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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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Academic year: 2021

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ACÓRDÃO

9ª TURMA Provido o recurso da reclamada, para determinar a observância da jornada básica de 08 horas. Parcial provimento ao recurso do autor, para determinar a

observância dos adicionais previstos nas normas coletivas trazidas com a inicial, e o pagamento da multa do art. 477, § 8°, da CLT.

Recorrentes: Panamericano Administradora de Cartões de Crédito S/C Ltda Alex Beirão da Silva

Recorridos: os mesmos

Relator: José Luiz da Gama Lima Valentino

I - RELATÓRIO

Processo originário da MM. 69ª Vara do Trabalho/RJ.

Prolatou-se sentença em 13.02.06 (fls. 135/142), da lavra da ilustre Dra. Maria Letícia Gonçalves, julgando-se procedente em parte a demanda.

Alex Beirão da Silva opõe embargos declaratórios, às fls. 144/145 sendo julgados improcedentes, na forma da decisão de fls. 146/147.

Panamericano Administradora de Cartões de Crédito S/C Ltda recorre ordinariamente às fls. 148/153. Reporta-se ao depoimento do autor, ao art. 3º do seu contrato social (objeto social) e ao contrato de prestação de serviços com o Banco Panamericano (fl. 173), para sustentar que as funções exercidas pelo autor nada possuem daquelas típicas de um verdadeiro bancário. Aduz que é lícita a terceirização de serviços de apoio às atividades das empresas integrantes do sistema financeiro. Ressalta que a jornada reduzida prevista no art.224 da CLT só é aplicável a essa categoria profissional. Comprovam-se custas e depósito recursal às fls. 154/155.

Alex Beirão da Silva apresenta contra-razões às fls. 157/161. Pugna, em suma, pela manutenção da sentença.

Alex Beirão da Silva também recorre ordinariamente às fls. 162/174. Requer que as horas extras sejam calculadas com base no salário fixo acrescido das comissões, pois recebia remuneração mista, sendo inaplicável o Enunciado nº 340 do C.TST. Quanto às horas extras laboradas até 01.11.02, ressalta ter ocorrido confissão do preposto, por ter declarado seu desconhecimento, aduzindo que a transferência foi para outra empresa do mesmo grupo econômico. Requer, assim, o deferimento das horas extras sobre todo o pacto laboral. Requer, também, o pagamento das horas extras acrescidas de 50%, em relação às duas primeiras horas, e de 100%, para as excedentes à 2ª hora extra laborada, conforme cláusula 23, alínea “a”, das Convenções Coletivas da Categoria juntada aos autos. Ressalta não ter pedido seu enquadramento como bancário, e sim a aplicação da Súmula nº 55 do TST. Desta forma, alega ser válidas as normas coletivas do sindicato da categoria econômica do autor, que sequer foram impugnadas pelo Réu. Requer aplicação da multa do art. 477, § 8º, da CLT, tendo em vista que recebeu as verbas resilitórias de forma incompleta, pois não recebeu no prazo as guias de FGTS e seguro-desemprego, ferindo o disposto no art. 146 da CLT.

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Sorteio de Relator realizado em 06.11.06 e certificado à fl. 177.

Sessão de julgamento realizada em 24.06.08, decidindo a 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, conforme os termos de certidão de fl. 180, retirar o feito de pauta ante a determinação de reexame de voto deste relator.

II - FUNDAMENTAÇÃO

1. Conhecimento

Satisfeitos os pressupostos recursais formais, passa-se à análise dos recursos.

2. Recurso de Panamericano Administradora de Cartões – enquadramento do autor Primeiramente se constata, através do depoimento do autor (fl. 130), que o mesmo não desempenhava atividades de bancário. Transcreve-se (fl. 130):

..., o mesmo disse que o reclamado, nesta cidade, não dispõe de agência com clientes correntistas, funcionando como financeira, dispondo ainda de outros produtos como cartões de crédito e consórcios e seguros; que o depoente, como assistente de negócios, podia vender quaisquer destes papéis oferecidos, trabalhando internamente com cadastro de clientes e...

... que no atendimento direto ao cliente, o depoente conferia documentos, cadastro e fazia consultas ao SERASA; ...

Tais atividades se inserem entre aquelas típicas de administradoras de cartão de crédito, sendo certo que essas empresas necessariamente estão vinculadas a entidades financeiras, de forma a permitir a utilização do cartão, pois tal utilização depende de financiamento de terceiros.

2.1. Paralelamente se discute no presente caso, o enquadramento da reclamada - empresa administradora de cartão de crédito como empresa financeira e portanto equiparável aos estabelecimentos de crédito, nos termos da súmula n° 55 do C.TST. Transcreve-se a súmula:

TST-55. Financeiras (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para os efeitos do art. 224 da CLT.

Redação original - RA 105/1974, DJ 24.10.1974

Transcreve-se então o art. 3° do Estatuto Social da Panamericano - Administradora de Cartões de Crédito S/C, conforme exposto na defesa (fl. 106), e aceito na sentença:

...

Art. 3º. A sociedade tem por objeto social: a) a administração de cartões de crédito de terceiros; b) obtenção, em nome e por conta dos titulares de cartões de crédito e dos estabelecimentos filiados, de financiamento junto a instituições financeiras; c) a concessão de aval ou fiança às partes integrantes do negócio de cartão de crédito; d) a

formação e utilização de cadastro; d) a cobrança em nome e por conta de terceiros; f) a

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cartões de crédito junto às instituições financeiras, para obtenção de financiamento de compras e serviços; h) o desempenho de atividades pertinentes e correlatas às mencionadas nos itens precedentes.

...

Da leitura da cláusula acima, conclui-se que a reclamada basicamente presta serviços de cadastro, emissão de cartões de crédito e intermediação de financiamentos para o associado (titular do cartão), junto a entidades financeiras, no caso, uma entidade do próprio grupo, qual seja, o Banco Panamericano S/A, nos termos do contrato de prestação de serviços com ele firmado:

...

01 – Consiste no objeto deste contrato a prestação de serviços pela CONTRATADA ao CONTRATANTE, nos termos da Resolução nº 2707, de 30/03/2000. do Conselho Monetário Nacional, conforme abaixo estipulado:

a) recepção e encaminhamento de pedidos de empréstimos e de financiamento; b) análise de crédito e cadastro;

c) execução de cobrança de títulos;

d) outros serviços de controle, inclusive processamento de dados das operações pactuadas.

...

Verifica-se, então, que a atividade principal da reclamada consistia, fundamentalmente, em serviços de natureza administrativa, típicas de administradoras de cartões de crédito, não se configurando estabelecimento de crédito.

Não se aplica, pois, a súmula, sendo o autor sujeito a jornadas normais de 08 horas. 3. Recurso de Alex Beirão da Silva

3.1. Base de cálculo das horas extras e adicionais normativos

Já na inicial, o autor limitou seu pleito ao reconhecimento da jornada de seis horas, nos termos da súmula nº 55 do C.TST. No mais, conforme a regra sumulada, pretendeu a observância das normas vinculadas à categoria econômica da reclamada. Nesse particular, está correto.

A reclamada é uma empresa prestadora de serviços, enquadrada no 3° Grupo da Confederação Nacional do Comércio, na categoria de Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e

Pesquisas do 3º Grupo – Agentes Autônomos do Comércio do plano da CNC e seus empregados, à exceção dos diferenciados, na sua paritária categoria profissional.

Ademais, ainda que aplicável o entendimento esposado pela súmula n° 55 do C. TST, a mesma é textual ao restritivamente equiparar os estabelecimentos de crédito, apenas para os efeitos do art. 224 da CLT, ou seja – apenas para a jornada inerente a bancários.

Dessa forma, aplica-se o art. 611, § 1º, da CLT, igualmente textual, ao restringir a

exigibilidade das normas coletivas aos sindicatos e empresas acordantes, discriminados na forma do art. 613, inciso I, também consolidado. Quanto a esse aspecto, o art. 869 regula a extensão da decisão normativa - em dissídios coletivos - além das partes suscitadas, de forma a beneficiar todos os membros da categoria profissional, situados no âmbito da jurisdição do Tribunal, o que não ocorre na

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hipótese - aplicação de convenção ou acordo.

Diante do enquadramento do autor, a base de cálculo das horas extras continua sendo de 220 horas.

Paralelamente, conforme exposto, são aplicáveis as normas relativas à categoria econômica do empregador (trazidas com a inicial), devendo, assim, serem observados os adicionais nelas estabelecidos para o serviço extraordinário.

3.2. Remuneração mista – comissões e parte fixa – horas extras – súmula nº 340

Na sentença, o juízo de primeiro grau desmembrou a remuneração do autor, para efeito de cálculo das horas extras. Fê-las incidir integralmente sobre a parte fixa do salário, todavia, no que concerne às comissões, limitou-as ao adicional. Assim, o autor pretende afastar tal entendimento, na medida em que perceberia remuneração mista, não sendo diretamente implementável a súmula n° 340 do C.TST.

De fato, comprovou-se que, a partir de determinando momento, o autor passou a ser remunerado de forma mista, através de parte fixa e comissões.

Todavia, mesmo em se tratando de remuneração mista, quanto mais laborava, maior se tornava a remuneração do autor, ante a majoração das comissões. Assim, impõe-se o entendimento contido na súmula n° 340 do C.TST, ora transcrita:

TST- 340. Comissionista. Horas extras - Nova redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003 O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como divisor o número de horas efetivamente trabalhadas.

Todavia, conforme já reconhecido em primeiro grau, a regra acima não se aplica à parte fixa do salário, que remunerava apenas as 220 horas contratualmente pactuadas. Em relação a tal parte, utiliza-se o divisor 220, sendo devida a hora-base normal.

3.3. Multa do art. 477, § 8º da CLT

Em que pese o tempestivo pagamento das verbas resilitórias, a homologação do distrato somente se operou em 20.10.04, quase 40 dias depois da dispensa (09.09.04).

Assim, não se pode considerar aperfeiçoado o distrato, para os efeitos do art. 477, § 6°, da CLT, pois o autor não poderia levantar o FGTS ou se habilitar ao seguro-desemprego, parcelas essas que representam grande parte das verbas resilitórias.

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III - DISPOSITIVO

Ante o acima exposto, esta 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região decide, por unanimidade, conhecer os recursos.

No mérito, concede-se provimento ao recurso ajuizado por Panamericano Administradora de Cartões de Crédito S/C Ltda para determinar a observância da jornada legal de 08 horas diárias.

Concede-se parcial provimento ao recurso ajuizado por Alex Beirão da Silvapara:

a)

determinar a observância das normas coletivas trazidas com a inicial, no que concerne aos adicionais para o serviço extraordinário;

b)

determinar o pagamento da multa do art. 477, § 8°, da CLT, no importe de 01 salário-base.

Lavrado em 19 de agosto de 2008.

José Luiz da Gama Lima Valentino

Relator

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