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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ALLAN BEZERRA LOPES

REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS PECs 45/2019 E 110/2019

Natal/RN 2020

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ALLAN BEZERRA LOPES

REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS PECs 45/2019 E 110/2019

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Professor Ms. João Maria Montenegro Ribeiro

Natal/RN 2020

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Lopes, Allan Bezerra.

Reforma tributária no Brasil: análise comparativa entre as PECs 45/2019 e 110/2019 / Allan Bezerra Lopes. - 2020.

46f.: il.

Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências Contábeis. Natal, RN, 2020. Orientador: Prof. Me. João Maria Montenegro Ribeiro.

1. Reforma tributária - Monografia. 2. Proposta de Emenda Constitucional (PEC 45/2019) - Monografia. 3. Proposta de Emenda Constitucional (PEC 110/2019) Monografia. 4. Tributos

-Consumo - Monografia. I. Ribeiro, João Maria Montenegro. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 336.22

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

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ALLAN BEZERRA LOPES

REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS PECs 45/2019 E 110/2019

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

BANCA EXAMINADORA DA MONOGRAFIA:

Prof. Ms. JOÃO MARIA MONTENEGRO RIBEIRO - Orientador

Prof. Dr. Edmilson Jovino de Oliveira - Membro

Prof. Ms. Luiz Vieira de Oliveira Sobrinho - Membro

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, por sempre estar presente na minha vida, por dar discernimento em todos os momentos de dificuldade.

Aos meus pais, Joaquim e Iaponira, pela dedicação e luta para concretizar minha educação e que são meus maiores exemplos.

A minha irmã, Larissa, por todo o apoio ao longo dessa trajetória.

A toda a minha família, em especial aos meus avós Manuel e Maria de Lourdes e a minha tia Iracilda, pelo incentivo e felicidade ao ver minhas conquistas.

Aos meus amigos Ana Paula, Matheus, Brenda e Elmar. Sou eternamente grato pela amizade de vocês e pelas palavras de apoio durante a construção dessa monografia.

Aos meus colegas de curso, por toda a parceria durante esses anos, e por ouvirem minhas angústias durante todo esse tempo.

Aos meus amigos do Instituto Maria Auxiliadora, pelos momentos de descontração e por estarem há tantos anos junto comigo, me dando apoio.

A todo o corpo docente do curso de ciências contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial ao meu co-orientador, João Maria Montenegro Ribeiro, por todos os ensinamentos passados a nós, alunos, permitindo o nosso desenvolvimento profissional.

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“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário” Albert Einstein

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RESUMO

O sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos do mundo por sua estrutura ser bastante extensa e complicada, e por sofrer alterações constantemente. Faz-se necessário uma reforma tributária, que viria para diminuir a burocracia e estimular o crescimento da economia. Atualmente, há duas principais propostas que tratam desse assunto. Diante disso, essa pesquisa tem como objetivo geral analisar os impactos provenientes de uma reforma tributária no Brasil, tanto para os contribuintes, quanto para a União, os Estados e os Municípios, comparando as PEC 45/2019 e 110/2019. Para isso, a metodologia usada neste estudo será a pesquisa bibliográfica. Como resultado, pode-se inferir que as duas propostas tem pontos semelhantes, unificando tributos e instituindo o IBS, mas também apresentam diferenças, como a competência tributária, o tempo de transição, o número de tributos substituídos. Também se pode afirmar que as duas propostas não resolvem totalmente os problemas do sistema tributário brasileiro, fazendo-se necessário também, além do consumo, uma modificação na tributação sobre a renda e o patrimônio.

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ABSTRACT

The Brazilian tax system is one of the most complex in the world for its structure is quite extensive and complicated, and for constantly changing. Tax reform is needed, which would reduce bureaucracy and stimulate economic growth. Currently, there are two main proposals that address this issue. In light of this, this research has the general objective of analyzing the net impacts of a tax reform in Brazil, both for taxpayers and for the Union, States and Municipalities, comparing according to PEC 45/2019 and 110/2019. For that, the used in this study will be the bibliographic research. As a result, it can be inferred that the two proposals have similar points, unifying taxes and instituting the IBS, but also showing differences, such as tax competence, transition time, the number of substituted taxes. It can also be said that the two proposals do not fully solve the problems of the Brazilian tax system, making it necessary, in addition to consumption, to modify the taxation of income and wealth.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE GRÁFICOS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Repartição constitucional das competências tributárias …... 22 Tabela 2 – Repartição constitucional para instituição dos impostos …... 23 Tabela 3- Comparativo entre a PEC 45/2019 e a PEC 110/2019 …... 41

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LISTA DE SIGLAS

PIB – Produto Interno Bruto

IPTB – Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IR – Imposto de Renda

OCDE – Organização para a Cooperação e Desevolvimento Econômico IBS – Imposto sobre Bens e Serviços

CTN – Código Tributário Nacional IVA – Imposto sobre o Valor Agregado IPI – Imposto sobre Produto Industrializado ISS – Imposto Sobre Serviços

DF – Distrito Federal II – Imposto de Importação IE – Imposto de Exportação

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras IGF – Imposto sobre Grandes Fortunas

IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

CCJ – Comissão de Constituição e Justiça e Redação PEC- Proposta de Emenda Constitucional

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO …... 13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA …... 13 1.2 OBJETIVOS …... 15 1.2.1 Objetivo geral …... 15 1.2.2 Objetivos específicos …... 15 1.3 JUSTIFICATIVA …... 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA …... 18

2.1 HISTÓRIA DOS TRIBUTOS NO BRASIL …... 18

2.2 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL …... 20

2.3 TRIBUTOS SOBRE O CONSUMO …... 23

2.3.1 IPI …... 24

2.3.2 ICMS …... 25

2.3.3 ISS …... 27

2.4 PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL …... 28

2.4.1 PEC 45/2019 …... 30

2.4.2 PEC 110/2019 …... 30

3 METODOLOGIA …... 32

3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA …... 32

3.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS …... 3

4 ANÁLISE DOS DADOS …... 34

4.1 ANÁLISE DA PEC 45/2019 …... 34

4.2 ANÁLISE DA PEC 110/2019 …... 38

4.3 COMPARATIVO ENTRE AS DUAS PROPOSTAS …... 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS …... 44

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

É certo que o Sistema Tributário Brasileiro é um dos mais complexos do mundo, por sua estrutura ser bastante extensa e complicada, e por sofrer alterações constantemente.

O funcionamento do Sistema Tributário Nacional é pautado no recolhimento de tributos, com o objetivo de financiar as atividades do Estado, como melhorias nos serviços prestados à população (como saúde, educação, segurança pública), investimentos em infraestruturas e pagamentos dos salários dos servidores. Esses tributos podem ser cobrados diretamente pelo Estado ou indiretamente, quando o cidadão adquire um produto ou utiliza algum serviço, sejam eles de empresas privadas ou públicas.

Reforma tributária consiste em uma mudança nas leis que determinam quais taxas, impostos e contribuições empresas e pessoas devem pagar. A reforma mudaria também como esses recursos devem ser usados pelo Estado. Em tese, ela diminuiria a burocracia, ajudando a estimular o crescimento da economia. Mas, na prática as reformas que tramitam no Congresso não devem reduzir a quantidade de impostos pagos pelo contribuinte. Ambas são focadas na simplificação dos tributos, unificando os impostos.

O intuito da reforma tributária, é reduzir a burocracia com que são cobrados os tributos. Sendo assim, para reduzir a burocracia, a proposta mais aceita hoje é a unificação dos tributos.

O Brasil aumentou sua carga tributária significativamente desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, de 23,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1988, para 33,6% do PIB em 2005. Segundo Orair (2019) esse aumento ocorreu em prejuízo da eficiência e da equidade do sistema tributário, principalmente motivado pelo imperativo de se aumentar receitas durante episódios de ajustes fiscais de curto prazo, enquanto questões relacionadas à qualidade de tributação eram consideradas de menor prioridade. Desde então, na última década, a carga tributária permanece perto dos 33 por cento do PIB. Mesmo durante esse período de estabilidade, a qualidade da tributação continuou a se deteriorar, em razão de crescentes incentivos fiscais e regimes especiais mal-calibrados, bem como pouco progresso alcançado acerca da agenda de reformas .

Segundo Orair (2019) o sistema tributário brasileiro é frequentemente chamado de “manicômio tributário” por sua complexidade e por sua falta de consistência lógica. A mudança desse cenário não é tarefa simples e depende de acordos políticos. Entretanto, um bom ponto de partida é a atualização do diagnóstico sobre os principais problemas a ser enfrentados e a discussão de soluções alternativas possíveis.

Hoje, a carga tributária no Brasil chega a 35% do PIB, divididos em 63 tributos. Com isso, as empresas enfrentam uma enorme burocracia. Elas pagam diferentes impostos, com vencimentos em datas diferentes, para órgãos diferentes. Por exemplo: o setor de bens e

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serviços paga, no mínimo, seis tributos. Não à toa, 5,3% da arrecadação total do país vem desse setor. Uma das propostas é diminuir os impostos sobre bens e serviços e aumentar nos outros setores, o que diminuiria o custo de produção e os preços para o consumidor final

Segundo pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IPTB), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o imposto que mais contribui para os cofres públicos, representando 18,3% do total arrecadado

O ICMS é a principal fonte de receita dos Estados e é cobrado em operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação. A alíquota do tributo varia em cada estado.

O levantamento do IBPT foi feito com base nos cerca de R$ 1 trilhão que foram registrados pelo Impostômetro até o dia 5 de julho. A pesquisa aponta que, depois do ICMS, as contribuições para a previdência recolhidas pelo governo federal, são as que mais arrecadam, com 17,09% do total. Na sequência aparecem o Imposto de Renda (IR), com 15,42%, Cofins, com 9,02%, o FGTS, com 5,28%, e o CSLL, com 3,31%. Todos são arrecadados pelo governo federal.

Segundo o estudo, a esfera federal fica com 59,63% do total da arrecadação, a estadual fica com 29,3% e a municipal, com 11,07%

.

De acordo com o levantamento feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 65% da carga tributária do Brasil são de impostos que incidem sobre o consumo. A carga tributária sobre a renda é pouco mais de 20%, enquanto que na Dinamarca, ultrapassa os 60%. Em suma, a carga tributária brasileira é caracterizada por impostos relativamente altos sobre a produção bens e serviços, bem como sobre os salários e os lucros das empresas, cuja contrapartida é a baixa peso dos impostos sobre o rendimento dos indivíduos.

De acordo com Orair (2019), suas raízes remontam a um longo processo histórico, mas se acelerou nos últimos décadas, com a cristalização de um baixo peso da tributação direta sobre os indivíduos, ao mesmo tempo em que (em sentido contraditório) o país pretendia construir um Estado social de bem-estar robusto. De um sistema federativo centralizador, ativo durante os anos de regime militar, o país passou por uma fase de descentralização da prestação de serviços públicos e aumentou participação estatal na área social.

Orair (2019) ainda fala que essa estrutura tributária possui alguns méritos, como a alta arrecadação de receitas, que permite a governo financiar uma rede de proteção social bastante densa para uma renda média país e proporcionar um certo nível de autonomia aos orçamentos dos governos regionais. No entanto, possui complexidades e inconsistências.

Segundo Ribeiro (2015) o combate às desigualdades sociais pela via da tributação se dá não só pela redistribuição de renda, através da introdução de prestações positivas aos mais pobres, a partir de recursos orçamentários obtidos por meio da tributação dos mais ricos, mas ainda pela distribuição de rendas, que não tem propriamente o conteúdo distributivo, mas

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baseia-se apenas nas receitas e na ideia de divisão justa do ônus fiscal pela capacidade contributiva, por meio da progressividade e da tributação sobre as grandes riquezas, a fim de evitar a concentração de renda. Deste modo, independentemente das prestações estatais positivas a serem financiadas pelas receitas públicas, a tributação das altas rendas e patrimônios constitui uma forma de fazer dos ricos um pouco menos ricos, o que acaba por assegurar uma maior igualdade social já que esses recursos são destinados a outros segmentos sociais.

É nítido que necessita de uma intervenção na atual configuração do Sistema Tributário Brasileiro, a chamada reforma tributária. Duas propostas de Emenda a Constituição estão em votação no plenário, a PEC 45/2019 e a PEC 110/2019. Ambas sugerem a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), substituindo os impostos sobre o consumo.

Diante do exposto, a presente pesquisa visa realizar um estudo sobre os impactos da reforma tributária no Brasil.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar os impactos provenientes de uma reforma tributária no Brasil, tanto para os contribuintes, quanto para a União, os Estados e os Municípios, comparando as PEC 45/2019 e 110/2019.

1.2.2 Objetivos Específicos

Com o fim de alcançar o objetivo geral proposto, são traçados os seguintes objetivos específicos:

• Fazer um estudo acerca da reforma tributária no Brasil

• Analisar as duas Propostas de Emenda a Constituição que estão em tramitação no Congresso

• Analisar os impactos da reforma tributária aos contribuintes, a União, Estados e Municípios

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1.3 JUSTIFICATIVA

A realização desta pesquisa foi impulsionada pela curiosidade de analisar as Propostas de Emenda a Constituição que tratam sobre a reforma tributária, estudar o Sistema Tributário Brasileiro, afim de entender sua complexidade e suas peculiaridades.

A tributação tem um papel importantíssimo para a população de qualquer país do mundo, pois é com o dinheiro dos tributos que o Estado trabalha nas melhorias nos serviços prestados à população (como saúde, educação, segurança pública), investe em infraestruturas (construção de estradas) e paga os salários de seus servidores.

De acordo com Oliveira (2019), a história da humanidade se confunde com a história dos tributos. Tributo deriva do latim tributum, que remete o conceito de contribuição ou pagamento. Os tributos são as unidades arrecadatórias mais antigas usadas pelo Estado como meio de financiamento de suas atividades com o fim maior de gerar retorno à sociedade. Porém, quando o sistema tributário de uma nação deixa de atendê-la de forma eficiente e se perde em sua extensa complexidade, então, vê-se a necessidade de uma reforma tributária.

Segundo o Código Tributário Nacional (CTN) em seu artigo 3°, “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. O Sistema Tributário Nacional é um conjunto de regras jurídicas que disciplina o exercício do poder impositivo pelos diversos orgãos públicos, aos quais a Constituição Federal atribui competência tributária.

O Sistema Tributário Brasileiro tem como principais arrecadações os impostos sobre renda (salários, lucros, ganhos de capital), patrimônio (casas, terrenos, carrros) e consumo, sendo este o último representando a maior fatia, cerca de 65%.

O debate sobre propostas de reforma tributária que consistem em unir tributos em um único Imposto de Valor Adicionado (IVA), assim como ocorre em outros países do mundo, não chega a ser novidade no Brasil. Desde o fim da ditadura, três propostas de reforma ampla foram discutidas no Congresso Nacional: a apresentada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apresentada a Assembléia Nacional Constituinte de 1987; A PEC 175/1995, no início do governo Fernando Henrique Cardoso; e a PEC 233/2008, no segundo mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhuma das propostas de reforma vingou politicamente, seja pelos conflitos federativos envolvidos na redistribuição de receitas, seja pela resistência dos diferentes grupos de interesse que atuam na sociedade e no Parlamento.

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Diante do exposto, infere-se que o atual Sistema Tributário Brasileito ajuda a aumentar a desigualdade social, visto que a maior fatia arrecadada vem, em suma, da parte pobre da população.

Essa investigação proporciona para a sociedade a chance de entender melhor sobre as duas Propostas de Emendas a Constituição que estão em tramitação no Congresso Nacional que visam reformar o Sistema Tributário Nacional e demonstrar a importância da tributação para o desenvolvimento de um país e a necessidade de mudança no Sistema Tributário Brasileiro.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 HISTÓRIA DOS TRIBUTOS NO BRASIL

A origem da tributação no Brasil se deu a partir da sua colonização por Portugal, onde foi instituído o “quinto do pau-brasil”, considerado o primeiro tributo brasileiro, de forma não escrita e nem declarada. Ele era pago a coroa portuguesa por todos os tesouros e descobertas no Brasil. Seu nome representa a alíquota fiscal (20%) e a forma de pagamento (feito com a madeira da árvore do pau-brasil), pois a moeda corrente de Portual não havia sido adotada à época. A arrecadação, assim como a fiscalização dos tributos eram feitos por servidores da coroa, chamados de “rendeiros”.

A primeira fase de tributação no Brasil foi constituída a partir das quinze capitanias hereditárias, atendendo aos interesses do rei de Portugal D. João III. Para cada capitania hereditária, foi escolhido um chefe superior, chamado de capitão-mor, como representante do governo português. A eles, cabia, superintender e fiscalizar a arrecadação de tributos e o seu recolhimento ao tesouro da coroa, e fiscalizar a produção de açúcar nos engenhos. Os tributos continuavam a ser cobrados pelos rendeiros, que também possuíam poder para prender aqueles que atrasavam suas obirgações fiscais.

Eram cobrados impostos sobre o tráfico negreiro, açúcar, assim como outras fontes de renda que eram repassadas ao governo metropolitano, como gado, ouro tabaco, algodão. Alguns dos tributos cobrados na época do Brasil colônia: quinto do pau-brasil, quinto do ouro, quinto dos metais. Apenas algumas terra concedidas através das sesmaria estavam livres de pagar tributos. Essas terras pagavam apenas dízimos para a Ordem de Cristo, que era destinado a catequese dos nativos, uma espécie de imunidade tributária.

Na segunda fase da tributação no Brasil, foi nomeado um provedor-mor da Real Fazenda e provedores-parciais nas capitanias. Com isso os tributos foram classificados em dois grupos, ordinários e extraordinários. Ordinários eram aqueles decorrentes de gastos com guerras e proteção armada. Já os extraórdinários, eram decorrentes com despesas da sociedade.

Com a criação do Banco do Brasil e do Tesouro Nacional, são criadas as moedas de ouro, prata e bronze, com o recolhimento dos tributos sendo feitos através das moedas.

Em 1822, veio a proclamação da república, o sistema tributário se apresentava precário, pois não existia uma sistematização das receitas e despesas. Os tributos eram mal distribuídos. Os bens de consumo, ao iniciar o 1º Reinado, suportavam a maior carga dos impostos.

O movimento de independência deu origem à Constituição de 1824, onde a amplificação do ideal liberal predominou; havia uma intensa preocupação em limitar o Estado, nos preceitos individualistas, tornando as questões sociais em matérias secundárias. Dessa forma, o processo legislativo foi influenciado pelo liberalismo, originando leis

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do mesmo teor. Nesse período, reinou um sistema de arrecadação bastante caótico, em que os tributos eram cobrados de maneira cumulativa. Estabeleceu-se, ainda, a classificação em: receitas gerais, receitas municipais, receitas provinciais (SEMEGHINI, 2015).

Com a Proclamação da República, ocorrida em 1889 iniciou-se uma nova era de fiscalidade no Brasil, surgindo os primeiros estudos financeiros do direito pátrio.

Segundo MATOS (2007), a constituição de 1891 não deixou de lado o problema fiscal do país e firmou a competência da União e dos Estados em sua letra. No que se refere a discriminação de rendas encontramos a adoção de: critério nominalístico (designando-se os impostos pelos seu nomes), princípio da estrita legalidade tributária, uniformidade do impostos federal e a imunidade recíproca de bens, serviços e rendas públicas, bem como a vedação dos impostos de fronteira. A carta magna de 1891, se valeu de impostos já cobrados no império e os distribuiu.

A Constituição de 1891, inspirada na Constituição Norte Americana, abriu o caminho para o federalismo no Brasil, em face da exigência crescente de tributos e da falta de racionalidade do sistema fiscal, optou-se por um modelo rígido de tributação, mas ainda permitindo a superposição dos tributos locais e centrais redundando em bitributação, além de não contemplar os municípios na discriminação de rendas (ZAVARIZ, 2006 apud MACHADO e BALTHAZAR, 2017).

Em 1934, nasce a Constituição Social-Democrata que trouxe expressamente em seu texto, o Imposto de Renda como tributo federal, sendo a primeira a contê-lo. Criou o imposto de consumo como tributo federal e, da mesma forma, o imposto sobre vendas e consignações (IVC) para os Estados, aproximadamente o que conhecemos hoje em dia como ICMS; ainda, o Imposto de indústrias e profissões (IIP), lançado pelo Estado, mas arrecado pelos estados e municípios em partes iguais, sendo o predecessor do ISS que tem competência municipal (SEMEGHINI, 2017).

Sob a égide da ditadura, instaura-se a Constituição de 1937, a conhecida "polaca", pouco respeitada e nada flexível. Esta criou o AIR (Adicional de Imposto de Renda), destinado para pessoas solteiras, viúvas, e casais sem filhos; visava estimular o crescimento populacional. Além disso, foram suspensos o imposto estadual sobre consumo de motor à explosão e o municipal sobre rendas de imóveis rurais. Disto resultou a unificação dos impostos de consumo e de renda, que ficaram com a União (SEMEGHINI, 2017).

A constituição de 1946, segundo Semeghini (2017), teve caráter democrático, tentou quebrar a centralização do poder, apoiando os municípios e lhes atribuindo receitas próprias. Dois novos impostos são adicionados à sua área de competência: o imposto sobre atos de sua economia ou assuntos de sua competência (imposto do selo municipal) e o imposto de indústrias e profissões, o último pertencente anteriormente aos estados mas já arrecadado em parte pelos municípios.

Em 01 de dezembro 1965, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 18, que tratava da reforma do Sistema Tributário Nacional, originando o Imposto sobre Produtos

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Industrializados (IPI), o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICM), antecessor do ICMS, e o Imposto Sobre Serviços (ISS), sucessor do IIP.

O movimento de criação do Sistema Tributário Brasileiro ganhou, realmente, corpo a partir dos anos 1965 e 1966, ano este da edição do Código Tributário Nacional que é o conjunto de normas reguladoras da tributação do País, que também procurou delinear as bases econômicas que serviriam para fins de imposição tributária. Assim, a Lei nº 5.172 de 25/10/66, regula, com fundamento na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, o sistema tributário nacional e estabelece, com fundamento no artigo 5º, inciso XV, alínea b, da Constituição Federal, as normas gerais de direito tributário aplicável à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação complementar, supletiva ou regulamentar (SEMEGHINI, 2017).

O Sistema Tributário Nacional atual encontra-se sob a regência dos artigos 145 a 162 da Constituição de 1988, de leis complementares resolvidas pelo Senado Federal, sob as competências das leis federais, municipais, estaduais e constitucionais. E, de acordo com o art. 146, as limitações constitucionais quanto ao poder de tributar cabem à lei complementar federal. A lei complementar à Constituição tem o papel de estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios na economia, sem prejuízo da competência da União, por lei, de estabelecer normas de igual objetivo (SEMEGHINI, 2017).

Com o aumento da participação dos estados e municípios na arrecadação dos impostos de renda e sobre produtos industrializados, o governo federal intensificou a arrecadação de contribuições sociais indiretas, não compartilhadas com estados e municípios, como COFINS, CSLL e CPMF.

Com a constituição de 1988, a autonomia de para legislar e instituir impostos passou a ser distribuída entre os entes federados: União, Estados e Municípios, não havendo a possibilidade de um ente se sobrepor a outro. Em contrapartida, veio o aumento da carga tributária, aumentando a base de incidência do Imposto de Renda e do IPI.

2.2 Sistema Tributário Nacional

Segundo o Código Tributário Nacional, tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

De acordo com Ishida (2015), o Sistema Tributário Nacional compreende todo o conjunto de tributos vigente no pais, amparados legalmente pela lei maior que é a Constituição Federal do Brasil. Estas estão dispostas organizadamente atendendo os princípios que lhe são atinentes, e que serve para atender a necessidade de recursos para manter as atividades de interesse público.

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O Sistema Tributário Nacional brasileiro é um dos mais complexos do mundo. Sua estrutura é mundialmente conhecida por ser extensa e complicada, tanto na apuração dos tributos como em sua carga tributária.

O funcionamento do Sistema Tributário Nacional é pautado no recolhimento de tributos, com o objetivo de financiar as atividades do Estado, como melhorias nos serviços prestados à população, investimentos em infraestruturas e pagamentos dos salários dos servidores. Esses tributos podem ser cobrados diretamente pelo Estado ou indiretamente, quando o cidadão adquire um produto ou utiliza algum serviço, sejam eles de empresas privadas ou públicas.

Existem cinco tipos de tributos no Brasil:

• Impostos: Principal financiador dos serviços públicos, os impostos servem para custear as despesas do estado. Pode ser dividido em três esferas: federal, estadual, municipal. São exemplos de impostos: IOF, IPI, IRPF, IRPJ, ICMS, IPVA, IPTU. • Contribuições sociais: Está vinculada a uma finalidade específica, definida na

legislação. Exemplo: PIS e Cofins

• Taxas: Refere-se ao valor cobrado por conta de determinada prestação de serviço de um órgão público, seja na esfera federal, municipal ou estadual. Também tem destinação específica. Exemplos: iluminação pública, limpeza pública

• Contribuições de melhoria: Destinado ao custeio de obras públicas. Pago pelo contribuinte, e tem benefício direto para ele mesmo. Para ser cobrado, é preciso a existência de obra pública

• Empréstimos compulsórios: Tem obrigatoriedade prevista em lei e apenas o governo federal tem autorização para cobrá-lo. Para ter validade, é preciso a criação de uma lei complementar. Tipo de tributo que funciona como um empréstimo obrigatório. Ou seja, o cidadão emprestá dinheiro obrigatoriamente ao governo. Mas, em contrapartida, recebe o valor devolvido pelo próprio Governo.

No Brasil, os tributos podem ser instituídos e cobrados por qualquer dos três níveis de governo: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Todos os entes políticos têm o que se chamada de “competência tributária”: a aptidão de instituir leis que determinam pagamentos compulsórios ao Poder Público a título de tributo. É a própria Constituição Federal que dá esse “poder” aos entes políticos e também estabelece os limites que devem ser respeitados para o exercício dessa competência, sobretudo os previstos no art. 150 da Constituição (CORREIA NETO, 2019).

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Tabela 1 – Repartição constitucional das competências tributárias

Tributo Ente

Impostos, taxas e contribuição de melhoria União. Estados, DF e municípios

Empréstimos compulsórios União

Contribuições especiais União

Contribuição de iluminação pública Municípios e DF

Impostos federais União

Novos impostos e impostos extraordinários União

Impostos estaduais Estados e DF

Impostos municipais Municípios e DF

Contribuições para seguridade União Contribuições para regime próprio de

previdência

União, estados, municípios e DF

Novas contribuições para seguridade União Fonte: Correia Neto (2019)

União, Estados, Distrito Federal e Municípios podem instituir taxas e contribuições de melhoria, desde que tenham também competência para realizar a atividade da qual decorra a cobrança desses tributos. Ou seja, devem ser competentes para prestar os serviços ou desempenhar as atividades de fiscalização típicas do poder de polícia, no caso das taxas; e para realizar as obras públicas, no caso das contribuições de melhoria (CORREIA NETO, 2019).

Segundo Correia Neto (2019), a União pode instituir impostos sobre: importação de produtos estrangeiros (II); exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE); renda e proventos de qualquer natureza (IR); (4) produtos industrializados (IPI); operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF); propriedade territorial rural (ITR); e grandes fortunas (IGF). Razões de ordem histórica, política e econômica influíram na composição do quadro de partilha de competências. A Constituição dá a União também a competência para instituir novos impostos e impostos extraordinários .

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De acordo com Correia Neto(2019), os estados e o distrito Federal, com base no art. 155, podem estabelecer impostos sobre: transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCD ou ITCMD); operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS); e propriedade de veículos automotores (IPVA).

Correia Neto (2019), também afirma que os municípios são competentes para instituir impostos sobre: propriedade predial e territorial urbana (IPTU); transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI); e serviços de qualquer natureza, definidos em lei complementar (ISS).

O Distrito Federal, pode instituir os impostos de competência estadual e municipal, pois tem competência para ambos.

Tabela 2 – Repartição constitucional para instituição de impostos

Ente Imposto

União II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IGF

Estados e DF ITCD, ICMS, IPVA

Municípios e DF IPTU, ITBI, ISS

Fonte: Correia Neto (2019)

A divisão do produto da arrecadação é diferente da repartição de competências tributárias. Quando se divide a competência, confere-se ao ente político a capacidade de instituir o tributo e discipliná-lo, enquanto, na partilha do produto da arrecadação, o que se tem é apenas a divisão do produto arrecadado. A repartição do produto da arrecadação de certos tributos explica-se pela necessidade de corrigir assimetrias na nossa Federação, tanto no nível vertical – entre entes federados de nível diferente (ex. União e Estados) – quanto no nível horizontal – entre entes federados de mesmo nível (CORREIA NETO, 2019).

2.3 Tributos sobre o consumo

Segundo Gassen, essa espécie de encargo fiscal tem como uma de suas principais características a sua repercussão econômica na cadeia de consumo, de modo que se opera a transferência do ônus tributário ao consumidor final por intermédio da incorporação do tributo no preço do bem ou serviço, como um custo adicional. Assim, ocorre uma cisão entre o chamado contribuinte de direito, previsto no ordenamento como o responsável pelo fato

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imponível e que ocupa, consequentemente, o polo passivo da obrigação tributária, e aquele que arca economicamente com o encargo em si, conhecido pela doutrina e jurisprudência por contribuinte de fato.

No Brasil, a tributação sobre o consumo se dá, principalmente, por três impostos: IPI, de competência federal; ICMS, de competência estadual; ISS, de competência municipal.

Outros problemas resultam de características destes tributos, como a grande complexidade de sua legislação, o excesso de benefícios fiscais e regimes especiais, a cobrança do ICMS no estado de origem nas transações interestaduais (base da guerra fiscal entre os estados).

2.3.1 IPI

O IPI é um tributo de competência da União, que incide sobre produtos industrializados, sejam eles nacionais ou estrangeiros

O fato gerador do IPI se dá, de acordo com o decreto 7.212/2010, quando: • o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; ou

• a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.

A base de cálculo do IPI é definida pelo valor da operação de venda do produto industrializado, e as alíquotas são estabelecidas na Tabela de Incidência de IPI (TIPI). Em geral, produtos considerados supérfluos possuem tarifas mais altas, enquanto produtos de primeira necessidade possuem alíquotas mais baixas

De acordo com o decreto 7.212/2010, os contribuintes do IPI são:

• o importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira;

• o industrial, em relação ao fato gerador decorrente da saída de produto que industrializar em seu estabelecimento, bem como quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar;

• o estabelecimento equiparado a industrial, quanto ao fato gerador relativo aos produtos que dele saírem, bem como quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar;

• os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou remeterem a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras.

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• os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão; • os produtos industrializados destinados ao exterior;

• o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; • a energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

O IPI também pode ser utilizado como imposto seletivo, ou seja, em casos em que é necessário estimular o consumo de um produto o Governo pode reduzir sua alíquota ou até mesmo isentá-lo do IPI.

2.3.2 ICMS

O ICMS, de competência dos estados e do Distrito Federal, é o tributo mais importante, considerando sua capacidade de arrecadação, sendo responsável por onerar o consumo de bens e serviços de transporte intermunicipal e interestadual e de comunicação, ainda que tais operações se iniciem no exterior.

De acordo com a Lei Complementar 87/1996, que regulamenta o ICMS, sua incidência se dá:

• operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;

• prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;

• prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;

• fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

• fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.

• a entrada de mercadoria importada do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo permanente do estabelecimento;

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• a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. O ICMS, assim como qualquer outro imposto, é cobrado a partir de um fato gerador, que segundo a Lei Complementar 87/1996, pode ser:

• da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;

• do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento;

• da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente;

• da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;

• do inicio da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza;

• do ato final do transporte iniciado no exterior;

• das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;

• do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços: não compreendidos na competência tributária dos Municípios ou compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa de incidência do imposto da competência estadual

• do desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas do exterior; • do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior;

• da aquisição em licitação pública de mercadorias importadas do exterior apreendidas ou abandonadas;

• da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização;

• da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente.

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São isentos de pagar ICMS:

• Operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado à impressão;

• Operações e prestações que destinem ao exterior serviços ou mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados;

• Operações interestaduais relativas à energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou comercialização;

• Operações com outro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial;

• Operações com arrendamento mercantil; • Operações com hortifrutigranjeiros;

• Operações de insumos agrícolas (incluindo mudas de plantas e sementes); • Aquisição de veículos adaptados para pessoas com deficiência física.

O ICMS é o imposto mais importante devido a sua capacidade de arrecadação. De acordo com os dados do Conselho Nacional de Política Fazendária, dos R$ 660, 5 bilhões arrecadados pelos estados brasileiros, R$ 509,7 bilhões, cerca de 77%, são referentes ao ICMS.

A alíquota interestadual de ICMS segue de acordo com a tabela abaixo: Figura 1: Tabela interestadual ICMS 2020

Fonte: Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) 2.3.3 ISS

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O ISS é um imposto de competência municipal e do Distrito Federal, que incide sobre os serviços, incluindo os que são provenientes do esterior ou que tenham se iniciado no exterior.

Sua alíquota mínima, definida pela Emenda Constitucional 37/2002, é de 2%, enquando sua alíquota máxima, definida pela Lei Complementar 116/2003 é de 5%.

Os serviços sobre os quais o ISS incide constam na lista anexa à Lei Complementar 116/2003.

De acordo com a Lei Complementar 116/2003, o ISS não incide sobre: • as exportações de serviços para o exterior do País;

• a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados;

• o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras.

2.4 Proposta de Emenda Constitucional (PEC)

Proposta de Emenda Constitucional é toda modificação imposta ao texto da Constituição Federal após a sua promulgação. É o processo que garante que a constituição de um país seja alterada em partes, para se adaptar e permanecer atualizada diante das mudanças sociais.

O artigo 60 da Constituição Federal, que trata sobre Emenda à Constituição, diz: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

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§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Depois de criada, a PEC é enviada para a Comissão de Constituição e Justiça e de Redação (CCJ), que dirá se a proposta pode ser aceita ou não. Se for aceita, e sua admissibilidade aprovada, ela passa para a comissão especial.

Aprovada na CCJ, o presidente da Câmara cria uma Comissão Especial para a análise de seu conteúdo, que tem prazo de 40 sessões ordinárias para analisar o texto. A Comissão Especial tem um presidente e três vice-presidentes, eleitos por seus pares.

Nas dez primeiras sessões, os deputados têm a oportunidade de apresentar emendas ao projeto do governo apenas se tiverem apoio de pelo menos um terço da composição da Câmara (171 deputados) por emenda apresentada.

Na Comissão Especial, bastará que a proposta tenha a aprovação da maioria dos votos dos presentes. Mas, para isso, será exigida a presença da maioria dos integrantes da comissão.

Após ser aprocada na comissão, a PEC já pode ser votada no plenário da câmara. É necessária aprovação em dois turnos, com espaço de pelo menos cinco sessões entre um turno e outro.

Para ser aprovada, a proposta deverá obter os votos de três quintos, no mínimo, do número total de deputados da Câmara em cada turno da votação, ou seja, aprovação de 308 dos 513 deputados.

Se aprovada, o presidente da câmara mandará a proposta aprovada para o Senado. No senado, a proposta irá apenas para a CCJ dar o parecer em até 30 dias.

Depois de aproada na CCJ, a proposta segue para o plenário do senado, que tem o prazo de cinco sessões para discutir a proposta. A aprovação se dá em dois turnos, precisando do voto de, no mínimo, 60% dos senadores em cada um dos turnos, ou seja 49 dos 81 senadores. O intervalo entre as votações é de no mínimo cinco dias.

Caso a PEC que saiu da Câmara não tenha sido alterada pelo Senado, o texto é promulgado em sessão no Congresso pelo Presidente da República e entra, então, em vigor.

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2.4.1 PEC 45/2019

Criada pelo deputado federal Baleia Rossi (MDB/SP), a PEC 45/2019, propõe a extinção de cinco impostos, três de competência federal (IPI, PIS e Cofins), além do ICMS (estadual) e ISS (municipal), e sua consequente substituição por um único imposto, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Segundo Baleia Rossi, o modelo busca simplificar radicalmente o sistema tributário brasileiro, sem no entanto, reduzir a autonomia dos Estados e Municípios, que manteriam o poder de gerir suas receitas através da alteração da alíquota do IBS.

A alíquota do IBS aplicável a cada operação será formada pela soma das alíquotas fixadas pela União, pelos estados ou distrito federal e pelos municípios e na ausência de disposição específica na lei federal, estadual, distrital ou municipal, a alíquota do imposto será aquela fixada pelo Senado Federal com base em estudo técnico elaborado pelo Tribunal de Contas da União.

A PEC 45/2019 define um período de 10 anos para transição sem diminuição da carga tributária, e 50 anos para repartição de receitas do IBS entre os estados e municípios.

2.4.2 PEC 110/2019

Criada pelo Senado Federal, a PEC 110/2019 tem como base a aplicação das diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a qual 90% dos países do mundo já aderiram e que preveem algumas semelhanças em relação ao sistema tributário.

A PEC 110/2019 propõe a substituição de nove tributos (IPI, Cofins, IOF, PIS, Pasep, Salário-educação, Cide-combustíveis, ICMS e ISS), e a criação de um único imposto, o IBS, de competência estadual, com alíquota uniforme em todo o país. Sua instituição será mediante Lei complementar, que poderá variar de acordo com a qualidade da mercadoria e do serviço. O produto da arrecadação pertenceria ao Estado de destino; e por último, a tributação favorecida para uma lista restrita de produtos.

Além do IBS, a PEC 110/2019 também prevê a criação de um Imposto sobre Bens e Serviços Específicos, que terá competência federal, e irá incider sobre energia, telecomunicações, veículos e derivados do petróleo e do tabaco, mediante lei complementar.

A PEC também requer a extinção da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e a majoração do Imposto de Renda de forma progressiva. O ITCMD passa a ser de competência federal e sua arrecadação seria destinada aos municípios. O IPVA, por sua vez, passaria a onerar também embarcações e aeronaves.

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3 METODOLOGIA

Pesquisa científica é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos. (ANDRADE, 2001).

Para Fonseca (2002), methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica.

3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia usada neste estudo será a pesquisa bibliográfica. Segundo Fonseca (2002), A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta.

Quanto aos objetivos, essa pesquisa é classificada como exploratória. De acordo com Gil (2007), este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão.

A pesquisa exploratória geralmente envolve um tipo de abordagem qualitativa. O uso da análise qualitativa enriquece a análise de dados que se pretende compreender e suas interpretações permitem uma melhor compreensão dos dados obtidos.

3.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

Será realizada uma minuciosa pesquisa bibliográfica, visto que se trata de um assunto amplo. Durante o processo de pesquisa e desenvolvimento do estudo serão obedecidos os seguintes procedimentos:

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• Seleção da bibliografia a ser utilizada; • Levantamento do referencial bibliográfico;

• Análise das Propostas de Emenda à Constituição em tramitação no Congresso Nacional no ano de 2019 que tratem de reforma tributária;

• Estudo comparativo entre as propostas analisadas; • Apuração dos impactos da reforma tributária; • Preparação das informações;

• Descrição; • Interpretação.

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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.1 ANÁLISE DA PEC 45/2019

Apresentada pelo deputado federal Baleia Rossi, a PEC foi desenvolvida pelo Centro de Cidadania Fiscal (CciF), que foi constituída para pensar melhorias para o sistema tributário brasileiro, seguindo os princípios da simplicidade, neutralidade, equidade e transparência.

Serão unificados cinco impostos: ICMS, IPI, ISS, PIS, Cofins. Esses impostos serão substituídos pelo IBS.

Características do IBS:

• Imposto federal, com alíquota formada pela soma das alíquotas federal, estaduais e municipais; estados e municípios determinam suas alíquotas por lei;

• Incidirá sobre bens, serviços e direitos, tributando todas as utilidades destinadas ao consumo;

• Será cobrado em todas as etapas de produção e comercialização; • Não-cumulativo;

• Terá mecanismo para devolução de créditos acumulados pelos exportadores;

• Será assegurado crédito instantâneo ao imposto pago na aquisição de bens e capital; • Incidirá sobre qualquer operação de importação;

• Nas operações interestaduais e intermunicipais, pertencerá ao estado ou município de destino.

Visando acabar com a problemática da guerra fiscal, a PEC 45/2019 insitui a tributação no destino, ou seja, a receita será recolhida e arrecadada pela unidade da federação ao qual o seu produto se destina e não onde é produzida, como acontece hoje.

O principal artigo da Constituição Federal que sofrerá modificação é o art. 152-A, pois é o que trata sobre o IBS, que diz:

Art. 152-A. Lei complementar instituirá imposto sobre bens e serviços, que será uniforme em todo o território nacional, cabendo à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exercer sua competência exclusivamente por meio da alteração de suas alíquotas.

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I – incidirá também sobre: a) os intangíveis;

b) a cessão e o licenciamento de direitos; c) a locação de bens;

d) as importações de bens, tangíveis e intangíveis, serviços e direitos;

II – será regulado exclusivamente pela lei complementar referida no caput deste artigo;

III – será não cumulativo, compensando-se o imposto devido em cada operação com aquele incidente nas etapas anteriores; IV – não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação das alíquotas nominais;

V – não incidirá sobre as exportações, assegurada a manutenção dos créditos;

VI – terá alíquota uniforme para todos os bens, tangíveis e intangíveis, serviços e direitos, podendo variar entre Estados, Distrito Federal e Municípios.

§ 2° A alíquota do imposto aplicável a cada operação será formada pela soma das alíquotas fixadas pela União, pelos Estados ou Distrito Federal e pelos Municípios, observado o seguinte

I – a competência para alteração da alíquota pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios será exercida por lei do respectivo ente;

II – na ausência de disposição específica na lei federal, estadual, distrital ou municipal, a alíquota do imposto será a alíquota de referência, fixada nos termos do art. 119 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

§ 3° Nas operações interestaduais e intermunicipais:

I – incidirá a alíquota do Estado ou Distrito Federal e do Municípios de destino;

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II – o imposto pertencerá ao Estado ou Distrito Federal e ao Município de destino;

§ 4° Os débitos e créditos serão escriturados por estabelecimento e o imposto será apurado e pago de forma centralizada.

§ 5° A receita do imposto sobre bens e serviços será distribuída entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios proporcionalmente ao saldo líquido entre débitos e créditos do imposto atribuível a cada ente, nos termos da lei complementar referida no caput.

§ 6° A lei complementar referida no caput criará o comitê gestor nacional do imposto sobre bens e serviços, integrado por representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios, a quem caberá:

I – editar o regulamento do imposto, o qual será uniforme em todo o território nacional;

II – gerir a arrecadação centralizada do imposto;

III – estabelecer os critérios para a atuação coordenada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na fiscalização do imposto;

IV – operacionalizar a distribuição da receita do imposto, nos termos estabelecidos no parágrafo 5° deste artigo;

V – representar, judicial e extrajudicialmente, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas matérias relativas ao imposto sobre bens e serviços.

§ 7° A representação judicial e extrajudicial do comitê gestor será exercida de forma coordenada pelos procuradores da Fazenda Nacional, dos Estados e dos Municípios.

§ 8° Cabe à lei complementar disciplinar o processo administrativo do imposto sobre bens e serviços, que será uniforme em todo o território nacional.

§ 9° Excetua-se do disposto no inciso IV do § 1° a devolução parcial, através de mecanismos de transferência de renda, do imposto recolhido pelos contribuintes de baixa renda, nos termos da lei complementar referida no caput.

Além do art. 152-A, a PEC 45/2019 ainda traz outros artigos de extrema importância, dentre eles:

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• Art. 154: trata dos impostos seletivos, que tem finalidade extrafiscal, e objetiva desestimular o consumo de determinados bem, serviços ou direitos;

• Art. 159-A: diz que a alíquota do IBS fixada pela União se dá pela soma das alíquotas singulares vinculadas a: seguridade social; financiamento do programa do seguro-desemprego e do abono salarial do PIS/Pasep; financiamento de programas de desenvolvimento econômico; fundo de participação dos estados; fundo de participação dos municípios; programas de financiamento ao setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; transferência aos estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados; manutenção e desenvolvimento do ensino; ações e serviços públicos de saúde e outros recursos não vinculados;

• Art. 159-B: diz que a alíquota do IBS fixada pelos estados e Distrito Federal se dá pela soma das alíquotas singulares vinculadas a: manutenção e desenvolvimento do ensino; ações e serviços públicos de saúde; transferência aos municipios de cada Estado; outras desinações previstas na Constituição do Estado ou do Distrito Federal.

• Art. 159-C: institui que a alíquota do IBS fixada pelos municípios se dá pela soma das alíquotas singulares vinculadas a: manutenção e desenvolvimento do ensino; ações e serviços públicos de saúde; outras destinações previstas na lei orgânica do município. • Art. 159-D: institui que a receita do IBS arrecadada pelos entes federativos será

distribuída entre as destinações de que tratam os art. 159-A, 159-B e 159-C, na proporção da participação de cada alíquota singular na alíquota total.

• Art. 120, ADCT: prevê a criação de um comitê gestor, via lei complementar, que seria responsável pela arrecadação e distribuição das receitas entre União, estados, Distrito Federal e municípios.

Há também, a possibilidade de modificação da alíquota referente às parcelas federais, estaduais ou municipais do IBS. Nesse caso, a PEC institui o Tribunal de Contas da União (TCU) para indicar as alíquotas que podem ou não ser utilizadas pelos entes federativos. Estima-se que a alíquota total seria fixada entre 20% e 25%.

O período de transição para implementação completa do IBS é de 10 anos, e 50 anos para consolidação da repartição da arrecadação tributária do imposto. Durante o período de 10 anos, os contribuintes continuarão recolhendo PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS juntamente com o IBS.

Nos dois primeiros anos, a alíquota de Confins sofrerá redução de 1%. A partir do terceiro ano, os demais impostos terão suas alíquotas progressivamente reduzidas, com base nas seguintes proporções:

• 7/8 (sete oitavos) no terceiro ano; • 6/8 (seis oitavos) no quarto ano;

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• 5/8 (cinco oitavos) no quinto ano; • 4/8 (quatro oitavos) no sexto ano; • 3/8 (três oitavos) no sétimo ano; • 2/8 (dois oitavos) no oitavo ano; • 1/8 (um oitavo) no nono ano.

No décimo ano, todos os cinco impostos serão extintos totalmente e darão lugar ao IBS, conforme mostra o gráfico abaixo:

Gráfico 1: Transição dos impostos para o IBS

Fonte: Câmara dos deputados (2019) 4.2 ANÁLISE DA PEC 110/2019

De autoria conjunta do senador Davi Alcolumbre e outros senadores, a PEC 110/2019, tem como objetivo a criação do IBS, com características de um IVA.

Com a criação do IBS, nove impostos seriam extintos do sistema tributário nacional: IPI, Cofins, Cofins-Importação, PIS, PIS-Importação, IOF, salário-educação, ICMS e ISS. Características do IBS:

• Alíquota padrão;

• Não incidência sobre movimentação ou transmissão financeira, sobre a prestação de serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita

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• Tributação favorecida para uma lista restrita de produtos.

Além do IBS, a PEC 110/2019 também prevê a criação de um Imposto Seletivo (IS), que teria as seguintes características:

• Incidência sobre energia, telecomunicações, veículos e derivados do petróleo e do tabaco;

• Incidência sobre importações;

• Possibilidade de alíquotas diferenciadas; • Não incidência sobre exportações;

• Não poderá ter alíquota superior ao IBS, exceto no que se refere a cigarros, produtos de fumo e bebidas alcoólicas;

• Incidência monofásica;

• Não integrará a base de cálculo do IBS.

O principal artigo que sofrerá alteração é o Art. 155, que diz:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir: I - imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

III- imposto sobre propriedade de veículos automotores terrestres, aquáticos e aéreos;

IV -por intermédio do Congresso Nacional, imposto sobre operações com bens e serviços, ainda que se iniciem no exterior. §

6°··· ···

III - não incidirá sobre veículos de uso comercial destinados exclusivamente à pesca ou ao transporte público de passageiros ou de cargas, nos termos da lei complementar.

IV - terá alíquotas máximas e mínimas fixadas por lei complementar, que regulará a forma e as condições como

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isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

§ 7° O imposto de que trata o inciso IV do caput deste artigo será instituído por lei complementar, apresentada nos termos do disposto no art. 61 , §§ 3° e 4°, e atenderá ao seguinte:

I - será uniforme em todo o território nacional e terá regulamentação única, vedada a adoção de norma estadual autônoma, ressalvadas as hipóteses previstas em lei complementar;

II - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, sendo assegurado:

a) o crédito relativo às operações com bens e serviços empregados, usados ou consumidos na atividade econômica, ressalvadas as exceções relativas a bens ou serviços caracterizados como de uso ou consumo pessoal;

b) o crédito integral e imediato, quando cabível, na aquisição de bens do ativo imobilizado;

c) o aproveitamento de saldos credores acumulados; III - incidirá também:

a) nas importações, a qualquer título; b) nas locações e cessões de bens e direitos;

c) nas demais operações com bens intangíveis e direitos;

IV - terá uma alíquota padrão, assim entendida a aplicável a todas as hipóteses não sujeitas a outro enquadramento;

V - a alíquota aplicável às operações sujeitas também ao imposto de que trata o art. 153, VIII, não poderá ser superior à alíquota padrão;

VI - não incidirá:

a) nas exportações, garantidos a manutenção e o aproveitamento do imposto cobrado nas operações anteriores;

b) sobre a mera movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira;

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c) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

VII- sem prejuízo do disposto nos arts.156-A e 158, V, o imposto pertencerá ao Estado de destino do bem ou serviço, nos termos da lei complementar, que poderá estabelecer:

a) cobrança em todo território nacional centralizada em um único estabelecimento;

b) exigência integral do imposto no Estado de origem da operação com o bem ou serviço e repasse ao Estado de destino; c) utilização de câmara de compensação, que poderá ser implementada por tipo de bem ou serviço ou por setor de atividade econômica;

VIII- não poderá ser objeto de isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia, remissão ou qualquer outro tipo de incentivo ou benefício fiscal ou financeiro vinculado ao imposto, exceto, se estabelecido por lei complementar, em relação a operações com os seguintes produtos ou serviços:

a) alimentos, inclusive os destinados ao consumo animal; b) medicamentos;

c) transporte público coletivo de passageiros urbano e de caráter urbano;

d) bens do ativo imobilizado; e) saneamento básico;

f) educação infantil, ensino fundamental, médio e supenor e educação profissional;

IX - não integrará sua própria base de cálculo ou a do imposto de que trata o art. 153, VIII;

X- poderá ser cobrado de acordo com a liquidação financeira das operações;

XI - lei complementar estabelecerá as matérias da regulamentação única prevista no inciso I deste parágrafo que dependerão de aprovação por resolução do Senado Federal.

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Além do Art. 155, a PEC 110/2019, altera outros artigos de extrema impotância, dentre eles:

• Art. 156: estebelece que o IBS terá alíquotas mínimas, assim como limites para concessão de benefícios fiscais;

• Art. 156-A: estabelece que, do total arrecadado pelo IBS, 35,57% pertencerá a União, que custeará os programas de seguro-desemprego e do abono do PIS/Pasep;

• Art. 157: estabelece que 20% do Imposto Seletivo será destinado aos Estados e ao Distrito Federal;

• Art. 158: estabelece que 22,91% da arrecadação do IBS será destinada aos municípios • Art. 162-B: estabelece que o Comitê Gestor da Administração Tributária Nacional,

será composto por representantes da administração tributária estadual, distrital e municipal para administrar e coordenar as atribuições previstas.

A PEC 110/2019 também pretende incorporar a contribuição social sobre o lucro líquido ao imposto de renda e prevê a possibilidade de uma alíquota adicional de IBS em substituição à contribuição previdenciária patronal, como uma tentativa de desoneração.

Com relação a tributação sobre o patromônio, ainda (i) alarga a incidência do IPVA para também alcançar a propriedade de embarcações e aviões, bem como transfere o produto de sua arrecadação aos municípios; e (ii) propõe que a competência do ITCMD seja transferida à União, porém destinando a arrecadação aos municípios. Embora não trate especificamente do IPTU e do ITBI, a proposta estabelece a possibilidade de os municípios serem obrigados a efetuarem reajustes mínimos da base de cálculo, com o objetivo de evitar sua subvaloração.

A PEC 110/2019 determina o fim dos benefícios fiscais, mas mantém a Zona franca de Manaus, mediante a concessão de crédito presumido que cubra as diferenças de custo de logística e transporte dos empreendimentos localizados na região.

O período de transição previsto para esta proposta é de 5 anos. Após o primeiro ano, a Contribuição sobre Bens e Serviços se extingue, passando a ser exigido gradativamente o IBS, sendo acrescido em um quinto a cada exercício. Terminado o quinto ano à publicação da emenda, os nove tributos serão totalmente extintos e o IBS incorporado ao sistema tributário nacional.

Referências

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