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ALTERAÇÃO NA ROTINA FAMILIAR DO PACIENTE COM HIPERTENSÃO ARTERIAL E/OU DIABETES MELLITUS

Cremilde Aparecida Trindade Radovanovic1 Priscilla da Costa Martins Girotto2 Maria Fernanda Manoel3 Rose Meire Albuquerque Pontes4 Maria Angélica Pagliarini Waidman 5 Sonia Silva Marcon6 INTRODUÇÃO: O Diabetes Mellitus (DM), juntamente com a Hipertensão Arterial (HA) são doenças de alta prevalência, cujos fatores de risco e complicações representam hoje uma das maiores cargas de doenças correlacionadas. Juntas são responsáveis pelas maiores taxas de morbimortalidade(1). Com o crescente aumento de pacientes que apresentam HA e DM, a participação do familiar no tratamento destas doenças crônicas torna-se de fundamental, pois poderá facilitar a adaptação e realização dos cuidados decorrentes destas enfermidades(2). OBJETIVOS: Conhecer as estratégias de cuidado utilizadas pela família após o diagnóstico de HA e/ou DM em um de seus membros e as mudanças ocorridas no âmbito familiar após a participação do paciente em um programa de educação para a saúde. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo com analise qualitativa realizada junto a familiares de indivíduos hipertensos e diabéticos que participam de um programa de educação em saúde em uma instituição privada na cidade de Londrina - Paraná. Os dados foram coletados no período de 14 a 30 de junho de 2010 por meio de instrumento auto aplicável, constituído de 13 questões abertas referentes a caracterização da família e relacionadas às mudanças de comportamento após o inicio da participação no programa de intervenção a saúde. No período da coleta encontravam-se inscritos no programa 1050 indivíduos com HA e/ou DM e 140 estavam participando dos grupos de atividade física. O instrumento foi encaminhado a familiares de todos os participantes dos grupos de atividades físicas que foram orientados quanto ao preenchimento do mesmo e encarregados de convidar seus familiares para participarem do estudo. Os informantes do estudo foram 82 familiares que preencheram e devolveram o instrumento de coleta de dados no prazo solicitado. Para a análise dos dados foi utilizado a análise de conteúdo, segundo o referencial metodológico de Bardin. O desenvolvimento do estudo ocorreu em conformidade com os preceitos éticos e disciplinados pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e o projeto foi aprovado pelo Comitê

1 Enfermeira, Doutoranda em Ciências da Saúde. Docente do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá

(UEM). E-mail:kikanovic2010@hotmail.com

2 Fisioterapeuta, Mestranda em Ciências da Saúde da UEM.e-mail: pricillamartins@hotmail.com

3 Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Enfermagem da UEM. Enfermeira do Centro de Referência no

acompanhamento interdisciplinar ao doente crônico hipertenso e diabético. fer_ma@hotmail.com

4 Médica, Doutora em Gastroenterologia, Docente da Graduação do curso de Medicina da Universidade Estadual de

Londrina. Responsável médica do Centro de Referência no acompanhamento interdisciplinar ao doente crônico hipertenso e diabético.

5 Enfermeira, Doutora em Filosofia da Enfermagem, Docente da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem da UEM.

angelicawaidman@hotmail.com

6Enfermeira, Doutora em Filosofia da Enfermagem, Docente da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem e o do Centro

Permanente de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UEM (Parecer n. 251/2010). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS: Dos 82 familiares de indivíduos com HA e/ou DM em estudo a média de idade foi 53,29 anos, a maioria destes eram do sexo feminino, cônjuge (37) ou filho/filha(36) do familiar participante do grupo, os demais eram irmã/irmão, genro/nora e sobrinhos e neta. Quanto ao tamanho das famílias pode ser considerado pequeno, pois o número de moradores por residência variou de 1 a 7, tendo em média 2,87 indivíduos por domicílio. A codificação e inferência dos dados com base em Bardin emergiram três categorias temáticas: reação e dificuldades enfrentadas pelo familiar após o diagnóstico da doença, estratégias de cuidado e mudanças ocorridas na rotina familiar após a adesão ao grupo. A primeira categoria - reação e dificuldades enfrentadas pelo familiar após o diagnóstico da doença - A maioria dos familiares (65) respondeu que não apresentaram dificuldades frente ao diagnostico da doença, porém a presença de preocupação foi referida por vários destes como sendo uma das principais reações após o diagnóstico da HA ou do DM. A tristeza foi outro sentimento externalizado, principalmente, no momento do diagnostico, pois a partir daquele momento iniciaram uma vida com um excesso de restrições e cuidados. Estratégias de cuidado - As estratégias de cuidado utilizadas pelos familiares estão relacionadas com o controle da doença e têm o intuito de prevenir ou retardar o aparecimento de complicações agudas e crônicas. Outra estratégia de cuidado utilizada para o controle da doença é o incentivo a prática de atividade física. O sedentarismo é uma atitude da modernidade que necessita de um comprometimento para sua superação, pois o mesmo interfere profundamente na qualidade de vida das pessoas e, especificamente, daquelas com HA(3) e DM. A terceira e última categoria encontrada foi a de mudanças ocorridas na rotina familiar após a participação no programa, foram relatadas por 55 familiares que houve alguma forma de mudança na rotina familiar após o inicio da participação do membro doente ao programa de educação em saúde. A partir dos relatos foi observado que a reeducação alimentar foi referida por 16 familiares, seguida por início ou maior adesão à prática de atividade física, com 14 relatos e melhora do convívio familiar (nove relatos). Considerando que as mudanças comportamentais podem representar o abandono de alguns prazeres, é sempre necessário que a educação em saúde se faça de modo a contemplar a individualidade e o contexto social da pessoa(4). Outra alteração referida pelos familiares quanto a mudança na sua rotina foi a melhora do convívio familiar, o que contrapõe os resultados de um estudo sobre qualidade de vida e percepção da doença entre hipertensos, o qual descreve que algumas vezes a pessoa com doença crônica restringe seu espaço a atividades cotidianas, em decorrência da necessidade de mudar o estilo de vida, bem como o hábito alimentar. Essas situações podem implicar, por exemplo, na ausência a reuniões familiares para evitar a ingestão de alimentos inadequados. Assim, a condição crônica de saúde pode levar a diversas perdas nos relacionamentos sociais, nas atividades de lazer e de prazer, conduzindo o paciente ao comprometimento da qualidade de vida(5). Percebemos que após a adesão ao programa de educação em saúde, ocorreram mudanças de hábitos também por parte dos próprios participantes do programa, especialmente no que se refere a reeducação alimentar e na adesão a prática de atividade física. No entanto, a família ainda não percebe a HA e o DM como doenças que precisam de cuidados específicos para que não ocorra um agravamento do quadro. A ausência de mudança na rotina foi identificada nos relatos de 25 familiares. Isto provavelmente se deve a diversos fatores, tais como: participação não efetiva do indivíduo no grupo, em função do horário de funcionamento, o qual é concomitante ao horário de trabalho, ou porque os familiares não consideraram que o DM e a HA constituem doença, como observado nos relatos. Concordamos com a afirmação de que programas

estruturados de educação em saúde levam a melhorias nas condições de saúde destes indivíduos, tanto no que se refere aos fatores de risco como para a adesão ao tratamento instituído. Foi verificado em um estudo de educação para saúde de adultos com HA que houve após as intervenções propostas considerável mudança de comportamento e melhoria da adesão ao tratamento medicamentoso(6). Este fato reafirma os benefícios proporcionados pela educação em saúde como estratégia junto aos pacientes com doenças crônicas. No entanto, mostrou que essas ações não são tão fáceis de serem implementadas, por diversos motivos como o método utilizado e a própria interação com os sujeitos(6).CONCLUSÃO:Observou- se nesta pesquisa que as principais mudanças de comportamento ocorridas no âmbito familiar após a participação do paciente com HA e o DM em um programa de educação para a saúde foram as mudanças de hábitos, principalmente a reeducação alimentar e a adesão a prática de exercícios físicos. Estas alterações também foram consideradas por eles como a tarefa mais difícil de ser realizada, devido às restrições que até o momento não faziam parte do cotidiano, sabe-se que os hábitos arraigados são difíceis de serem modificados.

PALAVRAS -CHAVE: Hipertensão Arterial. Diabetes Mellitus. Educação em Saúde. REFERÊNCIAS

1.Rosa RS, Shmidt MI, Duncan BB, Souza MFM, Lima AK, Moura L. Internações por Diabetes Mellitus como diagnóstico principal na rede pública do Brasil, 199-2001. Rev Bras Epidemiol 2007; 10(4): 465-78.

2.Rossi VEC, Pace AE, Hayashida M. Apoio familiar no cuidado de pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Rev Ciência e práxis. 2009; 2(3): 41-6.

3.Baldissera VDA, Carvalho MDB, Pelloso SM. Adesão ao tratamento não-farmacológico entre hipertensos de centro de saúde escola. Rev Gaúcha Enferm. 2009;30(1): 27-32.

4.Rodrigues FFL, Zanetti ML, Santos MA dos, Martins TA, Sousa V D, Teixeira CR de Sousa. Knowledge and attitude: important components in diabetes education. Rev. Latino- Am. Enfermagem. 2009; 17(4): 468-73.

5.Vida e percepção da doença entre portadores de Hipertensão arterial. Cad. Saúde Pública. 2008; 24(4): 933-40.

6.Chaves ES, Lúcio IML, Araújo TL de, Damasceno MMC. Eficácia de programas de educação para adultos portadores de Hipertensão arterial. Rev. Bras. Enferm. 2006; 59(4): 543-7.

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