Universidade Federal de Itajubá
Instituto de Engenharia de Sistemas e Tecnologias da Informação Engenharia da Computação
ELT303 – Eletrônica Analógica I
Análise de Circuitos com Diodos
(Reta de Carga e Modelos)
Universidade Federal de Itajubá
Instituto de Engenharia de Sistemas e Tecnologias da Informação Engenharia da Computação
Atenção
O material constante destas notas de aula foi preparado com base na bibliografia recomendada e destina-se a servir como um apoio ao
acompanhamento da disciplina.
Em alguns slides são utilizados recursos coletados da INTERNET e considerados de domínio público.
Análise de Circuitos com Diodos
As análises que serão abordadas (Reta de Carga e Modelos) representam uma alternativa para se encontrar o ponto de operação de um dispositivo semicondutor
sem a necessidade de procedimentos de cálculo muito extensivos e trabalhosos. Deve-se ter em mente que os resultados obtidos são aproximados e que resultados
absolutamente precisos não são possíveis de ser alcançados. Algumas razões pelas quais esta precisão absoluta não é obtida são:
Resistores possuem tolerância (Adendo 1, Adendo2);
Fontes de tensão e corrente sofrem o efeito de carga, ou seja, possuem
impedâncias internas que não são “infinito” (fonte de corrente) ou “zero” (fonte de tensão);
Dispositivos semicondutores de um mesmo lote de fabricação apresentam
dispersões entre os seus parâmetros elétricos;
Dispositivos semicondutores e componentes eletro-eletrônicos de uma forma geral sofrem a influência da temperatura e da umidade relativa do ar.
Análise através da Linha de Carga (Reta de Carga)
Para este tipo de análise é preciso ter em mãos a curva característica do dispositivo (o que nem sempre é possível) e representa uma abordagem extensivamente utilizada em circuitos com transistores que serão estudados posteriormente. A idéia fundamental é traçar uma linha sobre a curva característica do diodo de modo a se alcançar uma solução gráfica para o ponto de operação (Q).
Portanto, é necessário que esta linha “cruze” a curva do diodo.
Esta linha pode ser traçada para diferentes carregamentos (cargas) daí o nome linha de carga.Particularmente, para uma carga linear, esta linha se torna uma reta e tem-se, então, a reta de carga.O circuito básico para a construção da reta de carga é
ilustrado no próximo slide.
Observar que a fonte de tensão (VTH) e o resistor de carga (RTH) podem representar o equivalente
Thévenin de um circuito mais complexo.
Análise através da Linha de Carga (Reta de Carga)
b ax y R V R V I (KVL) V R I V TH TH TH D D D TH D TH Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887)
Aplicando-se a lei de Kirchhoff para as tensões (KVL), neste circuito, tem-se:
Analisando-se esta equação verifica-se que ela representa
a equação de uma reta que pode ser traçada em um plano cartesiano que contém ID em função de VD, ou
seja, a própria curva característica do diodo. O
coeficiente angular é -1/RTH e o ponto de intersecção com o eixo y (ID) é VTH/RTH. O ponto de intersecção
Análise através da Linha de Carga (Reta de Carga)
O ponto de intersecção com o eixo y (VTH/RTH) corresponde a uma situação em que o diodo estaria em “curto circuito” (VD= 0V) e é o maior valor de corrente que poderia
circular através deste dispositivo. O ponto de intersecção com o eixo x (VTH)
corresponde, agora, a uma situação em que o diodo se encontra em “circuito aberto”
(ID= 0A) e é o maior valor de tensão que pode aparecer entre o seus terminais.
ID VD -1/RTH IDQ VDQ Q A B TH TH D D R V I 0V V A ponto TH D D V V 0A I B ponto
Análise através da Linha de Carga: Exemplo
Avaliar, no circuito a seguir, o ponto Q usando o conceito da reta de carga. O diodo utilizado é um diodo de sinal (1N4148) e T= TAMB = 300K.
D1N4148 6V R2 1K 500R3 R1 1K ID VD + A B _
Aplicar o teorema de Thévenin entre os pontos A e B e reduzir o circuito a um
circuito série. 500 1K//1K R 3V 1K 1K 6V.1K V TH TH
No cálculo de VTH usamos a lei do divisor de tensão e na avaliação de RTH a fonte de excitação
0A 1mA 2mA 3mA 4mA 5mA 6mA 7mA 8mA 9mA 10mA ID VD
Q
Análise através da Linha de Carga: Exemplo
3V 500 B A D1N4148 R3 500 ID VD + RTH VTH _
A partir do circuito equivalente, pode-se traçar a reta de carga. Para tanto, determinar os cruzamentos com os respectivos eixos de
corrente e tensão. 3mA 3V/1000 0 p/V I 3V 0 p/I V V .1000 I 3V (KVL) .500 I V .500 I 3V D D D D D D D D D IDQ ≈ 2,4 [mA] e VDQ ≈ 0,65 [V]
Análise através dos Modelos: Exemplo
Utilizando o mesmo circuito, pode-se avaliar como ficariam os resultados para o ponto de operação de diodo para cada um dos modelos (ideal, simplificado e linear por partes). A equação da reta de carga não muda tendo em vista que ela depende
de uma situação de curto circuito e de circuito aberto, portanto os seus pontos de intersecção continuam o mesmo.
0V 0.5V 1.0V 1.5V 2.0V 2.5V 3.0V 3.5V 0A 1mA 2mA 3mA 4mA 5mA 6mA 7mA 8mA 9mA 10mA ID VD
Q
IDQ = 3[mA] e VDQ = 0[V]Análise através do Modelo Ideal
0A 1mA 2mA 3mA 4mA 5mA 6mA 7mA 8mA 9mA 10mA ID VD
Q
IDQ = 2,3[mA] e VDQ = 0,7[V]Análise através do Modelo Simplificado
Neste caso, o diodo é uma chave fechada após a barreira ser vencida.
[mA] 2,3 1K 0,7V 3V 1K 0,7V V ID TH 3V 500 B A R3 500 0,7V + RTH VTH _ ID
0V 0.5V 1.0V 1.5V 2.0V 2.5V 3.0V 3.5V 0A 1mA 2mA 3mA 4mA 5mA 6mA 7mA 8mA 9mA 10mA ID VD
Q
IDQ = 2,37[mA] e VDQ = 0,628[V]Análise através do Modelo Linear por Partes
Neste caso, o diodo é uma chave fechada após a barreira ser vencida e deve-se incluir a resistência AC média (rAV). Pela curva do diodo, rAV vale aproximadamente 17W e
VT aproximadamente 0,6V (Adendo 3). [mV] 628 12Ω I 0,6V V [mA] 2,37 1012Ω 0,6V 3V 12Ω 1K 0,6V V I D D TH D 3V 500 B A R3 500 (0,6V+IDrAV) + RTH VTH _ ID rAV
Análise envolvendo Superposição de Efeitos
Avaliar vD e iD: 1K + 25,7V 2VPP, 1KHz vD + _ iD 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5 10 15 20 25 30 VDC=25,7V vac=2VPP t [s] vTOTAL [V] O sinal de entrada é asuperposição de uma fonte DC de 25,7V com uma fonte senoidal de 2VPP com
freqüência de 1KHZ. O diodo é de sinal (1N4148).
Utilizam-se letras maiúsculas para representar sinais DC e letras minúsculas para representar sinais AC. Os valores das resistências estática e AC média, extraídas da
curva característica do diodo são, respectivamente, 31W e 2,8W @ IDQ=25mA.
Se o sinal AC é incremental, ou seja, a variação de corrente representa no máximo 10% do valor de corrente quiescente, pode-se utilizar a resistência r no lugar de r
Análise envolvendo Superposição de Efeitos
Circuito Equivalente DC: Fonte AC em repouso (vac= 0V): 1K + 25,7V VD + _ vac = 0V RD 1K vd + _ VDC = 0V rd 2VPP, 1KHzCircuito Equivalente AC:
Fonte DC em repouso (VDC= 0V): [mA] 24,94 31Ω 773mV R V I [mV] 773 1031Ω 31Ω 25,7V 1K R R 25,7V V D D D D D D x x
O circuito equivalente DC estabelece o ponto de operação do diodo. No caso:
IDQ=25,1mA e VDQ=778mV ] [mA 2 2,8Ω 5,58mV r v i ] [mV 5,58 1002,8Ω 2,8Ω 2V 1K r r 2V v PP PP d d d PP PP D D PP d x x
O circuito equivalente AC estabelece as variações que irão ocorre no entorno do
ponto Q. No caso:
0s 0.5ms 1.0ms 1.5ms 2.0ms 2.5ms 3.0ms 3.5ms 4.0ms 4.5ms 750mV 760mV 770mV 780mV 790mV 800mV 23.6mA 24.0mA 24.4mA 24.8mA 25.2mA 25.6mA 26.0mA 26.3mA
IDQ=24,92mA com DID= 2mAPP e VDQ= 780,3mV com DVD= 5,7mVPP
Observar a aparente linearidade das formas de onda. Uma análise espectral (domínio da freqüência) seria necessária para avaliar a presença de harmônicas (distorção harmônica).
Análise envolvendo Superposição de Efeitos
Valor Médio
Dicas de Análise
Ao se analisar circuitos com diodos é preciso saber, inicialmente, em que região (direta ou reversa) ele está polarizado. Uma técnica interessante consiste em:
Substitua o diodo por um resistor e verifique o sentido da corrente convencional resultante. Se este sentido coincide com a seta do símbolo do diodo, está polarizado diretamente.
Naturalmente, esta condição será verdade se as tensões aplicadas possuírem valores superiores a VT.
Estando o diodo polarizado diretamente substitua-o pelo modelo mais adequado e calcule as tensões e correntes necessárias.
Se o sentido de corrente estiver ao contrário da seta do o diodo o dispositivo estará polarizado reversamente. Substitua o o diodo por uma chave aberta e calcule as tensões e correntes
necessárias.
Obs: Sempre que possível, ter em mãos os valores limites (tensão e corrente) do diodo para avaliar se o dispositivo esta operando fora de seus limites seguros e garantidos.
Utiliza-se a aproximação ideal quando o comportamento do diodo (ou a sua função) no circuito está sendo avaliado. São irrelevantes os níveis de tensão e corrente;
A aproximação simplificada é a mais utilizada. Na maioria dos casos, as tensões e resistências envolvidas são maiores que VT e muito maiores que rAV o que leva a resultados bastante satisfatórios;
A aproximação linear por partes deverá ser usada, obrigatoriamente, quando as resistências do circuito forem da mesma ordem de grandeza de rAV.
Adendo 1: Tipos de Resistores
retornarResistores de Carvão: São os mais antigos e geralmente mais
baratos. Neles, os grãos de carvão são misturados com um material de preenchimento e inseridos em um envoltório tubular.
Nos primeiros resistores, o carvão era misturado com borracha vulcanizada, contudo, hoje utiliza-se um preenchimento cerâmico.
O valor da resistência é determinado pela quantidade de carvão adicionada à mistura. Possuem uma faixa de tolerância maior (10% a 20%), ou seja, seu valor não pode ser determinado com
muita precisão. São mais apropriados para aplicações que envolvem grandes picos de tensão, em relação a outros tipos de
resistores.
Resistores de Filme Metálico: São feitos de pequenos bastões de
cerâmica revestidos por uma liga metálica ou de óxido metálico. O valor da resistência é controlado primeiramente pela espessura do revestimento (quanto mais espesso menor a resistência). Além disso, uma fina espiral pode ser cortada ao longo do bastão, por
meio de um laser, criando uma longa tira, a qual formará efetivamente o resistor. Devido a este processo de fabricação,
podem ser obtidos resistores com valores bem mais precisos (cerca de 1% de tolerância). Também existem os resistores de filme de carvão, similares aos de filme metálico, porém, mais baratos e menos precisos (5% de tolerância). Estes últimos são,
sem dúvida, os mais utilizados em circuitos eletrônicos.
Resistores de Fio: Tais resistores variam bastante em construção
e aparência física. Seu elemento resistivo é geralmente feito de longos fios, principalmente de uma liga metálica chamada Nicromo (niquel + cromo), os quais são enrolados ao longo de um
bastão cerâmico ou de fibra de vidro e revestidos por um cimento resistente ao calor. São fabricados para potências mais elevadas e
Adendo 2: Código de Cores para Resistores
retornarEm algumas aplicações, é necessária a informação sobre o comportamento do
resistor em função da temperatura. ppm (partes por milhão)
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 (0,6V; 0mA) (0,72V; 10mA) ID [mA] VD [V] 1 2
Adendo 3: Resistência AC Média (exemplo slide 11)
ponto a ponto D D AV ΔI ΔV r
Ω 12 0,12V r 0mA 10,0mA 0,6V 0,72V ΔI ΔV r D D AV 1N4148 retornar0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 (0,78V; 25mA) ID [mA] VD [V]
Adendo 4: Resistências Estática e AC Média (exemplo slide 12)
1N4148 retornar 640 680 720 760 800 840 20 25 30 35 (776,92m; 23,73m) (784,04m; 26,23m) IDQ =25mA ID[mA] VD [mV]
Ω 2 25.10 2.25,8.10 I ηU r 3 3 DQ T d Adendo 5: Análise Interativa
Existe, ainda, uma análise para circuitos com diodos denominada de interativa. Embora possa levar a
resultados mais precisos, para circuitos mais complexos, torna-se desconfortável (esforço e tempo
exigidos) se realizada manualmente. Veja o procedimento através do exemplo do slide 8.
Comparar os resultados. 3V 500 B A D1N4148 R3 500 ID VD + RTH VTH _ D2 D1 T D2 D1 T D2 D1 D2 D1 ηU V V ηU V S ηU V S D2 D1 ηU V S D2 ηU V S D1 T mV ηU I I ln ηU V V ηU V V I I ln e e I e I I I e I I e I I T D2 D1 T D2 T D1 T D2 T D1 @ 52 2,354mA 645mV@I V 645mV 2,354mA 2,4mA 52mV.ln 646mV I I ln ηU V V 2,354mA 1K 0,646V 3V I 2,4mA 646mV@I V 646mV 2,4mA 1mA 52mV.ln 600mV I I ln ηU V V 2,4mA 1K 0,6V 3V I 1mA 600mV@I V Partida D3 D3 D3 D2 T D2 D3 D3 D2 D2 D2 D1 T D1 D2 D2 D1 D1