padre.

Acontecer

Uma festa aconteceu no parque ontem.

*A música aconteceu a festa.

*A festa aconteceu no parque por 15 minutos.

Aconteceu uma festa ontem.

*Uma festa se aconteceu.

Acontecida a festa, fomos embora.

*A festa foi acontecida.

Acordar

O João acordou.

O barulho acordou o João.

(27)

*O João acordou por 15 minutos.

Acordou o João.

*O João se acordou.

Acordado o João, pudemos ir jantar.

João foi acordado pelo barulho do avião.

Açucarar

O mel açucarou.

O frio açucarou o mel.

*O mel açucarou por 15 minutos.

Açucarou o mel.

*O mel se açucarou.

Açucarado o mel, usamos adoçante.

*O mel foi açucarado pelo frio.

Adoecer

O menino adoeceu.

O frio adoeceu o menino.

*O menino adoeceu por 15 minutos.

Adoeceu o menino.

*O menino se adoeceu.

Adoecido e menino, procuramos um médico.

*O menino foi adoecido pelo frio.

Adormecer

O menino adormeceu.

A música calma adormeceu o menino.

*O menino adormeceu por 15 minutos.

Adormeceu o menino.

*O menino se adormeceu.

Adormecido o menino, fomos para a festa.

*O menino foi adormecido pela música.

Amadurecer

A banana amadureceu.

(28)

O calor amadureceu as bananas.

*A banana amadureceu por 15 minutos.

Amadureceu a banana.

*A banana se amadureceu.

Amadurecida a banana, pudemos comê-la.

*As bananas foram amadurecidas pelo calor.

Amanhecer O dia amanheceu.

*O sol amanheceu o dia.

*O dia amanheceu por 15 minutos.

Amanheceu o dia.

*O dia se amanheceu.

Amanhecido o dia, fomos acampar.

*O dia foi amanhecido.

Amarelar

A foto amarelou.

O tempo amarelou as fotos.

*A foto amarelou por 15 minutos.

Amarelou a foto.

*A foto se amarelou.

Amarelada a foto, a colocamos no porta-retrato.

*A foto foi amarelada pelo tempo.

Amolecer

O sabonete amoleceu.

A umidade amoleceu o sabonete.

*O sabonete amoleceu por 15 minutos.

Amoleceu o sabonete.

*O sabonete se amoleceu.

Amolecido o sabonete, tomei banho.

*O sabonete foi amolecido pela água.

(29)

Aparecer

O livro apareceu em cima da mesa.

*O João apareceu o livro na mesa.

*O livro apareceu por 15 minutos.

Apareceu o livro.

*O livro se apareceu.

Aparecido o livro, ficamos tranqüilos.

*O livro foi aparecido.

Apodrecer

A maçã apodreceu.

O calor apodreceu a maçã.

*A maçã apodreceu por 15 minutos..

Apodreceu a maçã.

*A maçã se apodreceu.

Apodrecida a maçã, a jogamos no lixo.

*A maçã foi apodrecida pelo tempo.

Aumentar

O frio aumentou.

A chegada do inverno aumentou o frio.

*O frio aumentou por 15 minutos.

Aumentou o frio.

*O frio se aumentou.

Aumentado o frio, colocamos as blusas.

*O frio foi aumentado pela chegada do inverno.

Azedar

O leite azedou.

O calor azedou o leite.

*O leite azedou por 15 minutos.

Azedou o leite.

*O leite se azedou.

Azedo o leite, fizemos o queijo.

*O leite foi azedo pelo calor.

(30)

Bichar

As goiabas bicharam.

O excesso de chuvas bichou as goiabas.

*As goiabas bicharam por 15 minutos.

Bicharam as goiabas.

*As goiabas se bicharam.

Bichadas as goiabas, as jogamos no lixo.

*As goiabas foram bichadas pelo excesso de chuvas.

Brotar

A rosa brotou.

*O sol brotou a flor.

*A rosa brotou por 15 minutos.

Brotou a rosa.

*A rosa se brotou.

Brotadas as rosas, as colocamos em vasos.

*As rosas foram brotadas.

Caducar

A velha caducou.

A solidão caducou a velha.

*A velha caducou por 15 minutos.

Caducou a velha.

*A velha se caducou.

?Caducada a velha

*A velha foi caducada.

Cair

A menina caiu da cadeira.

*O empurrão caiu a menina.

*A menina caiu por 15 minutos.

Caiu a menina.

*A menina se caiu.

?Caída a menina

*A menina foi caída.

(31)

Carunchar

O armário carunchou.

As traças caruncharam o armário.

*O armário carunchou por 15 minutos.

Carunchou o armário.

*O armário se carunchou.

Carunchado o armário

*O armário foi carunchado.

Chegar

O João chegou na faculdade.

*O carro chegou o João na faculdade.

*O João chegou por 15 minutos.

Chegou o João.

*O João se chegou.

Chegados os convites, começamos a nos preparar para a festa.

*O João foi chegado.

Cicatrizar

A ferida cicatrizou.

A pomada cicatrizou a ferida.

*A ferida cicatrizou por 15 minutos.

Cicatrizou a ferida.

*A ferida se cicatrizou.

Cicatrizada a ferida, voltamos a jogar futebol.

A ferida foi cicatrizada.

Começar

A aula começou.

A professora começou a aula.

*A aula começou por 15 minutos.

Começou a aula.

*A aula se começou.

Começada a aula, ficamos em silêncio.

A aula foi começada pela professora.

(32)

Corar

A Maria corou.

A cena vergonhosa corou a Maria.

*A Maria corou por 15 minutos.

Corou a Maria.

*A Maria se corou.

?Corada a Maria, a tiramos da sala.

*A Maria foi corada pela cena vergonhosa.

Crescer

O Joãozinho cresceu.

*A idade cresceu o Joãozinho.

*O Joãozinho cresceu por 15 minutos.

Cresceu o Joãozinho.

*O Joãozinho se cresceu.

?Crescido o Joãozinho, o levamos para conhecer o pai.

*O Joãozinho foi crescido.

Decair

O poder aquisitivo do salário mínimo decaiu.

*A alta do dólar decaiu o poder aquisitivo do salário mínimo.

*O poder aquisitivo do salário mínimo decaiu por 15 minutos.

Decaiu o poder aquisitivo do salário mínimo.

*O poder aquisitivo do salário mínimo se decaiu.

Decaído o poder aquisitivo do salário mínimo, paramos de comprar bobagens.

*O poder aquisitivo do salário mínimo foi decaído.

Definhar

A árvore definhou.

O sol implacável definhou a roseira.

*A árvore definhou por 15 minutos.

Definhou a árvore.

*A árvore se definhou.

Definhada a árvore, colocamos fogo nela.

*A árvore foi definhada.

(33)

Desabrochar

A flor desabrochou.

O calor do verão desabrochou a flor.

*A flor desabrochou por 15 minutos.

Desabrochou a flor.

*A flor se desabrochou.

Desabrochada a flor, a colocamos num vaso.

*A flor foi desabrochada pelo calor do verão.

Desacordar

O João desacordou.

O soco forte de Maguila desacordou o João.

*O João desacordou por 15 minutos.

Desacordou o João.

*O João se desacordou.

Desacordado o João, o levamos embora.

João foi desacordado pelo soco forte de Maguila.

Desaparecer

A chave desapareceu.

*A Maria desapareceu a chave.

*A chave desapareceu por 15 minutos.

Desapareceu a chave.

*A chave se desapareceu.

Desaparecida a chave, voltamos para casa.

*A chave foi desaparecida pela Maria.

Desmaiar

A Maria desmaiou.

A pancada desmaiou a Maria.

*A Maria desmaiou por 15 minutos.

Desmaiou a Maria.

*A Maria se desmaiou.

Desmaiada a Maria, a levamos embora.

Maria foi desmaiada por seis policiais.

(34)

Diminuir

O calor diminuiu.

O ar condicionado diminuiu o calor.

*O calor diminuiu por 15 minutos.

Diminuiu o calor.

*O calor se diminuiu.

Diminuído o calor, pudemos desligar o ar.

*O calor foi diminuído pelo ar condicionado.

Emagrecer

A Maria emagreceu.

A dieta rígida emagreceu a Maria.

*A Maria emagreceu por 15 minutos.

Emagreceu a Maria.

*A Maria se emagreceu.

?Emagrecida a Maria

*A Maria foi emagrecida.

Embolorar

O pão embolorou.

A umidade embolorou o pão.

*O pão embolorou por 15 minutos.

Embolorou o pão.

*O pão se embolorou.

Embolorado o pão, o jogamos no lixo.

*O pão foi embolorado pela umidade.

Emergir

O menino emergiu da água.

*O João emergiu o menino da água.

*O menino emergiu da água por 15 minutos.

Emergiu o menino.

*O menino se emergiu.

?Emergido o menino

*O menino foi emergido da água.

(35)

Empalidecer

A menina empalideceu.

O susto empalideceu a menina.

*A menina empalideceu por 15 minutos.

Empalideceu a menina.

*A menina se empalideceu.

Empalidecida a menina, a levamos embora.

*A menina foi empalidecida pelo susto.

Empipocar

O rosto do João empipocou.

Os chocolates empipocaram o rosto do João.

*O rosto do João empipocou por 15 minutos.

Empipocou o rosto do João.

*O rosto do João se empipocou.

Empipocado o rosto do João.

*O rosto de João foi empipocado pelos chocolates.

Emudecer

O cachorro emudeceu.

O susto emudeceu o cachorro.

*O cachorro emudeceu por 15 minutos.

Emudeceu o cachorro.

*O cachorro se emudeceu.

Emudecido o cachorro, acabou a brincadeira.

*O cachorro foi emudecido pelo susto.

Encorpar

A Mariazinha encorpou.

*A Mariazinha encorpou por 15 minutos.

Encorpou a Mariazinha.

*A Mariazinha se encorpou.

Encorpada a Mariazinha, a deixamos namorar.

*A Mariazinha foi encorpada.

(36)

Endoidar

A vovó endoidou.

A bagunça das netas endoidou a vovó.

*A vovó endoidou por 15 minutos.

Endoidou a vovó.

*A vovó se endoidou.

?Endoidada a vovó

*A vovó foi endoidada.

Enegrecer

O teto enegreceu.

A fumaça dos cigarros enegreceu o teto.

*O teto enegreceu por 15 minutos.

Enegreceu o teto.

*O teto se enegreceu.

Enegrecido o teto, começamos a limpeza.

O teto foi enegrecido pela fumaça dos cigarros.

Engordar

O João engordou.

O remédio para depressão engordou o João.

*O João engordou por 15 minutos.

Engordou o João.

*O João se engordou.

?Engordado o João

*O João foi engordado.

Enrouquecer

O cantor enrouqueceu.

A gripe forte enrouqueceu o cantor.

*O cantor enrouqueceu por 15 minutos.

Enrouqueceu o cantor.

*O cantor se enrouqueceu.

Enrouquecido o cantor, chamamos o substituto.

*O cantor foi enrouquecido pela gripe.

(37)

Ensurdecer

O cavalo ensurdeceu

O estrondo ensurdeceu o cavalo.

*O cavalo ensurdeceu por 15 minutos.

Ensurdeceu o cavalo.

*O cavalo se ensurdeceu

Ensurdecido o cavalo, não pudemos mais falar com ele.

O cavalo foi ensurdecido pelo estrondo.

Entontecer

A vaquinha entonteceu.

O sedativo entonteceu a vaquinha.

*A vaquinha entonteceu por 15 minutos.

Entonteceu a vaquinha.

*A vaquinha se entonteceu.

Entontecida a vaquinha, aplicamos a injeção.

*A vaquinha foi entontecida pelo sedativo.

Envelhecer

A Maria envelheceu.

O tempo envelheceu a Maria.

*A Maria envelheceu por 15 minutos.

Envelheceu a Maria.

*A Maria se envelheceu.

Envelhecida a Maria, a levamos para o asilo.

*A Maria foi envelhecida.

Espumar

O leite espumou.

*O calor espumou o leite.

O leite espumou por 15 minutos.

Espumou o leite

*O leite se espumou.

Espumado o leite, fizemos o doce.

*O leite foi espumado.

(38)

Esverdear

O menino esverdeou.

O enjôo esverdeou o menino.

*O menino esverdeou por 15 minutos.

Esverdeou o menino.

*O menino se esverdeou.

Esverdeado o menino, saímos do barco.

*O menino foi esverdeado pelo enjôo.

Falecer

O João faleceu.

*O tiro faleceu o João.

*O João faleceu por 15 minutos.

Faleceu o João.

*O João se faleceu.

Falecido o João, fizemos o velório.

*O João foi falecido.

Fermentar

A massa fermentou.

A cozinheira fermentou a massa.

*A massa fermentou por 15 minutos.

Fermentou a massa.

*A massa se fermentou.

Fermentada a massa, fizemos o molho.

A massa foi fermentada pela cozinheira.

Florir

Os crisântemos floriram.

*O sol floriu os crisântemos.

*Os crisântemos floriram por 15 minutos.

Floriram os crisântemos.

*Os crisântemos se floriram.

Floridos os crisântemos, o jardim ficou bonito.

*Os crisântemos foram floridos.

(39)

Florescer

A hortênsia floresceu.

*O sol floresceu a hortênsia.

*A hortênsia floresceu por 15 minutos.

Floresceu a hortênsia

*A hortênsia se floresceu.

Florescida a hortênsia, o jardim ficou bonito.

*A hortênsia foi florescida.

Frutificar

A laranjeira frutificou.

*A primavera frutificou a laranjeira.

*A laranjeira frutificou por 15 minutos.

Frutificou a laranjeira.

*A laranjeira se frutificou.

Frutificada a laranjeira, colhemos os frutos.

*A laranjeira foi frutificada.

Gangrenar

A perna do rapaz gangrenou.

O excessivo calor e a falta de higiene gangrenaram a perna do rapaz.

*A perna do rapaz gangrenou por 15 minutos.

Gangrenou a perna do rapaz.

*A perna do rapaz se gangrenou.

Gangrenada a perna do rapaz , chamamos um médico.

*A perna do rapaz foi gangrenada pela umidade Gelar

O sorvete gelou.

O frio gelou o sorvete.

O sorvete gelou por 15 minutos.

Gelou o sorvete.

*O sorvete se gelou.

Gelado o sorvete, fomos fazer o piquenique.

*O sorvete foi gelado pelo frio.

(40)

Germinar

A semente germinou.

*O sol germinou a semente.

*A semente germinou por 15 minutos.

Germinou a semente.

*A semente se germinou.

Germinadas as sementes, pudemos ir descansar.

*A semente foi germinada.

Inchar

O pé de Maria inchou.

A pancada inchou o pé de Maria.

*O pé de Maria inchou por 15 minutos.

Inchou o pé da Maria.

*O pé da Maria se inchou.

Inchado o pé da Maria, fomo para o hospital.

*O pé de Maria foi inchado pela pancada.

Melhorar

A dor de cabeça da Maria melhorou.

O remédio melhorou a dor de cabeça da Maria.

*A dor de cabeça da Maria melhorou por 15 minutos.

Melhorou a dor de cabeça da Maria.

*A dor de cabeça da Maria se melhorou.

Melhorada a dor de cabeça da Maria, fomos para a festa.

*A dor de cabeça de Maria foi melhorada.

Minguar

A colheita minguou.

A prolongada seca minguou a colheita.

*A colheita minguou por 15 minutos.

Minguou a colheita.

*A colheita se minguou.

Minguada a colheita, procuramos outro meio de ganhar dinheiro.

(41)

*A colheita foi minguada.

Mofar

As roupas velhas mofaram.

A umidade do armário mofou as roupas velhas.

*As roupas velhas mofaram por 15 minutos.

Mofaram as roupas velhas.

*As roupas velhas se mofaram.

Mofadas as roupas velhas, compramos roupas novas.

*As roupas foram mofadas.

Murchar

As flores do jardim murcharam.

O calor murchou as flores do jardim.

*As flores do jardim murcharam por 15 minutos.

Murcharam as flores do jardim.

*As flores do jardim se murcharam.

Murchadas as flores do jardim, fomos comprar mais sementes.

*As flores foram murchadas pelo calor.

Morrer

A Maria morreu.

*O tiro morreu a Maria.

*A Maria morreu por 15 minutos.

Morreu a Maria.

*A Maria se morreu.

Nascer

O bebezinho nasceu.

*O médico nasceu o bebê.

*O bebezinho nasceu por 15 minutos.

Nasceu o bebezinho.

*O bebezinho se nasceu.

Nascido o bebezinho

*O bebezinho foi nascido.

(42)

Ocorrer

Um assalto ocorreu na avenida.

*O bandido ocorreu um assalto.

*Um assalto ocorreu na avenida por 15 minutos.

Ocorreu um assalto.

*Um assalto se ocorreu.

Ocorrido o assalto, fugimos da cidade.

*Um assalto foi ocorrido.

Parar

O coração do João parou.

O susto parou o coração do João.

O coração do João parou por 15 minutos.

Parou o coração do João.

*O coração do João se parou.

Parado o coração do João, saímos correndo.

*O coração do João foi parado pelo susto.

Perder

A fruta perdeu.

*O calor perdeu a fruta.

*A fruta perdeu por 15 minutos.

Perdeu a fruta.

*A fruta se perdeu.

Perdida a fruta, fomos ao sacolão.

*A fruta foi perdida.

Piorar

A tosse da menina piorou.

O remédio errado piorou a tosse da menina.

*A tosse da menina piorou por 15 minutos.

Piorou a tosse da menina.

*A tosse da menina se piorou.

Piorada a tosse da menina, suspendemos o xarope.

(43)

*A tosse da menina foi piorada pelo remédio errado.

Pirar

A mulher pirou.

A solidão pirou a mulher.

*A mulher pirou por 15 minutos.

Pirou a mulher.

*A mulher se pirou.

Pirada a mulher, saímos de casa.

*A mulher foi pirada.

Pretejar

As jóias pretejaram.

A umidade do banheiro pretejou as jóias.

*As jóias pretejaram por 15 minutos.

Pretejaram as jóias.

*As jóias se pretejaram.

Pretejadas as jóias, fomos ao joalheiro.

*As jóias foram pretejadas.

Raiar O sol raiou.

*O dia raiou o sol.

*O sol raiou por 15 minutos.

Raiou o sol.

*O sol se raiou.

Raiado o sol, fomos acampar.

*O sol foi raiado.

Rançar

A manteiga rançou.

O calor rançou a manteiga

*A manteiga rançou por 15 minutos.

Rançou a manteiga.

*A manteiga se rançou.

(44)

Rançada a manteiga

*A manteiga foi rançada.

Ruir

A ponte ruiu.

*O trator ruiu a ponte.

*A ponte ruiu por 15 minutos.

Ruiu a ponte.

*A ponte se ruiu.

Ruída a ponte, passamos por outro caminho.

*A ponte foi ruída Sarar

O paciente sarou.

O médico sarou o paciente.

*O paciente sarou por 15 minutos.

Sarou o paciente.

*O paciente se sarou.

Sarado o paciente, o levamos embora.

*O paciente foi sarado pelo médico.

Sumir

A chave sumiu do armário.

*O João sumiu a chave.

*A chave sumiu por 15 minutos.

Sumiu a chave.

*A chave se sumiu.

Sumida a chave, ligamos para o chaveiro.

*A chave foi sumida por João.

Surgir

Uma estrela surgiu no céu.

*A noite surgiu uma estrela.

*Uma estrela surgiu no céu por 15 minutos.

Surgiu uma estrela.

Referências

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