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Curso de Direito da Criança e do Adolescente 4ª Série UNIARA. Períodos Diurno e Noturno: Prof. Marco Aurélio Bortolin

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Curso de Direito da Criança e do Adolescente – 4ª Série – UNIARA.

Períodos Diurno e Noturno: Prof. Marco Aurélio Bortolin

Aulas 21 e 22 – Direito de Convivência Familiar e Comunitária (5ª parte) - Adoção (2ª parte): adoção

internacional (Brasil como país de origem da criança; Brasil como país de acolhida da criança; adoção

efetivada fora do Brasil por brasileiro residente no exterior quando de sua volta).

I. Adoção (2ª parte) – Adoção internacional.

1. Adoção internacional – Linhas gerais. A adoção é forma irrevogável

de colocação de criança e adolescente em família substituta, e seu perfil de medida definitiva exige da norma

a formalização de alguns cuidados específicos na hipótese de a família pretendente não ser residente no

Brasil. O instituto jurídico é peculiar, pois, em tese, autoriza que uma criança possa ser deslocada de casa,

de costumes, de idioma, muito rapidamente, para viver uma nova vida em outro país.

Atualmente, o sistema de adoção internacional estabelecido em nosso

ordenamento está alinhado aos ditames da principal fonte internacional vigente que é a Convenção de Haia

Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional (ONU,

29/05/1993), posto que referido Diploma foi aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo 01/1999 e

promulgada como norma interna pelo Decreto 3.087/99.

Outrossim, cumprindo um comando constitucional (artigo 227, § 5º)

1

, as

principais regras da aludida Convenção Internacional de Haia foram inseridas no Estatuto da Criança e do

Adolescente, que é lei central desse ramo autônomo no ordenamento jurídico, e tal se deu através da Lei no.

12.010/2009 (conhecida como Lei Nacional de Adoção).

Portanto, legalmente, a adoção será internacional sempre que o adotante

não for pessoa domiciliada no Brasil, incluindo-se a pessoa brasileira não residente no Brasil (artigo

51, caput, ECA)

2

.

1 Art. 227, Constituição Federal. [...] § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e

condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.

2 Art. 51, ECA. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Art. 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no. 3087, de 21 de junho de 1999.

(2)

2. Divisão do tema. Sempre que abordamos a adoção internacional

segundo o atual ordenamento jurídico brasileiro, necessitamos observar como primeiro e principal critério

de análise o deslocamento da criança ou do adolescente de um país a outro, gerando três hipóteses

principais que estão atualmente reguladas nos artigos 50 a 52-D, do ECA, que podem assim ser destacadas

resumidamente:

a) se a criança for brasileira e residir no Brasil, e estiver, pela adoção,

tendente a seguir para país estrangeiro, teremos a adoção internacional tendo o Brasil como país de

origem;

b) em sentido diverso, se a adoção se deu em outro país, e a criança adotada

vier a ser deslocada para o Brasil, teremos a adoção internacional tendo o Brasil como país de acolhida;

c) se o brasileiro residente ou domiciliado no exterior adotar criança no

estrangeiro e regressar para o Brasil com a mesma.

3. Adoção internacional - Brasil como país de origem da criança ou

adolescente - Requisitos legais obrigatórios. Bem, se a criança (ou adolescente) for brasileira e residir no

Brasil, e estiver, pela adoção, tendente a seguir para país estrangeiro, teremos a adoção internacional

classificada como tendo o Brasil como país de origem. Nessa específica e mais comum hipótese, o ECA,

após as reformas implementadas pela Lei no. 12.010/2009, não mais admite que a adoção internacional seja

uma livre opção do Poder Judiciário para a colocação de criança ou adolescente em família substituta.

Atualmente, a adoção internacional deve ser uma medida realmente

excepcional e última, conforme o já estudado artigo 31, do ECA, e somente válida se observados os

seguintes requisitos legais estabelecidos nos §§ 1º e 2º do artigo 51, do ECA, ou seja:

a) se esgotadas todas as possibilidades de manutenção da criança ou

adolescente em sua família natural, ou de colocação em família substituta nacional;

b) se restar comprovado (através de prova técnica psicossocial e a

apuração da vontade da criança que assim puder se expressar e a sempre obrigatória oitiva do(a)

adolescente), que a adoção internacional é uma solução aceitável especificamente para aquela criança ou

adolescente.

Para se atingir essa ideal situação, sabemos que a situação da criança e do

adolescente, quando já se encontrar irrevogavelmente definida pelo falecimento ou destituição do poder

familiar da família natural, sem opções na família extensa, e em situação de acolhimento, deve ser alvo de

consulta periódica ao cadastro local, estadual e nacional, a cada três meses, e preferencialmente sua situação

deve ser resolvida no prazo de 18 meses (artigo 19, §§ 1º e 2º, ECA).

(3)

Tais consultas formuladas aos cadastros sem a localização de interessados

para a adoção no Brasil autoriza e recomenda a realização de consultas ao cadastro de interessados residentes

no exterior (pessoas ou casais brasileiros residentes no exterior – preferencialmente, e na falta destes, de

estrangeiros), nos termos do artigo 51, §§ 1º 2º, do ECA

3

.

Como se vê, hierarquiza-se a convivência familiar, estabelecendo a

primazia da família natural (artigo 19, caput, ECA), e não sendo esta possível, a colocação em família

substituta, sendo que o parentesco e a afinidade entre parentes são requisitos importantes conforme regras

gerais já analisadas nos artigos 28 e 29, do ECA. Ausentes quaisquer possibilidades de manutenção ou

reintegração do(a) infante em sua família natural, ou em família extensa que conserve o poder familiar dos

pais através de guarda, poderemos cogitar de adoção (artigo 31, ECA), e no âmbito da adoção, a

internacional será tentada depois de esgotadas as possibilidades de adoção nacional (artigo 51, § 1º, ECA);

e ainda, em se tratando de adoção internacional, e havendo mais de um postulante, haverá preferência legal

reconhecida ao brasileiro residente no exterior em relação ao estrangeiro residente no exterior (artigo 51, §

2º, ECA).

3.1. Estrutura. Para uniformizar o regime de adoção internacional entre

países diferentes, a Convenção de Haia estabeleceu a necessidade dos países criarem uma estrutura

específica, ou seja, devemos notar que haverá sempre, em cada país que ratificou a Convenção de Haia,

dois tipos de autoridades responsáveis pelo sistema de adoção internacional, criando-se, assim, um regime

uniforme e igual em diferentes países. Portanto, de acordo com a norma internacional acima mencionada,

aplicável igualmente para o Brasil, teremos autoridades centrais estaduais (em alguns países, são regionais)

e uma autoridade central federal.

Assim, considerando um estrangeiro de país que assim como o Brasil

ratificou a Convenção de Haia, e que desejar adotar criança ou adolescente no Brasil, deverá requerer sua

habilitação como adotante perante a autoridade ou órgão central de adoção internacional competente

para seu domicílio, ou seja, do Estado (ou região) respectivo(a) em seu país de residência habitual,

como idealmente estabelece a Convenção.

No Brasil, tais órgãos são estaduais e se estabeleceram na estrutura dos

3 Art. 51, ECA. [...] § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar

quando restar comprovado: I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros,

(4)

Tribunais de Justiça de cada Estado da Federação. Nestes, o órgão é encarregado de:

a) habilitar nacionais para adotar no exterior;

b) processar adoções de crianças brasileiras por estrangeiros.

No Estado de São Paulo (assim como nos demais Estados Brasileiros), a

autoridade central de adoção internacional para processar as habilitações de adoção internacional de todos

os domiciliados nesta unidade federativa é a Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional

(CEJAI – TJSP), e o mesmo devemos considerar para outros países, como a Itália, a Suécia, a Alemanha,

etc., que também têm suas autoridades centrais espalhadas por seus territórios

4

.

Sobre a CEJAI no Estado de São Paulo, destaca o E. TJSP em sua home

page:

“A Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional do Estado de São Paulo foi instituída por meio da Portaria n.º 2656/92, do Tribunal de Justiça, tornando–se Comissão Permanente na organização judiciária consoante determinação contida no Assento Regimental n.º 339/00. As Comissões Judiciárias de Adoção, com previsão no art. 52 do Estatuto da Criança e do Adolescente, constituem Autoridades Centrais para a adoção em âmbito estadual, assim designadas pelo Decreto Federal n.º 3174, de 16 de setembro de 1999, em observância às regras e princípios estabelecidos pela Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional (HAIA), objetivando o cumprimento adequado das obrigações assumidas pelos Estados signatários. O mesmo Decreto Federal instituiu, como Autoridade Central Federal, a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, além de ter criado o Programa Nacional de Cooperação em Adoção Internacional e o Conselho das Autoridades Centrais Administrativas Brasileiras, que deve se reunir semestralmente para avaliar os trabalhos realizados no período, tendo em vista as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da ratificação da Convenção de Haia. Dentre as principais atribuições da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional de São Paulo, a CEJAI/SP, estão: exame prévio dos pedidos de habilitação para adoção; emissão de certificados de habilitação para adoção internacional aos estrangeiros e brasileiros no exterior; gerenciamento dos cadastros centralizados estaduais de pretendentes habilitados para adoção, tanto a nacional como a internacional; fiscalização dos organismos estrangeiros credenciados no Estado que atuam em adoções internacionais; elaboração de estudos estatísticos, cuja divulgação dos resultados tem se mostrado um importante instrumento de análise das necessidades de crianças e adolescentes, institucionalizados em sua maioria, para os quais a adoção pode ser a única chance de ter uma família. Deste modo a CEJAI/SP tem relevante atuação, servindo de apoio aos Juízos da Infância e da Juventude de todo Estado na medida em que, amparada por normas bem definidas e pautada no interesse superior da criança, realiza a busca por famílias substitutas, orientações relativas aos procedimentos de adoção

4 No Brasil, de acordo com o Decreto nº 3.174, de 16 de setembro de 1999, o processamento das adoções de crianças

brasileiras para o exterior, bem como a habilitação de residente no Brasil para adoção no exterior, é de responsabilidade das Autoridades Centrais dos Estados e do Distrito Federal (Comissões Estaduais Judiciárias de Adoção / Adoção Internacional) (http://www.justica.gov.br/sua-protecao/cooperacao-internacional/adocao-internacional/adocao-internacional).

(5)

nacional e internacional, além de fornecer informações, promovendo a alimentação, atualização e consulta ao Banco Nacional de Adoções (cadastro nacional de adoções), instituído pelo Conselho Nacional de Justiça, na Resolução n.º 54, de 29 de abril de 2008. Ao longo dos anos, a CEJAI de São Paulo tem procurado provocar maior conscientização da sociedade sobre a situação de risco vivida por milhares de crianças e adolescentes, esperando contribuir para uma reflexão consistente, também por parte das universidades, grupos de apoio à adoção e do poder público, para que, em uma comunhão de esforços, os princípios norteadores do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como todas as demais normas referentes aos direitos universais a eles conferidos, possam se materializar” (http://www.adotar.tjsp.jus.br/CEJAI/SobreCejai - acesso em 05/11/2018).

E todos os países que ratificaram a Convenção de Haia também devem ter

um órgão ou autoridade central federal (ou nacional), que:

a) controla e credencia os organismos internacionais que trabalharão pela

viabilização da adoção internacional em outros países:

b) encarrega-se do acompanhamento pós-adotivo;

c) atua como secretaria executiva do Conselho das Autoridades Centrais

Estaduais;

d) funciona como órgão de cooperação com outras Autoridades Centrais

Federais de outros países.

No Brasil, esse órgão ou autoridade central federal é a ACAF – Autoridade

Central Administrativa Federal

5

, órgão integrante da estrutura do Departamento de Recuperação de

Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça.

3.2. Fase de habilitação. Ao tratarmos da adoção internacional

precisaremos atentar para uma obrigatória fase prévia, desenvolvida antes da ação de adoção internacional

propriamente dita. É a chamada fase de habilitação tida como obrigatória pela Convenção de Haia

Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional (ONU,

29/05/1993).

Nessa específica fase, caso o pretendente obtenha tal habilitação em seu

5 Autoridade Central Administrativa Federal (ACAF) é o órgão, no Brasil, incumbido da adoção de providências para o adequado

cumprimento das obrigações impostas pela Convenção de Haia de 1980 sobre os Aspectos Civis da Subtração Internacional de Crianças, pela Convenção Interamericana de 1989 sobre a Restituição Internacional de Menores e pela Convenção de Haia de 1993 Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional. Com a publicação do Decreto nº 9.360 de 07 de maio de 2018, as atribuições da ACAF passam a ser exercidas no âmbito do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça ( http://www.justica.gov.br/sua-protecao/cooperacao-internacional/acaf/autoridade-central-federal - acesso em 05/11/2018 às 12h56).

(6)

país de domicílio habitual, a referida autoridade ou órgão central estadual (ou regional) do domicílio do

interessado expedirá: a) relatório pormenorizado contendo as informações pessoais necessárias (profissão,

situação social, estrutura doméstica, endereço); b) laudo psicossocial; c) texto legal do país aplicável à

adoção devidamente traduzido; d) autenticação da autoridade competente.

Em seguida, a habilitação do interessado é encaminhada ao Brasil, mais

precisamente para a autoridade central estadual (CEJAI) desejada, com cópia para a autoridade central

federal, como estabelecem os artigos 51, § 3º, e 52, I a V, ambos do ECA:

Art. 51, ECA. [...] § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das

Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.

Art. 52, ECA. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado.

Portanto, as autoridades ou órgãos centrais estaduais (Comissões

Judiciárias de Adoção Internacional nos Tribunais de Justiça dos Estados da Federação) têm a missão

de analisar os pedidos de habilitação dos estrangeiros verificando a compatibilidade entre as legislações

brasileira e a do país de origem do pretendente frente aos ditames da Convenção de Haia (ONU/1993), bem

como, se o estrangeiro realmente cumpre as exigências da legislação de seu país de domicílio e as exigências

da lei brasileira (ECA) para postular a adoção, e ainda, se seu pedido observa todos os requisitos formais

exigidos conforme estabelecido no artigo 52, IV e V, do ECA(acima transcrito), e se tudo estiver

devidamente atendido, a Comissão Judiciária emitirá uma laudo de habilitação à adoção internacional,

com validade de 01 (um) ano, e esse laudo é obrigatório para que o estrangeiro ingresse com ação de adoção

na respectiva comarca na qual se encontra acolhida a criança ou o adolescente, conforme estabelece o artigo

52, VII e VIII, do ECA

6

:

(7)

3.3. Fase de intermediação. Evidentemente, o estrangeiro dificilmente

saberia como localizar a criança ou o adolescente apta a ser adotada no Brasil. Para viabilizar esse sistema,

a Convenção de Haia, e por conseguinte, o ECA, admitem a atuação de entidades que façam essa

intermediação, desde que autorizadas a operar nesse sistema em seu país de origem. Tais entidades também

necessitam de uma espécie de habilitação (chamada de credenciamento) perante a autoridade central

federal brasileira (ACAF), que se encarrega de informar as Comissões Judiciárias nos Estados sobre as

entidades regularmente credenciadas, validando-as e autorizando suas operações no Brasil, conforme

expressamente dispõe o artigo 52, §§ 1º e 2º, do ECA:

Art. 52, ECA. [...] § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,

admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados. § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros

encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.

Pois bem. Primeiramente, devemos ressaltar que tais entidades

intermediadoras devem comprovar no Brasil que estão regularmente autorizadas a atuar em adoção

internacional perante a Autoridade Central de seu país, bem como autorizadas a operar no Brasil junto à

Autoridade Central Federal Brasileira (ACAF) e Polícia Federal.

Devidamente credenciadas, tais entidades devem observar requisitos legais

obrigatórios que devem ser atendidos por tais entidades interessadas em promover a intermediação de

estrangeiros para a adoção internacional no Brasil, e esses requisitos legais deverão ser previamente

conferidos pela Autoridade Central Federal no Brasil como exigências obrigatórias para o credenciamento,

em especial, tais entidades devem observar algumas práticas obrigatórias (especialmente o envio de

relatórios ao Brasil para atestar a conveniência da medida após a chegada da criança adotada no

exterior), e não promover uma atividade voltada para lucros que ultrapassem a cobrança normal dos

custos de operação, conforme exige o artigo 52, §§ 3º, 4º e 5º , do ECA

7

.

a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual.

7 Art. 52 [...] § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos que: I - sejam oriundos de países que ratificaram a

Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional; IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira. § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites

fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela

(8)

Se de um lado o estrangeiro pode postular sua habilitação no Brasil, e se

conseguir terá um laudo válido por um ano, as entidades de intermediação da adoção internacional também

devem obter credenciamento perante a Autoridade Central Federal Brasileira, que deve ser devidamente

demonstrada perante a CEJAI quando da apresentação do estrangeiro pela entidade intermediadora perante

a Vara Judicial que irá processar o pedido de adoção internacional. Tal credenciamento tem validade de dois

anos, e pode ser renovado ou antecipadamente suspenso e revogado pela Autoridade Central Federal

Brasileira, conforme estabelece o artigo 52, §§ 6º e 7º e 10º a 13º,do ECA:

Art. 52, ECA. [...] § 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro

encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos. § 7o A renovação do

credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade. § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento. § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional. § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada.

Por critério de moralidade desse sistema, veda-se que tais entidades de

intermediação aproximem-se perigosamente das entidades de acolhimento no Brasil, proibindo-se a entrega

de dinheiro ou contatos prévios com crianças acolhidas sem autorização judicial, conforme estabelecem,

respectivamente, o artigo 52, §§ 14 e 15, e 52-A, ambos do ECA

8

.

Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente; III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. § 5o A

não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento.

8 Art. 52, ECA. [...] § 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial. § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.

Art. 52-A, ECA. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.

(9)

3.4. Procedimento para a adoção internacional. Bem, considerando que

exista criança ou adolescente apto à adoção internacional segundo os requisitos legais obrigatórios

(conforme o já analisado artigo 51, § 1º, do ECA), e tendo o estrangeiro sua habilitação no Brasil (laudo

válido por um ano), devidamente apresentado e assistido por entidade de intermediação da adoção

internacional (credenciada perante a Autoridade Central Federal Brasileira com laudo válido por dois anos),

será formulado o pedido de adoção internacional perante a Vara Judicial que mantém a criança em cadastro,

segundo o disposto nos Arts. 165 a 170, do ECA, que é o procedimento previsto para qualquer colocação

de criança e adolescente em família substituta, mas com as adaptações próprias da adoção internacional,

cumprindo destacar que na adoção internacional não há cumulação com destituição do poder familiar dos

pais pois a criança já está com sua situação definida. Assim, as peculiaridades desse procedimento sem

contraditório repousam basicamente no estágio de convivência que é obrigatório (no mínimo de 30 dias), e

nas dificuldades naturais em razão do idioma e da estrutura improvisada de aproximação.

Deferida a adoção internacional, quando a criança chegar no exterior,

observado o tempo devido de tramitação, o adotante promoverá a regularização da situação da criança com

a admissão da sentença brasileira naquele país seguido de elaboração do novo registro civil (que, inclusive,

deverá ser encaminhado por relatório à Autoridade Central Federal Brasileira pela entidade de

intermediação). Assim, para o adotante deixar o Brasil legalmente com a criança adotada, a autoridade

judiciária emitirá um alvará autorizando a viagem de saída, conforme determina o artigo 51, §§ 8º e 9º, do

ECA:

Art. 51, ECA. [...] § 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a

adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional. § 9o Transitada em julgado a

decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.

4. Adoção internacional - Brasil como país de acolhida da criança ou

adolescente - Requisitos legais obrigatórios. Embora tenha importância teórica, a adoção internacional

de criança domiciliada em outro país, por brasileiros residentes no Brasil é de rara aplicação prática, mas

pode ocorrer em casos específicos, e o desenvolvimento da adoção variará de acordo com o fundamental

aspecto de ser o país de origem da criança signatário ou não da Convenção de Haia, como é o Brasil.

Considerando inicialmente que o país de origem da criança também seja

signatário, o procedimento de habilitação segue o mesmo caminho acima estudado, mas em sentido inverso,

ou seja, o brasileiro deve buscar sua habilitação perante a autoridade central estadual competente conforme

seu domicílio (portanto, no Estado de São Paulo seria a CEJAI – TJSP), e esta comunicará a autoridade

(10)

central estadual (ou regional) do país de origem da criança ou adolescente apto à adoção no exterior, bem

como, a autoridade central federal daquele país.

Estabelecida a necessária intermediação e processada a adoção junto ao

Juízo competente no país de origem da criança, com o seu deferimento, a a autoridade central estadual

brasileira comunica a ocorrência da adoção à autoridade central federal brasileira, e aquela promove a

emissão do correspondente Certificado de Naturalização Provisório da criança ou do adolescente,

sempre ouvido o Ministério Público acerca da conveniência da medida, como prevê o artigo 52-C, do ECA:

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela

decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. § 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste

artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.

De outra forma, caso o país de origem da criança não seja signatário

da Convenção de Haia, ou mesmo se a lei interna desse país remeter toda a adoção para o Brasil (como

país de acolhida), a criança deverá entrar legalmente no Brasil com documento expedido pela

autoridade local do país de origem, e então a adoção se processará tal como a adoção nacional,

segundo o artigo 52-D, do ECA

9

.

5. Adoção internacional - Adotante brasileiro residente no exterior –

situação de retorno ao Brasil. Outra situação possível e que exige análise é a do brasileiro que estava a

residir no exterior por algum tempo, e que nesse período adotou criança ou adolescente oriunda daquele

país. Enquanto o brasileiro estiver residindo naquele país o fato será juridicamente tratado apenas pelas

autoridades judiciárias daquela localidade. O tema ganha importância se o brasileiro voltar a residir no

Brasil. Novamente, a situação dependerá do país de origem da criança ou adolescente ser ou não signatário

da Convenção de Haia, com três desdobramentos possíveis:

9 Art. 52-D, ECA. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional.

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5.1. O país da(o) infante adotado(a) é signatário da Convenção de Haia,

como o Brasil e o processo de adoção observou os requisitos do artigo 17 da referida Convenção: nessa

hipótese, a adoção será totalmente recepcionada pelo Brasil quando do ingresso da criança no Brasil.

Os requisitos do referido artigo 17, da Convenção de Haia

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, são:

a) a Autoridade Central Estadual/Regional do País de origem tiver

assegurado de que os futuros pais adotivos manifestaram sua concordância;

b) a Autoridade Central Estadual/Regional do País de acolhida tiver

aprovado tal decisão, quando esta aprovação for requerida pela lei do país de acolhida ou pela Autoridade

Central Estadual/Regional do País de origem;

c) as Autoridades Centrais Estaduais/Regionais de ambos os Países

estiverem de acordo em que se prossiga com a adoção;

d) tiver sido verificado que os futuros pais adotivos estão habilitados e aptos

a adotar e que a criança está ou será autorizada a entrar e residir permanentemente no país de acolhida.

5.2. O país da(o) infante adotado(a) é signatário da Convenção de Haia,

como o Brasil e o processo de adoção não observou os requisitos do artigo 17 da referida Convenção:

nessa hipótese, a sentença de adoção estrangeira precisará ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

5.3. O país da(o) infante adotado(a) não é signatário da Convenção de

Haia: nessa última hipótese, a sentença de adoção estrangeira também precisará ser homologada pelo

Superior Tribunal de Justiça.

As diferenças são significativas, pois quando os países de acolhida e origem

da criança ou adolescente são signatários da Convenção de Haia, e os requisitos comuns do artigo 17 da

aludida convenção foram observados, sendo isso verificado pela Autoridade ou Órgão Central

Estadual/Regional do país de acolhida, a sentença de adoção do país de origem da criança é aceita de forma

10Artigo 17, Convenção de Haia. Qualquer decisão por parte do Estado de origem no sentido de confiar uma criança aos futuros

pais adotivos só poderá ser tomada se:

a) a Autoridade Central do Estado de origem se tiver assegurado da anuência dos futuros pais adotivos;

b) a Autoridade Central do Estado receptor tiver aprovado tal decisão, quando esta aprovação for requerida pela lei do Estado receptor ou pela Autoridade Central do Estado de origem;

c) as Autoridades Centrais de ambos os Estados estiverem de acordo quanto ao prosseguimento da adoção;

d) tenha sido constatado, de acordo com o artigo 5.º, de que os futuros pais adotivos são elegíveis e aptos para adotar e que a criança foi ou será autorizada a entrar e residir com caráter de permanência no Estado receptor.

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automática, ao passo que nas demais hipóteses, faz-se necessário submeter a sentença do país de origem ao

crivo do Superior Tribunal de Justiça, conforme estabelece o artigo 52-B, do ECA, conforme segue:

Art. 52-B, ECA. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Art. 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Art. 17 da

Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. § 2o O pretendente

brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.

III. Julgados relacionados ao tema da aula (www.tjsp.jus.br).

“ADOÇÃO INTERNACIONAL. Cadastro geral. Antes de deferida a adoção para estrangeiros, devem ser esgotadas as consultas a possíveis interessados nacionais. Organizado no Estado um cadastro geral de adotantes nacionais, o juiz deve consultá-lo, não sendo suficiente a inexistência de inscritos no cadastro da comarca. Situação já consolidada há anos, contra a qual nada se alegou nos autos, a recomendar que não seja alterada. Recurso não conhecido.” (STJ - REsp n. 180341/SP. Rel. Min. Rosado de Aguiar. 4ª T. Julgado em 18/11/1999)

“ADOÇÃO INTERNACIONAL. Cadastro central de adotantes. Necessidade de sua consulta. Questão de fato não impugnada. - A adoção por estrangeiros é medida excepcional que, além dos cuidados próprios que merece, deve ser deferida somente depois de esgotados os meios para a adoção por brasileiros. Existindo no Estado de São Paulo o Cadastro Central de Adotantes, impõe-se ao Juiz consultá-lo antes de deferir a adoção internacional. - Situação de fato da criança, que persiste há mais de dois anos, a recomendar a manutenção do status quo. - Recurso não conhecido, por esta última razão.” (STJ - REsp n. 196406/SP. Rel. Min. Rosado de Aguiar. 4ª T. Julgado em 09/03/1999)

“ADOÇÃO INTERNACIONAL – Pressupostos – Excepcionalidade – Cabimento mesmo havendo casais nacionais – A releitura da norma menorista não conduz à interpretação de que o casal estrangeiro, que preenche os pressupostos legais deva ser arredado, invariavelmente quando existem pretendentes nacionais, principalmente quando já desenvolveram forte afeto ao menor, cujo interesse deve ser preservado. Casos isolados que abalaram o instituto de adoção internacional, não devem servir como escusa para frustrar o pedido, sendo injusto obstar que o infante desfrute de melhor qualidade de vida em país desenvolvido. Inteligência dos Arts. 28, 31 e 198, VII do ECA. Apelação provida.” Decisão unânime (TJRS - Ap. Cível 594039844 – 8ª Câm. Cível – J. 26.05.1994 – rel. Des. José Carlos Teixeira Giorgis).

IV. Homologação de sentença estrangeira (www.stj.jus.br).

“A Constituição Federal estabelece em seu artigo 105, I, “i”, que a homologação de sentenças estrangeiras é competência do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A homologação é um processo necessário para que a sentença proferida no exterior – ou qualquer ato não judicial que, pela lei brasileira, tenha natureza de sentença – possa produzir efeitos no Brasil. De acordo com o artigo 961 do novo Código de Processo Civil (CPC), a decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação. No entanto, com o novo CPC, foi eliminada a exigência de homologação para a sentença estrangeira de divórcio consensual simples ou puro, quando a decisão cuida apenas da dissolução do casamento. Havendo envolvimento de guarda de filhos, alimentos ou partilha de bens, a homologação do divórcio consensual continua necessária. Como requerer. O procedimento de homologação está disciplinado nos artigos

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216-A a 216-X do Regimento Interno do STJ (RISTJ), introduzidos pela Emenda Regimental 18. 216-A ação de homologação, que requer pagamento de custas, é ajuizada mediante petição eletrônica assinada por advogado e endereçada ao presidente do STJ. Veja mais em Processo Eletrônico e Despesas Processuais. Os requisitos para a homologação de sentença estrangeira estão previstos no art. 963 do CPC e nos arts.216-C e 216-D do Regimento Interno do STJ. É facultado ao autor do pedido apresentar a anuência da outra parte, o que acelera o andamento do processo, uma vez que pode dispensar a citação do requerido. Se não for apresentada, o presidente do STJ mandará citar a parte contrária por carta rogatória (se a parte a ser citada reside no exterior) ou por carta de ordem (se reside no Brasil) para que responda à ação. Citação por carta rogatória. Nessa hipótese, o autor será intimado para traduzir a carta rogatória (que é confeccionada pela Coordenadoria da Corte Especial do STJ) e juntar os documentos que devem instruí-la, também traduzidos. A carta rogatória pode ser acessada nos autos eletrônicos, por meio do sistema de visualização de processos do site do STJ, e também fica disponível para as partes, fisicamente, na Coordenadoria da Corte Especial. A tradução deve ser feita por tradutor juramentado por uma junta comercial. Caso o interessado não encontre um profissional para a língua desejada, poderá solicitar à junta a nomeação de um tradutor “ad hoc”, ou seja, exclusivamente para aquele ato. Os documentos necessários à instrução da carta rogatória estão listados no artigo 260 do CPC e, conforme o país, em acordos internacionais. As regras gerais sobre transmissão de cartas rogatórias constam da Portaria Interministerial 501/2012. Não há custas no Brasil para a expedição da carta rogatória, mas a citação poderá gerar alguma cobrança de taxa no país estrangeiro, caso em que o autor deverá indicar um morador local que se responsabilize pelo pagamento. Se o autor for beneficiário da justiça gratuita, a tradução poderá ser providenciada pela Coordenadoria da Corte Especial. Ainda assim, é facultado ao autor arcar com a tradução, caso não queira esperar pelos procedimentos administrativos necessários à contratação de tradutor. Toda a documentação traduzida deve ser entregue em papel na Coordenadoria da Corte Especial, pessoalmente ou pelos correios, em duas vias (três, se for para os Estados Unidos). Recebidas as traduções, a carta rogatória é encaminhada ao Ministério da Justiça para envio ao país rogado. Após o cumprimento da carta rogatória no exterior, ela é devolvida ao STJ por intermédio do MJ. Recebido o ofício, a parte será intimada, após despacho do ministro presidente, para providenciar a tradução das informações do país rogado sobre o cumprimento ou não da carta. Execução da sentença homologada. Conforme o artigo 965 do CPC, a execução da sentença homologada pelo STJ ocorre perante a Justiça Federal de primeiro grau. Para mais informações, acesse a página de perguntas frequentes sobre Sentença Estrangeira. No caso do divórcio consensual simples ou puro, que não exige homologação pelo STJ, a sentença estrangeira deverá ser levada diretamente ao cartório de registro civil, pelo próprio interessado, para averbação. O procedimento foi regulamentado pelo Provimento 53 da Corregedoria Nacional de Justiça”

(http://www.stj.jus.br/sites/STJ/Advogado/pt_BR/Sob-medida/Advogado/Vitrine/Cartas-Rogatórias-e-Sentenças-Estrangeiras - acesso em 06/11/2018).

V. Dispositivos legais referidos em aula (www.planalto.gov.br):

Art. 51, ECA. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios

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adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.

Art. 52, ECA. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos artigos 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados. § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet. § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos que: I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional; IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira. § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente; III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. § 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento. § 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar

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pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos. § 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade. § 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional. § 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado. § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento. § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional. § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. § 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial. § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.

Art. 52-A, ECA. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.

Art. 52-B, ECA. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.

Art. 52-C, ECA. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.

Art. 52-D, ECA. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional.

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