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A CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA E O DIREITO DOTRABALHO<*>

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O DIREITO DOTRABALHO<*>

FRANCISCO METON MARQUES DE LIMA‘ ">

1. N O Ç O E S

D en o m i n a - s e Constituição E co n ô m i c a a regulamentação q u e a C o n s ­ tituição d á à o r d e m econômica, estabelecendo os princípios e as políticas d a atividade eco nô mi ca e a intervenção do Estado c o m o agente regulador.

O objetivo d e toda política econômica é atingir o quadrilátero d e ouro:

estabilidade d a m oe da , saldo d a balança comercial, pleno e m p r e g o e cres­

cimento econômico.

C a d a G o v e r n o trabalha mais u m ou outro vértice. O n osso há u m a d é c a d a q u e trabalha o primeiro. O atual está evoluindo para o segundo. Até porque, n a política d e juros, d e d e s e m p r e g o e arrocho salarial, t e m m e s m o é q u e exportar, pois o m e r c a d o interno está absolutamente estrangulado.

O n osso m o d e l o eco nô mi co é capitalista, c o m viés social. Afirma José Afonso da Silva q u e a injustiça é inerente a o m o d o d e produção capitalista.

C o m a defesa do consumidor, do meio ambiente, a redução das desigual­

d a d e s e a b usca d o pleno emprego, humaniza-se, se é q u e isto seja possí­

vel, o capital ("Curso d e Direito Constitucional Positivo”, Malheiros, 1997, págs. 771/2).

A C F dedica à O r d e m E co n ô m i c a três capítulos: a) princípios gerais da atividade econômica; b) política urbana; c) política agrícola e fundiária e reforma agrária; d) sistema financeiro nacional.

2. F U N D A M E N T O E F I M D A O E

A o r d e m econômica, fundada n a valorização d o trabalho h u m a n o e na livre iniciativa, t e m por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social... — art. 170 da CF.

(') Exposição feita no 2° Painel d o V Congresso Nacional d e Direito d o Trabalho e Processo do Trabalho d o T R T d a 15“ Região.

(") Juiz d o T R T d a 22* Região e Professor d a UFPI.

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282 REVISTA D O T R T D A 1S« R E G I Ã O — N. 23 — S E T E M B R O , 2003

F u n d a m e n t o — valorização do trabalho h u m a n o e iniciativa privada.

F i m — assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.

E sses d ados c o m p l e m e n t a m o art. I9, lil e IV — a dignidade d a p e s ­ s o a h u m a n a , e os valores sociais d o trabalho e livre iniciativa c o m o funda­

m e n t o s da República.

N o art. 193 — D a O r d e m Social, preceitua a CF: A o r d e m social tem c o m o base o primado d o trabalho, e c o m o objetivo o bem-estar e a justiça sociais.

O u seja, n o art. 12 o trabalho aparece c o m o valor social; n o 170, c o m o valor e co n ô m i c o e no 193 c o m o f un damento d a o r d e m social. O art. 7- es­

tabelece as b ases d a proteção jurídica d o trabalho, sob as modalidades d e e m p r e g o e avulso, c o m o valor social.

C o m o se vê, o Capítulo d a O r d e m E co n ô m i c a abriga o trabalho na sua consideração m a c r o e c o n ô m i c a e, portanto, nas suas várias modalida­

des: autónomo, empregado, manual, técnico e científico, cooperado, urba­

no e rural.

Dentro dessa consideração m a c r o se insere a proteção do trabalho c o m o direito fundamental do trabalhador.

3. O T R A B A L H O C O M O R E G R A , P R I N C Í P I O E D I R E T R I Z P O L Í T I C A

O trabalho figura na Constituição c o m o Princípio, c o m o R egra e c o m o Diretriz Política, conforme se infere de sua colocação nos arts. 19, IV, 193, 7 9 a 11 e 170, respectivamente.

A s regras estabelecem conduta e p r e v e e m consequências; os princí­

pios são reservas d e valor e alimentam todo u m sistema d e regras; e a diretriz política designa o direcionamento q u e o governo imprime s e g u n d o o m o d e l o constituído.

O trabalho constitui preocupação dos direitos fundamentais, d o s s o ­ ciais e d o s econômicos, conforme sua disposição nos Títulos II — D o s Di­

reitos Fundamentais — , VIII — D a O r d e m Social — , e do Título VII — D a O r d e m Econômica.

S e g u n d o a classificação e m o r d e m hierárquica q u e Ivo Dantas, faz d a s n o r m a s d a Constituição — Princípios fundamentais > princípios gerais

> princípios setoriais > regras, o trabalho se encontra nos quatro. 4 4. C O N C E I T O S D E D I R E I T O E C O N Ô M I C O

O s o n h o do poder eco nô mi co d e fato é subjugar o Direito e o deste é ordenar aquele. A s leis d e a m b o s são diferentes: a s d o primeiro são darwinianas — d e mercado, d a livre concorrência, d a maior habilidade, da maior capacidade; as d o Direito são d e equidade, de justiça social, distri­

butiva, éticas, de harmonização social.

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Três conceitos d e v e m ser desmistificados para q u e situemos o Direi­

to d o Trabalho no cenário da e c o n o m i a disciplinada por n o r m a s jurídicas:

ordem econômica, ordem jurídica econômica e Constituição econômica.

4.1. O r d e m e c o n ô m i c a — conjunto d e n o r m a s cogentes, imperati­

vas, q u e prevalece sobre o universo das n o r m a s dispositivas d e direito pri­

vado, diz Savatier.

Para Max Weber, a o r d e m jurídica é a esfera ideal d o dever ser e a o r d e m econômica, a esfera dos acontecimentos reais.

Vital Moreira aponta três sentidos para O r d e m E co n ô m i c a {OE):

a) O E — é o m o d o de ser empírico d e u m a determinada e co no mi a concreta;

b) O E — é a expressão q u e designa o conjunto d e todas as normas, qualquer q u e seja a sua natureza, que respeitam à regulação do comporta­

m e n t o dos sujeitos econômicos. E o sistema normativo d a ação econômica;

c) O E — o r d e m jurídica d a economia.

4.2. C E — conjunto d e preceitos q u e institui determinada O E , ou con­

junto de princípios e regras essenciais ordenadoras d a economia.

Simplificando, temos:

O J — conjunto de n o r m a s jurídicas q u e garantem, pela sua disposi­

ção, harmônica, o sistema o u regime jurídico.

O E — conjunto d e princípios que, funcionando harmónicamente, ofe­

recem-nos tanto a c on c e p ç ã o d e sistema [idealizado] c o m o d e regime [pra­

ticado] econômico.

O r d e m Jurídica E c o n ô m i c a — este é o sentido d a CF/88, s e g u n d o Eros Grau ("A O r d e m E c o n ô m i c a na Constituição d e 1 98 8 ”, 2 a ed., Malhei- ros, 1991, págs. 63/90).

O J E — sujeição jurídica do regime e co n ô m i c o idealizado aos princí­

pios d a política econômica, concebida s e g u n d o o regime político.

C E — Conjunto d e preceitos inseridos n o Título VII d a CF, s e m excluir outros dispositivos dispersos na CF, s e g u n d o Washington Albino (“Primei­

ras U n h a s d e Direito Econômico", Del Rey, 1989). 5

5. P R I N C Í P I O S D A O R D E M E C O N Ô M I C A a) soberania nacional;

b) propriedade privada;

c) função social da propriedade;

d) livre concorrência;

e) defesa do consumidor;

f) defesa d o meio ambiente;

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g) redução das desigualdades regionais e sociais;

h) b usca do pleno emprego;

i) tratamento favorecido para as e mp re sa s d e p e q u e n o porte constituí­

das sob as leis brasileiras e q u e t e n h a m sua sede e administração no País.

REVISTA D O T R T D A 15' R E G I Ã O — N. 23 — S E T E M B R O , 2003

6. O T R A B A L H O N A C O N S T I T U I Ç Ã O E C O N O M I C A

Fatores d a p r o d u ç ã o — recursos naturais ou matéria-prima + traba­

lho + capital +■ organização.

Aqui o trabalho entra c o m o direito a o trabalho, m e r c a d o de trabalho, desemprego, política d e trabalho etc.

Entretanto, c o m o o d esdobramento da política d o trabalho p assa pela geração d e e m p r e g o e sua garantia, pela política salarial, peia proteção individual e coletiva das relações d e trabalho, pela política de proteção con­

tra discriminação, d e proteção d o menor, todo o Capítulo II do Título II c o m p õ e a Constituição Econômica.

M a s s u a figuração mais evidente, c o m o u m dos objetos d a C E , é na condição de diretriz política, c o m o u m dos itens d a política e co n ô m i c a es ­ tabelecida: a) direito a o trabalho; b) m e r c a d o d e trabalho; c) política de emprego; d) política salarial; e) proteção do emprego.

6.1. A s d i v e r s a s m o d a l i d a d e s d e t r a b a l h o n a C o n s t i t u i ç ã o E c o n ô m i c a

a) a valorização do trabalho constitui o primeiro dos fundamentos d a OE;

b) a busca do pleno e m p r e g o é u m dos princípios d a OE;

c) a exploração de atividade eco nô mi ca pelo Estado s ó e m caráter subsidiário e o regime d e trabalho será o das e m p r e s a s privadas;

d) o trabalho cooperado para a atividade d e garimpo;

e) a observância das regras q u e regulam as relações d e trabalho constitui u m dos itens q u e justificam a função social d a propriedade rural

— art. 186, III. O u seja, o Projeto q u e prevê o confisco d a propriedade q u e admite trabalhador sob condição análoga a de escravo t e m esse suporte constitucional;

f) o trabalhador integra o planejamento d a política agrícola, dentre os seus itens figura a habitação para o trabalhador rural — art. 187 e inciso VIII;

g) direito d e o(a) trabalhador(a) receber imóveis rurais d a reforma agrária;

h) o cooperativismo rural;

i) a usucapião social — aquisição pelo trabalhador rural d a proprieda­

d e até 5 0 ha, c o m cinco a no s e m q u e nela m o r a e a torna produtiva, só ou c o m sua família, d esde que não seja proprietário d e imóvel rural o u urbano.

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7. P R O T E Ç Ã O D O E M P R E G O

O primeiro postufado da O E , u m dos fundamentos da República, o f un damento d a O r d e m Social e o primeiro postulado d o art. 7- moureja no mais absoluto ostracismo.

O e m p r e g o n ã o t e m merecido, c o m o política d e governo, proteção contra despedida ¡motivada e contra a automação. U m eficiente instrumen­

to d e proteção, nos termos d o inciso I do art. 7 S, seria a C o n v e n ç ã o 152 da OIT, q u e o G o v e r n o denunciou. Contra a a u t o m a ç ã o só m e r e c e destaque a Lei n. 9.956/2000, q u e proibiu a substituição dos frentistas por b o m b a s ele­

trônicas. N o mais, n ã o t e m o s a proteção contra despedidas coletivas.

Por s u a vez, a política d e geração de e m p r e g o s é muito tímida, d ad o q u e os financiamentos governamentais n ã o são condicionados a o n ú m e r o de e m p r e g o s criados. U m a fortuna perdida e m i ns um os e tecnologias i m ­ portados e m prejuízo dos postos d e trabalho, e tudo financiado pelo B N D E S .

Aliás, o próprio Governo, em iodos os níveis, é o maior incentivador d a política d e d es e m p r e g a m e n t o , através d o s progr am as de e n x u g a m e n ­ to d a folha.

Pleno e m p r e g o — a busca d o pleno e m p r e g o t a m b é m tem cedido lu­

gar a o histerismo da proteção d a moeda, c o m encolhimento da economia, a u m e n t a n d o vertiginosamente o saldo d e desempregados. Porque para a b ­ sorver a mão-de-obra q u e ingressa no m e r c a d o o Brasil precisaria crescer a u m a o r d e m de 5 % a o ano. S e m falar d o remanescente que já está sobrando.

Veja-se o q u e ocorreu n o S a m b ó d r o m o d o Rio d e Janeiro o n t e m (25.6.03): mais d e 2 0 mii inscritos para Gari e muito tumulto, retratando o estado d e desespero das pessoas.

A informalidade — constitui u m a gorda fatia d a e c o n o m i a nacional, por alguns estimada e m 6 0 % , q u e proporciona trabalho precário, m a s não d á emprego, n e m segurança social. E n ã o h ouve ainda u m a política de governo voltada para a inclusão d esse setor na e c o no mi a formal e no tra­

balho formal.

A s c h a m a d a s políticas de inclusão social v ê m s e n d o fomentadas so ­ m e n t e sob a forma de donativos sazonais através d e programas sociais, s e m garantia de continuidade. O Presidente Sarney criou o programa do leite e d o INAN, q u e morreram c o m o fim de seu governo; o F H C o sistema d e cestas básicas, que n ã o foi adiante e o Lula agora c o m o F O M E Z E R O , n ã o s e s a b e ainda c o m o ser operacionalizado n e m até quando.

8. A S P E C T O S J U R I S P R U D E N C I A I S D O E M P R E G O P U B L I C O E N A S E S T A T A I S A P Ó S A E C N. 19/98

O art. 173, § t9 dita q u e a lei estabelecerá o estatuto da empresa pública e d a sociedade d e e co no mi a mista e d e suas subsidiárias q u e ex­

plorem atividade econô mi ca d e produção o u comercialização d e b en s ou de prestação d e serviços, dispondo sobre:

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a) sua função social e formas d e fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

b) sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

c) a constituição e o funcionamento d o conselho d e administração e fiscal, c o m a participação d e acionistas minoritários;

d) os mandatos, a avaliação d e d e s e m p e n h o e a responsabilidade d o s administradores.

E s s a nova versão eliminou a pseudo-antinomia q u e existia entre o art. 3 7 e a redação anterior. E s s a antinomia foi resoivida pelos Tribunais trabalhistas e m favor d o art. 173, ou seja, q u e as eslatais p o s s u e m o direito potestativo d e demitir empregados.

C o m a nova redação, não resta mais antinomia, posto q u e a lei do estatuto estabelecerá os limites d essa potestade. O s tribunais ainda não se d e b ru ça ra m sobre a questão s e g u n d o a nova redação.

A s estatais estão sujeitas às regras da licitação, d o concurso público, a o controle d e conta pelos Tribunais d e Contas, seus servidores c o m e t e m peculato etc. Por q u e só seria ente privado para demitir e m p r e g a d o s ?

Aliás, soa ilógico q u e até para desfazer-se d e u m a sucata, d e u m móvel imprestável, a estatal sujeita-se a u m procedimento formal prévio e para pôr u m ser h u m a n o n o olho d a rua n ã o tenha q u e obedecer à regra d a motivação e a o princípio d a impessoalidade.

Seria u m a grosseira inversão de valores morais e, conforme disposto n a CF/88, constitucionais, o nd e o h o m e m foi posto n o centro dos fins.

Assim, se dúvida havia, a E C n. 19/98 a espancou.

Contratação s e m c o n c u r s o público — o § 2® do art. 3 7 d a C F taxa de nulidade o contrato s e m concurso público c o m a administração pública, salvo as exceções legais, punindo-se os responsáveis.

C o m b as e nisso, o Enunciado 3 6 3 d o Eg. T S T admite q u e s ó são devidos a o s servidores contratados nessas condições os salários d o s dias efetivamente trabalhados. Data venia, trata-se d e u m a interpretação errô­

n e a d a diretriz constitucional e m relação aos valores d o trabalho h u m a n o . C o m efeito, s e o objeto do contrato for lícito, as consequências de- fluem d o art. 7®, independente d a vontade das partes. D o contrário, a m a t é ­ ria fugiria d a competência trabalhista, pois não existe contrato d e trabalho, regido pela legislação obreira q u e n ã o gere direito a férias, 13® salário, F G T S , salário-família, horas extras, piso salarial.

A declaração no caso gera efeitos ex nunc, d ad o q u e a nulidade tra­

balhista n ã o retroage, e m face d e a força d e trabalho ser acíclica. É similar ao defeito d e manifestação d e vontade ou d e incapacidade, que, n e m por isso, invalida o trabalho já prestado. Assim, se u m a criança d e d e z anos prestar serviço c o m o empregada, depois d e cinco a no s de trabalho tudo lhe será devido, inclusive os registros n a C T P S .

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A esse propósito, escreveu o Conselheiro Federal d a O A B , Dr. João Pedro Ayrímoraes Soares:"... não p od e restar a m í n i m a dúvida, venia per- missa, d e q u e o multicitado Enunciado 363, a o lado d e n ã o estar valorizan­

d o o trabalho, enseja u m inegável enriquecimento indevido por parte d a Administração Pública” (in “O A B Nacional”, n. 102, jun./2003).

C o m essas considerações, longe está d e estarmos contestando a jurisprudência d a Corte Superior. A p e n a s est am os analisando a questão a o ângulo d a Constituição, acreditando não d e m o r a r u m breve r e e x a m e d essa matéria.

9. O T R A B A L H O R U R A L

O s itens d a C E d e 88 sobre o trabalhador rural n ã o foram melhorados e m relação a o q u e já era praticado s e g u n d o o direito anterior.

P r o g r a m a d e habitação rural d e q u e trata o art. 187, VIII, n e m existe.

O q u e é uma pena não se desenvolver a s o n h a d a conurbação d e Gilberto Freyre — u m sistema d e agrovilas c o m a infra-estrutura necessária a u m a vida digna n o campo.

A reforma agrária t a m b é m não tem rendido os frutos que devia. Antes t e m se prestado a, de u m lado, indenizar regiamente terras s e m preço de mercado, e d e outro lado, fomentar os propósitos políticos e e conômicos d e oportunistas, q u e n ã o p o s s u e m identificação c o m a Terra.

O G o v e r n o não faz u m a triagem severa dos invasores e d o s candida­

tos à s possessões, muitos dos quais são funcionários públicos infiltrados e profissionais d o movimento, sem n e n h u m interesse n o Chão, n e m e m re­

forma agrária.

A política de habitação para o trabalhador rural não existe e a refor­

m a agrária n ã o t e m conseguido o efeito equivalente a o s e u custo. T e m ser­

vido mais aos dois propósitos escusos: supervaiorização d e terras s e m qualidade, de u m lado e, d e outro, de alimentação d e Interesses políticos e e c o nô mi co s de oportunistas q u e n ad a t e m a ver c o m a Terra. 10

10. S U G E S T Õ E S P A R A U M A P O L Í T I C A D E E M P R E G O C o m p l e m e n t a n d o esse diagnóstico, outros dados nebulosos preocupam.

Qual a perspectiva d e u m a criança q u e nasce hoje n a favela o u equi­

valente? Entrar na fila dos S E M : teto, emprego, saúde, educação, alimenta­

ção. Daqui a 18 anos, na proporção do crescimento do desemprego, estará e m fila indiana, q u e já terá d a d o várias voitas à terra. D e s t a q u e m o s as seguintes preocupações:

• o crescimento d a delinquência principalmente contra o património;

• o futuro da Assistência Social, pois se a grande maioria n ã o contri­

buirá o t e m p o suficiente para aposentar-se pela Previdência Social, recairão sobre seus o m b r o s o ônus. M a s c o m a diminuição d a m a s s a mantenedora d a Assistência, esta entrará e m colapso e sobrará para a indigência;

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• a estabilidade social já está comprometida, e n o ritmo q u e vai entra­

rá e m parafuso dentro de vinte anos, q u a n d o os atuais 5 0 milhões de bra­

sileiros excluídos q u e ainda estejam fora d a cadeia e ainda n ã o tiverem s uc u m b i d o c h e g a r e m à velhice.

C o m o q u e m m o r r e e m p é é vela, eis a l g u m a s s u g e s t õ e s p o u c o o n e r o s a s e relativamente fáceis d e implementar:

• R e d u ç ã o d a jornada d e trabalho, gera! e setorial — n o s setores da e c o n o m i a informatizados n ã o justifica jornada d e trabalho igual à jornada geral;

• Instituir u m a categoria d e contribuição diferenciada para incluir ati­

vidade informal — u m sistema de contribuição reduzida e/ou subsidiada.

Afinal, todos se aposentarão, e q u a s e todos c o m a p e n a s salário mínimo;

• U m a c a m p a n h a pelo e m p r e g o c o m o regra, e m vez d a s autonomias aparentes e precarízantes d o trabalho — c o m o garantia de caixa para a Previdência e estabilidade social nos infortúnios d o trabalhador;

• Dar cumprimento aos preceitos constitucionais no tocante à política d e apoio e valorização do trabalhador rural e dos q u e no c a m p o praticam e c o n o m i a familiar. Esta é u m a m ed id a para prender o h o m e m no campo, a m e n i z a n d o a pressão sobre a cidade.

• Flexibilizar os conceitos dos elementos tradicionais q u e caracteri­

z a m o contrato de trabalho: pessoalidade, não-eventualicfade, subordina­

ç ã o e remuneração — para abrigar no conceito d e e m p r e g a d o figuras afins;

• Co-responsabiíizar o tomador d o serviço lerceirizado pelas obriga­

ç õe s trabalhistas do prestador d o serviço e d o fornecedor — a terceiriza­

ção barateia os custos d o compr ad or dos serviços o u dos b en s porque, na ponta d a cadeia, os trabalhadores ficaram s e m salário justo e seguridade social;

• Criar programas d e apoio às famílias das vítimas das demissões coletivas — assim c o m o existem programas d e apoio às famílias dos pre­

sos, às vítimas d e catástrofes, deveria ser instituído u m programa de apoio moral, psicológico e até d e s a ú d e d o trabalhador vítima d a perda d o e m ­ prego, pois esta é u m a das maiores catástrofes na vida d e u m a pessoa.

é e m n o m e dos milhões d e irmãos desvalidos o u na corda b a m b a do m e u País q u e lanço estas m o d es ta s sugestões.

Referências

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