Gastr
oenter
ologia v
ol.
1
Principais temas
para provas
SIC
CLÍNICA
CIRÚRGICA
Autoria e colaboração
José Américo Bacchi Hora
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universida-de FeUniversida-deral Universida-de Pernambuco (UFPE). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde foi preceptor da disciplina de Coloproctologia.
Lúcia Cláudia Pereira Barcellos
Graduada pela Faculdade de Medicina da Universida-de FeUniversida-deral Universida-de Pelotas (UFPel). Especialista em Gas-troenterologia e em Endoscopia pelo Hospital do Ser-vidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). Título de especialista em Gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Título de espe-cialista em Endoscopia pela Sociedade Brasileira de Endoscopia (SOBED).
Fabio Colagrossi Paes Barbosa
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Residente em Cirurgia Geral pela Santa Casa de Campo Grande e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Mestre e dou-tor em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), do Colégio Brasileiro dos Cirurgiões (CBC) e do Capítulo Brasil da International Hepato-Pancreato-Biliary As-sociation (IHPBA). Professor adjunto de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMS e professor titular da Universidade Anhanguera-Uniderp. Coordenador da Residência Médica em Cirurgia Geral do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
Rafael Izar Domingues da Costa
Graduado em Medicina pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE). Especialista no Programa Avan-çado de Cirurgia Geral pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Rodrigo Biscuola Garcia
Graduado pela Faculdade de Ciência Médicas de San-tos (FCMS). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirur-gia do Aparelho Digestivo pelo Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP). Médico dos Hospitais São José e Sírio-Libanês.
Eduardo Bertolli
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Espe-cialista em Cirurgia Geral pela PUC-SP. Título de es-pecialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). Especialista em Cirurgia Oncológica pelo Hospital do Câncer A. C. Camargo, onde atua como médico titular do Serviço de Emergência e do
Núcleo de Câncer de Pele. Título de especialista em Can-cerologia Cirúrgica pela Sociedade Brasileira de Cance-rologia. Membro titular do CBC e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Instrutor de ATLS® pelo Núcleo da Santa Casa de São Paulo.
Fábio Carvalheiro
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Uni-versidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Cirurgia Oncológica pelo Instituto do Câncer Dr. Ar-naldo Vieira de Carvalho (IAVC) e em Cirurgia Geral pela Santa Casa de São Paulo.
Allan Garms Marson
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo HC-FMUSP, onde foi preceptor em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Colo-proctologia.
Marcelo Simas de Lima
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral, em Cirurgia do Aparelho Digestivo e em Endoscopia Di-gestiva pelo HC-FMUSP. Membro titular do Colégio Bra-sileiro de Cirurgia Digestiva e da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva.
Rodrigo Ambar Pinto
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde foi preceptor em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia. Fellow em Co-loproctologia e especialista em Fisiologia Anorretal pela Cleveland Clinic, Flórida.
Rogério Bagietto
Graduado pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Especialista em Cirurgia Geral pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e em Cirurgia Oncológica pelo Hospital do Câncer de São Paulo.
Yeda Mayumi Kuboki
Graduada pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP). Especialista em Cirurgia Geral pela Universidade de Santo Amaro (UNISA) e em Endoscopia Digestiva pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica da Emergência do Hospital do Câncer A. C. Ca-margo.
Hélio A. Carneiro
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Cirurgia Oncológica pela Fundação Antônio Prudente (A.C.Camargo Cancer Cen-ter). Cirurgião geral e oncológico dos Hospitais Adventis-ta, Paulistano e PREVENT.
Apresentação
O ensino médico é desafiador por natureza, e o estudante que se decide
pelos fascinantes caminhos da Medicina sabe disso. Fascínio advindo, em
grande parte, justamente das inúmeras possibilidades e, até mesmo,
obri-gatoriedades que se abrem para esse aluno logo que ele ingressa no ensino
superior, a ponto de ser quase impossível determiná-las ou mensurá-las.
Dessa rotina faz parte, por exemplo, um inevitável período de aulas
práti-cas e horas em plantões de vários blocos, não só o responsável por grande
parte da experiência que determinará a trajetória profissional desse aluno,
como também o antecedente imediato do seu ingresso em um programa
de Residência Médica que seja referência, no mínimo, em todo o país – o
que exigirá dele um preparo minucioso e objetivo.
Esse é o contexto em que toda a equipe de conteúdo da Medcel,
forma-da por profissionais forma-das áreas peforma-dagógica e editorial e médicos forma-das mais
diferentes especialidades, preparou a Coleção SIC Principais Temas para
Provas. O material didático destaca-se pela organização e pelo formato de
seus capítulos, inteiramente voltado à interação, com recursos gráficos e
dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamentos, temas frequentes
em provas, leituras recomendadas e outros destaques, sem os quais o
alu-no não deve prestar nenhum exame. Tudo isso somado às questões ao
fi-nal, todas comentadas a partir de uma estrutura que lhe permite identificar
o gabarito de imediato.
Com tudo isso, nossa equipe reforça o ideal de oferecer ao candidato uma
preparação completa e lhe assegura um excelente estudo.
Índice
Capítulo 1 -
Anatomia e fi siologia do
esôfago ...15
1. Anatomia ...16
2. Fisiologia ... 22
Resumo ... 26
Capítulo 2 -
Doença do refl uxo
gastroesofágico ...27
1. Introdução ... 28
2. Defi nição ... 28
3. Fisiopatologia ... 28
4. Diagnóstico ...32
5. Tratamento clínico ... 39
6. Tratamento cirúrgico ...41
7. Complicações da doença do refl uxo
gastroesofágico ...44
Resumo ...48
Capítulo 3 -
Afecções motoras do esôfago ...49
1. Acalasia idiopática e megaesôfago ...50
2. Síndrome de Boerhaave ... 59
3. Espasmo difuso do esôfago e esôfago “em
quebra-nozes” ...61
4. Esclerose sistêmica ... 65
Resumo ... 66
Capítulo 4 -
Outras afecções do esôfago ...67
1. Anéis esofágicos ...68
2. Membranas esofágicas ... 69
3. Divertículos de esôfago ... 70
4. Síndrome de Mallory-Weiss ...73
5. Estenose cáustica ...74
6. Esofagite eosinofílica ... 78
Resumo ...80
Capítulo 5 -
Câncer de esôfago ...81
1. Introdução ... 82
2. Fatores etiológicos ... 82
3. Anatomia patológica ... 83
4. Quadro clínico e diagnóstico ... 85
5. Estadiamento ... 87
6. Tratamento ...90
Resumo ... 98
Capítulo 6 -
Anatomia e fi siologia do
estômago ... 99
1. Anatomia ...100
2. Fisiologia ...106
Resumo ... 112
Capítulo 7 -
Dispepsia e Helicobacter pylori ...113
1. Defi nições ...114
2. Epidemiologia...114
3. Classifi cação ... 115
4. Fisiopatologia ...116
5. Diagnóstico ...118
6. Tratamento ... 120
7. Helicobacter pylori ... 121
Resumo ...126
Capítulo 8 -
Doença ulcerosa péptica ...127
1. Introdução ... 128
2. Epidemiologia... 128
3. Etiologia ... 128
4. Úlcera gástrica ...129
5. Úlcera duodenal ... 138
6. Úlceras atípicas ...141
7. Complicações das úlceras pépticas ... 142
Resumo ... 146
Capítulo 9 -
Tratamento cirúrgico da
obesidade mórbida ...147
1. Introdução ...148
2. Defi nição e classifi cação ...148
3. Indicação ... 149
4. Técnicas operatórias ... 151
5. Vias de acesso ...157
6. Complicações pós-operatórias ...157
7. Resultados ...159
Questões:
Organizamos, por
capítulo, questões
de instituições de
todo o Brasil.
Anote:
O quadrinho ajuda na lembrança futura
sobre o domínio do assunto e a possível
necessidade de retorno ao tema.
Questões
Cirurgia do Trauma
Atendimento inicial ao politraumatizado
2015 - FMUSP-RP
1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide
até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC =
140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:
a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomia
b) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomia
c) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomia d) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2015 - SES-RJ
2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:
a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motora
b) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundos c) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundos d) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2015 - UFES
3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:
a) verificar as pupilas b) verificar a pressão arterial c) puncionar veia calibrosa d) assegurar boa via aérea e) realizar traqueostomia
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2015 - UFG
4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:
a) 6 b) 7 c) 8 d) 9
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2015 - UFCG
5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:
a) aplicar morfina b) promover uma boa hidratação c) perguntar o nome d) lavar a face e) colocar colar cervical
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2014 - HSPE
6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea
Ci ru rgi a d o T ra um a Que st õe s
Comentários:
Além do gabarito oficial divulgado pela instituição, nosso
corpo docente comenta cada questão. Não hesite em
retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo
contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o
capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.
Comentários
Cirurgia do Trauma
Atendimento inicial ao politraumatizado
Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado,
ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.
Gabarito = D
Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em
con-ta a melhor resposcon-ta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.
Gabarito = D
Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com
rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.
Gabarito = D
Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow
está resumida a seguir:
Abertura ocular (O)
Espontânea 4 Ao estímulo verbal 3 Ao estímulo doloroso 2 Sem resposta 1
Melhor resposta verbal (V)
Orientado 5 Confuso 4 Palavras inapropriadas 3 Sons incompreensíveis 2 Sem resposta 1
Melhor resposta motora (M)
Obediência a comandos 6 Localização da dor 5 Flexão normal (retirada) 4 Flexão anormal (decor-ticação) 3 Extensão (descerebração) 2 Sem resposta (flacidez) 1
Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.
Gabarito = C
Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica
de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a perguntando-ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.
Gabarito = C
Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é
um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.
Gabarito = A
Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo
ATLS®, a melhor sequência seria:
A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.
B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.
C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.
D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.
E: manter o paciente aquecido. Logo, a melhor alternativa é a “c”.
Gabarito = C
Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que
deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.
Gabarito = A
Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente
poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e
garan-Ci ru rgi a d o T ra um a Com ent ár io s
8. Cirurgia metabólica ...160
Resumo ...160
Capítulo 10 -
Síndromes pós-operações
gástricas ... 161
1. Introdução ...162
2. Deiscências e fístulas ...163
3. Úlceras recidivadas ... 164
4. Gastroparesia ...165
5. Síndrome de dumping ...165
6. Gastrite alcalina ...167
7. Síndrome da alça aferente ... 168
8. Síndrome da alça eferente ... 168
9. Alterações nutricionais ...169
10. Conclusão ...169
Resumo ... 170
Capítulo 11 -
Neoplasia gástrica benigna e
maligna ... 171
1. Neoplasia gástrica benigna ...172
2. Adenocarcinoma gástrico ...174
3. Linfoma gástrico ...192
Resumo ...193
Capítulo 12 -
GIST ...195
1. Introdução ...196
2. Patologia ...196
3. Quadro clínico e diagnóstico...197
4. Tratamento ... 198
Anatomia e
fisiologia do
esôfago
Fábio Carvalheiro
Eduardo Bertolli
Yeda Mayumi Kuboki
Neste capítulo, faremos uma revisão da anatomia e fisio-logia do esôfago. O esôfago é um órgão tubulomuscular que transporta o alimento deglutido até o estômago por meio da peristalse coordenada e tem constrições anatô-micas relevantes: o esfíncter cricofaríngeo, a constrição broncoaórtica e a constrição diafragmática, além de diferir dos demais órgãos do trato gastrintestinal por não apresentar a camada serosa, fato de extrema rele-vância para os procedimentos cirúrgicos adotados na região, principalmente com relação a suturas e anasto-moses, devido à maior incidência de complicações, como fístulas e deiscências. O esôfago pode ser dividido em proximal, médio e distal, o que lhe confere irrigação e drenagem venosa/linfática por diferentes vasos que se relacionam a diferentes regiões. Difere do restante do tubo digestivo por não apresentar um sistema marca--passo e ritmo elétrico básico. O estímulo natural que ativa a sua musculatura é primariamente a deglutição e, secundariamente, a distensão de suas paredes. Os esfíncteres esofágicos, superior e inferior, mantêm-se contraídos e relaxam em resposta a estímulos espe-cíficos, que são descritos ao longo do capítulo. Esses assuntos normalmente são dados no ciclo básico da faculdade, mas acabam caindo no esquecimento; ainda assim, são cobrados com frequência razoável nas pro-vas, o que justifica revê-los.
1
Rodrigo Biscuola Garcia
Lúcia Cláudia Pereira Barcellos
Hélio A. Carneiro
sicgastroenterologia
16
1. Anatomia
O esôfago é um órgão tubulomuscular que mede de 25 a 35cm de
com-primento, com início próximo à cartilagem cricoide, ao nível de C6, e
término em T11. Tem posição mediana, porém se inclina levemente para
a esquerda, já na região cervical. O ponto de referência utilizado para
medir a distância de lesões esofágicas é a Arcada Dentária Superior
(ADS), e não o início do órgão. Desse modo, a medida obtida por
en-doscópio em adultos demonstra que a transição esofagogástrica está a
cerca de 40cm dos dentes incisivos.
Existem 3 pontos anatômicos críticos de estreitamento: o músculo
cri-cofaríngeo, a constrição broncoaórtica e a junção esofagogástrica, que
também são os locais mais comuns de perfuração iatrogênica e
mecâ-nica. A parede esofágica apresenta 4 camadas: mucosa, submucosa,
muscular e adventícia, sem a camada serosa.
A - Mucosa
O revestimento esofágico consiste em epitélio escamoso estratificado
não queratinizado. Contém, ainda, um pequeno número de outras
célu-las, incluindo células endócrinas argiróficélu-las, melanócitos, linfócitos,
cé-lulas de Langerhans (macrófagos) e eosinófilos. Neutrófilos não estão
presentes no epitélio sadio.
Abaixo do epitélio está a lâmina própria, uma frouxa rede de tecido
conectivo onde existem vasos sanguíneos e raros linfócitos,
macrófa-gos e plasmócitos. Ela se protrai, a alguns intervalos, no epitélio,
for-mando cristas papilares que representam menos de 50% da espessura
do epitélio.
A parte muscular da mucosa é uma fina camada de tecido muscular liso
que separa a lâmina própria acima da submucosa.
A transição esofagogástrica pode ser reconhecida pela presença da
li-nha Z branca irregular, demarcando a interface entre a luz do esôfago e
a mucosa gástrica avermelhada (epitélio cilíndrico). Ocorre no nível dos
2 últimos centímetros do esôfago, em nível intra-abdominal.
Figura 1 - Histologia da parede esofágica: (L) luz do órgão; (EEp) epitélio estratifica-do; (M) Mucosa; (MM) Muscular da Mucosa; (GE) Glândulas Esofágicas; (Sm) submu-cosa; (MCi) camada muscular circular interna; (ML) camada muscular longitudinal externa
Outras afecções
do esôfago
Fábio Carvalheiro
Eduardo Bertolli
Allan Garms Marson
Yeda Mayumi Kuboki
Neste capítulo, serão discutidas outras afecções do esôfago, como os anéis e as membranas esofágicas, os divertículos, a síndrome de Mallory-Weiss, a este-nose cáustica e FGHa esofagite eosinofílica. Os anéis e as membranas esofágicas são frágeis e finas estru-turas que comprometem a luz esofágica parcial ou completamente. Os anéis esofágicos são mais bem visualizados pela seriografia de Esôfago, Estômago e Duodeno (EED); quando sintomáticos, causam disfa-gia. As membranas localizadas no esôfago cervical são mais frequentes e fazem parte da síndrome de Plum-mer-Vinson ou Patterson Kelly, caracterizando-se pela presença de uma tríade composta por membrana eso-fágica, disfagia e anemia ferropriva. Os divertículos são dilatações da parede do esôfago e são classificados em verdadeiros, falsos ou intramurais, a depender de sua localização, com tratamentos e prognósticos especí-ficos. A síndrome de Mallory-Weiss caracteriza-se por lacerações longitudinais da mucosa no esôfago distal e no estômago proximal, usualmente associada a náusea e vômitos. A Endoscopia Digestiva Alta (EDA) é utilizada para a investigação e o tratamento de sangramento ativo. A estenose cáustica relaciona-se mais frequente-mente a acidentes com crianças e tentativas de suicídio. As lesões podem ser classificadas em superficiais e profundas, e o quadro é de sialorreia e odinofagia. O tra-tamento agudo é sistemático, e a EDA é de extrema importância quando o paciente tem estabilidade. Já a esofagite eosinofílica está relacionada à presença de eosinófilos no esôfago. Os critérios diagnósticos são embasados em história clínica (disfagia, impactação ali-mentar), achados endoscópicos (esôfago “em traqueia”) e histologia (≥15 eosinófilos/campo de grande aumento). Todas essas situações são comumente cobradas em concursos médicos no que tange ao diagnóstico diferen-cial entre elas e, logo, as condutas adequadas em cada situação.
4
Rodrigo Biscuola Garcia
Lúcia Cláudia Pereira Barcellos
Hélio A. Carneiro
sicgastroenterologia
68
1. Anéis esofágicos
Os anéis e as membranas esofágicos são frágeis e finas estruturas que
comprometem a luz esofágica parcial ou completamente. Os anéis
eso-fágicos são mais bem visualizados pelo exame de
Esôfago-Estômago--Duodeno (EED) e são divididos em anéis A e B.
Os anéis A, também conhecidos como musculares, são raros,
usual-mente vistos em crianças, a 2cm da junção escamocolunar e
caracte-rizados por musculatura hipertrófica no corpo esofágico (corresponde
à região mais forte do esfíncter esofágico inferior). O calibre varia
du-rante a peristalse, distinguindo-os das estenoses pépticas ou do anel
mucoso. Já os anéis B foram descritos por Schatzki como estruturas
mucosas na transição anatômica esofagogástrica e que são macias,
fi-nas (<4mm na extensão axial) e cobertas por mucosa escamosa acima
e epitélio colunar abaixo. Acometem mais adultos e idosos, e a etiologia
não está totalmente definida, mas a causa mais provável seria a
agres-são repetida que o epitélio sofre durante a doença do refluxo
gastroe-sofágico (DRGE). Também está presente em jovens usuários de drogas.
Os anéis de Schatzki estão quase sempre associados à hérnia hiatal e
também apresentam associação a esofagite eosinofílica.
A - Quadro clínico
Geralmente são assintomáticos, sendo o anel B o mais comum e achado
de exames na investigação para disfagia.
Dica
O anel de Schatzki
costuma ser sintomático
quando o diâmetro
interno do anel é inferior
a 13mm.
Pacientes com luz esofágica com menos de 13mm normalmente
apre-sentam disfagia para sólidos, entretanto anéis entre 13 e 20mm podem
produzir disfagia, especialmente quando associados à hérnia hiatal de
deslizamento. A disfagia é um sintoma importante e pode variar de
só-lidos a líquidos, mas principalmente a sósó-lidos. Dor em queimação é
ou-tra queixa devida à provável associação a DRGE, além da impactação
de alimentos sólidos no local do anel.
B - Patogênese
A patogênese dos anéis é controversa; DRGE ou origem congênita têm
sido propostas. Também é descrita associação a esofagite eosinofílica;
nesta, apresenta-se com múltiplos anéis.
C - Diagnóstico
Diagnóstico
Uma técnica adequada
do exame EED detecta os
anéis esofágicos em 100%
dos casos (Figura 2).
Em muitos casos, a endoscopia pode
não identificar o anel, devendo ser
sempre solicitado o exame
con-trastado. Outra observação é que,
eventualmente, o paciente refere
melhora da disfagia após o exame
endoscópico.
Figura 1 - Anel de Schatzki suficientemente apertado para causar disfagia Fonte: UpToDate.
Os estudos radiológicos e
endoscó-picos (Figura 1) são preferenciais no
esclarecimento do diagnóstico
com-plementar dos anéis.
Gastr
oen
ter
ologia v
ol.
1
Principais temas
para provas
SIC
R3
Q
UE
ST
ÕE
S E
C
OM
EN
TÁ
RIOS
G
as
tr
oent
er
ol
og
ia
-
Que
st
õe
s
R3
Questões
Gastroenterologia
Anatomia e fi siologia do esôfago
2017 - UERJ - CLÍNICA CIRÚRGICA
1. Na esofagostomia cervical, para alcançar o esôfago, o cirurgião deve, eventualmente, proceder à ligadura do(a):
a) tronco tireocervical b) veia tireoidiana média c) artéria carótida externa d) artéria tireoidiana superior
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2016 - UERJ - CLÍNICA CIRÚRGICA
2. Devido às suas características, o esôfago é vascula-rizado por uma série de ramos arteriais. Na sua porção cervical, essa vascularização é realizada principalmente pela seguinte artéria:
a) cervical transversa b) tireoidiana inferior c) vertebral
d) carótida
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2015 - UFS - CLÍNICA CIRÚRGICA
3. O Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) é mais precisa-mente referido como o mecanismo EEI ou a Zona de Alta Pressão esofágica distal (ZAP). São fatores que dimi-nuem o tônus da ZAP:
a) gastrina e colecistocinina b) histamina e meperidina c) atropina e hérnia de hiato d) metoclopramida e etanol
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2014 - UFRJ - CLÍNICA CIRÚRGICA
4. O músculo cricofaríngeo, que determina o início do esôfago, é nutrido pela artéria:
a) tireoidiana superior b) subclávia
c) tireoidiana inferior d) carótida comum
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder
2013 - UFPR - CLÍNICA CIRÚRGICA
5. Sobre o esfíncter esofágico superior, assinale a alter-nativa incorreta:
a) mantém-se entreaberto em repouso, entre as deglu-tições, eructações e vômitos
b) possui fi bras de musculatura estriada
c) sua pressão de repouso pode atingir aproximada-mente 100mmHg
d) seu relaxamento associa-se com tração laríngea ante-rior
e) tem comprimento reduzido, variando de 2 a 4,5cm Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2013 - AMP - CLÍNICA CIRÚRGICA
6. Estruturas fi nas que parcial ou completamente com-prometem a luz esofágica em geral envolvem apenas a mucosa e parte da submucosa e são compostas de epi-télio de células escamosas acima e abaixo, diferente de outra estrutura esofágica, a qual é composta de epitélio esofágico acima e epitélio gástrico abaixo. Essa estru-tura ainda tem como característica o não envolvimento com qualquer distúrbio da motilidade esofágica:
a) anel de Schatzki b) divertículo de Zenker c) divertículo epifrênico d) membrana esofágica e) estenose de Barrett
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2012 - UFPR - CLÍNICA CIRÚRGICA
7. A compressão extrínseca do tronco celíaco se dá por:
a) ligamento arqueado mediano do diafragma b) ligamento suspensor do diafragma c) ligamento redondo
d) ligamento gastro-hepático e) ligamento lateral do diafragma
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2011 - UFPE - CLÍNICA CIRÚRGICA
8. O tratamento medicamentoso para o controle dos sintomas do refl uxo gastroesofágico é, geralmente, efe-tivo. Entretanto, fatores anatomofi siológicos podem atuar prevenindo o refl uxo da secreção gástrica para o esôfago. Nesse caso, assinale a alternativa correta:
G
as
tr
oent
er
ol
og
ia
-
Com
ent
ár
io
s
R3
Comentários
Gastroenterologia
Anatomia e fi siologia do esôfago
Questão 1. As técnicas cirúrgicas para expor e manejar
o esôfago cervical incluem: retração lateral do músculo esternocleidomastóideo e bainha carotídea, divisão do músculo omo-hioide e ligadura da veia tireoide-média, retração medial da traqueia e esôfago, e dissecção cui-dadosa do esôfago posteriormente ao longo do plano retrofaríngeo.
Gabarito = B
Questão 2. O esôfago superior é suprido por ramos das
artérias tireóideas superior e, principalmente, inferior.
Gabarito = B
Questão 3. São fatores que podem reduzir a pressão do
EEI: distensão gástrica, colecistocinina, alimentos (gor-dura, cafeína, chocolate, álcool), hérnia hiatal, tabagismo e drogas. Aumentam o tônus do EEI: gastrina, motilina, substância P, agonistas alfa-adrenérgicos, beta-antago-nistas adrenérgicos, agobeta-antago-nistas colinérgicos, metoclopra-mida, domperidona, prostaglandina F2 alfa, cisaprida e proteínas alimentares. Diminuem o tônus: secretina, co-lecistocinina, glucagon, peptídio inibidor gástrico, pep-tídio intestinal vasoativo, óxido nítrico, progesterona, antagonistas alfa-adrenérgicos, agonistas beta-adre-nérgicos, antagonistas colinérgicos (atropina), serotoni-na, nitratos, bloqueadores dos canais do cálcio, teofi liserotoni-na, morfi na, meperidina, diazepam, barbitúricos, chocolate, etanol e hortelã-pimenta.
Gabarito = C
Questão 4. Questão puramente anatômica, sem
utilida-de prática. Logo se utilida-descartariam a carótida comum, que não emite ramos no pescoço, e a subclávia, que está bem distante do sítio em questão. A artéria tireoidiana infe-rior emite os ramos para as paratireoides e termina na tireoide em si, e a artéria superior emite outros ramos, como os que vão para o cricofaríngeo e a laringe.
Gabarito = A
Questão 5. O esfíncter esofágico superior é formado por
musculatura estriada e durante a deglutição ocorre ele-vação do esfíncter, seguida de relaxamento e contração pós-relaxamento. A contração da faringe é peristáltica e
coordenada ao relaxamento. Sua amplitude de contra-ção varia de 29 a 100mmHg no sentido anteroposterior. Essa pressão aumenta durante a inspiração, Valsalva, engasgos e presença de ácido no esôfago proximal. A inserção muscular bilateral do músculo cricofaríngeo à borda inferolateral da cartilagem cricoide confere a este esfíncter marcada assimetria anteroposterior. Tal inser-ção determina que o esfíncter esofágico superior acom-panhe os movimentos da laringe. Seu tamanho varia de 1 a 5cm.
Gabarito = A
Questão 6. Analisando as alternativas:
a) O anel de Schatzki é uma estrutura mucosa anelar no esôfago na junção esofagogástrica que é lisa, fi na (<4mm) e coberta por mucosa escamosa acima e epitélio colunar abaixo. O calibre do anel mucoso não se modifi ca coma peristalse, enquanto o muscular se modifi ca. b) O divertículo de Zenker é defi nido como divertículo posterior que tem um septo proximal ao músculo crico-faríngeo. É uma evaginação da mucosa através do triân-gulo de Killian em uma área de fraqueza muscular entre as fi bras transversas do cricofaríngeo e as oblíquas do constritor inferior.
c) Os divertículos epifrênicos se formam imediatamente acima do esfíncter esofágico inferior e são considerados divertículos de pulsão.
d) A membrana esofágica é uma fi na prega mucosa que se protrai para o lúmen e é coberta por epitélio esca-moso. É mais comum anteriormente no esôfago cervical. e) Na verdade, ocorre estenose péptica pela doença do refl uxo gastroesofágico, mas alguns estudos sugerem que pacientes com estenose péptica têm alta prevalên-cia de esôfago de Barrett em relação àqueles sem este-nose.
Gabarito = D
Questão 7. Alternativa “a” correta: o ligamento arqueado
é um arco fi broso que liga a crura diafragmática próxima ao hiato aórtico. Este ligamento geralmente localiza-se acima dos ramos viscerais aórticos, entretanto, em algu-mas pessoas, pode ter trajeto mais inferior e ocasionar compressão sobre o tronco celíaco. Geralmente a com-pressão vascular é assintomática, porém, quando causa dor abdominal, confi gura a síndrome do ligamento ar-queado do diafragma e pode requerer tratamento.