XIII CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS 21, 22 E 23 DE SETEMBRO DE 2016

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ANÁLISE CRÍTICA SOBRE EMBALAGENS PLÁSTICAS ENQUANTO RESÍDUOS SÓLIDOS NO MEIO AMBIENTE: O CASO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DE

UMA INDÚSTRIA DE CAFÉ EM MINAS GERAIS

Augusto Chaves Martins⁽¹⁾; Bruna Jheynice Silva Rodrigues⁽²⁾; Lauriene Teixeira Santos⁽³⁾; Eduardo Luís Martins Carvalho⁽⁴⁾ Myriam Angélica Dornelas⁽⁵⁾

(1) Bacharelando em Administração pelo Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí;

acmartins13@icloud.com; ⁽²⁾ Bacharelanda em Administração pelo Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí; bruna.jsr@hotmail.com; ⁽³⁾ Bacharelanda em Administração pelo Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí; laurienesantos13@hotmail.com; ⁽⁴⁾ Bacharelando em Administração pelo Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí; dudubambui@hotmail.com; ⁽⁵⁾Professora Doutora coordenadora do curso Bacharelado em Administração no Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí;

myriam.dornelas@ifmg.edu.br.

Eixo temático: Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Líquidos

RESUMO – O mercado brasileiro de embalagens tem crescido cada vez mais, somente em 2014 a produção ficou em mais de R$55 bilhões, sendo que os plásticos representam quase 40% deste total. Dentro deste contexto encontra-se a indústria alimentícia que no mesmo ano faturou R$529 bilhões, ainda dentro desta há o setor de torrefação e moagem de café representado por vendas de até R$8,7 bilhões no mercado mundial. As indústrias do setor alimentício são grandes usuárias de embalagens plásticas, material este que leva bastante tempo para se degradar no meio ambiente. Desta forma, levando-se em conta o descarte indevido deste material pelos consumidores finais, este artigo técnico-científico teve por objetivo realizar uma análise crítica do uso de embalagens plásticas de polipropileno biorientado, utilizadas no produto de uma indústria de café em Minas Gerais, além de descrever a proporção do impacto ambiental gerado por este resíduo e propor sugestões que minimizem tal impacto. Para a coleta e análise de dados foi feita uma entrevista com o gerente da empresa, assim como uma observação do processo de embalagem do produto. Foi possível identificar que as embalagens são feitas de polipropileno e não são produzidas pela indústria estudada, desta forma a responsabilidade do descarte destas não é de responsabilidade da empresa, contudo, como dezenas de milhares destas embalagens vão direto para o lixo, o estudo concluiu sugerindo que a indústria passe a utilizar embalagens biodegradáveis, que reduzirão o impacto ambiental e que atuarão como um diferencial inovador da empresa.

Palavras-chave: Indústria. Resíduos sólidos. Embalagens. Materiais biodegradáveis.

ABSTRACT –The Brazilian packaging market has grown increasingly, only in 2014 the production was more than U$16 billions, and plastics account for almost 40% of this total. Within this context is the food industry in the same year earned U$160

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billions, still within this there is the roasting industry and coffee grinding represented by sales to U$2,64 billions in the world market. The food sector industries are major users of plastic packaging, which material takes a long time to degrade in the environment. Thus, taking into account the improper disposal of this material by end consumers, this technical-scientific article aimed to conduct a review of the use of plastic packaging biaxially oriented polypropylene, used in the product of the coffee industry in Minas Gerais, and describe the proportion of the environmental impact generated by this matter and propose suggestions to minimize such impact. For the collection and analysis of data was made an interview with the manager of the company, as well as a note of the product packaging process. It was possible to identify that the packages are made of polypropylene and are not produced by the studied industry, thus the responsibility of the disposal of these is not the company's responsibility, however, as tens of thousands of these containers go straight to the trash, the study found suggesting the industry pass to use biodegradable packaging, which will reduce the environmental impact and to act as an innovative differential of the company.

Key words: Industry. Solid waste. Packaging. Biodegradable materials.

Introdução

O Brasil, frente ao mercado mundial, é o maior produtor de café. A produção cafeeira no ano de 2014 foi estimada em 45,35 milhões de sacas beneficiadas (CONAB, 2015), cuja venda atinge aproximadamente 8,7 bilhões de reais por ano e, somente no Brasil existem cerca de 1500 indústrias responsáveis pela torrefação e moagem de café (ABIC, 2015), entretanto, estas indústrias acabam por gerar impactos ambientais significativos.

Diante desta realidade, cada vez mais as indústrias buscam ter controle da poluição, não somente por simplesmente terem interesse nas questões ambientais, mas por pressões de órgãos fiscalizadores e regulamentadores e o próprio mercado/consumidores. De acordo com Nicolella et. al. (2004) as empresas têm procurado estabelecer formas de gestão com objetivos explícitos de controle da poluição e de redução das taxas de efluentes, controlando e/ou minimizando os impactos ambientais. Tais formas de gestão tentam criar práticas que reduzam tanto a geração de resíduos sólidos, quanto de efluentes líquidos ou gasosos provenientes dos processos produtivos das diversas indústrias existentes.

Sob estas condições, pode-se dizer que um dos grandes desafios dos gestores é mudar a concepção de meio ambiente dentro da empresa e estruturar seus processos produtivos às condições que o meio legislativo e social impõem, como exemplo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 12 de fevereiro de 2010 que tem como objetivo o desenvolvimento sustentável. Porém há algumas organizações que vêm adquirindo uma consciência ambiental além daquela exigida pela legislação.

Pode-se também ter como exemplo sobre a verificação de impactos ambientais, a identificação e preocupação com as embalagens, a Cartilha Meio

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Ambiente e a Indústria de Embalagem (2012) mostram que embalagens foram desenvolvidas para que, além de acondicionar e proteger o produto, possam contribuir para a questão ambiental.

A produção da indústria brasileira de embalagens tem crescido cada vez mais, estima-se que somente em 2014, o valor bruto da produção física atingiu R$55,1 bilhões, um aumento de aproximadamente 6,17% em relação aos R$51,9 bilhões de 2013 (ABRE, 2015). Os plásticos representam a maior participação no valor da produção, correspondente a 39,07% do total, seguido pelo setor de embalagens celulósicas com 34,30%, metálicas com 17,14%, vidro com 4,81% e madeira com 2,59%.

Assim sendo, uma das maiores usuárias de embalagens plásticas é a indústria de alimentos, que somente em 2014 obteve um faturamento de R$529,6 bilhões no mercado mundial, onde 52,4% deste valor originaram-se das vendas para o mercado nacional (ABIA, 2015). O tipo mais usado por este setor são as embalagens laminadas, que são formadas pela sobreposição de materiais, como filme plástico metalizado, adesivo e filme plástico normal. As metalizadas são utilizadas principalmente para fabricação de embalagens de cafés, salgadinhos, biscoitos, entre outros (ABEAÇO, 2015).

Logo, um material comumente usado para a fabricação deste tipo de embalagens é o polipropileno biorientado (BOPP). Os filmes de BOPP são películas plásticas obtidas através do processo de extrusão e estiramento da resina granulada de polipropileno (CARVALHO, 2008).

Em contraponto ao BOPP, as empresas vem adotando em seus produtos a utilização de embalagens biodegradáveis que são produzidas a partir de blendas poliméricas que apresentam materiais a base de amido na sua composição, isto agrega uma propriedade particular ao filme plástico que permite a quebra das cadeias poliméricas em tamanhos reduzidos, resultando em micro-moléculas que são facilmente absorvidas pelos micro-organismos do solo (ENVASE, 2015). A ordem de grandeza da degradação destes bioplásticos é de 6 a 12 meses contra 40 a 50 anos, ou até 200 anos no caso de polímeros sintéticos.

Por isso, a avaliação das consequências ou interações das atividades de determinada indústria sobre o meio ambiente é uma forma de se buscar a melhoria do processo de forma a minimizar os impactos sobre o meio ambiente (PULIDO;

SHINTATE, 2011).

E, neste sentido, considerando a grande quantidade de embalagens plásticas produzidas e utilizadas anualmente pela indústria alimentícia, o proporcional número destas descartadas pelo consumidor final, o extenso tempo levado para a degradação do material com o que são feitas e a necessidade de redução do impacto ambiental gerado pelo descarte inadequado destas embalagens, este estudo propôs avaliar um método de possível redução deste resíduo sólido.

Material e Métodos

O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise crítica do uso de embalagens plásticas de polipropileno biorientado, utilizadas no produto acabado de

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uma indústria de torrefação e moagem de café no município de Bambuí – MG, bem como descrever a proporção do impacto ambiental que este resíduo gera e propor sugestões que minimizem tal impacto.

Para a coleta de dados foi realizada uma entrevista de 20 perguntas com o gerente da indústria, onde se obteveram informações sobre a empresa como um todo, a quantidade de produtos vendidos mensalmente e sobre a consciência ambiental praticada pela mesma.

Foi realizada também a observação do processo de embalagem do produto acabado da indústria, que logo após sai pronto para ser comercializado. Esse método de observação é definido por Marconi e Lakatos (2003) como um meio de conseguir informações sobre a realidade estudada, uma vez que o pesquisador possui um maior contato com o objeto de estudo.

A análise dos resultados foi realizada por meio de um levantamento das respostas da entrevista direta, direcionada ao gerente da indústria, e com a observação. Assim, foi possível responder as questões-chave inerentes aos objetivos do presente trabalho.

Portanto, a empresa deste estudo atua no setor de torrefação e moagem de grãos de café, foi fundada em 1978 em Bambuí, localizado no interior de Minas Gerais, está localizada no bairro industrial do município. Caracteriza-se como Microempresa, pois, seu faturamento anual é em média de um milhão e seiscentos mil reais. De acordo com a classificação adotada pelo Banco Nacional do Desenvolvimento - BNDES (2015), empresas que possuem um faturamento bruto anual inferior ou igual a dois milhões e quatrocentos mil reais se encontram nessa categoria. A indústria trabalha com seu produto em embalagens plásticas de 250 e 500 gramas, e segundo o gerente o produto nas embalagens de 500 gramas representa 65% das vendas mensais e o de 250 gramas 35%, em média.

Resultados e Discussão

As embalagens não são produzidas pela indústria estudada e, apesar de ser uma agregação de valor ao produto final da indústria, se tornam resíduos sólidos após o produto ser consumido pelo consumidor final, a empresa, portanto contribui inconscientemente com a geração de um impacto ambiental negativo, uma vez que na maioria das vezes o consumidor de seu produto não faz um devido descarte correto destas embalagens.

Tais embalagens são feitas do material Película de Polipropileno Biorientada (BOPP) e são recicláveis, porém segundo o site eCicly (2013) este é um material que tem pouco valor no mercado de reciclagem e é de difícil limpeza, indo parar na maioria das vezes no lixo comum.

Segundo o gerente da empresa, a demanda é de 12.000 quilos de café moído por mês, e deste total 65% (7.800 Kg) são de embalagens em 500 gramas e, 35%

(4.200 Kg) de embalagens de 250 gramas. Então, levando em conta que cada quilo de café é convertido em 2 pacotes de 500 gramas ou 4 de 250 gramas, chega-se a um resultado de que 15.600 pacotes de 500 gramas e 16.800 pacotes de 250 gramas saem mensalmente da indústria para o mercado. Ou seja, um total de

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32.400 embalagens em média são descartadas por mês somente provenientes da indústria de torrefação e moagem de café estudada.

Conclusões

A reciclagem das embalagens usadas no produto acabado da indústria não é de sua responsabilidade, porém a mesma já está em atividade há 37 anos, com o índice de cerca de 32.400 embalagens a serem descartadas mensalmente e uma média de 388.800 anualmente, o impacto ambiental involuntário gerado por ela se torna muito grande.

O ponto abordado e criticado por este artigo parte do fato de somente o Brasil possuir cerca de 1500 indústrias de torrefação e moagem de café, e ainda deste setor se encontrar dentro da enorme indústria alimentícia existente no país, ou seja, se apenas uma empresa foi estudada, dentro de um nicho de mercado tão vasto, e, por esta empresa passam tantas embalagens de polipropileno, a quantidade usada por todo o resto das indústrias é exorbitante, e dado o elevado tempo de degradação dos materiais usados em tais embalagens, o impacto ambiental gerado irá tomar dimensões em uma escala demasiadamente alta, considerando o aumento crescente dos setores envolvidos.

Por isso, levando em consideração a grande quantidade de embalagens de polipropileno que serão descartadas após o uso do produto final pelos consumidores, e que o material dessas embalagens utilizadas no processo não é reciclado facilmente, seria importante a empresa adotar o uso de embalagens biodegradáveis, as quais ainda que também sejam descartadas após o uso, possuem como benefícios a redução de dejetos, uma vez que através da rápida degradação de seu material, diminui o tempo em que estas ficam no meio ambiente, reduzindo também a quantidade de resíduos em longo prazo presentes neste ambiente.

Por fim, a sugestão encontrada pelos autores e pela empresa estudada após a finalização deste estudo, é justificável que a indústria abandone o uso das embalagens de polipropileno biorientado e passe a usar plásticos biodegradáveis nas embalagens de seus produtos, uma vez que a empresa estudada estará ajudando a redução dos impactos gerados pelo descarte indevido destes resíduos sólidos, promovendo um desenvolvimento sustentável e, claro estará apostando em inovação, uma vez que possuir um produto embalado com material biodegradável agrega mais valor percebido pelo consumidor, além de possuir a marca de empresa ecologicamente consciente o que se torna um diferencial importante em relação aos concorrentes e ao mercado como um todo.

Referências

ABEAÇO – Associação Brasileira de Embalagem de Aço. Disponível em:

<http://www.abeaco.org.br>. Acesso em 04 dez. 2015.

ABIA – Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação. Disponível em:

<http://www.abia.org.br>. Acessado em 04 dez. 2015.

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ABIC- Associação Brasileira da Indústria de Café. Disponível em: <http://www.abic.com.br>.

Acesso em 21 abril 2015.

ABRE – Associação Brasileira de Embalagem. Disponível em: <http://www.abre.org.br>.

Acesso em 04 dez. 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR – 10.004: Resíduos Sólidos.

Rio de Janeiro, 2004.

BNDS – Banco Nacional do Desenvolvimento. Disponível em:

<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/porte.h tml>. Acesso em: 19 maio 2015.

Cartilha Meio Ambiente e a Indústria de Embalagem. ABRE – Associação Brasileira de Embalagem: São Paulo.

CARVALHO, L. B. Produção de polipropileno bi-orientado (BOPP): tecnologia e aplicações.

Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior de Tecnologia e de Gestão, 2008.

Disponível em: <http://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/1990/1/Trabalho.pdf>.

CONAB- Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira:

café. Brasília: Conab, 2015.

eCICLY. Pacotes Laminados são Recicláveis? Disponível em:

<http://www.ecycle.com.br/component/content/article/57-plastico/217-pacotes laminados- sao-reciclaveis.html>. Acesso em: 16 out. 2015.

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Disponível em: < http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 13 dez. 2015.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

NICOLELLA, G.; MARQUES, J. F.; SKORUPA, L. A. Sistema de gestão ambiental: aspectos teóricos e análise de um conjunto de empresas da região de Campinas/SP. Jaguariúna:

Embrapa Meio Ambiente, 2004.

PULIDO, A. S.; SHINTATE, P. T. Diagnóstico Ambiental de Empreendimentos do Distrito Industrial Antônio Crepaldi – Presidente Prudente/SP. Trabalho de conclusão (bacharelado – Engenharia Ambiental) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente, 2011.