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Academic year: 2021

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1. Professora do Departamento de Psicopedagogia da UFPB. Pedagoga, Mestre em Educação popular. marciapaivaoliveira@bol.com.br

2. Graduada em Administração, aluna do curso de Especialização em Gestão e Planejamento do UNIPÊ, aluna do curso de Pedagogia da UFPB.

Ms. Márcia Paiva de Oliveira¹ Neusiana Vieira Fernandes²

RESUMO

Esse trabalho trata de um estudo desenvolvido em quatro escolas da rede municipal de ensino da cidade de João Pessoa, que tem como foco analisar as repercussões da exclusão digital em alunos com deficiência. Sabe-se que esse grupo de alunos, mesmo em tempos de educação inclusiva, sofre segregação no contexto escolar, por diversos motivos que se levanta nesse texto. Portanto, esse estudo se propõe a fazer uma relação da inclusão/exclusão escolar com a exclusão digital, uma vez que essa última pode agravar a outra. A pesquisa se caracteriza por ser teórico-empírica, a qual se propôs a fazer um estudo não experimental, com delineamento de levantamento de dados. Quanto à coleta dos dados, utilizamos uma entrevista dirigida com perguntas semi-estruturadas, bem como observações sistemáticas no cotidiano escolar que teve os achados registrados em um diário de campo que constatou a exclusão digital dos alunos com deficiência, mesmo em escolas que desenvolve trabalho com as TCs. Complementamos afirmando que para que o processo de inclusão dos indivíduos com deficiência e a inclusão digital possa acontecer de modo satisfatório, é fundamental que se atribua um destaque especial para a formação dos profissionais. Todos devem buscar conhecer efetivamente as peculiaridades das deficiências, bem como, a natureza de cada uma ou proposta de trabalho elaborada especificamente para cada uma, que se pode incluir ai o trabalho com as novas tecnologias.

Palavras - chave: Inclusão escolar - Exclusão digital - Portadores de deficiência.

INTRODUÇÃO

O foco desse estudo é analisar a relação da exclusão escolar de indivíduos com deficiência e a exclusão digital no âmbito da escola pública. Uma vez que analisamos quatro escolas da rede municipal de ensino de João Pessoa. Portanto, o objetivo geral desse estudo foi investigar a influência da inclusão digital para o desenvolvimento do indivíduo com deficiência no contexto escolar. O percurso metodológico da pesquisa é o não experimental, com delineamento de levantamento de dados. Quanto a coleta dos dados utilizamos uma entrevista dirigida com perguntas semi-estruturadas, na qual os educadores responderam individualmente a questões referentes à identificação e relação da inclusão escolar, inclusão digital e o desenvolvimento dos educandos com deficiência. Bem como, utilizamos a observação sistematizada como técnica de pesquisa e os dados observados foram registrados

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no diário de campo. A amostra foi composta por 20 educadores, e 25 alunos com deficiência. Os dados foram categorizados e, posteriormente analisados quantitativa e qualitativamente.

A RESPEITO DA INCLUSÃO ESCOLAR DOS INDIVÍDUOS COM DEFICIÊNCIA E A EXCLUSÃO/INCLUSÃO DIGITAL

O estado de exclusão é tão antigo quanto à humanidade e, normalmente, está ligado a processos de segregação justificados sob diferentes motivações. Tais motivações são contextualizadas socialmente, historicamente e culturalmente. No Brasil, a exclusão digital é um problema social e político de nossa época, e também é decorrente da má distribuição de renda no país. Implica na decisão dos governantes de plantão, no sentido da implementação de políticas públicas que venham a minimizar tal problema, que afeta não só o indivíduo, mas a sociedade como um todo.

Já a exclusão dos indivíduos com deficiência se dá desde os tempos mais remotos, quando as famílias tomavam até a atitude de condenar a morte seus filhos que nasciam com defeitos. Nas discussões a esse respeito, e que duram séculos, os “deficientes” sempre foram percebidos como seres diferentes e à margem dos grupos sociais. Mas, à medida que a dignidade do homem, seu direito à igualdade de oportunidades e participação na sociedade passaram a preocupar inúmeros pensadores e a sociedade civil, a história começou a tomar outro rumo. Na atualidade, os espaços organizados para o respeito aos indivíduos com deficiência, a partir dos movimentos governamentais e da sociedade civil para a inclusão, passam a assumir, cada vez mais, grande importância com a perspectiva de atender as crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação, uma sociedade mais solidária, justa e acolhedora aos diferentes.

Fala-se muito nos últimos anos a respeito dos direitos e necessidades das pessoas com deficiência. Porém, percebe-se que essas pessoas têm encontrado grandes obstáculos para a sua aceitação e participação na sociedade e também na escola. As barreiras arquitetônicas nas ruas, prédios públicos e privados e até na escola é um grande entrave à pessoa com deficiência. No contexto escolar, observa-se a falta de formação e informação adequada das pessoas que trabalham na escola e principalmente de professores, que deveriam estar aptos a trabalhar pedagogicamente com esses indivíduos. O preconceito ainda tem destinado a estes cidadãos papéis e posições muito aquém de suas potencialidades na dinâmica educativa.

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Verifica-se que é uma constante nos discursos dos que trabalham com a formação desses indivíduos, a falta de confiança nas suas potencialidades.

Portanto, é necessário refletir no que se refere a real inclusão das pessoas com deficiência, como um todo, o que ainda esteja impedindo ou dificultando, a presença ou permanência destes sujeitos no meio social e educacional. Apesar do amparo legal, que hoje é uma realidade no nosso país.

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reflete o que realmente é a sociedade, pois é dentro dela que se dá grande parte das aprendizagens humanas e como não aprender dentro dela a convivência com as diferenças. A razão mais importante para a inclusão é o valor social, é a criança sentir-se integrada no seu grupo, sentir-se pertencente ao seu grupo, com todas as condições de aprendizagem, apesar da diferença. O problema está justamente em como atender a inclusão e facilitar seu aprendizado. A arte de facilitar a inclusão envolve criatividade, desejo de mudanças, elevação da auto-estima do educando, redimensionamento de ações e de vencer os medos que provocam os limites. (STAINBACK e STAINBACK, 1999, p.22).

Muitos pensadores têm refletido a esse respeito a exemplo de Stainback e Stainback (1999, p.23), que apresentam um levantamento dos ganhos que cada segmento da comunidade escolar tem com a inclusão dos indivíduos com deficiência na escola regular. Afirmam que todos os alunos se beneficiam do processo de inclusão, pois desenvolvem atitudes positivas mutuamente, que são ganhos em habilidades acadêmicas e sociais de preparação para a vida em comunidade, ou seja, é um aprendizado de cidadania para todos. Os benefícios da inclusão para os professores também são levantados por esses autores, ressaltando a necessidade e a possibilidade das habilidades destes profissionais, o que serve como um impulso ao desenvolvimento de uma atmosfera de coleguismo, colaboração e apoio entre os profissionais a fim de promoverem a inclusão, com a participação de todos.

O aperfeiçoamento necessário dos educadores para lidar com as diversas deficiências é um pressuposto básico do processo inclusivo. Uma vez que à complexidade do processo educativo inclusivo, tornam-se necessárias reflexões constantes, a fim de garantir profissionais mais críticos e capazes de trabalhar tanto individual, quanto coletivamente, superando barreiras e criando cidadania para com todos.

Existem, indiscutivelmente, benefícios para a sociedade, onde estão inseridos os membros da comunidade escolar, que aprendem que, apesar das diferenças existentes entre os cidadãos, estes têm direitos iguais dentro da sociedade e dentro da escola. Entretanto, a exclusão mal disfarçada é o que se observa no contexto da escola que deveria ser inclusiva para os indivíduos com deficiência.

Vários são os motivos que levam à exclusão, que podem ser desde um processo preconceituoso a um processo de incompetência em lidar com o diferente. Pois, a exclusão é um processo amplo que envolve os diferentes de um modo geral, ou aqueles que não se enquadram em modelos valorizados pela sociedade.

A situação de exclusão ocorre, na maioria das vezes, como um dos resultados das mudanças na sociedade e de sua própria formação histórica. Veja-se as crises econômicas e as

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revoluções tecnológicas, onde os governantes optam por políticas que não incluem quem deveria incluir: os excluídos. Afinal, o excluído não opta por ser um excluído e necessitam ter suas situações desfavoráveis minimizadas.

Fala-se muito da inclusão digital no contexto das instituições escolares. Essa inclusão vem sendo pensada apenas com a implementação de laboratórios de informática nas escolas, que não vêm promovendo de fato a inclusão digital, mas, agravando a exclusão nessa área. É interessante ressaltar dois aspectos: tanto a inclusão digital pode ser uma facilitadora de outras inclusões, tais como a inclusão escolar e a inclusão sócio-econômica, como a falta desta inclusão digital pode aumentar a exclusão social, devido às novas reconfigurações da sociedade, e a escolar devido aos benefícios das tecnologias como coadjuvante no processo de construção do conhecimento.

No tocante ao duplo processo de inclusão escolar do indivíduo com deficiência e a inclusão desses digitalmente, o que vem ocorrendo é que os educadores da escola não acreditam nas potencialidades dos deficientes, portanto não promovem tal inclusão à esses indivíduos. Quando esses têm acesso aos laboratórios de informática, são vigiados todo o tempo para não danificarem os equipamentos. Não existindo, portanto, um trabalho pedagógico efetivo com as novas tecnologias para os deficientes, no contexto pesquisado. Apesar de Castells (2003, p.225-226) tratar da exclusão econômica, afirmando que essa acontece de várias formas, sendo uma das mais relevantes a econômica, que acaba gerando, normalmente, uma série de outras formas de exclusão. Ele faz referência ainda a exclusão cultural ou educacional, por exemplo. A educação constitui um meio para aumentar as possibilidades de conquista de um emprego com melhor remuneração, mesmo que este não seja o fim principal da educação, assim como visualizar as possibilidades de obtenção de informações que podem incluí-lo entre os indivíduos habilitados a exercer sua cidadania de forma plena.

Quando estamos falando em educação a inclusão digital tem um espaço importante nesta esfera, pois a informática é uma das chaves para o conhecimento na sociedade da informação.

Os programas oficiais e das ONG’s, muitas vezes enfrentam a exclusão digital de modo incompleto, privilegiando, geralmente, um possível aumento da empregabilidade, outras vezes dando ênfase para uma participação democrática meramente formal, não atingindo completamente o objetivo de inclusão social. Agindo dessa maneira, certamente não atinge a

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dimensão central do fenômeno que é o aumento da auto-estima e do sentimento de pertencimento a um grupo social organizado. (SETE PONTOS, 2011).

A exclusão digital é mais uma forma de exclusão e acompanha ou contribui para o aprofundamento da exclusão social e econômica. São atingidas, com maior força, as populações desprovidas de renda e emprego, deixando-as em situação social ainda menos privilegiada. A esses fatores se associa a exclusão cultural, que impede, na maioria das vezes, que o indivíduo obtenha uma educação adequada, e por consequência, desenvolva-se sócio, econômico e politicamente. Essa exclusão também atinge os indivíduos com deficiência, especialmente os de baixa renda.

Apesar da Declaração de Salamanca orientar os governos a dar a prioridade política e orçamentária aos sistemas educacionais, para que possam abranger todas as crianças normais ou com necessidades especiais, o que vêm acontecendo é que esses investimentos têm sido deficitários ou não aplicados de forma adequada, ou acompanhado da preparação dos executores das políticas públicas educacionais em sua base, que são os educadores.

Nos contextos escolares analisados, das quatro escolas, só uma tinha um trabalho satisfatório com a utilização do laboratório de informática de forma educativa pedagógica, fazendo a ponte entre os conteúdos curriculares e as ferramentas tecnológicas da informática. Entretanto, nessa única escola que trabalhava adequadamente com a informática, apesar de contar com oito crianças com deficiência, nenhuma delas fazia uso dos computadores para melhorar o seu desenvolvimento global. As três outras escolas se mostraram ineficientes no seu processo de inclusão digital e escolar de portadores de necessidades especiais. Apesar da Convenção da Guatemala alertar que:

[...] as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o de não ser submetido à discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano. (CONVENÇÃO DA GUATEMALA, 1999).

Portanto, esse estudo se mostra inacabado, uma vez que temos o interesse em verificar os benefícios da inclusão digital para os alunos com deficiência, no sentido do seu desenvolvimento global.

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CONCLUSÃO

Como pudemos constatar no teor desse texto, muitas conquistas foram alcançadas. Sabemos que as leis atualmente, tanto nacionais como internacionais, asseguram os direitos das pessoas com deficiência. Entretanto, é necessário que essas leis, que foram feitas para serem cumpridas, possam ser efetivadas na prática do cotidiano escolar. Pois, o Estado não tem conseguido garantir a democratização do ensino, permitindo o acesso, a permanência e o sucesso de todos os alunos necessitados do ensino especial na escola. Até mesmo os alunos ditos normais têm encontrado dificuldades de progressão no contexto da escola pública, inclusive no tocante a inclusão digital.

Muito precisa ser feito e modificado, para as escolas se tornarem verdadeiramente inclusivas, tanto digitalmente como no sentido da inclusão dos deficientes. Contudo, não se pode negar os avanços educacionais, quando comparamos com os tempos de segregação e discriminação das pessoas com deficiência. Pois, é bem verdade que as políticas de educação inclusiva tiveram um grande avanço no Brasil. Entretanto, o entendimento de que elas devam vir atreladas a outras políticas, como a política de formação permanente dos professores, a política de acessibilidade, e a política de inclusão digital por exemplo.

Portanto, para que o processo de inclusão dos indivíduos com deficiência e a inclusão digital possa acontecer de modo satisfatório, é fundamental que se atribua um destaque especial para a formação dos profissionais. Todos devem buscar conhecer efetivamente as peculiaridades das deficiências, bem como, a natureza de cada uma das propostas de trabalho elaborada especificamente para cada uma, que se pode incluir ai o trabalho com as novas tecnologias. Em suma, deve acontecer a resignificação do currículo em função das perspectivas das inclusões aqui tratadas.

REFERÊNCIA

BRASIL. Convenção da Guatemala. Brasília: MEC/SEESP, 1999.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. V.1 8. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

SETE PONTOS: para concretizar a sociedade do conhecimento. Disponível em: http://www.comunicacao.pro.br/setepontos/37/index.htm. Acesso em: 15/01/2011.

STAINBACK, Susan; STAINBACK, Willian. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

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