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Efetividade da união imediata e após 6-meses de armazenagem de adesivos universais aplicados como autocondicionantes sobre dentina

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Academic year: 2021

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ALINE SPAGNOL FEDOCE-SILVA

EFETIVIDADE DA UNIÃO IMEDIATA E APÓS 6-MESES DE

ARMAZENAGEM DE ADESIVOS UNIVERSAIS APLICADOS

COMO AUTOCONDICIONANTES SOBRE DENTINA

Piracicaba 2017

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EFETIVIDADE DA UNIÃO IMEDIATA E APÓS 6-MESES DE

ARMAZENAGEM DE ADESIVOS UNIVERSAIS APLICADOS

COMO AUTOCONDICIONANTES SOBRE DENTINA

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Materiais Dentários.

Orientador: Prof. Dr. Mario Fernando de Goes

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA ALINE SPAGNOL FEDOCE-SILVA E ORIENTADA PELO PROF. DR. MARIO FERNANDO DE GOES

Piracicaba 2017

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A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Tese de Doutorado, em sessão pública realizada em 24 de novembro de 2017, considerou a candidata Aline Spagnol Fedoce-Silva aprovada.

______________________________ Profa. Dr. Mario Fernando de Goes

______________________________ Prof. Dra. Ana Flávia Sanches Borges

______________________________ Prof. Dra. Luciana Andréa Salvio

______________________________ Profa. Dr. Luis Alexandre Maffei Sartini Paulillo

______________________________ Prof. Dr. Mirela Sanae Shinohara

A Ata da Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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Dedico esta tese aos meus queridos pais, RITA e CHRISTÓVÃO, por serem presentes em todos os

momentos de minha vida. Sem medir esforços, me incentivaram, apoiaram, cuidaram e

intercederam para que tudo desse certo!

Dedico, também, ao meu esposo David, por acreditar em mim e sempre extrair meu melhor sorriso,

sem você este sonho não teria se tornado realidade!

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Agradeço, primeiramente, a DEUS que guiou meus passos até aqui! Em todos os momentos desta caminhada, senti Sua presença, concedendo-me discernimento e força nas situações cotidianas, além de proteção nas inúmeras viagens. Obrigada por se fazer presente nas pessoas que encontrei pelo caminho, que muito contribuíram e tornaram esta jornada especial.

Agradeço, em especial, ao Prof. Dr. MARIO FERNANDO DE GOES por ser um exemplo de professor, no acolhimento de seus alunos e na dedicação ao ensinar. Agradeço pela partilha de seus conhecimentos, pelo constante incentivo e encorajamento no transcorrer do curso. Faltam palavras para lhe agradecer a contribuição à minha vida profissional. Sempre me espelharei no seu exemplo ao longo de minha carreira docente.

Aos meus irmãos, RO e JUNINHO, pelo apoio, amizade, carinho e compreensão, aos meus cunhados, LEANDRO e GLAUCIENE, e à minha sobrinha, LIVINHA. É sempre bom estar na presença de vocês!!

Aos meus padrinhos e familiares pelo apoio e pelas orações. Agradeço, de modo especial, aos meus avós, LILITA e GERALDO, pelas palavras de incentivo, pelo cuidado e carinho.

À Profa. Dra. LUCIANA ANDREA SALVIO por despertar em mim a vontade de bem exercer a carreira acadêmica, além de me ajudar a encontrar este caminho.

À FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA, da Universidade Estadual de Campinas, na pessoa de seu diretor, Prof. Dr. Guilherme Elias Pessanha Henriques, por prover toda estrutura necessária para a realização deste trabalho.

Ao PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MATERIAIS DENTÁRIOS, na pessoa da Profa. Dra. Regina Maria Puppin Rontani, pela solicitude na busca pela qualidade do programa.

Aos professores ALAN ROGER DOS SANTOS SILVA, AMERICO BORTOLAZZO CORRER, FERNANDA MIORI PASCON, LOURENÇO CORRER SOBRINHO, MÁRIO ALEXANDRE COELHO SINHORETI E SIMONIDES CONSANI, por serem tão dedicados em compartilhar seus valiosos conhecimentos.

Aos funcionários do Laboratório de Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da UNICAMP, MARCOS CANGIANI e SELMA SEGALLA, pela amizade, dedicação e disposição em ajudar e colaborar para o desenvolvimento deste estudo.

Ao técnico do Centro de Microscopia Eletrônica de Transmissão e Varredura da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da UNICAMP, ADRIANO L. MARTINS, pela paciência e dedicação ao ensinar.

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À CAPES pela concessão da bolsa de estudo, que tornou possível a realização deste curso de pós-graduação. Aos bibliotecários da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da UNICAMP, Sueli Ferreira J. De Oliveira, pela solicitude em atender meus pedidos.

Aos colegas da pós-graduação CRISTHIAN, EDUARDO, FABIAN, GABRIEL, GABRIEL ABUNA, ISAAC, JAMILLE, JESSICA, JULIA, LETÍCIA, LINCOLN, LUCAS AMARAL, LUCAS TOMASELLI, MARCOS, MARIANA, MARINA, MATEUS, MAURÍCIO GUARDA, MAURICIO ZANINI, PAOLO, PAULO, RENALLY, RONALDO, ROBSON, TABATHA E VINÍCIUS. Agradeço a dedicação e a parceria de cada um de vocês.

Agradeço, ainda, aos amigos que estiveram presentes e aos que fiz durante o caminho, ELAINE, DENISE, FERNANDA, STEPHANIE, POLY, WILKER e aos do grupo de oração, DANIEL, LUCAS, SARA, THAIS. Compartilhar este momento com vocês foi muito importante para mim.

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O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz;

sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.

Fizeste crescer a nação e aumentaste a sua alegria; eles se alegram diante de ti como os que se

regozijam na colheita, como os que exultam quando dividem os bens tomados na batalha.

Isaías 9:2,3

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Este estudo avaliou a efetividade da adesão, imediata e após 6 meses de armazenagem em água, de cinco adesivos universais aplicados sobre a dentina, no modo autocondicionante. Treze terceiros molares hígidos foram utilizados. Os dentes foram duplamente seccionados, no sentido transversal, para remoção das raízes e exposição da dentina média e, posteriormente, divididos em quatro partes. A superfície de dentina foi aplainada com lixa de carbeto de silício granulação 600 para padronização da lama dentinária. Cada quarto de dente foi aleatoriamente distribuído em um dos cinco grupos de acordo com os adesivos utilizados (n=10): Clearfil SE Bond 2 (CSE2); Clearfil Universal Bond (CUB), Futurabond U (FBU), Single Bond Universal (SBU); Tetric N-Bond Universal (TBU). Os adesivos foram aplicados ativamente sobre a dentina seca, no modo autocondicionante e, sobre a camada adesiva, foi confeccionado um bloco de resina composta (IPS Empress Direct) de 5 mm de espessura. Os quartos de dente restaurados foram seccionados para obtenção de espécimes em formato de palitos com área de secção transversal média de 0,7 0,2 mm2. Os espécimes obtidos foram aleatoriamente distribuídos em

dois subgrupos, de acordo com o tempo de armazenamento em água deionizada: 24 h e 6 meses. Após a armazenagem, os espécimes foram submetidos ao ensaio de RU à microtração. O padrão de fratura foi analisado em Microscópio Eletrônico de Varredura e classificado nas categorias: coesiva em dentina, coesiva em resina composta, mista entre adesivo e resina composta e mista entre adesivo e dentina. Os dados foram submetidos aos testes de normalidade, homocedasticidade, à análise de variância dois fatores e ao teste post hoc de Tukey (α=0,05%). Os seguintes valores de média ± desvio padrão (MPa), após 24 h e 6 meses, foram observados: CSE2 (46,9 ± 10,6; 47,1 ± 9,1); CUB (41,6 ± 12,1; 37,1 ± 8,9); FBU (36,1 ± 7,8; 20,3 ± 4,8); SBU (52,5 ± 11,6; 33,3 ± 8,7); e TBU (44,8 ± 15,4; 29,2 ± 8,2). Os fatores “adesivos” (p<0,001) e “tempo de armazenamento” (p<0,001) influenciaram significativamente os valores de RU. A interação entre os fatores também foi estatisticamente significativa (p=0,002). Na avaliação de 24 h, não houve diferença estatística significativa entre a RU dos adesivos testados. Após 6 meses, entretanto, o adesivo FBU apresentou o menor valor de RU e diferiu estatisticamente

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armazenamento dos espécimes por 6 meses. O padrão de fratura mista, entre resina composta e adesivo, foi o mais observado em todos os grupos, independente do tempo de armazenagem. Os resultados deste estudo nos permitem concluir que os adesivos universais aplicados sobre a dentina, pela técnica autocondicionante, apresentaram desempenho similar na avaliação imediata e diferiram entre si na avaliação de 6 meses. Além disso, o armazenamento em água por 6 meses afetou negativamente a RU dos adesivos FBU, SBU e TBU.

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This study evaluated the bonding effectiveness after water storage for 24 hours and 6 months of five universal adhesive applied in the self-etching mode to dentine. Thirteen healthy third molars were used and doubly sectioned, in the transverse direction, for root removal and exposure of medium dentin, later, they were divided into four parts. Dentin surface was flatten using silicon carbide paper nº 600 to standardize smear layer. Each tooth quarter was randomly distributed into one of the five groups according to the adhesive systems used (n = 10): Clearfil SE Bond 2 (CSE2); Clearfil Universal Bond (CUB), Futurabond U (FBU), Single Bond Universal (SBU) and Tetric N-Bond Universal (TBU). The adhesive systems were actively applied on dry dentin in self-etching mode and a 5 mm composite (IPS Empress Direct) block was built on the adhesive layer. Restored teeth quarters were sectioned to obtain beam shaped specimens with a cross-sectional area of 0.82 mm2. The specimens were subdivided into two subgroups, according to the storage time in deionized water: 24 hours and 6 months. After storage, the specimens were submitted to the microtensile bond strength (µTBS) test and fracture pattern was analyzed in Scanning Electron Microscope. Fracture pattern was classified into categories: cohesive in dentin, cohesive in composite and mixed. Data were submitted to normality tests, homoscedasticity, two-way analysis of variance (ANOVA) and post-hoc Tukey's test (α = 0.05%). The following mean values in MPa and standard deviation were obtained after 24 hours e 6 months: CSE2 (46.9 ± 10.6; 47.1 ± 9.1); CUB (41.6 ± 12.1; 37.1 ± 8.9); FBU (36.1 ± 7.8; 20.3 ± 4.8); SBU (52.5 ± 11.6; 33.3 ± 8.7). The factors "adhesive systems” (p<0.001) and "storage time” (p<0.001) significantly influenced on µTBS values. The interaction between both factors was also statistically significant (p=0.002). There was no statistically significant difference between µTBS values of adhesive systems tested after 24 hours, but this performance was not observed after water storage for 6 months.The FBU adhesive system showed the lowest µTBS value and differed statistically from other adhesive systems tested, except TBU. Also, there was a significant difference between µTBS values of CSE2 and TBU adhesive systems. The µTBS of FBU, SBU and TBU adhesives decreased after water storage for 6 months. The mixed fracture

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adhesive systems bonded to dentin by self-etching technique had a similar performance after immediate assessment but differ between them after 6 months. In addition, water storage for 6 months negatively affected µTBS values of FBU, SBU and TBU adhesive systems.

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1 INTRODUÇÃO 14 2 REVISÃO DE LITERATURA 17 3 PROPOSIÇÃO 51 4 MATERIAL E MÉTODOS 52 5 RESULTADOS 59 6 DISCUSSÃO 66 7 CONCLUSÃO 71 REFERÊNCIAS 72

ANEXO 1: Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa FOP-UNICAMP 77

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos 25 anos o mercado odontológico estabeleceu sistemas adesivos para uso nas técnicas convencional (técnica úmida) e autocondicionante. As duas formas envolvem três, duas ou uma etapa de aplicação do adesivo (Van Meerbeek et al., 2003). Os erros técnicos produzidos pelo profissional no modo de aplicação do material, principalmente nos procedimentos de três passos, impulsionaram a disposição entre os fabricantes em combinar os componentes monoméricos do adesivo em apenas um frasco para tornar o processo mais rápido e menos crítico tecnicamente (Van Meerbeek et al., 2011; Sofan et al., 2017).

Apesar dessa tendência, os objetivos fundamentados por Buonocore (1955), em relação ao condicionamento ácido do esmalte e depois da dentina por Fusayama et al. (1978), além das primeiras opções de aplicação de monômeros hidrófilos na dentina condicionada promovida por Nakabayashi et al. (1982), continuaram presentes no sentido de promover interação eficiente e duradoura dos adesivos com a estrutura dentária (Chen et al., 2015).

Os sistemas adesivos disponíveis comercialmente (convencional e autocondicionante) se diferem pela composição e pela forma como condicionam o substrato dentário (Van Meerbeek et al., 2003; Sofan et al., 2107). A técnica convencional requer a etapa de condicionamento com ácido fosfórico previamente à aplicação do componente adesivo, enquanto que, na técnica autocondicionante, o condicionamento é realizado pelos próprios monômeros funcionais presentes em sua composição, seguido pela aplicação simultânea do adesivo (Van Meerbeek et al., 2003; 2005; De Munck et al., 2005). Biologicamente, a técnica convencional produz maior desmineralização da dentina e expõe as fibrilas colágenas à degradação endógena provocada pelas enzimas colagenolíticas (Pashley et al., 2004; Breschi et al., 2008; Tjäderhane et al., 2013). Ao mesmo tempo, a região onde o adesivo não conseguiu difundir-se completamente fica preenchida pela água que acelera a hidrólise dos monômeros hidrófilos (Pashley et al., 2011; Frassetto et al., 2016). Estas condições podem causar, clinicamente, dor pós-operatória, redução da resistência de união e determinar a limitação da longevidade da restauração (Pashley et al. 2011). Por outro lado, o adesivo autocondicionante produz um complexo hibridizado que envolve lama dentinária residual e uma fina camada de

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matriz colágena desmineralizada da dentina, além de produzir união química entre o grupo funcional fosfato do monômero 10-MDP (10-metacriloiloxidecil dihidrogeno fosfato) e o cálcio (monofostato de cálcio) que permanece protegendo as fibrilas colágenas na dentina (Van Meerbeek et al., 2011). Essas características têm sido relatadas em estudos clínicos e laboratoriais que demonstram que o 10-MDP apresenta maior potencial para se unir quimicamente ao cálcio e manter essa adesão estável quando comparado a outros monômeros funcionais (Yoshida et al., 2004; Fukegawa et al., 2006; Van Landuyt et al., 2007; Yoshihara et al., 2013), o que o torna responsável pela durabilidade das restaurações em resina composta (Yoshida et al. 2004).

Em 2011, ocorreu a quebra da patente relacionada ao monômero 10-MDP (Kuraray Noritake Inc., Osaka, Japão). Com isso, diversos fabricantes reformularam seus sistemas adesivos para adicionar o monômero 10-MDP na composição (Yoshihara et al., 2015; Tian et al., 2016). O resultado desta inclusão foi o desenvolvimento de um produto versátil, capaz promover a união entre os tecidos dentários e os diversos materiais restauradores disponíveis e, cuja solução, está contida, na maioria dos casos, em um único frasco que pode ser utilizado, tanto no modo convencional, como no modo autocondicionante, sendo designado sistema adesivo universal ou multi-modo (Perdigão et al., 2014; Alex, 2015; Chen et al., 2015). Estes sistemas adesivos apresentam um protocolo de aplicação simplificado e sua “universalidade” pode estar relacionada ao fato de permitir ao cirurgião-dentista escolher o modo técnico para produzir a união mais adequada em função da condição da cavidade preparada (Hanabusa et al., 2012, Loguercio et al., 2015) ou por promover adesão a diferentes materiais restauradores, em procedimentos diretos e indiretos, dispensando o uso de demais produtos (Alex, 2015).

De modo geral, os mecanismos de união dos adesivos universais às estruturas dentais são semelhantes. Entretanto, estes produtos diferem entre si pela mistura complexa de seus ingredientes, pouco especificada pelos fabricantes (Marchesi et al., 2014; Muñoz et al., 2015). Cada componente químico tem efeito específico sobre a eficiência e durabilidade da adesão, vida útil, biocompatibilidade, além da interação com os demais componentes (Van Landuyt et al., 2007). Segundo a literatura, a capacidade do 10-MDP promover união química estável com a estrutura dentária, está relacionada com sua concentração, pureza e interação com os demais componentes presentes no sistema adesivo (Inoue et al., 2005; Yoshihara

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et al., 2011; Yoshida et al., 2012a; Yoshihara et al., 2015). Embora, o grau de pureza do monômero já tenha sido estabelecido, a concentração do 10-MDP no volume total dos componentes do adesivo fica a critério do fabricante. No entanto, não existe informação disponível sobre a concentração do 10-MDP nos diversos adesivos disponíveis comercialmente.

O ensaio de resistência de união à microtração é o mais indicado para avaliar a efetividade de um adesivo aderir ao substrato dentário (De Munck et al., 2012; Armstrong et al., 2017). Os estudos que mensuraram a resistência de união dos adesivos universais, após 24 horas (h), apresentam informações relevantes sobre a efetividade adesiva (Hanabusa et al., 2012; Muñoz et al., 2013; Takamizawa et al., 2016; Fu et al., 2017; Jayasheel et al., 2017; Michaud et al., 2017; Poggio et al., 2017). Porém, para verificar a estabilidade química do adesivo à superfície da dentina é necessário que a resistência de união à microtração seja mensurada após o período de no mínimo de 6 meses de envelhecimento dos espécimes, para que os resultados possam ser correlacionados com o desempenho clínico (Van Meerbeek et al., 2010).

Em função disso, este estudo propôs avaliar, in vitro, o desempenho de adesivos universais, usando apenas a técnica autocondicionante, para verificar a resistência de união imediata (24h) e a estabilidade da adesão após 6 meses de armazenamento em água.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS ADESIVOS

Buonocore (1955) avaliou a resistência adesiva entre a resina acrílica e o esmalte, submetido a dois tipos de condicionamento ácido. Após a constatação em um estudo laboratorial prévio de que o tratamento ácido do esmalte aumentava a adesão da resina acrílica, este procedimento foi testado em voluntários. Um total de 15 ou 10 superfícies de esmalte vestibular de incisivos inferiores e pré-molares foram tratadas, respectivamente, com um dos agentes condicionantes: reagente de molibdato associado ao ácido oxálico; ou ácido fosfórico a 85%. O grupo controle com o mesmo número de superfícies analisadas foi tratado com água. Porções de resina acrílica foram depositadas sobre o esmalte tratado e sua durabilidade foi medida pelo número de horas que permaneceram aderidas. Os resultados mostraram que a aplicação do ácido fosfórico resultou em um maior número de horas de retenção da resina acrílica (1070 h) comparado ao outro tratamento (160 h). Este método foi considerado mais simples por ser realizado em um único passo. As possíveis razões para obtenção destes resultados foram descrita pelos autores: aumento da área de superfície do esmalte, exposição da estrutura orgânica na qual o acrílico pode se aderir, formação de uma nova superfície a partir da precipitação proporcionada pela aplicação dos ácidos, substituição da superfície de esmalte inerte por esmalte reativo e favorável a adesão e a presença de grupos fosfatos altamente polares derivado do ácido utilizado. Os autores concluíram que o condicionamento do esmalte com ácido fosfórico pode ser indicado para o selamento de fossas e fissuras com resina acrílica, como método de prevenção da cárie. Este estudo é considerado um marco inicial da adesão na odontologia, muito se desenvolveu nestes últimos 60 anos para que se estabelecessem as técnicas adesivas disponíveis atualmente.

Fusayama et al. (1979) avaliaram a resistência de união do sistema Clearfil Bond System-F em esmalte, dentina e dentina cariada. O desempenho desse adesivo foi comparado aos sistemas de resina composta Adaptic Total System, Concise Enamel Bond e Palakan. As superfícies de esmalte e dentina foram

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preparadas a partir do desgaste da face vestibular de incisivos e oclusal de molares, respectivamente. A dentina cariada foi preparada pela remoção da dentina infectada. Parte das superfícies analisadas foi condicionada com ácido fosfórico a 40% por 60 segundos (s), lavadas e secas. A inserção das resinas compostas foi feita com auxílio de uma matriz de cobre cilíndrica, posteriormente ao tratamento da cavidade pela aplicação da mistura do catalisador com o líquido universal do agente adesivo. Os espécimes foram testados em relação à resistência de união à tração, em dispositivo desenvolvido pelos autores, após uma semana e após três meses de armazenamento em água. Os resultados mostraram que todos os sistemas apresentaram alguma adesão ao dente, porém a Clearfil Bond System-F apresentou maior resistência adesiva nos três tipos de substratos analisados. O condicionamento aumentou consideravelmente a adesão em esmalte e em dentina. Os valores de resistência de união do Clearfil Bond System F, em esmalte, aumentaram ligeiramente com o tempo de armazenamento, sugerindo uma adesão química com o substrato dentário. O condicionamento ácido total passou a ser empregado a partir dos resultados desta pesquisa, em que os autores provaram ser este um procedimento seguro para ser aplicado em dentina.

Nakabayahi et al. (1982) avaliaram a eficácia do monômero 4-META (4-metacriloxietil trimelitato anidro) que apresenta grupos hidrófilos e hidrófobos em sua estrutura, associado ou não ao monômero MMA (metilmetacrilato) na adesão da resina acrílica em dentina e esmalte condicionados. Superfícies de dentina e esmalte bovinos foram polidas ou escovadas e condicionadas por uma solução de ácido cítrico e cloreto férrico, em diferentes concentrações. Após o condicionamento, os monômeros foram aplicados para se infiltrarem no tecido dentário. Os resultados demonstraram que o monômero com grupos hidrófilo e hidrófobo apresenta maior afinidade pelo substrato dentário, o que promove sua infiltração e polimerização in

situ, e consequentemente uma boa adesão aos substratos dentários. A maior

afinidade pelo tecido dentário foi sugerida pelas imagens de microscopia eletrônica de varredura. A adesão em dentina não condicionada e, portanto, com túbulos dentinários preenchidos pela lama de esfregaço, não foi tão satisfatória quanto à dentina condicionada. Os autores concluíram que monômeros com grupos hidrófilos e hidrófobos promovem adesão ao substrato pela sua infiltração. A verificação da interação entre a dentina condicionada e os monômeros resinosos, permitiu aos autores estabelecerem o conceito de camada híbrida.

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Sano et al. (1995) examinaram a nanoinfiltração da camada híbrida usando a técnica de coloração com nitrato de prata. Amostras em formato de “sanduíches” de dentina, formadas por dois discos de dentina unidos por uma camada de resina composta, foram imersas em solução de nitrato de prata e preparados para análise em microscopia eletrônica de varredura e microscopia eletrônica de transmissão. Os adesivos Clearfil Liner Bond e All-Bond 2 foram utilizados para promover a adesão entre os discos de dentina e a resina composta. Ambos os sistemas demonstraram deposição de prata dentro das camadas híbridas. O Clearfil Liner Bond System mostrou partículas de prata dispersas nos dois terços inferiores da camada híbrida em ambas as análises microscópicas utilizadas, enquanto o All-Bond 2 revelou infiltração pela prata em toda a extensão da camada híbrida. Os autores propuseram a utilização de moléculas como o nitrato de prata, detectáveis tanto pela microscopia eletrônica de varredura quanto pela microscopia eletrônica de transmissão, para análise da qualidade da camada híbrida e afirmaram que é importante determinar a localização e a morfologia dos espaços vazios de tamanho nanométrico, que deveriam estar relacionados à hidrólise de fibrilas colágenas e degradação de monômeros adesivos.

Shono et al. (1999) avaliaram se a durabilidade da união dentina-resina composta poderia ser prevista, em tempo reduzido, nos estudos laboratoriais com espécimes em formatos de palitos de 1 x 1 x 8 mm, incubados a 37°C por um período de 90 dias. Terceiros molares humanos extraídos foram preparados pela remoção da superfície oclusal próximo da junção amelo-dentinária (dentina superficial) ou próximo à polpa (dentina profunda). Sobre os dentes foram aplicados os sistemas adesivos MacBond, One Step ou Clearfil Liner Bond 2 e, em seguida, construídos blocos de resina composta. Após 24 h em água, cada conjunto dente-restauração foi dividido verticalmente em lâminas de 1 mm de espessura, cuja metade superior era constituída por resina composta e, a metade inferior, por dentina. Cada lâmina foi seccionada verticalmente com cortes distantes 1 mm, entre si, para formar espécimes em formato de palitos. Esses espécimes foram incubados durante 1 ou 90 dias a 37° C, e posteriormente submetidos ao ensaio de resistência à tração. O adesivo MacBond apresentou os maiores valores de resistência de união à dentina superficial, na avaliação de 1 dia (p<0,05), porém estes valores foram significativamente menores em dentina profunda. Não houve diferença significativa nos valores de resistência de união, entre os grupos de dentina superficial e dentina

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profunda, para os adesivos One Step ou Clearfil Liner Bond 2 na avaliação de 1 dia, porém após 90 dias, a resistência de união à dentina profunda diminuiu significativamente (p<0,05). A análise em microscopia eletrônica de varredura demonstrou aumento de porosidade na região dos túbulos dentinários ao longo do tempo. Os autores concluíram que a divisão de macro-espécimes em micro-espécimes acelerou a deterioração da resistência de união em dentina profunda, nos três sistemas adesivos, e na dentina superficial dos espécimes tratados com o adesivo MacBond.

Yoshioka et al. (2002) estudaram o mecanismo de adesão/descalcificação entre ácidos e tecidos duros humanos, por meio da análise da interação química de cinco ácidos carboxílicos (acético, cítrico, láctico, maléico e oxálico) e dois ácidos inorgânicos (clorídrico e nítrico) com o esmalte e com dois tipos de hidroxiapatita sintética (alta e baixa cristalinidade). A interação foi observada por espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios X, espectrofotometria de absorção atômica e espectrofotometria. A difração de raios X revelou que a cristalinidade da hidroxiapatita altamente cristalizada era consideravelmente maior do que a do esmalte enquanto a cristalinidade da hidroxiapatita menos cristalizada era semelhante à dentina e ao osso. Além disso, o esmalte tratado com os ácidos carboxílicos demonstrou ligações iônicas com o cálcio da hidroxiapatita. A espectrofotometria de absorção atômica e a espectrofotometria mostraram que para ambos os tipos de hidroxiapatitas, todos os ácidos carboxílicos e inorgânicos, exceto o ácido oxálico, extraíram mais cálcio do que fósforo, levando a uma relação cálcio/fósforo próxima da hidroxiapatita sintética. O ácido oxálico praticamente não extraiu cálcio, mas extraiu fósforo em maior quantidade, levando a uma proporção cálico/fósforo significativamente menor que a da hidroxiapatita. A espectrofotometria de absorção atômica mostrou que o sal de cálcio formando pelo ácido oxálico dificilmente poderia ser dissolvido, enquanto os sais de cálcio de todos os outros ácidos eram muito solúveis em suas respectivas soluções ácidas. Esses resultados confirmaram o conceito de adesão/descalcificação, no qual os ácidos aderem ou descalcificam os substratos de hidroxiapatita, dependendo da taxa de dissolução dos sais de cálcio. Os autores concluíram que o conceito adesão/descalcificação que ditava originalmente a interação entre os ácidos carboxílicos e os tecidos duros humanos poderia ser estendido aos ácidos inorgânicos, como o ácido clorídrico e nítrico. Além disso, a cristalinidade da hidroxiapatita foi determinada para não

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influenciar o comportamento de adesão/descalcificação dos ácidos ao interagir com tecidos duros humanos de diferentes cristalinidades de hidroxiapatita.

Van Meerbeek et al. (2003) descreveram sobre o estado da arte e os desafios da adesão em dentina e esmalte. Os autores classificaram a adesão ao tecido dental em três tipos de abordagens: convencional, autocondicionante e adesão pelo ionômero de vidro. O mecanismo de adesão em esmalte e em dentina desses três tipos de abordagens foi demonstrado pela caracterização ultramorfológica e química das interfaces adesivas. Além disso, o ensaio de resistência de união e a análise do selamento marginal foram avaliados quanto ao seu valor e relevância na previsão do desempenho clínico dos sistemas adesivos. Uma metodologia dinâmica para testar os materiais nas cavidades dentárias foi implementada pelo ensaio de fadiga com um dispositivo de micro-rotação. Os resultados das avaliações, realizadas pelos autores, permitiram que se fizessem as seguintes afirmações: dados coletados em pesquisas laboratoriais podem prever a eficácia clínica dos adesivos; adesivos convencionais de três passos apresentam resultados mais favoráveis e mais confiáveis ao longo do tempo, embora haja uma tendência de simplificação da técnica adesiva; a abordagem autocondicionante, no entanto, pode ser a melhor técnica, uma vez que elimina o passo de condicionamento ácido, diminuindo o tempo de aplicação e, mais importante, a sensibilidade técnica; e, adesivos autocondicionantes suaves (valor de pH próximo de 2) de dois passos se aderem ao substrato dentário por meio de interação micromecânica e química e apresentam desempenho adesivo similares aos sistemas convencionais de três passos.

Pashley et al. (2004) observaram que as fibrilas colágenas incompletamente infiltradas pelos monômeros, em dentina condicionada por ácido fosfórico, são mais suscetíveis a degradação. A hipótese dos autores era de que a degradação poderia ocorrer na ausência de bactérias e ela foi aceita pelos resultados deste estudo. Matrizes de colágeno parcialmente desmineralizadas foram preparadas a partir de dentina humana e armazenadas em saliva artificial. Os espécimes do grupo controle foram armazenados em saliva artificial contendo inibidores de enzimas proteolíticas, ou óleo mineral puro. Após 24 h, 90 e 250 dias a extensão da degradação das matrizes colágenas foram avaliadas. Os resultados demonstram que nos espécimes do grupo controle observou-se após os períodos de avaliação, a presença de camadas de matrizes colágenas com 5 a 6 μm de

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espessura, contendo fibrilas colágenas. Ao contrário, as matrizes colágenas foram quase completamente destruídas nos espécimes experimentais de 250 dias, embora o mesmo não tenha sido observado quando incubados com inibidores enzimáticos ou óleo mineral. A análise enzimática funcional do pó de dentina revelou baixos níveis de atividade colagenolítica, que foi inibida pela clorexidina a 0,2%. Os autores levantaram a hipótese de que a degradação do colágeno ocorreu ao longo do tempo, pelas metaloproteinases de matriz que são liberadas lentamente ao longo do tempo.

Yoshida et al. (2004) caracterizaram quimicamente a interação adesiva de três monômeros funcionais com hidroxiapatita sintética, por meio de espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios X, espectrometria de absorção atômica e análise ultra-morfológica com microscopia eletrônica de transmissão. Os adesivos autocondicionantes suaves desmineralizam a dentina apenas parcialmente, mantendo a hidroxiapatita em torno do colágeno na camada híbrida. Os autores levantaram a hipótese de que a hidroxiapatita residual poderia servir como um receptor para que ocorresse a interação química com o monômero funcional e, posteriormente, contribuir para o desempenho do adesivo, somado a hibridização micro-mecânica. O monômero 10-MDP aderiu prontamente à hidroxiapatita. Esta ligação pareceu muito estável, como confirmado pela baixa taxa de dissolução do sal de cálcio formado, em água. O potencial de ligação do monômero 4-MET (4-ácido trimelítico metacriloiloxietil) foi substancialmente menor. A união entre o monômero fenil-P (2-metacriloxiletil fenil hidrogeno fosfato) e a hidroxiapatita não foi hidrolíticamente estável. Os autores concluíram que, além de condicionar a dentina, alguns monômeros funcionais podem, dentro de um tempo clinicamente razoável (30 s), interagir quimicamente com hidroxiapatita, que permanece disponível na superfície dentinária, parcialmente desmineralizada. Além disso, a fórmula molecular específica do monômero funcional e a taxa de dissolução subsequente do seu sal de cálcio determinam a eficácia e a estabilidade real da adesão.

De Munck et al. (2005) revisaram a literatura sobre as principais causas da degradação da união dos adesivos ao esmalte e à dentina ao longo do tempo. Os ensaios clínicos utilizam restaurações de lesões cervicais não cariosas para avaliar a efetividade da adesão, porém, este tipo de metodologia apresenta alto custo e consome muito tempo, além de fornecer pouca informação sobre a verdadeira causa da falha clínica. Portanto, vários protocolos laboratoriais foram desenvolvidos para

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prever a durabilidade das adesões. As metodologias analisadas neste estudo se concentram em padrões de degradação química, hidrólise e eluição de componentes da interface, bem como das configurações dos ensaios mecânicos, tais como de fadiga e de avaliação da resistência de união. Uma correlação de dados in vitro e in

vivo revelou que, o método mais validado para avaliar a durabilidade de adesão

envolve o envelhecimento de micro-espécimes de adesivos aderidos ao esmalte ou à dentina. Após cerca de três meses, adesivos de diferentes abordagens apresentaram evidências mecânicas e morfológicas de degradação, semelhante ao que se observa no envelhecimento in vivo. Os autores consideraram os adesivos convencionais de três passos como "padrão-ouro" em termos de durabilidade e afirmaram que qualquer tipo de simplificação no procedimento de aplicação clínica resulta em perda da efetividade da adesão. Adesivos autocondicionantes de dois passos se aproximavam do padrão-ouro com alguns benefícios clínicos adicionais.

Donmez et al. (2005) avaliaram se havia diferença nos mecanismos de degradação dos primers autocondicionantes in vivo e in vitro. Para tanto, foram confeccionadas, in vivo, cavidades classe I em 24 terceiros molares humanos hígidos, restauradas com resina composta e um dos adesivos: Clearfil SE Bond ou Clearfil Protect Bond. Após a confecção da restauração, oito dentes foram extraídos no período de 24 h e o restante após 1 ano. O mesmo protocolo foi repetido in vitro com molares extraídos. A degradação da união dentina-resina composta foi avaliada pelo ensaio de resistência de união à microtração e pela análise das interfaces adesivas em microscopia eletrônica de varredura após imersão em solução de nitrato de prata. Os valores de resistência de união analisados in vivo e in vitro diminuíram com o tempo para o adesivo Clearfil SE Bond, mas não para o Clearfil Protect Bond. O adesivo Clearfil SE Bond apresentou infiltração pela água em formato de árvores mais pronunciadas em ambos os períodos analisados. Os autores concluíram que não houve diferença entre os mecanismos de degradação dos adesivos autocondicionantes in vivo e in vitro.

Inoue et al. (2005) observaram que monômeros funcionais presentes nos sistemas adesivos autocondicionantes suaves, interagem quimicamente com a hidroxiapatita presente na camada híbrida. Os autores verificaram que o monômero funcional 10-MDP interage de forma mais intensa e que, o sal de cálcio formado parece ser mais hidroliticamente estável, em comparação com 4-MET e fenil-P. Os valores de resistência de união à microtração do adesivo à base de 10-MDP não

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diminuíram após termociclagem com 100 mil ciclos, enquanto para os monômeros 4-MET e fenil-P, respectivamente, 50 mil e 30 mil ciclos foram suficientes para demonstrar degradação. Da mesma forma, a ultraestrutura interfacial permaneceu inalterada após 100 mil termociclos para o adesivo à base de 10-MDP, enquanto os adesivos à base de 4-MET e fenil-P continham estrutura colágena menos definida. Os achados deste estudo suportam o conceito de que a durabilidade da adesão à dentina ao longo do tempo depende do potencial de ligação química do monômero funcional.

Van Meerbeek et al. (2005) também afirmam que, além da retenção micromecânica, alcançada pela formação da camada híbrida, os adesivos autocondicionantes podem se beneficiar da interação química adicional entre o monômero funcional e a hidroxiapatita residual. Os adesivos de passo único são comumente associados a uma menor eficácia de adesão, o que deve ser atribuído, em parte, pela dissolução de monômeros hidrófilos e hidrófobos em um solvente relativamente concentrado, para permitir serem misturados em um único frasco. Nessa difícil mistura, a água é também considerada um meio de ionização essencial para promover a atividade autocondicionante. Devido à alta hidrofilicidade dos adesivos autocondicionantes de passo único, seu comportamento foi comparado ao de membranas semipermeáveis, pois sua estrutura permite a passagem de fluidos, o que compromete seriamente a durabilidade adesiva. Os autores verificaram que estudos realizados na mesma época, também revelaram que os adesivos de passo único que não apresentavam o monômero hidrófilo, HEMA (2-hidroxi-etil-metacrilato), em sua composição, são mais propensos à separação de fases, o que também pode explicar a sua menor eficácia de união. O uso de uma técnica apropriada de secagem com ar pode, no entanto, melhorar a efetividade da união desses adesivos, por eliminar a água presente na interface. Nos adesivos que contêm o monômero HEMA, no entanto, a água é mais difícil de ser removida.

Ferracane (2006) descreveram os fatores associados aos efeitos, higroscópicos e hidrolíticos, nas redes de polímeros dentários a partir da revisão de literatura. A informação foi obtida de cerca de 90 artigos ou resumos sobre o assunto, predominantemente encontrados em pesquisa na base de dados Pubmed. Os estudos incluídos forneceram provas diretas sobre a absorção de solvente pela rede de polímeros e o subsequentes efeitos físicos ou químicos da perda de moléculas. O autor concluiu que as redes de polímeros são suscetíveis aos efeitos

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higroscópicos e hidrolíticos em diferentes extensões, e esta degradação se mostrou dependente da estrutura química. A importância desses efeitos sobre o desempenho clínico das restaurações é desconhecida, embora numerosos pesquisadores os tenham relacionados à vida útil reduzida. As propriedades físicas e mecânicas desses materiais podem ser significativamente alteradas pelos efeitos da absorção de solvente e eluição de componentes. A consequência da liberação de componentes não reagidos, em curto prazo, e a eluição de produtos degradados na cavidade bucal ao longo do tempo devem ser analisados e considerados durante o desenvolvimento do material restaurador.

Fukegawa et al. (2006) buscaram esclarecer a interação química e a reatividade entre o monômero 10-MDP e a hidroxiapatita. Os autores utilizaram as técnicas de espectroscopia e difração de raios-X. Em uma solução aquosa de etanol, os íons cálcio da hidroxiapatita foram lixiviados para formar, em curto prazo, estruturas em camadas de sal de MDP-cálcio, na superfície da hidroxiapatita. Quando 10-MDP foi disponibilizado para interagir com o pó de íons cálcio, CaHPO4.2H2O precipitou acima da camada de sal de MDP-cálcio. A partir desta

observação, os autores concluíram que a intensa interação química do monômero 10-MDP com a hidroxiapatita deve ser atribuída à dissolução superficial dos íons cálcio, induzido pela adsorção do 10-MDP e posterior deposição de sais de MDP-cálcio, menos solúvel que CaHPO4.2H2O.

Van Landuyt et al. (2007) revisaram sistematicamente a literatura em

relação aos componentes químicos dos sistemas adesivos, bem como sobre suas propriedades. Segundo os autores, os adesivos são misturas complexas de ingredientes, projetadas para unir a resina composta ao esmalte e à dentina. Sua formulação química determina, em grande parte, o seu desempenho adesivo na clínica. Independentemente do número de frascos, os sistemas adesivos geralmente contêm: monômeros resinosos, iniciadores de polimerização, inibidores ou estabilizadores, solventes e, por vezes, cargas inorgânica. Cada um desses componentes tem uma função específica. O conhecimento profundo desses componentes é uma das chaves para melhor compreender o comportamento dos adesivos em estudos e na clínica. O bom entendimento também fornece informações sobre o correto uso clínico destes materiais. Cada ingrediente tem, até certo ponto, um efeito específico sobre a resistência da união, a efetividade e a durabilidade da união, a vida útil e a biocompatibilidade do sistema adesivo. Além

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disso, os ingredientes podem afetar-se mutuamente em uma interação complexa de fatores. A mistura não balanceada destes componentes pode reduzir a efetividade e durabilidade da adesão, a vida útil e promover a separação de fases destes adesivos, enquanto a formulação balanceada é a chave para o sucesso clínico ao longo do tempo. Os autores concluíram que a composição química dos adesivos determina seu sucesso clínico e que o melhor desempenho pode ser alcançado de duas formas: ajustar a quantidade proporcional de ingredientes de acordo com o número de frascos e projetar novos componentes, como no caso dos monômeros, que podem ser adaptados para fornecer melhor desempenho em relação à polimerização, molhamento e união química.

Breschi et al. (2008) revisaram a literatura em relação aos métodos de obtenção, envelhecimento e estabilidade da adesão em fenômenos de micro e nanodimensões, relacionados à degradação da interface adesiva. Segundo os autores, a maioria dos sistemas adesivos dentários apresenta resultados imediatos satisfatórios em termos de retenção e vedamento da interface adesiva, contrariando o fator contração de polimerização, que afeta os materiais restauradores à base de resina composta. Apesar da eficácia imediata, há grande preocupação quanto às interfaces adesivas, testadas após o envelhecimento, mesmo que por um curto período de tempo, ou seja, seis meses. A maioria dos adesivos de passo único apresenta menor durabilidade, enquanto os adesivos convencionais de três passos e os autocondicionantes de dois passos continuam a mostrar melhor desempenho. Isso significa que a simplificação dos procedimentos de aplicação clínica é feita em detrimento da eficácia da adesão. Entre os diferentes fenômenos de envelhecimento que ocorrem nas interfaces ligadas à dentina, alguns são considerados fundamentais para a degradação da camada híbrida, especialmente se os adesivos simplificados forem utilizados. A impregnação insuficiente das fibrilas colágenas pelos monômeros, a alta permeabilidade da interface adesiva e o menor grau de conversão, resultam na separação de fases dos componentes adesivos e na ativação de enzimas colagenolíticas endógenas, o que é associado à redução da longevidade da interface adesiva. Para superar estas questões, os estudos indicaram que: técnicas de impregnação do adesivo devem ser melhoradas, particularmente para adesivos convencionais de dois passos; uso de adesivos convencionais de três passos é recomendado, uma vez que envolvem o uso de uma camada de recobrimento hidrófoba; prolongamento do tempo de polimerização deve

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ser considerado para melhorar o grau de conversão da película adesiva e reduzir sua a permeabilidade; inibidores de proteases devem ser usados para aumentar a estabilidade das fibrilas colágenas dentro da camada híbrida, inibindo a atividade colagenolítica intrínseca da dentina humana.

Van Meerbeek et al. (2010) revisaram a literatura sobre a relação entre os resultados dos ensaios de resistência de união com os estudos clínicos. Segundo os autores, a resistência de união obtida por meio de ensaio laboratorial, em muitos casos, não pode prever a eficácia clínica dos adesivos. O principal argumento para sustentar essa afirmação é a grande variação nos valores de resistência de união registrados para um único adesivo, em diferentes institutos de pesquisa no mundo. A inconsistência dos resultados dos testes de resistência de união está supostamente relacionada à falta de protocolo padrão para sua execução. O envelhecimento dos espécimes, em estudos laboratoriais, por no mínimo 6 meses é necessário para prever o desempenho clínico do adesivo ao longo do tempo. À luz das principais desvantagens atribuídas aos adesivos de passo único, os adesivos convencionais de 3 passos e os adesivos autocondicionante suaves de 2 passos ainda são considerados padrões de adesão dentária na prática clínica de rotina. A adesão química primária adicional, promovida pelos adesivos autocondicionantes definitivamente contribui para a durabilidade da adesão. No geral, quando se une ao esmalte e à dentina, o condicionamento seletivo do esmalte, seguido da aplicação do adesivo autocondicionante de 2 passos tanto para o esmalte quanto para a dentina, aparece como a melhor opção para se estabelecer uma adesão eficaz e duradoura ao tecido do dentário.

Pashley et al. (2011) analisaram o estado da arte dos adesivos convencionais, explorando as possibilidades terapêuticas de cada um de seus passos clínicos. Segundo os autores, os sistemas adesivos convencionais são os mais antigos na evolução de múltiplas gerações de adesivos resinosos. A versão de 3 passos envolve o condicionamento ácido, o primer e a aplicação de um adesivo separadamente. Cada etapa pode atingir múltiplos objetivos. O condicionamento com ácido fosfórico a 32-37% (pH 0,1-0,4), não somente desmineraliza esmalte e dentina de forma simultânea, pois seu baixo pH o torna capaz de eliminar muitas bactérias residuais. Alguns agentes condicionantes incluem, em sua composição, agentes antimicrobianos, como o cloreto de benzalcônio que também inibe as metaloproteinases da matriz em dentina. Os primers são geralmente soluções ricas

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em água e HEMA, que garantem uma expansão completa da malha de fibrilas colágenas, favorecendo o molhamento do colágeno com monômeros hidrófilos. No entanto, a água sozinha pode re-expandir a dentina seca e também servir como veículo para os inibidores de protease ou para os agentes de reticulação de colágeno que podem aumentar a durabilidade da adesão em dentina. A evaporação completa dos solventes é quase impossível e os fabricantes podem precisar aperfeiçoar suas concentrações. Adesivos sem solventes podem selar as interfaces dentina-resina composta com monômeros hidrófobos e também conter, em sua composição, compostos fluorados e antimicrobianos. Os autores concluem que os adesivos convencionais de três passos produzem união mais resistente entre dentina e resina composta do que a maioria dos adesivos de 1 e 2 passos. A incorporação de inibidores de protease e de agentes reticuladores de colágeno na composição do primer pode aumentar a durabilidade da adesão dentina-resina composta. O conceito do uso terapêutico dos condicionadores ácido, primer e adesivo é uma forma de se pensar a utilização dos adesivos convencionais.

Van Meerbeek et al. (2011) discutiram sobre o estado da arte dos adesivos autocondicionantes. Segundo os autores, uma otimização da técnica autocondicionante é possível pela síntese de monômeros funcionais capazes de exibir um bom potencial de ligação química em adesivos autocondicionantes de pH suave. Esta abordagem parece garantir uma maior durabilidade da adesão em dentina, desde que o adesivo trate adequadamente toda a superfície da lama dentinária. A retenção micromecânica ainda é a melhor estratégia para promover a adesão da restauração ao esmalte. O condicionamento seletivo, com ácido fosfórico, nas margens da cavidade em esmalte é, portanto, altamente recomendável, seguido da aplicação do adesivo autocondicionante suave, tanto para o esmalte previamente condicionado, quanto para a dentina não tratada. O adesivo autocondicionante deve conter monômeros funcionais com alta afinidade química pela hidroxiapatita. O condicionamento pelo ácido fosfórico em dentina pode ser considerado agressivo, na atualidade, ao se considerar todas as conseqüências relacionadas à exposição do colágeno.

Yoshihara et al. (2011) avaliaram se há formação de nanocamadas de sais de MDP-cálcio em esmalte e em dentina a partir de primers contento 10-MDP em sua composição, aplicados seguindo um protocolo clínico. Para tanto, se utilizou um primer experimental e um primer comercialmente disponível (primer do Clearfil

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SE Bond), como controle. A interação do 10-MDP com esmalte e dentina foi caracterizada por difração de raios X, complementada pela análise ultraestrutural, em microscopia eletrônica de transmissão da interface. Além disso, a difração de raios X foi utilizada para estudar o efeito da concentração de 10-MDP na nanocamada em dentina. A estabilidade das nanocamadas foi determinada por meio do ensaio de resistência de união ao esmalte e à dentina, quando um fotoiniciador foi adicionado ao primer experimental ou quando a polimerização da interface foi dependente apenas do fotoiniciador da resina composta utilizada. O resultado da análise de difração de raios X confirmou a presença de nanocamada em esmalte e em dentina, a qual foi significativamente maior em dentina, principalmente quando a aplicação do primer foi feita de forma ativa. A presença da nanocamada foi proporcional à concentração de 10-MDP. O primer experimental precisou do fotoiniciador para obter resistência de união à microtração em dentina, comparável à do primer controle, o mesmo não foi necessário na adesão ao esmalte. Os autores concluíram que a nanocamada se forma em esmalte e em dentina, mesmo quando segue um protocolo de aplicação clínico. A menor eficácia dos adesivos autocondicionantes suaves em esmalte deve ser atribuída, em parte, a uma menor reatividade química entre o 10-MDP e a hidroxiapatita presente no esmalte.

De Munck et al. (2012) revisaram sistematicamente a literatura a respeito do desempenho dos adesivos ao se unirem a dentina quando avaliados pelos ensaios de resistência de união. Buscas em bases de dados, Pubmed e Embase, foram realizadas para identificar os testes de resistência de união, considerado o método mais utilizado para avaliar a eficácia da adesão em esmalte e em dentina. Ao todo foram identificados 2.157 testes de resistência de união em 298 artigos. O mais utilizado foi o ensaio de microtração, que aparenta ter um poder discriminativo maior do que o teste de macro-cisalhamento tradicional. Os resultados da análise estatística confirmaram uma alta sensibilidade nas abordagens adesivas, especialmente dos adesivos de passo único, quando armazenados em água a longo prazo, e à variabilidade do substrato. Os autores afirmam que apesar da falta de um protocolo padrão para os ensaios de resistência de união, essa meta-análise permitiu devido à grande quantidade de dados disponíveis, elaborar conclusões sobre a eficácia das diferentes técnicas de adesão à dentina. Além disso, segundo os autores, existe uma necessidade de se mensurar, não apenas a resistência de

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união imediata, mas também a resistência de união ao longo do tempo para prever o desempenho clínico a longo prazo.

Yoshida et al. (2012) investigaram o efeito do monômero HEMA na interação química entre o monômero 10-MDP e a hidroxiapatita. Esta análise foi realizada em cinco soluções experimentais de 10-MDP com concentrações crescentes de HEMA, por meio de difração de raios X, ressonância magnética nuclear e microbalança de cristal de quartzo. A difração de raios X revelou que a adição de HEMA inibe a formação das nanocamadas na interface adesiva, enquanto a ressonância magnética nuclear confirmou que o 10-MDP permaneceu adsorvido na superfície da hidroxiapatita. A microbalança de cristal de quartzo confirmou esta adsorção do 10-MDP, bem como revelou que a taxa de desmineralização da hidroxiapatita foi reduzida pelo HEMA. Os autores concluíram que, embora a adsorção do monômero 10-MDP na superfície da hidroxiapatita não tenha sido dificultada, a formação de nanocamadas de sais de MDP-cálcio na interface adesiva foi inibida pelo HEMA. As conseqüências em relação à durabilidade desta adesão requerem que mais pesquisas sejam realizadas.

Yoshida et al. (2012) avaliaram se a formação de nanocamadas ocorre no substrato dentário quando adesivos comerciais contendo 10-MDP (Clearfil SE Bond e Single Bond Universal) são aplicados seguindo protocolos clínicos comuns. A presença de nanocamadas foi caracterizada quimicamente, por meio de difração de raios X e espectroscopia de energia dispersiva de raios-X, e as interfaces adesivas foram analisadas ultraestruturalmente usando microscopia eletrônica de transmissão e varredura. Ambos os adesivos revelaram formação de nanocamadas na interface adesiva, não apenas dentro da camada híbrida, mas também especialmente para Clearfil SE Bond, se estendendo para a camada adesiva. A nanocamada formada pelo Clearfil SE Bond foi mais proeminente que a do Single Bond Universal. Uma vez que a formação da nanocamada com duas moléculas de 10-MDP, unidas pela formação estável do sal de MDP-Ca, torna a interface adesiva mais resistente à biodegradação, ela pode explicar a longevidade clínica favorável documentada da união produzida por adesivos que contém 10-MDP.

Tjäderhane et al. (2013) revisaram a literatura sobre os mecanismos e os resultados das técnicas para evitar a hidrólise do colágeno nas interfaces dentina-resina composta. Segundo os autores, as enzimas colagenolíticas endógenas da dentina, metaloproteinases da matriz e catepsinas da cisteína, são responsáveis

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pela hidrólise tempo dependente da matriz colágena da camada híbrida. A integridade dessa matriz é essencial para a preservação da resistência de união à dentina ao longo do tempo e, portanto, a inibição das proteases dentinárias endógenas se faz necessária. Várias abordagens para prevenir a função enzimática foram propostas. Entre os materiais pesquisados, a clorexidina é o método mais avaliado. No geral, observou-se que a inibição enzimática é uma abordagem promissora para melhorar a preservação da camada híbrida e a durabilidade da resistência de união. Outros métodos, como os monômeros inibidores de enzimas, podem ser considerados alternativas promissoras que possibilitam uma aplicação clínica mais simples do que a da clorexidina. Agentes reticuladores de colágeno e/ou enzimas ligadas à matriz de colágeno dentinária podem tornar as matrizes orgânicas da camada híbrida resistentes à degradação. Outras alternativas para eliminação da hidrólise dos componentes da camada híbrida, colágeno e resina composta, seriam a remoção completa de água da camada híbrida por meio de adesão úmida com etanol e/ou a remineralização biomimética.

Yoshihara et al. (2013) investigaram três monômeros funcionais à base de ácido fosfórico: 2-MEP (2-metacriloiloxietil di-hidrogenofosfato); 6-MHP (6-metacriloiloxiexil dihidrogenofosfato); e 10-MDP. Esses monômeros, que se diferem apenas pelo comprimento da cadeia de carbono, foram avaliados quanto ao potencial de interação química com a hidroxiapatita e com a dentina em dentes bovinos, por meio de difração de raios X e microscopia eletrônica de transmissão. Adesivos comerciais que apresentam 6-MHP (Adper Easy Bond) e 10-MDP (All-Bond Universal, Clearfil S3 (All-Bond, Single (All-Bond Universal) em sua composição também foram testados. A difração de raios X revelou que, sobre a hidroxiapatita, somente o 10-MDP produziu sais de cálcio sob a forma de nanocamadas. Na dentina, todos os monômeros produziram nanocamadas, de intensidade variável na seguinte ordem: 10-MDP > 6-MHP > 2-MEP. A microscopia eletrônica de transmissão confirmou que o 10-MDP formou uma camada híbrida mais espessa. A difração de raios X e a microscopia eletrônica de transmissão demonstraram que todos os adesivos universais formaram nanocamadas sobre a dentina, embora de forma menos intensa para o adesivo que contém o 6-MHP. Os autores concluíram que não só o grupo funcional a base de ácido fosfórico, mas também o grupo espaçador e seu comprimento, influenciaram o potencial de interação química com a hidroxiapatita e a dentina. Além disso, o condicionamento mais intenso produzido

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pelo 10-MDP forma nanocamadas mais proeminentes e sais de cálcio mais estáveis do que os outros dois monômeros de cadeia de carbono mais curtos avaliados, o que explica pelo menos em parte, a maior durabilidade da resistência de união dos adesivos que contêm 10-MDP.

Yoshihara et al. (2015) verificaram se a qualidade do monômero funcional 10-MDP, em termos de pureza, pode afetar o desempenho da adesão. Três diferentes versões de 10-MDP (10-MDP_KN, Kuraray Noritake; 10-MDP_PCM, PCM; 10-MDP_DMI, DMI) foram caracterizadas por meio de ressonância magnética nuclear e difração de raios X que analisou sua capacidade de formação de nanocamadas de sais de MDP-cálcio na dentina. A resistência de união à microtração, imediata e envelhecida, em dentina dos três primers experimentais foi mensurada. A ultraestrutura da interface adesiva foi caracterizada usando microscopia eletrônica de transmissão. A ressonância magnética nuclear revelou impurezas e presença de dímero nas versões MDP_PCM e MDP_DMI. MDP_PCM e MDP_DMI aparentaram ser também sensíveis à hidrólise. 10-MDP_KN, ao contrário, continha menos impurezas e dímeros, e não sofreu hidrólise. A difração de raios X revelou deposição de nanocamadas de sais de MDP-cálcio mais intensa na dentina tratada pelo 10-MDP_KN. O primer experimental que continha o 10-MDP_KN resultou em uma resistência de união, imediata, significativamente maior e permaneceu estável após o envelhecimento; a resistência de união dos outros adesivos experimentais diminuiu significativamente após o envelhecimento. A microscopia eletrônica de transmissão revelou camada híbrida mais espessa e nanocamadas mais proeminentes para o 10-MDP_KN. Os autores concluíram que as impurezas dos primers e a presença de dímeros afetaram não apenas a hibridização, mas também reduziram a formação de nanocamadas de sais de MDP-cálcio. O alto grau de pureza do monômero 10-MDP é, portanto, essencial para se obter uma união estável.

Frasseto et al. (2016) examinaram os principais fatores responsáveis pelos mecanismos de envelhecimento, envolvidos na degradação das interfaces adesivas e as abordagens potenciais para prevenir e neutralizar a degradação. Os autores pesquisaram sobre a camada híbrida e a degradação, na base de dados Pubmed. Abordagens para prevenir e neutralizar a degradação também foram revisadas. A literatura mostra que a degradação da adesão dentina-resina composta é um processo complexo, que envolve a hidrólise da resina composta e as fibrilas

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colágenas da camada híbrida. Essas fibrilas tornam-se vulneráveis à fadiga mecânica e hidrolítica, bem como a degradação por proteases com atividade colagenolítica. A inibição da atividade colagenolítica e a utilização de agentes reticuladores de colágeno são as duas principais estratégias para aumentar a resistência da camada híbrida à degradação enzimática.

Armstrong et al. (2017) elaboraram o guia da Academia de Materiais Dentários sobre a efetividade da adesão, in vitro, entre resina composta e dentina/esmalte usando o ensaio de resistência de união à microtração. O objetivo deste estudo foi identificar um método de ensaio que seja relativamente fácil de executar, reproduzível e, por fim, útil para prever resultados clínicos. O ensaio de resistência de união à microtração, especialmente após submeter os espécimes ao envelhecimento é considerado a melhor forma disponível atualmente de substituir a prática clínica na mensuração da retenção de restaurações de resina composta. Esse guia é destinado para auxiliar o pesquisador na realização do ensaio de resistência de união à microtração e traz recomendações sobre os seguintes procedimentos: seleção dos dentes; armazenamento dos dentes extraídos; preparo e montagem dos dentes; desenho metodológico; preparo de superfície e cavidade; aplicação do adesivo; resina composta; fotoativação; armazenamento de macro-espécimes; armazenamento de macro-espécimes; formato de macro e espécimes; preparo adicional de espécimes; armazenamento de micro-espécimes; dispositivo de fixação; realização do ensaio; armazenamento e processamento de micro-espécimes fraturadas; análise da fratura; análise estatística.

Sofan et al. (2017) revisaram a literatura sobre os sistemas adesivos atuamente disponíveis em relação à classificação defendida pela maioria dos autores. Esta revisão descreve todas as gerações introduzidas nos últimos 30 anos. A partir da implementação do condicionamento ácido, vários adesivos dentários foram desenvolvidos para melhorar a qualidade da adesão e da restauração de resina composta. Os fabricantes têm obtido progressos com o desenvolvimento dos adesivos universais, que tem o objetivo de simplificar a técnica adesiva, melhorar os resultados clínicos em relação à estabilidade ao longo do tempo e a efetividade da resistência de união, o que consequentemente resulta em maior durabilidade da adesão. O desenvolvimento de monômeros funcionais com afinidade química forte e estável com a hidroxiapatita é sem dúvida um direcionamento valioso para promover

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uma adesão dentária mais satisfatória. Além disso, o envelhecimento a longo prazo dos espécimes é requerido na avaliação da durabilidade de restaurações de resina composta.

3.2 SISTEMAS ADESIVOS UNIVERSAIS

Hanabusa et al. (2012) verificaram se um sistema adesivo de passo único pode ser aplicado por meio das seguintes técnicas: condicionamento total ou seletivo, modo de aplicação convencional ou autocondicionante. Vinte e cinco terceiros molares humanos não cariados foram utilizados neste experimento. A lama de esfregaço em esmalte e dentina média foi padronizada. A resistência de união (resistência de união) à microtração do adesivo G-Bond Plus foi testada em cinco grupos (n=5), em relação ao esmalte, tratado pelos modos de aplicação convencional ou autocondicionante, e à dentina, pelos modos de aplicação convencional, seca ou úmida e autocondicionante. A análise ultraestrutural das interfaces adesivas, formadas em esmalte e em dentina, foi realizada por meio de microscopia eletrônica de transmissão. O condicionamento prévio do esmalte, com ácido fosfórico, aumentou significativamente a eficácia da adesão e a área de retenção micromecânica. Na dentina, não foi observada diferença estatística significativa na eficácia da adesão em relação ao modo de aplicação. A utilização do adesivo no modo convencional com a dentina seca foi significativamente mais efetiva do que com a dentina úmida. No entanto, as imagens de microscopia eletrônica de transmissão revelaram uma camada híbrida de baixa qualidade em ambos os modos de aplicação, sob a forma de uma malha de colágeno porosa e mal infiltrada pela resina. Os autores concluíram que o condicionamento prévio do esmalte, com ácido fosfórico, melhorou definitivamente a resistência de união do adesivo, em relação ao modo de aplicação autocondicionante. Na dentina, porém, deve-se ter mais cuidado com este condicionamento, pois, embora a resistência de união não tenha sido afetada, a interface adesiva resultante aparenta ser ultraestruturalmente mais vulnerável à biodegradação.

Muñoz et al. (2013) avaliaram a resistência de união à microtração em dentina, a nanoinfiltração e o grau de conversão na camada híbrida nas abordagens

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convencional e autocondicionante de sistemas adesivos universais. A superfície de dentina média de 40 terceiros molares humanos hígidos foi exposta e a lama dentinária foi padronizada pelo polimento com lixa de carbeto de silício #600. Os dentes foram divididos em oito grupos (n = 5), de acordo com o sistema adesivo e com a técnica de condicionamento utilizados: Clearfil SE Bond (CSE) e Adper Single Bond 2 (SB) como controles; Peak Universal, no modo autocondicionante (PkSe) e convencional (PkEr); Single Bond Universal, modo autocondicionante (ScSe) e convencional (ScEr); e All Bond Universal, modo autocondicionante (AlSe) e convencional (AlEr). Os sistemas adesivos foram aplicados, de acordo com as instruções dos fabricantes, e sobre a camada adesiva foi construído um bloco de resina composta (Opalis). Após o armazenado em água a 37° C, por 24 h, espécimes em formato de palitos (0,8 mm2) foram obtidos das amostras restauradas. Os palitos foram analisados sob força de tração a 0,5 mm/min. Alguns palitos de cada grupo foram utilizados para determinar o GC, por espectroscopia micro-Raman, enquanto outros serviram para identificar a nanoinfiltração. Os resultados demonstram que somente os grupos PkSe e PkEr não diferiram do grupo controle (p>0,05). AlSe apresentou a menor média de resistência de união (p<0,05). ScEr, ScSe, AlSe e AlEr mostraram a menor nanoinfiltração, semelhante a dos grupos de controle (p<0,05). Apenas ScSe apresentou grau de conversão menor que os outros materiais (p<0,05). Os autores concluíram que o desempenho dos sistemas adesivos universais mostrou ser dependente do material. Os resultados indicam que os adesivos universais, independente da estratégia de condicionamento da dentina, foram inferiores em relação a, pelo menos, uma das propriedades avaliadas (resistência de união, nanoinfiltração e grau de conversão) em comparação com os adesivos controles.

Marchesi et al. (2014) investigaram a estabilidade a longo prazo de um adesivo universal aplicado por meio de diferentes técnicas adesivas. Sessenta molares humanos foram seccionados para expor a dentina média e a lama dentinária foi padronizada pelo polimento com lixa de carbeto de silício #180. Os dentes foram atribuídos a um dos seguintes adesivos universais (n=15): Single Bond Universal, no modo autocondicionante; Single Bond Universal, no modo convencional e dentina úmida; Single Bond Universal, no modo convencional e dentina seca; e Prime & Bond NT, no modo convencional e dentina úmida (controle). Sobre a camada adesiva foi construído um bloco de resina composta (Filtek Z350) e

Referências

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