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A ATUAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE EM SAÚDE MENTAL: PERCEPÇÕES E PRÁTICAS COTIDIANAS

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Academic year: 2019

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A ATUAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE EM SAÚDE MENTAL: PERCEPÇÕES E PRÁTICAS COTIDIANAS

Maria Angélica Pagliarini Waidman1 Bruna da Costa2 Marcelle Paiano3 INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, estabelecido pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado por leis complementares, vem gradativamente se assentando sobre os pilares da universalização, da integralidade, da descentralização e da participação popular. Com a implementação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991 e do Programa Saúde da Família (PSF) em 1994, buscava-se otimizar a assistência à saúde e a organização da atenção básica de forma a atender aos princípios do SUS(1). A equipe de Saúde da Família é composta, no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitários de saúde (ACSs). Outros profissionais têm complementado as equipes básicas, porém dentre os integrantes da equipe, quem mais detém conhecimento sobre a dinâmica da comunidade local e mantém contato com a realidade da população atendida é o ACS(2). Desta forma, de acordo com a posição em que o ACS se encontra ele pode facilitar a concretização da assistência à saúde integral preconizada pelo SUS, por compartilhar do mesmo contexto social da comunidade atendida por sua equipe, tornando-se um importante coadjuvante na mediação entre o serviço de saúde e seus usuários, alcançando a reinserção dos portadores de transtorno mental (PTM) na sociedade e proporcionando-lhes a dignidade e o respeito que lhes foram negados(3). OBJETIVO: Identificar a percepção sobre saúde e transtorno mental dos ACS que atuam na Estratégia Saúde da Família (ESF) e verificar o (des)preparo destes profissionais em suas práticas para atuar na saúde mental. METODOLOGIA: O presente projeto insere-se na linha de pesquisa “O viver em família e sua interface com a saúde e a doença”, da Pós-graduação em Enfermagem do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, e está vinculado ao projeto institucional “A Saúde Mental na atenção básica: perspectivas e intervenção”, que conta com financiamento da Fundação Araucária – Paraná. Trata-se de uma pesquisa exploratória de análise qualitativa que utilizou como técnica de coleta de dados a entrevista semiestruturada e a observação, sendo as informações analisadas de acordo com a técnica de análise de conteúdo. O município em estudo possui 25 unidades básicas de saúde (UBS), com 69 equipes de Saúde da Família. Para a realização do estudo foram selecionadas apenas as equipes da ESF que estivessem com seu quadro multiprofissional em conformidade com o que preconiza o Ministério da Saúde. Neste critério, o estudo foi realizado em 21 UBSs, contando com a participação de 45 ACSs que aceitaram participar da pesquisa. A coleta de informações se deu no período de

1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento da Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: angelicawaidman@hotmail.com.

2 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação do Departamento de Enfermagem da UEM. E-mail: brunadacosta@hotmail.com.

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preenchimento de documentos e às vezes até ao desvio de função, dificulta a assistência integral às famílias, incluindo-se neste contexto a saúde mental; mas além desses entraves, há também a falha do profissional em não incluir ações de cuidado psíquico em sua prática, por considerar outros atendimentos de maior relevância. Outro aspecto citado foi que sob a lógica da desinstitucionalização passou-se a privilegiar a criação de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, entretanto a organização destes serviços de saúde não se mostra altamente eficaz(6). Outro dado relevante é que muitos profissionais não se sentem capacitados para atender aos PTMs, o que pode ser explicado pela forma como se trabalha a educação em saúde nos cursos de capacitação, os quais abordam a saúde mental apenas na forma teórica, não dando subsídios para a atuação prática dos profissionais. CONCLUSÃO: Verificamos que os ACSs ainda possuem uma visão distorcida do transtorno mental e de seus portadores, porém, a atenção em saúde mental oferecida por eles constitui em importante instrumento na estratégia de desinstitucionalização. É preciso que estes profissionais tenham o preparo adequado para abordar e atender essa demanda, por meio de programas de capacitação que os levem à reflexão e desmistificação dos estigmas e preconceitos, para que possam contribuir de forma efetiva para a reabilitação social e familiar do PTM, resgatando sua dignidade e direito de cidadania, já que são eles que mantêm maior contato com a família e servem como elo entre ela e a equipe. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A Atenção Básica, principalmente por meio da ESF, configura-se em instrumento fundamental na reinserção do PTM na sociedade; porém o que se mostra um desafio é a articulação de uma rede de suporte qualificada e capacitada para atender o PTM e seus familiares, além de serviços que sirvam de retaguarda para o trabalho destes profissionais, elementos que permitirão, quando necessário, encaminhamentos e contrarreferências adequadas.

PALAVRAS CHAVE: Saúde Mental. Programa Saúde da Família. Enfermagem Psiquiátrica.

REFERÊNCIAS

1. Escorel S, Giovanell L, Mendonça MHM, Senna MCM. O Programa de Saúde da Família e a construção de um novo modelo para a atenção básica no Brasil.Rev. panam. salud publica 2007;21(2):164-176.

2. Oliveira EM, Spiri WC. Programa Saúde da Família: a experiência de equipe multiprofissional. Rev Saúde Pública 2006;40(4):727-33.

3. Jorge MAP, Randemark NFR, Queiroz MVO, Ruiz EM. Reabilitação Psicossocial: visão da equipe de Saúde Mental. Rev. bras. enferm 2006;59(6):734-739.

4. Pereira MAO. Representação da doença mental pela família do paciente. Interface – Comunic., Saude, Educ 2003;7(12):71-82.

5. Campos AP, Romagnoli RC. Os encontros entre os agentes comunitários de saúde e as famílias dos portadores de transtorno mental Mental 2007;5(9):79-99.

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A CHEGADA DA PESSOA IDOSA NA FAMÍLIA E A SUA DINÂMICA: PERCEPÇÃO DE FAMILIARES

Ana Caroline da Costa1 José Vitor da Silva2 Maria Isabel Marques Pereira3 INTRODUÇÃO: Muitas vezes a pessoa idosa quando fica só, ir morar com os filhos é uma das poucas alternativas que lhe resta(¹). Ao começar a fazer parte da nova família, a sua simples presença, opiniões e experiência de vida que, na maioria das vezes, são diferentes da atual família e trazem para ela uma série de conseqüências(²). A chegada da pessoa idosa na família para com ela residir, independentemente dos motivos, pode proporcionar efeitos benéficos e consequências negativas(³). A presença da pessoa idosa gera alterações na dinâmica e estrutura familiar. Há dificuldades de convivências e natural conflito de gerações no interior das famílias que coabitam com pessoas idosas(¹). Por outro lado, a presença da pessoa idosa pode contribuir na solução de conflitos familiares ou até mesmo na solução de problemas das mais diversas origens(4). OBJETIVOS: Os objetivos deste estudo foram identificar as percepções dos membros das famílias sobre o seu funcionamento antes da chegada da pessoa idosa para residir com ela e conhecer as percepções familiares sobre o seu atual funcionamento, após a chegada desse membro familiar. METODOLOGIA: O estudo foi de abordagem qualitativa e do tipo descritivo. Foram entrevistadas cinco famílias, totalizando 13 membros, residentes na cidade de Pouso Alegre, MG. Os critérios de elegibilidade foram: aceitar participar do estudo; ter idade acima de 18 anos e ter pessoa idosa residindo na família há mais de três meses. A amostragem foi do tipo “bola de neve” e a coleta de dados foi realizada por meio de roteiro semi - estruturado, contendo duas perguntas, entrevistas gravadas e transcritas literalmente. Para a coletas de dados, foram utilizados os seguintes procedimentos: agendamento com cada família quanto ao dia e horário de cada entrevista; realização das entrevistas nos próprios domicílios; conhecimento dos objetivos e das perguntas da entrevista; esclarecimento quanto à gravação da entrevista; retirada de eventuais dúvidas; anuência dos participantes e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo seguiu os preceitos estabelecidos pela Resolução 196/96 do CNS e obteve autorização para sua realização do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, Itajubá, MG com parecer consubstanciado nº 089-2006. A pesquisa utilizou os pressupostos das Representações Sociais (RS) e a Descrição do Discurso do Sujeito Coletivo. As Representações Sociais (RS) são uma forma de trabalhar com o pensamento social em sua dinâmica e em sua diversidade. Auxiliam na construção de uma realidade comum de um conjunto social. Com esta sistematização há uma reabilitação do senso comum, do saber popular, do conhecimento do cotidiano e do

1 Acadêmica do quinto período do Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz de Itajubá, carolinea16@yahoo.com.br

2 Enfermeiro, Pós-doutorando pela Universidade de São Paulo, Diretor da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz de Itajubá, enfjvitorsilva@oi.com.br

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afetivo”. CONCLUSÃO: Concluiu-se que a chegada da pessoa idosa na família proporcionou alterações na sua dinâmica sobretudo de natureza negativa.

PALAVRAS-CHAVE: Família. Dinâmica Familiar. Idoso. REFERÊNCIAS

1. Angelo, MO Contexto Familiar. In: Duarte, YAO; Diogo, MJD. Atendimento Domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000.

2. Angelo M.; Bousso, RS. AEnfermagem e o cuidado na Saúde da Família. In: Manual de Enfermagem/Instituto par o Desenvolvimento da Saúde. Universidade de São Paulo. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

3.Cianciarullo, T I, et al. Saúde na Família e na Comunidade. São Paulo: Robe, 2002. 4.Santos, SMR, Silva, JV. Trabalhando com famílias, utilizando ferramentas. Revista APS, 2003; 6 (2): 77-86.

5.Arruda, A. Teorias das Representações Sociais e Teorias de Gênero. Caderno de Pesquisa [periódico na internet] 2002 [acesso 15 ago 2010] 117:127-147. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15555.pdf.

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A DEPRESSÃO PÓS-PARTO MATERNANA MÍDIA ELETRÔNICA BRASILEIRA: ANÁLISE DE WEB BLOGS DA ÚLTIMA DÉCADA*

Jenifer dos Santos Palmeira1 Keila de Oliveira Lisboa Sanchez2 Margareth Angelo3 Maria Aparecida Rodrigues da Silva Barbosa4 INTRODUÇÃO: A depressão pós-parto se aproxima em termos de sintomatologia e manifestações da mesma forma que a depressão experimentada por pessoas em outras fases da vida, caracterizando-se por tristeza, perda de interesse em atividades, diminuição da energia, perda de confiança e auto-estima, sentimento injustificado de culpa, idéias de morte e suicídio, diminuição da concentração e perturbações do sono e apetite(1-3). A sintomatologia tem início nas primeiras semanas ou meses a seguir ao parto e cerca de 2/3 dos casos resolvem-se ao longo do primeiro ano(4). É um problema de saúde que limita as capacidades da mulher, repercute na sua interação com todo o seu entorno, promove desgastes progressivos que atinge toda a família, além de ser uma condição extremamente dolorosa e difícil de lidar para as mulheres e suas famílias. Toda e qualquer vivência familiar, na perspectiva interacionista de família, interfere e altera o funcionamento da mesma, que busca sempre uma forma de reestruturação e rearranjo para continuar visando seus ideais(5). A família precisa lidar de maneira eficiente com as crises e a persistente adversidade, precisa mobilizar recursos, resistir ao estresse e se reorganizar para se adequar às condições alteradas(6), além do mais, precisa se informar de maneira adequada sobre a doença para resistir aos prolongados desafios desorganizadores que a depressão provoca e conseqüentemente seguir a vida. Existem vários espaços que podem atender as demandas por informações, sendo a internet um dos mais procurados por sua característica de fácil acessibilidade. Entretanto, algumas publicações online referentes a eventos do processo saúde-doença, podem ser incompletas, contraditórias, incorretas, além de muitas vezes, conter uma linguagem inacessível à compreensão do cidadão comum, o que pode provocar sérias conseqüências, dentre elas, a desorientação sobre como proceder em relação a si e aos seus familiares doentes. Diante destas considerações emergiu a pergunta que norteou o

* Estudo integrante do projeto maior intitulado: A depressão pós-parto materna na mídia eletrônica brasileira – aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EEUSP , Processo no. 1038/2011/CEP-EEUSP

1Enfermeira da Estratégia PSF de Jambeiro-SP, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da EEUSP, Membro do Grupo de Estudos em Enfermagem e Família da EEUSP. E-mail: jenifersantos@usp.br

2 Enfermeira, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos, Membro do Grupo de Estudos em Enfermagem e Família da EEUSP. E-mail: keilalsanchez@yahoo.com.br

3 Professora Titular do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Coordenadora do Grupo de Estudos em Enfermagem e Família. E-mail: angelm@usp.br

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estudo: Com o que se depara a mulher e a família que buscam informações sobre a depressão pós-parto na Internet? OBJETIVOS: Identificar como o tema Depressão pós-parto tem sido apresentado na mídia eletrônica nacional; Identificar a produção presente nos sites (web blogs) da internet; Analisar o conteúdo da linguagem utilizada e sua acessibilidade ao público leigo/comum em relação à literatura científica disponível; Identificar como a família tem sido inserida nas informações. METODOLOGIA: Estudo exploratório que teve como fonte de dados a internet. A busca dos dados foi realizada através do mecanismo de busca Google por meio do descritor Depressão pós-parto. Os critérios de inclusão foram: sites nacionais modalidade web blog, criados a partir de 01 de janeiro de 2000 até 31 de dezembro de 2010, portando materiais relacionados ao tema, produzidos por leigos ou por profissionais da área de saúde e direcionados ao consumo do público leigo. Os resultados da busca indicaram 116.000 web blogs. Após aplicação de novos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 100 web blogs para análise. RESULTADOS: Este trabalho refere-se aos resultados preliminares da análise de sites selecionados. A análise da amostra revelou que a maioria do material foi produzida por leigos e bem menos da metade produzidos por profissionais da área de saúde. Os sinais e sintomas da Depressão Pós-parto foram abordados em todos os materiais, sendo que menos da metade trouxe em seu conteúdo a incidência da Depressão Pós-parto e a diferenciação entre Tristeza Materna, Psicose puerperal e Depressão pós-parto. Os tratamentos psicológicos, psiquiátricos e medicamentosos foram abordados em uma parcela pequena dos sites e de forma condizente com a literatura. O relacionamento familiar foi discutido superficialmente em menos da metade do material analisado, bem como a maneira como a família pode auxiliar a mulher durante esse período.A linguagem utilizada nos materiais, em sua grande maioria apresentou-se de maneira acessível a toda a população. A análise revelou ainda que apesar de as informações se apresentarem de acordo com a literatura, apenas uma pequena parcela apresenta-as de maneira completa. CONCLUSÕES/ IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM:.A incompletude das informações pode gerar talvez um grau de insatisfação e insegurança nas (os) usuárias (os) e talvez, o fato de a maior parte das informações postadas serem produzidas por leigos explique sua incompletude e de igual modo, a abordagem à família que está ausente nas informações. A família, sempre estará envolvida nos cuidados aos membros doentes; desse modo a abordagem a esta é algo que necessita ser incorporado aos conteúdos postados para que ela possa ter ferramentas que lhes possibilite reconhecer, resistir à desorganização imposta pela depressão e seguir em frente. A análise preliminar evidencia a pouca participação da enfermagem nos sites; acreditamos que sendo a internet uma ferramenta importante de informação e comunicação, a enfermagem deve se apropriar deste espaço para ampliar suas ações de educação e de intervenção para a saúde. O enfermeiro precisa se sentir desafiado a utilizar os recursos da internet para criar espaços relacionais virtuais seguros e que permitam o compartilhamento de experiência entre os usuários, e desta forma apoiar a mulher e sua família no enfrentamento dos desafios que a depressão pós-parto impõe às suas vidas.

PALAVRAS-CHAVE: Depressão Pós-Parto. Internet. REFERÊNCIAS

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2. Ballone GJ. - Causas da Depressão, in. PsiqWeb, Internet, disponível em. <www.psiquewebb.med.br>. Incluído em 21/02/2005 (b). Atualizado em 2007. Acessado em 26.09.2008.

3. OMS. Organização Mundial de Saúde. Relatório sobre a saúde no mundo 2001: saúde mental: nova concepção, nova esperança: Geneva (CH): MS; 2001.

4. Sintra T, Cordeiro OR. Distúrbios mentais maternos do pós-parto. Dar à luz e... Ficar às escuras... Rev. Saúde Infantil. Hospital pediátrico de Coimbra. 1998. 20(1):29-41.

5. Wernet M, Ângelo M. Mobilizando-se para a família: dando um novo sentido à família e ao cuidar. Rev. Esc. Enfermagem USP.2003, 37(1):19-25.

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A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO PORTADOR DE TRANSTORNO

MENTAL: DIFICULDADES DAS FAMÍLIAS E ATUAÇÃO DOS

PROFISSIONAIS

Jenny Karol Gomes Sato Sgobero1 Jéssica dos Santos Pini2 Michelle Caroline Estevam3 INTRODUÇÃO: Em 2001, foi sancionada a Lei Federal de Saúde Mental nº 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental(1). Preconiza que o atendimento aos portadores de transtornos mentais (PTM) deve ser realizado preferencialmente em nível comunitário e junto à família, enfocando a melhoria da qualidade de vida, que tem implícita a promoção da saúde mental e o acompanhamento de pacientes e de sua família nas ações básicas de saúde. Partindo do pressuposto de que os pacientes com transtornos psiquiátricos necessitam de cuidados básicos de saúde e que o SUS preconiza a desinstitucionalização e assistência humanizada, a Estratégia Saúde da Família (ESF) torna-se, dessa forma, uma importante estratégia para a reinserção do portador de transtorno mental na sociedade(2). Diante do que foi exposto, podemos identificar que uma mudança considerável foi que se refere a sua desinstitucionalização. Assim, o PTM retorna à família, demandando atenção e cuidados desta e da equipe da Estratégia Saúde da Família, que são os profissionais mais próximos da comunidade e que atuam como porta de entrada para o atendimento na rede de saúde, inclusive para os serviços especializados. Mas não podemos deixar de observar que toda e qualquer mudança gera problemas que precisam ser transpostos. OBJETIVO: Identificar as dificuldades decorrentes da permanência dos PTM na comunidade no que se refere à família e a atuação dos profissionais de saúde da atenção primária. METODOLOGIA: Utilizou-se a revisão da literatura como método, sendo esta realizada a partir de um levantamento bibliográfico nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Na busca, utilizamos os termos: Reforma Psiquiátrica, Política Nacional de Saúde Mental, Desinstitucionalização, Doente Mental, Portador de Transtorno Mental, Saúde Mental, Família, Cuidado Familial e Estratégia Saúde da Família, separadamente e em combinações, para que pudéssemos localizar a literatura acerca das transformações ocorridas no campo de saúde mental e no que tange a assistência à família do PTM. Buscou-se os artigos do período entre 2000 a 2010, escritos em português e publicados em periódicos brasileiros. Após a leitura dos resumos, foram selecionados os que tratavam de temas pertinentes ao PTM, sua família e o cuidado familial dentro do contexto da reforma psiquiátrica. Após a leitura na íntegra dos artigos, selecionamos os que compuseram esta revisão. Utilizamos uma

1 Enfermeira. Discente do Programa de Pos-Graduação em Enfermagem / Mestrado em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. jenny-sato@hotmail.com

2 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Secretaria Municipal de Saúde de Maringá. jessicapini@bol.com.br

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situação de sofrimento mental usualmente não dispõem de tempo nem de espaço para manter outros relacionamentos. A distância entre a família e o corpo social pode ser exemplificada pela ausência a festas e eventos e diminuição do número de visitas a amigos e parentes(3). Na última categoria encontramos: “A atuação do profissional de saúde no cuidado familial ao paciente com transtornos psiquiátricos, que ressalta a necessidade do profissional formar vínculo com a família do PTM, ou seja, compreendê-la, apoiá-la e ajudá-la a minimizar seu estresse, oferecendo orientações, uma escuta ativa, e pensando junto com ela formas e atitudes para atenuar as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia. Dentro dessa perspectiva, o profissional não deve impor formas de cuidado; precisa sim trabalhar em parceria com a família, compartilhar saberes e utilizar sua habilidade de comunicação terapêutica(4). Acredita-se que quando a família recebe informações, orientações e participa ativamente do projeto terapêutico, ela exercerá o papel de agente co-terapêutico contribuindo para melhorar a sua qualidade de vida e do seu familiar portador de transtorno mental. Assim, contribuirá para a diminuição do estigma da doença, exclusão e segregação(5). É preciso estar atento à realidade em que a família está inserida e perceber sua fragilidade e estresse, por meio de uma atitude profissional que não comprometa o cuidado oferecido. Por isso, pensar e cuidar da família no paradigma da desinstitucionalização carece levar em consideração o meio em que ela vive, seu conhecimento, cultura, crenças, valores, condições socioeconômicas bem como a rede social da qual dispõe. Somente após considerar todos esses aspectos será possível planejar um cuidado digno e justo, que compartilhe benefícios e satisfaça as necessidades, refletindo na qualidade de vida da família(4). CONCLUSÃO: Percebe-se que à família vivencia grandes dificuldades de adaptação para acolher seu membro com transtornos mentais, necessitando de orientações para reconhecer suas possibilidades e habilidades para conviver e cuidar deste. No âmbito da rede primária de assistência à saúde, faz-se necessário que os profissionais se aproximem desta família, tenham ações voltadas à promoção da saúde mental, à colaboração ao doente e sua família no enfrentamento da doença mental, prevenção de agravos decorrentes da não adesão ao tratamento e superação do estigma no qual são submetidos. A proposta de desinstitucionalização do PTM imputou em grandes transformações no ambiente familiar e nos serviços de saúde. Estudos nesse sentido auxiliam no conhecimento de como este processo acontece na prática das famílias e dos profissionais de saúde, sendo uma importante estratégia para planejar adequadamente o cuidado às famílias, segundo suas necessidades. Assim, espera-se que os profissionais de enfermagem atentem para estas modificações e para as necessidades de cuidado das famílias e PTM, buscando desenvolver suas ações de modo que estas sejam atendidas.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental. Atenção Primária à Saúde. Família. REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Relatório final da oficina de trabalho para discussão sobre o Plano Nacional de Inclusão das Ações de Saúde Mental na Atenção Básica. Brasília: Secretariade Políticas de Saúde, 2001. 18p. Disponível em: <http://www.saudemental.med.br/PSF.htm>. Acesso em: 14 jan. 2010.

2. Souza AJF, Matias GN, Gomes KFA, Parente ACM. A saúde mental no Programa de Saúde da Família. Rev. Bras. Enferm. 2007; 60(4):391-95.

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esquizoanalítico. Psicol. Estud. 2006; 11(2):305-314.

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A DOENÇA DE ALZHEIMER E SUAS IMPLICAÇÕES NO COTIDIANO FAMILIAR

Caroline Robete Kavano1 Adriano Brischiliari2 Marcelle Paiano3 Maria Angélica Pagliarini Waidman4 Maria das Neves Decesaro5 INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas houve um aumento da expectativa de vida da população mundial, elevando-se também a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, principalmente entre os idosos. Elas são uma das principais causas de incapacidade e dependência destes(1), onde destacasse a Doença de Alzheimer. A Doença de Alzheimer (DA) é identificada como uma síndrome de etiologia desconhecida, com alteração nos aspectos neuropatológicos e neuroquímicos, caracterizada por diversos déficits cognitivos, compreendendo principalmente o comprometimento da memória, abstração do raciocínio e do senso crítico, com mudanças radicais no comportamento(2). Assim, por ter caráter irreversível e ser caracterizada como crônico-degenerativa, o doente necessita de alguém que cuide do seu bem estar, seja ele físico, psíquico ou espiritual, sendo este denominado de cuidador. O cuidado prestado visa atingir não só as necessidades humanas básicas, bem como sua segurança e bem-estar nos aspectos físicos e emocionais. Por se tratar de um cuidado contínuo, as famílias preferem que este seja efetuado por um membro da própria família. Os motivos podem ser culturais, sociais, religiosos, morais, por retribuição, ou apenas por se sentirem responsáveis pelo doente. Ser cuidador, não apenas em um evento transitório, exige responsabilidade devido às mudanças radicais que ocorrem em conseqüência da doença(3). O responsável pelo cuidado da pessoa com Alzheimer deve estar consciente de que ocorrerão mudanças significativas na rotina diária por conta da própria patologia e que podem resultar em conflitos familiares. Os problemas ocorrem geralmente pela responsabilidade de efetuar um cuidado integral, e/ou pelo fato de que o doente passa a fazer parte de um núcleo que não estava acostumado com a dependência necessitada por ele. Contudo, este estresse gerado causa mais danos ao próprio cuidador, que se sente desestimulado por conta das adversidades, da sobrecarga, ocasionando problemas físicos, psicológicos e emocionais. Portanto é de extrema importância estar atento para um atendimento mais humanizado, visando não

1 Acadêmica do 3° ano de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Bolsista do PET-Saúde / Saúde Mental – Crack, Álcool e outras Drogas. Email: carolkavano@hotmail.com

2 Enfermeiro. Mestre em Enfermagem. Professor Assistente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Membro do GEPAESMF. UEM – Maringá. E-mail:

adriano.enfermeiro@hotmail.com

3 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pelo PSE / UEM. Membro do GEPAESMF. Maringá. E-mail: marcellepaiano@hotmail.com

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existe contradição, podendo a doença ser fator de aproximação ou distanciamento entre seus membros. A doença é fator de aproximação quando estas já desenvolvem e mantém aspectos de equilíbrio nas relações, prezam pela afetividade e respeito, mesmo com a doença em estágios avançados. Contudo, observa-se que alguns membros afastaram-se por temerem a responsabilidade de cuidar do enfermo, geralmente ocasionada pelo desconhecimento da doença, do tratamento e da sua evolução. Percebe-se que as relações conturbadas vão além da doença; há o preconceito a respeito da DA e o medo velado por trás destas atitudes. Observa-se que as famílias que relataram distanciamento já não eram unidas antes da doença, revelando desinteresse na rotina familiar por parte de membros que não sentem-se responsáveis pelo doente e pelo grupo como um todo, gerando sobrecarga ao cuidador. Outro fato a ser considerado é o receio que eles têm de perder a liberdade e a privacidade pela necessidade de cuidado constantemente ao doente, causando estresse, além do cansaço. Entretanto, há pontos positivos que mostram a família como importante. Estes, mesmo com receio, buscam compreender a doença e enfrentar as adversidades que ela traz. A análise dos relatos nos remete para a necessidade de atentar aos cuidadores e familiares para eles não sofrerem com patologias desenvolvidas pela sobrecarga, ou por distúrbios psicológicos desenvolvidos pelas mudanças ocorridas na família. Devido a estes aspectos é necessário que se tenham grupos de apoio ao familiar do doente de Alzheimer, e de elaboração de programas e políticas públicas que atendam a esta população que, pelo maior envelhecimento da população, só tende a crescer. CONCLUSÃO: Conflitos familiares sempre ocorrem, e a doença de Alzheimer, por ter caráter irreversível, interfere na rotina e o cotidiano de vida do doente e seus cuidadores, principalmente pela necessidade de cuidado frequente com o parente doente. Constatou-se que nos aspectos positivos da convivência com o DA há o fortalecimento dos laços familiares e aproximação de membros antes distantes. Ressalta-se a necessidade de desenvolvimento de programas e políticas públicas que atendam a população de forma mais humanizada e integral, visando não apenas o doente ou o cuidador, mas a família como um núcleo que necessita de ajuda para manter o equilíbrio físico, emocional, social e espiritual, vislumbrando caminhos que propiciem uma vida mais digna e tranquila, mesmo com suas adversidades.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Doença de Alzheimer. Família. REFERÊNCIAS

1. Pinto MF, Barbosa DA, Ferreti CEL, Souza LF, Fram DS. Qualidade de vida e sobrecarga de cuidadores de idosos com doença de Alzheimer. Acta Paul. Enferm. 2009; 22(5) 652-7.

2. Organização Mundial da Saúde. Trad. Dorgival Caetano. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

3. Inouye K, Pedrazzani ES, Pavarini SCI, Toyoda CY. Percepção de qualidade de vida do idoso com demência e seu cuidadorfamiliar: avaliação e correlação. Rev. latino-am. enfermagem. [Internet]. 2009; 17(2). Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v17n2/pt_08.pdf>. Acesso em: 30. jun. 2011.

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A EQUIPE DE SAÚDE E FAMÍLIA: O PROCESSO DE CUIDADO DA CRIANÇA GRAVE NA UTI*

Laura Cristina da Silva Lisboa de Souza1 Fábila Fernanda dos Passos da Rosa2 Ana Izabel Jatobá de Souza3 Rosane Gonçalves Nitschke4 Deonízio Gercy Bento5 INTRODUÇÃO: Este estudo é parte de um Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, em Florianópolis/SC. Retrata a dificuldade de trabalhar a temática da morte junto às famílias e aos profissionais de uma UTI pediátrica. Sabe-se que abordar a morte da criança e o processo de comunicação entre as famílias e os profissionais exige conhecimento, habilidade e preparo técnico-científico. O processo de vivência da perda refere-se às concepções que os familiares têm do mundo, pois a perda pode pôr em causa, inicialmente, várias crenças e desafiar valores fundamentais na busca da compreensão da morte de um filho. Percebe-se a carência e a necessidade das famílias de serem amparadas e informadas constantemente pela equipe de saúde durante a vivência da hospitalização de seu filho em uma UTI se o processo de morte e morrer se anuncia. As famílias desejam saber a realidade do estado de saúde e doença de seus filhos, de modo, inclusive, mesmo que na esfera do imaginal, conceber a possibilidade de confrontar-se com a morte de seu filho. Certamente que o sentir é mais intenso do que quando expresso em palavras, uma vez que palavras nem sempre conseguem englobar as experiências vividas no decorrer deste processo. Todas as experiências da vida, a morte impõe os desafios adaptativos mais dolorosos para a família como sistema e para cada um de seus membros individualmente, com ressonâncias em todos os seus outros relacionamentos(1). Um dos OBJETIVOS deste estudo foi compreender como se dá o relacionamento entre a equipe de saúde e as famílias de crianças graves hospitalizadas em uma UTI pediátrica. Surgiu da vivência em uma Unidade e Terapia Intensiva Pediátrica, cujas dimensões de cuidado perpassam por desafios como o destacado nesta pesquisa: a morte da criança. Esta modalidade de pesquisa norteou a

* Este estudo é parte de uma pesquisa realizada para a finalização do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.

1Enfermeira. Doutora em Filosofia, Saúde e Sociedade. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina; Membro dos grupos de pesquisa NUPEQUIS-SC/PEN/UFSC, GAPEFAM/LEIFAMS. E-mail: lislaura@terra.com.br

2Enfermeira, Especialista em Terapia Intensiva pela UNISUL, Professora Substituta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina; Membro dos grupos de pesquisa NUPEQUIS-SC/PEN/UFSC. E-mail: fabilapassos@yahoo.com.br

3Enfermeira. Doutora em Filosofia, Saúde e Sociedade. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina; Coordenadora do GAPEFAM/LEIFAMS e Membro do GEPESCA. E-mail:

aijsenf@gmail.com

4Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina; Líder do NUPEQUIS-SC/PEN/UFSC; Coordenadora do Projeto Ninho; Membro do GAPEFAM/LEIFAMS. E-mail: nitschke@mbox1.ufsc.br

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não saber(4). Durante o processo de observação dos profissionais durante a comunicação da morte da criança para as famílias pôde-se verificar que no momento do óbito, quando o profissional médico, comunicava aos outros membros da equipe, aquela vida não havia conseguido resistir, era nítido o olhar de impotência e tristeza dos membros da equipe. Nesta hora surgia a indignação, principalmente quando era uma morte súbita, inesperada. Como avisar a família, o que falar a eles? Houve momentos em que o próprio médico e enfermeiro não aceitavam a morte. Pôde-se constatar que em todos os casos o primeiro passo transformado em rotina da equipe, era comunicar através de um telefonema para que os familiares, mais especificamente os pais, comparecem na unidade para conversar. Nesta hora, onde palavras não cabem, os familiares se perdiam em suas lágrimas e sofrimento. Alguns membros da equipe não suportavam essa passagem que infelizmente é muito comum na referida UTI pediátrica e preferiam se ausentar. Já outros membros participavam à sua medida, relatavam que quando se envolviam demais não conseguiam trabalhar posteriormente. O momento em que a família se aproximava da criança, na maioria das vezes já sem os equipamentos pertinentes ao cuidado intensivo era marcado por choro, tristeza, culpa e sentimento de perda , quando a mãe pega no colo o seu filho sem vida e indaga ao seu Deus por que ele permitiu isso e pergunta para o membro da equipe se realmente foi feito tudo o podia ser feito pela criança, como resposta, muitas vezes, tinha-se o silêncio, apenas um passar de mãos sobre os ombros. CONCLUSÕES: foi possível concluir que neste momento tão delicado vivenciado pela família, é a equipe de saúde que se torna a sua referência, e isso deve ser considerado um privilégio para os envolvidos. Imaginar que a família deposita todas as suas esperanças, expectativas, tudo o que ela acredita naquelas pessoas que disseram a ela na porta da UTI “agora nós vamos cuidar do seu filho”, é nessa verdade que ela vai se agarrar, e mais do que nunca, nós profissionais da saúde, temos que tomar consciência que não é somente, cuidar da criança, a família, ela faz parte do cuidado tanto quanto seu filho. E tendo ciência disso, durante esta experiência, encontra-se uma equipe de saúde perdida, sem auxílio e desacreditada no cuidado humanizado, necessitando primeiro ser cuidada para depois poder cuidar e estabelecer uma comunicação interativa e humana. A família não pode ser vista como algo que atrapalha o cotidiano da UTI, mas como uma unidade de cuidado que contribui para a melhora da criança. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para despertar o desejo de modificar a percepção da equipe; que os seus medos de encarar a morte possam ser repensados e, que em pouco tempo, as famílias poderão se beneficiar das mudanças da equipe de saúde na interação e na comunicação da morte de seu filho e possa sentir-se acolhida, compreendida e cuidada de modo humanizado. Que a equipe de saúde, possa pensar que existe alguém que precisa de apoio, e que só ela pode oferecer, mesmo que cansados, acreditando que sua missão não é só cuidar, mas sim se entregar com verdade acreditando que são capazes de estar com inteiramente, e no final do dia, quando forem para seus lares, ter a sensação do dever cumprido sobre o olhar humanístico.

PALAVRAS CHAVES: Equipe de Saúde. Família. Cuidado. REFERÊNCIAS:

1. Walsh F, McGoldrick Monica. Morte na Família: Sobrevivendo às Perdas. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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3. Waldow VR, Borges RF. O processo de cuidar sob a perspectiva da vulnerabilidade. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2008; 15(2):765-71.

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A EXPERIÊNCIA DA FAMÍLIA RURAL FRENTE AO CÂNCER*

Nara Marilene Oliveira Girardon-Perlini1 Margareth Ângelo2 INTRODUÇÃO: A família é o espaço considerado indispensável para a sobrevivência, desenvolvimento e proteção de seus membros. Como objeto de intervenção na área da saúde, representa uma possibilidade concreta e importante; porém precisa de aportes que fundamentem e guiem a ação dos profissionais. Nesse sentido, para intervir com famílias é necessário conhecer os padrões interacionais sistêmicos desenvolvidos diante de eventos considerado problema. Conhecer esses padrões permite acessar o funcionamento familiar e compreender sua dinâmica, uma vez que estes correspondem ao modo comportamental com que o grupo familiar responde, no decorrer do tempo, aos eventos do cotidiano(1). O adoecimento de um integrante de uma família por câncer representa uma situação de desestabilização em que a família necessitará reorganizar seu modo de funcionamento para atender as novas demandas que surgem. Estas ações estão relacionadas ao significado atribuído pela família à experiência Neste contexto, cabe considerar que os significados relacionados ao câncer têm sua origem, dentre outros aspectos, na construção histórico-social dos significados da doença. Ao longo dos séculos, o câncer tem sido associado à dor, à morte, à culpa, ao medo e, sobretudo, à estigmatização social. Além disso, a alta incidência, as repercussões psicossociais e as incertezas quanto à etiologia e ao tratamento revestem o câncer de valor simbólico, situando-o, como “uma doença metáfora”, uma vez que a ela “são projetados os maiores medos e, também, os maiores males”(2). O medo está intimamente relacionado com o fato de o câncer ser uma doença que representa um contexto simbólico de ameaça à vida e que explicita o paradoxo da existência humana: vida e morte. No entanto, saber que medos existem, não é suficiente. É preciso conhecê-los. Conhecer os medos e a natureza dos medos vividos por pessoas doentes e famílias contribui como um propósito teórico geral para o entendimento do processo de enfrentamento e adaptação ao contexto da doença(3), para interagir com as famílias, identificando e fortalecendo estratégias para lidar com os medos e, também, propor intervenções de apoio nesse sentido. O presente estudo teve como OBJETIVOS: compreender os medos do câncer presentes na experiência de famílias rurais; compreender os significados atribuídos pelas famílias rurais aos medos do câncer; compreender como os significados influenciam na dinâmica familiar e elaborar um modelo teórico representativo da dinâmica familiar diante dos medos do câncer. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo orientado pelo Interacionismo Simbólico, como referencial teórico e a Teoria Fundamentada nos Dados, como referencial metodológico. Este é um estudo qualitativo para o qual elegemos o Interacionismo Simbólico como referencial teórico. O Interacionismo

* Trabalho oriundo de Tese de Doutorado.

1 Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS). Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP/SP). Membro do Grupo de Estudos em Enfermagem e Família – GEEnf/EEUSP nara.girardon@gmail.com

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CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A elaboração deste trabalho contribui para ampliar os conhecimentos existentes na área da enfermagem da família não só por explicar o funcionamento da família rural diante do adoecimento de um de seus integrantes por câncer, mas, também por articular elementos simbólicos trabalhados em outras áreas do conhecimento agregando-os à área da saúde. PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem da Família. Relações Familiares. Câncer.

REFERÊNCIAS

1. Breunlin DC, Schwartz RC, Kune-Karrer BM. Padrões de interação: metaconceitos das seqüências. In:Metaconceitos: transcendendo os modelos de terapia familiar. Trad. Magda França Lopes. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000. p.23-39.

2. Tavares JSC, Trad LAB. Metáforas e significados do câncer de mama na perspectiva de cinco famílias afetadas. Cad Saúde Pública. 2005; 21(2):426-35.

3.Vickberg SMJ. Fears about breast cancer recurrence: interviews with a diverse sample. Cancer Practice. 2001;9(5): 237-43.

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A EXPERIÊNCIA DE DEPRESSÃO PÓS-PARTO DE MULHERES EM RELATOS POSTADOS EM WEB BLOGS NACIONAIS*

Jenifer dos Santos Palmeira1 Keila de Oliveira Lisboa Sanchez2 Margareth Angelo3 Maria Aparecida Rodrigues da Silva Barbosa4 INTRODUÇÃO: A ciência psicológica mostrou que certos tipos de doenças como a depressão pode ocorrer em conseqüência da incapacidade de fazer face adaptativamente a uma ocorrência vital estressante(1). Dentre essas ocorrências, está o nascimento de um filho, que pode ser vivido pela mulher de maneira equilibrada ou não. Na perspectiva interacionista de família, toda e qualquer vivência interfere e altera o funcionamento da mesma, que busca sempre uma forma de reestruturação e rearranjo para continuar visando seus ideais. A família possui capacidade de adaptabilidade para manter e perpetuar o seu contínuo movimento de almejar o bem viver(2). Isso pode incluir a busca por informações sobre o processo saúde-doença em vários espaços disponíveis, dentre eles a internet. As mulheres com depressão pós-parto, por sua vez, devido à própria característica da doença, podem apresentar insuficiente percepção de si mesmas, das situações e fatos do seu entorno, além de sentirem-se inadequadas ao experimentarem sentimentos estranhos ao seu imaginário de maternidade. Assim, muitas por medo de serem incompreendidas, podem silenciar tais sentimentos e outras podem expressá-los anonimamente no espaço virtual. A internet pode se configurar como um espaço de aproximação e trocas entre mulheres e famílias que estejam experimentando a doença. Diante destas considerações emergiram as perguntas que nortearam o estudo: Com o que se depara a mulher e a família que buscam informações sobre a depressão pós-parto na internet? Que experiências são postadas nos web blogs pela mulher e sua família a respeito do processo de depressão pós–parto materna que vivenciaram? OBJETIVO: Identificar os temas presentes nas narrativas das mulheres e/ou famílias a respeito da depressão pós-parto materna, postadas em Web blogs. METODOLOGIA: Estudo exploratório que teve como fonte de dados a internet. A busca foi realizada pelo método

*Estudo integrante do projeto maior intitulado: A depressão pós-parto materna na mídia eletrônica brasileira – aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EEUSP, Processo no. 1038/2011/CEP-EEUSP 1 Enfermeira da Estratégia PSF de Jambeiro-SP, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da EEUSP, Membro do Grupo de Estudos em Enfermagem e Família da EEUSP. Endereço eletrônico: jenifersantos@usp.br.

2 Enfermeira, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos, Membro do Grupo de Estudos em Enfermagem e Família da EEUSP. Endereço eletrônico: keilalsanchez@yahoo.com.br

3 Professora Titular do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Coordenadora do Grupo de Estudos em Enfermagem e Família. Endereço Eletrônico: angelm@usp.br

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maior dos sintomas da doença e a percepção de que sozinhas não dariam conta da situação, passavam a procurar ajuda especializada por conta própria ou através de familiares e amigos. Quase a totalidade das mulheres relata que teve de ser medicada em relação ao transtorno, mas que esse fato não foi aceito sem conflitos, principalmente pelo receio de que a medicação utilizada pudesse afetar a amamentação. Após algum tempo de tratamento medicamentoso, algumas dizem que se sentiram renascer, mas que esse processo de renascimento veio acompanhado de momentos de retrocessos, o que lhes provocava medos intensos mediante a possibilidade de retornar ao estado em que se encontravam anteriormente. Algumas percebem que a depressão pós-parto interferiu e machucou a todos de sua família, mas que o filho foi o mais afetado. Elas acreditam que escrever sobre suas experiências pode ser doloroso, triste, solitário e estressante, porém, a idéia que elas têm é que seus relatos possam ser úteis a outras mulheres que estejam passando pela experiência de depressão pós-parto. CONCLUSÃO: A Depressão pós-parto impõe uma série de desafios para a mulher e sua família, assim como capacidades para o seu enfrentamento. A internet pode se configurar como um espaço de procura para esclarecimentos e de certa maneira de alívio dos sofrimentos provocados pela doença, que em geral é vivida de modo solitário pela mulher. Entretanto, percebemos que em grande parte dos blogs, essa troca não foi efetivada, ou seja, além de não ter havido discussões entre os participantes, os moderadores dos blogs não teceram comentários a respeito dos relatos depositados. A abordagem à família quase não esteve presente nos textos postados, bem como a quase inexistência de relatos de familiares. A abordagem à família é algo que necessita ser incorporado aos conteúdos quando se pensa na experiência da depressão como um aspecto da vida familiar; isso pode ser um elemento potencializador do envolvimento da família no enfrentamento da experiência da depressão pós-parto, uma vez que é na família que o cuidado à mulher se dará. O enfermeiro precisa se sentir desafiado a utilizar os recursos da internet para criar espaços relacionais virtuais seguros e que permitam o compartilhamento de experiências entre os usuários, e desta forma apoiar a mulher e sua família no enfrentamento dos desafios que a depressão pós-parto impõe às suas vidas. Porém, tendo em vista a gravidade da doença e conseqüentemente os perigos que correm a mulher com depressão pós-parto, a enfermeira que se propõe a abordar essas situações específicas deve se instrumentalizar através de leituras atuais sobre o tema e se manter presente nos espaços criados para a discussão, além de ter formas alternativas seguras e rápidas para intervenção e apoio.

PALAVRAS-CHAVE: Depressão. Pós-Parto. Internet. REFERÊNCIAS

1. Organização Mundial de Saúde. Relatório sobre a saúde no mundo 2001: saúde mental: nova concepção, nova esperança: Geneva (CH): MS; 2001.

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A EXPERIÊNCIA DO FAMILIAR CUIDADOR DE PACIENTE INTERNADO POR CÂNCER

Bruna Vanessa Costa da Rosa1 Nara Marilene Oliveira Girardon-Perlini2 Fabiane Weber Schenkel3 INTRODUÇÃO: O câncer é uma doença crônico-degenerativa presente nos diferentes espaços de atuação dos profissionais de saúde. Importante causa de morbidade e mortalidade no Brasil, desde 2003, as neoplasias malignas constituem-se na segunda causa de morte na população, representando quase 17% dos óbitos de causa conhecida, notificados em 2007 no Sistema de Informações sobre Mortalidade(1). A partir do diagnóstico da doença inicia-se o processo terapêutico que é, muitas vezes, prolongado e de resultado incerto, podendo resultar em períodos de internação hospitalar frequentes. Neste contexto de hospitalização evidencia-se a presença da família que acompanha e, muitas vezes, responsabiliza-se pelo cuidado constante ao familiar doente. Ter um familiar doente por câncer hospitalizado é um evento desgastante para a família dada as circunstâncias em que ocorre a internação, a mudança de rotina e as perturbações impostas à vida familiar. A presença de um membro da família durante a hospitalização, quando desejada pelo paciente, pode colaborar para melhorar o estado de saúde, proporcionar segurança e contribuir para qualificar a assistência prestada. Para o familiar cuidador, dependendo do contexto vivido, esta pode vir a se constituir numa experiência de sofrimento e fragilidade(2). É importante destacar que durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem tem um papel significativo, tanto para o paciente quanto para a família, pois são esses profissionais que estarão continuamente próximos dos mesmos. Por isso prestar suporte, saber ouvir, esclarecer dúvidas e mostrar-se receptivo será indispensável para amenizar o sofrimento causado por esta doença. OBJETIVO: conhecer a experiência do familiar cuidador de paciente internado por câncer. METODOLOGIA: Estudo descritivo, de natureza qualitativa, desenvolvido com seis familiares cuidadores de paciente internado por câncer em um hospital geral. Os critérios para inclusão no estudo foram: maior de 18 anos, cuidar de um familiar internado por câncer, ter conhecimento do diagnóstico e aceitar participar da pesquisa. A coleta das informações foi realizada através de entrevista aberta, gravada e, posteriormente transcrita. A entrevista teve a seguinte questão norteadora: “Como é para você acompanhar (nome do paciente) durante a internação hospitalar?”. Os dados foram submetidos a análise temática(3). O protocolo da pesquisa foi avaliado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), tendo sido aprovado, conforme Parecer Consubstanciado nº. 117/2006. RESULTADOS: Da análise das informações obtidas, emergiu, por convergência de ideias, quatro categorias. Arranjos intrafamiliares para acompanhar o familiar doente durante a internação se refere ao modo como a família se organiza para poder

1 Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/RS. Bolsista Iniciação Científica FIPE/UFSM. bruninha_vcr@hotmail.com.

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estratégias de cuidado que ampliem o foco da assistência, incluindo a família como objeto de cuidado. Pensar a prática na perspectiva da humanização do cuidado em oncologia pressupõe, na busca pelo respeito à dignidade humana, considerar efetivamente a família como uma unidade de cuidados, fazendo-a visível nas ações dos profissionais e criando espaço para sua inclusão nos serviços e contextos de saúde e doença. CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Para a enfermagem, compreender a experiência da família frente à internação do familiar por câncer e que cada uma tem sua maneira peculiar de vivenciá-la, torna possível proporcionar cuidado e assistência humanizada e de qualidade, tendo em vista suas singularidades. Reconhecer a família como parte essencial no cuidado e envolvê-la em suas ações possibilita conforto, reabilitação, tranquilidade e segurança ao paciente e a própria família frente ao processo de adoecimento.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidadores. Câncer. Enfermagem da Família. REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativas 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: 2009. Disponível em: <http://www.inca.gov.br.>

2. Perlini NMOG, Faro ACM. Cuidar de pessoa incapacitada por acidente vascular cerebral no domicílio: o fazer do cuidador familiar. Rev Esc Enferm USP, 2005; 39(2): 154-63.

3. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 10ª ed.São Paulo: Hucitec: 2007.

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A FAMÍLIA COMO APOIADORA DO INDIVÍDUO NO PROCESSO DE (CON)VIVER ESTOMIZADO

Bruna Sodré Simon1 Maria Denise Schimith2 Raquel Pötter Garcia3 Maria de Lourdes Denardin Budó4 Lucilene Gama Paes5 Celso Leonel Silveira6 INTRODUÇÃO: Vários motivos podem ocasionar a necessidade da confecção de uma estomia, dentre as principais causas se destacam as neoplasias, os traumatismos, e as doenças inflamatórias e as congênitas(1). Essa confecção proporciona várias mudanças no modo de viver do indivíduo submetido a esse procedimento. Nesta perspectiva, a assistência as pessoas que convivem com estomias precisa estar direcionada ao levantamento das necessidades e singularidades de cada sujeito, a fim de realizar uma consignação de ajuda profissional que seja satisfatória e apropriada para promover a reabilitação, melhorar a qualidade de vida, e buscar o autocuidado ou o cuidado compartilhado em que tanto o indivíduo com estomia e sua família sejam sujeitos ativos e co-participes na tomada de decisões(2). Apesar das pessoas estomizadas possuírem características comuns, apresentam necessidades e reações diversificadas frente a essa nova etapa da vida, o que altera o cotidiano de vida não somente dele, mas também de seus familiares e outras pessoas de seu convívio social. No entanto, mesmo a família sendo afetada pelas modificações do estoma, ela oferta apoio ao estomizado, no intuito de enfrentar essas alterações, atuando como coadjuvante na reabilitação e adaptação para as transformações que a estomia proporciona(3). Assim, se faz necessário destacar a família frente o processo de adoecimento da pessoa com estomia, uma vez que essa pode atuar na formulação das práticas dos profissionais e na adaptação do (con)viver estomizada. OBJETIVO: Esse trabalho tem por objetivo relatar a importância da família frente o apoio prestado ao sujeito no processo de viver/ser estomizado. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência desenvolvido a partir das vivências dos Estágios Supervisionado I e II realizados durante o sétimo e oitavo semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Serviço de Assistência à Pessoa Estomizada

1Acadêmica do 8º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Bolsista do Fundo de Incentivo a Pesquisa (FIPE)/UFSM 2011. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem (UFSM). E-mail: bru.simon@hotmail.com

2Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem (PPGEnf)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutoranda em Enfermagem pelo Doutorado Interinstitucional (DINTER/UNIFESP/EEAA/UFSM). Professora assistente do Departamento de Enfermagem da UFSM. E-mail: ma.denise@yahoo.com.br

3Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo PPGEnf/UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem (UFSM). E-mail: raquelpotter_@hotmail.com

4Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associada do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UFSM. Membro de Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem (UFSM). E-mail: lourdesdenardin@gmail.com

5Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Cruz Alta – RS. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: lucilenepaes@yahoo.com.br

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Cabe ressaltar que os profissionais de saúde, em especial os da enfermagem, devem perceber quão necessária e ativa é a participação da família no cuidado ao indivíduo com estomia, identificando as particularidades de cada família, e desenvolvendo estratégias que promovam o cuidado e atenção para todo núcleo familiar. Com isso, torna-se possível proporcionar um cuidado de melhor qualidade e que esteja de acordo com o contexto e necessidades de cada pessoa com estomia e sua família. PALAVRAS-CHAVE: Família. Estomia. Cuidados de Enfermagem.

REFERÊNCIAS

1- Gemelli LMG, Zago MMF. A interpretação do cuidado com o ostomizado na visão do enfermeiro: um estudo de caso. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2002; 10(1): 34-40.

2- Santos VLCG. Fundamentação teórico-metodológica da assistência aos ostomizados na área da saúde do adulto. Revista Escola de Enfermagem USP. 2000; 34(1): 59-63.

3- Brum CN, Sodré BS, Prevedello PV, Quinhones SWM. O processo de viver dos pacientes adultos com ostomias permanentes: uma revisão de literatura. R. Pesq.: Cuid. Fundam. [Online] 2010; 2(4):1253-1263.

4- Ricci NA, Kubota MT, Cordeiro RC. Concordância de observações sobre a capacidade funcional de idosos em assistência domiciliar. Rev. Saude Publica. 2005; 39(4): 655-662.

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A FAMÍLIA COMO FOCO DE ESFORÇOS EUGENISTAS EM DOIS PERIÓDICOS DA ÁREA DE ENFERMAGEM

Bruna Flávia Serafim Couto1 Camila Carla de Paula Leite2 Lilian Denise Mai3 Valéria dos Santos Correa Campos4 INTRODUÇÃO: A produção teórica da enfermagem brasileira, desde a institucionalização oficial desta em 1923, e representada pela Revista Brasileira de Enfermagem (Reben), tem apontado para a aproximação da categoria profissional à prática ou defesa da eugenia, de forma explícita ou implícita(1). A enfermagem brasileira converge com as nuances do movimento eugenista no Brasil, com a defesa da prática da eugenia no período de 1920 a 1940, e a crítica social a essa prática nas décadas de 1950 e 1960. A partir das décadas de 80 e 90, verificam-se lacunas teóricas sobre o desenvolvimento da ciência genética, das biotecnologias e de questões eugenistas nesta produção teórica. Porém, a não referência nominal à eugenia associada a esses avanços na Reben é significativa e merece a atenção dos profissionais de enfermagem, uma vez que a idéia de preocupação com a saúde e constituição das futuras gerações mantém-se inserida dentro de uma produção teórica contínua ao longo de todo o período estudado, inclusive na última década. Pode-se indagar sobre quais conceitos a enfermagem tem fundamentado a sua prática assistencial e em que sentido essa prática tem sido efetivada no que tange à eugenia? Ou, ainda, questões pouco pontuadas na revista são os avanços biotecnológicos no campo da genética, os quais têm gerado questionamentos importantes a conceitos até então tidos como verdadeiros, como a idéia de que os genes são fatores de risco não modificáveis para determinadas doenças, o que passa a ser duvidoso frente às técnicas de manipulação genética e terapia gênica. Outro ponto polêmico que ressurge é o debate em torno da transmissão hereditária de características adquiridas, colocando novamente em discussão a veracidade de teses genéticas mendelianas ou lamarckianas, debate sequer sinalizado pela Reben. As categorias empíricas construídas no estudo citado convergem com muitos conceitos eugênicos, como a idealização de referênciaspadrão de homem, nação, família e mulher/mãe, ações e práticas no campo reprodutivo estimuladas pelos eugenistas e os conhecimentos científicos que baseiam essas práticas, com destaque às lacunas nominadas acima. Um limite, porém, daquele estudo foi a análise restrita a um único periódico, mesmo que um periódico importante da enfermagem nacional que, em sua abrangência, permitiu acompanhar 70 anos de história. Uma hipótese levantada é de que a temática da eugenia e os avanços mais recentes, especialmente a partir da década de 80, estejam sendo discutidos em outros periódicos da área. Por esse motivo, foi proposto um projeto de iniciação cientifica com o intuito de aplicar metodologia semelhante à aplicada na Reben, porém, tendo como fonte primária a Revista Latino-Americana de Enfermagem. A referida revista é um órgão de publicação da enfermagem brasileira reconhecido nacional e internacionalmente, de circulação nos países da América Latina e Caribe e divulgado para assinantes dos Estados Unidos,

1Graduada em Enfermagem, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá-PR Brasil. Email: bf_couto@ig.com.br

2 Graduada em Enfermagem, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Email: milaleite12@hotmail.com

3 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá-PR Brasil. Email: ldmai@uem.br

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CONCLUSÃO: A caracterização e a análise parcial dos artigos foram de encontro com os dados encontrados pela pesquisa realizada com a Reben, na qual, verificouse que a enfermagem brasileira tem investido na produção do conhecimento cientifico e que a profissão está ligada com a temática eugênica. Com a leitura dos 61 artigos encontrados no período de 1993 e 2004 na Revista Latino Americana de Enfermagem podemos concluir que a enfermagem vem pautando-se nos conhecimentos científicos já construídos os quais vêm sendo gradativamente superados, e, num conceito de eugenia voltado ao controle reprodutivo, e não tem sinalizado para as mudanças do conceito de eugenia e suas novas formas de intervenção ligadas às biotecnologias. Porém, a família é apontada como o espaço privilegiado para a concretização do ‘homem eugênico’, capaz de alcançar o seu pleno desenvolvimento físico e mental, geneticamente herdado, família essa que é alvo constante da atenção dos profissionais de enfermagem. Cabe aos próprios profissionais da área ter clareza quanto aos referenciais teóricos adotados em suas práticas assistenciais e de formação, retratadas em sua produção teórica e, portanto, passíveis de análise. Os referenciais eugenistas não estão ausentes ao longo da história dessa categoria profissional.

PALAVRAS CHAVES: Família. Eugenia. Enfermagem. REFERÊNCIAS

1. Mai LD. Análise da produção do conhecimento em Eugenia na Revista Brasileira de Enfermagem – REBEn, 1932 a 2002. 2004. 194f. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2004.

2. Silva ALA, Guilherme M, Rocha SSL, Silva MJP. Comunicação e enfermagem em saúde mental: reflexões teóricas. Rev Lat Amer-enf 8(5): 65-70, 2000.

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A FAMÍLIA DA CRIANÇA COM CÂNCER: PERCEPÇÕES DE

PROFISSIONAIS QUE ATUAM EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA*

Renata Pires Teixeira1 Wilzianne Silva Ramalho2 Isabela Cristine Ferreira Fernandes3

Ana Karina Marques Salge4 Maria Alves Barbosa5 Karina Machado Siqueira6 INTRODUÇÃO: O adoecimento de uma criança, especialmente nas situações de doenças graves como o câncer, pode alterar significativamente a dinâmica familiar e provocar conflitos e outras repercussões negativas entre seus membros. No caso de doenças graves como o câncer, importantes mudanças podem ser observadas na dinâmica familiar. Trata-se de uma doença estigmatizada e, por ser frequentemente vinculada à possibilidade de morte, desperta na família e, em especial nos pais, sentimentos como culpa, incerteza, desesperança, tristeza, impotência e revolta(1,2). Além disso, a criança geralmente enfrenta períodos prolongados e frequentes de hospitalização, podendo gerar interrupções das atividades cotidianas, desvinculação social, desagregações e desgastes entre os membros da família. Em muitos casos, observa-se a marginalização da família no contexto da assistência hospitalar e os profissionais geralmente se deparam com uma situação conflitante, pois, embora reconheçam a necessidade de cuidados à criança e sua família, nem sempre estão instrumentalizados para enfrentar o desafio de uma internação conjunta(3). Diante dessa falta de habilidades, fica prejudicado o desenvolvimento de um plano de cuidados ampliado, que contemple as diferentes necessidades da família da criança que adoece. Além disso, as relações entre o profissional e a família podem permanecer na superficialidade, dificultando o estabelecimento de vínculos e a participação consciente dos familiares nas decisões relativas ao processo de enfrentamento da doença. Tendo em vista toda a subjetividade que envolve o adoecer de uma criança com câncer e as peculiaridades do cuidado a ser direcionado aos seus familiares, questiona-se como os profissionais de enfermagem que atuam em oncologia pediátrica percebem a família no contexto de enfrentamento dessa situação de doença? Apesar de as discussões sobre a necessidade de se adotar uma abordagem centrada na criança e sua família no contexto da enfemagem pediátrica já serem conduzidas há algumas décadas, as percepções dos profissionais sobre a família convergem nesse sentido? Partindo de inquietações provenientes da prática de cuidado a crianças com doenças crônicas e suas famílias

*Pesquisa vinculada ao Grupo de Estudos em Saúde da Mulher, Adolescente e Criança – GESMAC, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás.

1 Enfermeira. Residente em Enfermagem Oncológica da Associação de Combate ao Câncer em Goiás. Email: tatapires86@yahoo.com.br.

2 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Email: wilzianne.enf@gmail.com

3 Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Email: isabela_cristine@hotmail.com

4 Enfermeira. Doutora em Patologia. Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Email: anasalge@gmail.com

5 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Email: maria.malves@gmail.com

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Referências

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