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MAPEAMENTO UTILIZANDO ANA LISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS

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Academic year: 2021

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MAPEAMENTO UTILIZANDO AN ´ALISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS

Stephanie Kamarry, Lucas Molina, Jugurta Rosa Montalv˜ao Filho, Eduardo Olveira Freire, Elyson ´Adan Nunes Carvalho

Grupo de Pesquisa em Rob´otica da UFS (GPRUFS)

Departamento de Engenharia El´etrica da Universidade Federal de Sergipe (DEL/UFS) Av. Marechal Rondon, S˜ao Crist´ov˜ao, SE, Brasil

Emails: skamarry@gprufs.org, lmolina@ufs.br, jmontalvao@ufs.br, efreire@ufs.br, ecarvalho@ufs.br

Abstract— This paper presents a new approach to mapping using Principal Component Analysis that allows the representation of the environment with low computational cost. The proposed method makes no use of probability models and is independent of the grid resolution. The developed technique is also applied as a pre-processing step together with other mapping technique, the occupancy grid, improving its results. The results for each application of the proposed method are presented and discussed.

Keywords— Mapping, Principal Component Analysis (PCA), Robotics.

Resumo— Neste artigo ´e apresentada uma nova abordagem para mapeamento utilizando An´alise de Com-ponentes Principais que permite a representa¸c˜ao do ambiente com baixo custo computacional, independente de modelos de probablidade e que, al´em disso, tamb´em independe da resolu¸c˜ao da discretiza¸c˜ao do ambiente. A t´ecnica desenvolvida ´e tamb´em aplicada como pr´e-processamento juntamente com outra t´ecnica de mapeamento, a grade de ocupa¸c˜ao, melhorando os resultados da mesma. Os resultados referentes a cada uma das aplica¸c˜oes do m´etodo proposto s˜ao apresentados e discutidos.

Palavras-chave— Mapeamento, An´alise de Componentes Principais (PCA), Rob´otica. 1 Introdu¸c˜ao

Em Rob´otica, dentre outras coisas, s˜ao desenvol-vidos dispositivos capazes de realizar tarefas com eficiˆencia e precis˜ao, incluindo tarefas imposs´ıveis de serem executadas pelo homem sem risco de vida, como por exemplo desarmamento de bom-bas.

Segundo (Pedrosa et al., 2006) as pesqui-sas em rob´otica m´ovel frequentemente direcionam seus esfor¸cos para o desenvolvimento de agentes autˆonomos capazes de interagir com seu ambiente de trabalho. Neste sentido, ´e imprescind´ıvel que os robˆos tenham a capacidade de localizar-se com precis˜ao em rela¸c˜ao a um sistema global de refe-rˆencia espacial.

Um dos m´etodos mais utilizados para estimar a posi¸c˜ao de um robˆo m´ovel ´e a odometria que, normalmente, utiliza a informa¸c˜ao proveniente de um encoder ´otico. Esse m´etodo baseia-se na in-tegra¸c˜ao incremental das medi¸c˜oes de velocidade do robˆo ao longo do tempo, gerando um erro de posicionamento impercept´ıvel a curto prazo, a de-pender da resolu¸c˜ao do sensor utilizado (Carvalho et al., 2010). No entanto, para aplica¸c˜oes con-tinuadas, o erro acumulado cresce com o tempo, prejudicando a estima¸c˜ao da posi¸c˜ao do robˆo.

Em aplica¸c˜oes de longa dura¸c˜ao, uma poss´ıvel solu¸c˜ao para o problema da odometria ´e a utili-za¸c˜ao de uma medi¸c˜ao de posi¸c˜ao absoluta como, por exemplo, o GPS (do inglˆes, Global Positioning System) ou uma cˆamera em terceira pessoa. No entanto, nem sempre esses m´etodos s˜ao aplic´aveis a quaisquer problemas de localiza¸c˜ao. O GPS, por

exemplo, tem problemas em locais densos e cober-tos e a cˆamera em terceira pessoa restringe muito a ´area de atua¸c˜ao do robˆo, al´em de ser inadequada para ambientes externos.

Nesses casos, uma alternativa mais vi´avel ´e a utiliza¸c˜ao de caracter´ısticas do ambiente, como landmarks naturais ou artificiais, ou mesmo o pr´ o-prio mapa para corrigir, ou minimizar, os erros de odometria, melhorando assim a estima¸c˜ao da po-si¸c˜ao global do robˆo. No entanto, nem sempre ´e disponibilizado para o robˆo um mapa a priori do ambiente, o que gera uma demanda importante pela constru¸c˜ao de uma representa¸c˜ao do ambi-ente de opera¸c˜ao. A constru¸c˜ao dessa representa-¸

c˜ao ´e chamada de mapeamento.

Na rob´otica, mapas s˜ao as estruturas de da-dos que cont´em informa¸c˜oes a respeito do ambi-ente que um robˆo pode utilizar para se localizar ou planejar a execu¸c˜ao de uma tarefa (D.Kortenkamp et al., 1998). A natureza destes dados depende do tipo de informa¸c˜ao que os sensores disponibilizam. Essas informa¸c˜oes representam uma abstra¸c˜ao das caracter´ısticas do ambiente geradas pelos sensores que, normalmente, possuem um ru´ıdo de medi¸c˜ao associado, ou mesmo falhas da medi¸c˜ao. Esses problemas podem dificultar, ou mesmo impedir, a obten¸c˜ao de uma boa estima¸c˜ao da posi¸c˜ao do robˆo no ambiente.

O campo do mapeamento em rob´otica esta en-tre os mais ativos em pesquisas com robˆos m´oveis (D.Kortenkamp et al., 1998; Thorpe and Durrant-whyte, 2001). Dadas as medi¸c˜oes sensoriais a res-peito da posi¸c˜ao dos obst´aculos no mapa, h´a mui-tas maneiras de integr´a-las em uma representa¸c˜ao

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´

util para a navega¸c˜ao autˆonoma de robˆos m´oveis. Essa representa¸c˜ao do ambiente ´e feita, normal-mente, atrav´es de duas abordagens distintas: ma-pas geom´etricos e mapas topol´ogicos.

Mapas topol´ogicos n˜ao possuem informa¸c˜oes expl´ıcitas sobre a geometria do ambiente, sendo tipicamente representados por elos conectados a n´os. Os elos representam as conex˜oes entre os n´os que, por sua vez, representam regi˜oes inteiras do ambiente, podendo inclusive conter obst´aculos, o que caracteriza esse tipo de representa¸c˜ao como mapas de alto n´ıvel ou qualitativos.

Mapas geom´etricos cont´em informa¸c˜ao da ge-ometria do ambiente, da posi¸c˜ao dos objetos e dis-tˆancia entre esses. T´ecnicas como grade de ocupa-¸

c˜ao (Elfes, 1989) e conex˜ao de pol´ıgonos (Heckbert and La, 1983) s˜ao exemplos cl´assicos desse tipo de representa¸c˜ao tamb´em chamados de mapas quan-titativos.

Nas ´ultimas duas d´ecadas a constru¸c˜ao do mapa atrav´es do uso da grade de ocupa¸c˜ao tornou-se o paradigma dominante para a repretornou-senta- representa-¸

c˜ao de ambientes por robˆos m´oveis (Elfes, 1989; D.Kortenkamp et al., 1998; Konolige and Chou, 1999). Segundo (Elfes, 1989), a grade de ocupa-¸

c˜ao ´e um campo multidimensional aleat´orio que mant´em as estimativas estoc´asticas do estado de ocupa¸c˜ao de cada c´elula em uma treli¸ca espacial. No entanto, os m´etodos baseados em grade de ocupa¸c˜ao sofrem com problemas associados `a resolu¸c˜ao da grade utilizada, uma vez que as me-didas de probabilidade somente s˜ao utilizadas no espa¸co depois de feita essa discretiza¸c˜ao. Al´em disso, as modifica¸c˜oes propostas ao longo dos anos para melhorar o desempenho do m´etodo original (Elfes, 1989) est˜ao, em sua maioria, relacionadas com o modelo de probabilidade associado, o que evidencia a influˆencia desse modelo no resultado da grade de ocupa¸c˜ao.

Buscando desenvolver uma t´ecnicas de mape-amento utilizando grades regulares, que seja inde-pendente de modelos de probabilidade e que, al´em disso, seja independente tamb´em da resolu¸c˜ao da discretiza¸c˜ao do ambiente, ´e proposto nesse artigo uma nova t´ecnica de mapeamento utilizando An´ a-lise de Componentes Principais, a PCA.

Na t´ecnica proposta, a PCA ´e utilizada na detec¸c˜ao dos sensores com falhas ou com valores elevados de ru´ıdo de medi¸c˜ao, fazendo com que a informa¸c˜ao destes n˜ao seja considerada na cons-tru¸c˜ao do mapa. Al´em disso, ´e utilizado ainda um pr´e-processamento da informa¸c˜ao para reconher medi¸c˜oes saturadas, evitando que estas polarizem o resultado da PCA.

A utiliza¸c˜ao da An´alise de Componentes Prin-cipais para solucionar esse problema baseia-se na existˆencia de uma elevada correla¸c˜ao entre as lei-turas dos sensores. Assim sendo, ´e poss´ıvel de-terminar a ocorrˆencia de alguma anomalia na me-di¸c˜ao dos sensores observando apenas as

altera-¸

c˜oes na matriz de correla¸c˜ao dos dados sensoriais. Uma vez detectados os sensores com problema, a leitura destes ´e, temporariamente, desconsiderada na constru¸c˜ao do mapa, at´e que este volte `a nor-malidade.

´

E mostrado ainda, que a t´ecnica desen-volvida pode tamb´em ser utilizada como pr´ e-processamento em outras t´ecnicas de mapea-mento, como por exemplo, a grade de ocupa¸c˜ao (Elfes, 1989), diminuindo a sensibilidade desta ´ ul-tima a grades de alta resolu¸c˜ao.

Esse trabalho est´a organizado da seguinte forma: Na se¸c˜ao 2 ´e apresentado o m´etodo de ma-peamento proposto nesse trabalho. Na se¸c˜ao 3 ´e demonstrada a aplica¸c˜ao da t´ecnica desenvolvida nesse trabalho como pr´eprocessamento, utilizando o m´etodo de grade de ocupa¸c˜ao como exemplo. Por fim, s˜ao apresentadas as conclus˜oes na se¸c˜ao 4, seguidas pelos agradecimentos e referˆencias bil-biogr´aficas.

2 Mapeamento utilizando PCA Como explicado na se¸c˜ao 1, a qualidade da infor-ma¸c˜ao proveniente dos sensores influencia direta-mente no resultado final de um sistema de mape-amento.

A busca por solu¸c˜oes para o problema de ma-peamento passa, normalmente, por duas etapas, quais sejam: (i ) processamento da informa¸c˜ao sensorial para identificar as informa¸c˜oes confi´ a-veis; e (ii ) escolha de uma forma adequada de representa¸c˜ao do mapa, tendo esta ´ultima grande influˆencia tamb´em no problema de detec¸c˜ao de er-ros e falhas sensoriais.

Um caminho comum a muitos autores ´e a busca por solu¸c˜oes para o problema de mapea-mento atrav´es da identifica¸c˜ao dos sensores que apresentam anomalias, como por exemplo em (O’Callaghan et al., 2009; Elfes, 1989; Pagac et al., 1998), onde as medi¸c˜oes n˜ao confi´aveis s˜ao desconsideras utilizando modelos de probabi-lidade.

Neste trabalho, ´e proposto um novo m´etodo para identificar os sensores com medi¸c˜oes n˜ao con-fi´aveis a partir da An´alise de Componentes Prin-cipais (PCA) desses dados. Esta t´ecnica baseia-se na ideia de que existe uma elevada correla¸c˜ao entre as leituras dos sensores e que h´a uma modifica¸c˜ao na correla¸c˜ao dos dados diante da ocorrˆencia de anomalias.

A PCA ´e aplicada em blocos de tempos con-secutivos (online), identificando se h´a ocorrˆencia de anomalias nos dados adquiridos e indicando os sensores com medi¸c˜oes problem´aticas. Ap´os a etapa da PCA, s˜ao quantificados os erros de cada sensor atrav´es do m´etodo MSPE (Mean Square Prediction Error ) (Wallach and Goffinet, 1989). Em seguida, levando em considera¸c˜ao o MSPE ob-tido, um limiar ´e definido com base na mediana

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do erro (Theodoridis and Koutroumbas, 2006), uma das estat´ısticas de ordena¸c˜ao (order statis-tics) mais usadas em controle. Esse limiar ´e uti-lizado para separar as medi¸c˜oes com problemas da informa¸c˜ao confi´avel, permitindo a utiliza¸c˜ao apenas dessa ´ultima para construir o mapa.

Na se¸c˜ao 2.1 ser´a detalhado o funcionamento da PCA de modo geral e, em seguida, na se¸c˜ao 2.2, ser´a explicado como a PCA foi utilizada para solucionar o problema de mapeamento.

2.1 An´alise de Componentes Principais

Segundo (Araujo, 2009), a PCA ´e um modelo fa-torial no qual os fatores s˜ao baseados na variˆancia total dos dados considerados. Sendo um dos m´ e-todos multivariados mais simples, o objetivo da PCA ´e utilizar p vari´aveis:

X1, X2, . . . , Xp, (1) e encontrar combina¸c˜oes destas para produzir p ´ındices:

Z1, Z2, . . . , Zp (2) que sejam n˜ao correlacionados, que descrevam a varia¸c˜ao nos dados de entrada, equa¸c˜ao 1, e que estejam organizados de acordo com a sua ordem de importˆancia, ou seja:

V ar(Z1)≥ V ar(Z2)≥ . . . ≥ V ar(Zp). (3) em que V ar(Z1) denota a variˆancia de Z1.

Os ´ındices Zi da equa¸c˜ao 2 s˜ao ent˜ao as com-ponentes principais (Araujo, 2009). A falta de correla¸c˜ao entre os ´ındices Zi implica que esses ´ındices est˜ao medindo diferentes “dimens˜oes” dos dados. Quanto maior o valor do ´ındice, maior ´e a importˆancia da componente associada a ele.

De forma resumida, a metodologia da t´ecnica PCA pode ser descrita como a obten¸c˜ao dos auto-vetores e autovalores da matriz de covariˆancia que, por sua vez, ´e obtida a partir dos dados normali-zados. Os autovetores, especialmente aqueles com maiores autovalores associados, provˆeem impor-tantes informa¸c˜oes sobre o padr˜ao de distribui¸c˜ao dos dados (Duda et al., 2001).

2.2 Descri¸c˜ao do m´etodo proposto

O procedimento proposto para identificar os sen-sores com falhas ou com medi¸c˜oes n˜ao confi´aveis consiste nos seguintes passos: detectar se h´a al-guma medi¸c˜ao n˜ao confi´avel, localizar o sensor respons´avel por essa medi¸c˜ao e quantificar o peso deste problema.

Nos experimentos realizados, foram utilizados 32 sensores de distˆancia para a aquisi¸c˜ao de dados referentes `a posi¸c˜ao dos obst´aculos no ambiente. A cada medi¸c˜ao dos sensores, as 32 amostras cole-tadas s˜ao organizadas na forma de um vetor, como mostrado na equa¸c˜ao (4):

V [k] = [x1, . . . , xn, y1, . . . , yn]T, (4)

em que k indica o instante de tempo da medi-¸

ao, xi representa a coordenada x da medi¸c˜ao do sensor i, no sistema de coordenadas do robˆo, e yi representa a coordenada y da medi¸c˜ao do sensor i, tamb´em no sistema de coordenadas do robˆo.

Para a aplica¸c˜ao da An´alise de Componenetes Principais, ´e constru´ıda uma matriz M, a partir das amostras coletadas pelos sensores (equa¸c˜ao 4), da seguinte forma:

M =(V [k] V [k + 1] . . . V [k + t]). (5) Reescrevendo em fun¸c˜ao dos elementos mi,j:

M =      m1,1 m1,2 . . . m1,t m2,1 m2,2 . . . m2,t .. . ... . .. ... ml,1 ml,2 . . . ml,t     , (6)

cuja dimens˜ao ´e l×t, em que t ´e o n´umero de me-di¸c˜oes consideradas (n´umero de vetores V coleta-dos) e l ´e o tamanho do vetor de dados V, ou seja, 2n.

Para os experimentos conduzidos foram utili-zados 3 instantes de tempo, ou seja, t=3 na ma-triz M. Esse valor foi determinado experimental-mente como sendo o menor n´umero de amostras que permitiu detectar a ocorrˆencia de anomalias nas medi¸c˜oes sensoriais.

A t´ecnica da PCA exige que a m´edia dos da-dos seja zero para que o sistema funcione correta-mente. Para tanto, ´e preciso subtrair a m´edia dos dados da matriz M, gerando uma nova matriz de dados, G, com m´edia zero e mesma dimens˜ao de M.

O pr´oximo passo ´e calcular a matriz de cova-riˆancia de G (Gubner, 2006) e em seguida extrair seus autovetores e autovalores. Estes ´ultimos, re-presentam a energia dos autovetores associados, onde cada autovetor representa cada componente que comp˜oe os dados.

Calculados os autovalores, a componente de maior energia ´e ent˜ao utilizada para construir uma matriz ˆM . Essa matriz ´e uma transforma¸c˜ao mais representativa e geralmente mais compacta das observa¸c˜oes, ou seja, ´e uma proje¸c˜ao dos dados na dire¸c˜ao de maior relevˆancia - a componente prin-cipal.

Para quantificar as anomalias detectadas pela PCA, ´e calculado o MSPE da matriz ˆM em rela-¸

c˜ao `a matriz de dados originais M :

M SP E =l i=1t j=1(mi,j− ˆmi,j)2 l× t . (7)

Para obter resultados mais robustos, antes de utilizar o MSPE para definir as medi¸c˜oes que devem ser descartadas, o procedimento descrito acima ´e repetido para mais dois blocos de dados (mais duas matrizez M ), como mostrado na figura 1. Somente ap´os esse procedimento ´e que os sen-sores s˜ao separados em confi´aveis e n˜ao confi´aveis.

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Dessa forma, nos experimentos conduzidos nesse trabalho, os sensores s˜ao classificados a cada nove amostras de dados (a cada nove vetores V ), uma vez que a matriz M ´e montada com t=3 (equa¸c˜ao 6).

Figura 1: Diagrama de representa¸c˜ao do sistema utilizado.

Para determinar o M SP Ek do segundo e do terceiro blocos ilustrados na figura 1, ´e pre-ciso levar em conta o M SP E do bloco atual e o M SP Ek−1 do bloco anterior, ou seja:

M SP Ek = (1− α) × MSP Ek−1+ α× Erro, (8) em que a vari´avel Erro ´e o M SP E calculado uti-lizando apenas os dados do bloco atual, ou seja:

Erro =l i=1t j=1(mi,j− ˆmi,j)2 l× t . (9)

Al´em disso, o ´ındice α ´e utilizado para regular a importˆancia do instante anterior na medi¸c˜ao de erro atual, onde α = 1 significa m´ınima influˆencia e α = 0 m´axima influˆencia da medida anterior.

Terminado o terceiro bloco (figura 1), o M SP E resultante ´e ent˜ao utilizado para deter-minar quais medi¸c˜oes devem ser descartadas, por apresentarem algum tipo de desvio anormal, e quais devem ser mantidas na constru¸c˜ao do mapa. Essa separa¸c˜ao ´e feita utilizando uma limiariza¸c˜ao com base no valor mediano (Theodoridis and Kou-troumbas, 2006). A mediana ´e uma das estat´ıs-ticas de ordena¸c˜ao (order statistics) mais usadas em controle, tendo como caracter´ıstica not´avel a robustez a outliers.

Na adapta¸c˜ao dessa estat´ıstica de ordem ao nosso problema, assumimos que o n´umero de ob-serva¸c˜oes oriundas de sensores defeituosos ´e “sem-pre” menor que a metade do total de observa¸c˜oes. Assim, adaptamos o limiar, a cada itera¸c˜ao, de forma que ele seja igual `a mediana dos M SP E, e descartamos todos os valores acima desse limiar.

Esse procedimento implica o descarte de obser-va¸c˜oes potencialmente “boas” mas, em contrapar-tida, garante o descarte de todas as observa¸c˜oes oriundas de sensores “ruins”.

Observamos, de forma emp´ırica, que esse des-carte sistem´atico de metade das observa¸c˜oes for-nece um resultado mais robusto que, por exemplo, quando s˜ao usados limiares baseados na m´edia e no desvio padr˜ao das observa¸c˜oes.

Mais especificamente, o limiar obtido, refe-rente aos nove primeiros vetores de dados (V ), ´e utilizado na separa¸c˜ao dos dados originais em dois grupos: dados confi´aveis e dados n˜ao confi´aveis.

O resultado obtido ´e apresentado na figura 2 em trˆes etapas: dados originais (figura 2.a); ape-nas os dados confi´aveis (figura 2.b); e o mapa re-sultante usando uma grade regular com resolu¸c˜ao 2.5×2.5 cm (figura 2.c).

(a) (b) (c)

Figura 2: Representa¸c˜ao dos primeiros 9 instantes de medi¸c˜ao: (a) com os dados originais; e (b) ap´os a aplica¸c˜ao do m´etodo proposto; (c) Representa-¸

c˜ao do mapa como uma grade regular de resolu¸c˜ao de 2.5×2.5 cm.

O procedimento descrito ´e repetido a cada grupo de nove vetores de dados, sempre excluindo as medi¸c˜oes consideradas pelo m´etodo como n˜ao confi´aveis. Uma vez que o m´etodo recome¸ca a cada nove instantes, o mapeamento proposto ´e ca-paz de reconhecer falhas de medi¸c˜ao intermitentes como as geradas por sensores ultrassˆonicos ao me-dir quinas ou obst´aculos estreitos.

Na figura 3 s˜ao apresentados os dados origi-nais obtidos pelos sensores em um experimento por simula¸c˜ao, considerando medi¸c˜oes boas e ruins. O m´etodo proposto ´e ent˜ao aplicado nesse experimento e o resultado obtido ´e apresentado na figura 4.a, utilizando para representar o mapa uma grade regular de resolu¸c˜ao 2.5×2.5 cm.

(5)

Figura 3: Representa¸c˜ao direta dos dados senso-riais originais como representa¸c˜ao do ambiente.

(a) (b)

Figura 4: Mapa resultante da aplica¸c˜ao do m´etodo proposto com: (a) resolu¸c˜ao de 2.5×2.5 cm; e (b) resolu¸c˜ao de 10×10 cm.

Para demosntrar a independˆencia do m´etodo proposto com rela¸c˜ao `a resolu¸c˜ao da grade regular, o m´etodo desenvolvido ´e novamente aplicado aos dados originais (figura 3) usando como represen-ta¸c˜ao do mapa uma grade regular com resolu¸c˜ao 10×10 cm (figura 4.b).

Como pode ser visto comparando as figuras 3 e 4, os sensores cujas medi¸c˜oes apresentaram fa-lhas ou algum tipo de anomalia foram detectados e suas medi¸c˜oes descartados para aquele bloco de dados, n˜ao influenciando no processo de mapea-mento.

3 Utiliza¸c˜ao do m´etodo proposto como pr´e-processamento

O m´etodo de mapeamento apresentado na se-¸

c˜ao 2.2 mostrou-se bastante eficiente, conseguindo descartar as medi¸c˜oes que poderiam criar distor-¸

c˜oes no mapa resultante. Apesar de ter sido uti-lizada a grade regular para representar o mapa, a t´ecnica desenvolvida com base na PCA n˜ao faz qualquer restri¸c˜ao quanto `a forma de representa-¸

c˜ao do mapa.

Considerando a independˆencia da t´ecnica de mapeamento desenvolvida nesse trabalho em re-la¸c˜ao `a representa¸c˜ao, ´e proposto ainda a utili-za¸c˜ao da t´ecnica apresentada na se¸c˜ao 2.2 como pr´e-processamento para outras t´ecnicas de mape-amento, melhorando assim o desempenho de m´ e-todos cl´assicos como, por exemplo, a grade de ocu-pa¸c˜ao (Elfes, 1989).

A ideia de utilizar o m´etodo proposto como uma etapa de pr´e-processamento dos dados, baseia-se na identifica¸c˜ao dos sensores que apre-sentam anomalia para que a informa¸c˜ao desses sensores n˜ao influencie no processo de mapea-mento, possibilitando assim, melhorar o desem-penho de outros m´etodos.

Para exemplificar a aplica¸c˜ao em quest˜ao, o m´etodo aqui proposto ser´a utilizado como pr´ e-processamento para a grade de ocupa¸c˜ao, uma das t´ecnicas de mapeamento mais utilizadas em rob´ o-tica.

Segundo (Elfes, 1989) a grade de ocupa¸c˜ao ´e um modelo multidmensional de campos aleat´orios que mant´em estimativas de probabilidade do es-tado de ocupa¸c˜ao de cada c´elula em uma estrutura espacial.

O algoritmo de grade de ocupa¸c˜ao ´e tido como um m´etodo de representa¸c˜ao do ambiente estre-mamente robusto e de f´acil implementa¸c˜ao, o que contribui para a sua popularidade. A sua principal limita¸c˜ao ´e a influˆencia da granularidade (ou reso-lu¸c˜ao) utilizada sobre resultado obtido. Em apli-ca¸c˜oes que necessitem de um mapa mais detalhado (maior resolu¸c˜ao da grade), a t´ecnica de grade de ocupa¸c˜ao perde sua robustˆes, ficando mais sens´ıvel a problemas nos sensores, resultando em mapas de menor qualidade (Thrun, 2002).

Na grade de ocupa¸c˜ao cada c´elula guarda uma probabilidade de estar ocupada, a qual ´e utilizada para classificar a regi˜ao como: livre ou n˜ao. O padr˜ao de ocupa¸c˜ao da c´elula geralmente utilizado ´e uma vers˜ao do filtro de Bayes (Moravec, 1988; Elfes, 1989). Em particular, os filtros de Bayes s˜ao utilizados para calcular o estado a posteriori de ocupa¸c˜ao de cada c´elula da grade.

Neste trabalho ´e utilizado como limiar do es-tado de ocupa¸c˜ao da c´elula a mesma t´ecnica uti-lizada na se¸c˜ao 2.2 (com base na mediana). Al´em disso ser´a utilizada uma medida de probabilidade cumulativa (Gubner, 2006) para modelar os dados obtidos pelos sensores.

Para evidenciar a melhoria nos resultados ob-tidos com a aplica¸c˜ao da t´ecnica em quest˜ao, fo-ram conduzidos experimentos por simula¸c˜ao uti-lizando trˆes diferentes resolu¸c˜oes para a grade de ocupa¸c˜ao: 2.5×2.5 cm, 5×5 cm e 10×10 cm. A constru¸c˜ao do mapa nesses experimentos foi rea-lizada de duas formas: utilizando apenas a grade de ocupa¸c˜ao e utilizando a t´ecnica proposta nesse trabalho como pr´e-processamento para a grade de ocupa¸c˜ao. Nas figuras 5, 6 e 7 s˜ao mostra-dos os resultamostra-dos para as resolu¸c˜oes de 2.5, 5 e 10 cm, respectivamente. Nessas figuras, os gr´ afi-cos da direita representam os resultados obtidos apenas pela grade de ocupa¸c˜ao e os gr´aficos da esquerda representam os resultados utilizando a grade de ocupa¸c˜ao e o m´etodo proposto nesse tra-balho como pr´e-processamento.

(6)

(a) (b)

Figura 5: Mapa com resolu¸c˜ao de 2.5×2.5 cm usando: (a) a grade de ocupa¸c˜ao com o pr´ e-processamento proposto; e (b) apenas a grade de ocupa¸c˜ao.

(a) (b)

Figura 6: Mapa com resolu¸c˜ao de 5×5 cm usando: (a) a grade de ocupa¸c˜ao com o pr´e-processamento proposto; e (b) apenas a grade de ocupa¸c˜ao.

4 Conclus˜ao

Neste artigo foi apresentado um novo m´etodo de mapeamento baseado no uso da PCA e em uma representa¸c˜ao do mapa por grade regular.

Os resultados obtidos mostraram que o m´ e-todo proposto foi capaz de reconhecer as informa-¸

c˜oes sensoriais n˜ao confi´aveis e descart´a-las, ga-rantindo uma boa representa¸c˜ao do mapa na grade regular. Al´em disso, a aplica¸c˜ao do m´etodo em grades de diferentes resolu¸c˜oes mostra a sua in-sensibilidade a essa caracter´ıstica.

(a) (b)

Figura 7: Mapa com resolu¸c˜ao de 10×10 cm usando: (a) a grade de ocupa¸c˜ao com o pr´ e-processamento proposto; e (b) apenas a grade de ocupa¸c˜ao.

O sistema proposto possui baixo custo com-putacional, ´e de f´acil implementa¸c˜ao, ´e ´otimo em rela¸c˜ao ao erro m´edio quadr´atico de predi¸c˜ao e n˜ao necessita de qualquer conhecimento a priori da fun¸c˜ao de densidade de probabilidade (pdf ) dos sensores.

Foi apresentada ainda a utiliza¸c˜ao do m´ e-todo desenvolvido como uma etapa de pr´ e-processamento para outros m´etodos de mapea-mento, possibilitando a obten¸c˜ao de melhores re-sultados nesses m´etodos e garantindo a eles uma menor sensibilidade `a resolu¸c˜ao da grade utilizada para representar o mapa resultante.

Como trabalhos futuros prop˜oe-se a imple-menta¸c˜ao de novas t´ecnicas de limiariza¸c˜ao como tamb´em a an´alise da influˆencia dos intervalos de tempo em que a PCA ´e aplicada. Outra proposta de trabalho consiste em utilizar a t´ecnica desen-volvida juntamente com representa¸c˜oes cont´ınuas do mapa como, por exemplo, utilizando segmentos de retas.

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer ao CNPq pelo apoio financeiro que tornou poss´ıvel a realiza¸c˜ao desse trabalho.

Referˆencias

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Referências

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