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A relação custeio variável/custo meta

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2005

A relação custeio variável/custo meta

Autor: Emílio Carlos Vicente - Ciências Contábeis

Professores Orientadores: Esp. Vicente Ap. Carioca Santos Ms. Maria Cristina Mesquita Barbosa

Faculdades de Valinhos

Resumo

Este trabalho aborda primeiramente o Custeio Variável e descreve seu conceito, seus pontos negativos e as variáveis tomadas como referência. Aborda também as aplicações gerenciais do Custeio Variável, começando pela Margem de Contribuição, que significa o quanto de contribuição determinado produto proporciona à empresa para pagar os custos fixos, despesas e os resultados desejados, envolvendo também Margem de Segurança e Taxa de Retorno. Com relação à Fixação do Preço de venda, demonstra como o Custeio Variável, principalmente a Margem de Contribuição são utilizados para esta finalidade. A abordagem Ponto de Equilíbrio, demonstra seus conceitos e aplicações e explica o Ponto de Equilíbrio Contábil, Econômico e Financeiro. Com as Relações Custo/Volume/ Lucro, demonstra o comportamento do

resultado quando da alteração desses três fatores importantes termos como Alavancagem Operacional e Financeira também são mencionados neste trabalho. A decisão entre comprar ou construir também é abordada com a aplicação dos conceitos do Custeio Variável. O Custo Meta é um processo estratégico de gerenciamento de custos para reduzir os custos totais nos estágios de planejamento e desenho do produto, tendo seu conceito, fases e aplicações aqui demonstrados, bem como o conceito de Engenharia de Valor. Por fim, aborda a Relação entre Custeio Variável e Custo Meta como ferramentas complementares que são no processo de gestão empresarial.

Palavras-chave: custeio variável, custo meta.

Introdução

As informações necessárias para a tomada de decisão por parte dos administradores tiveram uma grande evolução no início dos anos 70, quando a utilização do Custo Meta se expandiu, principalmente nas indústrias montadoras. Antes dessa época, o gerenciamento de custos era quase que totalmente direcionado para a linha de produção, onde eram produzidos grandes lotes e pouca variedade de produtos.

Com o aumento da competitividade das empresas, bem como o aumento da exigência do mercado consumidor, que passou a adquirir produtos de melhor

qualidade que ao mesmo tempo atingissem suas necessidades e apresentassem preços mais baixos, fez com que muitas empresas promovessem modificações em seu processo produtivo e nos critérios de gestão.

Dessa forma, para fins de gestão de custos, muitas empresas passaram a adotar o Custo Meta que, segundo Sakurai (1997, p. 52), é um processo estratégico de gerenciamento de custos para reduzir os custos totais nos estágios de planejamento e do desenho do produto, fases em que é determinada a estrutura de custos dos produtos.

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2005 passaram também a utilizar os critérios de Custeio Variável para desenvolver estratégias de negociações, que por sua natureza acabam completando-se no custo meta.

O objetivo deste trabalho é demonstrar como as ferramentas gerenciais ligadas ao Custeio Variável podem ser utilizadas na fase de negociação do produto e como as ferramentas proporcionadas pelo Custeio Meta contribuem para a gestão dos custos, o que acaba complementando o processo de negociação.

Será justificado neste trabalho que os critérios de custeio são complementares para os objetivos de negócios das empresas. Este trabalho foi desenvolvido em 4 capítulos:

O primeiro capítulo aborda o Custeio Variável, seus conceitos, as variáveis tomadas como referência e a finalidade de sua aplicação.

No segundo capítulo são demonstradas as aplicações gerenciais do Custeio variável, e são descritos os conceitos e aplicações de Margem de Contribuição, Taxa de Retorno, Fixação do Preço de Venda, Ponto de Equilíbrio (quantidade, contábil, econômico e financeiro), Relações Custo/Volume/Lucro, Margem de Segurança, Alavancagem Operacional e Financeira, Decisão entre Comprar ou Construir e as desvantagens do Custeio Variável.

O Capítulo 3 aborda Custo Meta de uma maneira geral, seu conceito, como surgiu, quais são as etapas de aplicação, engenharia de valor (EV) e o prazo do Custo Meta.

Finalmente, o capítulo 4 mostra a relação entre o Custeio variável e Custo Meta, demonstrando como as aplicações gerenciais do Custeio Variável podem ser úteis na fase de negociação de preço dos produtos.

Custeio variável

“Custeio Variável, também conhecido como Custeio Direto, significa a

apropriação de todos os Custos Variáveis, quer diretos, quer indiretos, e tão somente dos variáveis”.

(Eliseu Martins) Devido a problemas relacionados à dificuldade de apropriação dos custos fixos aos produtos e em função da grande utilidade do conhecimento do Custo Variável e da Margem de Contribuição, nasceu uma forma alternativa de custeamento, o CUSTEIO

VARIÁVEL.

Para fins gerenciais, a apropriação dos custos fixos está relacionada a alguns pontos negativos:

• Os custos fixos existem indepen-dentemente da fabricação ou não de uma ou mais unidades e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que oscilações ocorram no volume de produção.

• Por não pertencerem especi-ficamente a um produto ou unidade, esses custos são, na maioria das vezes, distribuídos à base de rateio e esses rateios ocorrem de forma arbitrária, ocasionando a alocação de mais custos em um produto do que em outro, o que pode confundir o processo de decisão. Leone (1997, p. 343), define que o

Custeio Variável enfatiza a analise de

despesas e custos variáveis de qualquer objeto de custeio. As despesas e custos variáveis são suscetíveis de maior controle por parte da gerencia porque possuem unidades de medida operacionais e físicas que os governam. Como as despesas e os custos fixos, indiretos, repetitivos e periódicos, pela própria natureza, não possuem seus direcionadores visíveis, fica mais difícil sua apropriação.

Diferentemente do Custeio por Absorção, no qual todos os custos e despesas de fabricação, fixos e variáveis, são alocados ao custo de produção utilizando conceito arbitrário, o conceito de Custeio Variável determina que somente custos e despesas variáveis são debitados aos custos dos

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2005 produtos fabricados e aos produtos em

elaboração (ao final do período), sendo que os custos fixos não são apropriados aos produtos, sendo contabilizados como despesas do período. Nesse caso, os custos fixos, que também podem ser tratados como custos periódicos ou repetitivos são contabilizados no resultado e os custos variáveis contabilizados nos estoques. Admite-se que os custos são fixos em uma determinada faixa de volume, já que, via de regra, não existem custos essencialmente fixos.

Podemos tomar como exemplo uma linha de produção. O custo da matéria-prima do produto varia conforme o volume produzido, porém o custo de depreciação das maquinas e instalações, do aluguel da fábrica, entre outros custos da mesma natureza e que são considerados como custos fixos, não sofrem quaisquer alterações, independentemente da quantidade produzida, logo, não se justifica que sejam apropriados aos produtos, já que não guardam relação direta com eles. Portanto, não podem ser custeados de forma eficiente.

Por tratar os custos fixos diretamente no resultado, este tipo de custeio permite que a administração obtenha informações importantes de forma mais eficiente sem as distorções provocadas pelos critérios de rateio.

O Custeio Variável é amplamente empregado em empresas nas quais há variedade de produtos. Para o planejamento das operações, o custeio variável é de grande importância, pois atribui ao produto somente os custos que efetivamente a ele se referem e determina a margem de contribuição de cada um, facilitando assim a análise de o quanto este produto representa para o resultado da organização.

Aplicações gerenciais do custeio variável

Margem de Contribuição

A contribuição que cada produto

proporciona à empresa, para pagar os custos fixos, despesas e o resultado desejado é denominada Margem de Contribuição.

No Custeio Variável, a apresentação do resultado deve seguir o seguinte critério:

Quando não existem limitadores na capacidade produtiva, a Margem de Contribuição pode ser considerada como um bom indicativo, pois quanto maior a margem de contribuição, mais rentável será o produto.

Ocorrendo a limitação da capacidade de produção, como a redução das horas de trabalho ou demanda de mercado, por exemplo, a contabilidade deverá criar um indicativo que relacione a Margem de Contribuição e o fator de limitação. Nesse caso, o produto que apresentar maior Margem de Contribuição pelo fator de limitação, será o mais rentável.

Caso haja mais de um fator limitativo de produção, a empresa deverá analisar qual é a melhor combinação que traz melhor resultado. Essa análise é realizada utilizando-se o método de programação linear.

Programação Linear, segundo Leone (1996, p. 407), é uma técnica matemática incluída no rol das técnicas de pesquisa operacional, que permite a gerencia determinar com precisão qual a melhor solução (otimização de lucros), levando em consideração as várias limitações existentes. Uma das técnicas, representada através de equações de primeiro grau, diz respeito à relação custo-volume-lucro e suas restrições, Outra refere-se ao grau de certeza entre a relação custo-volume-lucro e suas várias restrições. Na primeira, denominada modelo de gestão determinístico, as variáveis e as medidas são previsíveis, sendo que na

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2005 segunda, denominada de modelo de gestão probabilístico, as variáveis não são previsíveis e os fatores não controlados (com fatores externos) devem ser levados em consideração.

Ponto de Equilíbrio

Para Martins (2001, p. 273) o Ponto de Equilíbrio, ou Ponto de Ruptura (Break-even Point), nasce da conjugação dos Custos Totais com as Receitas Totais. Estas, numa economia de mercado, têm uma representação macroeconômica não linear, ou seja, para um mercado como um todo, tende a haver uma inclinação para menos, já que cada unidade tenderia a ser capaz de produzir menos receita.

Se as Receitas, Custos e Despesas ocorressem de forma totalmente linear, o Ponto de Equilíbrio seria assim representado:

Através desse gráfico, verificamos que a linha de Custos Fixos permanece inalterada independentemente do volume de produção, ao passo que a linha de Custos Variáveis sobe conforme a quantidade produzida aumenta. Essa linha representa o Custo Total, uma vez que tanto a linha de Custos Fixos quanto a de Custos Variáveis acompanham a evolução do processo produtivo.

Da mesma forma, a linha de Receitas também cresce conforme aumenta o volume de vendas, formando assim o cruzamento das linhas de receita e despesa representando o Ponto de equilíbrio e as áreas de lucro e prejuízo.

Não existem custos e despesas totalmente fixos, pois são suscetíveis a

alterações do processo produtivo, alterações essas permitidas dentro de limites para o tipo de atividade a ser executada. Por exemplo: Caso a empresa deseje aumentar sua capacidade produtiva e adquira um novo equipamento, até que este não atinja sua capacidade de produção total, a empresa irá arcar com custo de depreciação deste equipamento. Isso fará com que haja um aumento não proporcional desse custo, de forma que esse aumento seja representado graficamente em “degraus”.

Referente aos custos variáveis, nem sempre o consumo de matéria-prima ou mão-de-obra são proporcionais ao volume de produção, uma vez que podem ocorrer perdas de matéria-prima durante o processo produtivo, o que faz com que haja um aumento de consumo. Pode ocorrer também um aumento de horas necessárias para se produzir determinado produto ou lote de produtos, fazendo com que haja aumento do custo de mão-de-obra. Esse aumento em “degraus” dos custos fixos variáveis pode ser assim representado:

De uma maneira mais simples, Cogan (1999, p.36) define que Ponto de Equilíbrio é o ponto onde o lucro liquido se iguala a zero, podendo ser expresso em unidades físicas ou monetárias e corresponde à quantidade para a qual a receita iguala ao custo total.

A finalidade da análise do Ponto de Equilíbrio também é definida simplesmente como o cálculo desse ponto. Porém, antes que sejam realizados esses cálculos é necessário que se faça um estudo do comportamento dos custos e receitas, a fim

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2005 de que tenhamos a certeza de que estes

possuem um comportamento linear, onde os custos fixos permanecerão inalterados e os custos variáveis aumentam ou diminuem conforme a variação do nível de atividade. Assim, o volume de produção e vendas pode ser considerado como o único fator que pode alterar os custos, uma vez que os custos fixos e o preço de venda serão os mesmos. Conforme Figueiredo e Caggianno, (2004, P.167) a análise do Ponto de Equilíbrio não pode ser nada mais que um simples guia. Seu valor real, para o gestor,

baseia-se no fato de que ela evidencia o relacionamento existente entre os fatores que afetam o lucro, permitindo assumir algumas premissas a respeito desses fatores. Portanto, essa análise é útil como modelo de decisão gerencial.

A análise do Ponto de Equilíbrio é uma ferramenta importantíssima para os gestores das empresas, pois através dela é possível verificar qual seria a receita de vendas necessária para cobrir todos os custos e despesas referentes à fabricação de determinado produto.

Ponto de Equilíbrio Contábil Neste caso o resultado obtido como ponto de equilíbrio considera todos os custos e despesas reconhecidos pela contabilidade, através do regime de competência, logo, pode incluir valores que serão desembolsados imediatamente ou não.

Ponto de Equilíbrio Econômico Neste caso o resultado obtido como ponto de equilíbrio inclui as expectativas de ganhos que a empresa quer ter com o objeto em análise

Ponto de Equilíbrio Financeiro Neste caso o resultado obtido do ponto de equilíbrio indica o momento em que a empresa está no seu maior nível de risco, ou seja, inclui somente os valores que

terá que desembolsar imediatamente, ignorando as despesas provisionadas que acabarão sendo desembolsadas no futuro.

Margem de Segurança

Conforme já verificamos, Ponto de Equilíbrio é o ponto neutro ocasionado pelo cruzamento das linhas das receitas e custos. Margem de Segurança significa o espaço existente após o Ponto de Equilíbrio, espaço esse que mostra o quanto a empresa pode gerar de lucro. Assim quanto mais baixo estiver localizado o Ponto de Equilíbrio em relação ao volume de produção da empresa, maior a Margem de Segurança, o que aumenta a possibilidade de a empresa gerar lucro.

Ao contrário, quanto mais alta a posição do Ponto de Equilíbrio, menor a Margem de Segurança, aumentando assim a área de risco.

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Desvantagens do Custeio Variável Mesmo apresentando um lucro que acompanha a direção das vendas, quando se utiliza o Custeio Variável também temos algumas desvantagens:

• Este método de custeio não deve substituir, em algumas decisões, as informações decorrentes de outros critérios, pois é utilizado para fins gerenciais.

• Sua aplicação também não deve ser recomendada em situações cujas decisões são de longo prazo, devido à complexidade da análise das despesas, dos custos fixos e variáveis. • O custeio variável não é aceito para as demonstrações contábeis de uso externo, uma vez que os Princípios Contábeis não permitem o uso de balanços e Demonstrações de Resultados que tenham o Custeio Variável como base de valor.

Embora não reconhecido por contadores, auditores e pelo fisco, o Custeio Variável pode ser utilizado pelas empresas internamente, tendo como finalidade o desenvolvimento de informações que auxiliam os gestores no planejamento e também na tomada de decisões.

Custo meta

Segundo Sakurai (1997, p. 52), Custo Meta é um processo estratégico de gerenciamento de custos para reduzir os custos totais nos estágios de planejamento e de desenho do produto. Atinge essa meta concentrando os esforços integrados de todos os departamentos de uma empresa, tais como marketing, engenharia, produção e contabilidade. Esse processo de redução de custos é aplicado nos estágios iniciais da produção. O resultado é o incentivo à

inovação.

No Japão, a partir da década de 60, o desenvolvimento da automação industrial fez com que houvesse o crescimento das industrias de transformação. Até então o Custo-Padrão era a principal ferramenta de gerenciamento de custos utilizada pelos japoneses, uma vez que o gerenciamento de custos era somente direcionado para a produção, pois eram produzidos grandes lotes com pouca variedade de produtos.

No início dos anos 70, a utilização do Custo Meta expandiu-se principalmente nas indústrias montadoras. O desenvolvimento de robôs industriais fez com que as empresas produzissem maior variedade de produtos em menor quantidade, o consumidor tornou-se mais exigente e as indústrias foram obrigadas a criar novos produtos.

Com isso, os consumidores procuravam cada vez mais adquirir novos produtos e de melhor qualidade, fazendo com que o ciclo de vida destes se tornasse mais curto, obrigando as empresas a gerenciarem seus custos desde as etapas de planejamento e desenho, pois é nessa fase que é determinada a estrutura de custos dos produtos, mesmo porque, em virtude do ciclo de vida mais curto, não haveria prazo suficiente para a redução dos custos durante o processo de produção.

A transformação das linhas de produção em processos automatizados obrigou a contabilidade de custos a se adaptar a essa nova realidade. Com a redução do número de trabalhadores na linha de produção, a mão-de-obra direta tornou-se um custo quase que irrelevante, constituindo-se em mais um item das despesas indiretas fixas, o que fez com que se valorizasse cada vez mais o gerenciamento de custos nas etapas de planejamento, pois a maior parte dos custos são determinados nessa fase.

No que diz respeito ao gerenciamento operacional e estratégico de custos, as

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2005 empresas japonesas atuam em três áreas:

inovação, kaisen e manutenção.

Inovação significa mudança drástica causada pela introdução de novas tecnologias e/ou por investimentos na fábrica ou em equipamentos (SAKURAI, 1997, p. 52).

A característica principal do Custo-kaisen é a redução de custos, que envolve atividades de redução de custo de cada produto e atividades de redução de custo de cada período. Esse tipo de custeio requer o envolvimento de todos os funcionários, principalmente no que diz respeito ao controle de gastos administrativos, gastos esses que são controlados através de orçamentos. Os custos de material direto e de mão-de-obra direta são controlados por engenharia de valor e pelo custo-padrão para cada produto.

Para que ocorra a redução dos custos as empresas devem identificar quais são os produtos deficitários que impactam negativamente seu lucro, bem como focar a redução dos custos dos demais produtos, através da redução do consumo de matéria-prima, redução das horas de mão-de-obra, redução da quantidade de funcionários e redução dos gastos com energia e água.

A Manutenção de Custos visa a controlar os custos d e p a r t a m e n t a i s , custos com preço unitário, custos com equipamentos e custos

com a produtividade. Controlando seus custos departamentais, a empresa consegue equilibrar seus custos orçados com os custos reais, fazendo com que haja uma melhora na operação.

Para o controle do preço unitário de cada produto, a empresa deve manter argumentos de negociação com fornecedores de matéria prima e peças, bem como realizar revisão periódica do custo unitário dos produtos.

O controle dos custos com equipamentos faz com que a empresa possa aumentar sua capacidade de produção

através do gerenciamento das operações. O controle de custos com a produtividade visa a aumentar seu valor agregado e reduzir o tempo de mão-de-obra.

O principal objetivo do Custo Meta é reduzir os custos mantendo a qualidade dos produtos. Pode também ser utilizado no planejamento estratégico de lucros, através da integração das áreas de engenharia, marketing e produção.

O Custo Meta é aplicado através de diferentes formas. Algumas empresas têm como meta a redução dos custos variáveis em toda a empresa, inclusive nas áreas de produção e marketing. Em outras palavras o objetivo é desenvolver produtos de melhor qualidade que a concorrência com custos menores, bem como utilizar o custo meta como instrumento para atingir o lucro desejado.

Custo Meta e custo-padrão são duas ferramentas importantes no que diz respeito ao gerenciamento de custos. Porém, muitas empresas ainda não compreendem a forma de aplicação do Custo Meta, o que pode fazer com que o este perca suas características e se confunda com o custo-padrão, apesar de ambos apresentarem algumas características diferentes:

Além disso, o custo meta é uma ferramenta utilizada para a redução de custos orientada para a engenharia, na qual são tomadas as decisões tendo como base as especificações do desenho. A aplicação dessa técnica depende da colaboração entre os departamentos, sendo o departamento de contabilidade o coordenador e o fornecedor das informações necessárias, enquanto os departamentos de planejamento, produção e marketing irão definir o sucesso da empresa. Todos os departamentos da empresa são responsáveis pela aplicação do custo meta e essa aplicação deve ser acompanhada

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2005 e revisada em todos os seus passos, desde o desenho até a produção em massa, podendo ocorrer programas de redução de custos adicionais mesmo durante o processo produtivo.

Sakurai (1997, p. 58) define que existem três etapas iniciais para a aplicação do Custo Meta:

1. Planejar novos produtos concentrando-se na satisfação do cliente.

2. Determinar o custo meta de conformidade com a política estratégica da empresa e viabilizá-la em custos factíveis.

3. Atingir o custo meta utilizando a engenharia de valor e outras técnicas de custo.

A etapa 2 é que determina o custo meta, no qual o custo é baseado nas condições de mercado, subtraindo-se o lucro programado do preço de venda planejado. Depois disso, é definido se o produto pode ser fabricado com esse custo.

Além dessas etapas existem três métodos importantes para a determinação do custo meta:

• Método de Planejamento e Lucro, que determina o custo meta subtraindo-se o lucro de preço de venda;

• Método de Engenharia, que considera o nível de tecnologia, produção e prazo de entrega;

• Método Combinado, que tem foco operacional na lucratividade e foco tecnológico na viabilidade através da integração dos outros dois métodos. Como já vimos, o principal objetivo do custo meta é a redução de custos e ela inicia-se pelos custos diretos de materiais e custos diretos de fabricação, o que faz com que muitas empresas mantenham somente esses custos quando da aplicação do custo meta. O mais recomendado na aplicação do custo meta, principalmente quando do

desenvolvimento de novos produtos, é a utilização do custeio por absorção, que inclui despesas administrativas e custos de marketing, além dos custos de materiais e fabricação, uma vez que todos esses custos serão importantes na formação do preço de venda do produto.

Porém, a aplicação do custo meta varia de empresa para empresa. Algumas tratam custos de mão-de-obra direta, depreciação, equipamentos e outros custos diretos como custos diretos de fabricação. Outras incluem todos os custos variáveis no Custo Meta.

Os custos de materiais, fabricação e custos de tarefas auxiliares, entre outros, podem ser facilmente estimados através de tabelas de custos. Esse instrumento permite que os custos de produção e os lucros em peças compradas sejam estimados com precisão, bem como permite definir o custo-padrão, através do controle dos custos de instalações, equipamentos, material e processo produtivo.

Dividida em três categorias, a Engenharia de Valor (EV) é um método utilizado para manter a pesquisa ou reengenharia sobre cada função do produto, permitindo que a empresa possa produzir com qualidade para atingir a satisfação do cliente com o menor custo total. Através da engenharia de valor são colocadas em prática idéias para a aperfeiçoamento na área de produção, bem como são analisadas as possibilidades de redução de custos em outras áreas da empresa.

As categorias da engenharia de valor são as seguintes:

• EV de abordagem zero: Aplicada na etapa de planejamento do produto, etapa em que a redução de custos é mais eficiente.

• EV de primeira abordagem: Aplicada nas etapas de desenho e desenvolvimento.

• EV de Segunda abordagem: Aplicada na etapa de fabricação, na qual é possível obter apenas melhorias no processo, uma vez que os custos já foram definidos nas etapas anteriores.

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2005 Para a empresa, a aplicação da

engenharia de valor deve ocorrer de forma interna e externa conforme segue:

• Aplicação Interna: É utilizada no ambiente interno da empresa, como as áreas administrativa e produção, fazendo com que haja aumento da eficiência nas atividades de redução de custos.

• Aplicação Externa: É utilizada no ambiente externo, relacionando-se com a EV de clientes e empresas afiliadas.

Além dos departamentos responsáveis pela aplicação do custo meta, como planejamento, desenvolvimento e contabilidade, muitas vezes são criados departamentos especiais para o custo meta, como departamento de custo objetivo e departamento de gerenciamento de custo total.

A eficiência do custo meta depende de sua aplicação em cada produto, de forma que todos os departamentos estejam organizados, desde a fase de planejamento até a etapa de marketing.

Mudanças ambientais, tanto internas quanto externas, podem alterar o bom andamento do projeto, motivo pelo qual as empresas devem manter um planejamento estratégico de médio a longo prazo.

Antigamente o planejamento a longo prazo era muito utilizado pelas empresas. Porém, ao longo do tempo, foi perdendo sua eficácia devido às constantes mudanças ambientais, o que fez com que fossem adotados planejamentos a médio prazo, com visão a longo prazo. Isso permite que as empresas possam desenvolver novos produtos, tendo o custo meta como grande colaborador nesse processo através das atividades de planejamento de desenvolvimento e produção.

Normalmente o prazo do custo meta varia conforme as alterações do produto, desde o seu planejamento até a produção em massa. Dependendo a forma como o custo meta é aplicado este prazo pode chegar

a três anos.

Relação custeio variável/custo meta Conforme citado no início do capítulo 3, o Custo Meta é um processo estratégico de gerenciamento de custos para reduzir os custos totais a partir dos estágios de planejamento e de desenho do produto. Atinge a meta concentrando os esforços integrados de todos os departamentos de uma empresa, tais como marketing, engenharia, produção e contabilidade, para tanto, utiliza-se primeiramente do Custeio por Absorção. Através do Custeio por Absorção, todos os custos de produção são apropriados aos produtos elaborados de forma direta e através de rateios. Martins (2001, p. 41) define que Custeio por Absorção é o método derivado da aplicação dos princípios de contabilidade geralmente aceitos e consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção. Todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos.

Esse método pode apresentar falhas como instrumento na tomada de decisões, uma vez que os rateios dos custos fixos podem ser aplicados de forma arbitrária, “carregando” mais um produto que outro no que diz respeito a alocação destes custos, no entanto, representam o ponto de partida para que os custos sejam analisados e para que se encontre mecanismos para minimizá-los. Entra aí o custeio meta e o custeio variável Para que se possa atingir esse limite mínimo, são utilizadas as diversas ferramentas gerenciais do Custeio Variável, a começar pela análise da Margem de Contribuição de cada produto, passando necessariamente pela análise de custo, volume e lucro e desembarcando na análise da margem de contribuição.

Após a aplicação das ferramentas gerenciais do Custeio Variável, tendo esgotadas todas as possibilidades de negociação de preço e observando ainda que o produto não tem penetração, ou não proporciona o lucro desejado, o caminho é

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2005 o retorno à prancheta, ou seja, o produto volta para a fase de planejamento e desenho, refletindo assim a aplicação do custo meta. Conclusão

Ao abordarmos o assunto Custo Meta devemos compreender sua importância como uma grande ferramenta de gestão para as empresas. A exigência do mercado consumidor e o aumento da concorrência fez com que se criasse uma ferramenta capaz de não somente controlar os custos, mas também gerenciar o lucro.

Estudando o Conceito de Custeio Variável e suas aplicações gerencias, pudemos verificar que essas aplicações também podem ser utilizadas no Custo Meta na fase de negociação de preço dos produtos.

Como o preço do produto depende muito de fatores externos, tais como mercado consumidor e concorrência, mesmo que consigamos atingir o ponto de equilíbrio do produto ou se tivermos uma boa alavancagem operacional, caso esse mercado não veja o produto de forma satisfatória, voltamos o produto para a fase de planejamento e desenho, que é onde se inicia o Custo Meta.

Referências Bibliográficas

BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1995.

COGAN, Samuel. Custos e Preços: Formação e Análise. São Paulo: Pioneira, 1999.

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SAKURAI, Michiharu. Gerenciamento Integrado de Custos. 1.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

SANTOS, Joel José dos. Formação de Preços e do Lucro. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1991.

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