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PSICOM- (2015)- Texto 01- A PSICOLOGIA SOCIAL- definicoes e ...

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Texto 01:

A PSICOLOGIA SOCIAL

1.

Definições e conceituações

Não existe um consenso quanto à uma definição de Psicologia Social, uma vez que cada autor (estudioso, teórico, pesquisador) define-a de acordo com seu interesse específico, seus objetivos e objeto de estudo, mas de um modo geral podemos considerar que a Psicologia Social é a ciência que busca compreender a relação homem/sociedade, tendo como foco o homem em suas relações interpessoais, o homem e sua relação com outros homens e com seu meio social. Nesta perspectiva podemos dizer que a Psicologia Social é a ciência que ... busca compreender o homem em todas as suas dimensões, o homem em

sua totalidade, o homem como ser multideterminado, a realidade humana total ... estuda as relações humanas em todos os seus aspectos

... tenta compreender o comportamento humano a partir da interação do homem com com tudo que faz parte do mundo no qual está inserido (pessoas, objetos, grupos, instituições...)

... estuda os comportamentos humanos no que eles são influenciados socialmente; ... estuda a dependência e a interdependência das condutas humanas;

... estuda as manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pessoa com outra(s) pessoa(s) ou pela mera expectativa de tal interação;

... se dedica ao estudo do homem como ser social;

... estuda o homem enquanto membro de um grupo social;

Como para a Psicologia Social o comportamento humano não é determinado nem só pelo mundo interno do indivíduo e nem só pelo seu mundo externo, mas pela interação de ambos, isto é, pela relação do intra com o extra-psíquico, as diversas definições acabam mostrando que a preocupação dos psicólogos sociais é sempre a interação do Ser humano com seu meio social (pessoas, objetos, instituições...) e todos os aspectos envolvidos nesta relação (sentimentos, emoções, influência, atitudes...)

Devido a esta visão biopsicossociocultural da realidade humana, a Psicologia Social não se atém a esta ou àquela abordagem, pois o que importa é a concepção de homem como animal social.

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2. Objetivos

Os principais objetivos da Psicologia Social são:

2.1. valorizar:

... a relação do homem com seu meio (interação do intra com o extra-psíquicos) ... a realidade humana total (a relação corpo/mente/meio)

... a história do indivíduo, sua cultura e seu grupo social (o homem como ser histórico) ... o processo de socialização e a influência dos agentes socializadores no comportamento humano (a importância da cultura na construção do sujeito)

... as contribuições das diversas teorias psicológicas para uma melhor compreensão do comportamento humano (desprezo às visões parciais da realidade humana)

... as contribuições dos diversos ramos da ciência para uma melhor compreensão do comportamento humano (desprezo às visões parciais da realidade humana) ... as críticas à própria Psicologia Social (aceitação das próprias deficiências)

2.2. evitar:

... as tentativas de adaptação do indivíduo ao meio (o homem é um ser de integração e não de adaptação)

... os “ismos” da psicologia, isto é, as concepções reducionistas (o homem deve ser compreendido em sua totalidade e não pelas partes desta totalidade)

... a rotulação e a estigmatização que levam á invalidação social

... a psicologia fundada em princípios ideológicos (aquela que analisa o homem com base nos valores de uma determinada ideologia)

... a postura de “única, melhor, mais válida ...”, negando outras abordagens e outros ramos da ciência

3 Objeto de estudo

Assim como não existe uma única definição, nem um único objetivo da Psicologia Social, não se tem, também, “um só” objeto de estudo e tal como a definição e o objetivo, seu objeto estudo varia de acordo com o interesse específico (objetivo) de cada autor. Mas, de

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um modo geral podemos dizer que ao Psicólogo Social interessa, fundamentalmente, compreender os processos psicológicos individuais relacionados aos estímulos e situações sociais. À Psicologia Social interessa, ainda, todos os aspectos envolvidos na relação do homem (fatores constitucionais) com seu meio (micro e macrocosmo, pessoas e objetos).

De acordo com Jean Stoetzel (s/d), psicólogo social francês, professor de psicologia social e introdutor desta disciplina na França, o que interessa a essa área da psicologia são “as condutas humanas” modificadas pela “presença atual ou implicada” de outras pessoas.

--- Por “condutas humanas” deve-se entender tanto aos dados observáveis quanto as experiências subjetivas nos planos da cognição e dos afetos.

--- Por “presença implicada” deve-se entender a consciência das pessoas que imaginam ou evocam situações de interações sociais (pressuposto de que os comportamentos humanos são influenciados por crenças e representações por nós obtidas ou geradas).

De acordo com Aroldo Rodrigues (1988), um dos mais importantes representantes da Psicologia Social no Brasil, a Psicologia Social é (como vimos nas definições) o ramo da Psicologia que se interessa pelo

“estudo das manifestações comportamentais

suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera

expectativa de tal interação”,

não se atendo apenas aos aspectos de movimentos de massa e problemas coletivos (como faz a sociologia), mas abrangendo também outros interesses de nível individual, tais como: atração pessoal, atitudes, percepção social, altruísmo, agressividade, tomada de decisão, cooperação, competição etc.... estudos estes que focam preferencialmente a dinâmica das relações interpessoais, numa perspectiva muito mais centrada no indivíduo em sociedade do que na própria sociedade, mas sem perder de vista os aspectos macroscópicos da realidade social.

Levando em consideração as definições de diversos autores, podemos dizer que, em essência, o objeto de estudo da Psicologia Social é o Homem enquanto Ser Social... o Homem em seu encontro social... o Homem como Ser multideterminado... o Homem como Ser biopsicossocial... e tudo que está envolvido na dinâmica das relações deste Homem com os outros homens e com o seu meio.

Desse modo, devemos entender que para a Psicologia Social só é possível compreender o comportamento humano se se compreender todas as dimensões que compõem a realidade humana (pessoal, social, cultural, econômica, religiosa, educacional, política...), bem como principais aspectos que permeiam as relações humanas, como a percepção social; a comunicação e a linguagem; a formação e a mudança de atitudes; o processo de socialização; as representações sociais; a consciência; a consciência de si e do outro; a atividade mental; a identidade; os grupos sociais; os papéis sociais. Isto significa que a Psicologia Social só concebe a compreensão do Homem pela compreensão

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de todas as dimensões que formam a sua totalidade e não de apenas um ou alguns aspectos desta totalidade.

Deste modo, são objetos de estudo da Psicologia Social:

3.1 A PERCEPÇÃO SOCIAL

:

É o processo pelo qual o indivíduo recebe um estimulo externo (coisas, pessoas, fatos, situações) e o processa mentalmente organizando as informações em sua cognição (organização do conhecimento ao nível da consciência). O estímulo não é percebido sozinho, mas acompanhado de um conjunto de informações a ele relacionadas, o que ocorre devido ao fato de que com os contatos com o mundo a pessoa vai organizando informações em sua cognição e estas surgem sempre que algo percebido remete a elas.

Ao estímulo percebido pelos órgãos dos sentidos é atribuído um significado de acordo com os conhecimentos que a pessoa já tem. “A percepção é, pois, um processo que vai

desde a recepção do estímulo pelos órgãos dos sentidos até a atribuição de significado ao estímulo” (Bock, Furtado e Teixeira, p.136).

Exemplificando :

Se na rua encontramos um senhor vestido de branco, com cabelos grisalhos, usando óculos e portando uma maleta, podemos percebê-lo como um médico, porém, se encontramos um jovem com as mesmas características, há uma grande probabilidade de o percebermos como um estudante de medicina, enfermagem...

3.2. A LINGUAGEM e a COMUNICAÇÃO:

A linguagem é o principal veículo de comunicação entre os humanos se dando pelo processo de codificação (formação de um sistema de códigos) e decodificação (a forma de tentar entender a codificação) de mensagens, permitindo a troca de informações entre os indivíduos. O código da linguagem varia de cultura para cultura e, às vezes até mesmo de grupo para grupo dentro se uma mesma cultura (ex: a mesma raiz comestível é conhecida como “aipim” no Rio de Janeiro, como “mandioca” em São Paulo e como “macaxeira” no Nordeste).

A comunicação não é constituída apenas da linguagem (sistema de códigos) verbal, mas também de outras formas de linguagem como expressões faciais e corporais, olhares, gestos, movimentos, desenhos, animais e escrita. A linguagem é, na verdade, o instrumento que os humanos utilizam para expressar o pensamento e assim comunicar-se. A aquisição da linguagem é um processo que se dá ao longo da socialização.

Exemplificando:

Se encontramos um jovem com características que remetem a um estudante (aspecto físico e roupas joviais, livros ou cadernos nas mãos...) e perguntarmos o que ele estuda (emitimos

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um código), ele vai entender (decodificar) que queremos saber que curso ele está fazendo; se lhe sorrimos (código) ele vai entender (decodificar) que estamos tendo para com ele uma atitude de simpatia; e assim por diante.

3.3. A ATITUDE:

Ao perceber seu mundo externo o indivíduo vai organizando mentalmente as informações percebidas (pessoas, objetos, situações, fatos...), processando-as de acordo com suas emoções (positivas ou negativas) e desenvolvendo uma pré-disposição para agir positiva ou negativamente em relação a elas. É esta pré-disposição que vai formar a atitude, a partir da qual o indivíduo vai agir positiva ou negativamente em relação ao que foi percebido.

Assim, dependendo da atitude formada o indivíduo tem a pré-disposição para uma ação favorável ou desfavorável em relação ao que foi percebido, isto porque os componentes da atitude (informações, afetos e pré-disposição para a ação) tendem a ser congruentes ou incongruentes.

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2007), para a Psicologia Social, as pessoas não tomam atitudes (ações, comportamentos), mas desenvolvem atitudes (crenças, valores, conceitos, opiniões,) em relação às demais pessoas e às coisas do meio social, e são estas atitudes que embasam o comportamento em relação a elas.

Exemplificando:

Se perguntarmos ao jovem que encontramos o que e onde ele estuda e o mesmo responder, por exemplo, que estuda direito em determinada universidade, é provável que desenvolvamos uma atitude positiva em relação a ele pelo simples fatos de sermos também estudantes ou professores universitários . Porém, se o jovem diz que é estudante de psicologia numa determinada universidade, é certo que vamos desenvolver uma atitude positiva em relação a ele, já que somos alunos ou professores de psicologia. É bem possível que o nosso comportamento (ação) seja de fazer mais perguntas, como por exemplo, que ano ele está cursando, se gosta do que está estudando...

Dependendo do que o jovem nos disser (informação recebida) em relação ao fato de ser estudante, podemos desenvolver ainda outras atitudes, como por exemplo:

... se ele disser que não está estudando no momento porque embora adore estudar teve que parar os estudos porque seu pai faleceu e ele tem que trabalhar para ajudar no sustento da família, a possibilidade de desenvolvermos uma atitude positiva em relação a ele também é bem grande... provavelmente uma atitude de pena, com grande probabilidade de nos aproximarmos e até de tentar ajudá-lo ou consolá-lo.

... se ele disser que não está estudando porque não gosta de estudar ou porque acredita que estudar não leva a nada, demonstrando total desprezo pelo estudo, há uma grande probabilidade de desenvolvermos uma atitude negativa... que provavelmente nos levará a um comportamento (ação) de rejeição, afastamento e até de menosprezo (especialmente porque o estudo para nós é algo fundamental à vida de uma pessoa).

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3.4. A MUDANÇA de ATITUDE :

Pode-se mudar uma atitude em relação a algo ou a alguém simplesmente porque se construiu um novo pensar a respeito deste algo ou deste alguém. Este novo pensar que leva à mudança de uma atitude pode dar-se devido a inúmeros fatores: um novo conhecimento, uma nova informação, uma nova experiência, um novo fato, a quebra de um estereótipo... pode-se tanto mudar uma atitude negativa quanto uma atitude positiva.

Exemplificando:

Se desenvolvemos uma atitude negativa em relação a um professor assim que o vemos pela primeira vez, quer porque o mesmo falou algo que nos desagradou, quer simplesmente porque o mesmo não despertou em nós nenhuma simpatia, ou por qualquer outro motivo, podemos modificá-la ao conhecê-lo melhor e constatarmos que nossa “primeira impressão” não estava correta. Podemos mudar uma atitude negativa ou positiva em relação a algo ou alguém, tendo como resultado um novo comportamento.

Se por qualquer motivo desenvolvemos uma atitude negativa em relação a um outro aluno da nossa turma podemos mudá-la se tentarmos descobrir aspectos positivos deste aluno, como por exemplo perceber que o mesmo nos cumprimenta com simpatia, ou que faz parte de um grupo cujos alunos nos são simpáticos, ou ainda porque simplesmente percebemos que ele está tentando uma aproximação conosco.

Sabemos que se mudarmos uma atitude negativa para uma atitude positiva temos como conseqüência a mudança do nosso comportamento (ação) em relação ao “outro” ou ao objeto, resultando na possibilidade de novas interações, novos aprendizados, novos afetos etc. Mas, sabemos, também, que muitas pessoas têm forte tendência a manter os comportamentos da atitude em constância, o que contribui efetivamente para a manutenção de estereótipos e preconceitos, impedindo seu crescimento como ser humano.

“Nos anos trinta do século passado, na Universidade de Bennington (Vermont/EUA), Theodore Newcomb estudou o processo de mudança de atitude acompanhando um grupo de estudantes de uma escola feminina durante todo o período de formação (1935/1939). O pesquisador queria saber se haveria ou não mudança nas atitudes políticas e sociais das alunas, uma vez que elas vinham de famílias abastadas e conservadoras e a escola era uma instituição cuja norma era ter atitudes liberais. Newcomb constatou que, mesmo tendo recebido uma educação bastante conservadora, depois de 04 anos vivendo num ambiente fechado mas liberal, a maioria das moças tinha-se tornado liberal. E mais: que 20 anos depois (ao retomar o contato com as mesmas) a maioria delas tinha se casado com homens que pensavam da mesma forma liberal como elas. Esta última constatação fez o pesquisador propor que a mudança de atitude pode se dar de modo definitivo e não apenas temporária ou momentaneamente”.

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3.5. O PROCESSO de SOCIALIZAÇÃO:

É o processo pelo qual o homem se torna verdadeiramente humano, isto é, se humaniza e se torna um membro da sociedade. Conhecido também como endoculturação (jogar cultura para dentro), a socialização é o processo pelo qual o indivíduo forma o conjunto de suas crenças, valores, verdades, atitudes, significações etc. Torna-se membro de um grupo social, interiorizando sua cultura através do aprendizado de seus códigos, normas e regras básicas de relacionamento.

Através do processo de socialização a pessoa assimila uma determinada cultura, fazendo chegar à sua mente um mundo social com toda a sua multiplicidade de significados. Em decorrência do que ela estabelece, a partir de um complexo processo de reciprocidade e reflexão, ocorre certa simetria entre o seu mundo interno e o seu mundo externo. Este mesmo processo de interiorização e exteriorização foi denominado por Freud de processo de introjeção e projeção, e significa tanto para um quanto para outro termo, a aquisição dos postulados morais da sociedade da qual se é membro.

Ao nascer, o indivíduo se insere num determinado conjunto social que tem uma cultura fundada num dado código de normas, regras e leis básicas de funcionamento. Ao interiorizar a cultura do seu grupo pelo processo de socialização, a pessoa adquire seus hábitos e costumes, modos de comportar-se construindo suas representações sociais, desenvolvendo a auto consciência e a consciência do outro, formando suas identidades, inserindo-se em diversos grupos sociais e desempenhando seus diversos papéis sociais. Exemplificando:

Se somos socializados num grupo social que considera as pessoa pobres como pessoas inferiores às demais, temos uma grande possibilidade de também os considerarmos assim, pois é isto que “aprendemos” desde que nascemos; se em nossa socialização “aprendemos” que as pessoas com deficiência física são incapazes, tendemos a ter por elas o mesmo conceito.

3.6. A REPRESENTAÇÃO SOCIAL:

É a imagem mental que o indivíduo constrói sobre a realidade social na qual está inserido; é como representa mentalmente essa realidade com os significados atribuídos às coisas. Para a construção da representação social o indivíduo utiliza todo o conjunto de crenças e valores que interioriza da sua cultura em seu processo de socialização e que, resultando na imagem mental que ele cria, norteia o seu comportamento.

Exemplificando:

Se somos socializados numa sociedade cuja cultura valoriza um certo padrão de beleza física para as mulheres, nossa representação social sobre beleza feminina será construído de acordo com esse padrão determinado (em nossa sociedade atual ser magro é ser bonito, ser gordo é ser feio).

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3.7. A CONSCIÊNCIA:

É a capacidade humana de perceber o mundo externo, o mundo objetivo, compreendendo-o, transformando-o em idéias e imagens e pensando-o através da decodificação de seus códigos e do conhecimento do que ele representa social e culturalmente.

A consciência é a característica humana que, embora inata, só se desenvolve no encontro do mundo interno do indivíduo com seu mundo externo, na sua interação social, no seu convívio com outros humanos e com seu grupo, sua sociedade, sua cultura. O desenvolvimento da consciência depende da compreensão do indivíduo acerca de si mesmo (da sua existência) e do meio em que ele nasce e cresce e de si mesmo (sociedade e cultura).

Exemplificando:

Quando construímos nossa representação social (imagem e significado) sobre algo, alguém ou alguma coisa, estamos formando nossa consciência a respeito deles, estamos conhecendo o que significam para nós e para o nosso meio, estamos tendo consciência do nosso mundo externo e de nós mesmos (o professor tem consciência do seu papel de educador, da sua representação como portador de um determinado saber, das dificuldades do aluno, das suas próprias dificuldades...)

3.8. A CONSCIÊNCIA de SI e do OUTRO:

Ao identificar-se com os preceitos de sua sociedade, o indivíduo vai desenvolvendo a consciência de si mesmo, isto é, do que ele significa em seu grupo, e se conscientizando do seu papel social. Essa consciência de si mesmo não apenas o controla, mas abre-lhe as portas do mundo; não apenas o torna membro de uma sociedade, mas possibilita que ele participe ativamente do seu mundo social. E é somente pela interiorização do mundo externo que ele consegue ouvir a si mesmo; é só pela interiorização das vozes dos outros que a pessoa fala e ouve a si mesmo.

E pela consciência de si mesmo o indivíduo desenvolve a consciência do outro, inicialmente do “outro generalizado” (a sociedade em geral), e depois do “outro significativo” (as pessoas que com maior frequência se tornam objetos da nossa interação e com as quais mantemos relações emocionais mais intensas).

Exemplificando:

Logo no início da socialização acreditamos que as proibições vêm apenas do mundo externo, ou seja, do outro (agente socializador, generalizado ou significativo), mas aos poucos vamos percebendo que somos nós mesmos (consciência de si) que nos policiamos a partir da interiorização dos valores, das normas e regras da sociedade na qual vivemos.

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Mais adiante vamos perceber, também, o lugar que cada pessoa ocupa em nossa vida, isto é, a importância do outro em nossa vida e o papel que “cada outro” ocupa em nossa existência (a consciência do outro)... se sou professor e reconheço-me como tal, reconheço (consciência de si) tudo que implica esta minha condição humana e profissional, reconhecendo também aluno (consciência do outro) e tudo que implica sua condição humana e de estudante.

3.9. A ATIVIDADE MENTAL:

É a capacidade que permite ao homem apropriar-se do mundo no qual está inserido, isto é, que lhe permite interiorizar seu mundo externo a partir do seu mundo interno. A atividade mental possibilita a intermediação do mundo intra com o mundo extra psíquico, encontro este propiciado pelo processo de socialização, isto é, pelo conhecimento que o indivíduo tem do seu mundo externo.

Neste processo de apropriação do mundo externo pelo interno o indivíduo vai interagindo com o meio em que vive, com os outros que fazem parte deste mundo e consigo mesmo, conhecendo suas coisas materiais e imateriais (objetos, pessoas, símbolos, valores...) e decifrando seus significados.

É a atividade mental que possibilita ao homem a exercitar a sua sociabilidade, ser o sujeito de sua própria história, estar no e com o mundo, desenvolver todas as suas características humanas, transformar seu mundo e ser por ele transformado. Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2007, p.143) “o homem constrói o seu mundo interno na medida em

que atua e transforma o mundo externo. Mundos externo e interno são, portanto, imbricados, pois são construídos num mesmo processo, e a existência de um depende da do outro”.

Exemplificando:

Assim que nascemos começamos a conviver com o mundo que nos cerca, e este mundo repleto de coisas materiais (desde o próprio corpo, a mamadeira e a chupeta, até móveis, vestimentas, calçados etc) e coisas imateriais (valores, normas, regras, regras, crenças, mitos, ideologia etc) vai sendo por nós interiorizado e formando nossas idéias. É a atividade mental que nos faz estudar, trabalhar, amar, brigar, buscar, sonhar...

3.10 O PROCESSO de FORMAÇÃO das IDENTIDADES:

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2007), identidade é como denominamos as representações e sentimentos que desenvolvemos sobre nós mesmos a partir do conjunto daquilo que vivemos e experienciamos desde que nascemos. Podemos dizer que identidade é nossa síntese pessoal, é como nós nos reconhecemos e como somos reconhecidos pelos outros, é a consciência que temos de nós mesmos.

Devido ao homem constituir-se num ser inacabado, sua identidade está sempre em movimento, é um processo dinâmico, e assim vai se redefinindo e se reconstruindo a cada

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Dada a nossa constituição biopsicossociocultural desenvolvemos não só uma identidade pessoal, mas também uma identidade cultural e diversas identidades sociais. Identidade pessoal é como nós nos identificamos enquanto pessoa, como nós nos reconhecemos. A identidade pessoal é única, só nossa, intransferível. Podemos dizer que é como nós nos identificamos como o ser humano que somos: sexo, idade, estrutura física, sentimentos, pensamentos, desejos, emoções, comportamentos...

Exemplificando: José é um rapaz branco, alto, tem 22 anos e cabelos lisos, é calmo e muito emotivo, gosta de música...

Identidade cultural é como nós nos identificamos culturalmente, como nós nos reconhecemos enquanto parte de uma cultura; como nós nos identificamos com as características da nossa cultura, o que implica muito mais do que simplesmente ter uma nacionalidade. A identidade cultural pressupõe sermos portadores de determinadas características da nossa cultura (hábitos e costumes, crenças, valores, mitos, ritos, ideologia...) e nos identificarmos com elas. A identidade cultural nos faz reconhecidos culturalmente não apenas por nós mesmos, mas também pelos outros, devido a sermos portadores de traços da nossa cultura.

Exemplificando: José é brasileiro, católico, fala português, gosta de samba e de carnaval, é informal e bastante hospitaleiro...

Identidade social é como nos identificamos e somos identificados socialmente, menos pelos dados da nossa identidade pessoal e mais pelos papéis que desempenhamos nos grupos sociais nos quais nos inserimos, isto é, em nossos grupos de estudo, trabalho, lazer, saúde etc. Assim como a identidade cultural, a identidade social não pressupõe o nosso reconhecimento apenas por parte do outro, mas também por nós mesmos, devendo para tanto existir uma identificação entre nossas identidades pessoal e social, pois caso isso não ocorra, dificilmente desempenharemos o papel social de acordo com o que é esperado, resultando no não reconhecimento da nossa identidade social.

Exemplificando: José é casado, tem dois filhos, professor de sociologia na USP, joga

tênis muito bem, é sócio do Clube Ipê...

3.11. OS GRUPOS SOCIAIS:

São pequenas organizações de indivíduos que possuindo objetivos comuns desenvolvem ações em direção à realização desses mesmos objetivos. Para garantir essa organização, os grupos possuem normas, que são formas de pressionar os indivíduos para se conformarem ao seu funcionamento (tarefas e funções determinadas a cada membro do grupo). Possuem, ainda, um líder, formas de cooperação e competição, além de fatores que atraem os indivíduos impedindo-os de abandonarem o grupo.

Os grupos sociais são as organizações que permeiam as relações entre o conjunto social mais amplo e o indivíduo, isto é, o macro e o microcosmo.

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Exemplificando:

Quando duas pessoas se encontram, estão se encontrando representantes de diferentes grupos sociais: cada um representando sua família, seu grupo de amigos, seu grupo religioso, seu grupo social etc. Cada indivíduo representa seu grupo de referência ou de pertencimento (pertença), que são os grupos a que pertence ou aos quais se referencia para saber como se comportar, o que dizer, como perceber o outro, do que gostar ou não gostar... Devido à nossa natureza humana, em todos os momentos da nossa vida estamos fazendo parte de alguns grupos sociais, além do nosso grupo familiar, que é o nosso grupo de referência ou de pertencimento. Fazemos parte de um grupo à medida em que este, de algum modo, nos atrai, nos satisfaz, nos faz agir de acordo com suas normas. São inúmeros os grupos aos quais nos filiamos ao longo de nossa vida: grupo de amigos, de estudo, de trabalho, de lazer, de viagem etc., e em cada um deles temos que ter um comportamento específico, isto é, um papel definido a desempenhar.

3.12. O PAPEL SOCIAL:

Se a sociedade é um conjunto de posições sociais, isto é, um conjunto de pessoas que ocupam, cada uma, determinadas posições sociais como médico, professor, gari, padre, estudante, vendedor... todas as expectativas de comportamento são pré-estabelecidas pelo conjunto social para os ocupantes de cada posição social. Essas expectativas determinam o chamado “papel prescrito”, isto é, o comportamento que o indivíduo deve ter quando ocupa determinada função social, ou seja, o seu “papel social”.

Assim, os “papéis sociais” são os comportamentos que o indivíduo manifesta em sua atuação como membro de um grupo social, comportamentos que tanto o outro espera dele em função da sua posição no grupo, quanto ele espera do outro em função da posição que o mesmo ocupa no grupo. Devido à consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do outro, ele sabe exatamente como deve desempenhar cada um dos seus papéis sociais, isto é, como deve se comportar no desempenho de cada um dos seus papéis sociais.

Exemplificando :

Como os nossos papéis sociais de professor e de aluno são pré-determinados pelo nosso grupo social, tanto os professores quanto os alunos “já esperam” (mantém expectativas) certos comportamentos um do outro. Ambos esperam, também, que esses comportamentos mudem dependendo do local em que se dá o encontro de ambos: na ala de aula, no corredor da escola, no estacionamento, num shopping etc. Isso significa que o desempenho dos nossos papéis sociais pode determinar a qualidade de uma relação social.

Inúmeros são os aspectos da vida social que também se constituem em objeto de estudo da Psicologia Social devido a influenciarem diretamente o comportamento das

pessoas, originando representações sociais nem sempre condizentes com a realidade social como:

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-- a violência (em todas as relações humanas e todas as suas faces)

-- a indústria cultural (a relação poder/saber e o empobrecimento da produção cultural) -- a violência familiar (contra a criança, o idoso, o dependente químico, o deficiente, o doente mental...)

-- a violência urbana (no trabalho, na escola, no hospital, nas ruas...)

-- o envelhecimento nos países latino-americanos (perspectivas para o século XXI) -- a infância e a adolescência (educação, abandono, alcoolismo, drogadição, gravidez na adolescência, prostituição infantil...)

-- a mídia (que forma imagens e gera comportamentos)

-- o assédio moral e sexual (o abuso de poder nas relações sociais) -- as doenças do trabalho (stress: um mal do mundo atual)

-- a doença mental (institucionalização/ cronificação/ rotulação e invalidação social) -- a hegemonia (ideológica, econômica e política entre indivíduos, grupos e Nações) -- a ideologia (formadora dos valores e da imagem de homem)

-- a invisibilidadesocial (um fenômeno do mundo pós-moderno) -- a desigualdade social (pessoais e grupais- os sub-grupos)

Referências

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