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OS ALUNOS DE 5ª SÉRIE6º ANO FRENTE A ATIVIDADES SOBRE OBSERVAÇÃO E GENERALIZAÇÃO DE PADRÕES

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Academic year: 2019

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(14)

Esta pesquisa partiu da preocupação em minha prática docente com as

dificuldades dos alunos na resolução de problemas, que deixam de utilizar a

abordagem algébrica necessária para chegar a uma solução, e no geral, buscam

uma resposta por meio de tentativa e erro ou esperam uma estratégia de resolução

pronta e direcionada pelo professor.

Ao mesmo tempo, resultados de desempenho dos alunos em avaliações,

como os divulgados pelo SAEB # Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Básica – (2001), demonstraram dificuldades dos alunos com o uso da linguagem

algébrica na resolução de problemas.

Entretanto, várias pesquisas, como as de Mason (1996), Lee (1996),

Fiorentini, Miguel & Miorim (1993), Vale e Pimentel (2005), revelaram que a

observação e generalização de padrões pode ser um caminho adequado para o

desenvolvimento do pensamento algébrico ao longo do currículo escolar, podendo

também auxiliar o aluno a desenvolver habilidades e competências para resolver

problemas.

Assim, esses fatos me levaram a pesquisar a importância de atividades de

observação, percepção, descrição de regularidades e generalização de padrões no

desenvolvimento do pensamento algébrico desde as séries iniciais, investigando os

(15)

Portanto, com esta pesquisa pretendo investigar se e como meus alunos de

5ª série/6º ano do Ensino Fundamental se sensibilizam e criam estratégias para

resolver situações que envolvam a observação, percepção, descrição e

generalização de padrões.

Para tanto, este trabalho foi dividido em quatro capítulos descritos da seguinte

forma:

No capítulo 1, apresento a justificativa e o objetivo dessa pesquisa,

destacando a importância dos estudos realizados pelo Grupo de Pesquisa em

Educação Algébrica – GPEA – do Programa de Estudos Pós#graduados em

Educação Matemática da PUC/SP, comentando sobre o ensino da álgebra e as

indicações feitas por documentos institucionais como os Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCN.

No capítulo 2, faço a apresentação das escolhas teórico#metodológicas que

nortearam essa pesquisa, servindo como referenciais importantes sobre o tema

generalização de padrões, dentre eles: Fiorentini, Miguel e Miorim (1993), Ponte

(2005), Vale e Pimentel (2005), Mason (1996) e Lee (1996).

Nesse capítulo apresento também a metodologia de pesquisa qualitativa

adotada, a Engenharia Didática, descrevendo resumidamente suas fases: análises

preliminares, análise a experimentação, a análise e a validação.

No capitulo 3, descrevo a experimentação em si, desde as primeiras

decisões, escolhas e providências, bem como o desenvolvimento da seqüência

didática, com a elaboração do instrumento de pesquisa, as análises as

descrições da aplicação do instrumento de pesquisa e dos resultados, as análises

(16)

Por fim no quarto e último capítulo faço as considerações finais baseadas nas

conclusões que permearam a investigação, apresentando uma síntese das principais

constatações obtidas durante as análises, abordando a metodologia adotada, os

resultados e o objetivo da pesquisa, bem como a sua importância para o ensino da

(17)

Em minha prática docente como professora de matemática do Ensino Básico,

ao longo de dez anos, tenho me deparado com as dificuldades que os alunos

apresentam em resolver problemas, em especial, na conversão da linguagem natural

para a linguagem simbólica da matemática.

Percebi que, muitas vezes, eles deixam de utilizar a abordagem algébrica

necessária para chegar a uma solução de um problema, e por essa razão, no geral,

buscam uma resposta por meio de tentativa e erro, o que muitas vezes torna inviável

a resolução de um problema que apresente um maior grau de dificuldade.

Um aspecto da dificuldade apresentada pelos alunos pode ser detectado

pelas conversas informais com muitos colegas de profissão que sempre reclamam

da falta de interesse e motivação por parte dos alunos em enfrentar um desafio,

solicitando e esperando uma estratégia de resolução pronta ou direcionada pelo

professor.

Nessa mesma direção, muitos alunos me alegam que a matemática é uma

“coisa” complicada, difícil de entender, cheia de fórmulas incompreensíveis, que

muitas vezes não têm nada a ver com suas vidas.

De acordo com o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica)

de 2001, foi possível observar, pela análise dos itens apresentados, que os alunos

(18)

procedimentos algorítmicos, quanto na resolução de problemas envolvendo números

e operações. Já os alunos de 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental também

demonstraram dificuldade com o uso da linguagem simbólica ou algébrica na

resolução de problemas.

Assim, sempre me questionei como buscar um caminho diferente que

pudesse transformar minha prática docente em escolhas mais adequadas e que

contribuíssem para a aprendizagem do aluno, levando#o à construção do seu próprio

conhecimento.

Com essa preocupação, aproveitei a oportunidade oferecida pela SEE#SP

(Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) e me inscrevi no Mestrado

Profissional em Ensino da Matemática do Programa de Estudos Pós#graduados em

Educação Matemática da PUC/SP para compreender melhor os problemas de

ensino e de aprendizagem da matemática visando uma docência mais frutífera.

No Programa me inseri no Grupo de Pesquisa em Educação Algébrica –

GPEA – cujos objetivos contemplam pesquisas dedicadas à abordagem de temas

que envolvem as questões levantadas por mim durante a minha prática docente.

Segundo justificativa apresentada pelos pesquisadores do GPEA em texto

que consta do site1 do grupo, historicamente, a álgebra recebeu um maior destaque

na década de 60, porém, após esse período, ela foi perdendo paulatinamente

espaço e é com freqüência vista como um amontoado de símbolos de valor

indiscernível.

O mesmo texto salienta que pesquisas em Educação Matemática têm

apontado que, se por um lado, a Álgebra é importante para propiciar a introdução de

1

(19)

idéias matematicamente significativas, por outro é um obstáculo para a trajetória

educacional de muitos.

Fato também ressaltado por Miguel, Fiorentini e Miorim (1992), pois durante o

período do Movimento da Matemática Moderna o campo da álgebra teve maior

ênfase, fazendo com que o ensino da geometria sofresse um processo de

descaracterização e fosse quase que abandonado na sala de aula.

Entretanto, segundo esses autores, o ensino da álgebra também foi

prejudicado pelo formalismo presente e a ênfase dada ao estudo das estruturas

algébricas, acarretando uma visão austera e formal para os alunos, perdendo,

inclusive, o valor instrumental para a resolução de problemas.

Apesar de tanto o campo da geometria como o da álgebra terem tido

prejuízos, apenas se ressaltou o abandono do ensino da geometria, esquecendo#se

que o ensino da álgebra também necessitava de uma reavaliação.

Como conseqüência, a partir da década de 80, o ensino da geometria

recebeu maior atenção. E para superar essa atitude de priorizar um dos campos, os

autores afirmam a necessidade de repensar também o ensino da álgebra.

Desse modo, o mesmo texto dos pesquisadores do GPEA revela que a

posição sobre a álgebra no Ensino Básico, dados os pressupostos construtivistas

preconizados pelas políticas públicas, impõe desafios específicos sobre o ensino de

álgebra na Licenciatura. E que esses pressupostos implicam uma revisão do

conceito de "educação cientifica" e do processo de formação, tanto inicial quanto

continuada, do professor.

Dessa problemática, o grupo suscita a questão: "Qual a álgebra a ser

(20)

Essa questão justifica#se pelo exame de documentos oficiais e institucionais

que revelam descontinuidades existentes no ensino de álgebra entre os diversos

níveis de ensino. E isso conduz o grupo a investigar o ensino da álgebra nos níveis

de educação: infantil, básica, universitária e pós#universitária.

Assim, nessa direção, entre os projetos do GPEA que fazem parte do projeto

maior: “Qual a álgebra a ser ensinada na formação de professores?”, me identifiquei

com aquele denominado: “Observação e generalização de padrões, uma atividade

matemática transversal”.

As investigações desse projeto tratam da importância do desenvolvimento de

habilidades e competências propiciadas por atividades de observação e

generalização de padrões na resolução de problemas.

A seguir, para melhor compreender os objetivos, apresento as considerações

sobre esse projeto que constam do site2 do Programa de Estudos Pós#Graduados

em Educação Matemática da PUC/SP:

As pesquisas deste projeto visam investigar o estatuto da observação e generalização de padrões no nível institucional, docente e discente. Os resultados dessas pesquisas visam contribuir para a sensibilização da comunidade escolar sobre a importância do desenvolvimento de habilidades e competências propiciadas por atividades da observação e generalização de padrões no equacionamento de problemas.

No nível institucional, ao examinar os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN), que norteiam a prática pedagógica, em relação ao ensino da álgebra,

segundo Silva (2006), ficou evidenciado, que apesar dos PCN indicarem o estudo

associado de álgebra e aritmética, não estão contempladas no conjunto de suas

orientações ações que possam concretizar essa indicação, havendo a necessidade

(21)

de reflexão sobre o ensino da álgebra no ensino fundamental em todos os

segmentos envolvidos na educação.

Há indicações de que nas séries iniciais do Ensino Fundamental já se pode

desenvolver uma pré#álgebra, mas é especialmente nas séries finais do Ensino

Fundamental que as atividades algébricas devem ser ampliadas e, que por meio de

situações#problema, o aluno reconhecerá as diferentes funções da álgebra

(generalizar padrões aritméticos, estabelecer relação entre duas grandezas,

modelizar, resolver problemas que envolvem abordagens numéricas mais difíceis).

Ainda com relação ao início dos estudos da álgebra encontramos nos PCN do

Ensino Fundamental as seguintes recomendações:

No decorrer do trabalho com os números, é fundamental estudar algumas relações funcionais pela exploração de padrões em seqüências numéricas que levem os alunos a fazer algumas generalizações e compreender, por um processo de aproximações sucessivas, a natureza das representações algébricas. A construção dessas generalizações e de suas respectivas representações permite a exploração das primeiras noções de álgebra [....] Devido à complexidade que caracteriza os conceitos e procedimentos algébricos não é desejável que no terceiro ciclo se desenvolva um trabalho visando ao aprofundamento das operações com as expressões algébricas e as equações. É suficiente nesse ciclo que os alunos compreendam a noção de variável e reconheçam a expressão algébrica como uma forma de traduzir a relação existente entre a variação de duas grandezas. É provável que ao explorar situações#problema que envolvam variação de grandezas o aluno depare com equações, o que possibilita interpretar a letra como incógnita. Nesse caso, o que se recomenda é que os alunos sejam estimulados a construir procedimentos diversos para resolvê#las, deixando as técnicas convencionais para um estudo mais detalhado no quarto ciclo. (p. 68)

É possível perceber, por essas indicações, que os PCN tratam da importância

da observação de padrões e da construção de generalizações e suas

representações como um meio para explorar as primeiras noções de álgebra.

Porém, no terceiro ciclo3 não sugerem o aprofundamento das operações com

3

(22)

expressões algébricas e com equações, postergando o estudo dessas técnicas para

os anos finais do Ensino Fundamental.

De fato, como analisou Silva (2006), os PCN falam de desenvolver uma “pré#

álgebra” a partir do terceiro ciclo, através de jogos, modelos, generalizações e

representações matemáticas com gráficos e, no quarto ciclo, o trabalho com álgebra

(procedimentos mecânicos para lidar com expressões e equações).

Essas indicações dos PCN me fazem questionar as formas de abordagem e

como explorar as idéias da álgebra. Será que essas indicações dos PCN são mesmo

apropriadas? Será que há uma ordem na abordagem da aritmética e da álgebra?

Lins e Gimenez (1997), em suas propostas de Educação Aritmética e

Algébrica, fazem uma crítica a esse respeito. Para eles, a álgebra e a aritmética

precisam ser pensadas em termos de significados produzidos no interior de

atividades, e não como termos de técnicas e conteúdos. (p. 161)

Para os autores não há sentido na afirmação de que a aritmética deve

preceder a álgebra, e nem o contrário, visto que existem diversas experiências extra#

escolares que as crianças trazem consigo envolvendo a aritmética. Estas

experiências sugerem a coexistência da Educação Algébrica com a Aritmética, de

modo que uma esteja implicada no desenvolvimento da outra.

Essas colocações me pareceram muito convincentes para esclarecer as

minhas indagações, mostrando que a construção de significados quando o aluno

realiza uma atividade é mais importante do que desenvolver um conteúdo e executar

técnicas, muitas vezes, puramente mecânicas e sem sentido para o aluno.

Dessa forma, se há uma coexistência da Educação Algébrica com a

Aritmética, implicando uma no desenvolvimento da outra, não há razão para se

(23)

Na realidade os membros do GPEA, em suas produções, dão a álgebra, um

sentido mais amplo, expressando que o campo da álgebra consiste tanto na álgebra

escolar e superior, como inclui a Teoria Elementar dos Números, que por sua vez

inclui a Aritmética.

Vale dizer que vários autores, como Fiorentini, Miorim e Miguel (1993),

Carraher, Schliemann e Brizuela (2001), referenciados no capítulo II, defendem que

o pensamento algébrico deve estar presente na formação dos alunos desde as

séries iniciais, buscando desenvolver a capacidade de perceber regularidades e

expressá#las, através do processo de generalização.

Da mesma forma, Lee (2001, Silva 2006) menciona que o pensamento

algébrico empenhado em refletir sobre algum sistema matemático ou do mundo real,

isto é, envolvido na revelação de modelos, padrões e no ato de dizer ou escrever

padrões, tem sido mostrado como uma introdução ao pensamento algébrico

excelente e adequado para crianças e adolescentes.

Ademais, no próximo capítulo, menciono pesquisas que averiguaram que a

generalização de padrões pode ser um caminho para o desenvolvimento do

pensamento algébrico, podendo também, auxiliar o aluno a desenvolver habilidades

e competências para resolver problemas.

Também pude constatar a importância da generalização de padrões ao me

deparar com o artigo “O aluno de quinta série é capaz de perceber e descrever

regularidade em um padrão?” (Machado, 2006), que levantou questões e pontos

positivos, quanto às reações dos alunos do terceiro ciclo do Ensino Fundamental

frente a uma situação que envolve a observação e generalização de padrões.

Assim, convencida da relevância do tema, decidi abordar atividades

(24)

investigando alunos do terceiro ciclo do Ensino Fundamental, buscando comparar

com os resultados da pesquisa relatada no artigo referido (Machado, 2006), e trazer

novos subsídios que possibilitem verificar se o aluno do 3º ciclo é capaz de perceber

e descrever regularidades em um padrão.

Portanto, o objetivo desta pesquisa é investigar se e como meus alunos de 5ª

série/6º ano do Ensino Fundamental se sensibilizam e criam estratégias para

(25)

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Neste capítulo, apresento os trabalhos que contribuíram, direta ou

indiretamente, para a realização dessa pesquisa e que serviram de referencial

teórico, possibilitando uma melhor compreensão do tema observação e

generalização de padrão e sua importância para o desenvolvimento do pensamento

algébrico.

A seguir, faço também a descrição da metodologia de pesquisa adotada.

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Primeiramente, destaco os seguintes trabalhos de pesquisadores em

educação matemática pertinentes a minha pesquisa:

Fiorentini, Miguel e Miorim (1992), no artigo “Álgebra ou Geometria: para onde

pende o pêndulo”, revelam a existência de uma atitude oscilatória e maniqueísta em

relação aos campos da álgebra e da geometria ao longo da história da matemática

no Brasil.

Os autores defendem que para superar tal atitude torna#se necessário

(26)

Para tanto, devem#se realizar estudos que procurem explicitar a

especificidade da álgebra e o papel por ela desempenhado na história do

pensamento humano, particularmente na história do pensamento científico e

matemático.

Já no artigo “Contribuição para um repensar...a educação algébrica

elementar”, de 1993, os mesmos autores apresentam alguns elementos que

permitem repensar a educação algébrica, a partir de uma análise comparativa entre

as concepções de educação algébrica no decorrer da história do ensino da

matemática e as concepções de álgebra implícitas nas leituras históricas do

desenvolvimento desse campo da matemática.

Nessa comparação, eles concluem que ambas priorizaram a linguagem em

detrimento do pensamento. Isto implica em repensar a relação que existe entre a

linguagem e o pensamento.

Eles lembram que na educação algébrica tem#se considerado que o

pensamento algébrico se dá pela manipulação sintática da linguagem algébrica.

Entretanto, os autores acreditam que exista entre o pensamento algébrico e a

linguagem, não uma relação de subordinação, mas sim uma relação de natureza

dialética, uma vez que, tanto no plano histórico quanto no pedagógico, a linguagem

é, a princípio, a expressão de um pensamento.

De acordo com os autores, o pensamento algébrico é um tipo especial de

pensamento que pode se manifestar não apenas nos diferentes campos da

matemática, mas também em outras áreas do conhecimento.

Ele pode expressar#se através da linguagem natural, aritmética, geométrica

(27)

Vale destacar, a referência quanto ao momento de iniciação do pensamento

algébrico no currículo escolar, não havendo razão para a sustentação de uma

iniciação relativamente tardia, pois o pensamento algébrico não prescinde de uma

linguagem estritamente simbólico#formal para sua manifestação.

Logo, o trabalho com esse tipo de pensamento deve estar presente na

formação do aluno desde as séries iniciais.

Nas séries iniciais, deve#se buscar desenvolver a capacidade de perceber

regularidades e de captar e expressar retoricamente, ou de forma semiconcisa, a

estrutura subjacente às situações#problema, através do processo de generalização.

Fiorentini, Miguel e Miorim (1993) ressaltam que o pensamento algébrico se

potencializa à medida que, gradativamente, o aluno desenvolve uma linguagem mais

apropriada a ele e fazem uma ressalva:

Se a introdução precoce e sem suporte concreto a uma linguagem simbólica abstrata pode funcionar como um freio à aprendizagem significativa da álgebra, o menosprezo ao modo de expressão simbólico#formal constitui#se também em um impedimento para o seu pleno desenvolvimento. (p. 89)

Para finalizar, os autores defendem como primeira etapa para a educação

algébrica o trabalho com situações#problema.

Por conseguinte, um trabalho reflexivo e analítico sobre o modo como

conduzimos e expressamos nosso pensamento, visando à resolução de situações#

problema, possibilita a construção de uma linguagem simbólica significativa para o

aluno.

Um ponto relevante para a minha pesquisa foi as considerações feitas pelos

autores a respeito do tempo de iniciação ao pensamento algébrico e as formas de

(28)

Graças a esses autores, constatei a importância de realizar atividades que

desenvolvam o pensamento algébrico desde as séries iniciais. E que essas

atividades, nas séries iniciais, devem buscar desenvolver a capacidade de perceber

regularidades e expressá#las, através do processo de generalização.

Com certeza, esses pesquisadores esclareceram muitos aspectos referentes

ao desenvolvimento adequado do pensamento algébrico, além de levar a um

repensar das concepções de educação algébrica e da álgebra, contribuindo para

que eu confirmasse a relevância do tema generalização de padrão e me

interessasse por investigar os alunos das séries mais novas, que no meu caso é a 5ª

série/6ºano.

Outra pesquisa que tratou da iniciação aos estudos da álgebra foi a realizada

por Carraher, Schliemann e Brizuela (2001), no artigo “Can young students operate

on unknown?”4.

De acordo com os autores, a aprendizagem da álgebra tem sido

tradicionalmente adiada até a adolescência por causa de suposições equivocadas

quanto à natureza da aritmética e quanto à capacidade dos estudantes jovens.

Para eles, a aritmética é algébrica até o ponto que dá oportunidades de fazer

e expressar generalizações. Idéia corroborada pelos pesquisadores do GPEA.

Em sua pesquisa, com alunos de nove anos de idade, eles verificaram que as

crianças usaram notação algébrica para representar um problema de relações

aditivas.

4

(29)

As crianças não apenas operaram com incógnitas, mas também conseguiram

entender que a incógnita substitui todos os possíveis valores que uma entidade pode

ter.

É crucial para os estudantes aprender a representar e manipular incógnitas.

No entanto, os pesquisadores acreditam ser um erro atribuir a emergência

tardia dessa habilidade aos limites do desenvolvimento mental e sim devido à

introdução tardia da álgebra no currículo da matemática, que não tem relação com

os conhecimentos dos alunos e as intuições sobre aritmética.

Segundo os autores, os conceitos algébricos e sua notação são partes da

aritmética e sugerem que a aritmética deve estar ligada com o significado algébrico

desde muito cedo na educação matemática.

Carraher, Schliemann e Brizuela (2001) afirmam que ainda existe muito a ser

feito, pois a iniciação da educação algébrica ainda não é um campo bem definido.

Entretanto, é surpreendente conhecer as habilidades das crianças em fazer

generalizações, como também em usar a notação algébrica.

Dessa forma, os resultados que os autores relatam trouxeram subsídios para

a minha pesquisa ao indicar que alunos mais jovens foram bem sucedidos ao

desenvolver atividades algébricas.

Além disso, as considerações dos autores sobre a iniciação tardia da álgebra

no currículo ser um obstáculo para o desenvolvimento das habilidades algébricas

dos alunos reforçaram a necessidade de realizar atividades envolvendo o

pensamento algébrico desde as séries iniciais.

Assim, autores como Carraher e seu grupo trouxeram elementos para a

iniciação algébrica, que me ajudaram a definir os sujeitos da minha pesquisa, ou

(30)

O artigo “O aluno de quinta série é capaz de perceber e descrever

regularidade em um padrão?” (Machado, 2006), trata de uma pesquisa realizada por

componentes do GPEA, durante um curso que versava sobre o tema de observação

de regularidades e generalização de padrões, realizado com professores da rede

pública.

Uma das professoras participantes, sensibilizada pelo tema, aplicou, em uma

quinta série, uma atividade envolvendo padrões numéricos, de modo a verificar

como seus alunos reagiriam quando defrontados por uma situação que envolvesse a

observação e generalização de padrão.

Ao tratar da importância do tema, a autora do artigo citado busca um apoio

teórico em Devlin (2002, Machado, 2006), em que, para ele, os padrões

existem no mundo das idéias e dos pensamentos. Podem ser reais ou imaginários,

visuais ou mentais, estáticos ou dinâmicos, qualitativos ou quantitativos, puramente

utilitários ou recreativos.

Na matemática, a procura por regularidades para descrever padrões é tão

importante que levou Devlin a colocar como título de seu livro a frase: “Matemática: a

ciência dos padrões”.

Assim, segundo Devlin, a matemática não é apenas manipulação de símbolos

de acordo com regras arcaicas, mas sim a compreensão de padrões.

A matemática, sob essa perspectiva, ciência dos padrões, permite que o

aluno tenha uma maior motivação, onde a descoberta tem um papel fundamental em

sua aprendizagem, assim como o ensino da álgebra possa se dar desde cedo no

currículo escolar.

Além de Devlin, outro apoio foi Mason (1985, Machado, 2006), que

(31)

álgebra como uma linguagem adequada para expressar regularidades, na qual a

generalização tem papel importante.

Mason (1985, Machado, 2006) apresentam o ciclo da

generalização, ou seja, a conversão do específico para o geral: primeiro a percepção

da generalidade, segundo a sua expressão, terceiro a expressão simbólica da

generalidade para, finalmente, atingir a manipulação da generalidade para resolver

um problema.

Machado lembra que os PCN do Ensino Fundamental confirmam a

importância da aprendizagem algébrica, argumentando que o estudo da álgebra

permite que o aluno desenvolva e exercite sua capacidade de abstração e

generalização, além de ser uma poderosa ferramenta para resolver problemas.

Entretanto, ela ressalta que enquanto os PCN sugerem o trabalho com

padrões desde a 6ª série/7º ano, em outros países, como nos Estados Unidos,

sugere#se iniciar as atividades com padrões desde a 2ª série/3º ano do Ensino

Fundamental.

Finalmente, após a descrição e análise dos dados coletados, foi possível

perceber que os alunos da quinta série tiveram maturidade, e que assim, podem e

devem trabalhar com esse tema, sendo capazes de observar e reconhecer um

padrão, além de em alguns casos, expressar, verbalmente ou por escrito, uma regra

(32)

A pesquisa relatada por Machado foi mais um incentivo para confirmar a

importância do tema escolhido por mim, me motivando a investigar alunos da 5ª

série/6º ano.

Considerei importantes as considerações da autora, bem como as de Mason,

em especial, a sua apresentação do ciclo de generalização, servindo como apoio

para a análise do meu instrumento de pesquisa.

Julguei apropriada a atividade escolhida pela professora da pesquisa referida,

que envolvia padrão do tipo numérico e decidi incluí#la nas atividades que eu iria

aplicar na minha pesquisa.

Dessa forma, por essa pesquisa ter sido realizada com alunos de 5ª série,

seus resultados me auxiliaram bastante na escolha, elaboração e análise dos

resultados do instrumento da minha pesquisa.

No artigo supracitado, Machado fez referência a Perez (2006), o que chamou

minha atenção para conhecer esse trabalho:

Perez apresentou uma pesquisa, com a participação de nove alunos do

Ensino Médio de uma escola pública, aplicando atividades cujo objetivo foi investigar

se e como os alunos do Ensino Médio resolvem problemas que envolvem a

generalização de padrão. Ela adotou a engenharia didática como metodologia de

sua pesquisa.

Em sua pesquisa, Perez também comenta a importância da observação de

regularidades e que na matemática podemos descobrir e revelar padrões de vários

(33)

(* +,- )( % (. * /

Nesta seqüência de triângulos vários padrões podem ser percebidos e

descritos.

Existem também vários tipos de padrões de formas e figuras que os nossos

olhos são capazes de visualizar. Por exemplo, a regularidade geométrica que

apresenta uma flor:

(* 0 *( 1

A Natureza "arrumou" as sementes do girassol sem intervalos, na forma

, formando espirais que tanto curvam para a esquerda como para a

direita. Curiosamente, se contarmos essas espirais, quer para um lado, quer para

outro, perceberemos que os números de espirais em cada direção são (quase

sempre) números vizinhos na seqüência de Fibonacci7. O raio dessas espirais varia

de espécie para espécie de flor.

5

(Perez, 2006, p.20)

6

figura disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2002/icm203/numeros.htm>. Acesso em: 15 fev 2008.

! " ! #

! $ %&'()*++&,

(34)

Assim, tanto podemos perceber padrões com regularidades geométricas

quanto numéricas.

Perez também cita padrões visuais que tem como características o fato de

eles se repetirem de forma regular até preencherem totalmente um polígono, como

por exemplo, os desenhos do artista holandês M. C. Escher (1898#1972):

(* 20 #(3( * % 4 5( * 6( 4 7/8 ! 7/99

Segundo Perez, os padrões representados por números são mais abstratos,

assim como os números que os descrevem, por exemplo, as progressões

aritméticas e geométricas.

Há também padrões mais complexos, do ponto de vista matemático, como,

por exemplo, os padrões relacionados ao fato de serem números primos ou

compostos, números quadrados perfeitos, entre outros. Esse tipo de estudo é

abordado pela Teoria dos Números.

Ou seja, os padrões numéricos estão ligados à idéia de algum tipo de

regularidade, seja ela recursiva ou de repetição, na qual se possa identificar uma lei

8

(35)

que permita continuar a seqüência e chegar à sua generalização (Vale no

prelo).

Existem também os padrões compostos, denominados figurativo#numéricos.

Para exemplificar:

:::

(* ;0 +,- )( 6(* (3 ! &< ()

Dentre os padrões figurativo#numéricos, estão aqueles que são denominados

de geométrico#numéricos, por exemplo:

:::

(* /0 +,- )( * &< () ! &< ()

Dessa forma, temos uma tipificação adequada dos padrões que podemos

encontrar ao abordar atividades envolvendo observação e generalização de

padrões.

Por fim, Perez considera que o objetivo de sua pesquisa foi atingido, pois os

alunos do ensino médio, mesmo tendo alegado que nunca tinham trabalhado com

aquele tipo de atividade, resolveram questões de generalização de padrões,

utilizando estratégias diversificadas.

O trabalho de Perez colaborou para a minha pesquisa, me fazendo atentar

(36)

uma investigação com alunos da 5ª série/ 6º ano e pude perceber, pelo seu trabalho,

que essa metodologia também seria apropriada para a minha pesquisa.

Outra colaboração importante foi a explicitação dos tipos de padrões

existentes, me fazendo diferenciá#los melhor e levar em consideração a escolha do

tipo de padrão a ser usado na minha investigação.

Assim, me interessei, em especial, utilizar no meu instrumento de pesquisa os

padrões numéricos ligados à idéia de algum tipo de regularidade, seja ela recursiva

ou de repetição, na qual se possa identificar uma lei que permita continuar a

seqüência e chegar à sua generalização.

Além disso, as análises e considerações feitas por Perez serviram de apoio

para as análises da minha própria pesquisa.

Com certeza, algumas atividades de Perez me inspiraram na elaboração das

atividades escolhidas, embora, a sua pesquisa tenha sido realizada com alunos do

Ensino Médio e a minha com alunos do Ensino Fundamental.

Outro pesquisador que contribuiu com elementos fundamentais para minha

argumentação sobre a relevância do tema generalização de padrões foi Ponte

(2005).

Em seu artigo

-

Números e álgebra no currículo escolar”, ele comenta que um

dos objetivos do estudo da álgebra, na escola, é desenvolver o

dos alunos, que inclui a capacidade de manipulação de símbolos, porém

vai muito além disso.

Ele cita, de acordo com o National Council of Teachers of Mathematics –

NCTM # (2000), que o pensamento algébrico diz respeito ao estudo das estruturas, à

(37)

Compreender padrões, relações e funções (Estudo das estruturas),

Representar e analisar situações matemáticas e estruturas, usando

símbolos algébricos (Simbolização),

Usar modelos matemáticos para representar e compreender relações

quantitativas (Modelação),

Analisar mudança em diversas situações (Estudo da variação) (p. 37,

Ponte, 2005).

Segundo Ponte, o pensamento algébrico inclui a capacidade de lidar com o

cálculo algébrico e as funções.

Contudo, inclui também a capacidade de lidar com outras estruturas

matemáticas e usá#las na interpretação e resolução de problemas matemáticos.

A capacidade de manipulação de símbolos é um dos elementos do

pensamento algébrico, assim como a capacidade de interpretar e de usar de forma

criativa os símbolos matemáticos, na descrição de situações e na resolução de

problemas.

Isto é, no dá#se atenção não só aos objetos, mas

também às relações existentes entre eles, representando e raciocinando sobre

essas relações tanto quanto possível de modo geral e abstrato.

Assim, ele defende que uma das vias privilegiadas para promover esse

raciocínio é o estudo de padrões e regularidades.

O autor também sugere a contextualização na abordagem da álgebra, tendo

como ponto de partida situações reais.

Dentre suas conclusões, aponta a necessidade de repensar a abordagem da

álgebra, valorizando o pensamento algébrico e tornando#o uma orientação

(38)

Dessa forma, Ponte é um referencial importante para a minha pesquisa, pois

defende que a generalização de padrões é um caminho para o desenvolvimento do

pensamento algébrico, devendo fazer parte do currículo de todas as séries do

ensino.

Na mesma direção de pesquisa de Ponte, destaco também Vale e Pimentel

(2005), que no artigo “Padrões: um tema transversal do currículo”, publicado na

revista Educação e Matemática, defendem que a matemática sob a perspectiva da

ciência dos padrões pode contribuir para uma nova visão dessa disciplina por parte

dos professores e proporcionar contextos de aprendizagem estimulantes para o

aluno, em que o seu raciocínio matemático possa ser explorado.

O reconhecimento de padrões na natureza tem ajudado o homem a fazer

previsões e a compreender o meio que nos rodeia, tendo muita influência no

desenvolvimento das ciências.

Vários pesquisadores definem a matemática como a ciência dos padrões ( .

Davis e Hersh, 1981; Devlin, 2002; Sawyer, 1955; Steen, 1990, Vale e

Pimentel, 2005), pois um dos objetivos da matemática é descobrir regularidade onde

parece haver o caos, extrair a estrutura e a invariância da desordem e da confusão.

Desse modo, para Goldenberg (1998, Vale e Pimentel, 2005) a procura

por invariantes deve ser o fulcro do ensino da matemática, pois como ciência dos

padrões, ela trata da procura da estrutura comum subjacente a coisas que em todo o

resto parecem completamente diferentes.

Assim, o termo padrão tem uma multiplicidade de sentidos que deve ser

(39)

poderoso da atividade matemática, uma vez que a sua procura é indispensável para

conjecturar e generalizar.

Vale e Pimentel (2005) fazem várias referências à importância dada aos

padrões nas recomendações curriculares de Portugal e afirmam que os professores

têm diversas oportunidades de explorar atividades envolvendo padrão, ao longo do

desenvolvimento curricular.

Elas alegam que a procura por padrões é essencial na resolução de

problemas e no trabalho investigativo, sendo um modo promissor de exploração da

álgebra e que, portanto, é necessário desenvolver essa competência nos alunos

desde os primeiros contatos com a matemática, através de problemas significativos

em que o uso da álgebra seja relevante.

Quanto à resolução de problemas através de um trabalho investigativo, as

pesquisadoras citam Herbert e Brown (1997, Vale no prelo) que indicam

que o processo investigativo envolve três fases:

1# Procura de padrões — extrair a informação relevante;

2# Reconhecimento do padrão, descrevendo#o através de métodos diferentes

— a análise dos aspectos matemáticos; e

3# Generalização do padrão – a interpretação e aplicação do que se

aprendeu.

Elas tratam da importância de começar com atividades de reconhecimento de

padrões, para que o aluno acostume com esse modo de pensar e facilite a

abordagem de tarefas mais complexas.

Para tanto, Vale e Pimentel citam Orton (1999, Vale 2006) que, em

(40)

1# Encontrar termos numa seqüência torna#se progressivamente mais

difícil, para os alunos, à medida que se encontram mais distantes dos

termos que lhes são apresentados;

2# Muitos alunos têm mais dificuldade em explicar um padrão do que em

continuá#lo; e

3# Geralmente há mais alunos que explique as regras, detectadas nas

seqüências, oralmente do que por escrito.

Desse modo, as autoras consideram que as atividades envolvendo padrões

permitem:

# Contribuir para a construção de uma imagem mais positiva da

matemática por parte dos alunos;

# Experienciar o poder e a utilidade da matemática e desenvolver o

conhecimento sobre novos conceitos;

# Evidenciar como os diferentes conhecimentos matemáticos se

relacionam entre si e com outras áreas do currículo;

# Promover o desenvolvimento do raciocínio matemático dos alunos

tornando#os bons solucionadores de problemas e pensadores abstratos;

# Melhorar a compreensão do sentido do número, da álgebra e de

conceitos geométricos;

E que para isso os alunos devem ter a oportunidade de:

# Transferir padrões concretos, pictóricos e simbólicos de uma representação

para outra;

# Averiguar se uma lista de números mostra alguma regularidade;

# Descobrir o padrão numa seqüência;

(41)

# Prever termos numa seqüência;

# Generalizar;

# Construir uma seqüência.

As autoras também apresentam alguns exemplos de situações#problema

envolvendo padrões.

Nas suas pesquisas, elas constataram que a maioria dos estudantes, perante

atividades que envolvem generalização, utilizam uma abordagem numérica.

Os alunos que trabalham a forma exclusivamente numérica manifestaram

insuficiências na resolução, não conseguindo obter uma generalização completa ou

obtendo uma lei de formação errada.

De modo geral, os alunos têm mais sucesso quando recorrem a uma

abordagem exclusivamente geométrica ou mista. E que devemos incentivar os

alunos a olhar para os problemas de vários modos, buscando mobilizar seus

conhecimentos, sejam de natureza numérica ou geométrica.

As autoras concluem que a integração de atividades com padrões no currículo

da matemática escolar permite aos alunos descobrir conexões entre vários tópicos,

além de desenvolver suas capacidades de comunicar matematicamente e aumentar

o desempenho na resolução de problemas.

Os argumentos apresentados pelas autoras contribuíram para que eu

confirmasse a relevância do tema generalização de padrões no desenvolvimento do

pensamento algébrico, devendo estar presente ao longo do currículo escolar, e que

atividades envolvendo padrões podem motivar os alunos a buscar novas

(42)

Através do estudo das pesquisas de Vale e Pimentel pude esclarecer o

significado do termo padrão e sua utilidade na matemática, além de refletir sobre os

benefícios que atividades envolvendo padrões propiciam.

Também examinei as atividades propostas por elas, em especial, as que

envolviam padrões numéricos, por serem os de maior interesse para a minha

pesquisa.

De fato, o objetivo da minha pesquisa está muito relacionado com as

investigações das autoras, pois elas defendem a importância de começar com

atividades de reconhecimento de padrões, para que o aluno acostume com esse

modo de pensar e facilite a abordagem de tarefas mais complexas.

Enfim, as pesquisas de Vale e Pimentel me auxiliaram muito na escolha,

preparação e análise do meu instrumento de pesquisa, tanto nas suas

considerações quanto nos autores citados por elas.

Outra referência importante ao tema é Mason (1996a) que apresenta

propostas de ensino baseadas na generalização de padrões como um “caminho”

para a álgebra, partindo da aritmética.

Ele argumenta que a aritmética é a fonte original da álgebra como instrumento

para expressar generalidades e controlar o desconhecido e que o futuro do ensino

da aritmética e da álgebra dependem da importância que o professor dá aos

processos de pensamento matemático, em particular, da generalização.

A essência desse pensamento está no reconhecimento, na apreciação, na

expressão e na manipulação da generalidade, implicando, ao mesmo tempo, em

(43)

Assim, ele recomenda que, para o desenvolvimento do pensamento algébrico,

sejam propostas situações#problema envolvendo, palavras, desenhos e símbolos.

Desse modo, o processo de generalização, baseado em Bruner (1966,

Mason, 1996b), necessita do uso de materiais ou símbolos abstratos:

Um modo de trabalhar o desenvolvimento da consciência da generalidade é sensibilizar#se pela distinção entre “olhar através” e “olhar para”, que orienta os primeiros estágios de abstração e de concretização, isto é, vendo uma generalidade através do particular e vendo o particular no geral. Estes são enfatizados pela distinção entre trabalhar através de uma seqüência de exercícios, e trabalhar naqueles exercícios como um todo. (Mason, 1996a, p.65)

Segundo Mason (1996a), as atividades que envolvem padrões proporcionam

ao aluno uma melhor manipulação de expressões algébricas e, por conseqüência, a

resolução de equações, que é uma das dificuldades dos alunos na matemática.

Enfim, o trabalho com padrões possibilita ao aluno a construção de uma

linguagem simbólica significativa.

Assim, Mason também veio confirmar a relevância da observação e

generalização de padrões na aprendizagem da matemática.

Além de Mason, Lee (1996), em seu artigo0 “An initiation into algebraic culture

through generalization activities”9, também afirma que a generalização de padrões é

uma forma de atividade extremamente eficaz para a introdução de algumas idéias da

álgebra.

De acordo com Lee, olhando para a álgebra como uma cultura, a

generalização de padrões é uma atividade central e a linguagem simbólica da

álgebra, certamente, facilita essa tarefa. Generalização é uma das coisas que

9

(44)

“fazemos” em álgebra e que, portanto, os estudantes deveriam ser iniciados nessas

atividades cedo.

Pelas suas pesquisas ela verificou que introduzir a álgebra através do

trabalho com padrões não somente foi possível, como houve elementos muito

empolgantes tanto para o professor como para os alunos.

Logo, ela enfatiza que o trabalho com generalização de padrões é estimulante

e propicia ao aluno exercitar seu modo de observar, pensar e agir diante de um

problema.

O professor, ao propor esse tipo de atividade, deve estar atento para

compreender e avaliar as diversas maneiras que os alunos encontram para resolver

um dado problema.

Em seus estudos, com alunos do curso de álgebra elementar da Universidade

de Concórdia e alunos do ensino médio, ela constatou que ambos demonstraram

interesse em resolver problemas envolvendo generalização de padrões.

Enfim, tanto Mason como Lee fortaleceram ainda mais a relevância do tema

por mim escolhido, fazendo com que eu refletisse sobre o processo de

generalização e na importância de prestar atenção para as diversas estratégias que

os alunos podem utilizar ao resolver uma situação envolvendo observação e

(45)

"

%

*(

Para verificar se o aluno da quinta série é capaz de perceber e descrever

regularidades em um padrão, optei por aplicar uma seqüência didática, inspirada nas

fases da metodologia qualitativa da engenharia didática, por ter essa a finalidade de

analisar situações didáticas como objeto de estudo, desde a sua elaboração,

realização, observação, análise até a validação.

A engenharia didática é caracterizada:

[...] como um esquema experimental baseado sobre “realizações didáticas” em sala de aula, isto é, sobre a concepção, a realização, a observação e a análise de seqüências de ensino. (Artigue, 1988, Machado, 2002, p. 199)

O processo experimental da engenharia didática compreende quatro fases:

# primeira fase: análises preliminares;

# segunda fase: concepção e análise das situações didáticas;

# terceira fase: a experimentação;

# quarta fase: análise e validação;

As análises preliminares consistem nas considerações sobre o quadro teórico

didático geral e sobre os conhecimentos didáticos sobre o assunto de interesse,

assim como análise epistemológica dos conteúdos contemplados pelo ensino,

análise do ensino atual, análise da concepção dos alunos, dificuldades e obstáculos

de aprendizagem.

As minhas análises preliminares consistiram em leituras sobre álgebra e

generalização de padrões, sugeridas pela orientadora, colegas do GPEA e

(46)

Vale salientar também a importância dos estudos realizados durante o curso

das disciplinas do mestrado que favoreceram a construção de conhecimentos,

influenciando positivamente minhas escolhas e direcionando para o caminho da

pesquisa do desenvolvimento do pensamento algébrico.

É importante notar que essa fase ocorre não somente antes da

experimentação, mas continua durante as outras, com leituras que possam auxiliar

nas análises das fases posteriores.

Na fase da concepção e da análise priori das situações didáticas, o

pesquisador, orientado pelas análises preliminares, delimita um certo número de

variáveis pertinentes ao sistema sobre os quais o ensino pode atuar, as quais são

chamadas de variáveis de comando.

Essas variáveis de comando podem ser macro#didáticas ou globais

(referentes à organização global da engenharia) e micro#didáticas ou locais

(referentes à organização de uma sessão ou de uma fase).

O objetivo da análise é determinar no que as escolhas feitas permitem

controlar os comportamentos dos alunos e o significado de cada um desses

comportamentos.

É suposto que na análise haja:

# descrição de cada escolha local feita e as características da situação a#

didática decorrentes de cada escolha;

# uma análise sobre qual o desafio da situação para o aluno, decorrente das

possibilidades disponíveis durante a experimentação, sejam elas de ação, de

escolha, de decisão, de controle e de validação;

# uma previsão dos comportamentos possíveis, mostrando no que a análise

(47)

tais comportamentos ocorrerem, serão resultados do desenvolvimento visado pela

aprendizagem.

Após a análise vem a experimentação que é a fase da realização da

engenharia com uma certa população de alunos. Ela se inicia no momento em que

se dá o contato pesquisador#professor#observador(es) com a população de alunos#

objeto da investigação.

Durante a experimentação deve#se explicitar os objetivos e condições de

realização da pesquisa, estabelecer o contrato didático, aplicar os instrumentos de

pesquisa e registrar as observações feitas.

Quando a experimentação prevê mais de uma sessão, aconselhá#se fazer

uma análise local após a realização de uma ou mais sessões,

confrontando com as análises feitas, para possíveis correções na “rota

prevista”.

Também se sugere fazer uma institucionalização, de modo a retomar as

questões discutidas e estabelecer os principais resultados da teoria.

A última fase é a da análise e da validação. Esta fase se apóia

sobre todos os dados colhidos durante a experimentação.

Assim, a engenharia didática se caracteriza também pelo registro dos estudos

feitos e pela validação. Essa validação se dá, internamente, pela confrontação entre

a análise e a análise .

A experimentação, juntamente com as análises priori e serão

(48)

2

=> " ?

@A

%

Neste capítulo, descrevo os procedimentos realizados para a elaboração do

instrumento de pesquisa, os critérios de seleção adotados, as providências tomadas,

bem como a descrição da seqüência didática, sua análise , a descrição da

aplicação do instrumento e dos resultados obtidos finalizando com a análise

e conclusões.

> (& (

% )( B

Critérios de seleção

A minha intenção foi, desde o início, realizar esta pesquisa em uma das

escolas públicas que trabalho, pois tem sido muito divulgado pela mídia e se

discutido a respeito da qualidade de ensino e como realizar um trabalho que permita

(49)

Dessa forma, a escola pública é um ambiente desafiador na busca de um

ensino melhor, por todas as dificuldades encontradas, como a falta de material de

apoio, as diversidades e diferenças culturais e sociais existentes, além de, muitas

vezes, a escola receber um número elevado de alunos dentro de uma mesma sala

de aula.

Acredito que trabalhos de pesquisa como este propiciem a coleta de dados

importantes que subsidiem intervenções positivas no ambiente escolar, assim os

resultados dessa pesquisa podem contribuir para a melhoria do ensino da

matemática em geral.

Com essa intenção, dentre as escolas que trabalho, escolhi aquela que é

freqüentada por uma população com situação sócio#econômica mais carente. Essa

escola faz parte da rede pública municipal de São Paulo, localizada na periferia da

zona norte, no bairro Parque Novo Mundo, uma região afetada por problemas de

violência social.

Essa escola apresentou um dos mais baixos rendimentos na prova Brasil, que

compõe o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizada em

novembro de 2005 com alunos de 4ª e 8ª séries, respectivamente, 5º e 9º anos do

ensino fundamental, ficando entre as cinco últimas escolas de São Paulo.

Na escala de desempenho de matemática estabelecida pelo SAEB, com

relação à 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental, a média das escolas avaliadas no

município de São Paulo foi 179,21, a média das escolas no estado de São Paulo foi

187,71, enquanto a média das escolas no Brasil foi 181,10.

Com esse panorama, a escola escolhida teve , abaixo da média

(50)

Já com relação à 8ª série/9º ano, na mesma escala de desempenho, a média

das escolas avaliadas no município de São Paulo foi 239,34, a média das escolas no

estado de São Paulo foi 243,47 e a média das escolas no Brasil foi 239,98.

Em comparação, a escola escolhida alcançou 228,70, também abaixo da

média nacional divulgada.

Vale esclarecer que essa escala de desempenho é única e acumulativa, para

todas as séries avaliadas. A lógica é a de que quanto mais o estudante caminha ao

longo da escala, mais habilidades terá acumulado. Portanto, é esperado que alunos

da 4ª série/5º ano alcancem médias numéricas menores que os de 8ª série/9º ano.

Esses resultados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), autarquia do Ministério da Educação

(MEC), em Junho de 2007 e colaboraram para eu decidir por realizar minha

investigação nessa escola.

Esses motivos acrescidos ao fato de eu trabalhar na escola e conhecer a sua

realidade justificam a escolha feita, uma vez que um dos propósitos do mestrado

profissional está ligado a um relato de experiência com viés de pesquisa relacionada

à prática profissional.

Conforme os autores apresentados no capítulo II, acredito que o tema

generalização de padrões deva ser contemplado desde cedo no ensino fundamental,

e por ser professora de matemática, a 5ª série/6ºano é aquela onde estão os alunos

mais novos.

Além disso, a 5ª série/6º ano é considerada como uma série de transição.

(51)

vários professores, específicos, um para cada disciplina. E no geral, há uma

dificuldade de adaptação dos alunos a essa nova fase.

Desse modo, como aluna do mestrado profissional, decidi realizar minha

pesquisa com uma das classes das quais sou responsável pelas aulas de

matemática.

Dentre as duas 5ª séries/6º anos que leciono, verifiquei a melhor

disponibilidade de horário para realizar a pesquisa.

Assim, a turma escolhida tinha aulas de matemática nas primeiras aulas, que

considero o horário em que os alunos estão mais dispostos a participar das

atividades escolares do que à medida que se aproxima o horário de lanche e final

das aulas.

Logo, a classe escolhida foi uma quinta série com 35 alunos, de faixa etária

entre 11 e 15 anos. Desses 35 alunos, dois deles deixaram de freqüentar as aulas,

restando 33 alunos ao final do ano letivo.

Vale comentar também que, entre esses alunos, alguns apresentaram

problemas de assiduidade na escola, não freqüentando as aulas com regularidade,

atrapalhando o seu desempenho e participação durante as atividades escolares.

Providências tomadas

!"

Após a definição da escola e sujeitos da pesquisa, solicitei permissão à

Diretora da Escola que, prontamente, consentiu e passou a apoiar a minha

(52)

Conversei também com a Coordenadora Pedagógica que da mesma forma

deu o seu apoio, demonstrando sua boa vontade e interesse na realização de

trabalhos que possam trazer algum benefício à aprendizagem dos alunos da Escola.

#

Conforme já citei, escolhi uma das duas turmas de 5ª série/6º ano que

leciono, explicando às duas turmas que essa escolha se deu aleatoriamente e

devido à disponibilidade de dia e horário para realizar as atividades.

Apesar da turma não escolhida também ter demonstrado interesse em

participar da pesquisa, compreenderam os motivos apresentados, não acarretando

problemas pela escolha da turma.

Assim, durante uma das aulas, após conversar com os alunos sobre a

aplicação das atividades, ressaltando a importância da participação de cada um

deles na pesquisa, cujos resultados poderiam contribuir para a melhoria do ensino

da matemática, enviei uma carta a cada pai ou responsável, pedindo sua anuência

na participação de seu filho nessa pesquisa.

Expliquei na carta que as atividades seriam realizadas durante as aulas de

matemática, não sendo necessário horário extra e que manteria o anonimato dos

alunos ao descrever os resultados da pesquisa trocando seus nomes por nomes

fictícios.

Ressaltei também que a participação dos alunos nessas atividades dá a eles

uma oportunidade de aprendizagem importante para o desenvolvimento do

(53)

Vale citar que alguns alunos ficaram preocupados se “valeria nota ou não” e

tive que enfatizar que eles não estariam sendo avaliados, pois eu agiria como uma

pesquisadora, observando como eles responderiam as atividades e não estaria

corrigindo seus possíveis erros.

Depois das explicações sobre a finalidade da pesquisa, os alunos

(54)

+,- )( %(%C ()

Para a aplicação da seqüência didática, previ três sessões com a duração de

uma aula de 45 minutos cada uma. Optei por limitar a aplicação em 3 sessões, para

facilitar a presença da maior parte dos alunos na experimentação.

A primeira das três sessões previstas foi elaborada com a intenção de

investigar como os alunos reagem ao se deparar com uma situação a#didática

envolvendo percepção e generalização de padrão.

Já a segunda sessão visava fazer a institucionalização dos conhecimentos

abordados na primeira sessão, fase na qual cabe ao pesquisador/professor uma

maior intervenção.

E por fim, a terceira e última sessão, objetivava dar condições de verificar as

atitudes, desempenho e respostas dos alunos diante de uma situação envolvendo

observação e generalização de padrão, após já terem passado pelas sessões

anteriores.

Decidi áudio#gravar as sessões e filmar somente a última sessão. A áudio#

gravação teve por objetivo registrar e servir de instrumento para facilitar a

observação e análise das conversas e comentários dos alunos durante a realização

das atividades. Enquanto, a filmagem pode revelar atitudes, gestos e as formas dos

alunos se comunicarem, explicitando os seus comportamentos. Essas revelações

não se registram apenas pela gravação das vozes.

Segundo Sadalla e Larocca (2004), a tecnologia de videogravação é bastante

adequada para o registro e investigação de fenômenos nos quais intervém o

movimento (Ferrés, 1996, Sadalla e Larocca, 2004).

Fenômenos complexos formados pela interferência de múltiplas variáveis,

(55)

são carregados de vivacidade e dinamismo. Para serem mais bem compreendidos,

necessitam de uma metodologia capaz de conservar essas características.

Desse modo, a videogravação permite registrar, até mesmo, acontecimentos

fugazes e não#repetitíveis que muito provavelmente escapariam a uma observação

direta.

Analisando as vantagens da abordagem videográfica em pesquisas em sala

de aula, Meira (1994, Sadalla e Larocca, 2004, p.423) apontou que essa

técnica permite construir uma “compreensão profunda sobre alguns casos

significativos, ao invés de conclusões supostamente amplas”, compreendidas

apenas superficialmente por outras formas de abordagem.

Por outro lado, um ambiente em que são introduzidos tantos elementos novos

como: gravadores, observador(es) e instrumentos de pesquisa com certeza terão

reflexos no desempenho dos alunos.

Uma vez que como lembra Sadalla e Larocca (2004) em seus estudos, seria

ingenuidade assegurar que a câmera de vídeo, durante as gravações, apresente#se

como um elemento neutro. Segundo elas, aqueles que fazem pesquisas em

psicologia sabem bem que a simples presença do observador na sala de aula, por

exemplo, já produz mudanças no ambiente pesquisado.

Contudo, segundo Meira (1994, Sadalla e Larocca, 2004, p. 424) a

utilização do vídeo tem a vantagem de registrar em detalhe as reações dos sujeitos

investigados, possibilitando reconhecê#las e desconsiderá#las, se necessário.

Assim, a proposta de filmar somente a última sessão teve a intenção de não

inibir demais os alunos e introduzir aos poucos os “novos” elementos na sala de

(56)

Para a elaboração e análise do instrumento de pesquisa levei em

consideração o estudo das variáveis didáticas, articulando#as com as possíveis

estratégias de solução, possibilitando assim, controlar o grau de dificuldade de cada

questão.

Escolhi trabalhar com padrões numéricos que não apresentassem um grau

elevado de dificuldade para alunos de 5ª série/6º ano, de modo a não desestimulá#

los. Para tanto, fiz uma análise , considerando a escolha das variáveis

didáticas, relacionando#as com o estudo das estratégias de resolução de cada

atividade.

Para facilitar a observação do modo de pensar dos alunos, as atividades

foram previstas para serem realizadas em duplas, possibilitando a gravação das

conversas e comentários sobre as questões e a melhor percepção do raciocínio

envolvido nas soluções encontradas.

Além disso, trabalhos em duplas permitem o convívio em grupo, a expressão

da oralidade e escrita, a troca de informações, a discussão sobre os procedimentos

e escolhas de estratégias, levantando conjecturas e hipóteses e fazendo validações

até se obter uma conclusão.

Uma vez que, como afirma César (1998), vários estudos têm sido feitos

(Perret#Clermont e Nicolet, 1988; Perret#Clermont e Schubauer#Leoni, 1988;

Sternberg e Wagner,1994; César, 1998) e salientaram os efeitos positivos das

interações entre pares de alunos em suas atuações e desempenho escolar, em

especial na matemática.

Segundo César ( $, em suas pesquisas, ela constatou que a interação

entre duplas de alunos é uma forma eficaz de promoção de atitudes positivas para a

(57)

possibilitar melhores relações afetivas na sala de aula e suas conquistas em

Matemática.

A seguir, apresento a forma como foi preparada cada sessão. Assim,

descrevo o objetivo e a análise das atividades, a razão da escolha das

variáveis didáticas e as estratégias previstas para a resolução. Estas aparecem em

ordem crescente de dificuldade e probabilidade de uso pelo aluno.

Depois descrevo como se deu a aplicação dos instrumentos de pesquisa.

(58)

D

Para a 1ª sessão escolhi apresentar uma única atividade com quatro itens,

adaptada de uma pesquisa já realizada por membros do GPEA em uma 5ª série/6º

ano do ensino público. (Machado, 2006)

Objetivo geral: Esta atividade tem por objetivo principal apresentar ao aluno

de uma 5ª série um padrão numérico facilmente perceptível pela observação

da seqüência, buscando não intimidá#lo com um problema de difícil resolução.

Sobre a escolha do enunciado: Com a intenção de chamar a atenção do

aluno para a questão, o enunciado apresenta uma pessoa que já teria

encontrado a solução de modo a estimular o aluno a também querer

encontrar a resposta.

A atividade:

Darci ao observar a seguinte seqüência numérica:

4 ;4 14 94 E4 :::

disse ter encontrado o próximo número e que também

foi capaz de encontrar o 37º termo.

Como você pode responder as seguintes questões:

a) Qual é o próximo número?

b) Qual será o 37º termo ou elemento da seqüência?

c) Explique como você encontrou esse número.

(59)

Análise a priori de cada item da atividade:

%solicita ao aluno a indicação do termo seguinte aos já apresentados na

seqüência, de acordo com o padrão implícito.

# Objetivo:

Estimular o interesse do aluno pela atividade, chamando sua atenção para a

questão proposta.

# Variáveis:

Decidi iniciar pela questão de menor dificuldade que é, indicar o termo

seguinte ao expresso na seqüência, pois segundo Vale e Pimentel (2005), isso

estimularia o aluno a prosseguir a atividade.

# Estratégias previstas10:

0 O aluno observa a seqüência e verifica que os números estão crescendo

de dois em dois, bastando assim, somar 2 ao último número apresentado na

seqüência que é o 10, resultando como o próximo número o 12.

0 O aluno observa a seqüência e verifica que são números pares

consecutivos e que o próximo termo da seqüência é o número 12.

10

(60)

%solicita a indicação do 37º termo da seqüência e justificativa.

Como estas questões são interdependentes serão analisadas conjuntamente:

# Objetivo:

Motivar o aluno a buscar outra estratégia de resolução com maior eficácia,

dificultando que escreva todos os termos anteriores ao solicitado até encontrar o

termo requerido.

# Variáveis:

A escolha de uma posição ímpar, como o 37º termo, se deu para evitar não

confundir a correspondência entre a posição do termo na seqüência e o número

(par) que representa essa posição.

# Estratégias previstas:

0 O aluno escreve a seqüência até obter o 37º termo que é o 74.

0 O aluno faz a correspondência entre a posição do termo na seqüência e o

número que representa essa posição, multiplicando 37 por 2 obtendo o número 74.

20 O aluno faz uma tabela para relacionar a posição do termo e o número

(61)

F 0 (3(% % G <*( 2 G ( & )

Essa estratégia em forma de tabela pode ser que seja utilizada, porém a

generalização da relação entre a posição e o termo é bem pouco provável que o

aluno de 5ª série/6º ano, nesse momento, consiga registrar algebricamente essa

formalização, 2 x P.

%criar outra seqüência diferente da apresentada.

# Objetivo:

Essa questão tem por objetivo verificar se o aluno percebeu a existência de

regularidade e estimulá#lo a criar a sua própria seqüência.

> (

1 &

2 '

3 (

4

5 )

6 &

37 '

Referências

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