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Mercados. informação global. Brasil Ficha de Mercado

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Mercados

informação global

Brasil

Ficha de Mercado

Fevereiro 2010

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Índice

1. País em Ficha 3

2. Economia 4

2.1. Situação Económica e Perspectivas 4

2.2. Comércio Internacional 6

2.3. Investimento 10

2.4. Turismo 12

3. Relações Económicas com Portugal 13

3.1. Comércio 13

3.2. Serviços 18

3.3. Investimento 19

3.4 Turismo 21

4. Relações Internacionais e Regionais 22

5. Condições Legais de Acesso ao Mercado 24

5.1. Regime Geral de Importação 24

5.2. Regime de Investimento Estrangeiro 26

5.3. Quadro Legal 28

6. Informações Úteis 29

7. Endereços Diversos 32

8. Fontes de Informação 41

8.1. Informação Online aicep Portugal Global 41

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1. País em Ficha

Área: 8.514.876 km2 (5.º país em extensão territorial)

População: 191,9 milhões (2008) Densidade populacional: 21,6 habitantes por km2

Designação oficial: República Federativa do Brasil Chefe do Estado: Luíz Inácio Lula da Silva (2007 a 2010) Vice-Presidente: José Alencar

Data da actual constituição: Outubro de 1988. Algumas alterações foram introduzidas posteriormente Principais partidos políticos: Governo: Partido dos Trabalhadores (PT)

(acima de 200.000 filiados) Oposição: Partido Democrático Trabalhista (PDT); Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); Partido Popular Socialista (PPS); Partido Socialista

Brasileiro (PSB); Partido Comunista do Brasil (PCdoB); Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB); Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB); Partido Progressista (PP); Democratas (DEM); Partido Social Cristão (PSC); Partido Verde (PV)

Capital: Brasília – 2,5 milhões de habitantes (IBGE - 2007)

Outras cidades importantes: São Paulo (11,0 milhões), Rio de Janeiro (6,1 milhões), Salvador (2,9 milhões), Belo Horizonte (2,4 milhões), Fortaleza (2,4 milhões), Curitiba (1,8 milhão), Manaus (1,7 milhão), Recife (1,5 milhão), Porto Alegre (1,4 milhão)

Religião: É garantida pela Constituição a livre prática de todas as religiões

Língua: Português

Unidade monetária: Real do Brasil (BRL)

1 EUR = 2,5383 BRL (Banco de Portugal – valor médio Janeiro 2010)

Risco País Risco geral – BB (AAA = risco menor; D = risco maior) Risco político - BBB

Ranking em negócios: Índice 6,67 (10 = máximo)

Ranking geral - 39 (entre 82 países)

(EIU – Fevereiro 2010)

Risco de crédito: 3 (1 = risco menor; 7 = risco maior)

(COSEC – Outubro 2009 - http://cgf.cosec.pt)

Grau da abertura e dimensão relativa do mercado: Exp. + Imp. / PIB = 18,17% (2009) Imp. / PIB = 8,26% (2009)

Imp. / Imp. Mundial = 1,11% (2008)

Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU) ; CEPAL; OCDE; World Trade Organization (WTO); Banco Central do Brasil; Ministério do Turismo do Brasil;

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2. Economia

2.1. Situação Económica e Perspectivas

O Brasil é considerado actualmente a primeira economia no contexto da América Latina, estando entre as 10 mais elevadas posições no ranking das maiores economias mundiais. É de assinalar que, fruto do progresso alcançado com as reformas económicas, das condições extremamente favoráveis a nível internacional e do desenvolvimento de políticas sociais, a economia brasileira registou elevadas taxas de crescimento nos anos mais recentes e bastante superiores às verificadas durante as últimas três décadas.

Tendo em consideração as eleições presidenciais que se realizarão em Outubro próximo - aproxima-se uma época de alguma agitação - e sendo o Brasil uma das maiores economias emergentes, irá continuar a procurar uma crescente influência na cena internacional, embora a abordagem venha a ser diferente, consoante o resultado destas eleições.

A política económica recente pode ser dividida em duas fases, que correspondem, “grosso modo”, aos dois governos do Presidente Lula da Silva. A primeira, durante o primeiro mandato (2002-2006), teve como objectivo prioritário alcançar a estabilidade macroeconómica mediante a correcção de alguns desequilíbrios, como a inflação, através de uma política monetária e fiscal restritiva. Alcançada a estabilidade macroeconómica, o governo actual pretendeu acelerar o crescimento económico através de um ambicioso programa de investimentos públicos (Programa de Aceleração do Crescimento – PAC), que contempla sobretudo as infraestruturas, o meio ambiente e a energia. Simultaneamente, o Governo e o Banco Central continuam a exercer um controlo apertado sobre as principais variáveis macro económicas e financeiras, o que explica que as taxas de juro reais sejam das mais elevadas a nível mundial e que a carga tributária sobre as empresas e o cidadão também se situe entre as mais altas do mundo.

Em 2007 o produto interno bruto (PIB) aumentou 6,1%, o que representou o maior crescimento verificado desde 1994, embora a partir deste ano tenha começado em desaceleração, ao ponto do Economist Intelligence Unit (EIU) estimar um crescimento negativo em 2009 (-0,3%), particularmente em consequência das quebras sentidas ao nível dos consumos privado e público e do investimento. Medidas contra cíclicas e ligeiras recuperações de indicadores em baixa fazem prever uma recuperação económica para 2010, com especial destaque para o investimento, mostrando que o país está no bom caminho, ano em que, apesar de alguns meses mais difíceis, o PIB deverá crescer 5%.

Com a contracção do crédito, a queda da confiança dos agentes económicos e o aumento do desemprego, torna-se inevitável uma forte desaceleração da procura interna que constituiu, nos últimos anos, o motor de crescimento da economia brasileira. O arrefecimento da procura interna e a queda dos preços das commodities no mercado internacional deverão contribuir para uma diminuição gradual da inflação (atingiu o seu pico em 2008 com 5,7%), prevendo-se que a tendência de descida continue nos próximos anos.

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Em termos de contas externas é de assinalar o bom desempenho verificado ao longo dos últimos anos, deixando de ser um dos pontos fracos da economia brasileira (com défices da conta corrente endémicos) para passar a desempenhar um papel importante na recuperação económica do país, reduzindo fortemente a sua vulnerabilidade face ao exterior. O Brasil soube utilizar os ciclos de crescimento dos anos 2002/2003 para melhorar a situação orçamental e aumentar as reservas. Contudo, este período parece ter chegado ao fim em 2008, ano em que a conta corrente voltou a registar um saldo negativo (-28,2 mil milhões de USD), equivalente a -1,7% do PIB. Este resultado é o pior desde 1998 e encerra um período de cinco anos de superavits. Grande parte do agravamento desta rubrica que se prevê venha a piorar em 2010 e anos seguintes, ficar-se-á a dever bastante à diminuição do excedente da balança comercial, em consequência do forte aumento das importações e à baixa evolução do investimento (não obstante a variação prevista no ano de 2010).

Ao longo de alguns anos verificou-se uma melhoria das contas públicas, fruto da combinação de um elevado superavit primário e de uma diminuição da dívida pública. No entanto, recentemente, a combinação de medidas contra cíclicas e a redução das receitas fiscais deverá conduzir a um forte declínio neste superavit.

Principais Indicadores Macroeconómicos

Unidade 2007a 2008a 2009b 2010c 2011c 2012c

População Milhões 189,3 191,9 194,4 196,8 199,3 201,6 PIB a preços de mercado 109 BRL 2.661,3 3.004,9 3.083,7 3.359,8 3.634,5 3.932,5 PIB a preços de mercado 109 USD 1.333,6 1.637,9 1.543,7 1.820,4 1.892,1 1.976,9 PIB per capita USD 7.220 8.540 7.940 9.250 9.500 9.800 Crescimento real do PIB % 6,1 5,1 -0,3 5,0 4,5 4,7

Consumo privado Var. % 6,1 7,0 3,5 3,8 4,2 4,4

Consumo público Var. % 5,1 1,6 3,5 4,0 2,5 3,0

Formação bruta de capital fixo Var. % 13,8 13,4 -10,0 13,0 8,0 9,0

Taxa de desemprego % 9,3 7,9 7,6 7,1 6,8 6,8

Taxa de inflação % 3,6 5,7 4,9a 4,7 4,4 4,4

Dívida pública % do PIB 25,4 26,3b 26,9 26,5 26,0 25,9 Saldo do sector público % do PIB -2,2 -2,1b -3,3 -3,3 -2,6 -2,5 Balança corrente 109 USD 1,6 -28,2 -24,3a -48,9 -62,1 -69,8

Balança corrente % do PIB 0,1 -1,7 -1,6 -2,7 -3,3 -3,5 Taxa de câmbio – média 1USD=xBRL 1,95 1,83 2,00a 1,85 1,92 1,99

Taxa de câmbio – média 1EUR=xBRL 2,67 2,70 2,78 2,63 2,68 2,821

Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU); ViewsWire February 4th 2010 Notas: (a) Valores reais

(b) Estimativas (c) Previsões BRL – Real do Brasil

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Resumindo, embora o Brasil não tenha saído ileso da crise económica, a recuperação em curso deve ter ganho maior ritmo a partir da segunda metade de 2009 e em 2010. O país continuará a consolidar a política macroeconómica, combinando metas inflacionárias, políticas de câmbio flutuante e de gestão orçamental, além da competente administração das contas externas, o que tem permitido ao país a recuperação da crise. Contudo, a OCDE recomenda que não se devem perder de vista os desafios de longo prazo, para reforçar a continuidade do potencial de crescimento do país e considera adequadas as medidas adoptadas no curto prazo, pelo governo, ao enfrentar a crise global; também considera que as acções para fortalecer a liquidez bancária, desde o início da crise, têm sido importantes, embora deva exercer-se uma maior flexibilização monetária no curto prazo. A política fiscal não compromete a sustentabilidade da dívida pública a longo prazo.

2.2. Comércio Internacional

O Brasil assume um lugar de alguma relevância no comércio mundial, ocupando, em 2008, a 22ª posição do ranking de exportadores, com uma quota de 1,2% e a 24ª enquanto importador, com uma quota de 1,1% (tendo sido em 2004, respectivamente, de 1,0% e 0,7%).

A balança comercial passou a apresentar saldos positivos a partir de 2001, sendo que entre 2005 e 2009, as exportações do país registaram um crescimento médio anual na ordem de 8,3%, enquanto as importações tiveram um crescimento médio de 13,3%, evoluções bastante afectadas pelos valores que foram alcançados em 2009, em ambos os fluxos. De notar a diferença, ao longo destes 5 anos, entre o acréscimo das exportações e o das importações, sendo que neste caso a elevada taxa média verificada se fica muito a dever à fase de desenvolvimento que o país atravessa.

Tanto as importações como as exportações deverão iniciar uma recuperação em 2010, na sequência das expectativas de crescimento da economia brasileira e mundial, cuja evolução, segundo o EIU, deverá ser de 13,3% para o caso das exportações e de 32,2% para o das importações. Trata-se de uma recuperação que em 2011 e em 2012 se reflecte na balança comercial, de modo a apresentar saldos negativos, daí a evolução das exportações ser uma grande preocupação para o governo. Assim, para o caso concreto das exportações, espera-se que em breve o governo anuncie novas medidas para as estimular, com iniciativas que virão das áreas financeira, tributária e de tecnologia. Entre elas, está o financiamento para os compradores de bens de capital e máquinas fabricados no Brasil, de modo a facilitar as vendas, essencialmente, para países da América do Sul.

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Evolução da Balança Comercial (109 USD) 2005 2006 2007 2008 2009 Exportação fob 118,5 137,8 160,6 197,9 153,0 Importação fob 77,6 95,8 126,6 173,2 127,6 Saldo 40,9 42,0 34,0 24,7 25,4 Coeficiente de cobertura (%) 152,7 143,8 126,8 114,3 119,9 Posição no ranking mundial

Como exportador 23ª 23ª 24ª 22ª n.d.

Como importador 28ª 28ª 28ª 24ª n.d.

Fontes: World Trade Organization (WTO); Nota: n.d. – não disponível

Nos últimos anos o Brasil desenvolveu uma política activa de diversificação dos parceiros comerciais – a chamada “nova geografia comercial” – com o objectivo de diversificar os países mais tradicionais no seu comércio externo. Por regiões de destino, destaque para a Ásia, para onde as vendas aumentaram 4,2%, colocando esta região na primeira posição de mercado comprador de produtos brasileiros, nos primeiros nove meses de 2009, superando a União Europeia e a América Latina e Caraíbas.Por outro lado, também começa a tornar-se evidente o grande interesse do Brasil por África, com valores assinaláveis, concretamente no caso de Angola (o 30º mercado em 2009), a reforçar esta política. O início das operações da Companhia Vale do Rio Doce/CVRD (maior produtora de minério a nível mundial) em Moçambique – Projecto Carvão Moatize – é um recente registo do crescente interesse do Brasil por África, traduzindo a procura dos recursos africanos, por parte da maior economia da América do Sul.

No que se refere ao ranking dos principais clientes do Brasil entre 2007/2009, destaca-se desde já a ascenção vertiginosa da China que em 2009 alcança o lugar de 1º cliente, depois de ter sido o 3º cliente nos 2 anos anteriores, traduzindo-se nos acréscimos em valor, tendo sido de 2008/2009 de 23,1% e de 52,6% entre 2007/2008 (em 2007 como cliente, foi responsável por 6,69% das exportações brasileiras e em 2009 já é responsável pela quota de 13,20%). Seguem-se os EUA, que em 2009 se viram desclassificados para 2º cliente (de 2008/2009 deu-se uma quebra em valor de 43,1%) e a Argentina igualmente de 2º para 3º cliente (de 2008/2009 houve uma quebra de 27,4%), sendo que, relativamente à Holanda e à Alemanha, as respectivas posições relativas não tiveram alteração e as quotas mantiveram alguma estabilidade.

Portugal tem uma posição muito reduzida no ranking de clientes (32ª posição em 2009), verificando-se mesmo uma diminuição do peso relativo no último ano, que não foi além de 0,84% da quota do mercado.

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Principais Clientes

2007 2008 2009

Mercado

Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição

Portugal 1,12 21ª 0,86 28ª 0,84 32ª China 6,69 3ª 8,29 3ª 13,20 1º EUA 15,60 1ª 13,85 1ª 10,20 2º Argentina 8,97 2ª 8,89 2ª 8,36 3º Holanda 5,50 4ª 5,30 4ª 5,33 4º Alemanha 4,49 5ª 4,47 5ª 4,04 5º

Fonte: World Trade Atlas (WTA)

Relativamente aos países fornecedores, os EUA continuam a ocupar a primeira posição do ranking, representando cerca de 16% do total importado pelo Brasil em 2009, seguidos da China (12,5%), país que tem vindo a ganhar quota de mercado ao longo dos últimos anos, ao contrário do que acontece com os outros grandes fornecedores, tais como a Argentina (8,8%), Alemanha (7,7%) e o Japão (4,2%), com alterações de pequena monta.

A União Europeia (UE27), no seu conjunto, tem vindo a perder posição como fornecedor do Brasil. Portugal, ao contrário, em 2009 apresenta a melhor posição do ranking (45ª), ao longo destes 3 anos. Podemos concluir que a China se encontra num processo de ascensão, no sentido de passar a ser o grande parceiro do Brasil, cujo trajecto de sucesso se vem mostrando evidente. Em 2004 a China foi o 4º cliente e o 4º fornecedor do Brasil, evoluindo para o 1º cliente e para o 2º fornecedor em 2009.

Principais Fornecedores

2007 2008 2009

Mercado

Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição

Portugal 0,28 47ª 0,36 46ª 0,34 45º EUA 15,52 1ª 14,80 1ª 15,69 1ª China 10,46 2ª 11,57 2ª 12,47 2ª Argentina 8,63 3ª 7,66 3ª 8,84 3ª Alemanha 7,19 4ª 6,94 4ª 7,73 4ª Japão 3,82 6ª 3,93 5ª 4,21 5ª

Fonte: World Trade Atlas (WTA)

O ano de 2009 trouxe várias alterações aos produtos mais comercializados pelo Brasil, quer se trate de exportações, quer de importações: os cinco principais grupos de produtos exportados pelo Brasil – minérios, combustíveis, grãos, sementes e frutos, carne e açúcar – destronam alguns dos mais habituais produtos ultimamente exportados ou apresentam valores mais baixos, acompanhando a evolução global

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deste fluxo; assim, a exportação de minério baixou em 2009 cerca 22,8%, a exportação de combustíveis baixou 26,9%, enquanto os valores de exportação de grãos, sementes e frutos e de açúcar subiram, respectivamente, 4,23% e 50,43%. Para complementar o taras referido, verifica-se que os veículos automóveis desceram 42,35 as suas exportações, assim como a maquinaria em 35,76% e ferro e aço em 47,66%. Estas oscilações, registadas face aos valores de 2008, mostram como se alterou a grelha das exportações brasileiras em 2009, em consonância com a quebra do valor total exportado, que se cifrou em 22,7%.

No que se refere às importações e relativamente a 2008, as relativas aos combustíveis também assinalaram uma quebra de 45% (passando para 2º grupo de produto mais importante), subindo ao 1º lugar a maquinaria, não obstante também ter sofrido um baixa de 18,05%; o valor de importação da maquinaria eléctrica baixou 22%, os veículos e suas partes 11% e os químicos orgânicos 17,14%. Outros produtos importantes nas importações de 2008 não figuram nesta amostra, tais como os fertilizantes, cuja quebra foi de 58%. Resta também indicar que estas baixas assinaladas, também se encontram de acordo com a evolução das importações brasileiras em 2009, que face a 2008 baixaram no seu valor global 26,4%.

Principais Produtos Transaccionados – 2009

Exportações / Sector % Importações / Sector %

26 – Minérios, escórias e cinzas 9,45 84 – Maquinaria 16,47 27 – Combustíveis/óleos minerais e derivados 8,93 27 – Combustíveis/óleos minerais e derivados 14,78 12 – Grãos, sementes e frutos 7,56 85 – Máquinas eléctricas e partes 12,21 02 – Carne 6,47 87 – Veículos automóveis, tractores, suas partes e acessórios 8,98

17 – Açúcar 5,60 29 – Químicos orgânicos 5,46

Fonte: World Trade Atlas (WTA)

Resumindo, o ano de 2009 veio alterar a estrutura das exportações brasileiras, quer em grupos de produtos, quer em valor, assim como nas importações se assistiu a um alteração não tanto de estrutura, mas de prioridades e, consequentemente, a posicionamentos diferentes dos vários grupos de produtos. O processo de desenvolvimento em curso justifica a estrutura importadora do Brasil, com as máquinas e aparelhos (mecânicos e eléctricos e suas partes) a totalizaram mais de 28% das importações em 2009, verificando-se que, mesmo em época de restrições, não foram descurados os investimentos no parque industrial brasileiro. Os combustíveis também representam uma expressiva parcela das importações brasileiras, até porque o Brasil é um país historicamente dependente do óleo diesel, não tendo ainda alcançado a sua auto-suficiência em petróleo e derivados.

Num breve resumo podemos verificar que, por muita visibilidade que as exportações de matérias-primas tenham alcançado, as oportunidades que surgem não se limitam a esta área. O Brasil desenvolveu bastante o sector industrial agrícola, sendo notável o potencial de expansão que conseguiu; o que

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significa a necessidade de investimentos em infraestruturas e em inovação, evidenciando oportunidades em exportações que possam prosperar os sectores industriais não baseados nesta área. Por outro lado, o Brasil é um dos países da América Latina que se encontra na primeira linha da inovação, embora ainda não tenha atingido os níveis dos países da OCDE (o sector privado tem tido um desenvolvimento muito limitado nesta actividade). É de sublinhar que hoje o Brasil é líder mundial na produção de bio combustível e encontra-se entre os principais fornecedores de etanol, também a nível mundial (não obstante problemas que se têm sentido nesta área, devido aos impactos das chuvadas sobre as colheitas), sectores onde a inovação se tem evidenciado enormemente.

2.3. Investimento

O investimento directo estrangeiro (IDE) tem desempenhado um papel determinante no desenvolvimento económico recente do Brasil, país que se converteu num importante destino do IDE a nível mundial (10º em 2008). A maior atractividade do país na captação de capitais decorre, em grande medida, da situação criada no âmbito do Plano de Estabilização (Plano Real), do Programa Nacional de Privatizações, da implementação de reformas económicas e da maior flexibilidade da legislação relativa ao investimento estrangeiro.

Entre 2000 e 2005 o país atraiu mais de 100.000 milhões de USD de investimento directo estrangeiro, ainda que em 2002 e 2003 se tenha registado uma diminuição significativa dos valores, em virtude da incerteza gerada pela transição presidencial e por uma forte retracção do investimento na América do Sul.

De acordo com o World Investment Report publicado pela UNCTAD, verifica-se uma tendência de crescimento dos valores de IDE, a partir de 2005, tendo-se registado um aumento de 30% em 2008 (em 2006 o Brasil recebeu 1,28% do IDE global e em 2008 captou 2,65% do mesmo), cifrando-se em 45,1 mil milhões de USD1.

Investimento Directo

(106 USD) 2004 2005 2006 2007 2008

Investimento estrangeiro no Brasil 18.146 15.066 18.822 34.585 45.058 Investimento do Brasil no estrangeiro 9.807 2.517 28.202 7.067 20.457 Posição no ranking mundial

Como receptor 11ª 13ª 21ª 14ª 10ª

Como emissor 18ª 37ª 13ª 34ª 21ª

Fonte: UNCTAD – World Investment Report 2009

1 Em 2008, os países desenvolvidos registaram uma diminuição de IDE de quase 33%, enquanto os países em desenvolvimento

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Continuando a citar um relatório da UNCTAD, é indicado que o Brasil, em 2009, manteve a liderança, entre os países da América Latina, na recepção de IDE. Apesar disso, o montante do investimento, destinado especificamente a actividades produtivas, teve uma queda de 49,5% em comparação com o ano anterior, atingindo 22,8 mil milhões de USD em 2009.

Segundo dados do Banco Central do Brasil, o stock de investimento estrangeiro no mercado financeiro cresceu 80,1% em 2009, quando comparado com 2008, particularmente aplicado no mercado accionista. Contudo, no seu conjunto, em 2009 o IDE baixou no Brasil, para cerca de 25 milhões de USD (como o impacto da crise financeira global se revelou implacável para os investimentos directos estrangeiros, os fluxos para as economias em desenvolvimento caíram 35% em 2009, após seis anos de crescimento ininterrupto) embora seja de realçar a grande vitalidade económica que o país demonstrou ter dado, ao readquirir diversas empresas que estavam em mãos estrangeiras (projecta-se para 2010 um investimento estrangeiro que rondará os valores de 2009). A título de exemplo são referidas as compras de uma filial do banco UBS, de uma filial do grupo alemão Tissens pela Vale do Rio Doce, de um banco italiano e de um empresa de alimentação por grupos brasileiros no valor de 5 mil milhões de dólares, pelo que podemos concluir que, não obstante a queda verificada no IDE, tal não é plasmada numa queda no investimento total.

Entre os sectores que mais atraíram recursos em 2009 estão os de metalurgia, serviços financeiros, comércio e veículos automóveis. Motivado pela crise global, a área de extracção de materiais metálicos, que representou 24% do total de investimentos em 2008, passou a ser de 2,8% no ano seguinte. Também se encontra em agenda do Governo a continuação da promoção da participação do sector privado em áreas tradicionalmente controladas pelo Estado, tais como a gestão dos portos e aeroportos, no sentido de uma melhoria notável a nível das infraestruturas.

Se confirmadas as projecções mais recentes dos analistas de mercado, o ano de 2010 será um ano muito importante para o ranking do IDE no Brasil. Neste ano, os produtos alimentares, agricultura e – mais uma vez – a indústria automóvel deverão ser os principais sectores onde o IDE irá incidir.

Citando a A.T. Kearney “O Brasil finalmente está recuperando os patamares de confiança que detinha no final do século 20" e, justificando, “o que possibilitou essa recuperação foi o crescimento constante da economia brasileira nos últimos anos, com prognósticos de mais expansão futura, e a estabilidade nas regras para negócios no país”.

Concretamente, estabilidade económica, saída da crise externa, maior disponibilidade de crédito e economia diversificada são alguns dos motivos enumerados pelos analistas para uma retoma do IDE no Brasil, num momento em que, no exterior, uma série de países ainda estão a sofrer com os prejuízos causado pela turbulência financeira geral.

Segundo o Banco Central do Brasil, os principais países investidores, em 2009, foram a Holanda (20,6%), os EUA (15.5%), a Espanha (10,8%) e a Alemanha (7,8%). Existem algumas alterações face

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aos principais investidores em 2008: EUA (15,9%), Luxemburgo (13,4%), Holanda (10,4%) e Espanha (8,7%). Conclui-se que, em 2009, o Luxemburgo baixou repentinamente os seus investimentos (1,7%) e a Alemanha aumentou-os, de forma a estar entre os 4 principais investidores. As áreas de actividade mais relevantes na aplicação do capital estrangeiro em 2009 foram os serviços (43%), que estão equiparados à indústria (42,5%) e a agricultura, pecuária e extracção mineral (14,5%), com destaque para a metalurgia, para os serviços financeiros, para a extracção de petróleo e de gás natural e o comércio, excepto veículos.

O investimento directo do Brasil no estrangeiro revela uma evolução muito irregular ao longo dos últimos anos, sendo de realçar os valores atingidos em 2006 e em 2008 – 28,2 e 20,5 mil milhões de USD, respectivamente – sendo 2006 o primeiro ano em que o investimento do Brasil no estrangeiro superou o montante do investimento directo estrangeiro no país. Tal facto ficou a dever-se, essencialmente, à compra da empresa canadiana Inco (uma das maiores empresas, a nível mundial, na produção de níquel e de outros metais), pela empresa brasileira Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

Dados relativos a 2009 indicam que os principais países onde o Brasil investiu foram as Ilhas Caimão (28,4%), EUA (22,7%), Ilhas Virgens Britânicas (5,6%), Holanda (5,5%) e a Espanha (4,8%); refere-se o caso de Espanha onde o investimento brasileiro em 2008 foi de 0,5%, enquanto nos EUA foi de 27,6%. Nos restantes países indicados ligeiras alterações assinalaram-se. O sector mais relevante de aplicação do capital foi o sector terciário (cerca de 60% do total do investimento directo), destacando-se os serviços financeiros e actividades auxiliares e os serviços financeiros holdings não-financeiras.

2.4. Turismo

O turismo é uma actividade de importância fundamental para a economia do país, devido não só à sua contribuição para o crescimento do PIB, como também pelo potencial que oferece na criação de emprego e consequente acréscimo de rendimento, com impactos muito positivos na melhoria da qualidade de vida da população.

Os dados mais recentes da Embratur indicam que, após algum retrocesso no número de turistas de 2005/2006, tem-se vindo a assistir a uma lenta recuperação, registando-se um acréscimo de 0,7% até 2008. Pelo contrário, em termos de receitas, tem-se assistido a uma tendência de crescimento ao longo destes últimos 5 anos, tendo totalizado perto de 5,8 mil milhões de USD em 2008, ou seja, um aumento de 15% relativamente ao ano anterior.

Indicadores do Turismo

2004 2005 2006 2007 2008

Turistas (103) 4.794 5.358 5.017 5.026 5.050

Receitas (106 USD) 3.222 3.861 4.316 4.953 5.785

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Quanto aos principais mercados emissores, a Argentina continua a liderar o ranking, com 20,2% do total dos turistas em 2008, seguindo-se os EUA (12,4%), a Itália (5,3%), a Alemanha (5,0%), o Chile (4,7%) e Portugal (4,4%).

O Plano Nacional de Turismo (PNT), 2007/2010, cujo sentido profundo é a inclusão social, destaca a perspectiva do Brasil se converter num dos principais destinos turísticos mundiais e o Programa de Regionalização do Turismo mapeou 200 regiões turísticas no país e seleccionou os roteiros e regiões que apresentam condições de serem trabalhados, para adquirirem um padrão de qualidade internacional, retribuindo em empregos, desenvolvimento e inclusão social.

O Ministério do Turismo pretende captar 7,9 milhões de turistas em 2010 e colocar o Brasil entre os primeiros vinte destinos turísticos até 2020. Neste sentido, está a ser desenvolvido um processo de reestruturação do sector, com destaque para o crescimento da hotelaria, com importantes entradas de capital estrangeiro2, e a melhoria das infraestruturas, serviços básicos e gestão ambiental.

Trata-se pois de um sector em fase de grande desenvolvimento estrutural, permitindo elevadas expectativas de crescimento. A este propósito merece destaque o facto do Brasil, além de organizar o Campeonato Mundial de Futebol em 2014 (evento que proporciona no país onde se realiza, em média, um crescimento do PIB entre 2%/2,5%), também acolher os Jogos Olímpicos em 2016, ocasiões que muito contribuirão para o crescimento do turismo no país. Relativamente ao Campeonato Mundial de Futebol, já se encontra em desenvolvimento o projecto Olá! Turista, com o objectivo de proporcionar formação profissional em várias áreas do sector do turismo, para que possa existir um bom acolhimento aos estrangeiros que por esta ocasião visitam o Brasil.

3. Relações Económicas com Portugal

3.1. Comércio

As relações comerciais entre Portugal e o Brasil têm registado algumas flutuações, essencialmente no que se refere à posição do Brasil como cliente de Portugal, sendo que o ano de 2008 apresenta uma melhoria de 6 pontos no respectivo ranking (13ª posição), quando comparado com 2004 (19ª).

Importância do Brasil nos Fluxos Comerciais de Portugal

2004 2005 2006 2007 2008 Posição 19ª 17ª 14ª 17ª 13ª Como cliente % 0,52 0,58 0,74 0,69 0,84 Posição 9ª 10ª 8ª 8ª 9ª Como fornecedor % 1,84 2,00 2,32 2,42 2,23

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística

Dos 130 países analisados no Relatório de Competitividade de Viagens e Turismo 2008, divulgado pelo Fórum Económico Mundial, o Brasil é considerado o 49º país mais atractivo do mundo para investimentos no sector do turismo.

(14)

Dado que também já existe disponível este tipo de informação, para o período Janeiro/Novembro de 2009, verifica-se que continua em ascensão o posicionamento do Brasil como cliente de Portugal, assumindo o 12º lugar, com uma quota de 0,93%. Já na posição de fornecedor e durante o mesmo período, desceu um lugar, passando para 10º mercado, com uma quota de 1,88%.

Se verificarmos quais os países que mais contribuíram, em 2008, para o acréscimo das exportações nacionais, temos o Brasil em 7º lugar, tendo participado para o referido acréscimo com 17,1%.

Os valores relativos às trocas comerciais entre Portugal e o Brasil, publicados pelo INE, referentes ao período 2005/2009, mostram uma taxa média de crescimento anual das exportações e das importações, da ordem dos 15,1% e 0,3%, respectivamente (muito embora os números base das importações sejam bastante superiores aos das exportações). Portugal mantém uma balança comercial tradicionalmente deficitária, que registou sucessivos agravamentos até 2007, verificando-se saldos menos significativos em 2008 e em 2009, este em que o coeficiente de cobertura atingiu 33, 2% (o comportamento do ano de 2009 esteve de acordo com a realidade internacional, tendo-se registado quebras em ambos os fluxos). Evolução da Balança Comercial Bilateral

(103 EUR) 2005 2006 2007 2008 2009 Variaçãoa

Exportações 178.131 254.642 258.186 319.807 294.663 15,1% Importações 984.355 1.232.969 1.381.192 1.363.316 887.513 0,3% Saldo -806.224 -978.327 -1.123.006 -1.043.509 -592.850 - Coeficiente de cobertura 18,1% 20,7% 18,7% 23,5% 33,2% -

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística

Nota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2005-2009

Localizado o Brasil no conjunto dos países extra comunitários, em 2008 e neste âmbito, o Brasil foi o nosso 5º cliente e em 2009 subiu para 3º cliente (não obstante a descida de valor verificada).

Os fluxos comerciais entre Brasil e Portugal, além de envolverem valores relativamente baixos (sobretudo no caso das exportações nacionais), apresentam duas características muito importantes: são bastante concentrados numa gama reduzida de produtos e apresentam um baixo índice de coincidência entre si. Em 2008 contaram-se 1.297 empresas a exportar para o Brasil, enquanto em 2005 foram 1.032. Dado que ainda não temos disponível, tal como já temos em valor, quais os produtos que foram alvo das trocas ao longo do ano (completo) de 2009, começamos por fazer uma breve análise à evolução das exportações durante o período 2004/2008, destacando-se uma grande concentração das mesmas, nos primeiros três grupos de produtos; assim, enquanto que em 2004 este conjunto – produtos agrícolas, máquinas e aparelhos e minerais e minérios - representou cerca de 59% do total das exportações, em 2008 este mesmo conjunto já representou 65%, com todos os grupos a aumentarem os respectivos valores, dos quais se destaca o grande acréscimo registado nos produtos agrícolas (154,0%).

(15)

Numa análise mais detalhada das exportações para o Brasil em 2008, destacam-se como principais produtos de exportação o azeite (27%), minérios de cobre e concentrados (9,4%), peixe seco, salgado ou em salmoura (7%) e vinhos de uvas frescas (6%).

Merece ainda realce o crescimento das exportações das máquinas e aparelhos, dado tratar-se de um grupo de produtos não tradicionais nas nossas exportações para o Brasil. Entre 2004-2008 o acréscimo foi de cerca de 116%.

Exportações por Grupos de Produtos

(103 EUR) 2004 % 2007 % 2008 % Produtos agrícolas 52.155 33,8 118.719 46,0 132.486 41,4 Máquinas e aparelhos 18.220 11,8 33.112 12,8 39.281 12,3 Minerais e minérios 19.936 12,9 3.032 1,2 34.954 10,9 Produtos alimentares 11.251 7,3 20.252 7,8 21.429 6,7 Matérias têxteis 3.279 2,1 15.628 6,1 16.240 5,1 Produtos químicos 5.771 3,7 14.663 5,7 15.647 4,9 Plásticos e borracha 5.615 3,6 10.136 3,9 12.143 3,8 Combustíveis minerais 10.534 6,8 10.830 4,2 9.732 3,0 Veículos e outro material de transporte 5.347 3,5 4.632 1,8 8.212 2,6

Metais comuns 3.788 2,5 5.364 2,1 7.728 2,4

Pastas celulósicas e papel 4.227 2,7 5.360 2,1 6.152 1,9

Vestuário 691 0,4 2.879 1,1 3.838 1,2

Madeira e cortiça 2.216 1,4 4.868 1,9 3.751 1,2

Instrumentos de óptica e precisão 539 0,3 1.546 0,6 1.776 0,6

Peles e couros 708 0,5 346 0,1 480 0,2

Calçado 19 0,0 170 0,1 96 0,0

Outros produtos 10.163 6,6 4.962 1,9 3.537 1,1

Valores confidenciais 1.686 0,7 2.328 0,7

Total 154.459 100,0 258.186 100,0 319.807 100,0

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística

De acordo com o quadro acima, é de referir o comportamento das exportações dos combustíveis minerais e das peles e couros que, se compararmos os valores de 2008/2004, verificamos terem sido os únicos dois grupos de produtos que viram reduzidos os respectivos valores de exportação (-7,7% e -32,2% respectivamente).

Se atendermos ao grau de intensidade tecnológica das nossas exportações para o Brasil (fonte GEE), em 2008 podemos dizer que houve uma concentração em dois graus diferentes: 23,3% em média-alta e 60,9% em baixa; na alta houve 7% e na média-baixa 8,8%. Se compararmos com 2004, não existem grandes diferenças: 22,2% em média-alta e 62,2% em baixa, ao que se lhe junta, 6,3% em alta e 9,3%

(16)

em média-baixa. Por outro lado, o quociente entre as exportações de produtos industriais transformados e as exportações totais, em 2008 foi de 84,0% e em 2004 foi de 62,2%, o que demonstra uma evolução positiva no grau de transformação das exportações.

Segundo o INE, em 2008 foram 1.297 empresas nacionais a exportarem para o Brasil, enquanto em 2004 foram 976.

Quanto às importações portuguesas provenientes do Brasil, é de destacar um forte aumento global verificado nos últimos anos, o qual está relacionado, em termos gerais, com dois factores fundamentais: a estratégia de reforço das exportações levada a cabo pelas empresas brasileiras e um forte aumento das importações nacionais de combustíveis.

O peso dos combustíveis minerais tem ganho preponderância, com valores e quotas de mercado em forte ascensão. Idêntico comportamento se passa com os produtos agrícolas, que constituem o segundo grupo de produtos com maior valor de importação. Estes dois grupos de produtos, representaram no seu conjunto, cerca de 73% do total comprado ao Brasil em 2008 (em 2004 representaram 52%). Dos restantes grupos de produtos destacam-se os metais comuns, máquinas e aparelhos, madeira e cortiça, plásticos e borracha e produtos alimentares.

Importações por Grupos de Produtos

(103 EUR) 2004 % 2007 % 2008 % Combustíveis minerais 193.013 22,5 448.565 32,5 502.135 36,9 Produtos agrícolas 252.634 29,5 433.191 31,4 488.247 35,8 Metais comuns 117.420 13,7 153.418 11,1 82.976 6,1 Máquinas e aparelhos 41.692 4,9 61.539 4,5 58.353 4,3 Madeira e cortiça 57.351 6,7 61.230 4,4 47.354 3,5 Plásticos e borracha 12.404 1,4 40.098 2,9 34.374 2,5 Produtos alimentares 37.507 4,4 42.512 3,1 33.160 2,4 Produtos químicos 22.069 2,6 34.506 2,5 24.717 1,8 Calçado 14.801 1,7 18.009 1,3 20.864 1,5

Pastas celulósicas e papel 16.278 1,9 13.049 0,9 11.825 0,9

Peles e couros 32.592 3,8 18.741 1,4 10.355 0,8

Matérias têxteis 21.623 2,5 6.838 0,5 6.635 0,5

Vestuário 7.698 0,9 7.686 0,6 5.935 0,4

Minerais e minérios 4.729 0,6 3.769 0,3 5.547 0,4

Instrumentos de óptica e precisão 2.504 0,3 4.703 0,3 5.222 0,4 Veículos e outro material de transporte 6.917 0,8 4.246 0,3 3.876 0,3

Outros produtos 16.298 1,9 12.003 0,9 6.784 0,5

Valores confidenciais 17.089 1,2 13.681 1,0

Total 857.529 100,0 1.381.192 100,0 1.362.038 100,0

(17)

Numa análise mais detalhada das nossas importações do Brasil, produtos a 4 dígitos da NC, em 2008, têm-se como principais: óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, soja, mesmo triturada e milho, os quais representaram no seu conjunto cerca de 67% da totalidade das importações. Quebras em valor, de 2007/2008, registaram-se principalmente em: milho, prod. laminados planos de ferro/aço n/ ligado, largura >=600mm, laminados etc., madeira serrada longitudinalmente, de espessura superior a 6 mm e partes reconhecíveis c/o exclusiva/principalmente p/ motores das pp 8407/08.

Verificando agora as importações por grau de intensidade tecnológica, temos para 2008, os graus baixa, média-baixa e média-alta que registaram 41,9%, 25,6% e 28,6%, respectivamente, enquanto a alta teve 3,9%; já em 2004, foram respectivamente, 47,9%, 31,6%, 19,2% e 1,3% para a alta. Pode-se notar uma evolução favorável, tendo em conta uma menor representatividade das importações de inferior intensidade tecnológica. O quociente entre a importação de produtos industriais transformados e a importação global de produtos foi de 27,9% em 2008 e de 46,4% em 2004, identificando alterações nos produtos objecto das trocas.

Nas importações do Brasil, em 2008 foram envolvidas 2.208 empresas nacionais, enquanto em 2004 foram 3.346.

Na sequência do anteriormente referido para o ano de 2009 completo (desconhecendo-se a totalidade dos produtos exportados e importados), debruçamo-nos sobre o período Janeiro/Novembro, período sobre o qual já temos a referida informação (sobre os produtos alvo de trocas), quanto ao relacionamento comercial bilateral:

Nas exportações

• permanecem os mesmos 4 grupos de produtos e os mesmos produtos (a 4 dígitos da NC), quando comparamos com o período homólogo de 2008, a serem os que mais se exportaram;

• tendo em conta os valores alcançados no mesmo período de 2008, todos estes 4 produtos sofreram decréscimos nos valores exportados em 2009 (-14,8% para o azeite, -27,1% para os minérios de cobre e seus concentrados, -10,8% para peixe seco, salgado ou em salmoura e -8,1% para os vinhos);

• outros produtos registaram acréscimos (maçãs, peras e marmelos, frescos, tintas e vernizes, dispersos ou dissolvidos em meio não aquoso, partes dos veículos e aparelhos das posições 8801 ou 8802, etc.), mas perante valores base bastante baixos, estes mesmos acréscimos não compensam as quebras registadas nos principais produtos exportados.

Nas importações

• cerca de 80% das importações recaíram sobre os mesmos primeiros 4 grupos de produtos registados nas importações em 2008;

(18)

• os 4 produtos que maiores valores alcançaram neste período de 2009, foram: óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, soja, mesmo triturada, prod. laminados planos de ferro/aço n/ ligado, largura >=600mm, laminados etc. e açúcares de cana ou de beterraba e sacarose quimicam. pura, no estado sólido;

• produtos com maiores decréscimos nas importações, quando comparados com o período homólogo, tem-se: os óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos com um decréscimo de 36,5%, a soja, mesmo triturada decresceu 34,4%, a madeira serrada longitudinalmente, de espessura superior a 6 mm decresceu 51,1% e partes reconhecíveis c/o exclusiva/principalmente p/ motores das pp 8407/08 baixaram 40,3% nas nossas importações.

3.2 Serviços

No período relativo a 2004/2008, podemos constatar que, à excepção do ano de 2005, as exportações de serviços para o Brasil têm sido sempre superiores às importações, registando um crescimento contínuo (crescimento médio de 20,6%), enquanto as importações tiveram uma evolução mais irregular (crescimento médio de 4,8%).

Já para o período Jan/Nov de 2009, ambos os movimentos registaram quebras, mais elevadas nas importações (-15,8%).

Os serviços exportados dizem respeito, essencialmente, a transportes e a viagens e turismo, representando no seu conjunto, 88% da totalidade dos serviços exportados.

Balança Comercial de Serviços com o Brasil

(103 euros) 2004 2005 2006 2007 2008 Var %04/08 a Jan/Nov 2008 Jan/Nov 2009 Var %08/09 b

Exportações 288.144 353.607 454.882 561.254 603.576 20,6 559.113 501.218 -10,4 Importações 287.977 364.732 344.422 358.119 336.463 4,8 310.575 261.496 -15,8 Saldo 167 -11.125 110.460 203.135 267.113 -- 248.538 239.722 -- Coef. Cob. 100,1% 96,9% 132,1% 156,7% 179,4% -- 180,0% 191,7% --

Fonte: Banco de Portugal

Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2004-2008 (b) Taxa de variação homóloga

Pelo lado das importações, verifica-se que as viagens e turismo apresentam valores muito superiores aos restantes serviços, o que revela que existe um forte fluxo turístico de Portugal para o Brasil. Seguem-se os transportes, com 46% do valor apresentado pela rubrica das viagens e turismo, constituindo estas duas rubricas 80% do conjunto dos serviços importados.

(19)

3.3 Investimento

O Brasil continua a ser um importante destino do investimento directo de Portugal no estrangeiro (IDPE). De acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal, o Brasil, depois de ter sido o primeiro mercado de destino do investimento português em fins da década de 90 e início de 2000, apresentou períodos com algumas oscilações, tal como se pode verificar pelo quadro abaixo representado; muito embora, entre 2004/2008 o Brasil nunca tenha descido abaixo da 6ª posição, chegou a ser o 3º mercado de aplicação do IDPE em 2008.

Já o investimento do Brasil em Portugal tem uma expressão reduzida no total do investimento estrangeiro no nosso país, embora com evolução crescente de 2004/ 2007. Em 2008 o Brasil manteve a mesma posição no ranking, 17º enquanto emissor de investimento directo para Portugal (embora com uma quota inferior à de 2007 – 0,33%), enquanto em 2004 ocupou o 22º lugar (com 0,09% de quota). Importância do Brasil nos Fluxos de Investimento para Portugal

2004 2005 2006 2007 2008 Jan/Nov 2008 Jan/Nov 2009

Posiçãoa 22ª 20ª 18ª 17ª 17ª n.d. 14ª Portugal como

receptor (IDE) %b 0,09 0,25 0,28 0,35 0,33 0,22 0,73

Posiçãoa n.d.

Portugal como emissor

(IDPE) %b 4,26 3,58 4,34 4,45 11,15 12,20 5,94

Fonte: Banco de Portugal

Nota: (a) Posição do mercado enquanto Origem do IDE bruto total e Destino do IDPE bruto total, num conjunto de 55 mercados (b)Com base no investimento bruto

n.d. - não disponível

Já no período Jan/Nov de 2009, os valores realizados colocam o Brasil no 14º país emissor de IDE para Portugal, tendo sido o 5º país destino do investimento português no estrangeiro.

De acordo com o atrás referido e tendo presente os valores em causa, o investimento directo brasileiro em Portugal registou uma evolução positiva entre 2004 e 2007, apresentando em 2008 uma ligeira quebra, tendo, contudo, atingido um crescimento médio anual da ordem dos 59% (investimento bruto). Os montantes de desinvestimento foram também significativos, originando mesmo uma situação de investimento líquido negativo em 2004. Já no período de Jan/Nov de 2009, quando comparado com o período homólogo de 2008, todas as três rubricas registaram acréscimos assinaláveis, destacando-se a subida do investimento líquido em 215%, o que nos leva a prever a continuação de uma evolução positiva, tendo presente os investimentos actuais que o Brasil está a realizar em Portugal, dos quais a Embraer é um dos recentes exemplos a reter.

(20)

Investimento Directo do Brasil em Portugal

(103 EUR) 2004 2005 2006 2007 2008 Var %a

04/08 Jan/Nov 2008 Jan/Nov 2009 Var %

b

08/09

Investimento bruto 24.251 69.120 92.256 114.340 106.538 58,9 62.526 197.815 216,4 Desinvestimento 30.112 3.731 12.222 80.464 48.277 164,6 10.405 33.845 225,3 Investimento líquido -5.861 65.389 80.034 33.876 58.261 -- 52.121 163.970 214,6

Fonte: Banco de Portugal

Nota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2004-2008 (b) Taxa de variação homóloga

O Brasil é um importante destino de IDPE, sendo esta área aquela em que o relacionamento de Portugal com o Brasil mais se tem evidenciado, mais propriamente, desde finais dos anos 90. Apesar das incertezas no mercado internacional, a estabilidade macroeconómica no Brasil tem sido fundamental para garantir a continuidade na entrada de investimento directo estrangeiro (IDE) no país.

Investimento Directo de Portugal no Brasil

(103 EUR) 2004 2005 2006 2007 2008 Var %04/08 a Jan/Nov 2008 Jan/Nov 2009 Var %08/09 b

Investimento bruto 509.768 350.985 426.596 665.733 1.125.921 28,9 1.103.730 403.358 -63,5 Desinvestimento 218.150 788.671 413.609 326.848 484.249 60,3 472.279 107.093 -77,3 Investimento líquido 291.618 -437.686 12.987 338.885 641.672 -- 631.451 296.265 -53,1

Fonte: Banco de Portugal

Nota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2004-2008 (b) Taxa de variação homóloga

Em termos brutos, os dados do quinquénio 2004-2008 revelam que o investimento apresenta uma tendência de crescimento, com uma taxa média anual de 29%, embora se assista, igualmente, a valores elevados no desinvestimento. De qualquer modo, estamos perante montantes que não alcançam os valores registados entre 1998 e 2001, anos em que o Brasil foi um dos principais destinos do IDPE e que tiveram em conta situações/oportunidades que não se verificam regularmente (neste período, registaram-se entradas significativas de investimento estrangeiro no mercado brasileiro, principalmente devido à fase de abertura de vários sectores à iniciativa privada). Já o período de Jan/Nov de 2009 foi menos importante, com os valores de 2009 a apresentarem grandes quebras face ao alcançado no mesmo período de 2008.

No que se refere às aplicações e depois do movimento inicial ter sido feito por alguns grandes grupos portugueses, em resultado das privatizações brasileiras nos sectores da energia e telecomunicações, seguiram-se inúmeros investimentos3, cuja característica principal é a sua diversificação e a intervenção

de grandes e médias empresas.

(21)

Concretamente, em 2008, as actividades financeiras foram as principais responsáveis pelo investimento no Brasil, seguindo-se-lhes as actividades imobiliárias, alugueres e serviços às empresas, o comércio por grosso e a retalho, a construção e a indústria transformadora. No período em análise, o ano de 2008 é aquele em que as actividades imobiliárias, os alugueres e serviços às empresas aparecem em 2º lugar, quando desde 2004 foram sempre o primeiro sector de aplicação de IDP.

3.4 Turismo

O Brasil integra a “carteira” dos principais mercados emissores para Portugal (top ten). Os dados de 2008 relativos ao número de hóspedes e às dormidas na hotelaria global colocam o Brasil nos 7º e 8º lugares dos respectivos rankings, posições superiores às registadas anteriormente, sendo que nas receitas figurou em 6º. Em termos dos três rankings em análise, registe-se que o ano de 2008, e desde 2004, foi o período em que melhores posições foram alcançadas.

As estatísticas disponíveis sobre a deslocação de turistas brasileiros a Portugal, no período 2004/2008, mostram um crescimento no número de dormidas, a atingir uma taxa média anual de aproximadamente 20% e um acréscimo nas receitas na ordem dos 22% (crescimento superior aos restantes dois indicadores – hóspedes e dormidas).

No que se refere à emissão de turistas portugueses para o Brasil e segundo o Ministério do Turismo daquele país, Portugal posicionou-se como mercado emissor em 6º lugar, em 2008, (depois da Argentina, EUA, Itália, Alemanha e Chile), com 222.558 turistas (4,4%), contra o 3º lugar que ocupou em 2007, ano em que foi responsável por 280.438 turistas (5,6%), embora o número total de turistas que visitaram o Brasil em 2008, ao contrário do registado a nível geral, tenha subido cerca de 0,5%, face a 2007.

Turismo do Brasil em Portugal

2004 2005 2006 2007 2008 Var.a Jan/Nov 2008 Jan/Nov 2009 08/09 Var b

Hóspedesc 152.785 177.275 203.132 253.142 312.062 19,9% 295.062 259.783 -12,0% % Totald 2,7 3,0 3,1 3,6 4,4 -- 4,3 4,2 -- Posiçãof 8 8 8 8 7 -- 7 7 -- Dormidasc 336.379 411.175 461.807 558.749 672.970 19,0% 638.521 562.752 -11,9 % Totald 1,5 1,7 1,8 2,1 2,6 -- 2,5 2,5 -- Posiçãof 14 12 12 10 8 -- 8 8 -- Receitasc (103 EUR) 104.436 115.884 148.783 176.907 233.216 22,5% 220.613 194.694 -11,7 % Totald 1,7 1,9 2,2 2,4 3,1 -- 3,2 3,0 -- Posiçãoe 12 11 10 10 6 -- n.d. 7 --

Fontes: INE – Instituto Nacional de Estatística; Banco de Portugal

Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2004-2008 (b) Taxa de variação homóloga

(c) Inclui apenas a hotelaria global (d) Refere-se ao total de estrangeiros

(e) Posição enquanto mercado emissor, num conjunto de 55 mercados seleccionados

(f) Posição enquanto mercado emissor, num conjunto de 22 mercados seleccionados n.d. - não disponível

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Em Janeiro de 2009, a Organização Mundial do Turismo (UNWTO) ressaltou que o ano de 2008 entrará para a história como um ano de turbulências e contrastes neste sector, com perspectivas de que tal cenário não se alterará no decorrer de 2009; espera-se um decréscimo de turistas em cerca de 5% para este ano (as chegadas de turistas no período Janeiro/Agosto 2009 caíram cerca de 7% na sua totalidade), embora a América do Sul mostre das melhores performances neste capítulo.

4. Relações Internacionais e Regionais

A República Federativa do Brasil é membro do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) e da Organização das Nações Unidas (ONU) e suas agências especializadas, de entre as quais se destaca o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Integra a Organização Mundial de Comércio (OMC), desde 1 de Janeiro de 1995.

A nível regional, este país faz parte do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), do Sistema Económico Latino-Americano e do Caribe (SELA), da Organização dos Estados Americanos (OEA), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e é membro associado da Comunidade Andina (CAN).

O MERCOSUL, cujos membros fundadores são o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai (a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Equador e o Peru têm estatuto de membros associados) e aos quais se juntou, em Julho de 2006, a Venezuela (ainda não é membro pleno pois o Tratado de Adesão ainda não foi ratificado por todos os Estados membros), foi criado em 26 de Março de 1991, pelo Tratado de Assunção, e traduz-se, em termos gerais, num projecto de integração sub regional, que visa promover o progresso económico e social entre os seus membros, através da constituição gradual de um Mercado Comum.

Actualmente, o MERCOSUL encontra-se, ainda, numa etapa do processo de integração definida como União Aduaneira, cujo objectivo final é evoluir à condição de Mercado Comum, compreendendo não só o livre comércio entre os países membros e a aplicação da Tarifa Externa Comum (TEC) face a países terceiros, mas, também, a livre circulação dos factores de produção – capital e trabalho.

Estabelecida pelo Tratado de Montevideu, em 1980, a ALADI (organismo intergovernamental) tem como objectivos fortalecer as relações entre os seus membros, através da celebração de acordos bilaterais, modernizar a estrutura produtiva dos países signatários, harmonizar as respectivas políticas macroeconómicas e promover uma participação mais activa dos diferentes grupos sociais no processo de integração.

Como objectivo final visa a criação, de forma gradual e progressiva, de um mercado latino-americano, através da aplicação de uma Preferência Tarifária Regional (PTR), ou seja, redução de direitos aduaneiros entre as partes. Para além do Brasil, integram a ALADI os seguintes países: Argentina; Bolívia; Chile; Colômbia; Cuba; Equador; México; e Paraguai.

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O SELA, formado por 26 países, foi criado em 1975 com o objectivo de acelerar o desenvolvimento económico e social dos seus membros, através da cooperação intra-regional e do estabelecimento de um sistema permanente de consulta e coordenação em assuntos de natureza económica e social. Instituída em 1948 por 21 nações, a OEA/OAS, alargada posteriormente a outras 14 (sendo que Cuba suspendeu a sua ligação desde 1962 a 2009, ano em que optou por não a retomar, e as Honduras suspenderam também em 2009 a sua ligação), visa promover práticas de boa gestão governamental, fortalecer os direitos humanos, incentivar a paz e a segurança, expandir o comércio, e encontrar soluções para os problemas provenientes da pobreza, drogas e corrupção entre os “povos das Américas”.

Por sua vez, a CPLP, estabelecida em 17 de Julho de 1996, apresenta como objectivos gerais a concertação político-diplomática em matéria de relações internacionais, nomeadamente na defesa e promoção de interesses comuns ou questões específicas, a cooperação, particularmente nos domínios económico, social, cultural, jurídico, técnico-científico, e a materialização de projectos de promoção e difusão da língua portuguesa. Aderiram a esta Comunidade os seguintes países: Angola; Brasil; Cabo Verde; Guiné-Bissau; Moçambique; Portugal; São Tomé e Príncipe; e Timor-Leste.

No que respeita ao relacionamento com a União Europeia, o quadro legal está vertido, fundamentalmente, no Acordo-Quadro de Cooperação Brasil/UE, assinado em Junho de 1992 e em vigor desde Novembro de 1995 e no Acordo-Quadro Inter-Regional de Cooperação Mercosul/UE, assinado em Dezembro de 1995 e em vigor desde Julho de 1999.

Os principais objectivos que presidiram ao estabelecimento do Acordo-Quadro de Cooperação Brasil/UE (de natureza não preferencial) foram o aumento e a diversificação das trocas comerciais entre as partes, bem como a intensificação da cooperação económica, industrial, científica, tecnológica e financeira. Com o Acordo-Quadro de Cooperação Mercosul/UE pretende-se o aprofundamento das relações entre as partes e a preparação das condições para a criação de um Acordo de Associação Inter-Regional que incluirá a liberalização do comércio de bens e serviços, de acordo com as regras da OMC, entre outras matérias no domínio económico, técnico, político, institucional e cultural.

Em Maio de 2007, a UE recomendou o lançamento de uma Parceria Estratégica com o Brasil, com vista a reforçar as relações bilaterais entre as partes numa variedade de sectores e actividades de interesse comum. A primeira Cimeira teve lugar a 4 de Julho de 2007, em Lisboa, e a segunda realizou-se em 22 de Dezembro de 2008, no Rio de Janeiro, tendo sido abordados temas globais (o multilateralismo, a crise financeira internacional e as mudanças climáticas e energéticas). Em 6 de Outubro de 2009, em Estocolmo, realizou-se a terceira Cimeira UE-Brasil.

Para informação mais pormenorizada sobre o relacionamento bilateral entre a União Europeia e o Brasil os interessados podem consultar, o Site da União Europeia, no tema “Relações Externas” –

(24)

5. Condições Legais de Acesso ao Mercado

5.1 Regime Geral de Importação

O mercado brasileiro caracterizou-se, até ao início dos anos 90, por um forte proteccionismo e intervenção estatal. O programa de reformas de 1990 consagrou uma progressiva liberalização das trocas comerciais e a integração da economia brasileira a nível internacional. No entanto, este país continua a apresentar uma forte (e complexa) carga fiscal incidente sobre a importação da maioria dos produtos.

A exportação da generalidade das mercadorias para o mercado brasileiro não está sujeita, como regra, a restrições (licenciamento). Existem, no entanto, algumas excepções para as quais é necessária a observância de determinados requisitos e a autorização prévia das autoridades competentes.

A lista de produtos sujeitos a autorização abrange as importações de bens alimentares, de bebidas, de produtos farmacêuticos e veterinários, de cosméticos e de produtos agrícolas, incluindo sementes e fertilizantes.

A entrada de determinado tipo de bens, como armas, drogas e produtos agro-químicos está dependente de autorizações especiais por razões de segurança, saúde pública ou de protecção da indústria nacional. Os procedimentos de importação estão informatizados através do Sistema Integrado de Comércio Externo, denominado SISCOMEX que, por via do estabelecimento de um fluxo único das várias informações, promove a integração das actividades de registo, acompanhamento e controlo das operações de importação/exportação. O SISCOMEX surge, assim, como um instrumento que visa agilizar e facilitar a tramitação administrativa na área do comércio externo.

Todas as mercadorias importadas no mercado brasileiro estão sujeitas a Despacho Aduaneiro, processado pelas entidades alfandegárias com base nas informações constantes na Declaração de Importação.

O licenciamento dos bens pode ser automático (para produtos que não carecem de licença de importação ou autorizações especiais, nomeadamente as operações efectuadas ao abrigo do regime aduaneiro de drawback) ou não automático (abrange todas as mercadorias para as quais é obrigatória a emissão de uma Licença Prévia de Importação - LI, como sejam, certos produtos alimentares, agro-pecuários, brinquedos, equipamentos electrónicos e têxteis, entre outros).

Os exportadores de animais vivos, produtos de origem animal, carnes e produtos derivados, leite e produtos lácteos, como queijos, devem dirigir-se, em Portugal, à Direcção-Geral de Veterinária (DGV), por forma a que esta entidade obtenha no Departamento de Inspecção de Produtos de Origem Animal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro (MAPA), a homologação prévia das empresas e rótulos das mercadorias em questão.

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No que respeita à exportação de vinhos, desde Novembro de 2009 que os exportadores já não necessitam de se cadastrar, previamente, junto do MAPA, nem de proceder ao registo das respectivas marcas.

Em termos de rotulagem, os vinhos estão sujeitos, porém, ao cumprimento de regulamentação específica que pode ser consultada nas seguintes páginas web:

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.970.htm; www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=133753 e

www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=132506.

Por sua vez, a exportação de produtos agrotóxicos implica que estes sejam objecto de registo no Brasil, junto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) –

http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home/!ut/p/c5/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hnd0c PE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B_AwN_Q_1wkA48Kowg8gY4gKOBvp9Hfm6qfkF2dpqjo6IiAJYj_8M!/dl3/

d3/L2dBISEvZ0FBIS9nQSEh/, do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) – www.ibama.gov.br/ –

e do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) – www.agricultura.gov.br

De referir, ainda, que desde Janeiro de 2010 que os produtos orgânicos deverão ter aposto na embalagem o Selo brasileiro de conformidade orgânica.

Os interessados poderão aceder a mais informação sobre esta matéria através da consulta dos seguintes Sites / links: www.agricultura.gov.br/, www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.831.htm e

www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6323.htm (legislação) e

www.planetaorganico.com.br/qcertif.htm (certificação).

O Brasil adoptou, em 1 de Janeiro de 1995, a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), baseada no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH). Com a entrada em vigor da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, o Brasil passou a aplicar, na maioria dos produtos importados de países terceiros, o mesmo nível de direitos alfandegários que os restantes parceiros.

As mercadorias comunitárias estão sujeitas aos impostos constantes na TEC. Os dois blocos estão em negociações com vista à eliminação das barreiras tarifárias, no âmbito do Acordo Inter-Regional de Cooperação entre a UE e o Mercosul, assinado em Dezembro de 1995, sem que no entanto haja data prevista para a conclusão das mesmas.

O Imposto de Importação (II) é calculado numa base “ad valorem” sobre o valor CIF das mercadorias e pode ser consultado no Site Market Access Database, da responsabilidade da União Europeia –

http://mkaccdb.eu.int (clicar em Applied Tariffs Database).

Para além das imposições alfandegárias, há, também, lugar ao pagamento dos seguintes encargos: • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – em geral, é calculado numa base "ad valorem",

embora para certos produtos (por exemplo, da indústria vitivinícola e cervejeira) seja calculado por um valor fixo por unidade;

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• Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – as taxas deste tributo, similar ao IVA, variam consoante o Estado de destino das mercadorias (em São Paulo, por exemplo, a taxa normal é de 18%, com excepção de alguns produtos previstos em lei própria);

• Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Património do Servidor Público (PIS/PASEP) – taxa de 1,65%;

• Contribuição para o Financiamento da Segurança Social (COFINS) – taxa de 7,60%. A aplicação destes impostos é feita em cascata, ou seja, de forma cumulativa:

• Valor CIF x II (Imposto de Importação) = A • A x IPI (Imposto sobre Produtos Industriais) = B

• B + PIS + COFINS (determinados pela tabela oficial da Receita Federal) = C

• C + taxa do SISCOMEX (sistema informático de comércio exterior, que é de R$ 40, mais R$ 10 por cada adição, ou seja, por cada produto com classificação pautal diferente) = D

• D / ICMS (Imposto sobre a Circulação de Bens e Serviços, calculado por dentro, i.e., no caso do ICMS ser 18% - taxa normal, em vez de multiplicar por 18%, divide por 0,82; já se o ICMS for 12%, divide por 0,88) = Resultado dos principais impostos aduaneiros

A este resultado há ainda que adicionar taxas aduaneiras (que em média oscilam até 6%), tais como: • FRMM – Frete para Renovação da Marinha Mercante, que é 25% do valor do frete internacional; • Taxa de capatazia;

• Taxa de armazenagem; • Desconsolidação; • Desembaraço;

• Serviços do despachante; • Liberação do bill of lading.

Os interessados podem aceder ao Simulador do Tratamento Tributário e Administrativo das Importações (Receita Federal) para identificar o exacto valor das taxas de importação e eventuais exigências administrativas na entrada de produtos – http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/

5.2 Regime de Investimento Estrangeiro

No Brasil, o investimento externo é regulado pelas Lei n.º 4.131, de 3 de Setembro de 1962, alterada pela Lei n.º 4.390, de 29 de Agosto de 1964, ambas regulamentadas pelo Decreto n.º 55.762, de 17 de Fevereiro de 1965 (objecto de modificações posteriores).

Referências

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