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Simulação numérica de graxa em vedantes labirinto

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

LUCIANO RAFAEL FROSE

SIMULAÇÃO NUMERICA DE GRAXA EM VEDANTES

LABIRINTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(Tcc2 - Nº de Inscrição - 22)

CURITIBA 2017

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SIMULAÇÃO NUMERICA DE GRAXA EM VEDANTES

LABIRINTO

Monografia do Projeto de Pesquisa apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso - Tcc2 do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para aprovação na disciplina.

Orientador: Prof. Cesar O. R. Negrão, Ph.D Co-orientador: Prof. Tiago Cousseau, Ph.D.

CURITIBA 2017

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TERMO DE ENCAMINHAMENTO

Venho por meio deste termo, encaminhar para apresentação a monografia do Projeto de Pesquisa "SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE GRAXA EM VEDANTES LABIRINTO", realizado pelo aluno LUCIANO RAFAEL FROSE, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 2, do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Tecnológica do Paraná.

Orientador: Prof. Dr Cesar Otaviano Ribeiro Negrão UTFPR - Damec Curitiba, 13 de Novembro de 2017.

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LUCIANO RAFAEL FROSE

SIMULAC ˜

AO NUM ´

ERICA DE GRAXA EM VEDANTES LABIRINTO

Por meio deste termo, aprovamos a Proposta de Projeto de Pesquisa “SIMULAC ˜AO NUM ´ERICA DE GRAXA EM VEDANTES LABIRINTO”, realizada pelo aluno LUCI-ANO RAFAEL FROSE, como requisito parcial para aprovac¸ ˜ao na disciplina de Tra-balho de Conclus ˜ao de Curso 2, do curso de Engenharia Mec ˆanica da Universidade Tecnol ´ogica Federal do Paran ´a.

Prof. Cezar O. R. Negr ˜ao, Ph.D. Departamento de Mec ˆanica, UTFPR Orientador

Prof. Tiago Cousseau, Ph.D.

Departamento de Mec ˆanica, UTFPR Co-orientador

Prof. Eduardo Germer, Ph.D.

Departamento de Mec ˆanica, UTFPR Avaliador

Prof. Hilbeth Azikri, Ph.D.

Departamento de Mec ˆanica, UTFPR Avaliador

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Agradec¸o a Deus pela vida, por ser complicada e podermos estud ´a-la. Agradec¸o que Ele nos ama e que podemos achar um sentido para viver. Agradec¸o a minha fam´ılia por sempre providenciar estudo para que eu pudesse me formar Engenheiro Mec ˆanico: ao meu pai por buscar o sustento da casa e providenciar o t ˜ao necess ´ario p ˜ao de cada dia e em ter me ensinado a persist ˆencia e dedicac¸ ˜ao no trabalho; `a mi-nha m ˜ae pelo seu amor incondicional em motivar e me ensinar a conduzir uma vida decente; `a minha irm ˜a pela sua companhia e irmandade em todos estes anos.

Agrac¸o a minha querida noiva e futura esposa. Por sempre me amar e me motivar no estudo e na construc¸ ˜ao de um melhor eu.

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cerei totalmente, como eu sou conhecido. 1 Cor´ıntios 13:12

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FROSE, Luciano. SIMULAC ˜AO NUM ´ERICA DE GRAXA EM VEDANTES LABIRINTO. 104 f. Trabalho de Conclus ˜ao de Curso – DEPARTAMENTO ACAD ˆEMICO DE ENGE-NHARIA MEC ˆANICA, Universidade Tecnol ´ogica Federal do Paran ´a. Curitiba, 2017. A problem ´atica de contaminac¸ ˜ao de mancais por detritos do ambiente externo ´e explo-rada atrav ´es da simulac¸ ˜ao num ´erica em vedantes labirinto. O presente trabalho utiliza o software comercial FLUENT 16.0 de volumes finitos para an ´alise do escoamento de graxa nos selos. O fluido ´e modelado como Herschel-Bulkley e implementado no soft-ware atrav ´es de uma User Defined Function (UDF) embasada no modelo de Papanas-tasiou. O funcionamento de selos ´e abordado e durante as simulac¸ ˜oes s ˜ao exploradas as vari ´aveis respons ´aveis por influenciar no comportamento do escoamento. Faz-se a validac¸ ˜ao da aplicac¸ ˜ao num ´erica do modelo reol ´ogico com a soluc¸ ˜ao anal´ıtica do escoamento entre placas planas e paralelas. Atrav ´es de tr ˆes estudos de caso onde a variac¸ ˜ao da montagem de selos radiais e axiais, a variac¸ ˜ao da graxa e da rotac¸ ˜ao concluiu-se que selos radiais s ˜ao mais eficientes no vi ´es de menores perdas por atrito viscoso e estanqueidade contra contaminantes. A variac¸ ˜ao da graxa possibilitou visu-alizar que maiores valores de tens ˜ao limite de escoamento favorecem a expans ˜ao de regi ˜oes n ˜ao cisalhadas, assim como graxas com menores valores de n reduzem per-das por momento viscoso devido reduc¸ ˜ao de perper-das por atrito. O estudo do efeito da velocidade de rotac¸ ˜ao sobre as propriedades do vedante labirinto possibilitou consta-tar o aumento da vaz ˜ao m ´assica de graxa devido reduc¸ ˜ao da viscosidade efetiva que por sua vez eleva o momento viscoso do labirinto.

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FROSE, Luciano. NUMERICAL SIMULATION OF GREASE INSIDE LABYRINTH SE-ALS. 104 f. Trabalho de Conclus ˜ao de Curso – DEPARTAMENTO ACAD ˆEMICO DE ENGENHARIA MEC ˆANICA, Universidade Tecnol ´ogica Federal do Paran ´a. Curitiba, 2017.

The problem of contamination of bearings by debris from the external environment is explored through numerical simulation in labyrinth seals. The present work uses the commercial software FLUENT 16.0 of finite volumes for analysis of the flow of grease in the seals. The fluid is modeled as Herschel-Bulkley and implemented in the soft-ware through a User Defined Function (UDF) based on the Papanastasiou model. The operation of seals is approached and during the simulations the variables responsible for influencing the flow behavior are explored. The numerical application of the rheolo-gical model is validated with the analytical solution of the flow between flat and parallel plates. Through three case studies where the variation of radial and axial seals, grease variation and rotation are evaluated, it was concluded that radial seals are more effici-ent in the bias of less viscous friction losses and watertightness against contaminants. The variation of the grease allowed to visualize larger values of τy favor the expansion

of non-shear regions. As well as greases with lower values of n reduce viscous mo-ment losses due to reduction of frictional losses. The study of the effect of the rotation speed on the properties of the labyrinth seal made it possible to verify the increase of the grease mass flow due to the reduction of the effective viscosity, which in turn increases the viscous moment of the labyrinth.

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Figura 1.1 Exemplo de um selo labirinto . . . 13 Figura 1.2 Exemplo de um mancal exposto a detritos do ambiente externo. . . 14 Figura 1.3 Causas identificadas para falha de rolamentos antes de atingir sua

vida ´util calculada . . . 15 Figura 2.1 Esquematizac¸ ˜ao de selos labirinto. . . 19 Figura 2.2 Queda de press ˜ao ao longo do selo labirinto demonstrando o princ´ıpio

de vedac¸ ˜ao em turbom ´aquinas. . . 20 Figura 2.3 Esquematizac¸ ˜ao de cisalhamento unidirecional. . . 23 Figura 2.4 Comparac¸ ˜ao esquem ´atica entre caracter´ıstica de escoamento entre

fluidos newtonianos e fluidos newtonianos generalizados. . . 25 Figura 2.5 Fotos da estrutura do espessante da graxa utilizando tr ˆes t ´ecnicas

diferentes de visualizac¸ ˜ao. SEM (esquerda), AFM (centro) e TEM (direita). Comprimento da figura individual corresponde a 10µm. . . . 28 Figura 3.1 Perfil de velocidade t´ıpico para fluidos newtonianos (linha pontilhada)

e fluidos pseudopl ´asticos (linha cont´ınua). . . 32 Figura 3.2 Esquematizac¸ ˜ao do teste de escoamento de graxa em restric¸ ˜ao. . . . 32 Figura 3.3 Esquematizac¸ ˜ao dos resultado de escoamento da graxa na cavidade

(Figura 3.2) em que US ´e a velocidade da superf´ıcie do eixo. . . 33

Figura 3.4 Esquematizac¸ ˜ao de eixo rotacionando internamente com exterior pa-rado. . . 34 Figura 3.5 Comparac¸ ˜ao entre velocidades experimentais com soluc¸ ˜ao anal´ıtica

(Eq. 3.1 para graxa NLGI 00 e espac¸amento de 0, 4mm. . . 34 Figura 3.6 Esquematizac¸ ˜ao do problema de escoamento helicoidal para fluido

HB. . . 35 Figura 3.7 Influ ˆencia da variac¸ ˜ao na rotac¸ ˜ao do eixo na velocidade axial e

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Figura 4.1 Comparac¸ ˜ao entre selos labirintos montados radialmente e axial-mente ao eixo. . . 40 Figura 4.2 Valores de refer ˆencia para geometrias de vedantes labirinto. . . 41 Figura 4.3 Geometria de labrintos axiais e radiais que ser ˜ao avaliadas no

pre-sente trabalho. . . 43 Figura 4.4 Representac¸ ˜ao da discretizac¸ ˜ao em volumes finitos com identificac¸ ˜ao

dos pontos utilizados na aproximac¸ ˜ao num ´erica . . . 48 Figura 5.1 Geometria de placas planas e paralelas com condic¸ ˜oes de contorno 51 Figura 5.2 Comparac¸ ˜ao entre simulac¸ ˜ao de fluidos Herschel-Bulkley com soluc¸ ˜ao

anal´ıtica de escoamento em tubo circular para condic¸ ˜oes de press ˜oes de entrada da tubulac¸ ˜ao de p = 30, 140 e 240kP a. . . 53 Figura 5.3 Nomenclatura das regi ˜oes de mudanc¸a do n ´umero de volumes finitos

no estudo de converg ˆencia de malha. . . 55 Figura 5.4 Regi ˜oes de controle da velocidade m ´axima assumida para as CC de

verificac¸ ˜ao de malha . . . 56 Figura 5.5 Comparac¸ ˜ao gr ´afica entre as velocidades obtidas pelas tr ˆes malhas

no estudo de converg ˆencia da soluc¸ ˜ao num ´erica. . . 57 Figura 5.6 Malha resultante do estudo de converg ˆencia da soluc¸ ˜ao num ´erica. . 58 Figura 5.7 Comparac¸ ˜ao entre queda de press ˜ao de labirinto radial e axial. . . 60 Figura 5.8 Comparac¸ ˜ao da queda da press ˜ao para labirintos axiais. . . 60 Figura 5.9 Comparac¸ ˜ao da queda da press ˜ao para labirintos radiais. . . 61 Figura 5.10 Comparac¸ ˜ao entre vaz ˜oes m ´assicas e momentos viscosos entre as

geometrias para o Caso 1. . . 63 Figura 5.11 Comparac¸ ˜ao entre velocidades circunferenciais uθ entre geometrias

de labirintos duplo para as CC do Caso 1. (Ambos possuem a mesma escala de velocidade) . . . 64 Figura 5.12 Comparac¸ ˜ao entre vaz ˜oes m ´assicas e momentos viscosos entre

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Figura 5.14 Comparac¸ ˜ao entre viscosidades efetivas η para cada graxa do Caso 2. Detalhe para as regi ˜oes n ˜ao cisalhadas presentes nos cantos na curvatura do labirinto. . . 68 Figura 5.15 Comparac¸ ˜ao do efeito nos perfis de velocidade para cada rotac¸ ˜ao do

Caso 3. . . 69 Figura 5.16 Comparac¸ ˜ao entre viscosidades efetivas η para cada velocidade do

Caso 3. . . 70 Figura 5.17 Comparac¸ ˜ao da queda de press ˜ao na direc¸ ˜ao axial para cada

velo-cidade do Caso 3. . . 71 Figura 5.18 Comparac¸ ˜ao entre vaz ˜oes m ´assicas e momentos viscosos para cada

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Tabela 2.1 Efeitos mec ˆanicos esperados para selos sem contato dependendo da condic¸ ˜ao de operac¸ ˜ao do eixo . . . 21 Tabela 3.1 Valores para modelo reol ´ogico de graxas SKF NLGI 00, 1 e 2

utiliza-dos no estudo de Baart e Taylor (2011). . . 31 Tabela 4.1 Espac¸amento recomendado pela empresa NTN para vedantes

labi-rinto conforme Anexo D. . . 41 Tabela 4.2 Valores para modelo reol ´ogico de graxas SKF NLGI 00, 1 e 2. . . 45 Tabela 4.3 Implementac¸ ˜ao das hip ´oteses e condic¸ ˜oes de contorno no software

de resoluc¸ ˜ao das equac¸ ˜oes do estudo. . . 50 Tabela 5.1 N ´umero de volumes utilizados para cada caso de estudo na validac¸ ˜ao

da converg ˆencia de malha. . . 55 Tabela 5.2 Condic¸ ˜oes para an ´alise de malha . . . 55 Tabela 5.3 Performance da simulac¸ ˜ao para cada caso de estudo de converg ˆencia. 56 Tabela 5.4 Valores de GCI obtidos no estudo de converg ˆencia de malha. . . 57 Tabela 5.5 Resumo da enumerac¸ ˜ao e das CC de cada caso estudado. . . 59

(13)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 12

1.1 Caracterizac¸ ˜ao do Problema . . . 14

1.2 Objetivos . . . 15

1.2.1Objetivo Geral . . . 15

1.2.2Objetivos Espec´ıficos . . . 15

2 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA . . . 17

2.1 Vedantes . . . 17

2.1.1Funcionamento Mec ˆanico de Selos . . . 17

2.1.2Tipos de Vedantes . . . 18

2.2 Equacionamento Matem ´atico . . . 21

2.2.1Conservac¸ ˜ao da Massa e da Quantidade de Movimento Aplicada a Flui-dos . . . 21

2.3 Fluidos N ˜ao Newtonianos e Graxa . . . 23

2.3.1Conceitos de Fluidos Newtonianos . . . 23

2.3.2Conceitos de Fluidos Newtonianos Generalizados . . . 24

2.4 Caracterizac¸ ˜ao Reol ´ogica da Graxa . . . 27

2.5 S´ıntese do Cap´ıtulo . . . 28

3 REVIS ˜AO BIBLIOGR ´AFICA . . . 30

3.1 Estudos Experimentais com Graxa . . . 30

3.2 Simulac¸ ˜ao Num ´erica de Fluidos HB . . . 35

3.3 S´ıntese da Revis ˜ao Bibliogr ´afica . . . 38

4 MODELAGEM MATEM ´ATICA . . . 39

4.1 Descric¸ ˜ao do Problema . . . 39

4.1.1Especificac¸ ˜ao das Geometrias . . . 40

4.1.2Condic¸ ˜oes de Contorno . . . 44

4.1.3Propriedades dos Fluidos . . . 45

4.1.4Hip ´oteses . . . 45

4.2 Modelagem Matem ´atica . . . 46

4.2.1Discretizac¸ ˜ao . . . 47

4.3 M ´etodo Num ´erico . . . 49

5 RESULTADOS . . . 51

5.1 Verificac¸ ˜ao do Modelo . . . 51

5.1.1Descric¸ ˜ao de um Problema Simples . . . 51

5.1.2Soluc¸ ˜ao Anal´ıtica . . . 52

5.1.3Comparac¸ ˜ao com Soluc¸ ˜ao Anal´ıtica . . . 52

5.2 An ´alise de Sensibilidade de Malha e Crit ´erios de Converg ˆencia . . . 54

5.3 Estudo de Casos . . . 58

5.3.1Descric¸ ˜ao dos Casos . . . 59

5.3.2Detalhamento dos Resultados . . . 59

6 CONCLUS ˜AO . . . 73

(14)

Anexo A -- CAT ´ALOGO SKF - MANCAIS SNL 30, SNL 31 E SNL 32 . . . 80

Anexo B -- CAT ´ALOGO SKF - SELOS TACONITE . . . 94

Anexo C -- CAT ´ALOGO MANCAIS SNR-NTN . . . 97

(15)

1 INTRODUC¸ ˜AO

Diversos projetos mec ˆanicos possuem um eixo rotacionando internamente em um ambiente com press ˜ao elevada ou contendo algum l´ıquido. Pode-se citar aplicac¸ ˜oes como: bombas, compressores e outros elementos mec ˆanicos que pos-suem mancais de rolamentos. Em tais situac¸ ˜oes ´e necess ´ario isolar o meio interior da m ´aquina do ambiente externo. D ´a-se o nome de selo ou vedante a todo dispositivo mec ˆanico que possui como func¸ ˜ao permitir a livre rotac¸ ˜ao do eixo e garantir a vedac¸ ˜ao entre dois ambientes contendo fluidos distintos. A Figura 1.1 exemplifica a utilizac¸ ˜ao de um selo como integrante de um sistema de protec¸ ˜ao do rolamento.

Figura 1.1: Exemplo de utilizac¸ ˜ao de vedante em mancal de rolamento de rolos SKF.

Fonte: http://evolution.skf.com/sealing-solutions-for-challenging-environments/ acessado: 21/04/2017

Em projetos mec ˆanicos todas vedac¸ ˜oes devem ser projetadas para atenderem as condic¸ ˜oes de uso, ou seja, garantir a livre rotac¸ ˜ao do eixo e a vedac¸ ˜ao. Preju´ızos est ˜ao associados caso isso n ˜ao seja atingido. Em caso de equipamentos pressuri-zados a perda de press ˜ao pode causar mal funcionamento. Em m ´aquinas contendo

(16)

l´ıquidos o vazamento pode gerar paradas indesejadas para limpeza e troca do ve-dante, resultando em tempo improdutivo e consequentemente preju´ızo financeiro.

Selos utilizados em mancais possuem a func¸ ˜ao de garantir que o fluido lu-brificante do sistema permanec¸a enclausurado e sem a presenc¸a de contaminantes. Devido ser comumente utilizado na protec¸ ˜ao de mancais contra entrada de contami-nantes do ambiente externo s ˜ao referenciados tamb ´em como isolante de rolamento (bearing isolator ) ou protetor de rolamento (bearing seals). A Figura 1.2 representa o selo labirinto, foco de estudo do presente trabalho. A vedac¸ ˜ao do sistema a de-tritos ´e gerada atrav ´es de um caminho estreito preenchido de graxa. Para elevados n´ıveis de contaminac¸ ˜ao a injec¸ ˜ao peri ´odica de graxa que garante o fluxo expulsando continuamente os contaminantes e o lubrificante contaminado pode ser aplicada.

Figura 1.2: Exemplo de um selo labirinto.

Fonte: http://media.noria.com/sites/archive-images/-Backup-200601-shaft-bearing-fig1

A recente busca por elevar o ciclo de vida e reduzir desperd´ıcios energ ´eticos est ´a ocasionando uma otimizac¸ ˜ao nos selos isolantes de rolamentos em busca de ganhos econ ˆomicos. Outra motivac¸ ˜ao para prolongar a vida ´util est ´a nos custos de parada do equipamento devido a necessidade de substituic¸ ˜ao dos vedantes. Conside-rando que selos labirinto operaram sem contato (menores perdas de atrito) e possuem maior vida ´util, sua utilizac¸ ˜ao est ´a sendo priorizada na busca de projetos mec ˆanicos mais sustent ´aveis: menores perdas energ ´eticas e maior confiabilidade de funciona-mento (GAMACHE, 2012).

(17)

1.1 Caracterizac¸ ˜ao do Problema

Em ambientes contaminados, Miskovic et al. (2016) afirma que a entrada de particulados causa uma dr ´astica reduc¸ ˜ao na vida ´util do rolamento, demonstrando as-sim a necessidade de isolamento do sistema ao meio externo. A Figura 1.3 exemplifica um caso onde o rolamento est ´a sujeito a sofrer contaminac¸ ˜ao do ambiente.

Gloucester e Road (1994) comentam que devido interfer ˆencia do ambiente ex-terno e das condic¸ ˜oes de utilizac¸ ˜ao 90% dos rolamentos n ˜ao atingem o tempo de uso considerado em projeto. A Figura 1.4 identifica causas das falhas para rolamentos antes de alcanc¸arem a vida ´util prevista. Bloch e Budris (2004) apontam tamb ´em que 48% das falhas em rolamentos antes de atingirem a vida ´util calculada pelo fornecedor ´e causada pela entrada de particulados. Isto demonstra que estudar e compreender os fatores para entrada de contaminantes em selos ´e importante para elevar a confia-bilidade de projetos mec ˆanicos e seu futuro desempenho.

Figura 1.3: Exemplo de um mancal exposto a detritos do ambiente externo.

Fonte: http://evolution.skf.com/sealing-solutions-for-challenging-environments/ acessado: 21/04/2017

Atualmente n ˜ao encontra-se na literatura uma explicac¸ ˜ao detalhada e difun-dida do processo da entrada de contaminantes em selos labirintos. Dobrowolski et al. (2016) comentam que a fratura entre duas camadas cisalhantes de graxa viabi-liza a entrada de particulados. Em seu estudo experimental, afirmam que conhecer o perfil de velocidades em vedantes labirinto ´e um primeiro passo para compreender o processo de contaminac¸ ˜ao.

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Figura 1.4: Causas identificadas para falha de rolamentos antes de atingir sua vida ´util calculada.

Fonte: (BLOCH; BUDRIS, 2004)

Na t ´ecnica visual utilizada em seu estudo Dobrowolski et al. (2016) apontam a dificuldade em se visualizar o perfil de velocidade da graxa devido ser um fluido opaco. Prop ˜oe-se aqui abordar o problema atrav ´es da t ´ecnicas de simulac¸ ˜ao num ´erica visando superar as dificuldades encontradas experimentalmente.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Simular numericamente o escoamento de graxas em vedantes labirinto utili-zados para proteger rolamentos com o objetivo de analisar a efici ˆencia de diferentes geometrias. A t ´ecnica num ´erica a ser utilizada ´e de DFC (Din ˆamica de Fluidos Com-putational).

1.2.2 Objetivos Espec´ıficos

• Simular geometrias de selos labirintos distintos de modo a compreender as ca-racter´ısticas do escoamento;

• Visualizar a influ ˆencia das propriedades reol ´ogicas de graxas no comportamento do escoamento;

(19)

• Compreender a diferenc¸a entre labirintos axiais e radiais associando com a efici ˆencia de um selo sem contato.

(20)

2 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA

Nesta sec¸ ˜ao s ˜ao explicados definic¸ ˜oes relevantes para simulac¸ ˜ao num ´erica da graxa. Iniciando com o funcionamento de vedantes, seguindo com a import ˆancia da lubrificac¸ ˜ao e finalizando com uma explicac¸ ˜ao das equac¸ ˜oes relevantes no estudo de fluidos n ˜ao-newtonianos, reologia e formulac¸ ˜ao de graxas.

2.1 Vedantes

2.1.1 Funcionamento Mec ˆanico de Selos

Diversos par ˆametros podem influenciar no bom funcionamento do vedante do eixo e assim em seu tempo de vida ´util. LaPlante (2017) identifica estes mecanismos que, separadamente, influenciam no desempenho geral do selamento desejado para a aplicac¸ ˜ao:

• Mecanismo de selamento (selo mec ˆanico, labirinto, entre outros);

• Superf´ıcie do eixo, como rugosidade superficial e toler ˆancias geom ´etricas; • Fluidos a serem vedados;

• Ambiente em que o rolamento est ´a exposto assim como seus carregamentos.

LaPlante (2017) lista ainda fatores externos e internos ao sistema que influ-enciam na vida ´util do vedante:

• Lubrificante: tipo, quantidade e seu n´ıvel de contaminac¸ ˜ao;

• Condic¸ ˜oes de funcionamento do sistema: velocidade rotacional do eixo, tempe-ratura, press ˜ao, funcionamento intermitente, vibrac¸ ˜ao e alinhamento da monta-gem;

(21)

• Condic¸ ˜oes do ambiente: n´ıvel de concentrac¸ ˜ao de poeira, sujeira, ´agua e a tem-peratura;

• Selo: material, conceito de funcionamento e caracter´ısticas de projeto e qual ambiente o selo ir ´a operar.

Os efeitos gerados no sistema devido `a temperatura, press ˜ao e lubrificante podem ser explicados como:

• Temperatura: elevac¸ ˜ao da temperatura de operac¸ ˜ao, causada por m ´a lubrificac¸ ˜ao ou elevadas rotac¸ ˜oes do eixo podem degradar as propriedades do material do selo ocasionando reduc¸ ˜ao de sua vida ´util. A temperatura elevada pode acelerar a oxidac¸ ˜ao dos meios a serem selados, gerando reac¸ ˜oes qu´ımicas de ades ˜ao do selo ou no eixo a ser vedado. Selos que levam em considerac¸ ˜ao o calor gerado por atrito possuem maior de vida ´util;

• Lubrificante: devido a grande interac¸ ˜ao entre o selo e o lubrificante e o aumento de temperatura em regi ˜oes de elevada taxa de cisalhamento, caso o lubrificante seja mal dimensionado, pode ocorrer deposic¸ ˜ao de carbono no eixo;

• Press ˜ao: selos que possuem l ´abio de vedac¸ ˜ao s ˜ao fortemente influenciados caso o fluido a ser vedado esteja pressurizado. Tal press ˜ao ir ´a deformar e tensi-onar a regi ˜ao do l ´abio de vedac¸ ˜ao de modo a gerar uma zona concava ocasio-nando reduc¸ ˜ao do tempo de vida ´util.

2.1.2 Tipos de Vedantes

Devido diversas aplicac¸ ˜oes encontradas para utilizac¸ ˜ao dos vedantes mec ˆanicos ´e esperado encontrar diferentes modelos dispon´ıveis no mercado.

Al ´em dos vedantes mec ˆanicos, existem selos projetados para operarem sem contato com as partes m ´oveis do sistema, sendo classificados como selos sem con-tato mec ˆanico (noncontact seals). Sua vantagem consiste em n ˜ao provocarem perdas por atrito (por consequ ˆencia menor temperatura de operac¸ ˜ao) e n ˜ao possu´ırem des-gaste durante sua utilizac¸ ˜ao acarretando em maior vida ´util e confiabilidade operacio-nal. Al ´em de selos labirintos comuns ´e poss´ıvel encontrar no mercado selos labirintos h´ıbridos (hybrid labyrinth seals), (DINC, 2001) e selos de press ˜ao centr´ıfuga (centri-fugal pressure seals), (ARUTUNOFF, 1961).

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Devido selos labirintos operarem sem contato e serem indicados para eleva-das rotac¸ ˜oes, sua aplicac¸ ˜ao em turbom ´aquinas na vedac¸ ˜ao entre est ´agios de trabalho ´e frequente (CHUPP et al., 2006). A Figura 2.1 apresenta diferentes selos labirintos encontrados nestas aplicac¸ ˜oes. Seu conceito de vedac¸ ˜ao difere levemente em relac¸ ˜ao aos selos labirinto encontrados na protec¸ ˜ao de mancais de rolamentos.

O selo (e) da Figura 2.1 exemplifica um tipo que ´e utilizado tanto em tur-bom ´aquinas e em protec¸ ˜ao de mancais, como pode ser comprovado atrav ´es dos cat ´alogos das empresas SKF e NTN, Anexos A e D respectivamente. Sendo este tipo de selo labirinto o foco das simulac¸ ˜oes a serem conduzidas neste trabalho.

Figura 2.1: Tipos de selos labirintos em turbom ´aquinas.

Fonte: (CHUPP et al., 2006)

A diferenc¸a entre os selos labirinto encontrado nas turbom ´aquinas para os de protec¸ ˜ao de mancais est ´a no princ´ıpio de seu funcionamento: em m ´aquinas a vapor a selagem ´e feita por quedas de press ˜oes subsequentes atrav ´es de recirculac¸ ˜ao de fluido entre os canais do labirinto, como demonstrado na Figura 2.2, j ´a em selos protetivos de mancais, o labirinto cumpre a func¸ ˜ao de obst ´aculo para passagem de

(23)

Figura 2.2: Queda de press ˜ao ao longo do selo labirinto demonstrando o princ´ıpio de vedac¸ ˜ao em turbom ´aquinas.

Fonte: (HIRANO et al., 2005)

contaminantes.

O fornecedor Centritec Seals (SEALS, 2017) comenta que uma montagem fora da toler ˆancia de 0, 005” axialmente e 0, 015” radialmente pode causar vazamento do lubrificante e comprometer todo o sistema. Outras informac¸ ˜oes relevantes a di-mens ˜oes de selos, caracter´ısticas de alinhamento de montagem e de selec¸ ˜ao para aplicac¸ ˜ao espec´ıficas est ˜ao dispon´ıveis nos Anexos A e C contendo parte de cat ´alogos SKF e SNR-NTN respectivamente.

Durante a operac¸ ˜ao, ´e conveniente avaliar o selo em tr ˆes situac¸ ˜oes: eixo esta-cion ´ario, eixo acelerando ou desacelerando e em condic¸ ˜oes de operac¸ ˜ao.A Tabela 2.1 resume os principais efeitos a serem esperados para cada um dos selos de n ˜ao con-tato durante tais condic¸ ˜oes: selos labirinto, selos labirintos h´ıbridos e selos de press ˜ao centr´ıfuga.

Nota-se com a Tabela 2.1 que selos labirinto n ˜ao permitem em momento al-gum de seu funcionamento o escoamento de graxa que n ˜ao seja laminar sem que isso prejudique a vedac¸ ˜ao. Isso deve-se ao fato que uma camada de lubrificante em cisa-lhamento forma uma barreira contra contaminantes. Esta por sua vez s ´o ´e formada durante a operac¸ ˜ao, sendo que em paradas de m ´aquinas existe o risco de entrada de detritos. Essa necessidade de uma camada cisalhante de lubrificante obriga a exist ˆencia de vazamento cont´ınuo al ´em da utilizac¸ ˜ao de fluidos de viscosidade ele-vada para garantir a estanqueidade. Novamente devido `a camada cisalhante existe

(24)

Tabela 2.1: Efeitos mec ˆanicos esperados para selos sem contato dependendo da condic¸ ˜ao de operac¸ ˜ao do eixo.

Tipo de selo Estacion ´ario Acelerando/Desacelerando Em operac¸ ˜ao

press ˜ao centr´ıfuga

- sem vazamento obrigat ´orio - parcialmente aberto ao ambiente

(explus ˜ao durante operac¸ ˜ao)

- possibilidade de interac¸ ˜ao com fluido sendo vedado

- viscosidade n ˜ao ´e uma restric¸ ˜ao

- vibrac¸ ˜ao e desalinhamento toler ´aveis

labirinto - vazamento obrigat ´orio

- aberto para o ambiente - sem possibilidade de interac¸ ˜ao com fluido sendo vedado

- escoamento turbulento n ˜ao ´e tolerado - viscosidade de lubrificante limitada

- alinhamento deve ser mantido - movimentos radiais e axiais geram vazamentos labirinto h´ıbrido

- menor vazamento obrigat ´orio

- selado para o ambiente

Fonte: http://machinedesign.com/mechanical/3-factors-affecting-your-seals-life-span, acessado em 21/11/2017

a necessidade de trabalho a elevadas rotac¸ ˜oes. Pela Tabela 2.1 nota-se que selos h´ıbridos e de press ˜ao centr´ıfuga aparecem como opc¸ ˜oes aos lados negativos de se-los labirintos comuns.

Outra vantagem dos vedantes labirintos est ´a no fato de permitir o processo de injec¸ ˜ao de graxa nova em substituic¸ ˜ao `a graxa degradada (CANN et al., 2001). Uma vez que o labirinto n ˜ao enclausura a graxa, faz-se poss´ıvel expelir a graxa degradada, eliminando tamb ´em poss´ıveis contaminantes que tenham adentrado no sistema de vedac¸ ˜ao.

2.2 Equacionamento Matem ´atico

Ap ´os identificar tipos de vedantes e caracter´ıstica que influenciam em seu funcionamento ´e poss´ıvel explicar conceitos relevantes para a simulac¸ ˜ao num ´erica do escoamento em selos labirinto, assim como apresentar equac¸ ˜oes pertinentes e uma explicac¸ ˜ao sobre diferenc¸as entre fluidos newtonianos e n ˜ao-newtonianos.

2.2.1 Conservac¸ ˜ao da Massa e da Quantidade de Movimento Aplicada a Fluidos

Tens ˜ao de cisalhamento aplicada a um elemento infinitesimal no fluido ´e dado pelo tensor τ e chamado de tensor tens ˜oes de cisalhamento. A tens ˜ao total sofrida por um elemento infinitesimal ´e dada pelo somat ´orio entre o tensor de tens ˜oes (Eq. 2.1) e a press ˜ao isotr ´opica, e ´e nomeado de tensor tens ˜oes Π.

(25)

Π = −pI +     τrr τrθ τrz τθr τθθ τθz τzr τzθ τzz     | {z } τ (2.1)

onde p representa a press ˜ao e I a matriz identidade.

A equac¸ ˜ao de conservac¸ ˜ao da quantidade de movimento para fluidos incom-press´ıveis, como a graxa considerada neste trabalho, pode ser escrita conforme Eq. 2.2. Uma vez que o problema a ser descrito n ˜ao possui interfer ˆencia da variac¸ ˜ao com o tempo, isto ´e, plenamente desenvolvidos, os termos ∂/∂t = 0 n ˜ao foram apresenta-dos. O mesmo sendo v ´alido para termos gravitacionais.

ρ (u · ∇u) = −∇ · Π (2.2)

onde ρ ´e a densidade do graxa e u o vetor de velocidades em coordenadas cil´ındricas composto por ur, uz e uθ.

O tensor taxa de cisalhamento ˙γ, importante para definic¸ ˜ao do comportamento reol ´ogico, ´e calculado pelos gradientes da velocidade em coordenadas cil´ındricas como: ˙γ = ∇u + (∇u)T ≡     ∂ur ∂r 1 r ∂ur ∂θ ∂ur ∂z ∂uθ ∂r 1 r ∂uθ ∂θ ∂uθ ∂z ∂uz ∂r 1 r ∂uz ∂θ ∂uz ∂z     +     ∂ur ∂r 1 r ∂ur ∂θ ∂ur ∂z ∂uθ ∂r 1 r ∂uθ ∂θ ∂uθ ∂z ∂uz ∂r 1 r ∂uz ∂θ ∂uz ∂z     T (2.3) ´

E poss´ıvel descrever o comportamento de fluidos aplicando os conceitos de conservac¸ ˜ao da massa, energia e quantidade de movimento. Para mais detalhes pro-curar Morrison (2001).

A conservac¸ ˜ao da massa ´e obtida pelo divergente do campo vetorial de velo-cidades. Fisicamente isso significa que o somat ´orio do fluxo adentrando/saindo de um elemento infinitesimal ´e igual a zero, como na Eq. 2.4.

∇ · u = 0 (2.4)

Aplicando-se a Eq. 2.1 do tensor tens ˜oes na Eq. 2.2 t ˆem-se a equac¸ ˜ao da quantidade de movimento em termos de τ . O lado esquerdo concentra os termos

(26)

referentes ao campo de velocidade e o lado direito forc¸as de press ˜ao e viscosas.

ρ (u · ∇u) = −∇p − ∇ · τ (2.5)

onde ρ ´e a densidade do fluido e p a press ˜ao.

• O termo u · ∇u caracteriza o termo n ˜ao linear da equac¸ ˜ao, representa a variac¸ ˜ao do fluxo vetorial de velocidade atrav ´es da superf´ıcie do elemento infinitesimal; • Os termos −∇p e −∇ · τ representam as forc¸as atuando no volume infinitesimal

de press ˜ao e viscosas.

As equac¸ ˜oes apresentadas nesta sec¸ ˜ao s ˜ao v ´alidas para fluidos newtonianos e n ˜ao-newtonianos a serem discutidos a seguir.

2.3 Fluidos N ˜ao Newtonianos e Graxa

2.3.1 Conceitos de Fluidos Newtonianos

D ´a-se o nome de fluido com comportamento newtoniano a todo material que ao ser sujeitado a uma tens ˜ao unidirecional, como na Figura 2.3, a taxa de cisalha-mento ˙γ varie linearmente e esteja relacionado a um fator de proporcionalidade do fluido, chamado de viscosidade µ (DESHPANDE et al., 2010).

Figura 2.3: Esquematizac¸ ˜ao de cisalhamento unidirecional.

Fonte: (DESHPANDE et al., 2010)

A Eq. 2.6 consiste ent ˜ao na relac¸ ˜ao linear entre a tens ˜ao nas superf´ıcies do elemento infinitesimal e o tensor taxa de cisalhamento nas faces de elemento. A` constante de proporcionalidade µ, d ´a-se o nome de viscosidade.

(27)

τ = −µ ˙γ (2.6) Ao aplicar a relac¸ ˜ao da Eq. 2.6 na Eq. 2.5 obt ´em-se a equac¸ ˜ao de conservac¸ ˜ao da quantidade de movimento para fluidos newtonianos.

2.3.2 Conceitos de Fluidos Newtonianos Generalizados

Devido a propriedades inerentes ao fluido, nota-se que nem todo material apresenta de uma relac¸ ˜ao linear entre tens ˜ao de cisalhamento (τ ) e taxa de cisalha-mento ( ˙γ), sendo denominados de fluidos n ˜ao-newtonianos. Deshpande et al. (2010) agrupa tais materiais nas seguintes categorias:

1. Fluidos em que a taxa de cisalhamento ˙γ depende apenas do estado do ten-sor de tens ˜oes τ naquele ponto s ˜ao conhecidos como: puramente viscosos, inel ´asticos, independentes do tempo ou fluidos newtonianos generalizados; 2. Fluidos em que a relc¸ ˜ao entre τ e ˙γ depende do tempo de durac¸ ˜ao ou da hist ´oria

do escoamento s ˜ao categorizados como dependentes do tempo.

3. Fluidos que apresentam comportamento com caracter´ısticas viscosas e el ´asticas (que parcialmente sofrem recuperac¸ ˜ao el ´astica quando tensionados) s ˜ao nome-ados viscoel ´asticos.

Para determinadas subst ˆancias ´e poss´ıvel substituir a relac¸ ˜ao linear da tens ˜ao com a viscosidade (µ) por uma func¸ ˜ao da taxa de cisalhamento ( ˙γ), como na Eq. 2.7, sendo denominado de fluido newtoniano generalizado.

τ = −η ( ˙γ) ˙γ (2.7)

em que η ( ˙γ) ´e uma func¸ ˜ao escalar de ˙γ, referenciada como viscosidade efetiva. Sendo ˙γ calculado como ˙γ ≡ | ˙γ| ≡q12˙γ : ˙γ

A Figura 2.4 exemplifica o comportamento dos modelos reol ´ogicos a serem explicados em seguida. Nela s ˜ao apresentados como cada modelo traz uma aborda-gem diferente para o termo η ( ˙γ) da Eq. 2.7.

A Eq. 2.8 apresenta o modelo da lei de pot ˆencia, com o ´ındice n sendo adi-mensional e determinando o comportamento do fluido: quando n = 1 trata-se de um

(28)

Figura 2.4: Comparac¸ ˜ao esquem ´atica entre caracter´ıstica de escoamento entre fluidos newtonianos e fluidos newtonianos generalizados.

Fonte: Adaptado de Deshpande et al. (2010).

fluido newtoniano, para n < 1 ´e determinado como pseudopl ´astico e para n > 1 refe-renciado como fluido dilatante. Pela Figura 2.4 nota-se que materiais pseudopl ´asticos possuem maior viscosidade efetiva a baixas taxas de cisalhamento enquanto materiais dilatantes possuem o comportamento inverso, isto ´e, menores viscosidades efetivas a baixas taxas (MORRISON, 2001).

τ = K ∂uz ∂r

n

(2.8a)

η ( ˙γ) = K ˙γn−1 (2.8b)

em que K representa o ´ındice de consist ˆencia do fluido, assume valor de µ para fluidos newtonianos quando n = 1.

Bingham (1922) desenvolveu um modelo, apresentado na Eq. 2.9, para flui-dos que aparentemente n ˜ao escoam a tens ˜oes de cisalhamento menores do que uma chamada tens ˜ao de limite de escoamento, τy. Embora alguns autores como Barnes

e Walters (1985) n ˜ao apoiarem a ideia da exist ˆencia desta tens ˜ao o modelo ´e muito utilizado devido sua simplicidade matem ´atica e boa concord ˆancia com testes

(29)

experi-mentais. τ =    ∞, τ ≤ τy τy+ K ˙γ, τ > τy (2.9a) η ( ˙γ) =    ∞, τ ≤ τy τy ˙ γ + K ˙γ, τ > τy (2.9b)

Avanc¸ando com o trabalho de Bingham (1922), Herschel e Bulkley (1926) de-senvolveram um modelo apresentado na Eq. 2.10 (de aqui em diante referenciado como fluido HB) em que para tens ˜oes acima de τy o fluido se comporta de acordo

com um fluido lei de pot ˆencia (power law fluid ). A fluidos com tens ˜ao limite de escoa-mento τy d ´a-se o nome de fluido viscopl ´astico.

τ =    ∞, τ ≤ τy τy + K ˙γn, τ > τy (2.10a) η ( ˙γ) =    ∞, τ ≤ τy τy ˙ γ + K ˙γ n−1, τ > τ y (2.10b)

Devido ao ponto de descontinuidade no modelo de Bingham, Papanastasiou (1987) desenvolveu um modelo de regularizac¸ ˜ao exponencial que elimina esta des-continuidade, por ´em insere um ´ındice m com unidade de tempo [s]. Este par ˆametro determina o crescimento exponencial na Eq. 2.11. Uma vez que ´e v ´alido para am-bas regi ˜oes cisalhadas e n ˜ao-cisalhada, por eliminar a descontinuidade do modelo de Bingham e pela sua simplicidade matem ´atica, selecionou-se o modelo de Papanasta-siou no equacionamento da modelagem num ´erica do presente trabalho.

η ( ˙γ) = τy

˙γ (1 − exp (−m ˙γ)) + K ˙γ

n−1 (2.11)

Al ´em da apresentac¸ ˜ao dos modelos reol ´ogicos, ´e relevante ao estudo a definic¸ ˜ao de n ´umeros adimensionais para facilitar uma comparac¸ ˜ao da resoluc¸ ˜ao do problema entre diferentes literaturas (de Souza Mendes, 2007). Sommerfeld (1908) define o

(30)

n ´umero de Reynolds para fluidos newtonianos como sendo:

Re = ρV U

η (2.12)

onde L e V representam um comprimento e uma velocidade caracter´ıstica do pro-blema, respectivamente, e para fluidos newtonianos η ( ˙γ) = µ. Essa relac¸ ˜ao adimen-sional compara forc¸as inerciais (numerador) com forc¸as viscosas (denominador).

O n ´umero de Bingham (Eq. 2.13) correlaciona forc¸as devido `a tens ˜ao limite de escoamento (numerador) com forc¸as viscosas (denominador), sendo utilizado como par ˆametro no estudo da influ ˆencia de τy no comportamento do escoamento.

Bi = τyL

µV (2.13)

2.4 Caracterizac¸ ˜ao Reol ´ogica da Graxa

Devido sua consist ˆencia semi-s ´olida, a graxa ´e o lubrificante preferencial em mancais de rolamento, cerca de 80-90% das aplicac¸ ˜oes optam por ela. Algumas de suas qualidades s ˜ao: quando aplicada n ˜ao vaza com facilidade; ap ´os per´ıodo inicial de trabalho permanece bem distribu´ıda por todo elemento rolante, fornece lubrificac¸ ˜ao continuamente a todas superf´ıcies em contato e auxilia na protec¸ ˜ao do rolamento con-tra contaminantes (LUGT; BAART, 2012).

Graxa ´e um lubrificante de elevada complexidade, sendo formado de um ´oleo base (65 − 95%), aditivos (0 − 10%) e espessante (3 − 30%) (thickener ). O espessante, mostrado na Figura 2.5, forma um entrelac¸amento, armazenando ´oleo base em seu interior (LUGT; BAART, 2012).

Uma vez que uma parte da graxa ´e formada a partir de um ´oleo base, Palacios e Palacios (1984) propuseram a inclus ˜ao da viscosidade deste ´oleo (ηb) no modelo

HB. Assim, para taxas de cisalhamento ou tens ˜oes de cisalhamento muito elevadas, a viscosidade atuante seria a do pr ´oprio ´oleo base. A Eq. 2.10 do fluido HB passa a ser escrita conforme Eq. 2.14.

Este modelo ´e comumente utilizado em trabalhos reol ´ogicos com a graxa (BA-ART; TAYLOR, 2011), (LUGT; BAART, 2012) e (LI et al., 2014).

(31)

Figura 2.5: Fotos da estrutura do espessante da graxa utilizando tr ˆes t ´ecnicas diferentes de visualizac¸ ˜ao: SEM (esquerda), AFM (centro) e TEM (direita). Com-primento da figura individual corresponde a 10µm.

Fonte: (COUSSEAU, 2013) τ = τy + K ˙γn+ ηb˙γ (2.14a) η ( ˙γ) =    ∞, τ ≤ τy τy ˙ γ + k ˙γ n−1+ η b, τ > τy (2.14b) ´

E identificado na literatura a exist ˆencia de mecanismos de mudanc¸a de com-portamento das propriedades reol ´ogicas, como degradac¸ ˜ao do material ap ´os subme-tido por per´ıodos de estresse mec ˆanico (REZASOLTANI; KHONSARI, 2016). Devido o ´oleo estar retido na estrutura da graxa ´e estudado tamb ´em a migrac¸ ˜ao do ´oleo da estrutura para regi ˜oes de elevadas taxas de cisalhamento (FRANKEN et al., 2016). Esta caracter´ıstica favorece a boa lubrificac¸ ˜ao do sistema por ´em dificulta estudos acad ˆemicos.

2.5 S´ıntese do Cap´ıtulo

Atrav ´es deste cap´ıtulo foi poss´ıvel compreender o funcionamento de selos mec ˆanicos e quais par ˆametros operacionais s ˜ao relevantes. Concluiu-se que a velo-cidade de rotac¸ ˜ao, assim como tipo de graxa presente no selo s ˜ao relevantes para avaliar a efici ˆencia do selo.

Foram introduzidos conceitos de fluidos newtonianos e n ˜ao-newtonianos as-sim como modelos v ´alidos para este estudo. Apresentou-se a graxa como formada por um espessante e ´oleo base. Essa estrutura quando cisalhada apresenta um com-portamento n ˜ao-newtoniano, ou seja, a viscosidade n ˜ao permanece como fator de

(32)

proporcionalidade entre a tens ˜ao aplicada τ com a taxa de cisalhamento ˙γ.

Diversas equac¸ ˜oes constituintes foram relacionadas e com base na literatura adotou-se o fluido HB como a que melhor modela a graxa.

(33)

3 REVIS ˜AO BIBLIOGR ´AFICA

N ˜ao foi encontrado na literatura um estudo semelhante com o aqui proposto. Isso possivelmente est ´a relacionado ao fato de que empresas de selos e rolamentos considerem estas informac¸ ˜oes como sigilosas, uma vez que estes estudos s ˜ao rea-lizados para melhoria dos pr ´oprios produtos. Procurou-se ent ˜ao literaturas referente ao escoamento de fluidos HB em geometrias com condic¸ ˜oes de contorno e carac-ter´ısticas similares ao problema proposto, como ´e o caso de escoamentos que apre-sentam regi ˜oes n ˜ao cisalhadas devido a baixas tens ˜oes de cisalhamento. Embora poucos, foram encontrados artigos de estudos experimentais e num ´ericos sobre o tema do estudo, sendo o primeiro em maior quantidade e qualidade.

Esta sec¸ ˜ao foi dividia em estudos acerca de an ´alises experimentais do com-portamento reol ´ogico da graxa e de simulac¸ ˜oes de fluidos HB em geometrias similares ao problema proposto.

3.1 Estudos Experimentais com Graxa

Westerberg et al. (2010) em seu estudo analisou o escoamento de graxas SKF em placas planas e paralelas utilizando a t ´ecnica de µPIV (metodologia experimental para visualizac¸ ˜ao do campo vetorial 2D do escoamento em escalas microm ´etricas) e posteriormente comparou seus resultados com a soluc¸ ˜ao anal´ıtica. Nele Wester-berg et al. (2010) concluiu que o par ˆametro n do modelo reol ´ogico de HB seria o de menor influ ˆencia nas dimens ˜oes da regi ˜ao n ˜ao cisalhada do escoamento, isto ´e, nas regi ˜oes que a tens ˜ao de cisalhamento ´e menor do que a tens ˜ao limite de esco-amento (τy). Desta maneira as propriedades τy e K s ˜ao mais relevantes no

levan-tamento das caracter´ısticas do escoamento. Westerberg et al. (2010) levantou um problema na comparac¸ ˜ao dos dados anal´ıticos com os experimentais, apontando que resultados obtidos em re ˆometros podem acabar n ˜ao descrevendo o comportamento reol ´ogico em outras geometrias. O autor comenta que a soluc¸ ˜ao anal´ıtica com os

(34)

par ˆametros reol ´ogicos do re ˆometro n ˜ao replica o perfil de velocidade levantado ex-perimentalmente pelo µPIV. Atrav ´es deste estudo sabe-se que a comparac¸ ˜ao entre resultados num ´ericos da simulac¸ ˜ao do escoamento em vedantes labirinto pode n ˜ao se assemelhar completamente a resultados experimentais devido diferenc¸as nas pro-priedades reol ´ogicas reais do escoamento com aquelas levantadas no re ˆometro.

Li et al. (2012), motivados pelo escoamento de relubrificac¸ ˜ao de vedantes, di-rigem um estudo experimental utilizando a t ´ecnica do µPIV em dois canais de escoa-mento unidirecional com restric¸ ˜ao. Em seu trabalho, Li et al. (2012) notam a exist ˆencia de regi ˜oes n ˜ao cisalhadas (estacion ´arias) devido ao comportamento viscopl ´astico do material. Isto demonstra que cantos formados no selo labirinto potencialmente con-ter ˜ao graxa degradada e contaminada de detritos e que n ˜ao ser ´a eliminada em proces-sos de relubrificac¸ ˜ao. Sendo de interesse do presente trabalho avaliar as dimens ˜oes e quantidades de regi ˜oes n ˜ao cisalhadas, al ´em de sua relac¸ ˜ao com as propriedades do fluido HB e com as condic¸ ˜oes de operac¸ ˜ao.

Baart e Taylor (2011), utilizando-se novamente da t ´ecnica do µPIV e do mo-delo de HB com viscosidade do ´oleo base definida conforme Eq. 2.14, analisaram as influ ˆencias de velocidade de rotac¸ ˜ao do eixo, propriedades reol ´ogicas da graxa e a temperatura de operac¸ ˜ao na migrac¸ ˜ao radial de part´ıculas contaminantes. A Fi-gura 3.1 exemplifica o perfil de velocidade do espac¸amento formado entre um eixo rotacionando e uma superf´ıcie externa est ´atica. A Figura 3.2 esquematiza a geome-tria em que os testes foram realizados, enquanto a Figura 3.3 relaciona os perfis de velocidade obtidos para as graxas apresentadas na Tabela 3.1. A geometria utilizada trata-se de um eixo rotacionando internamente de um alojamento.

O modelo referido na Figura 3.3 trata-se de uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica corrigida com um fator de pseudoplasticidade (shear thinning) que considera temperatura e propriedades reol ´ogicas.

Tabela 3.1: Valores para modelo reol ´ogico de graxas SKF NLGI 00, 1 e 2

utiliza-dos no estudo de Baart e Taylor (2011).

τy [Pa] K[Pa·sn] n [-] ηb [Pa·s]

NLGI 00 15 12 0,63 0,89

NLGI 1 260 61 0,42 0,49

NLGI 2 500 8,2 0,63 0,25

O trabalho de Baart e Taylor (2011) demonstra a exist ˆencia de modelos ajus-tados experimentalmente e que podem ser futuramente comparados com o trabalho

(35)

Figura 3.1: Perfil de velocidade t´ıpico para fluidos newtonianos (linha ponti-lhada) e fluidos pseudopl ´asticos (linha cont´ınua).

Fonte: (BAART; TAYLOR, 2011)

Figura 3.2: Esquematizac¸ ˜ao do teste de escoamento de graxa em restric¸ ˜ao.

Fonte: (BAART; TAYLOR, 2011)

aqui proposto, auxiliando na comprovac¸ ˜ao da veracidade dos resultados num ´ericos. No estudo nota-se tamb ´em que no escoamento de graxas com maiores valores de τy

(36)

Figura 3.3: Esquematizac¸ ˜ao dos resultado de escoamento da graxa na cavidade

(Figura 3.2) em que US ´e a velocidade da superf´ıcie do eixo.

Fonte: (BAART; TAYLOR, 2011)

valores de tens ˜ao limite de escoamento. Esta ´e uma caracter´ıstica que poder ´a estar presente no estudo do escoamento atrav ´es de selos labirinto.

Li et al. (2014) parte do trabalho de Baart e Taylor (2011), por ´em foca em ca-vidades menores (espac¸amento entre di ˆametros de 0, 4mm) de graxa, desenvolvendo uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica (Eq. 3.1) de um eixo rotacionando conforme a Figura 3.4. No trabalho concluiu-se que escoamentos radiais com superf´ıcie muito pr ´oximas podem ser descritos como unidimensionais de acordo com a Eq. 3.1.

uϕ(r) = − r K1/n Z ri r  C1 r2 − τy n1 dr + ru1 ri (3.1) em que uϕ ´e a velocidade transversal, ui = uϕ(r = ri) onde r ´e definido como

ri < r < ro, onde C1 ´e determinado atrav ´es das velocidades de contorno ap ´os n

ser especificado.

A Figura 3.5 mostra a validade da soluc¸ ˜ao anal´ıtica encontrada por Li et al.

(2014). Esta abordagem de linearizac¸ ˜ao do escoamento para geometrias com espac¸amentos estreitos (< 0, 4mm) ´e interessante para o estudo proposto para avaliar se tal proposic¸ ˜ao de linearidade tamb ´em n ˜ao ´e v ´alida para escoamento de graxa em vedantes labirinto.

(37)

Figura 3.4: Esquematizac¸ ˜ao de eixo rotacionando internamente com exterior pa-rado.

Fonte: (LI et al., 2014)

Figura 3.5: Comparac¸ ˜ao entre velocidades experimentais com soluc¸ ˜ao anal´ıtica (Eq. 3.1 para graxa NLGI 00 e espac¸amento de 0, 4mm.

Fonte: (LI et al., 2014)

testes na mesma t ´ecnica de visualizac¸ ˜ao, por ´em obtendo velocidades com variac¸ ˜ao na profundidade de visualizac¸ ˜ao do escoamento, ou seja, filmando a superf´ıcie F2’ (ver Figura 3.2) em diferentes profundidades perpendicularmente `a direc¸ ˜ao r. O es-tudo de Dobrowolski et al. (2016) respalda a dificuldade t ´ecnica para experimentac¸ ˜ao atrav ´es do µPIV para profundidades superiores a 0, 8 mm, demonstrando a import ˆancia da continuidade do estudo tamb ´em no ambiente num ´erico.

(38)

3.2 Simulac¸ ˜ao Num ´erica de Fluidos HB

Escoamento helicoidal de fluidos n ˜ao-newtonianos foi um tipo de trabalho en-contrado que se assemelha ao estudo de escoamento em selos labirinto. Isto deve-se ao fato de se tratar de um eixo rotacionando internamente a um alojamento. O fluxo vo-lum ´etrico Q imposto ao espac¸o anular se assemelha com o processo de relubrificac¸ ˜ao de graxa nova sendo injetada no mancal.

Fathikalajahi e Javanmardi (1990), Meuric et al. (1998), Hussain e Sharif (2000), Escudier et al. (2002) e Pereira et al. (2010) s ˜ao exemplos de alguns trabalhos interes-santes a respeito deste escoamento helicoidal e com foco no fluido de HB. Todos os autores discorrem sobre o aumento de vaz ˜ao ao longo da geometria com o aumento da velocidade rotacional do eixo para uma mesmo gradiente de press ˜ao. Esta con-clus ˜ao ´e relevante para o estudo da simulac¸ ˜ao de selos labirinto uma vez que pode ocorrer o mesmo, ou seja, para maiores velocidades de rotac¸ ˜ao do eixo existe uma maior vaz ˜ao m ´assica de graxa sendo expulsa do mancal atrav ´es do selo.

Figura 3.6: Esquematizac¸ ˜ao do problema de escoamento helicoidal para fluido HB.

Fonte: (FATHIKALAJAHI; JAVANMARDI, 1990)

Hussain e Sharif (2000) normalizaram a direc¸ ˜ao radial do problema, atrav ´es da relac¸ ˜ao R = (r − Ri)/(Ro− Ri), realizando testes num ´ericos e modelando o fluido

HB atrav ´es do modelo de Papanastasiou (1987). Sendo Ri = 0, 06m, Ro = 0, 12m,

(39)

entre a entrada e a sa´ıda da regi ˜ao anular ´e mantida em 25 P a/m. Pela Figura 3.7a, nota-se que a velocidade axial aumenta para maiores velocidades angulares ω do eixo. Atrav ´es da Figura 3.7b, ´e poss´ıvel notar diminuic¸ ˜ao da viscosidade com a reduc¸ ˜ao do raio R, devido `a taxa de cisalhamento , ˙γ, ser mais elevada mais pr ´oximo do eixo rotacionando. Durante a simulac¸ ˜ao de vedantes labirinto ser ´a poss´ıvel observar com-portamentos semelhantes a estes, isto ´e, aumento da velocidade axial e reduc¸ ˜ao na viscosidade efetiva, η ( ˙γ), com base no aumento da rotac¸ ˜ao do eixo.

(a) Variac¸ ˜ao da velocidade axial. (b) Variac¸ ˜ao da viscosidade.

Figura 3.7: Influ ˆencia da variac¸ ˜ao na rotac¸ ˜ao do eixo na velocidade axial e vis-cosidade um fluido HB.

Fonte: Hussain e Sharif (2000)

O trabalho de Alexandrou et al. (2001), executando simulac¸ ˜oes com volu-mes finitos e o modelo de Papanastasiou, estudaram o comportamento do fluido HB, atrav ´es de expans ˜oes e contrac¸ ˜oes. Na Figura 3.8 est ´a representados em cinza regi ˜oes cisalhadas enquanto as pretas representam locais n ˜ao cisalhados, plug flow. A sec¸ ˜ao (i) retrata o escoamento passando pela restric¸ ˜ao, enquanto as sec¸ ˜oes (ii) at ´e (iv) s ˜ao cortes perpendiculares `a direc¸ ˜ao do escoamento, sendo antes e logo ap ´os o

(40)

estrangulamento e ap ´os atingir o desenvolvimento completo, respectivamente. Pela Fi-gura 3.8a nota-se que as regi ˜oes n ˜ao cisalhadas diminuem fracamente com o aumento do Re e enquanto pela Figura 3.8b observa-se que a regi ˜ao n ˜ao cisalhada aumenta significativamente com o aumento de de Bi. Isso leva a conclus ˜ao de que o n ´umero de Bi ´e mais significativo nas dimens ˜oes das regi ˜oes n ˜ao cisalhadas, poss´ıveis locais de acumulac¸ ˜ao de graxa degradada e contaminada nos vedantes labirinto. Esta con-clus ˜ao ´e importante para futuros testes num ´ericos variando as condic¸ ˜oes do sistema, como par ˆametros reol ´ogicos e velocidade de rotac¸ ˜ao do eixo. Uma comparac¸ ˜ao entre escoamentos com Bi variados permitiria concluir a influ ˆencia da composic¸ ˜ao da graxa nas caracter´ısticas globais do escoamento.

(a) Escoamento com variac¸ ˜ao do n ´umero de Re para Bi = 1, 0.

(b) Escoamento com variac¸ ˜ao do n ´umero de Bi para Re = 1, 0.

Figura 3.8: Influ ˆencia na regi ˜ao n ˜ao cisalhada para com base em variac¸ ˜oes dos

n ´umeros de Re e Bi.

(41)

3.3 S´ıntese da Revis ˜ao Bibliogr ´afica

O trabalho atual se enquadra na literatura utilizando modelos j ´a consolidados e em geometria similar j ´a estudadas por ´em aplicado a uma situac¸ ˜ao-problema em que a modelagem num ´erica ´e necess ´aria devido dificuldades apresentadas na coleta de dados experimentais.

Foi poss´ıvel notar a falta de trabalhos num ´ericos referentes a este tema, sendo que a grande maioria est ´a voltada para simulac¸ ˜ao em vedantes labirintos de tur-bom ´aquinas, os quais n ˜ao s ˜ao preenchidos com graxa.

Foi mostrado que a graxa ´e modelada como HB em diversos artigos, assim como a utilizac¸ ˜ao de graxas SKF com propriedades reol ´ogicas j ´a conhecidas e que podem ser tomadas como base.

Embora uma geometria similar ao do labirinto n ˜ao tenha sido encontrada, o problema de escoamento helicoidal ´e abordado na literatura. Neste foi demonstrado que uma variac¸ ˜ao tanto na velocidade de rotac¸ ˜ao do eixo como nas propriedades reol ´ogicas do material influenciam no escoamento. Devido sua similaridade com o estudo proposto, pode-se realizar variac¸ ˜oes similares de modo a aguardar conclus ˜oes parecidas.

(42)

4 MODELAGEM MATEM ´ATICA

4.1 Descric¸ ˜ao do Problema

Nota-se na literatura aus ˆencia de discuss ˜ao sobre as diferenc¸as entre as ge-ometrias de labirintos, assim como as vantagens e desvantagens na escolha entre os montados axialmente e radialmente, conforme a Figura 4.1. Al ´em desta relac¸ ˜ao, percebe-se falta de explicac¸ ˜ao ao projetista sobre qual graxa ´e mais adequada a cada situac¸ ˜ao.

No Anexo D, t ˆem-se a informac¸ ˜ao de cat ´alogo da empresa NTN que selos labirintos axiais possuem uma efici ˆencia maior quando comparado com selos radiais, por ´em novamente sem justificativa. Pretende-se aqui compreender as diferenc¸as entre as geometrias e justificar os fen ˆomenos f´ısicos que embasam esta afirmac¸ ˜ao. Vale ressaltar que o presente trabalho segue a nomenclatura da empresa SKF, conforme Figura 4.1, enquanto a empresa NTN possui a nomenclatura invertida, Anexo D.

Conforme Anexo D a efici ˆencia de um selo labirinto pode ser compreendida como:

• Impedir perda de lubrificante para o ambiente externo; • Prevenir entrada de contaminantes do ambiente externo; • Baixa perda de quantidade de movimento por atrito viscoso.

´

E poss´ıvel relacionar estes quesitos de efici ˆencia em uma comparac¸ ˜ao entre labirintos axiais e radias com os seguintes requisitos do escoamento da graxa:

• Impedir perda de lubrificante para o ambiente externo:

Para uma dada diferenc¸a de press ˜ao entre a entrada e sa´ıda do labirinto, o mais eficiente apresenta menor vaz ˜ao m ´assica.

(43)

(a) Selo SKF montado radialmente ao eixo. (b) Selo SKF montado axialmente ao eixo. Figura 4.1: Comparac¸ ˜ao entre selos labirintos montados radialmente e axial-mente ao eixo.

Fonte: http://www.skf.com/group/products/bearings-units-housings/ball-

bearings/principles/design-considerations/sealing-solutions/external-seals/non-contact-seals/index.html - acessado 25/10/2017

• Prevenir entrada de contaminantes do ambiente externo:

Para uma dada diferenc¸a de press ˜ao entre a entrada e sa´ıda do labirinto, aquele que resultar em menor vaz ˜ao m ´assica de graxa com variac¸ ˜ao da rotac¸ ˜ao ´e mais eficiente. Devido aplicac¸ ˜ao de selos sem contato em altas rotac¸ ˜oes, a avaliac¸ ˜ao de sua efici ˆencia com base na velocidade de rotac¸ ˜ao ´e importante. • Baixa perda por atrito viscoso:

Aquele que possui menor perda de momento por atrito com as mesmas condic¸ ˜oes de contorno ´e mais eficiente.

´

E poss´ıvel presumir que para determinadas medidas geom ´etricas e condic¸ ˜oes de operac¸ ˜ao, um labirinto radial venha a possuir o mesmo valor de vaz ˜ao m ´assica que um selo axial. Contudo, com a variac¸ ˜ao da rotac¸ ˜ao o comportamento do escoamento seja alterado devido a geometria e como consequ ˆencia anule a igualdade antes en-contrada entre dois labirintos com montagens diferentes. O segundo requisito citado acima busca eliminar o risco de tal eventualidade.

4.1.1 Especificac¸ ˜ao das Geometrias

Infelizmente empresas fabricantes de selos como a SKF, SNR e NTN n ˜ao detalham as dimens ˜oes dos selos a ponto de permitir recriar a geometria. Partindo de

(44)

informac¸ ˜oes contidas em cat ´alogos destas empresas, Anexo A, D, C, e B foi poss´ıvel formular uma geometria similar.

A Tabela 4.1 representa as informac¸ ˜oes quanto aos espac¸amentos radiais e axiais considerado.

Tabela 4.1: Espac¸amento recomendado pela empresa NTN para vedantes labi-rinto conforme Anexo D.

Ø do eixo Espac¸amento [mm] Direc¸ ˜ao radial Direc¸ ˜ao axial At ´e 50 mm 0,2 - 0,4 1,0 - 2,0 50 - 200 mm 0,5 - 1,0 3,0 - 5,0

Optou-se por um eixo de Ø = 50 mm porque esta geometria pode ser usada para representar uma diversidade de situac¸ ˜oes maior do que com valores nos extre-mos, como por exemplo em Ø = 200 mm. Ou seja, ser v ´alida para um maior n ´umero de aplicac¸ ˜oes de selo labirinto. Embora a Tabela 4.1 especifique espac¸amentos mai-ores na direc¸ ˜ao axial, mantendo-se fixo em h = 0, 75 mm o espac¸amento do labirinto para ambas as direc¸ ˜oes, axial e radial, faz-se poss´ıvel uma comparac¸ ˜ao mais real da influencia do posicionamento da montagem do selo, sendo ele radial ou axial. Partindo desta informac¸ ˜ao foi poss´ıvel tomar como base valores apresentados por K ¨ummel e Werner (2010) em Bosch et al. (2017), conforme mostra a Figura 4.2, que considera o espac¸amento constante.

Figura 4.2: Valores de refer ˆencia para geometrias de vedantes labirinto.

Fonte: (K ¨UMMEL; WERNER, 2010) referenciado em (BOSCH et al., 2017)

Com o objetivo de avaliar o efeito das curvaturas dos labirintos, optou-se neste trabalho por manter o per´ımetro da sec¸ ˜ao do labirinto constante e variar o n ´umero de

(45)

curvaturas presentes. Al ´em disso, a direc¸ ˜ao da montagem, axial ou radial tamb ´em ´e avaliada.

(46)

(a) Visualizac¸ ˜ao transversal das geometrias de selos labirintos axiais abordados.

(b) Visualizac¸ ˜ao transversal das geometrias de selos labirintos radiais abor-dados.

Figura 4.3: Geometria representativa de labirintos axiais e radiais focos do es-tudo. (Linha azul: representac¸ ˜ao do alojamento, estacion ´ario; linha preta e regi ˜ao hachurada: representac¸ ˜ao do eixo e parte do labirinto que rotaciona aco-plado ao eixo; linha verde: representac¸ ˜ao da entrada e sa´ıda da graxa (axial:

entrada `a esquerda, radial: entrada na face pr ´oxima ao eixo de rotac¸ ˜ao) e linha

(47)

4.1.2 Condic¸ ˜oes de Contorno

´

E poss´ıvel identificar que o problema ´e sim ´etrico e 2D em relac¸ ˜ao ao eixo de rotac¸ ˜ao, assim como j ´a abordado por outros autores como Westerberg et al. (2017) e Baart e Taylor (2011). Uma superf´ıcie rotaciona com a velocidade do eixo (linha preta Figura 4.3) a outra encontra-se estacion ´aria por estar fixada no corpo do mancal (linha azul da Figura 4.3).

O trabalho num ´erico de Westerberg et al. (2017) considera as regi ˜oes de en-trada e sa´ıda de graxa (linhas verdes da Figura 4.3) como parede. Por ´em consultando trabalhos experimentais de Dobrowolski et al. (2016), Bosch et al. (2017) e K ¨ummel e Werner (2010) e o cat ´alogo da SKF no Anexo B notou-se a import ˆancia de conside-rar o labirinto aberto ao ambiente devido ser este o fator que ir ´a influenciar a entrada de contaminantes. Esta considerac¸ ˜ao pode ser implementada numericamente tanto por diferenc¸a de press ˜ao ou por vaz ˜ao m ´assica de graxa imposta entre a entrada e sa´ıda do labirinto. Como nota-se pelo Anexo B, os valores de vaz ˜ao de graxa de relubrificac¸ ˜ao s ˜ao na ordem de 1, 08 · 10−7 kg/s, a ponto de serem inferiores ao erro num ´erico considerado. Considerou-se ent ˜ao que o mesmo efeito de abertura ao am-biente pode ser modelado como a imposic¸ ˜ao de uma diferenc¸a de press ˜ao que resulte em valores de vaz ˜ao maiores do que o erro num ´erico obtido.

Tendo em vista essa informac¸ ˜ao, pode-se relacionar cada regi ˜ao da geometria com as poss´ıveis condic¸ ˜oes de contorno a serem implementadas:

• Entrada de graxa:

1. regi ˜ao de entrada de graxa da parte interna do mancal (valores de refer ˆencia em gramas/h informado pela empresa SKF apresentados no Anexo B); 2. diferenc¸a de press ˜ao em relac¸ ˜ao com superf´ıcie de sa´ıda da graxa;

3. superf´ıcie estacion ´aria com n ˜ao-escorregamento para casos sem influ ˆencia do ambiente externo.

• Sa´ıda de graxa:

1. diferenc¸a de press ˜ao em relac¸ ˜ao com superf´ıcie de entrada da graxa; 2. superf´ıcie estacion ´aria com n ˜ao-escorregamento para casos sem influ ˆencia

do ambiente externo. • Superf´ıcie rotacionando:

(48)

1. superf´ıcie acoplada ao eixo e rotacionando na mesma velocidade angular; • Superf´ıcie estacion ´aria:

1. superf´ıcie acoplada ao corpo do mancal e parada em relac¸ ˜ao ao eixo; • Regi ˜ao interna:

1. completamente preenchida com graxa.

Embora as dimens ˜oes e quantidade das reentr ˆancias que formam a geometria do labirinto possam variar dependendo do modelo analisado as quatro C.C. permane-cem aplicadas aos mesmos locais e com a mesma representac¸ ˜ao f´ısica do modelo real.

4.1.3 Propriedades dos Fluidos

Assim como utilizada em diversos estudos como de Bosch et al. (2017), Do-browolski et al. (2016), Baart e Taylor (2011), as graxas SKF NLGI 00, NLGI 1 e NLGI 2 apresentadas na Tabela 4.2 s ˜ao utilizadas no presente trabalho.

A vantagem na comparac¸ ˜ao entre estas graxas est ´a por possibilitar diferenciar escoamento entre uma graxa de comportamento reol ´ogico newtoniano como a NLGI 00 e outra com elevado valor na tens ˜ao limite de escoamento como a NLGI 2.

Tabela 4.2: Valores para modelo reol ´ogico de graxas SKF NLGI 00, 1 e 2.

Graxa SKF τy [Pa] K[Pa·sn] n [-] ρg [kg/m3]

NLGI 00 0 1,85 1 890

NLGI 1 189 4,1 0,797 910

NLGI 2 650 20,6 0,605 930

Fonte: (WESTERBERG et al., 2017)

4.1.4 Hip ´oteses

Al ´em das C.C. explicadas, deve-se considerar as seguintes hip ´oteses a serem inclu´ıdas na modelagem num ´erica que determinar ˜ao as equac¸ ˜oes finais que dever ˜ao ser resolvidas numericamente:

(49)

2. Escoamento isot ´ermico; 3. Regime permanente;

4. Propriedades do fluido (com excec¸ ˜ao da viscosidade) permanecem constante; 5. Viscosidade varia com a taxa de cisalhamento ( ˙γ);

6. Problema 2D sim ´etrico em relac¸ ˜ao ao eixo de rotac¸ ˜ao com velocidade de circun-ferencial, uθ (axisymmetric swirl).

4.2 Modelagem Matem ´atica

Toda modelagem num ´erica do trabalho est ´a concentrada no m ´etodo de volu-mes finitos (finite volume method ) e resolvida utilizando o software comercial da em-presa ANSYS, o FLUENT vers ˜ao 16.0. Esta metodologia possibilita a discretizac¸ ˜ao de equac¸ ˜oes diferenciais parciais, como a conservac¸ ˜ao da quantidade de movimento e da massa.

Consierando o escoamento como estacion ´ario (∂/∂t = 0) e em coordenadas cil´ındricas sim ´etricas em relac¸ ˜ao ao eixo de rotac¸ ˜ao e a rotac¸ ˜ao axissim ´etrica, as equac¸ ˜oes da conservac¸ ˜ao da massa podem ser escritas como as Eq. 4.1 e Eq. 4.2, respectivamente. 1 r ∂ ∂r (rur) + ∂uz ∂z = 0 (4.1) ρ  ur ∂ur ∂r − uθ2 r + uz ∂ur ∂z  = −∂p ∂r + ρgr+  1 r ∂ (rτrr) ∂r + ∂τrz ∂z  (4.2a) ρ  ur ∂uθ ∂r − uruθ r + uz ∂uθ ∂z  = 1 r ∂ (rτrθ) ∂r + ∂τθz ∂z  (4.2b) ρ  ur ∂uz ∂r + uz ∂uz ∂z  = −∂p ∂z + ρgz +  1 r ∂ (rτrz) ∂r + ∂τzz ∂z  (4.2c)

Desta maneira o escoamento ´e resolvido no plano r x z, por ´em com a extrapolac¸ ˜ao para soluc¸ ˜ao de uθ neste plano.

Substituindo a relac¸ ˜ao de fluidos newtonianos generalizados na Eq. 4.2, obt ˆem-se as equac¸ ˜oes da conˆem-servac¸ ˜ao da quantidade de movimento no ˆem-seguinte formato:

(50)

ρ  ur ∂ur ∂r − uθ2 r + uz ∂ur ∂z  = −∂p ∂r + ρgr+ η  ∂ ∂r  1 r ∂ ∂r(rur)  + ∂ 2u r ∂z2  (4.3a) ρ  ur ∂uθ ∂r − uruθ r + uz ∂uθ ∂z  = η ∂ ∂r  1 r ∂ ∂r (ruθ)  +∂ 2u θ ∂z2  (4.3b) ρ  ur ∂uz ∂r + uz ∂uz ∂z  = −∂p ∂z + ρgz+ η  ∂ ∂r  1 r ∂ ∂r(ruz)  +∂ 2u z ∂z2  (4.3c) 4.2.1 Discretizac¸ ˜ao

O teorema de diverg ˆencia de Gauss apresentado na Eq. 4.4 afirma que a in-tegral do divergente do vetor velocidade em um volume de controle pode ser resolvido como integral de linha do fluxo F pela superf´ıcie S, o que lanc¸a base para discretizac¸ ˜ao das equac¸ ˜oes de conservac¸ ˜ao de massa e quantidade de movimento (MOUKALLED et al., 2016). Z V (∇· F ) dV = I S (F · n) dS (4.4)

Considerando a malha 2D regular apresentada na Figura 4.4, ´e poss´ıvel dis-cretizar as Eqs. 4.3 integrando o elemento central P com o teorema de Gauss.

Integrando as Eqs. 4.2 e 4.3 no volume P de controle da Figura 4.4, obt ˆem-se respectivamente: Z ∆V  1 r ∂ ∂r (rur) + ∂uz ∂z  r drdθdz = 0 (4.5)

(51)

Figura 4.4: Representac¸ ˜ao da discretizac¸ ˜ao em volumes finitos com

identificac¸ ˜ao dos pontos utilizados na aproximac¸ ˜ao num ´erica. (Mai ´usculas

re-presentam pontos no centro do volume, min ´usculas nomeiam faces de volumes.

P: volume central da discretizac¸ ˜ao, N : norte, S: sul, W : oeste, E: leste, N N :

extremo-norte, N W : norte-oeste, N E: norte-leste, W W : extremo-oeste, EE: extremo leste, SS: extremo-sul, SW : sul-oeste e SE: sul-leste)

Fonte: Autoria pr ´opria.

Z ∆V  ρ  ur ∂ur ∂r − uθ2 r + uz ∂ur ∂z  r drdθdz = Z ∆V  −∂p ∂r + ρgr+ η  ∂ ∂r  1 r ∂ ∂r(rur)  + ∂ 2u r ∂z2  r drdθdz (4.6a) Z ∆V  ρ  ur ∂uθ ∂r − uruθ r + uz ∂uθ ∂z  r drdθdz = Z ∆V  η ∂ ∂r  1 r ∂ ∂r(ruθ)  + ∂ 2u θ ∂z2  r drdθdz (4.6b) Z ∆V  ρ  ur ∂uz ∂r + uz ∂uz ∂z  r drdθdz = Z ∆V  −∂p ∂z + ρgz+ η  ∂ ∂r  1 r ∂ ∂r (ruz)  +∂ 2u z ∂z2 r  r drdθdz (4.6c)

Aplicando-se as discretizac¸ ˜oes selecionadas para este problema, a serem lis-tadas na sec¸ ˜ao adiante, e considerando que os termos de velocidades ur, uθ, uz e p0

(52)

(correc¸ ˜ao da press ˜ao) podem ser representados genericamente por um escalar φ. A integrac¸ ˜ao em um volume P pode ser escrita resumidamente como:

aI,JφI,J =

X

anbφnb+ bI,J (4.7)

A Eq. 4.7 resulta em uma matriz esparsa de orientac¸ ˜ao diagonal, no caso de uma discretizac¸ ˜ao de primeira ordem trata-se de uma matriz pentadiagonal contendo a conectividade de fluxo entre os volumes vizinhos imediatos de P .

Partindo-se desta discretizac¸ ˜ao ´e poss´ıvel desenvolver o procedimento de soluc¸ ˜ao para equac¸ ˜oes acopladas.

O software comercial utilizado para resoluc¸ ˜ao das equac¸ ˜oes apresenta o con-trole da satisfac¸ ˜ao da soluc¸ ˜ao num ´erica da Eq. 4.7, apresentado na Eq. 4.8.

Rφ= P cell I,J,K| P nbanbφnb+ b − aI,J,KφI,J,K| P

cell I,J,K|aI,J,KφI,J,K|

(4.8) em que Rφ representa o res´ıduo da resoluc¸ ˜ao da equac¸ ˜ao para uma vari ´avel

qual-quer φ, como por exemplo as velocidades ur, uθ e uz. O controle do res´ıduo auxilia a

compreender a estabilidade num ´erica do problema iniciado no software.

4.3 M ´etodo Num ´erico

Infelizmente o sistema de equac¸ ˜oes de conservac¸ ˜ao de massa e quantidade de movimento ap ´os discretizadas n ˜ao resulta em um sistema linear devido a press ˜ao estar contida nas equac¸ ˜oes de quantidade de movimento, al ´em da n ˜ao linearidade presente no termo de acelerac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de conservac¸ ˜ao da quantidade de mo-vimento. De modo a contornar este problema e resolver o sistema, Patankar (1980) prop ˜oe o m ´etodo de soluc¸ ˜ao de equac¸ ˜oes acopladas SIMPLE (Semi-Implicit Method for Pressure-Linked Equations). O m ´etodo consiste de um processo iterativo para que atrav ´es de sucessivas correc¸ ˜oes na press ˜ao resultem em campos de velocidade que satisfac¸am a conservac¸ ˜ao da massa e assim solucionando as equac¸ ˜oes aco-pladas. Diversas literaturas como Moukalled et al. (2016), Versteeg e Malalasekera (2007) e LeVeque (2002) podem ser consultadas para detalhamento do m ´etodo e suas vari ˆancias como o SIMPLEC, SIMPLER, PISO, entre outros. Devido o m ´etodo SIMPLEC ser o que mant ´em maior parte da equac¸ ˜ao da conservac¸ ˜ao da quantidade de movimento para a correc¸ ˜ao da press ˜ao, foi o utilizado no presente trabalho.

(53)

Escolheu-se a discretizac¸ ˜ao QUICK (Quadratic Upstream Interpolation for Con-vective Kinematics) para termos convectivos por ser de terceira ordem, isto ´e, aumen-tar a conectividade entre os volumes resultando em uma melhor captura das variac¸ ˜oes de propriedades f´ısicas do fluido. Isto ´e feito devido as interfaces de regi ˜oes com tens ˜oes abaixo e acima da tes ˜ao cr´ıtica de cisalhamento, τy, serem inst ´aveis

numeri-camente devido elevada taxa de variac¸ ˜ao na viscosidade.

O modelo de Papanastasiou ´e implementado no software atrav ´es de uma func¸ ˜ao definida pelo usu ´ario (User Defined Equations, UDF) conforme descrito no Ap ˆendice A.

A Tabela 4.3 resume como as hip ´oteses f´ısicas e condicionamento da soluc¸ ˜ao num ´erica foi implementada no software do presente estudo. A implementac¸ ˜ao num ´erica no software FLUENT v16.0 do modelo est ´a descrita no Ap ˆendice A.

Tabela 4.3: Implementac¸ ˜ao das hip ´oteses e condic¸ ˜oes de contorno no software

de resoluc¸ ˜ao das equac¸ ˜oes do estudo.

Grupo Escolha no FLUENT

Solver

Baseado na press ˜ao Velocidade absoluta

Espac¸o 2D axissim ´etrico com velocidade uθ

Fluido Implementado com UDF Acoplamento press ˜ao-velocidade SIMPLEC

Discretizac¸ ˜ao espacial

Gradiente: c ´elulas baseadas em m´ınimos quadrados Press ˜ao: segunda ordem

Conservac¸ ˜ao quantidade de movimento: QUICK Velocidade uθ: QUICK

(54)

5 RESULTADOS

5.1 Verificac¸ ˜ao do Modelo

A regi ˜ao de escoamento laminar desenvolvido de um fluido HB atrav ´es de duas placas planas e paralelas submetidas a uma diferenc¸a de press ˜ao foi obtida atrav ´es de soluc¸ ˜ao num ´erica e anal´ıtica. Isto ´e feito de maneira a comparar a efic ´acia da implementac¸ ˜ao num ´erica do modelo Papanastasiou.

5.1.1 Descric¸ ˜ao de um Problema Simples

A Figura 5.1 esquematiza a geometria de placas paralelas juntamente com a aplicac¸ ˜ao da diferenc¸a de press ˜ao entre extremidades. O comprimento assume valor de L = 49 mm e a altura h = 1, 5 mm. Optou-se por impor tr ˆes n´ıveis de press ˜ao no problema de modo a observar o comportamento da soluc¸ ˜ao num ´erica, variando de p = 30, 140 e 240 kP a. O fluido considerado trata-se das j ´a descritas graxas NLGI 00, 1 e 2. Em todos os casos, o n ´umero de Reynolds permanece inferior a Re < 1, regime laminar. Nestas condic¸ ˜oes o n ´umero de Bingham atinge menores do que Bi < 60.

Figura 5.1: Geometria de placas planas e paralelas com condic¸ ˜oes de contorno.

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