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Psicologia Positiva, uma Nova Ciência do Comportamento Humano no Trabalho

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Academic year: 2021

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Comportamento Humano no Trabalho

Paulo Sérgio Fernandes Cogo

RESUMO

O presente artigo resulta da discussão a respeito do surgimento e do desenvol- vimento na contemporaneidade de uma nova perspectiva na área do Compor- tamento Organizacional: a Psicologia Positiva, que busca demonstrar as origens recentes deste novo campo de investigação científica, bem como as principais possibilidades de aplicação em organizações.

PALAVRAS-CHAVE

Psicologia Positiva; Comportamento Organizacional; Comportamento Humano no Trabalho; Gestão de Pessoas.

ABSTRACT

The present paper discusses the emergence and development in contemporary of a new perspective in the area of Organizational Behavior: Positive Psychology, seeking to demonstrate the recent origins of this new field of scientific research, as well as its main application possibilities inside organizations.

KEy WORDS

Positive Psychology; Organizational Behavior;Human Behavior at Work; People Management.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a Psicologia tem se interessado cada vez mais pelo estudo das qualidades humanas. Isso representa uma mudança de paradigma, uma vez que, ao longo da maior parte do século XX, o foco dos estudos centrou-se em comportamentos e em estados mentais patológicos.

Uma nova área, denominada de Psicologia Positiva, dedica-se a in-

vestigar os comportamentos e os estados mentais positivos, tais como

a felicidade, a alegria, a resiliência, o otimismo, a gratidão e a sua

influência no que se refere à elevação da autoestima das pessoas e na

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melhoria da qualidade de vida. A Psicologia Positiva estuda as quali- dades psicológicas e as emoções positivas dos indivíduos, ou seja, os aspectos que constituem o melhor funcionamento do ser humano, bem como os seus recursos para a conquista de uma vida saudável e feliz.

A Psicologia Positiva é um movimento científico que nasceu nos Estados Unidos, em janeiro de 1998, fundado por Martin Seligman, ex-presidente da Associação Americana de Psicologia. Ao lado de im- portantes cientistas, desenvolveu uma série de pesquisas, utilizando o método científico quantitativo, com a intenção de buscar uma mudança de foco na Psicologia Científica, por meio do estudo das disfunções e das patologias relacionadas à saúde e ao bem-estar.

Após pouco mais de dez anos da sua fundação, a Psicologia Positiva constitui-se como uma ciência que se encontra em rápida ascensão, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, evidenciada pelo gran- de número de artigos científicos publicados em livros e revistas e pela manutenção de um jornal científico.

1 A PSICOLOGIA POSITIVA E O ESTUDO DO COMPORTAMENTO HUMANO SAUDÁVEL

A formação acadêmica clássica dos psicólogos os capacita a conhece- rem muito do comportamento e da mente das pessoas psicologicamente doentes e infelizes, mas praticamente nada a respeito das pessoas saudáveis e felizes. Dessa forma, a psicologia tem sido cada vez mais criticada por seu direcionamento predominantemente voltado às ques- tões de doença mental, em vez da saúde mental.

Durante a maior parte da sua história, muito mais concentrada no

trato de distúrbios emocionais, do que a entender o funcionamento

mental e o comportamental saudável, a Psicologia deixou sem respostas

os pesquisadores da área que questionavam sobre a possibilidade de

se ter uma vida plena e feliz, abrindo espaço para que as qualidades

humanas, assim, fossem discutidas sem base científica e, muitas vezes,

de maneira simplificada.

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Nesse sentido, este novo campo de conhecimento científico vai contra a tendência histórica da Psicologia de só considerar como autênticas as emoções negativas. Por mais que tenhamos sido condicionados cultu- ralmente a aceitar esse dogma científico, hoje não se sustenta mais a crença de que as forças e virtudes humanas tenham, de fato, apenas esse tipo de motivação.

Atualmente a perspectiva mais aceita no campo da Psicologia parte de um princípio de dupla dimensão, envolvendo a evolução como fon- te de favorecimento, tanto às emoções negativas quanto às positivas.

Existem quatro motivos principais aos quais atribui-se falta de foco em nossas forças: sermos evolucionariamente orientados para estar alerta a fraquezas e problemas; não recebermos feedback adequado sobre a utilização de nossas forças; acreditarmos que as fraquezas são nossas áreas de maior potencial de crescimento, e nem sempre utilizarmos nossas forças eficazmente ou otimamente.

Assim, se ainda é verdadeiro que o ambiente à nossa volta pode muitas vezes se tornar ameaçador, exigindo uma postura de ataque ou de fuga, é inegável que fenômenos como os da globalização e da crescente informatização da sociedade tenham nos tornado cada vez mais interdependentes, determinando que as competências sociais e emocionais sejam cada vez mais importantes e exigidas.

Por outro lado, as emoções positivas tais como alegria, otimismo e a esperança, entre outras, fortalecem nossos recursos intelectuais, físicos e sociais, inserindo-se como ferramentas das quais podemos lançar mão quando uma oportunidade ou uma ameaça apresentam-se no ambien- te. Esse estudo também mostra que ao contrário do que ocorre com as emoções negativas, o cultivo das emoções positivas promove uma disposição mental expansiva, tolerante e criativa, deixando as pessoas abertas a novas ideias e experiências.

Durante a maior parte da sua história, voltada apenas a diagnosticar

e a tratar patologias, a Psicologia deixou sem respostas os pesquisadores

que buscavam estratégias para desenvolver uma vida feliz, determinando,

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assim, que as forças e as virtudes humanas ficassem em segundo plano e fossem discutidas sem base científica e, por vezes, de forma preconcei- tuosa e estigmatizante.

As razões pelas quais a Psicologia tem sido bem-sucedida, ao reduzir o mal-estar das pessoas, mas não necessariamente ao aumentar o bem- -estar delas são muitas. Primeiro, o foco da Psicologia concentrou-se nas doenças mentais, e não na compreensão e no desenvolvimento da saúde mental. Em segundo lugar, a natureza das classificações, normalmente empregadas em Psicologia, é reducionista e rotulatória, na medida em que confere uma distinção exagerada entre pessoas saudáveis e doentes, aumentando a separação e o contraste entre elas; ao passo que o oposto, ou seja, o voltar o foco a intervenções que cultivem a saúde mental reduz o preconceito e o estigma, uma vez que assim se reconhece o fato de os indivíduos, doentes ou não, possuírem muito mais características em comum do que alguns cientistas desejam reconhecer.

1.1 A Psicologia Positiva e as Qualidades Humanas

A Psicologia Positiva não estuda as patologias e as fraquezas das pessoas, mas as qualidades humanas, ou seja, as suas forças e virtudes.

Sob essa perspectiva, tratar uma pessoa não é consertar o que há de errado nela, e sim a possibilidade de identificar e de fortalecer os seus talentos, pontos fortes, qualidades e as suas potencialidades para que essas se ampliem e se desenvolvam, podendo-se assim utilizá-los com maior eficácia.

A Psicologia Positiva defende o desenvolvimento das virtudes para

promover a saúde e o bem-estar de indivíduos e de corporações, sendo

considerada atualmente a ciência que estuda os aspectos positivos da

vida humana, tais como a alegria, felicidade, bem-estar, as atitudes

de “desabrochar” e de “florescer” e a influência no equilíbrio físico e

mental das pessoas. Cultivando as emoções positivas, acredita-se que as

pessoas possam conquistar uma vida mais feliz em todos os aspectos.

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Seu criador, o psicólogo americano Martin Seligman, a define como um estudo científico do funcionamento humano ideal, que visa des- cobrir e promover os fatores que permitem que indivíduos e comuni- dades prosperem. A Psicologia Positiva atua em três diferentes níveis:

subjetivo, individual e grupal. O nível subjetivo inclui as emoções positivas, bem-estar, satisfação, felicidade e otimismo. Refere-se à disposição interna para sentir-se bem, em vez de fazer o bem ou ser uma pessoa boa.

O objetivo é identificar, em nível individual, os constituintes para uma “vida boa” e as qualidades pessoais necessárias para um indivíduo ser uma “boa pessoa”. Nesse estudam-se as forças e virtudes dos indi- víduos, sua capacidade para amar e perdoar, coragem, perseverança, originalidade, sabedoria, sensatez e as habilidades interpessoais. Já em nível grupal focalizam-se as virtudes cívicas, responsabilidades sociais, altruísmo, civilidade, tolerância, trabalho com ética, instituições positivas e outros fatores que contribuem para o desenvolvimento da cidadania e das comunidades. O desenvolvimento dessas qualidades é extremamente relevante nesse sentido para aprimorar e manter saudável os relacionamentos nos diferentes grupos a que as pessoas pertencem, especialmente a família, a escola e a empresa.

A partir da clarificação dos valores citados, é possível trabalhá-los em qualquer um dos três níveis, dentro ou fora das organizações. À medida que as diferentes técnicas da Psicologia Positiva são postas em prática, espera-se que a pessoa reveja e que modifique os seus padrões habituais de comportamento e de pensamento, gerando uma mudança de atitudes, de hábitos, fazendo assim com que o indivíduo seja mais produtivo, equilibrado e feliz.

1.2 A Psicologia Positiva e a Classificação de Forças e Virtudes

A Psicologia Positiva parte do princípio de que a felicidade é

o resultado de uma vida virtuosa. A partir dessa perspectiva, os

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pesquisadores passaram a se interrogar se existia um conjunto de qualidades do caráter que pudessem ser identificadas ao longo das culturas e da História. Para responder a pergunta, os pesquisadores Martim Seligman e Christofer Peterson coordenaram uma pesquisa com uma equipe de cientistas sociais, procurando verificar se havia algum consenso sobre as virtudes em diferentes culturas, religiões e filosofias.

A pesquisa foi realizada com base em inúmeras culturas ao redor do mundo, em estudo que contemplou vários códigos morais da cultura oriental e da ocidental, na busca da identificação de virtudes comuns a todos esses. Para esse fim, foram pesquisadas tradições religiosas, tais como o Taoismo, Budismo, Hinduismo, Islamismo, as práticas Judaicas e Cristãs, bem como as filosofias de Platão, Aristóteles, Confúcio e de Lao-Tsé, dentre outras. Já no campo da Psicologia Científica, foram pesquisados autores como Ericson, Maslow e Geemberger, entre outros.

Os pesquisadores concluíram que as forças e as virtudes do caráter são universais, identificando-se seis virtudes universais: sabedoria, cora- gem, amor, justiça, moderação e transcendência. Na etapa seguinte passaram a questionar quais características um ser humano deveria ter para conquistar tais virtudes, identificando, assim, 24 características, chamadas de forças pessoais.

A partir deste estudo, Martin Seligman e Christopher Peterson de- senvolveram, em 2004, um detalhado sistema de classificação para os aspectos positivos do comportamento humano, enfatizando as forças e o caráter. Esse recebeu o nome de Valores em ação – Manual de classi- ficação de forças e virtudes. No manual as referidas forças foram dividas em emocionais, cognitivas, relacionais e cívicas e em seis grupos de virtudes: sabedoria, coragem, humanidade, justiça, temperamento e transcendência.

Já as 24 forças pessoais são: gratidão, bravura e valor, justiça e

equidade, humor e alegria, liderança, perdão, bondade e generosidade,

cidadania e trabalho em equipe, entusiasmo e energia, criatividade

e originalidade, curiosidade, espiritualidade e senso de propósito,

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apreciação da beleza e da excelência, capacidade de amar e ser amado, modéstia e humildade, esperança e otimismo, amor pelo conhecimento, inteligência social, integridade, honestidade e autenticidade, perspectiva e sabedoria, prudência e cautela, julgamento e pensamento crítico, diligência e perseverança e autocontrole e autorregulação.

2 AS PESQUISAS EM PSICOLOGIA POSITIVA

A partir da criação do Manual de classificação de Forças e Virtudes, as pesquisas da Psicologia Positiva multiplicaram-se, gerando uma série de evidências científicas que enfatizam os fatores capazes de promover o bem-estar das pessoas, favorecendo o desenvolvimento de abordagens preventivas e construtivas, com expressiva repercussão na melhora da saúde e na elevação da autoestima das pessoas.

Os estudos realizados em várias universidades mostram que  as consequências das emoções positivas e da felicidade são amplas, relacionando-se ao sucesso na escola e no trabalho, a melhores rela- cionamentos sociais, melhor saúde física, a uma melhor saúde mental e a uma vida mais longa.

No ano de 2000, Barbara Fredrickson, pesquisadora da Universidade de Michigan, recebeu um prêmio da John Templeton Foundation por seu trabalho sobre a importância das emoções positivas no comportamento humano. Através desse estudo, descobriu-se que as emoções positivas possuem uma importância muito maior do que simplesmente promover e manter um estado de bem-estar subjetivo.

Outras pesquisas permitiram identificar que cada pessoa possui

um conjunto próprio de forças e de virtudes, ou seja, uma espécie de

constelação pessoal com suas principais qualidades pessoais. De acordo

com esses estudos, cada indivíduo, em média, revela de três a sete tipos

de virtudes normalmente empregadas, ou com as quais possui maior

familiaridade. Na medida em que essas forças tornam-se conscientes,

sendo utilizadas de forma integrada, o indivíduo consegue atingir os

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seus objetivos de vida de forma saudável, imprimindo mais rapidamente uma alta qualidade nas relações interpessoais.

As maiores qualidades das pessoas encontram-se naquilo que elas naturalmente fazem bem, que geralmente escolhem fazer sem a ne- cessidade de qualquer forma de reconhecimento, uma vez que são internamente recompensadas por essas realizações. Quando as pessoas fazem uso dessas forças, sentem-se com maior energia e vitalidade, uma vez que essas atividades fazem-nas sentirem-se bem, porque tais forças geram maior fluidez e domínio a quem as realiza.

O estudo das qualidades humanas gerou a compreensão de que identificar, utilizar e desenvolver forças, virtudes e valores essenciais pessoais encontra-se associado a uma ampla gama de resultados po- sitivos. As pessoas que utilizam suas qualidades pessoais têm maior chance de atingir as suas metas pessoais, pois sentem-se mais felizes, tornam-se mais resistentes à depressão, se identificam positivamente com seu trabalho e têm autoestima mais elevada.

3 AS 24 FORÇAS DO CARÁTER

As forças e as virtudes do caráter constituem-se em capacidades pessoais pré-existentes, manifestas quando nos sentimos motivados e energizados. Fazem-se presentes por meio de ações, através das quais nos sentimos bem praticando, e, devido às quais obtemos maior fluidez e melhor desempenho, sem grande esforço ao praticá-las. Expressam-se também, através do que naturalmente fazemos bem, ou ainda através do que escolhemos fazer, mesmo sem retribuição financeira, uma vez que essas práticas ao envolver tais forças (motivação e eenergias) geram recompensas internas.

As 24 forças do caráter foram agrupadas em seis virtudes principais, conforme a seguinte classificação:

1. Forças da sabedoria e do conhecimento: qualidades cognitivas

que envolvem a aquisição e o uso do conhecimento. Envolvem

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a criatividade ou a originalidade, ou seja, a capacidade de pen- sar em novas formas de conceituar as coisas, em gostar de ser original e de fazer invenções; a curiosidade, isto é, estar aberto a novas experiências e descobertas, estar sempre em busca do novo; ter a mente aberta, através de uma visão imparcial e de um pensamento crítico a respeito das coisas. Para isso, é neces- sário desenvolver a capacidade de examinar todos os ângulos da aquisição de conhecimentos, aceitando diferentes pontos de vista sobre os fatos analisados; amor pela aprendizagem, que é uma qualidade de quem está sempre em busca do desenvol- vimento de novas competências, através do ensino formal ou de maneira pessoal; e perspectiva ou sabedoria, que se traduz na capacidade de prover amplos conselhos e novas visões aos outros, através de formas de ver o mundo que fazem sentido para si e para os outros;

2. Forças da coragem: forças emocionais que possibilitam atingir objetivos em face de obstáculos e de oposições internas e ex- ternas; a virtude a coragem, ou a bravura ou o valor, conjunto que se traduz em não temer desafios, ameaças, dificuldades ou dor; agir com convicção, mesmo que seja necessário tomar uma atitude incomum ou impopular; a persistência ou a perse- verança que implica em persistir no curso de uma ação ou de um propósito, independentemente dos obstáculos; a integridade ou autenticidade ou a honestidade, identificadas na capacidade de mostrar-se de forma genuína, assumindo a responsabilidade pelos próprios atos e pelos sentimentos; e a vitalidade ou o entusiasmo explicitado por meio de um modo de viver com entusiasmo e com alegria, de forma vitalizada e ativa;

3. Forças humanitárias: forças pessoais que envolvem os relaciona-

mentos humanos, através do amor traduzido pela valorização dos

relacionamentos próximos, especialmente aqueles que envolvem

cuidado com o afeto recíproco; a bondade ou generosidade, por

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via de atos de gentileza, do cuidado, compaixão e do amor altru- ísta, que se concretiza através do ato de realizar favores e boas ações para outras pessoas; e da inteligência social, ou empatia, que é a habilidade de estar consciente dos motivos e sentimentos de outras pessoas e também dos próprios;

4. Forças da justiça: forças cívicas que garantem uma vida saudável em comunidade. Essas virtudes incluem a cidadania demonstrada através da responsabilidade social, da lealdade e do trabalho em equipe, que envolve a competência de trabalhar como membro de uma equipe, e da fidelidade ao grupo; a equidade, que implica em tratar todas as pessoas com igualdade e justiça, não deixando que sentimentos pessoais influenciem nas decisões sobre os outros;

e a liderança, que é a qualidade de motivar um grupo do qual se é membro para realizar o que se faz necessário, e, ao mesmo tempo manter boas relações dentro do grupo;

5. Temperança: forças que nos protegem dos excessos; concretizam- -se através da capacidade de perdoar, de não ser vingativo e de não carregar mágoas em relação àquilo que outros fizeram de ruim, aceitando as próprias limitações e as dos outros, conceden- do uma segunda chance às pessoas; da humildade, que permite com que nossas ações falem por nós mesmos, sem acreditar nem agir como sendo melhor do que os outros; da prudência, sendo-se cuidadoso com as escolhas realizadas, não assumido riscos desnecessários, nem realizando aquilo que irá gerar arre- pendimento; e do autocontrole, que é o ato de ser disciplinado, de ter controle sobre o que se sente e se faz, bem como sobre os desejos e as emoções;

6. Forças da transcendência: virtudes pessoais que nos conectam com a amplitude do universo e nos fornecem um sentido à vida.

Apreciação da beleza e da valorização da excelência. Integram

o grupo dessas qualidades a capacidade de apreciação do belo

e a busca da excelência no que se faz, traduzida pelo ato de se

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sentir maravilhado, encantado e elevado ao reconhecer as bele- zas da vida, assim como de desenvolver ao máximo os talentos nos vários domínios da vida; a gratidão, que é o ato de estar consciente das coisas boas que ocorrem na vida, com o cultivo do hábito de permanentemente agradecer às pessoas e à vida;

o otimismo, que é a predisposição de esperar constantemente o melhor do futuro e de agir neste sentido, acreditanto de alguma forma que é possível manter uma expectativa positiva a respei- to do futuro; o bom humor demonstrado no ato de gostar de saber brincar, de rir, de se divertir e de fazer as pessoas rirem e perceberem o lado engraçado da vida (das situações); e a espi- ritualidade, que é identificada pela presença de um propósito de vida e traduzida através da capacidade de se ter pensamentos e crenças coerentes com esse propósito de vida, bem como de se buscar incessantemente encontrar um sentido para a vida e para o universo.

A atual lista de qualidades pessoais, que consta do Manual de clas- sificação de forças e virtudes, não é definitiva, encontrando-se sujeita a mudanças constantemente. Como a maioria das teorias científicas, está aberta a mudanças em face de novas evidências a serem avaliadas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação das descobertas da Psicologia Positiva, em relação à área

do Comportamento Organizacional, representa o surgimento de uma

nova abordagem sobre o comportamento humano, direcionando-se ao

trabalho para a ciência da administração e, em especial, para a área de

recursos humanos, no que se refere à exigência de uma nova postura

dos profissionais diante das ações tradicionais de gestão de pessoas

e, principalmente, de uma formação específica para os que vão atuar

com esta proposta, voltada ao pleno desenvolvimento e à felicidade

dos trabalhadores.

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A aplicação dos conhecimentos da Psicologia Positiva na área do Comportamento Organizacional não é um modelo estruturado de in- tervenção, uma vez que, antes de tudo, envolve uma perspectiva de gestão de pessoas, um tipo especial de estratégia baseada na crença de que as organizações devem basear-se em valores essenciais, tais como a verdade, o amor, a espiritualidade e a felicidade, no intuito de buscar o pleno desenvolvimento das competências humanas essenciais, como a capacidade de aprender a aprender, de aprender a se relacionar, aprender a amar e de aprender a ser.

Nesse sentido, talvez a mais importante contribuição da Psicologia Positiva resida no fato de mostrar que as forças ou qualidades humanas se apresentam, ao longo da nossa vida, em diferentes momentos e sob diversas formas e intensidades, e que todos nós possuímos muitas dessas forças e virtudes, porém nem sempre as reconhecemos.

Algumas das virtudes do caráter são fáceis de identificar, como aquelas pelas quais geralmente nos reconhecem; outras, são menos desenvolvidas, porque ao longo da vida não houve muitas oportunida- des de desenvolvê-las.

Cabe a cada um de nós buscar reconhecer as nossas principais quali- dades pessoais, desenvolvê-las ao máximo, pessoal e profissionalmente, para que possamos utilizá-las em benefício da própria saúde, assim como contribuir para a saúde coletiva dos grupos aos quais pertencemos.

REFERÊNCIAS

PETERSON, C.; SELIGMAN, M. (2004). Character strengths and virtues:

A classification and handbook. Washington, DC: American Psychological Association.

SELIGMAN, Martin E.P. (2002). Authentic Happiness: Using the New

Positive Psychology to Realize Your Potential for Lasting Fulfillment. Nova

York: Free Press. p. 275. ISBN 0-7432-2297-0.

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PAULO SéRGIO FERNANDES COGO

Doutor em Sociologia do Trabalho e das Organizações, Mestre em So- ciologia da Cultura e Psicólogo pela UFRGS, Especialista em Adminis- tração de Recursos Humanos, Bacharel em Direito e em Comunicação Social, na área de Publicidade e Propaganda pela PUCRS, Especialista em Psicologia Transpessoal pela Universidade Holística Internacional, além de Coordenador Adjunto da Faculdade de Administração, Coor- denador da área de Gestão de Pessoas, Vice-coordenador da Empresa Júnior, Coordenador do Master em Gestão de Pessoas, pesquisador e professor dos cursos de Administração e Design de Moda, Gráfico e de Produto do Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter – Laureate International Universities e do curso de Psicologia Transpessoal da Universidade Internacional da Paz – Unipaz-Sul, atuando nas áreas de Comportamento Organizacional, Psicologia do Trabalho e Gestão de Pessoas.

E-mail: paulocogo@uniritter.edu.br

COGO, Paulo Sérgio Fernandes. Psicologia Positiva, uma Nova Ciência

do Comportamento Humano no Trabalho. Revista Negócios e Talentos,

Porto Alegre, ano 8, n. 8, p. 15-27, 2011.

Referências

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