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A “Crónica Fronteriza” e a crítica Latino Americana

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Academic year: 2020

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A “Crónica Fronteriza” e

a crítica Latino Americana

La “Crónica Fronteriza” y la crítica latinoamericana

Alexandre L. Gonzaga* Leoné A. Barzotto1**

Resumo: Este artigo objetiva fazer uma leitura do texto Crónica fronteriza

(2008) de Margarita Azpiroz, à luz da crítica literária latino americana. Nesse estudo, analisa-se detidamente o percurso do narrador sujeito e sua mudança na linha temporal, observa-se o fenômeno do entre-lugar à luz dos pressupostos de Homi Bhabha. Os deslocamentos de identidade linguística e cultural são elementos presentes na narrativa, além da diáspora e do multiculturalismo, o que torna o texto ideal para estudos literários. Este texto venceu o “Primeiro Concurso de Contos e Crônicas da Fronteira” realizado em 2008 pelos Ministerio Del Desarollo Social del Uruguay e Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Palavras-Chave: percurso narrativo; entre-lugar; diáspora.

Resumen: Este artículo objetiva hacer una lectura del texto Crónica fronteriza (2008) de Margarita Azpiroz, bajo da luz de la crítica literaria latinoamericana. En ese estudio se analiza detenidamente el recorrido del narrador sujeto y su mudanza en la línea temporal, se observa el fenómeno del entre lugar bajo la luz de los presupuestos de Homi Bhabha. Los dislocamientos de identidad

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lingüística y cultural son elementos presentes en la narrativa, allá de la diáspora y del multiculturalismo, lo que torna el texto ideal para estudios literarios. Este texto venció el “Primeiro Concurso de Contos e Crônicas da Fronteira” realizado en 2008 por los Ministerio Del Desarollo Social del Uruguay y Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

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Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que Calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e

La glace est rompue; está começada a crônica. Machado de Assis

Os concursos literários são eventos que promovem a literatura e onde novos autores têm a oportunidade de expor seus talentos; ocorrem em diversos âmbitos desde aqueles restritos às instituições ou municípios até os de alcance internacional. Entre abril e outubro de 2008, o Ministerio Del Desarollo Social del Uruguay e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil promoveram o “Primeiro Concurso de Contos e Crônicas da Fronteira” cujo objetivo era o de fortalecer a identidade cultural dos residentes na zona de fronteira de ambos os países.

Pretende-se fazer uma leitura do texto Crónica fronteriza, de Margarita Azpiroz, à luz dos pressupostos da crítica literária latino americana. A leitura que se propõe nessa breve intervenção não é a de discutir o valor da obra, é o leitor que expressará esse juízo, mas apresentar considerações sobre uma obra que representa um olhar sobre a zona de fronteira. Indo além, dentro de uma visão cartesiana onde se examina as partes constitutivas de um todo harmônico, explorar e discutir os deslocamentos de identidade que subjazem na narrativa, decorrentes em grande parte da influência da “zona de contacto” (PRATT,1999, p. 31).

A crônica como gênero literário pode ser vista metaforicamente como mestiça, porque tem características jornalísticas sem ser jornal, é narração histórica descompromissada com a imparcialidade, narra fatos com humor ou ironia ou crítica ou ainda incluindo todos esses itens num mesmo texto sobre o cotidiano mais simples.

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Tudo isso faz das “crônicas” curiosa mescla de história, ensaio de prosa e ficção, valiosa vitrina literária onde se pode ver a América num prisma de facetas muitas vezes toscamente, algumas vezes polidamente recortadas. (VARGAS, 1979, p. 457)

A crônica de Azpiroz trilha esse caminho com um pouco da história uruguaia e algumas coisas a mais que veremos a seguir. Não está claro se é uma crônica autobiográfica, por isso ao se fazer referência à Margarita, estar-se-á se referindo ao narrador, pois que o texto não carece da presença do autor, do indivíduo que escreveu o texto, para ter sentido próprio.

Margarita é um sujeito que se desloca; visto que as primeiras palavras de seu relato se encarregam de descrever a viagem, a companhia de viagem, e a chegada a Rivera. O motivo do deslocamento é profissional, o marido recebe uma boa proposta de trabalho e aceita-a, vai para Rivera antes da esposa. Esta consegue transferência de seu emprego público e vai depois com o filho e a mobília. Assim se caracteriza um exílio forçado, embora dentro do mesmo país, a personagem vê muito do que há a sua volta com assombro, deslumbramento e curiosidade, entre outros sentimentos de estranhamento. Há, naturalmente, uma “identificação associativa” (HALL, 1999) com sua cultura de origem, afinal Margarita não sai do país, mas da capital rumo à região de fronteira no interior de seu país. O deslocamento da narradora não é só geográfico, há um deslocamento ou, nas palavras de Hall (2005), descentração do sujeito. Segundo Mercer:

[...] a descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos, constitui uma crise de identidade para o indivíduo. [...] “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza”. (MERCER, 1999 apud HALL, 2005, p. 9).

A identidade é constituída através da interação entre o eu e a sociedade, e desempenha o papel de “costurar” o sujeito à estrutura, entretanto ainda segundo Hall (op. cit.) as identidades antes estáveis estão se fragmentando, compostas às vezes por várias identidades e eventualmente opostas entre si. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia (HALL, 2005, p. 13).

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Margarita chega a Rivera em 1968, um ano efervescente ao redor do mundo, com muitos acontecimentos importantes. Alguns fatos conseguem por si tornar mais claro o sentido daquele cierto aire de soberbia que a narradora tinha quando da sua chegada a Rivera. Nesse ano, em fevereiro, algumas universidades foram ocupadas por estudantes na Espanha e Itália, na Alemanha o consulado americano também foi invadido; em março estudantes atacaram a embaixada americana em Londres; em abril, estudantes americanos fazem protestos contra a guerra do Vietnã na Universidade de Columbia; em maio, estudantes fazem protestos contra o status quo e barricadas são levantadas nas ruas e ocorrem confrontos com a polícia, aderem ao movimento diversas classes profissionais; em agosto, tropas soviéticas reprimem com violência a população da então Tchecoslováquia. Como se viu, muitos movimentos de protesto foram encabeçados pelo movimento estudantil. Na América Latina também houve movimentos semelhantes: no Uruguai Jorge Pacheco Areco assume a presidência após a morte do então presidente Oscar Gestido e dá início a uma escalada autoritária conhecida como “Pachecato” (PADRÒS, 2005).

Assim, é sob intensa ebulição política tanto na capital do Uruguai quanto nas principais cidades do mundo que Margarita desembarca num lugar longe do eixo do poder e fortemente influenciado pela cultura do país vizinho.

Ainda, dá ao leitor uma pista de seu posicionamento ideológico em alguns momentos, quando fala sobre La mano de bleque universitaria, expressão compreendida como aquela pessoa que denigre a reputação de outrem, no caso seriam aqueles que se oporiam à ideologia socialista a qual Margarita se engajava. Em outro momento da crônica, a narradora comenta:

con naturalidad ló que pensaba y que era socialista. Se hizo un silencio duro y miradas entrecruzadas. Hoy me avio uma compañera que estoy fichada em la comisaria y que me van a vigilar [...]. Recién dimensione la diferencia política de mi entorno (AZPIROZ, 2008, p. 1).

Mas ao final constata que vivia em um gueto na faculdade, e no seu presente a realidade era ampliada e diferente. Ainda desfrutando de certa liberdade política, a narradora com otimismo fala de um centro cultural fundado

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por docentes onde havia grande quantidade de artistas plásticos e outras pessoas envolvidas com atividades culturais. Entretanto, o otimismo se transforma em preocupação. Em função do acirramento da ditadura, “[...] La mayoria de nuestros amigos docentes, han perdido sus cargos [...] Otros están presos”, e diversos centros culturais, incluindo o de Rivera, foram fechados. Alguns artistas são exilados e passam a viver do outro lado da fronteira, em Livramento. A narradora observa que a ditadura no Brasil é menos repressiva naquela região tão distante.

Os jovens, na narrativa, praticam aos finais de semana uma espécie de footing na avenida que separa Uruguai e Brasil, mas que ao mesmo tempo une os dois países. Há grande aglomeração de jovens andando de carro ou “permanecen parados em la vereda, o apoyados em los autos estacionados”, de onde “surgen ahí tambien lãs miradas de conquistas y lós câmbios de autos”. Contudo, chama-se a atenção na descrição quando a narradora diz: “entre los jóvenes, existe uma separación y está la cuadra de los macacos, y la de los riverenses” (grifo da autora). Os jovens riverenses ao denominarem a quadra onde ficam os brasileiros daquele modo indicam que há um resquício de discurso da época em que o Uruguai era chamado de “A Suíça da América”, período pós-Segunda Guerra em que o país se assentava numa conjuntura internacional favorável que propiciava internamente uma proposta de bem-estar social que, em termos latino-americanos, sem dúvida ficava acima da média (PADRÒS, 2005). Assim, as condições sociais que aquele país viveu, e que só começou a mudar no final de década de 1950, possibilitou a manutenção de um discurso social tradicional, onde o passado é venerado e os símbolos são valorizados porque contém e perpetuam a experiência de gerações (GIDDENS, 1990 apud HALL, 2005, p. 14). Nesse sentido, aqueles jovens uruguaios, detentores de um discurso ideologicamente marcado, buscam por um lado afirmar sua identidade, impondo-se como sujeitos e, por outro lado, afirmam-se como socialmente superiores.

Ainda sobre “la cuadra de los macacos”, chamar os brasileiros de “los macacos” ou ainda “los macaquitos” é uma herança cultural que remonta ao século XIX. De acordo com Schwarcz (1993), o pensamento positivista inclusive no Brasil deu força à ideia de superioridade e inferioridade raciais.

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Assim, nas palavras de Schwarcz, “[...] os negros, escravos, africanos se tornaram “classes perigosas” e viraram “objetos de “sciencia” pela ciência se definia a diferença e a inferioridade” (grifos da autora). Por conseguinte, a miscigenação representava a degeneração da nação (ibidem). Chamar os brasileiros de “los macacos” começou quando a maioria de brasileiros recrutados para combaterem na guerra com o Paraguai era negra ou mestiça. Chamar os soldados brasileiros de “los macaquitos” era o modo irônico que a imprensa paraguaia designava os soldados brasileiros.

Na narrativa, os deslocamentos também são involuntários ou compulsórios, tal como uma diáspora forçada, pessoas obrigadas a sair do lugar em que moram e isoladas do centro de onde se origina o poder, ou mesmo da sociedade, como aquelas “enviadas ao Vilardebó”.

O Vilardebó é um hospital psiquiátrico de referência nacional no Uruguai, situado na capital. Essa instituição foi objeto de pesquisa em 2001, quando Pasturino (et al., 2004) publicaram estudo sobre suicídios ocorridos naquele estabelecimento num dado período de tempo. Essa ligação que ora se faz com o suicídio deve-se ao fato de Durkheim tratar do tema como algo muito mais social do que psicológico. Isolar o indivíduo do convívio social somente agrava-lhe o problema. Pasturino (op. cit., p. 9) relaciona o consumo de álcool como forte preditor desse fato social, e Margarita relata que existia

[...] un grado altísimo de alcoholismo, por la conocida "cachaça" que producía terribles estragos y existía un tren semanal de personas enviadas al Vilardebó, llamado el "tren de los locos". Datos removedores, pero allí se encuentra también, una energía especial, un poderoso poder creativo, que puede confundirse con lo mágico, pero es real. Su gente posee la rara capacidad de encontrar rápidos caminos de salida y respuestas a permanentes cambios, a veces con picardía, otras por simple supervivência (AZPIROZ, 2008, p. 1).

A narradora diz que são retiradas do convívio social e enviadas ao manicômio pessoas com problemas de alcoolismo, mas também pessoas com uma energia especial e rara capacidade, e que a dispor disso eram vistas como loucas.

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Sobre a loucura, têm-se algumas referências fundamentais na história como o “Elogio da loucura”, de Erasmo de Rotterdam (2007), onde pode-se ver uma crítica social numa obra carregada e ambiguidades visto que a obra é uma visão a partir da loucura. Rotterdam põe a loucura como desencadeadora de todas as decisões humanas.

Michel Foucault, por outro lado, ao discorrer sobre a loucura se coloca contra o internamento e consequente afastamento do louco, como solução para a sociedade lidar com tal fato social. Descartes (apud FOUCAULT, 1978, p.52) encontra na dúvida a loucura, ao lado do sonho e do erro em todas as suas formas, mas admite que a força das ilusões (causadas pela loucura] deixa sempre um resíduo de verdade. Foucault ainda nos diz que desde o fim da Idade Média a loucura se aparenta mais a uma festa

[...] como se na loucura a nossa cultura procurasse férias, um contrário dela mesma, que seria para ela um espelho, um momento absoluto em que o tempo se interrompe, faz círculo para um ritual e inaugura entre os homens formas de comunicação que a sua linguagem do cotidiano não lhes permite[...] (FOUCAULT, 1978, p. 33).

De uma maneira ou de outra, a sociedade não possuía a cultura de conviver com a loucura, assim cuidava de manter a loucura à distância, longe dos olhos.

A narradora revisita seu passado a partir da leitura de cartas que enviou para sua mãe num período de vinte anos e num diálogo com o leitor, seleciona algumas cartas para ler. Desse modo, a leitura desempenha um processo que permite à narradora dialogar consigo própria e a partir disso interagir na produção de novo conhecimento de si.

O fio condutor do texto, visto na forma de uma linha do tempo, é uma dupla volta ao passado, primeiro porque Margarita conta da sua chegada, como se sentia em relação aos novos colegas de trabalho, vizinhos e ao lugar em si. Depois, a narradora compara a si quando “una muchacha joven” e após aproximadamente vinte anos. A personagem consegue traçar uma linha clara que distingue a bagagem cultural que traz de Montevidéu da cultura que ela encontra em Rivera. Inicialmente, pode-se sugerir que a narradora tinha certo olhar panóptico, exemplificado no seguinte excerto:

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La mano de bleque universitária, justo em años de lucha militante, me había dado um cierto aire de soberbia. Fue así que durante um tiempo senti la experiência, como si hubiera hecho um viaje al pasado, y arribado a um lugar de idioma mal hablado, de enfrentamiento irracional de caudillos políticos, de rituales y creencias ignorantes, de ilegalidades sin fin, vividas como um modo de ser (AZPIROZ, 2008, p. 1).

Essa é uma visão distanciada de Margarita, visão de quem olha as coisas de cima para baixo, de quem sente sua língua mater profanada por pessoas que vivem numa condição de atraso temporal e de cultura diferente.

A narradora, ao pensar em suas lembranças, percebe em si a transculturação como uma lente que muda seu modo de ver a realidade à sua volta. Com a ajuda de amigos e colegas de trabalho, aos poucos Margarita vai conseguindo decifrar “esa nueva realidad social” que ela passava a viver. A narradora consegue, a partir de uma “perspectiva atual, rodeada de free shops, forestación, comunicaciones, recrear el descubrimiento fronterizo”, e já não vê mais a realidade à sua volta com os mesmos olhos de quando chegou. O sujeito da narrativa mudou e foi mudado pela nova realidade que cercava; já não classifica as crenças e rituais como “ignorantes”, mas agora como “totalmente diferente”. Assim, vê-se o surgimento de um pensamento liminar, diacronicamente dicotômico, já que seu modus pensanti se altera radicalmente com o tempo. Ela consegue pensar no antes, quando mergulhada na vida universitária e que, depois, denomina de gueto. No entanto, só consegue desenvolver essa visão após ter o pensamento descolonizado pela saída do gueto. Por gueto entende-se como:

uma forma muito peculiar de urbanização modificada por relações assimétricas de poder entre grupos etnoraciais: uma forma especial de violência coletiva concretizada no espaço urbano. (WACQUANT, 2004, p. 122)

Margarita usa a ideia de gueto não no sentido étnico ou racial, mas ideológico; no sentido de que o gueto pode ser visto como instrumento de poder de determinado grupo. Wacquant (op. cit) complementa o raciocínio dizendo: “O gueto é o produto de uma dialética móvel e tensa entre a hostilidade externa e a afinidade interna que se expressa como uma ambivalência no nível do consciente coletivo”.

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Pode-se dizer que não apenas no inconsciente coletivo como disse Wacquant, mas no nível individual também porque a narradora admite sentir uma forte ambivalência por um tempo depois da chegada a Rivera.

Na narrativa se expõe o momento político delicado que o país vive e coincidentemente o país vizinho vive momento semelhante. O período histórico em que há o deslocamento coincide com um período de intensa turbulência política e enfrentamentos entre os partidos “Colorado” e “Blanco” disputando o poder. O governo norte-americano era o responsável pela

[...] promoção, sustentação ou apoio direto desses regimes [...]. seus interesses econômicos, estratégicos, políticos ou militares estão presentes em todas as experiências concretas de SN (Segurança Nacional) da região (PADRÒS, 2005, p. 117, grifo acrescentado).

Assim, através de uma política externa favorável à manutenção do status quo dos governos latino-americanos, os Estados Unidos sinalizaram para a necessidade de reforçar a maquinaria repressiva, desenvolver um estado policial e, se necessário, fomentar uma intervenção militar (idem, p. 118). Nessa linha de atuação, a partir de 1968, de acordo com Serra (2005), o governo uruguaio procurou desativar a atuação política de diversos setores da sociedade. Entre outros fatos, viu-se, ainda segundo aquele pesquisador, a repressão aos movimentos estudantis e a censura aos meios de comunicação.

Mas o que nos interessa nesse momento é que Margarita, cognominada Pepita, alcunha dada pela amiga Leda, passa a demonstrar deslumbramento com a nova cidade. Trata-se aqui o termo “deslumbramento” como sinônimo de “assombro”, como bem o anota o Dicionário Eletrônico Michaelis-UOL (S.D.). É o assombro descrito por Moreno (1979) quando do primeiro contato do descobridor com a nova terra. Canclini (2005) diz que os antropólogos também cultivam esse olhar quando em contato com culturas exóticas e costumes pouco habituais. Em outras palavras, Margarita se inseriu numa zona de contato, pois antes, na capital, estava disjunta geograficamente e em momento posterior, sua trajetória se cruza com o percurso do Outro, dentro de uma perspectiva dialógica.

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Assim, através do fenômeno da transculturação, Margarita reelabora costumes metropolitanos, da cultura dominante, dentro de em processo no qual Hall rememora o que Mary Louise Pratt configurou como zona de contato, ou seja, o entre-lugar cultural: “um termo que invoca a co-presença espacial e temporal dos sujeitos anteriormente isolados por disjunturas geográficas e históricas [...] cujas trajetórias agora se cruzam” (HALL, 2003, p. 31).

O assombro inicial se transforma em expressão ativa, com o tempo impulsiona Margarita juntamente com seus pares, a partilhar a arte que se expressava na capital, trazendo os espetáculos à Rivera.

Margarita percebe, participa e incentiva ativamente a construção de uma estética mestiça, híbrida, em Rivera. Percebe no “tren de los locos [...] uma energia especial, um poderoso poder criativo”; o participar fica claro quando a narradora diz “vivimos nuestro primer carnaval fronterizo”, ou seja, passa da posição de observação e chega à posição de participação, se envolve com o novo à sua volta. O que poderíamos chamar de último estágio desse processo colaborativo de construção de uma estética fronteiriça, essencialmente híbrida, acontece quando Margarita passa a participar da “Comisión de Cultura” e diz: “Esta frontera, te invita a ser actora de ló que sucede”. Nesse momento, percebe-se uma espécie de tomada de consciência de que para se reencontrar níveis desejados de atividade cultural é necessário superar a passividade. Nas palavras de Canclini (2005), não se trata apenas de construir movimentos de resistência, senão de refundar a modernidade. Nesse mesmo sentido, Bhabha diz que:

O trabalho fronteiriço da cultura exige um encontro com “o novo” que não seja parte do continuum de passado e presente. Ele cria uma ideia do novo como ato insurgente de tradução cultural (BHABHA, 1998, p. 27).

Acreditamos assim que Margarita repensou estas questões de modo decisivo ao reler as cartas, assim, o passado agora presente, “torna-se parte da necessidade, e não da nostalgia, de viver” (ibidem).

Essa mudança no modo de pensar da narradora, não mais inspirada na antiga vida universitária, seria nas palavras de Mignolo (2003) o “outro pensamento”, um modo de pensar que não é movido dentro das próprias

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limitações e não pretende dominar nem humilhar. Ou seja, depois do deslocamento, da adaptação, Rivera agora é o lócus de enunciação de um sujeito descolonizado, capaz de uma visão dupla e, por isso, capaz de uma dupla crítica, característica do pensamento liminar em zona de contato. Numa escala muito menor do que a descrita por Khatibi (MIGNOLO, 2003), as vozes que incomodavam o poder político estabelecido no Uruguai, eram enviadas para a região de fronteira e algumas eram exiladas, silenciadas pela distância. No entanto, a resistência se deu na forma da promoção das artes na localidade, através da formação de um grupo que promovia eventos culturais porque, nas palavras de Margarita:

Nos proponemos traer todo El teatro, conciertos y conferencias que están em Montevideo. Creemos que por estas épocas es la cultura la única forma de comunicar ideas, y poder comunicarnos entre nosotros (AZPIROZ, 2008, p. 1).

Como alguém com dupla consciência, a narradora passa a contribuir para romper com a hegemonia epistemológica e artística da capital e ajudando assim a criar, uma perspectiva modernizante para aquela região fronteiriça.

Tal consciência de si é também perceber a mudança considerada em si mesma, as alterações do mundo exterior refletindo no interior da personagem. Essas mudanças no estado de ser da personagem são um devir apreensível ao longo da narrativa. Margarita muda seu modus vivendi ao longo da crônica, seu modo de lidar com a realidade à sua volta.

De um ponto de vista semiótico, baseado em Barros (2005), Margarita altera seu modo de existência, indo de sujeito potencial, (aquele que crê ser) passando por sujeito atualizante, (do saber e poder) e chegando ao modal realizante (o fazer e o ser). No início a narrativa mostra uma Margarita que sente uma “fuerte ambivalencia”, como um sujeito cindido por sentimentos de “curiosidad y asombro”, “critica e rechazo” e “encantamiento”. Assim se percebe que o sujeito da narrativa transita da antipatia e aversão à benquerença da afeição na forma da amizade, estima e simpatia, nas palavras de Barros (2005). Percebe-se assim que os valores são descritivos, a transformação é operada pelo sujeito do fazer que se torna competente para tal fazer graças ao destinador: a fronteira (ibidem).

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Margarita como sujeito da enunciação, delega ao narrador a enunciação do discurso em primeira pessoa. Nesse sentido, atribui-lhe a voz, ou seja, o dever e o poder de narrar o discurso em seu lugar. Eventualmente pode-se notar, segundo os pressupostos semióticos, que o narrador cede internamente a palavra aos seus interlocutores, recurso discursivo de produção de sentido bastante recorrente na crônica.

Vários são os traços que denotam o amadurecimento da personagem, adotando novos conceitos ao longo da narrativa. No momento da chegada a Rivera vê a língua como sendo mal falada, depois percebe que há uma influência mútua que as línguas exercem quando estão em áreas caracterizadas como zonas de contato. Como resultado do contato o que se percebe é um novo falar que mistura elementos de ambas as línguas.

A língua faz parte de um conjunto de elementos que estão entre os mais representativos da cultura de um povo, pronunciá-la com inexatidão é como profaná-la ou transformá-la num campo de tensões destinadas a continuarem insatisfeitas (AGAMBEN, 2007).

Margarita é um sujeito oriundo de um ambiente universitário, ideologicamente polarizado, de visão cultural dissimuladamente ampliada, mas que se revela sectária. O discurso universitário funciona de modo análogo ao discurso hegemônico, como diz Slavoy Zizek (2003) ao discutir a obra de Jaques Lacan, pois esconde questões culturais que não estão necessariamente ligadas à academia e que deseja ver no Outro a reprodução da sua própria verdade. Assim, é no ambiente universitário que comumente se encontra um monolinguismo puritano e a pureza de linguagem descrita por Valter Mignolo (2003), logo “sob um ponto de vista cultural, privilegiar a ortografia é privilegiar o passado”, de acordo com Michel de Certeau (1995) e nesse sentido, conservar as tradições é a própria manutenção da ideologia hegemônica. Margarita defendia a tradição de um vernáculo castiço, uma ortodoxia passadista. Os primeiros contatos com um novo falar causaram desconforto e estranhamento. Entretanto, esse posicionamento sociolinguístico vai se alterando na trajetória da crônica, o rechaço se transforma em aceitação

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e, especificamente sobre a linguagem de fronteira, há uma espécie de deslumbramento.

É um momento que mostra o modelo ortodoxo anterior de pensar já superado, quando em uma de suas cartas enviadas à mãe, a personagem narra a convivência pacífica e harmoniosa que duas línguas podem ter. O contato entre as duas línguas faladas na região não se limita às comunicações comerciais ou políticas, pois chega ao nível mais básico da sociedade, o matrimônio. Nas uniões matrimoniais, cada um fala seu próprio idioma todo o tempo e isso não constitui algum tipo de obstáculo à compreensão mútua. Ao exemplificar sobre um casal de amigos, diz o narrador que só em um desentendimento é que a esposa (uruguaia) fala em português com o marido (brasileiro). Os vários casamentos que dão origem a uma nova célula social, agora vistos como binacionais, bilinguísticos, biculturais e nem por isso ambíguos. O trecho a seguir ilustra com clareza:

aquí, hay muchísimos matrimonios que cada uno habla su propio idioma. Es fantástico. Treinta años de casados y hablando idiomas diferentes. Ninguno se molesta en hablar el idioma del otro, sino que hablan lo que les queda más cómodo. Tengo una compañera cuyo marido es brasilero. Me dice que sólo si se pelea, le habla en brasilero. ¿No es genial? Todos hablan bien los dos, pero en el día a día, hablan el idioma materno de cada uno. Los hijos, generalmente, hablan el idioma de donde van a la escuela. Todo esto, con la mayor naturalidad. Claro los gurises preguntan "mae, eu que sou?"

- "Doble chapa filho." (AZPIROZ, 2009)

A resposta à pergunta dos guris é lapidar, o indivíduo se forma num ambiente bilíngue onde nenhuma das línguas se sobrepõe a outra. Por outro lado, a ocorrência simultânea das línguas faz surgir o que naquela região de fronteira comumente se denomina “portunhol”. Assim, pode-se observar que o contato entre as duas línguas está num momento posterior oximoro exposto por Hanciau onde

[...] na etimologia de oximoro (do grego oxymóron) estão oxus (agudo) e môrus (louco), que remetem a uma loucura aguda da linguagem. Anulando fronteiras tradicionais, unem-se assim, conceitos que se excluem mutuamente, com o objetivo de produzir novos sentidos. Para Maximiliem Larochem a oximorização consiste em aglutinar,

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deliberadamente os contrários para criar novas e vivas identidades. (HANCIAU, 2005, p. 129)

Tendo a língua como uma referência de identidade, Margarita num primeiro momento não conhece e não vive a adesão a uma identidade continental, que obrigaria à narradora “romper com os tradicionais pontos de referência étnicos, linguísticos e nacionais” (BERND, 2005). Nesse sentido, Margarita ao chegar a Rivera não tem consciência da americanidade que a comunidade riverense vive por conta do contato com o povo de Livramento, do outro lado da linha geográfica que separa o Uruguai do Brasil. É uma questão de hibridação cultural a qual a narradora demora a perceber, mas que é bem visível no transcorrer da crônica.

O deslocamento dá à narradora a oportunidade de refletir sobre a própria identidade e alteridade. A identidade como um processo de construção permanente e em constante reelaboração, onde o velho e o novo se misturam. Aristóteles (apud CHAUÍ, 2008) diz que o “devir absoluto é só das substâncias, as outras coisas que vêm a ser precisam necessariamente de um sujeito”; Margarita é a expressão do devir aristotélico, ao longo do texto pode-se perceber a narradora como um sujeito reelaborando suas bases conceituais aos poucos, mas perenemente.

Pode-se inferir, então, informações relevantes para a compreensão da identidade do sujeito narrador. Para Bock (2003) a identidade explica o sentimento e a percepção da realidade em nível individual, a plena posse do eu. Na fluidez da crônica, pode-se perceber as referências do eu (sujeito narrador) em oposição ao outro, aquele diferente, onde o sujeito não se reconhece, e que por outro lado o faz se reconhecer como único. Em outras palavras, somente em oposição ao outro é que a narradora consegue se reconhecer. Nesse sentido, como pressuposto essencial senão óbvio, para formação da identidade, é necessário que o sujeito detenha a faculdade da memória. A lembrança conserva aquilo que foi e não voltará mais e é a primeira e mais importante experiência do sujeito com o tempo (CHAUÍ, 2008). Marcel Proust, citado por Chauí (op. cit.) concebe a memória como a garantia de nossa própria identidade, como uma forma de percepção interna onde o sujeito é ao mesmo tempo objeto. Esse movimento se torna mais claro quando

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no texto, a narradora Margarita passa a narrar o conteúdo das cartas cujo narrador é agora o objeto.

Subjacente à memória está o olvido, ou seja, o esquecimento é parte constituinte da memória. É um componente que em ação impossibilita a recordação, e sobre isso escreveu Santo Agostinho:

Oh! Nem sequer chego a conhecer a força da minha memória, sem a qual não poderia nem dizer mesmo eu. Que direi eu, pois quando tenho certeza de que lembro do esquecimento? Poderei afirmar que não existe na minha memória, para que o não esqueça. (AGOSTINHO, 1973, p. 16-25)

A memória, para Santo Agostinho é uma faculdade que propicia o entendimento, assim, a memória é o caminho para o sujeito entender a si próprio. Para Scherer (2010), Santo Agostinho não trabalha a memória a partir do que ela representa, porém sob um ponto de vista do sujeito, numa ótica subjetiva. Assim, a memória, como atividade reflexiva, está relacionada à imaginação, e, por conseguinte, às imagens; e estas, sob a ótica saussureana, estão ligadas à linguagem.

A fim de completar a linha de pensamento, temos que Orlandi (apud ACHARD et al., 1999), considera os esquecimentos e silêncios com parte da memória. O limite da memória estaria no silenciamento imposto aos sentidos, não o silêncio em si, mas a lembrança ruim, o que se desejaria esquecer. Orlandi (op. cit) diz que os “burcos” na memória não são falhas espontâneas, mas marcas impostas, silenciadas, a fim de se conseguir uma ressignificação do signo. Com isso se refere ao período político turbulento de 1968 no Brasil, mas que aqui ressaltamos, foi um período difícil também no vizinho Uruguai e que a narradora Margarita lembra em dois trechos da crônica.

Por fim, não raro se constata que a América Latina é deveras heterogênea e singular em aspectos que ao mesmo tempo a une e a divide. É uma concepção de território que sua denominação sugere e que não encontra contornos nítidos capazes de aclarar a visão mesmo a mais obnubilada. Nas palavras de Bhabha:

mestiçagem [...] pressupõe a existência de grupos humanos puros, fisicamente distintos e separados por fronteiras, as quais a mistura dos corpos viria pulverizar. O

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fenômeno da mistura tornou-se realidade quotidiana, visível nas ruas e nas telas. Multiforme e onipresente, associa seres e formas que, a priori, nada aproximaria. (BHABHA, 1998, p.131)

A imprevisibilidade e a fragmentação como tônicas deste universo pós-colonial supõe uma convergência de elementos estrangeiros uns aos outros em um ajustamento mútuo, uma reorganização contínua e perene, atribuindo novo sentido ao envelhecido ou ultrapassado, em constante elaboração. Em princípio, tais desdobramentos podem parecer distantes da realidade vivida na capital, de onde emana o poder, mas é emergente na periferia, Hall (2003, p. 47) sugere que o modelo centro-periferia é que está desabando, assim, logo afetará de algum modo o centro do poder político e cultural do país.

No epílogo dessa análise chama-se a atenção às diferenças de gênero que subjazem desde uma visão geral até momentos específicos. A narradora ao longo do texto não fala de seu marido, sabe-se dele por ter sido o motivo principal de seu deslocamento, e, acredita-se genitor de mais dois filhos, além daquele que veio junto no trem no início da narrativa, ou seja, sabemos que existe e que sua decisão motivou o deslocamento. Aceitar a oferta de um emprego atrativo mostra, por um lado, que o emprego público da narradora não era a principal fonte de renda da família, se assim não o fosse, o deslocamento perderia seu sentido; e por outro lado, pode indicar uma decisão unilateral, já que a narradora deixa claro que morar perto da família proporcionou a ela o suporte necessário para a maternidade, trabalho e carreira universitária. Ao longo do texto as pessoas a que faz referência direta são “compañeras” com raras exceções; dialoga pelas cartas com sua mãe e irmã. Ao pai conta um caso e fala de uma fotografia emblemática da história recente uruguaia, chamada “Río de Libertad”. A diferença de gênero fica clara quando se observa o seguinte trecho:

Saben que en las reuniones con amigos, se da una cosa extraña. Si es em casa de gente que es de Rivera, siempre, los hombres están en un lugar y lãs mujeres en otro. Si La reunión es en la casa de los que vinimos de otros lados, los hombres y mujeres estamos juntos y la conversación fluye con total naturalidad. Pregunté porque era así, y me dijeron que és así , no más. Una costumbre (AZPIROZ, 2008, p. 2).

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Há um conflito abafado na percepção da narradora, um embate fronteiriço acerca da diferença cultural entre gêneros e localidades. O trânsito da narradora entre as localidades (geográfica e cultural) cria um espaço liminar, nas palavras de Bhabha (2003) “[...] essa passagem intersticial entre identificações fixas abre a possibilidade de um hibridismo cultural que acolhe a diferença sem uma hierarquia suposta ou imposta”, ou seja, o estranhamento de Margarita não a afasta, ao contrário, vê do lado brasileiro da fronteira um modo diferente de afirmação. O espaço doméstico torna-se o lugar da fronteira cultural entre a reafirmação das tradições em conflito com a pós-modernidade, entre a antiga e a nova posição da mulher na sociedade latino-americana. O estranhamento de Margarita é um fenômeno dos ambientes pluriculturais onde o sujeito busca temporalmente um novo posicionamento identitário, sobre isso Pratt nos diz que:

não é verdade que um indivíduo escolherá frivolamente entre vários valores como se estivesse escolhendo comida em um bufê. Se você procura uma definição de si mesma, se vai em busca de uma identidade, isso é um projeto vital, exitencial e muito fundamental (PRATT, 1999, p. 27).

Por fim, Margarita narra sua experiência de reconstrução da própria identidade, desconstrói o estereótipo de mulher passiva e inteiramente submissa relacionada à identidade feminina. Embora seu deslocamento tenha sido para seguir o marido, Margarita é personagem ativa, rompe com seu passado e se insere num espaço intersticial onde ela muda a si e colabora para mudar o entorno de si.

A guisa de conclusões ao encerrar-se aqui essa análise, deixamos claro que não se esgota aqui as áreas passíveis de serem exploradas em outra oportunidade, a crônica de Azpiroz é um texto rico, abundante em significação assim como o é o ambiente de fronteira.

The “Chronic Border” and the Latin American Criticism

Abstract: This article aims to take a reading of the text Crónica Fronteriza (Chronic Border – 2008) of Margarita Azpiroz in lght of Latin American literary

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criticism. In this study, we analyze closely the route of the narrator and his subject change int eh timeline, there is the phenomenon on in-between place according the theory of Homi Bhabha. The displacements of linguistic and cultural identity elements are present in the narrative, beyond the diaspora and multiculturalism, wich makes it the ideal text for literary studies. This text won the “First Contest Chronicles and Tales of the Border” conducted in 2008 by the Ministerio Del Desarollo Social del Uruguai and Minitry of Foreign Affairs of Brazil.

Key-words: narrative journey, in-between; diaspora.

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