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O milagre dos AA. m Hora presente

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Academic year: 2022

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Hora presente

m

O “milagre”dos AA

camentos, nem tratamentos psiquiátricos no agir dos AA.

Realizam esse prodígio gra- ças à terapia de ajuda mútua de escuta e aconselhamento entre os membros, graças à própria motivação e força de vontade do doente alcoólico e graças à ajuda de um ser poderoso que nós, cristãos, chamamos Deus. O único re- quisito para se tornar mem- bro é o desejo de parar de beber.

Hoje, a Irmandade dos AA está presente em mais de 151 países e conta com mais de 90 mil grupos locais. São já várias centenas de milha- res de alcoólicos que tem al- cançado a sobriedade graças aos métodos dos AA. Já pen- sou você alguma vez que in- teressar-se por este tipo de problemáticas na sua paró- quia ou comunidade e ajudar os nossos irmãos que vivem com sérios problemas de be- bedeira é um dever moral e cristão?

Juntos na caminhada:

Victor Hugo Garcia, mccj.

“A propósito de…”

m

“As idéias e opiniões expostas nos artigos desta revista são de exclusiva responsabilidade de seu autor”

Administração:

Cecília Constantino

Ed. e Impr.: Centro Catequético Paulo VI - Anchilo VN-CP-564-3100 Nampula. Telefone: 26911649 Celular: 844214899 e 860484388

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VIDA NOVA (VN)

Revista de Formação e Informação Cristã Ano 57. Número 678. Junho 2017. Assinatura anual.

Direitos de propriedade: Arquidiocese de Nampula Responsável jurídico da publicação: Pe. Fernão Magalhães Redação:

Diretor Editorial: Víctor Hugo García U.

Revisão: CCS Nampula Projeto Gráfico: Nível + (México) Paginação: Rosário Ugalde Tiragem: 21,000 ex.

Reg. No. 5/RRA/DNI/94

Esta oração retrata a luta diária que as pessoas que pertencem aos Alcoólicos Anônimos

devem afrentar para superar-se a si mesmos

e pegar forças para melhorar as suas vidas.

A

bebida já causou problemas no seu lar? Já tentou parar de beber por uma semana (ou mais) sem conseguir atingir seu objetivo?Tomou bebida alcoólica pela manhã ou faltou ao serviço por causa da bebida durante os últimos doze me- ses? Ressente-se com os conselhos dos outros que tentam fazê-lo parar de beber? Se você,ou alguma pessoa próxima a você, responder positivamente a uma destas perguntas pode ser que precise de alguma ajuda especial.

Em Moçambique, em muitas das nossas comunidades e paróquias, existem lideranças (Padres, catequistas, respon- sáveis de grupos...)que têm sérios problemas com a sua for- ma de beber. Alguns deles já perderam ou estão em risco de perder o seu ministério, o seu emprego ou o seu lar por causa da bebedeira. O número deste mês da Vida Nova, ten- ta dar uma resposta e uma proposta a este problema que é mais sério do que imaginamos.

Mas, qual é o segredo dos Alcoólicos Anónimos (AA) para operarem o “milagre” de fazer com que uma pessoa imersa no vício do alcoolismo seja capaz de deixar de beber? É o milagre do amor fraterno. Não existem magias, nem medi-

«Não existem magias, nem medicamentos, nem tratamentos psiquiátricos no agir dos AA.

O “segredo” e o “milagre” dos AA é a ajuda mútua e o amor fraterno»

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Assim falaram:

«Assumir a própria vocação (juízes e juristas) significa também sentir-se e proclamar-se livres, Procuradores e Ministérios Públicos livres. De que coisa? Das pressões dos governos, livres das instituições privadas e, naturalmente, livres das “estruturas de pecado” (...) Eu sei que vocês sofrem pressões, sofrem ameaças...e sei que hoje, ser Procuradores, ser Mi- nistério Público, é arriscar a própria vida! E isto me faz reconhecer a coragem de alguns de vocês, que querem seguir em frente, permanecendo livres no exercício das próprias funções jurídicas. Sem esta liberdade, o poder judiciário de uma nação se corrompe e gera corrup- ção», Papa Francisco.

«Se o Governo moçambicano aparece a legitimar a violência, torna-se urgente que nós, como sociedade, estejamos precavidos, intervindo contra esse proceder. Ou seja, se o Go- verno afirma que – em determinados momentos – atacar os direitos humanos, promover a violência é legítimo, então, também é legal que nós nos oponhamos porque, afinal de con- tas, somos seres humanos. Estamos diante de um caso flagrante perpetrado pelo Governo», Azagaia, músico moçambicano (sobre a violência praticada pelo Governo, através da FIR, contra os desmobilizados de guerra.

«Tenho estado a falar com o Presidente da RENAMO e graças a esses contatos temos conse- guido consensos e elevado a confiança mútua», Felipe Nyusi, Presidente de Moçambique.

«O informe sobre o estado da justiça (da Nação) é composto por narrações para distrair o povo moçambicano (…) Existe uma longa lista de assuntos que a Procuradoria deve resolver o mais rápido possível, por exemplo: os sucessivos rombos financeiros, negócios mal-parados e opções duvidosas do Instituto Nacional de Segurança Social, o negócio das aeronaves da LAM e os contratos assinados pelo ministro dos Transportes e Comunicações com a sua própria empresa», José de Sousa, deputado do MDM.

«É importante mencionar que tendo em conta a nossa situação económica, estes são aumen- tos de salários mínimos possíveis (...) é necessário que o país aposte no aumento da cultura de trabalho, produção e produtividade, para poder aspirar a ordenados mais consentâneos com o custo de vida», Vitória Diogo, Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social.

«O Governo não pode ter pressa para ter dinheiro a todo custo. Deve ouvir e informar as comunidades locais sobre quais são os benefícios [do ProSavana] e não arrancar as terras das comunidades locais, porque os seus ancestrais estão ali [naquelas terras]”, Arlindo Mu- ririua, coordenador da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento e Democracia.

“Não deixem que outros sejam os protagonistas da mudança. Vocês, jovens, são os que têm o futuro. Eu lhes peço que o construam, que trabalhem por um mundo melhor. É um desafio, sim, é um desafio! Vocês aceitam?», Papa Francisco.

Vida Nova informa

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Sociedade civil moçambicana pela suspensão do ProSavana

Continua o braço de ferro entre o Governo moçam- bicano e a sociedade civil do país por causa do ProSa- vana, o programa para o desenvolvimento agrário no Corredor de Nacala, financiado por Brasil e Japão. Mas esta última também está dividida: há organizações que continuam a bater o pé ao megraprograma, enquanto outras posicionam-se a favor do mesmo. No entanto, mesmo as organizações que apoiam o ProSavana pe- dem a sua suspensão, até que se realize a segunda aus- cultação pública, em junho próximo, nas províncias de Nampula, Niassa e Zambézia. Uma delas é a Solidarie- dade Moçambique. António Mutoua, diretor-executivo desta plataforma de organizações da sociedade civil de Nampula, diz que os objetivos do megaprograma agrí- cola ainda não são claros. Estima-se que sejam mais de 300 as organizações no corredor de Nacala que apoiam o ProSavana. Mas têm uma condição: para o avanço do programa é preciso realizar consultas comunitárias. O ProSavana prevê o desenvolvimento de uma agricultura industrializada em 700 mil hectares de terra. O Governo começou a implementar o projeto há cinco anos e diz que o processo vai continuar. DW.

Moçambique tem 2ª taxa mais alta de casamentos prematuros da África Austral Segundo o relatório de 2016 da Rede da África Austral Contra Tráfico de Crianças, organis- mo que combate casamentos prematuros, cerca de 680 mil meninas contraíram matrimónio

antes de completarem 18 anos de idade. Moçambique é um dos países com taxas mais altas a nível mundial de casamentos precoces, ocupando o 11º lugar, e o 2º lugar ao nível da África Austral. Segundo especialis- tas, os casamentos precoces têm influenciado negativamente os es- forços para a redução da pobreza e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma vez que as raparigas são obrigadas a abandonar a escola, SANTAC.

Indonésia: Primeiro canal de TV católico do país Indonésia tem o seu primei- ro canal televisivo católico que se chama “Hidup TV”, do termo “hidup”, que significa

“vida”. A TV foi apresentada durante a reunião anual de Signis Indonésia, realizada em Java Central. O projeto é visto pela Comissão para as Comunicações Sociais da Ar- quidiocese de Jacarta como uma “oportunidade pastoral”.

A ideia é dar à TV um ros- to particularmente pastoral, tornando-se um apoio à pre- gação e catequese. Trata-se de um projeto que nasceu já como interdiocesano e que poderá fornecer notícias e ex- periências específicas de cada diocese. Zenit.

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Panorama eclesial

m m Conheça a Bíblia

de ou sociedade; exortar os cristãos de absterem-se de paixões carnais e manterem uma conduta exemplar dian- te dos incrédulos; lembrar da responsabilidade que eles têm diante das autoridades e no relacionamento fami- liar, comportando-se como pessoas livres, sem medo, sem dominação e opressão.

Enfim, Pedro convida as co- munidades cristãs à fidelida- de ao caminho de Cristo, à vivência do amor fraterno e ao espírito de ajuda mútua.

Em síntese, Pedro dese- ja que a comunidade cristã seja um lar para quem não tem uma casa. Um exem- plo de vida para os que não são cristãos, inclusive, para os perseguidores! Seja esta também a exortação, para nós cristãos, de sermos exemplos vivos de Cristo no mundo de hoje. Nossas Comunidades sejam um lar para quem se sente abando- nado pela sociedade exclu- dente e opressora. E quem tiver responsabilidade na Comunidade possa ser um bom pastor que conduz as ovelhas à Cristo!

Primeira Carta de Pedro

Por: Judith Hanauer

Dom Inácio Saúre,

novo Arcebispo de Nampula

Por: Agencias + VN Carta escrita por volta do ano 64 d. C. aos cristãos que haviam se

dispersado devido a severas perseguições desencadeadas pelas au- toridades romanas, autoridades religiosas judaicas e por pessoas de outras crenças que não aceitavam a maneira diferente dos cristãos professarem sua fé.

P

edro inicia a carta destacando as bênçãos espirituais goza- das pelos cristãos, que através do Batismo, renasceram para uma viva esperança e a certeza da Salvação em Cristo. Lem- bra que a fé testada pela perseguição é “mais preciosa do que o ouro refinado pelo fogo” e apresenta Jesus como “Pe- dra viva”. Da mesma forma, os cristãos deveriam ser pedras vivas, formando uma casa espiritual viva: a Igreja.

Pedro tem objetivos claros ao escrever esta carta: animar e fortalecer na fé todos os que haviam desanimados na sua caminhada como cristãos, por passarem por duras provações e enfrentarem amargas perseguições; orientar e confortar os cristãos a permanecerem unidos na fé, no amor onde quer que se encontrem, seja na família, seja na comunida- Ele é natural de Balama, Cabo Delgado, tem 57 anos de idade e

está ligado aos Missionários da Consolata. Até agora, era Bispo da Diocese de Tete.3.

O

Papa Francisco nomeou, a 11 de abril passado, Dom Iná- cio Saúre como o novo Arcebispo de Nampula. Dom Inácio era, até agora, bispo da Diocese de Tete, mesma que pas- sará a ter como Administrador Apostólico o padre Sandro Faedi, I.M.C.

D. Inácio Saúre nasceu aos 02 de Março de 1960, é natural de Balama, Província de Cabo Delgado e filho de Saure Sipu- lela e de Hegia Muetelossa.

O novo Arcebispo de Nampula fez o Noviciado no Instituto Missionário da Consolata, em 1994, em Laulane, Maputo; a 1ª Profissão Religiosa aos 07.01.1995 e a Profissão Perpétua aos 15.05.1998. Foi ordenado Presbítero aos 08.12.1998 e sagrado Bispo de Tete aos 22.05.2011. Realizou estudos de Filosofia no Seminário Interdiocesano de S. Agostinho da Matola e de Teologia em Kinshasa, na República Democráti- ca do Congo.

Dom Inácio Saúre tomará posse em sua nova Arquidiocese no dia 11 de Junho.

A Congregação para a Evangelização dos Povos dignou- se também nomear Administrador Apostólico da Diocese de Tete, o Rev. P. Giancarlo Sandro Faedi, também Missioná- rio da Consolata e Diretor do Centro Catequético de Guiúa, Diocese de Inhambane.

O Pe. Faedi nasceu aos 02.10.1947 e é natural de Gatteo, Forli, Itália. Fez a 1ª Profissão Religiosa no Instituto dos Mis- sionários da Consolata aos 02.10.1967; a Profissão Perpétua aos 03.10.1971 e foi ordenado sacerdote aos 16.12.1972.

A Arquidiocese de Nampula agradece a Deus, com o cora- ção cheio de reconhecimento, pelo ministério episcopal de

«Pedro deseja que a comunidade cristã seja um lar para quem não tem uma casa. Um exemplo de vida para os que não são cristãos, inclusive,

para os perseguidores!»

Dom Tomé Makhweliha, S.C.J., Arcebispo cessante de Nampula e de Dom Er- nesto Maguengue, até ago- ra Administrador apostólico da mesma Arquidiocese, e formula os melhores votos para que o Senhor ilumine com o Seu Santo Espírito Dom Inácio Saúre neste novo serviço eclesial que lhe foi confiado.

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Após consultar a Bíblia coloca um x na resposta certa.

(,,) a resposta encontra-se

numa das alíneas.

1. Para onde é que Jesus se estava a dirigir?

a) Naim b) Nazaré c) Cesareia de Filipe

2. Que pergunta fez Jesus aos seus discípulos?

a) Qual a opinião das pessoas acerca do lugar onde vamos?

b) Quem dizem os homens que é o filho do homem?

c) Qual é a opinião das pessoas sobre o jogo que se vai disputar?

3. Qual foi a resposta que Jesus obteve?

a) Que o jogo iria ser bem sucedido

b) Que o filho do homem era João Baptista, Elias, Jeremias ou outro profeta c) Que a povoação que iriam visitar era extremamente bela

4. Jesus perguntou aos seus discípulos que diziam dele.

Quem respondeu em nome dos discípulos?

a) Tiago b) João c) Pedro

5. Que afirmou o que respondeu em nome do grupo?

a) Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!

b) Tu és um gajo porreiro c) Tu és um guia excepcional

6. Que disse Jesus ao porta-voz do grupo?

a) Quem te revelou o que disseste foi o meu Pai do Céu b) Não estavas inspirado quando respondeste

c) Tens zero, porque respondeste uma asneira 7. Que disse Jesus a Pedro?

a) Tu és pedra e és muito teimoso b) Tu és Pedro e és mesmo pedra

c) Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja 8. Que disse Jesus sobre a Igreja?

a) Que as portas do Inferno não poderão fazer nada contra a Igreja b) Que a Igreja vai ser destruída

c) Que a Igreja vai ser abatida por Satanás (as portas do Inferno) 9. A quem é que Jesus entregou as chaves do Reino dos céus (Liderança)?

a) João b) Pedro c) Tiago

10. Quem afirmou assim: “Tudo o que ligares na terra será ligado no céu e tudo o que desligares na terra será desligado no céu?

a) Pedro b) Jesus c) João

1. Antes de entrar na casa de Pedro, Jesus vinha:

a) Da casa de sua mãe b) Da sinagoga (Igreja) c) Da casa de um cego 2. A casa era de... (Mc 1,29)

a) Simão Pedro e André b) Pedro e Santiago c) Pedro e Bartolomeu 3. Quem acompanhava Jesus era (Mc 1,29)

a) Tiago e João b) José e Maria c) Judas e Bartolomeu 4. Que viu Jesus em casa de Pedro (Mt 8,14)

a) A casa desarrumada b) A mulher atarefada c) A sogra na cama 5. Quem intercedeu pela sogra de Pedro? (Lc 4,28)

a) Os que estavam em casa b) Os amigos c) Os vizinhos 6. A doença da sogra era (Mt 8,14)

a) Preguiça b) Febres c) Cansaço

7. Como curou Jesus a sogra? (Mt 8,15)

a) Falou com ela

b) Tocou-lhe com a mão c) Simplesmente olhou para ela

8. Que aconteceu quando Jesus curou a sogra?

a) Ficou na cama a recuperar da doença b) Levantou-se e voltou-se a deitar c) Levantou-se e pôs-se a servi-los

9. Que mensagem podemos tirar deste relato?

a) Servir os outros b) Pensar sempre em nós

c) Ficar na cama com preguiça de levantar

A profissão de fé de Pedro

[Ler: Mt 16,13-20]

A sogra de Pedro

[Consultar o Novo Testamento:

Mc 1,29-31 e Lc 4,38-39]

Por: Maria do Céu Costa

Respost

as: 1-b); 2-a); 3-a); 4-c); 5-a); 6-b); 7-b); 8-c); 9-a) as: 1-c); 2-b); 3-b); 4-c); 5-a); 6-a); 7-c); 8-a); 9-b); 10-b) Respost

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Como se libertar do medo....

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Os feitiços não existem!

Por: António Di Lella e Enzo Santângelo

“Uma das características mais extraordinárias do in- consciente é o fato que ele grava tudo (pantomnésia)”.

O

feto humano é como um gravador muito sensível, que grava tudo o que acon- tece fora da barriga da mãe;

capta o inconsciente da mãe, registra se é amado, acolhido ou não pelo pai e pela mãe, sente o amor ou a rejeição dos pais sobre ele.

O inconsciente manifes- ta-se, sobretudo, quando a consciência é flutuante, não clara, limpa ou dona de si. Isso acontece quando a consciência é obscureci- da pelo álcool, pela droga, por acontecimentos muito emotivos que ofuscam mui- to a consciência, por mo- mentos de forte ansiedade e preocupações, por situa- ções dramáticas de emer- gência quase incontrolá- veis. Nesses momentos o inconsciente se manifesta claramente e, às vezes, ex- plode com violência.

Não se devem, de manei- ra alguma, cutucar e provo- car as forças do inconscien-

Autossugestão negativa

O ponto mais fraco do in- consciente é que é domi- nado pela crendice (autos- sugestão negativa). Que fique claro: nunca, abso- lutamente nunca, existe a possibilidade de que uma pessoa tenha o poder de

“fazer o mal” para outra pessoa, próxima ou dis- tante, através de feitiços, sortilégios, olho gordo, fetiches, missas negras, trabalhos mágicos de mal- dições.

Por respeito á liberda- de humana e à dignidade do ser humano, ninguém pode arruinar ou destruir, à distância, pessoas inimi- gas ou odiadas, por meio de sortilégios ou recorren- do a trabalhos de magos ou feiticeiras. Esta é uma regra científica. Porém, ai de quem, conscientemen- te, ou às vezes por hiper- sensibilidade, em nível inconsciente acredita ser vítima de uma feitiçaria ou de olho gordo... Nesse caso se desencadeia no or- ganismo uma verdadeira

“sabotagem psico–emo- tiva”, em virtude da au- tossugestão negativa que leva a vários distúrbios na ordem física, psicológica, emocional muito graves.

te, por ser muito perigoso. O perigo maior é a “psicorragia”, que é o vazamento de uma exagerada força psíquica que pode provocar na psique humana efeitos perigosos até a loucura em pessoas particularmente sensíveis e emotivas.

Não se entregar nas mãos de adivinhos

O inconsciente pode errar. É essa uma das motivações fun- damentais para não se entregar cegamente nas mãos de magos, adivinhos, quiromantes, cartomantes, curandeiros,

“videntes” e feiticeiros...

Quando alguém procura resolver os problemas da vida, por meio dessas pessoas, fica impressionada pela fama que cerca essas pessoas por alguns êxitos aparentemente “mi- lagrosos” obtidos, com um aparato teatral e uma aureola de magia com a qual se cercam, por meio de uma requintada propaganda. Essas pessoas exercem um fascínio especial sobre o povo por resolverem problemas imediatos, pro- meterem soluções e assegurarem fácil bem-estar e muita prosperidade. Os fracos de espírito, os crédulos, os que não têm valores, os frágeis, correm em massa para essas pessoas porque estão à procura de resultados imediatos e milagrosos.

A própria Bíblia nos alerta a respeito desse perigo: “Não haja em teu meio quem se dê à adivinhação, nem haja as- trólogo nem macumbeiro nem feiticeiro; nem quem se dê à magia, consulte médiuns, interrogue espíritos ou evoque os mortos. Pois o Senhor abomina quem se entrega a tais práticas.” (Dt 18, 10 -11).

Para isso valha este relato: duas famílias viviam no mes- mo andar, em plena harmonia. As mulheres eram mais do que irmãs. Um dia, uma das duas adoeceu; foi procurar o curandeiro e este lhe revelou que a causa da doença era a sua amiga. Foi assim que o amor transformou-se em ódio e as duas famílias destruíram para sempre uma grande ami- zade.

Para evitar isso e ser imune de toda a negatividade existe uma regra de ouro: pensar sempre positivamente. Mais uma vez a Bíblia é nossa mestra e nos ensina: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas, em tudo isso ven- cemos por aquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os princi- pados, nem o presente, nem o futuro, nem as virtudes, nem a altura, nem a profundeza, nenhuma outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo Nosso Senhor.” (Romanos 8, 35.37-39).

«Que fique claro: ninguém pode arruinar ou destruir, à distância, pessoas inimigas ou odiadas, por meio de

sortilégios ou recorrendo a trabalhos de magos ou feiticeiras. Esta é uma regra científica.

Porém, ai de quem, conscientemente, ou às vezes por hipersensibilidade, em nível inconsciente acredita

ser vítima de uma feitiçaria ou de olho gordo...

Nesse caso se desencadeia no organismo uma verdadeira “sabotagem psico–emotiva”, em virtude

da autossugestão negativa que leva a vários distúrbios na ordem física, psicológica, emocional

muito graves»

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Realidad (é)

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Troca de vinho por mais vida

– A experiência dos Alcoólicos

Anónimos na paróquia de Chalaua –

Por: Irmãs ICM

procuram alternativas de superação desse vício. Nes- tes grupos não se oferecem medicamentos para curar a pessoa. O melhor remédio é a vontade de vencer o ví- cio, a vontade de mudar de vida, a vontade de ter mais saúde e, por fim, o apoio da família e amigos.

O doente do álcool pre- cisa do apoio e da com- preensão da família. Caso a pessoa se sentir sozinha ela voltará novamente para o caminho do copo. Por isso, há reuniões fechadas onde só participam os mem- bros do A.A. e há reuniões abertas onde pode parti- cipar qualquer pessoa, em especial, os familiares dos doentes do alcoolismo. No nosso caso, aconselhamos a participação do casal nestas reuniões.

As reuniões acontecem uma vez por semana. É im- portante que a pessoa não falte a nenhuma reunião.

Além da partilha da ex- periência de vida de cada membro, há também os

“doze passos” que fazem parte das reflexões. Os doze passos são um pro- grama de vida, ou seja, os doze mandamentos a ser seguido pelos membros dos grupos. São doze conselhos que ajudam a pessoa a dei- O alcoolismo é um problema muito sério que afeta muitas fa-

mílias, comunidades e a sociedade em geral. Muitos lares são destruídos por causa do vício da bebida. Muitas comunidades são prejudicadas por causa de Padres, anciãos, catequistas e mamãs que vivem grossos e não assumem com responsabili- dade seus serviços.

N

a Paróquia da Imaculada Conceição de Chalaua, na provín- cia de Nampula, enfrentamos também esse problema. Mui- tos dos nossos responsáveis bebem em demasiado e mui- tos lares são destruídos. Por isso, nós, Irmãs do Imaculado Coração de Maria (ICM), procuramos maneiras de encarar um pouco esta realidade e iniciamos, em 2010, um grupo de Alcoólicos Anônimos também conhecido como Irmandade do A.A.

«A Irmandade do A.A. é uma organização ou um grupo de homens e mulheres que se reúnem para partilhar suas experiências com o objetivo de se

ajudarem mutuamente na superação do vício do alcoolismo, bem como a melhorarem de vida

em todos os sentidos»

A Irmandade do A.A. é uma organização ou um grupo de homens e mulheres que se reúnem para partilhar suas experiências com o objetivo de se ajudarem mutuamente na superação do vício do alcoolismo, bem como a melhorarem de vida em todos os sentidos.

Como funciona esse grupo e quem pode participar?

O grupo do A.A. é uma Ir- mandade que surgiu para ajudar a recuperar a saú- de das pessoas que têm a doença do alcoolismo e livrar do sofrimento a pró- pria pessoa, bem como, a sua família. Nas suas reu- niões, os membros com- partilham suas experiências de vida, de sofrimento e a luta diária para vencer este vício. Na verdade, trata-se de uma terapia de grupo, todos ouvem a realidade de vida do outro, aconselham- se mutuamente e juntos

«Para ser membro da Irmandade do A.A. a única coisa que se exige é que a pessoa tenha um sincero desejo de se livrar da bebida. Não importa a religião da pessoa,

pois esta organização dos Alcoólicos Anônimos não está ligada a nenhuma religião, nem partido político»

xar o caminho do vício da bebida. São orientações funda- mentais para a pessoa tomar consciência de que é preciso se livrar do vicio para ter mais vida e viver mais tempo neste mundo. Esses passos ajudam a pessoa a perceber que, se ela tiver fé e acreditar fortemente em Deus, será muito mais fá- cil de vencer o mal do alcoolismo.

Para ser membro da Irmandade do A.A. a única coisa que se exige é que a pessoa tenha um sincero desejo de se livrar da bebida. Toda pessoa, seja homem ou mulher, que bebe em demasiado e que não tem mais controle sobre si e so- bre a bebida, pode participar destes grupos. Não importa a religião da pessoa, pois esta organização dos Alcoólicos Anônimos não está ligada a nenhuma religião, nem partido político. O que é necessário é admitir que têm o vício e que quer se livrar dela.

Como iniciamos esse trabalho na nossa Paróquia?

A Irmandade do AA teve inicio na nossa paróquia em 2010 a partir de uma denuncia de uma mamã sobre o comporta- mento insuportável de seu marido que também era ancião da comunidade. No princípio começamos com um grupo de reflexão com três casais que estavam com o mesmo proble- ma. Aos poucos foi surgindo a ideia da possibilidade de or- ganizarmos grupos de A.A. para poder ajudar mais pessoas com este problema.

(8)

A seguir o depoimento do esposo da referida mamã: Basta interesse e boa vontade

Atualmente temos 29 grupos na paróquia com mais de 700 pessoas que se reúnem semanalmente. Além dos doze passos, nós Irmãs, elaboramos um subsídio com encontros que ajudam a refletir questões ligadas à be- bida, convivência familiar e assuntos que ajudam no crescimento do grupo, bem como: a melhoria das casas, aumento das machambas, envio das crianças a escola...

Cada grupo tem um coordenador responsável pela coor- denação das reuniões semanais, e este serviço é rotativo, isto é, a cada 4 meses se faz a troca do coordenador para evitar que um se torne chefe do grupo e dar oportuni- dade a cada um de partilhar seus conhecimentos e dons com os demais membros.

Nos alegra muito ver que a maioria das pessoas que entram nestes grupos mudam radicalmente de compor-

«Eu fazia um grande esforço para não beber, pois havia prometido às Irmãs que deixaria o copo para ficar com minha esposa e filhos.

Comecei a trabalhar mais na machamba e em casa. Não fui mais com os amigos do copo. Comecei a mudar de vida»

“Quero partilhar com todos vocês como iniciou a nossa Irmandade do A.A. aqui em Cha- laua. Até o início de 2010 eu era uma pessoa que vivia do vinho. De manhã até à noite eu bebia e zangava com minha mulher e filhos. Todo o dinheiro que tinha era deixado na tenda do vinho. Os produtos da machamba que minha mulher colhia eu também aproveitava para trocar por vinho e em casa não havia comida, nem caderno para as crianças irem à escola.

Muitas foram às vezes que minha mulher e as crianças fugiram de mim. Dormir no mato, no frio e na chuva, era normal. Para a minha mulher e filhos tudo isso era grande sofrimento.

Isso foi acontecendo durante vários anos até que minha esposa se cansou de sofrer e de ficar calada. Naquela época ela estava grávida de oito meses, mesmo assim eu dava porrada nela e fazia com que fosse dormir no mato. Ela não suportou mais esse sofrimento e, com ajuda de uma das filhas, escreveu uma carta e foi entregar para as Irmãs. Na carta ela dizia que gostava de mim, mas que não aguentava mais viver com um homem bêbado, sempre a lhe dar porradas e que não ajudava a trabalhar. Ela avisava as Irmãs que iria pedir divórcio do marido, mesmo sabendo que ele era ancião da comunidade. Ela continuaria comigo caso eu me afastasse do copo e mudasse de comportamento. Eu preferia, na época, perder minha esposa e filhos do que me afastar dos amigos do copo.

As irmãs ouviram a minha esposa e pediram-lhe para não divorciar comigo ainda, disse- ram-lhe que primeiro iriam conversar comigo e, se depois eu não mudasse de comportamen- to, aí sim, ela poderia voltar para a família dela. No dia 06 de março de 2010 fui à missão e fui recebido pela ir. Luiza. Ela me deu muitos conselhos. Leu a carta que minha esposa havia escrito e pediu que eu tentasse deixar o copo para não perder minha esposa e filhos. Além disso, eu teria que deixar o ministério de ancião, pois meu comportamento não era bom e não tinha condições de coordenar uma comunidade, e o vinho iria me levar à morte. No final da conversa fiquei em pé e a Irmã Luiza fez uma oração com as mãos sobre a minha cabeça pedindo que Deus nos ajudasse a superar este problema.

Prometi voltar na semana seguinte com minha esposa e assim fizemos. Eu fazia um gran- de esforço para não beber, pois havia prometido às Irmãs que deixaria o copo para ficar com minha esposa e filhos. Comecei a trabalhar mais na machamba e em casa. Não fui mais com os amigos do copo. Comecei a mudar de vida.

A partir daí todas as semanas nos reunimos para a reunião onde partilhamos nossas di- ficuldades e também a experiência de termos ficado mais uma semana sem o vinho. Quero hoje agradecer a Deus que nos deu esta oportunidade de participar deste grupo. Agradeço a minha esposa por ter tido a coragem de ir falar com as Irmãs e de denunciar o meu compor- tamento; graças a ela ainda estou vivo!

Já são 7 anos que todas as semanas nos encontramos e são esses encontros do grupo do A.A. que nos dão forças para continuarmos bem e longe do copo.” (J.C.)

tamento e melhoram nota- velmente de vida no lar e na comunidade. Fica o apelo a todas as Paróquias do nosso País para que iniciem com este tipo de grupos em suas comunidades onde Padres, Anciãos, Catequistas e ou- tros irmãos e irmãs que têm o vício do alcoolismo, pos- sam ter a oportunidade de participar e vencê-lo. Com a ajuda de Deus é possível.

Não precisa de dinheiro para isso! Basta interesse e boa vontade!

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«Jesus reafirma que Deus se revela aos pequeninos e nos pequeninos: àqueles que Ele chama para falarem de Deus, pede-lhes que sejam como as crianças. O Pai revela-se naqueles que nós,

à primeira vista, desprezamos»

Alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool, con- siderada doença pela Orga- nização Mundial da Saúde.

O uso constante, descontro- lado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprome- ter seriamente o bom fun- cionamento do organismo, levando a consequências ir- reversíveis.

O

álcool encontrado nas bebidas é o etanol, uma substância resultante da fermentação de elementos naturais. Quando ingerido, o etanol é digerido no estô- mago e absorvido no intes- tino. O álcool no organismo causa inflamações, que po- dem ser: gastrite (no estô- mago) e Hepatite alcoólica (no fígado).

A longo prazo, o álcool prejudica todos os órgãos, em especial o fígado, que é

responsável pela destruição das substâncias tóxicas ingeri- das ou produzidas pelo corpo durante a digestão.

Apesar de ser aceito pela sociedade, o álcool oferece uma série de perigos tanto para quem o consome quanto para as pessoas que estão próximas. Grande parte dos acidentes de trânsito, lutas, comportamentos anti-sociais, violência doméstica, ruptura de relacionamentos, problemas no tra- balho, como alterações na percepção, reação e reflexos, aumentando a chance de acidentes de trabalho, são prove- nientes do abuso de álcool.

Como se manifesta o alcoolismo?

O alcoolismo, também conhecido como “síndrome da de- pendência do álcool”, é uma doença caracterizada pelos se- guintes elementos:

• Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontro- lável de beber.

• Perda de controle: a inabilidade frequente de parar de beber uma vez que a pessoa já começou.

• Dependência física: a ocorrência de sintomas de absti- nência, como náusea, suor, tremores e ansiedade, quando se para de beber após um período bebendo muito. Tais sinto- mas são aliviados bebendo álcool

• Tolerância: a necessidade de aumentar as quantias de álcool para sentir-se “bem”.

Quando pedir ajuda?

Reconhecer que precisa de ajuda para um problema com álcool talvez não seja fácil. Porém, tenha em mente que, quanto antes vier a ajuda, melhores serão as chances de

uma recuperação bem sucedida.

Quando você for a seu médico, ele lhe fará uma série de perguntas sobre o seu uso de álcool para determinar se você está ou não tendo proble-

mas por causa do álcool. Tente ser o mais completo e honesto possível. Você deverá tomar decisões e entender tudo sobre a necessidade do tratamento e as formas de tratar a dependência.

O Alcoolismo

Por: Éden Mucache

A nossa saúde

m m Palavra da vida

Julho 2017

Por: José Julio Marques

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precisam de apoio moral, de estima e consideração e também de apoio económi- co, para não passarem mal.

É verdade que nem todos os que recebem ministérios nas comunidades se entre- gam com amor e entusias- mo às pessoas que aceita- ram servir. Esses, de facto, não merecem muito a ajuda que recebem. Mas, por cau- sa de uns poucos, vamos deixar de apoiar todos os servidores de Deus?

No fundo, todos devería- mos trabalhar para o bem dos irmãos: foi esse o com- promisso do nosso batismo.

A preocupação só com nós mesmos e com as nossas famílias (o egocentrismo) devia ter sido sepultada nas águas do batismo e deve- ríamos ter renascido como pessoas abertas aos outros (o amor caritativo), reali- zando as tarefas religiosas e sociais que são sinais da vida nova, imitando Jesus vencedor da morte.

Mas se, por motivos profis- sionais ou familiares, não pudermos dedicar-nos a estas tarefas, é nosso dever apoiar os que estão dedica- dos a elas, a tempo pleno. É ou não é?

02/07/2017 – 12º Domingo Comum 2Re. 4, 8-11.14-16a; Rom. 6, 3-4.8-11; Mat. 10, 37-42

Apoiar os anunciadores da salvação

As pessoas que se dedicam ao anúncio do Evangelho, como o profeta Eliseu, não precisam só de coisas materiais, para realizarem a missão que receberam de Deus. Elas precisam também de alguém que as entenda, partilhe as suas alegrias e penas, e valorize os seus trabalhos. Quem apoia aqueles que verdadeiramente fazem o trabalho de Deus “recebe dele vida em abundância”, diz o livro dos Reis.

Colocar-se ao serviço da evangelização, na comunida- de e, ainda mais, nas terras distantes ou nos bairros pro- blemáticos das cidades, exige às vezes deixar de atender convenientemente a família (como fazem muitos respon- sáveis dos ministérios laicais) ou até renunciar a ela, como os sacerdotes e os consagrados. Eles aceitam esta cruz com alegria para se tornarem mais parecidos com Jesus e, assim, continuarem a missão dele. Estas pessoas são humanas e

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Os pequenos e os débeis são capazes de compreen- der o caminho da não-vio- lência que, através da jus- tiça, conduz à paz. E, no fundo, esses é que são os fortes. Esses é que usam a liberdade para se colocarem ao serviço da caridade. Os sábios e fortes, segundo o espírito da carne, facilmen- te se devoram mutuamente e arrastam os outros para a destruição.

A humildade é a virtude dos grandes. Os que se fa- zem pequenos, para animar os que estão cansados e oprimidos, são os que co- nhecem o Pai e, tal como Jesus, são reconhecidos por Ele. É também neste senti- do que podemos entender o convite de Jesus a carre- gar o seu jugo e a aprender dele, para conseguir o des- canso, a serenidade interior, assim como a paz social e política.

16/07/2017 15º Domingo Comum Is. 55, 10-11; Rom. 8, 18-

23; Mat. 13, 1-23

Deus semeia até nos terrenos piores

O profeta Isaías compara a Palavra de Deus à chuva que faz frutificar a terra.

Jesus compara-a à semente

23/07/2017 16º Domingo Comum Sab. 12, 13.16-19; Rom. 8,

26-27; Mat. 13, 24-43

Deus sabe esperar

Quase sem dar conta, todos somos levados a dividir as pessoas em boas (o trigo) e más (o joio) e, claro, todos nos colocamos no grupo das boas. Os maus são os outros. Isso leva-nos a ser muito duros e intoleran- tes com os “maus” e até a criticar Deus que deixa an- dar à solta tanta maldade.

O joio, para nós, tem que ser arrancado logo e quei- mado, para ficar só o trigo bom. Mas Deus não faz as- sim. Para muita gente este facto, juntamente com o facto de Deus fazer sofrer os bons, é um forte moti- vo para deixarem de ter fé.

Mas, se Deus fosse como eles desejam, eles seriam os primeiros castigados, porque ninguém está livre do mal.

A parábola do trigo e do joio é uma forte chamada à atenção para não classi- ficarmos, logo à partida, as pessoas: os bons não estão só na nossa igreja, no nos- so partido, na nossa família, entre os nossos amigos.

Eles estão misturados com as pessoas que considera- que é deitada à terra, onde germina e dá fruto. Como nós

sabemos que Deus é bom e amante do bem, pensamos que Deus só queira semear a sua Palavra nos corações bons, pu- ros e retos. De facto, nenhum agricultor estraga sementes, deitando-as em terrenos que não prestam. Mas isso é o que o Mentiroso, o Diabo, nos faz pensar.

Pelo contrário, Jesus, no Evangelho, diz que Deus é muito generoso e semeia, mesmo nos corações cheios de pedras ou de capim grosso. A sua esperança é que, semeando e ca- pinando, ano após ano, o terreno se torne cada vez melhor.

É claro que Deus gostaria mais que cada um de nós fosse terreno bom. Mas Ele sabe que todos nós temos muita coisa que estraga o terreno e o impede de produzir. E Ele não es- pera que sejamos perfeitos para começar a trabalhar conos- co. Ele é o primeiro que se preocupa em trabalhar e melhorar o terreno que cada um de nós é. A conversão é também obra nossa mas, primeiramente, é obra de Deus, graças a seu Fi- lho e ao Espírito Santo.

«Jesus diz que Deus é muito generoso e semeia, mesmo nos corações cheios de pedras ou de capim grosso. A sua esperança é que, semeando e capinando

ano após ano, o terreno se torne cada vez melhor»

09/07/2017 – 14º Domingo Comum Zac. 9, 9-10; Rom. 8, 9.11-13; Mat. 11, 25-30

A fraqueza e a pequenez também são sinais de Deus

Temos de reconhecer que, à primeira vista, não parece mui- to aceitável que o Messias, o Rei Salvador de Israel, venha montado num burrito frágil. Todos esperariam que viesse montado num forte cavalo, rodeado de muitos soldados. Es- tamos tão habituados a olhar para a grandeza e para o poder de Deus que nos custa ver a sua presença, o seu próprio Fi- lho, num homem que sofre o calor e o frio, a fome e a sede, o cansaço e o desprezo.

Por isso nos custa ver o rosto de Deus no doente, no inca- pacitado, no idoso sem força nem beleza. Vá lá, no patrão da empresa, no ministro do governo, no reitor da universidade, no médico chefe do hospital, no governador do banco, no chefe do estado-maior do exército, etc. Mas, não. No Evan- gelho de hoje Jesus reafirma que Deus se revela aos pequeni- nos e nos pequeninos: àqueles que Ele chama para falarem de Deus, pede-lhes que sejam como as crianças. O Pai revela-se naqueles que nós, à primeira vista, desprezamos. Por isso de- vemos estar muito atentos para não nos confundirmos.

O importante para nós é desejar muito acolher a Palavra que Deus semeia. Como é que se exprime esse desejo? Pri- meiro, através da nossa iniciativa de pegar na Bíblia, para a ler, meditar e orar. Depois, abrir também os olhos e os ouvi- dos para ver e ouvir as mensagens que Deus vai mandando através dos acontecimentos da vida, do sofrimento dos po- bres, do queixume dos injustiçados.

Se estivermos, assim, abertos para acolher a semente de Deus em nós, certamente que coisas lindas hão de aparecer na nossa história de vida. Porque, como diz Isaías e, ainda melhor, Jesus: sempre que a semente cai na terra é impossí- vel que não dê fruto.

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O jovem e as

línguas nacionais

Por: Abílio Latão Essas pessoas renunciaram

a muitas coisas: bebedeira, divórcio, pagamento injusto aos empregados, bruxaria, receber salários sem traba- lhar… Deixaram uma vida pecaminosa em muitos as- petos. No entanto mostram uma alegria muito maior, vivem uma liberdade muito mais profunda, sentem que fizeram o melhor negócio da sua vida. E todos notam isso!

O testemunho destas pessoas, confirmado depois com a leitura das Escritu- ras, experimentado na ce- lebração dos sacramentos e posto em prática na própria vida de caridade, é o segredo para a descoberta de Cristo como um grande tesouro, pelo qual vale a pena deixar tudo, mesmo aquelas coisas que antes davam alguma glória, alguma alegria, algum prazer.

mos menos boas, em todos os ambientes. E ainda mais: não existem pessoas completamente boas e pessoas completa- mente más. O bem e o mal convivem em cada um de nós.

Como nos atrevemos, então, a classificar e a condenar tão facilmente os outros, sobretudo aqueles com quem não an- damos de acordo?

O bonito desta parábola é que, nela, Jesus nos garante que, um dia, o mal será destruído, seja o que está em nós, seja o que está nos outros. E tudo é obra da sua graça e do Espírito Santo que reza em nós. Por isso, a paciência de Deus para com os pecadores é a grande lição com a qual Jesus nos provoca, para sermos misericordiosos como o Pai do Céu.

30/07/2017 – 17º Domingo Comum 1Re. 3, 5.7-12; Rom. 8, 28-30; Mat.13, 44-52

Tem grande sorte quem descobre Cristo

Que diriam os vizinhos de alguém que começa a vender tudo: a casa, as panelas, a roupa, a comida, a mota, etc., e compra um pequeno campo que parece igual a todos os ou- tros? Diriam que perdeu o juízo, não é? O que eles não sabem é que ele tinha encontrado um grande e rico tesouro enter- rado naquele campo.

Aqueles que descobrem o valor de Cristo nas suas vidas comportam-se como o homem que vendeu tudo: um ne- gociante que, de repente, deixa de enganar os outros e de fazer negócios ilícitos; um estudante que deixa de andar só nas festas, de faltar às aulas e de passar de ano só por copiar e começa a estudar a sério; um marido que deixa de andar com as “amigas” e de gastar com elas o que a família dele precisa; um funcionário que deixa de roubar os bens do Estado, que deixa de exi- gir suborno para prestar um serviço… As pessoas que fazem isto mostram que tudo o que antes lhes parecia muito importante e valioso, afinal, não vale nada, em comparação com o viver na amizade com Jesus.

Como se faz essa descoberta? Normalmente é através do testemunho de pessoas que se converte- ram e mudaram de vida por se sentirem amadas por Deus, através de Jesus, por obra do Espírito Santo.

Passam já quase trinta anos que resido nesta par- cela da parte sul de Mo- çambique. A medida que o tempo vai passando, vejo o crescente desinteresse (e até desprezo) das cama- das de jovens em aprender a sua língua materna.

C

á no sul, sobretudo em alguns distritos da pro- víncia de Maputo, como são Matutuine, Boane, Moamba e Marracuene fala-se o Ronga, mesmo com ligeiras misturas com o Chan- gana que é língua da província de Gaza e norte de Maputo.

O que noto é que o Ronga, aos poucos, vai desaparecendo.

O que é pior ainda é que muitos jovens aparentemente bem letrados, nunca se interessam em valorizar esse belo idioma.

Alguns até sentem vergonha em fazer uma leitura em pú- blico na sua própria língua. Outros, nem se sabe que língua falam. O mais agravante, é que na escola, também se apren- de mal a língua portuguesa, isto, sem falar, que nas redes sociais como Facebook, Whatsapp, Twitter... são autênticos e imperdoáveis os erros que se cometem.

É bom aprender novos idiomas mas não podemos desprezar as línguas locais faladas por muitas gerações dos nossos antepassados, matar uma língua é matar um povo.

O Concílio Vaticano II não se cansou de insistir que o Evangelho deve ser anun- ciado em todas as línguas. A pergunta que fica aqui é: qual é a nossa identidade? Caros jovens, se nem o português, nem muito menos as nossas línguas nacionais sabemos bem ler e escrever, não é este o motivo do insucesso esco- lar? Não será o mesmo mo- tivo da falta de domínio das nossas línguas maternas, que faz com que não assimilemos os valores éticos e morais que jazem na bela sabedoria po- pular? Como iremos comuni- car-nos com os nossos avós e pais iletrados mas muito sábios?

Se matarmos as línguas maternas, a geração vindou- ra perderá um grande tesou- ro de sabedoria ancestral.

É tempo de colocar a mão na consciência e começar a aprender bem as línguas lo- cais, tanto na escrita como na pronuncia, leitura e interpre- tação. Quem não se expressa corretamente na sua língua materna, dificilmente domi- nará qualquer outra língua.

(12)

mulher

Rosto de

Prezados governantes: venho por este meio exprimir o meu total descontentamento com o rumo que as coisas neste País vão tomando.

S

ou filha legítima da nossa Pátria Amada, cidadã comum, e por ser comum sinto na pele o significado verdadeiro da palavra “crise económica”. Há exatamente 3 ou 4 anos que vivemos em situações lastimáveis. Em Moçambique é difícil comer até um simples pão, sem falar que para fazer-se um rancho básico é impossível...

O nosso salário mínimo é de 3.298,00mtn. Aí, eu me per- gunto, o que farei com esse valor? Pois a cada dia que pas- sa os preços vão subindo de forma alarmante. Ora vejamos, com esse salário eu preciso fazer o rancho básico: 1 saco de arroz – 1.200mtn; 1 lámina de peixe carapau – 1.000mtn; 5 litros de óleo - 560mtn; 1 saco de cebola - 280mtn; 1 saco de batata - 200mtn; 1 kg de alho - 350mtn; 1 caixa de frango – 2.500mtn; 12 kg de farinha de milho - 500mtn; 10 kg de açúcar - 650mtn; 5 kg de carne – 1.000mtn.

Só com esses alimentos já chegamos ao valor exato de 8.240,00mtn e ainda não chegamos à metade das minhas ne- cessidades, pois, se a V.Excia perceber, ainda tenho em falta muitas coisas como dinheiro diário para o pão, verduras (que inclui a famosa Tseke que a V.Excia propôs), carvão, etc. Falta ainda detergente em pó para as roupas, produtos de higiene pessoal e da casa, dinheiro para pagar a água, energia e tam- bém a renda, pois não tenho casa própria, pois não é fácil nes- te país ter dinheiro para comprar um terreno e construir (um terreno está no mínimo 100 mil mtn.), depois vem o material

Triste realidade do nosso país

– Carta aberta para o Governo de Moçambique –

Por: Uma cidadã moçambicana

trabalho no bairro central, o meu dia começa exatamen- te as 4:30, para ver se con- sigo um TPM, para poder pagar 10mtn de Khongolote até o meu posto de traba- lho, mais antes, tenho de subir um chapa que me leva até a terminal de Khongolo- te, e são 7mtn e só de ida, com sorte, gasto um total de 17mtn, o que quer dizer, que a volta, com sorte, gas- to mais 17mtn, o que men- salmente são 1.020,00mtn!

Como a vida real é de liga- ções, para chegar ao destino tenho de subir um chapa até terminal de Khongolote 7.00mtn, depois outro para zona verde 7.00 mtn; de- pendendo do dia, subo ou- tro para Benfica 7.00mtn, e por fim, ao destino mais

9.00mtn. Isto significa que de ida e volta, gasto 60.00mtn diários o que equivale a 1.800.00mtn mensais.

Saúde

Bem, não posso terminar essa carta sem falar do assunto saú- de. Este é também um problema que me afeta diretamente.

No meu magro salário, tenho que restar com um valor para emergências de carácter hospitalar (sem contar que mui- tas das vezes chegamos ao hospital e encontramos bichas enormes, não temos um número suficiente de médicos para atender dignamente a população deste país). Daí, temos de

“babar” aquele funcionário para entrarmos logo na consulta caso contrário morremos na fila. E quando pensamos que está tudo acabado, aí vem a receita e os medicamentos não constam na unidade hospitalar e temos de comprar fora . E mais dinheiro gasto.

Até quando vamos aguentar assim?

Senhor governante, tenho a certeza que não usei o melhor vocabulário para me dirigir a V. Excia, pois como temos pro- blemas graves no sistema de Educação..., mais acredito, que os senhores compreenderam bem esta minha carta, que é a única forma que achei para que a minha mensagem, compar- tilhada por muita gente, chegasse até lá.

de construção, o pagamen- to do projeto, os pedreiros, o tal “lobolo” do terreno (“o agradinho básico” para ter o DUAT!) e mais... Nem vou falar muito desse aspecto

“habitação”, pois sou capaz de chorar.

Em relação ao pão, es- queci de salientar, logo de início, que na minha humilde residência somos no total 5 cidadãos e diariamente gas- távamos 30mtn, referente a 4 pães, e no final do mês gastamos 900mtn. Mas, agora que o preço do pão subiu desde o dia 1 de abril de 2017 para 10.00mtn, fico sem ideia o que vou fazer.

O transporte

Não podia deixar de falar no transporte: Eish! um ponto muito forte esse, dentro do meu pobre salário, tenho de guardar um pouco (muito) para a o sofrimento dos cha- pas. Eu morro em Moalaze, e

(13)

Olhar profundo

m

Criar ou integrar um grupo de linchamento é cada vez mais co- mum em muitos países africanos. Falta de confiança na polícia é um dos motivos apontados pelas comunidades que procuram vingança.

U

ma história real: Eric Ponda, um jornalista alemão pensou que ia morrer no Quénia no ano passado, depois de fazer uma reportagem. Enquanto voltava para casa, o seu carro es- tragou-se no meio do caminho. O jornalista decidiu parar na berma da estrada, quando, de repente, o seu veículo tocou num peão. Eric parou para socorrer a vítima, mas, ao sair do automóvel, surgiram várias pessoas que o agrediram e dani- ficaram o seu carro.

Por sorte, conta o jornalista, apareceu um carro da po- lícia. “Foi a minha salvação. Se não fossem os agentes, tal-

Linchamentos em África:

porquê fazer justiça pelas próprias mãos?

Por: Theresa Krinninger / Bettina Riffel (DW).

Em Moçambique, em 2015, as autoridades regis- taram o linchamento de 24 pessoas. Segundo a Procu- radoria-Geral da República, o centro e o norte do país são as regiões mais proble- máticas. As vítimas são sus- peitas de roubo e feitiçaria, entre outros crimes.

Porquê fazer justiça com as próprias mãos?

A criminologista Gail Super, da Universidade da Cidade do Cabo, culpa os proble- mas sociais e o fosso que existe entre as classes mais ricas da sociedade e as mais pobres pelo fenómeno do linchamento.

“As pessoas querem mos- trar que as suas comunida- des não toleram a crimina- lidade. Principalmente em comunidades carentes e pobres, onde as consequên- cias de um roubo deixam marcas profundas. Atacan- do o ladrão, querem mos- trar o que acontece a quem age como ele”, explica a es- pecialista.

Em África, muitos consideram o linchamento o método mais eficaz contra a criminalidade. Muitos confiam mais na força da união de uma comunidade do que nas autoridades de seguran- ça. E, em muitos países, faltam mesmo agentes da polícia.

Na Nigéria, por exemplo, um chefe da polícia denunciou recentemente na imprensa que existe apenas um agente da polícia para cada grupo de quase 500 pessoas. A isto junta-se a corrupção e a desmotivação no trabalho.

“Não é fácil para a polícia”, diz Lizette Lancaster, diretora de um grupo de pesquisa sobre Criminalidade e Direitos do Insti- tuto de Estudos de Segurança, na África do Sul, sublinhando que, “muitas vezes, a polícia chega tarde demais ao local do crime, quando outras pessoas já encontraram os corpos lin- chados. Dificilmente os agentes presenciam ou evitam os lin- chamentos”.

Linchamento ou linchagem é o assassinato de uma ou mais pessoas cometido por uma multidão com o objetivo de punir um suposto transgressor ou para intimidar, controlar ou manipular um setor específico da população. O fenômeno está rela- cionado a outros meios de controle social, mas tem a característica de se tornar um tipo de espetáculo público. Os linchamentos, geralmente, são mais frequentes em tempos de tensão social e económica.

vez tivessem pegado fogo ao meu carro ou até mes- mo a mim. Sempre que vais a conduzir um carro, tens medo. Nunca sabes o que pode acontecer no próximo minuto”, diz Eric Ponda.

Mais de

500 vítimas por ano

Atentados como este são co- muns na região de Mombasa, na costa queniana. Por ano, 500 pessoas morrem em situações semelhantes. Em 2011, a polícia começou a classificar este tipo de crime como “justiça do linchamen- to”. As autoridades regista- ram queixas de 543 vítimas.

No Uganda, as vítimas mortais da “justiça do lincha- mento” chegaram às 590, em 2014. No Malawi, segun- do a ONU, 16 pessoas foram assassinadas desta forma.

Na África do Sul, chamam a este ato bárbaro o “suplício da coleira”: populares furio- sos colocam um pneu cheio de gasolina numa pessoa e ateiam fogo.

«Em Moçambique, em 2015, as autoridades registaram o linchamento de 24 pessoas. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o centro e o norte

do país são as regiões mais problemáticas.

As vítimas são suspeitas de roubo e feitiçaria, entre outros crimes»

«Muitas vezes, a polícia chega tarde demais ao local do crime, quando outras pessoas já encontraram os corpos linchados. Dificilmente os agentes presenciam

ou evitam os linchamentos. Muitos confiam mais na força da união de uma comunidade do que nas autoridades de segurança. E, em muitos países, faltam

mesmo agentes da polícia»

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Igreja e

cidadania

Florestas? Combate tardio! Um alto quadro do respectivo mi- nistério, intervindo num “Café da Manhã” da RM, no dia In- ternacional das Florestas (21 de Março), pronunciou-se muito acertadamente sobre estes assuntos. Deu parabéns ao Minis- tério da Terra pela “Operação Thoro” e, nas múltiplas críticas proferidas, até se atreveu, embora a medo, a dizer que tanta corrupção nos negócios das madeiras, se têm fiscais, polícias e funcionários locais culpados, certamente é porque deve haver gente de elite envolvida.

O

homem sabia do que falava. Todos sabemos. Desde há mais de 25 anos que correm, de boca em boca, nomes de alguns desses exploradores dos bens florestais. Um frade capuchinho, então na Missão de Nangololo, já nessa altura

Uma Justiça

“justa e sensata”

Por: José Júlio II

denunciava a imensidão de comboios de camiões car- regando a madeira do Pla- nalto dos Macondes para o porto de Nacala. E a quem atribuía ele a culpa e os pro- veitos: claro, ao conhecido

“Tio”, dono do Planalto. O leitor não sabe de quem se trata? Todos sabemos!

Depois, aqui há uns 5 ou 7 anos, apareceu na imprensa a descoberta, no porto de Nacala, de 40 contentores com madeira ilegal prontos para exportar, para onde?

Para a “amiga e camarada”

China!

E agora, imediatamente antes desta operação THO- RO surgiu a descoberta de 1000 – isso leitor – mil contentores de madeira em thoros para seguirem para onde? De novo, para a ”amiga e camarada” Chi- na. Sempre os Chinas que depois vêm oferecer uns milhõezitos de dólares ao governo que ficou à rasca com a descoberta das dívi- das escondidas e ilegais.

Mas, que aconteceu aos culpados dos 40 conten- tores? Foram julgados? E a dita madeira foi utilizada para carteiras dos nossos alunos ou saiu mesmo para a China? Sim, porque há dias, um meu amigo andou lá por Nacala e um agente

empresário desabafava “eh pá tenho ali uns 6 contento- res com problemas de expor- tação mas espero conseguir que saiam hoje!”. Conseguir que saiam? Como? Respei- tando as leis?

Precisamos de justiça!

Precisamos de uma justiça ativa, justa e sensata! De agentes judiciais – juízes e procuradores – polícias e fis- cais que aos telefonemas das elites poderosas respondam:

“Aqui cumpre-se a lei. O ca- mião fica às ordens das enti- dades competentes”.

Assim, como na RM dizia a presidente da Comissão dos direitos humanos da Ordem dos Advogados, poderemos ter uma justiça respeitado- ra dos direitos de todos os cidadãos, mesmo dos mais pobres. Não mais juízes “for- tes com os fracos”, pilha- galinhas, e “fracos com os fortes”, corruptos culpados da carestia da vida do Povo Moçambicano, sem carteiras e sem livros nas escolas, sem medicamentos nos hospitais, sem transportes, terrestres, aéreos e marítimos, sem es- tradas para o escoamento dos excedentes da produção agrícola.

Que pensar do juiz que condenou a 18 anos de ca- deia um jovem cidadão que

teve a pouca sorte de encontrar a sua mulher na sua cama com um intruso e, na briga entre os dois, este último foi dar com a cabeça onde não devia e acabou morrendo no hos- pital? Afinal, um homicídio involuntário, e com evidentes atenuantes, tem de apanhar uma sentença desta gravidade?

Que ganha o país com isso? Será isto justiça justa e sensata?

Nos finais de Março ouvi, no noticiário da RM, que um po- lícia, em Inhassoro, tinha retido um camião que transporta- va de Maputo para o Niassa um trator sem documentação, e prendido o respectivo condutor que teria tentado corrompê -lo com uma quantia de 1.500 Mts., horas depois, elogiando a atitude do polícia, contava eu isto a dois meus amigos em momentos distintos. Reação destes denunciando a minha ingenuidade: “Detido? Porque deu pouco. Só 1500 Mts.

quando transportava um trator?”

Precisamos de polícias, agentes do ministério público, juízes, fiscais das alfândegas, das florestas, das minas... que sejam, de facto, sensatos, justos e incorruptíveis. Feliz o es- tado que conseguir tê-los!

Entretanto, caros leitores, esperemos que o mês de Junho seja mais um mês de tréguas efetivas prenúncio da Paz eter- na neste País livre de corruptos e de militaristas ávidos de sangue.

«Não mais juízes “fortes com os fracos”, pilha-galinhas, e “fracos com os fortes”, corrupto s culpados da carestia da vida do Povo Moçambicano,

sem carteiras e sem livros nas escolas, sem medicamentos nos hospitais, sem transportes, terrestres, aéreos e marítimos, sem estradas para o

escoamento dos excedentes da produção agrícola»

«Precisamos de uma justiça ativa, justa e sensata!

De agentes judiciais – juízes e procuradores – polícias e fiscais que aos telefonemas das elites

poderosas respondam: “Aqui cumpre-se a lei.

O camião fica às ordens das entidades competentes”»

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Curso Bíblico

m

Existe uma leitura bíblica que começou a se desenvolver entre os pobres de algumas pequenas comunidades eclesiais de base ou pequenos círculos de estudo. Esta prática tão simples e tão humilde das comunidades pobres gerou aquilo que chamamos de Leitura Popular da Bíblia...Continuação

5. A Bíblia foi escrita para nós

Assim, aos poucos, foi surgindo uma nova maneira de se olhar a Bíblia e a sua interpretação. A Bíblia já não é vista como um livro estranho que pertence ao clero, mas como nosso livro, “escrito para nós que tocamos o fim dos tempos”

(1Cor 10,11). Às vezes, para alguns, ela chega a ser o pri- meiro instrumento para uma análise mais crítica da realidade que hoje vivemos.

6. Revela Deus na vida

Está em andamento uma descoberta progressiva de que a Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na vida, e de que o objetivo principal da leitura da Bíblia não é interpre- tar a Bíblia, mas sim interpretar a vida com a ajuda da Bíblia.

Descobre-se que Deus fala hoje, através dos fatos. Isto gera um entusiasmo muito grande. Não é tanto por causa das coi- sas novas que eles descobrem na Bíblia, mas muito mais por causa da confirmação que recebem de que a caminhada que estão fazendo é uma cami- nhada bíblica e, assim, neles

isso, ninguém sabe quantos grupos bíblicos existem. Só Deus mesmo!

8. Orienta para o estudo da Bíblia

Lendo assim a Bíblia, pro- duz-se uma iluminação mútua entre Bíblia e vida.

O sentido e o alcance da Bí- blia aparecem e se enrique- cem à luz do que se vive e sofre na vida, e vice-versa.

Para que se produza esta ligação profunda entre Bí- blia e vida, é importante: a) Ter nos olhos as perguntas reais que vêm da vida e da realidade sofrida de hoje.

Aqui aparece a importância de o estudioso da Bíblia ter convivência e experiência pastoral inserida no meio do povo. b) Descobrir que se pisa o mesmo chão, on- tem e hoje. Aqui aparece a importância do uso da ciên- cia e do bom senso tanto na análise crítica da realidade de hoje como no estudo do texto e seu contexto social.

c) Ter uma visão global da Bíblia que envolva os pró- prios leitores e leitoras e que esteja ligada com a si- tuação concreta das suas vidas.

9. Leitura envolvente

A interpretação que o povo faz da Bíblia é uma atividade

envolvente que compreende não só a contribuição intelec- tual do exegeta, mas também e sobretudo todo o processo de participação da Comunidade: trabalho e estudo de grupo, leitura pessoal e comunitária, teatro, celebrações, orações, recreios, etc. Aqui aparecem a riqueza da criatividade popu- lar e a amplidão das intuições que vão nascendo.

10. Ambiente comunitário de fé

Para uma boa interpretação da Bíblia, é muito importante o ambiente de fé e de fraternidade, através de cantos, orações e celebrações. Sem este contexto do Espírito, não se chega a descobrir o sentido que o texto tem para nós hoje. Pois o sentido da Bíblia não é só uma ideia ou uma mensagem que se capta com a razão e se objetiva através de raciocí- nios; é também um sentir, uma consolação, um conforto que é sentido com o coração, “para que, pela perseverança e pela consolação que nos proporcionam as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4).

«Está em andamento uma descoberta progressiva de que a Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas

também na vida, e de que o objetivo principal da leitura da Bíblia não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida com a ajuda da Bíblia. Descobre-se

que Deus fala hoje, através dos fatos»

«Para uma boa interpretação da Bíblia, é muito importante o ambiente de fé e de fraternidade,

através de cantos, orações e celebrações.

Sem este contexto do Espírito, não se chega a descobrir o sentido que o texto tem para nós hoje»

se renova a esperança. A Bíblia ajuda a descobrir que a Palavra de Deus, antes de ser lida na Bíblia, já existia na vida.

7. Boa Notícia para os pobres

A Bíblia entra por uma ou- tra porta na vida do povo:

não pela porta da impo- sição autoritária, mas sim pela porta da experiência pessoal e comunitária. Ela se faz presente não como um livro que impõe uma doutrina de cima para bai- xo, mas como uma Boa Nova que revela a presença libertadora de Deus na vida e na luta do povo. Os que participam dos grupos bí- blicos, eles mesmos se en- carregam de divulgar esta Boa Notícia e atraem outras pessoas para participar. Por

Dez características da

leitura Popular da Bíblia [Parte II)

Por: Carlos Mesters

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