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III CARACTERIZAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DO SERVIÇO DE VARRIÇÃO PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GOIANÉSIA (GO)

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Academic year: 2021

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

III-187 - CARACTERIZAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DO SERVIÇO DE VARRIÇÃO

PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GOIANÉSIA (GO)

Simone Costa Pfeiffer(1)

Engenheira Geóloga. Doutora em Engenharia Civil na Área de Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo (EESC/USP). Professora do curso de especialização em Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólido e Líquido da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás (EEC/UFG). Consultora na Área de Resíduos Sólidos.

Eraldo Henriques de Carvalho

Engenheiro Civil. Doutor em Engenharia Civil na área de Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC/USP). Professor adjunto da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás (EEC/UFG), na área de Hidráulica e Saneamento, e coordenador do curso de especialização em Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólido e Líquido da EEC/UFG.

Endereço(1): Escola de Engenharia Civil /UFG. Praça Universitária, s/n – Setor Universitário - Goiânia - GO - CEP: 74.605-220 - Brasil - Tel: (62) 209-6093 - e-mail: scpfeiffer_04@yahoo.com.br

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo a otimização do serviço de varrição prestado pelo município de Goianésia (GO). Para o seu desenvolvimento, foram realizados testes de produtividade com alguns varredores observando-se a velocidade média alcançada por eles, assim como o tempo gasto e a qualidade do serviço executado. Além disso, foram coletadas informações sobre o plano de varrição atualmente existente. Os equipamentos utilizados pelos varredores e o estado de conservação dos mesmos também foram observados e registrados com o uso de uma máquina fotográfica digital. De acordo com o levantamento realizado, cerca de 40% das ruas calçadas não são varridas atualmente. No que se refere aos trabalhadores da varrição, constatou-se que a idade predominante situa-constatou-se na faixa dos 42 aos 57 anos. A produtividade média alcançada pelos trabalhadores acompanhados foi de 3.000 metros/sarjeta.dia; entretanto, esse rendimento mostrou-se variável e dependente das características dos logradouros e da freqüência da varrição. Considerando-se o período de trabalho dos funcionários e a faixa etária prevalecente, para a otimização do serviço de varrição, que foi estendido a todas as ruas calçadas do município, utilizou-se como padrão para a definição das rotas um rendimento de 2.800 metros/sarjeta.dia.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos sólidos, varrição, otimização.

INTRODUÇÃO

O município de Goianésia, localizado no Estado de Goiás, possui uma população de 49.047 habitantes (IBGE, 2000). Atualmente, o serviço de varrição das vias públicas é realizado por funcionários da prefeitura, que conta com dois grupos de varrição. Entretanto, não há um sistema padronizado para a execução desses serviços.

Os problemas são evidenciados quando se realiza algum evento importante para a região, como é o caso da Exposição Agropecuária, já que parte das equipes de limpeza é remanejada e determinadas ruas da cidade deixam de serem varridas.

Fatores como falta de conscientização da população também dificultam a prática de uma limpeza mais ágil, necessitando de um esforço maior por parte dos varredores para a execução do serviço, principalmente na região central, onde o descarte de papéis, tocos de cigarro e embalagens de alimentos é mais freqüente. A ausência de lixeiras públicas em locais estratégicos incentiva a população a jogar o lixo em locais inadequados.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Para a caracterização do atual serviço de varrição, foram recolhidas informações com os responsáveis pelos dois setores de varrição atualmente existentes. Os roteiros diários de todos os varredores foram registrados em mapa digitalizado com o auxílio do software AutoCad.

A análise do desempenho dos varredores foi realizada através do acompanhamento de três varredoras. Neste acompanhamento foram avaliados os tempos gastos com a realização da limpeza por quarteirão, a qualidade do serviço prestado, a distância varrida, e outras observações de interesse como, por exemplo, a pontualidade das funcionárias.

Foram, também, anotados os itinerários percorridos por cada um dos garis em estudo para comparação com os roteiros estabelecidos pela Prefeitura. O comprimento e a largura das ruas em estudo foram medidas com uma trena. Essa informação, aliada ao tempo gasto para a conclusão da varrição em cada quarteirão permitiu o cálculo da velocidade média de cada varredor.

Com o uso de uma máquina fotográfica digital, foram registrados os modelos de equipamentos utilizados pelos varredores e o estado de conservação dos mesmos. Foram também registrados detalhes das vias e do serviço prestado.

A otimização das rotas foi feita com base no levantamento dos trechos e distâncias varridas atualmente e no desempenho dos varredores. Dados como topografia, freqüência das varrições e idade dos trabalhadores também foram utilizadas para definir a distância média padrão de varrição.

RESULTADOS OBTIDOS

Na cidade de Goianésia, a limpeza urbana é dividida em duas áreas distintas: Área Central e Área Carrilho, delimitadas pelo Córrego Calção de Couro. Em ambas as áreas, que contam, atualmente, com 35 e 30 varredores, respectivamente, o trabalho é realizado de segunda a sexta-feira, das 07:00 às 17:00 horas. Aos sábados, geralmente, as equipes de varrição são escaladas para a realização de limpeza na região central da cidade e em algumas ruas de bairros que não são varridas durante a semana (ruas que deveriam ser varridas por trabalhadores que pediram aposentadorias, transferência de função, ou afastamento por motivo de saúde).

Através do mapeamento dos pontos de varrição, constatou-se que cerca de 40% das ruas calçadas não são varridas atualmente. De acordo com os funcionários responsáveis pelo serviço, esse alto índice se deve à falta de funcionários.

DADOS DOS VARREDORES

O grau de escolaridade predominante entre os trabalhadores da varrição é o 1º grau incompleto. Quanto à faixa etária, foi registrado um maior número de servidores com idades variando de 42 a 57 anos. Nas Tabelas 1 e 2 encontram-se apresentados, respectivamente, alguns dados obtidos sobre os varredores.

Tabela 1: Dados sobre os varredores da Área Central.

Quantitativos Dados

Homens Mulheres

Nº de Garis 03 32

Percentual (%) 8,57 91,43

Idade Média (anos) 55 42

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Tabela 2: Dados sobre os varredores da Área Carrilho.

Quantitativos Dados

Homens Mulheres

Nº de Garis 15 15

Percentual (%) 50,0 50,0

Idade Média (anos) 57 44

Faixa etária entre 55-59 anos 7 1

ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS VARREDORES DO SEXO FEMININO

As características dos logradouros varridos pelas funcionárias acompanhadas durante o estudo encontram-se apresentados na Tabela 3.

Tabela 3: Características urbanísticas dos trechos acompanhados durante o teste de produtividade das varredoras.

Características Varredora 01 Varredora 02 Varredora 03

Extensão entre as ruas (m) 207 207 207

Extensão total a ser varrida (m) 1.450 1.550 1.550

Pavimentação Asfalto Asfalto Asfalto

Freqüência de varrição Diária Diária Diária

Turno de varrição Diurno Diurno Diurno

Sexo do pessoal Feminino Feminino Feminino

Idade 51 44 44

Qualidade do serviço prestado Boa Boa Boa

A velocidade média de varrição da primeira quadra, obtida para cada varredora, encontra-se apresentada na Tabela 4.

Tabela 4: Velocidade de varrição obtida na primeira quadra varrida.

Parâmetro Varredora 01 Varredora 02 Varredora 03

Distância varrida (m) 414 414 414

Tempo de Varrição (min) 62 69 90

Velocidade (m/min) 6,67 6,00 4,60

Durante o teste de produtividade realizado, a varredora 03 demorou aproximadamente 30 minutos a mais que a varredora 01 para concluir a primeira quadra. Segundo informações prestadas pela varredora 03, no dia anterior não houve a limpeza do trecho por ela varrido já que a funcionária foi remanejada para a 31ª Exposição Agropecuária de Goianésia, período festivo em que se comemorou os 50 anos da cidade. Além disso, o acúmulo de resíduos sólidos nesta rua torna-se favorável pelo fato de ser uma região bem arborizada, e paralela a principal avenida da cidade.

Na primeira quadra, a velocidade média alcançada pelas varredoras acompanhadas foi de 5,77 m/min. O tempo gasto para a varrição foi influenciado, dentre outros fatores, pela freqüência com que ocorre a limpeza dos logradouros e pelas características dos mesmos. No caso de Goianésia, a arborização de algumas ruas interferiu bastante nos resultados.

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ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS VARREDORES DO SEXO MASCULINO

As características do logradouro varrido e alguns dados sobre os funcionários acompanhados encontram-se apresentados na Tabela 5.

Tabela 5: Parâmetros avaliados durante o teste de produtividade dos homens.

Parâmetros Características

Topografia Inclinado

Extensão total a ser varrida (m) 1.850

Pavimentação Asfalto

Freqüência de varrição Diária

Turno de varrição Diurno

Nº pessoas por Equipe 1

Idade (varredor 1 varredor 2)

55 62

Qualidade do serviço prestado Boa

O trecho acompanhado neste teste pertencia à principal avenida da cidade. Como a avenida é dividida por um canteiro central, cada varredor se posicionou em um sentido diferente da mesma. O varredor 1 completou os 1.850 m em 7 h e 35 min, obtendo uma velocidade média de 4,88 m/min. O varredor 2 terminou o serviço em 7 h e 40 min, o que resultou em uma velocidade média de 4,82 m/min.

Embora os homens tenham conseguido varrer, em um dia, um trecho de 1.850 metros que conta com estacionamento e comércio, o trabalho foi facilitado por não haver uma grande quantidade de lixo no local já que, além da varrição diária, a arborização não é significativa.

Com relação as velocidades médias de varrição obtidas durante os teste de produtividade (tanto no caso das mulheres como no dos homens), verifica-se que as mesmas encontram-se próximas à obtida por Machado et al. (1999), no Município do Rio de Janeiro. No estudo desenvolvido pelos citados autores, a velocidade média de varrição de sarjetas sem estacionamento foi de 4,94 m/min, enquanto que nas ruas com estacionamento, foi de 3,95 m/min. Portanto, as velocidades obtidas para Goianésia estão adequadas às médias encontradas na literatura.

Além disso, acredita-se que a eficiência do serviço possa melhorar ainda, já que não se registrou, em nenhum momento, uma fiscalização por parte da prefeitura, de modo a conferir o andamento dos serviços. Esta “falha” não estimula o servidor a cumprir os horários estabelecidos. Uma das varredoras parou o serviço às 15h:45min alegando não ter mais sacos vazios disponíveis para continuar a limpeza da rua.

A utilização correta de vassouras mais adequadas que a de palha, atualmente utilizada no município, também irá contribuir para um melhor rendimento dos trabalhadores da varrição.

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA LIMPEZA DAS RUAS

Os materiais utilizados pelos varredores para a limpeza das ruas são basicamente os seguintes: carrinho para o transporte de lixo (lutocar); sacos para o acondicionamento dos resíduos; duas vassouras e pá. O tipo de vassoura mais utilizada é a de palha. Na Figura 1 encontram-se apresentados os materiais usados na varrição.

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Figura 1. Equipamentos utilizados pela equipe de varrição de Goianésia.

Durante um teste efetuado com uma vassoura de nylon, os garis reclamaram da eficiência dessa por considera-la muito dura e pesada, o que dificultaria o trabalho por necessitar de maior esforço físico para a execução da limpeza. Observou-se que, durante a limpeza, não houve um manuseio correto desta vassoura (Figura 2). Neste caso, ao invés da varredora empurrar o lixo, ela o trazia para si.

C

D

Figura 2. Utilização incorreta da vassoura de nylon.

OTIMIZAÇÃO DAS ROTAS

No município de Goianésia, a existência de roteiros envolvendo pequenas distâncias é significativa.

Com o redimensionamento proposto, as diferenças existentes entre os trechos a serem varridos em cada roteiro são eliminadas. No novo modelo, cada varredor será responsável pela varrição de 2.800 metros/sarjeta.dia, ou

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Novas rotas de varrição foram, então, propostas procurando-se, sempre que possível, distribuir os roteiros segundo uma topografia favorável à operação, o que colaborará para o menor desgaste do gari e para a redução do tempo de serviço. As desigualdades observadas entre os trechos varridos por cada um dos varredores foram eliminadas.

Na Figura 3 encontram-se ilustrados dois dos atuais roteiros de varrição que exemplificam bem as discrepâncias observadas entre os roteiros. Neste caso, a rota denominada tva4 compreende apenas 988,00 m. Já na rota tva8, a extensão a ser varrida é de 2.225,00 m.

19 25 27 29 Ru a 36 Ru a 34 Ru a 38 Av . Go iás A v. tva4 tva8

Figura 3. Trecho dos atuais roteiros de varrição – tva4 e tva8.

Na Figura 4 encontra-se ilustrado o mesmo trecho apresentado na Figura 1, entretanto, com os roteiros otimizados. Neste caso, foram definidas três diferentes rotas, cada uma cobrindo aproximadamente 1.400 m.

40 A v. 19 38 21 Ru a Ru a 36 23 25 27 Ru a 29 Co nto rn o

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CONCLUSÕES

A produtividade dos varredores pode melhorar ainda mais com a utilização de uma vassoura mais adequada e com a implantação de uma fiscalização mais rígida. O cumprimento dos horários e o suporte ao trabalhador em campo são essenciais.

A instalação de papeleiras, principalmente na área central, também contribuirá para a manutenção da limpeza nas ruas e, conseqüentemente, para agilizar o serviço de varrição.

Na nova concepção proposta, o serviço de varrição foi estendido a todas as ruas calçadas do município e os varredores foram contemplados com roteiros mais homogêneos, evitando-se as distorções observadas no roteiro atual.

Após a implantação das novas rotas, é importante que sejam realizados acompanhamentos em campo para que possíveis distorções existentes sejam detectadas e corrigidas.

A avaliação e o reajuste do projeto deverão ser sistemáticos e contínuos, a fim de mantê-lo atualizado, através de um monitoramento eficaz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. IBAM. Manual de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Coordenação técnica: Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro, 15 ed. 2001.

2. LIMA, J. D. Gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil. ABES, 1999.

3. MACHADO, L.S, et al. 20º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2002. Págs 3716 e 3717. 2002.

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